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(opitulo 34 4 psicologia social na atualidade Mary Jane Paris Spink Peter Kevin Spink titulo aparentemente banal deste capitule esconde uma pergunta mada inocente, especialmente no contexto deste livro: como determinar o que & historicamente, a atualidade da psicologia social? Se fosse uma questo sobre a fisica, ou outra ciéncia exata, € provavel que a resposta ay em termos daquilo que Thomas Kuhn (1922-1996) descreveu como um paradigma: © conjunto de nogoes tedricas que sio tomadas como ae para construir uma disciplina académica, resultado de um processo temporal onde uma teoria demonstra sua superioridade sobre a outra ¢ ssume seu lugar. Na psicologia social, esse no € o caso, Ao contririo, ha intensas disputas, pouca tolerancia sobre pontos de vista diferentes ¢ ne- nhuma concordancia sobre quais scriam os pressupostos tedricos basicos. Problema que, como temos visto, acomete toda psicologia. A histéria € uma disciplina complexa e um dos alertas que os histo- tiadores fazem para os nao-historiadores ¢ sobre o perigo de“presentismo construir, a partir dos muitos elementos e possibilidades do pasado, uma linha de argumento cuja fungio é sustentar o presente. Consequentemente, 0S comentarios de Peter Lunt (2003) sobre a variedade de “historias” da eal social que se organizam em volta de eixos diferentes servem de me posibilidade que essas diferentes “histérias" tém, como fungio © apoio a atualidades também diferentes. e en sine Sdendhieas por Lunt segue 0 ¢ixo da psicolo- tering neal ese fun damenta nos principios da construgio de Medidos de faa Pee nea nas quais os comportamentos podem ser made tieele 2 jetiva ¢ rigorosa, Uma segunda “hist6ria”, em parte ede, Cres fcaliza os acontecimentos a agendas pibicas das tais, mostrando como, de maneira pritica, a psicologia 679 \ Mary Jane Paris Spink e Peter Kevin Spink >. social écapaz de aplicar de maneira fexivel sua base t25rICa 3 aueie atuais. Para essas duas versdes de “historia”, a atualidade & uma lig, z teorias derivadas cientificamente e uma agenda de t6piC0s de problegs derivados naturalmente. Um terceiro eixo de historias” pta por ‘amg anilise mais contextual sobre acontecimentos € momentos, atgumentandy de diferentes maneiras que a psicologia social é um Produto de sey tem. po e que a disciplina precisa assumir uma Postura critica em Telagzo agg eventos do dia a dia, entendidos nio como fatos da natureza social, Mas como producdes sociais especificas. Aqui a postura é “critica” ¢ N30 mais descritiva, buscando intervir no somente na tesolugio d le problemas, may também na maneira em que estes sio formulados socialmente, Enquanto cada um desses trés eixos € suas diver sas variacSes geram argumentos, contra-argumentos e “historias” para justificar Por que cady uum € a psicologia social da atualidade, hi um quarto eine que orienta sey olhar para a propria psicologia social tomando-a como instramento de dominagio social, de governo de populagses ou de governamentalidade, para usar o termo de Foucault. Nest omo argumenta Nikolas Rose (1990), é ou sta Perspectiva, ci A atualidade, portanto, sio “atualidades”. Ha versdes diferentes sobre ° que estudar e por que estudar e, em cada caso, autores diferentes argu- mentam sobre a propriedade de seus pontos de vista. Um bom tereo Para aprofundar nossa compreensio dessas diferencas é 0 campo dosti | de texto. Diferentemente dos livros monotemiaticos, o livro de texto é tina tentativa de organizar a disciplina; de responder a pergunta“o que é a disciplina hoje”, seu foco, suas areas de estudo, suas quest6es principais. Vamos entio fazer uma Pesquisa na biblioteca e, alertados sobre a presen de miiltiplas verses de “atualidades”, vamos ler as introdugGes, os preficios : , : a ¢ os indices para entender como cada livro se posiciona sobre os conte da psicologia social, As “atualidades” vistas 0 Portir dos livros de texto . ncon- No Brasil, provavelmente um dos volumes mais recentes que & rem aa Jacques i Corréa Jaca! ttaremos é o livro de texto organizado por Maria da oe ee tld © colegas, para a série de psicologia social da Editora Vozes, 680 a, A psicologia social na atualidede Psicologia social contempordnea (1998). Na orelha do livro encontraremos a seguinte descrigao: Vocé tem nas mios um livro-texto de Psicologia Social que estava frzendo enorme e urgente filta 20s nossos universitirios, principalmente de gradu agio, Nossa heranga no campo de Psicologia Social foi dolorosamente ten- denciosa ¢ reducionista, © que tinhamos, até hi pouco,era uma especie de réplica acritica de uma psicologia social que se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, fundamentada em dois pressupostos te 08 bisicos:0 pressuposto positivista ~ segundo qual s6 vale o experimental, ¢ o mental € comsiderado apenas enquanto pode ser sujeito de experimentagio ~ e 0 pressuposto individualista, onde o social é reduzido ao individual, 0 grau miximo atribuido ao social é o de ser uma soma de elementos individuais, sendo que o individual € 0 que conta afinal. Se nio tivéssemos sido alertados para a diversidade de “historias” ¢ “ualidades”, teriamos a impressio que estivamos adentrando um campo de disputa,a julgar pelo uso de aditivos como “tendenciosa” e “reducionista” asreferéncias aos Estados Unidos (pois na América Latina raramente usamos se termo de maneira positiva!). Sobre o tal atributo de “experimental” jihaviamos sido avisados; mas, € 0 individuo? O que hd de errado como individuo? Afinal no é esse © foco da psicologia? Continuando nossa exploragio das prateleiras de nossa biblioteca Maginaria, vamos em busca de outros exemplos de livros de texto. Talvez ‘utros livros possam ajudar a entender melhor que “herangas” sio essas e ver 0 mesmo to “dolorosas” como supdem Jacques e colegas.Vejamos entio. Scomentérios dos autores de um livro de leituras bisicas em psicologia moot Fecentemente nos EUA por Arie Kruglanski e Tory Higgins lo Social Psychology: a general reader (2003). Os autores comentam: Este livro-texto sobre psicologia social é singular por sua abordagem nto reducionista 4 disciplina e caracteriza-se pela multiplicidade de perspectivas. Esséorganizado em termos dos niveis de andlise em que os fendmenas so- “tls podem ser compreendidos,iniciando com o nivel biolégico, pasando Progressivamente para o nivel cognitivo, pessoal-motivacional, interpessoa, Srepal e cultural, Nenhum nivel é considerado mais basico ou adequado gn” Hm para explcagio dos fndmenos soci is mais along a ‘Ontririg be as alguém preocupado com o reducionismo; entretanto, 20 Pres i, palo? Haeques € colegas, 0 “individuo” se faz aqui bastante Sonat 7 c ™Menos nos niveis biolégicos, cognitivos, pessoais € motiva- ™esma prateleira nos deparamos com um outro livro de 681 i * Presentes no livro de texto de Jacques Mary Jane Paris Spink ¢ Peter Kevin Spink texto, também dos BUA, elaborado por Eliot Smith e Di ane Mackie (Suc Paycholegy, 2000, agora em sua segunda edigao). © que encontramos: AA segunda edicio do Social Psychology continua a ser 6 vinico Livro conce, tualmente integrado no campo, fornece uma sintese clara das infludncias cognitivas, sociais, individuais e grupais que modehm o comportament, £ além disso, © tinico livro que integra 0 foco horte-americano no compor. tamento individual com o foco europeu no compor tamento grupal, Algumias distincdes comegam a aparecer: 0 cognitivo ¢ 9 Sotial, o ind. viduo € o grupo, a psicologia social norte-americana e q eutropeia. Os titulos dos capitulos pontuam essasdistingSes: Percepo de pessoas: self. Identidade social; Atitudes e mudanga de atitude: Ati Pos, normas e conformidade; Gosta Agressio ¢ conflito; Apoio e cooper: ~concebido talvez de forma um pi grupos, normas, conflito e coopera¢ao. Encontramos també referéncia as diferengas entre a psicologia social pra Unidos ¢ em outras partes do mundo. ‘agdo. Assim, encontramos o individus OUCO mais social -, mas também temos Juntando esses dois iiltimos textos, podemos ver ‘emergir trés grandes le temas bioldgicos, cognitivos, pesoas dos no individuo; um conjunto de te- mas interpessoais que se referem ao mundo entre individuos; e, em terceiro lugar, um Conjunto de temas Srupais e culturais, vinculado a um mundo mais coletivo, Mas sera que esses trés Conjuntos so diferentes dos que estio (1998) com o qual iniciamos?Vamos continuar Com o texto introdutério do livro de Jacques: A partir da década de 80, principalmente com a criagio da ABRAPSO (Associagio Brasileira de Psicologia Social), novos horizontes conte ram a se vislumbrar e novas perspectivas comecaram a set eneslee Psicologia Socials algumas a partir da propria América Latina sais - Nar as conquistas anteriores, quer-se entio devolver a Pricologia roe Carater realmente social além de sua dimensio historico-critica¢ PO Constitui¢ao das pessoas e das sociedades humanas. sigeotes Abrindo o livro vemos que 0s t6picos do indice in ca Representagées sociais; Linguagem; ora ce ale fe Identidade; Subjetividade; Ganero; Proceso stupa ce eo haviamos encontrado comunicagio, subjetividade € iden cias a0 proces? livros de texto consultados, assim como também a gerer0, conhe- Stupal. Mas, ideologia, representagdes sociais, linguage™. 682 A psicolegia social na atualidade jcologia politica sao claramente temas diferentes — uma outra nento Fy Como contraste, Vamos consultar mais um livro de vento, exte “aqalicat® por Tomés Ibafiez, da Universidade Autdnoma de Barcelona, i esidade Aberta de Catalunha (2003). Sua organizacio interna para a - dentidade (self); Interagao social; Pensamento social; Reprodugio foc ea social; Grupos, movimentos coletivos e instituigdes sociais, G3 esnudanie ico imais orientados aos processos complexes da sociedade ee tm comunidade do que ao individuo — mais uma “atualidade”, cif Hi alguns pontos de interse¢ao entre essas diferentes “atualidades” rmitem identificd-las como psicologias sociais; mas ha diferencas ave Peativas. De um lado, encontramos uma psicologia social do biologico, oe ainda, do interindividual e do grupo; no meio, uma psicologia social da subjetividade, da linguagem, das representacdes sociais, dos grupos «dos processos politicos; e, de outro lado, uma psicologia social centrada na interagio social, na reprodugo, na mudanga e nos movimentos coletivos. Se todos eles sio textos recentes sobre a psicologia social, por que sio tio diferentes? As*atualidades” de ontem Algumas respostas ja foram apresentadas em outros capitulos deste live, especialmente nas discussdes sobre as mudancas na psicologia no inicio do século XX. Mas, para tornd-las mais claras, temos que voltar ao inicio da cada de 1920 e reler o livro de texto de psicologia social escrito por Floyd Alport (1890-1971) que, na época,era professor de psicologia social e politica t2 cola de Cidadania e Assuntos Pablicos da Universidade de Syracuse, *tEUA. No preficio encontraremos parte da resposta que buscamos: Apenas em anos rec di entes os psicélogos deste pais passaram seriamente a Sr atengao ao campo social. Com uma ou duas excegdes, os trabalhos anteriores sobre esse tema, assim como varios recentes, foram escritos POT sociélogos.A esses autores, os psicdlogos tém um débito de gratidio Por tetetn revelado novas e prometedoras oportunidades de aplicagio da pe Bsicolégica Os autores sociolégicos, entretanto, prestaram atengio '© 408 aspectos macro, as leis do comportamento e consciéncia 601 M9 operadores em grupos sociais. Ao fazé-lo, adotaram naturalmente ‘ome materiai: PilcSlogos ren, © ctescimene is 8 Conceitos sobre natureza humana fornecidos pelos omados mais antigos. Com a recente expansio da psicologia ‘© da perspectiva psicoldgica, tornou-se necessirio mudar 683 Pre Mary Jane Paris Spink ¢ Peter Kevin Spink muitas das concepgdes anteriores ¢ acrescentar muitas novas (...). Mais especificamente, hi duas linhas de conquistas cientificas que procurei trazer para © escopo deste volume: 0 ponto de vista comportamentalista ¢ 0 método experimental (Allport, 1924). O livro de texto de Allport nio foi apenas o mais importante livro de texto de sua época; teve forte influéncia na estrutura de muitos dos livros de texto em psicologia social subsequentes nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, Nele, se torna explicito o rompimento com a nogao de psicologia social como campo interdisciplinar e a afirmagao da psicologia social como campo exclusivo da psicologia. O livro esti organizado nos seguintes capitulos: Psicologia social como ciéncia do comportamento € consciéncia individual; Bases fisiolégicas do comportamento humano; Atividades fundamentais — herdadas e aprendidas; Sentimentos ¢ emogoes; Personalidade — o homem social; Mensuragio da personalidade; Natureza ¢ desenvolvimento do comportamento social; Linguagem e gesto; Estimu- lagao social — expressdes faciais ¢ corporais; Resposta a estimulagio social — formas elementares; Resposta a estimulagao social no grupo; Resposta 4 estimulag3o social na multidao; Atitudes sociais e consciéncia social; Ajustamento social; Comportamento social em rela¢do 4 sociedade. Mais de 50% do livro € dedicado aos aspectos fisiolégicos e intraindividuais; apenas 25% se refere as questdes sociais mais amplas. Para compreender a forca do texto de Allport no contexto anglo-saxio podemos nos referir a dois outros livros de texto. O primeiro, do final da década de 1940 € comego da década de 1950, foi produzido pelo Comité de Ensino da Psicologia Social da Society for the Psychological Study of Social Issues — SPSSI.A SPSSI reunia os principais psicélogos progressistas da poca © a.associagao — conforme sugere o nome — foi criada especificamente para focalizar questdes sociais. Um de seus fundadores foi Kurt Lewin (1890- 1947), um dos pais da pesquisa-a¢io (gf capitulos 18 ¢ 31). Foram diversas as edigdes do livro Readings in Social Psychology, que serviu de leitura basica obrigatoria para gerages de estudantes. Eis um trecho do preficio da pri- meira edigio em 1947: Ha muitos anos os professores de psicologia social vem descobrindo que seus problemas aumentavam lado a lado com © desenvolvimento de seu campo. Foram forgados a levar em considera¢3o os avancos recentes em campos tio diversos quanto a etnologia, estatistica, psicologia clinica e psiquiatria ~ campos que algumas geracGes recentes de estudantes teriam pensado pertencer a outras disciplinas. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, cles crescentemente tém consciéncia a respeito de ter uma disciplina 684 y A psicologia socal na atuatidade propria. Novas fontes de evidéncia ¢ novas ferramentas tém ajudado a focalizat mais claramente sua propria funco. E provincia peculiar do psicélogo social trazer para seu estudo do comportamento dos organismos todos os fatores relevantes, independentemente da fonte e por quaisquer métodos apurados, inerentes 20 fato de associar-se a outros membros da espécie. A maioria desses fatores, no caso de seres humanos, tem de alguma forma relagio com a pertenga a grupos. (...) Nose objetivo 20 preparar este livro foi de apresentar seccdes ilustrativas das maneiras como a influéncia de condigdes sociais nos processos psicoldgicos vem sendo estudada (Maccoby, Newcomb e Hartley, 1958). ‘A mensagem € clara: 0 papel da psicologia social é entender o indi- viduo no seu contexto social; as condicdes sociais influenciam os processos psicolégicos, mas so produtos de outros fatores que extrapolam 0 dominio da psicologia. O segundo livro de texto, um dos mais lidos na década de 1960, € O individuo na sociedade, de David Krech, Richard S. Crutchfield ¢ Egerton L. Ballachey (1962): Procuramos, neste livro, fazer uma introdugao compreensiva ¢ coerente 4 psicologia social. Consideramos que teria mais sentido e seria mais fru- tifero trabalhar com o comportamento interpessoal como nossa unidade de anilise. Como psicélogos sociais, nossa preocupagio central € com 0 que ocorre dentro da pele do individuo. Ele e sua tio benquista indivi- dualidade constituem os objetos de investigacio. Mas como psicélogos ‘seciais, n0ss0s dados insistentemente nos forgam a olhar para o homem em seu habitat social. Isso nos levou a pesquisar no dominio de duas outras ciéncias comportamentais — antropologia social e sociologia — conceitos € descobertas que poderiam nos ajudar a completar nossa histéria sobre @ individuo na sociedade. Os autores reconhecem que a pessoa vive num mundo social, mas hi pouco reconhecimento do fato de que foram as pessoas que criaram tal mundo. O livro inclui os seguintes capitulos: Cogni¢io; Motivagio; Carac- teristicas das respostas interpessoais;A natureza e mensuracao das atitudes;A formacio das atitudes;A mudanga de atitudes; Linguagem e comunicagio; Sociedade e cultura; Grupos ¢ organizagées; Lideranga e mudanga grupal; O grupo eficiente. Em suma, sio poucas as diferengas ao longo desses anos desde a publicagio do livro de Allport, mantendo-se as semelhancas nos dois livros de texto norte-americanos com os quais iniciamos a discussio Neste capitulo. Entretanto, ainda falta fazer mengio as referéncias sutis psicologia social da Europa. Para isso, podemos usar parte do prefacio de um livro-texto 685 Mary Jane Paris Spink ¢ Peter Kevin Spink de grande repercussio na Europa, organizado por Henri Tajfel e Colin Fraser, intitulado Introducing Social Psychology, publicado em 1978: Procuramos adotat uma perspectiva sorial em psicologia social. Isto se reflete em ers aspectos deste livro. © primeiro decorre da decisio que, ‘UM asstinto to vasto e de dificil manejo como a psicologia social, algo teria que ceder, ser deixado de fora. Achamos que, embora as diferencas individuais ¢ © desenvolvimento ¢ funcionamento de suas personalidades sejam temas fundamentalmente importantes em si mesmos, nio sio 0 Principal foco de interesse para o estudo do comportamento e experiéneia sociais, Nosso principal interesse como psicélogos sociais nao é 0 que faz individues diferirem uns dos outros. £, mais apropriadamente, o aspecto da interagio entre as pessoas € seu ambiente social, pequeno ou grande, que contribui para 0 compartilhamento social de comportamentos ¢ experiéncias, € 0 sentido dado a ambos. Seu conteido é marcadamente diferente dos livros de texto dos Esta- dos Unidos ¢ a estrutura inclui os seguintes capitulos: Psicologia social com uma ciéncia social; Evolugio ¢ comportamento social; Perspectivas intercul- turais; O desenvolvimento de comportamento interpessoal; Comunicagio em interacio; Cooperacio e competicio entre individuos; Pequenos grupos — estrutura e lideranga; Pequenos grupos — processos e produtos;Atribuicdes interpessoais; A natureza e mensuracio de atitudes; Os determinantes de atitudes e mudanga de atitude; A estrutura de nossas visdes sobre sociedade; Comportamento social em organizagdes; O meio ambiente ¢ 0 comporta- mento social; Linguagem na sociedade; Comportamento intergrupal — pers- pectivas individualistas; Comportamento intergrupal — perspectivas grupais. Ao dar énfase a uma perspectiva “social” em contraposigo 3s versdes mais individualistas de psicologia social, Tajfel e Fraser implicitamente questionaram a proposigio de Allport de que a psicologia social deveria permanecer com os psicdlogos e buscaram reabrir 0 espaco de didlogo com outras disciplinas. Vale apontar que 0s sociélogos certamente nio pararam de refletir sobre quest6es psicossociais por causa de Allport, ¢ continuaram a elaborar seus estudos sobre a a¢ao social no cotidiano, Autores como George Herbert Mead, Martin Blumer, Anselm Strauss, Erving Goffman (6 capitulo 31) ¢, mais tarde, Harold Garfinkel seriam de grande impor- tancia no desenvolvimento da teoria social como campo interdisciplinar e teriam uma contribui¢ao importante na elaboracao da teoria de acio comunicativa de Jurgen Habermas (ff capitulo 28). Na América Latina, a preocupagio coletiva com os graus de desi- gualdade ¢ de exclusio social no continente e com a violéncia e arbitra- 686 A psicologia sevial na atalidade riedade dos regimes militares dominantes ent te meados da década de 1960, e meados da década de 1980, criou SUa propria atualidade que resultaria numa reforma radical em termos de temas de estudo como também, em alguns casos, em termos de enfoque tedrico, Essa nova agenda psicossocial foi fortemente influenciada pela trot OGIA Ty reunides do Vaticano I (1962-1965), NaAuiaca LATINA, 0s ventos de reforma tealdgica trades apoio para uma aproximiagi o entre ideias cristis @ revolucionarias e desa ez ancorada ma nocio de libertaio ¢ de apoio aos monians HERTACAG (Gutierrez 1975) ¢ pels diseussdes efetuadas no imbito da Igreja ( ‘atdlica provocadas pelas clo Segundo. Coneilio do Vaticano ‘serviram de Pata uma nova opcao a favor dos pobres, X08 soelais € organizacies de base OCondilio EcuménicoV ant :ANO II fot convocade Pelo Papa Joao XXII em outu bro de 1952 com a missio de modirozars gee aumentara cnergiacatdlica servirds necenidatee fen Povos cristios,tenda sido expresso peo ipa coma palavra italiana aggortamento© pela imagem de nace Janela aberta para que o ar fresco entrasse. Keanmdo-s anualmente durante quatro anos, foi encerrado en dezembro de 1 965 pelo Papa Paulo VI. O Conca exinulou um repensar teolgico sobre a stuagio da Iereja, especialmente sobre sua wocagio social, Em 1983, 0 psicélogo social e padre jesuita IGNACIO Martin-Bano publicou em El Salvador o livro Actién ¢ Ieologia: psicologia social desde cen- ‘roanérica. Eis um trecho do preficio: Desde hace UNOS afios, Centroamérica se ha convertido en uno de los puntos mas criticos del globo. Con razén se ha temido una “vietnamizacion” del area, sobre todo desde que la politica exterior del presidente norteamericano Ronald Reagan ha hecho de El Salvador la frontera para detener al“expansionismo Soviético” y una arena paradigmatica Para su particular concepcién del en- frentamiento entre el Este y el Oeste. (--) Las masivas violaciones a los dere~ chos humanos realizadas durante estos alos en casi todos los paises del drea han sido materia de escarnio para el mundo ivilizado. (..,) Son muchos los cientificos sociales que han intentado asumir las causas popula- ££ 9 identificarse con los reclamos de 'os pobres, y ello constituye el mejor ‘estimonio sobre las virtualidades cons- Sfentizadoras del conocimiento social; 687 TonaCIO: MARTIN

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