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13.303/2016?
Adriana Edileuza de Sousa
Ronny Charles L. de Torres
1 Introdução
Nesse mister, um dos pontos que merecem melhor atenção é, sem dúvida
alguma, a adoção da modalidade Pregão, insculpida como diretriz, no inciso IV do artigo
32, da referida Lei. O citado dispositivo indica como uma diretriz a “adoção preferencial
da modalidade de licitação denominada pregão, instituída pela Lei nº 10.520, de 17 de
julho de 2002, para a aquisição de bens e serviços comuns”. Vale transcrever o
dispositivo:
Tal regra seria até compreensível, caso a própria Lei não adotasse um modelo
procedimental flexível, claramente inspirado no RDC, em que não há modalidades
estáticas (como ocorre na Lei nº 8.666/93). Assim, embora o dispositivo indique a adoção
preferencial do pregão, não há outras modalidades licitatórias indicadas pela Lei a serem
preteridas. A expressão “modalidades”, por sinal, é usada sem o devido rigor técnico, para
classificar espécies de regimes de execução ou espécies de garantia.
Embora não exista uma classificação que encontre aprovação geral, em relação
aos específicos modelos de interpretação[2], na tentativa de captar o espírito do referido
texto legal, é possível identificar, pelo menos, duas formas distintas de abordagem: a da
interpretação literal ou a da interpretação lógico-sistêmica. Na primeira, o intérprete se
contentará com o estudo isolado do dispositivo, não se preocupando com os aspectos do
todo normativo. Na segunda, o intérprete buscará compreender a letra da lei não
isoladamente, mas sim em harmonia com a anatomia normativa em que ela está inserida.
O art. 47, inciso III, da Lei nº 13.303/2016, dispõe que a estatal, na licitação para
aquisição de bens, poderá solicitar a certificação de qualidade do produto ou
do processo de fabricação. Caso adotemos o entendimento resultante da interpretação
literal, as aquisições, feitas pelas estatais, utilizando a Lei nº 10.520/2002, não poderão
dispor desta inovação legislativa, já que aquele diploma normativo, pela aplicação
subsidiária da Lei nº 8.666/93, não admite esta exigência[3].
4. Conclusão
[2] ALEXY, Robert. Direito, razão e discurso: estudos para a filosofia do direito.
Trad. Luis Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. P. 70.
[9] ALEXY, Robert. Direito, razão e discurso: estudos para a filosofia do direito.
Trad. Luis Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. P. 72.