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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL

JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇÕES

LAURA WITORIA CONCEIÇÃO BARBOSA


LIANDRO, brasileira, casada, autônoma, portadora da cédula de identidade sob o nº
8544131 SDS/PE, inscrita no CPF sob o nº 707.577.784-02, CTPS nº 035464 Série
000112, residente e domiciliada na Rua Antônio Pereira de Paiva, nº 365, João de Deus,
Petrolina-PE, CEP 56316-470, tendo sido autuada através da Notificação de
Penalidade nº 53581953 (auto de infração nº T160344735), vem mui respeitosamente
à presença de V. Sr., em conformidade com o disposto nos arts. 280, 281 e 285 do CTB,
Resoluções 299/08 e 404/12 do CONTRAN, da Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para
apresentaro presente RECURSO CONTRA A APLICAÇÃO DE
PENALIDADE, contra as referidas autuações, com o fito de proporcionar a
oportunidade de exercitar seu legítimo direito de ampla defesa e do exercício pleno do
contraditório.

DO VEÍCULO

CHEVROLET GM CELTA 2P SPIRIT 2005/06

PLACA POLICIAL KKB-8289, Petrolina-PE

DA IDENTIFICAÇÃO DO CONDUTOR

CICERO OTAVIO FERREIRA LIANDRO,


brasileiro, casado, autônomo, portador da cédula de identidade sob o nº 553188884
SSP/SP, inscrito no CPF sob o nº 098.584.574-05, residente e domiciliado na Rua
Antônio Pereira de Paiva, nº 365, João de Deus, Petrolina-PE, CEP 56316-470, CNH nº
06428082356.
DA INFRAÇÃO

Conforme demonstrado no Auto de Infração nº


T160344735, em anexo, o condutor do veiculo em supra teria incorrido na infração
correspondente ao art. 165 do CTB, qual seja, dirigir sob a influência de álcool. Vejamos
o que diz este dispositivo:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº
11.705, de 2008)

Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12


(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e


retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no
9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

No caso em tela, de acordo com o que


consta, o condutor do veículo teria sido flagrado por agente da PRF, onde de pronto
fizeram a abordagem e constataram o ocorrido. No entanto, como veremos à seguir, não
fora possibilitada a oferta do contraditório e da ampla defesa, devendo as infrações
serem canceladas. Vejamos.

FATOS E FUNDAMENTOS LEGAIS

Nobres julgadores deste órgão, venho por


meio desta apresentar a minha defesa contra a autuação em tela, por não concordar
com tal procedimento, uma vez que, conforme será demonstrado, o presente auto de
infração mostra-se intempestivo. Vejamos.

Primeiramente, conforme depreende-se


do Código de Trânsito Brasileiro, a penalidade somente pode ser aplicada se houver um
lapso temporal de no máximo 30 (trinta dias) entre a verificação da infração e a posterior
expedição do auto de infração com o seu envio ao condutor/proprietário. Este prazo está
presente e visível no Parágrafo Único do Art. 281 do CTB, na medida em que prevê que
será insubsistente, tendo seu registro arquivado, em dois casos. Vejamos
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida
neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto
de infração e aplicará a penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro


julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação


da autuação. (Redação dada pela Lei nº 9.602, de
1998).(Grifamos)

De acordo com o relato tanto do condutor


do veículo como da proprietária deste, foram flagrados no dia 15 de outubro do ano de
2018, na BR 407, KM 127, na cidade de Petrolina-PE, por blitz da Polícia Rodoviária
Federal, em que foram autuados ato contínuo.

Entretanto, a despeito do que mostra a


legislação pátria acerca do assunto, em que pese os Recorrentes terem sido autuados
na presença do agente público, não lhes foram entregues qualquer documento ou auto
de infração com os dados das infrações cometidas e, sobretudo, dando a oportunidade
aos Recorrentes de apresentar qualquer defesa administrativa no sentido de mitigar ou
até mesmo de cancelar as multas. A multa foi aplicada e foram frustrados o
contraditório e a ampla defesa.

Analisando a documentação acostada a


este Recurso, os Recorrentes receberam o auto de infração em sua residência apenas
após o prazo preestabelecido para a apresentação do recurso, qual seja, o dia 09 de
novembro de 2019.

Ressalte-se que desde o início


percebemos vícios e erros que impossibilitam a exigibilidade do pagamento da referida
multa, haja vista a infração ter ocorrido no mês de outubro do ano de 2018 e, somente
após mais de um ano é que os Recorrentes receberam a notificação para apresentar o
Recurso, porém sem que lhes fosse ofertado o direito ao contraditório e à ampla defesa,
sendo cerceados estes direitos face a intempestividade do envio/expedição do auto de
infração em questão.

Conforme depreendemos do disposto no


art. 281 do CTB, em supra, há um lapso temporal entre o cometimento/aferição da
infração pelo agente público ou equipamento eletrônico e a expedição do auto de
infração, este que seria destinado ao condutor infrator para que lhe seja oportunizado e
garantido o direito de se defender das supostas infrações impostas. Muito fácil para a
autoridade ou agente público abordar um cidadão, invocar diversos dispositivos em que
se alega que foram violados pelo condutor, sem que lhe seja oferecido o direito de
resposta, garantindo o seu direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa. Esta
atitude se mostra, sobretudo, como arbitrária.

Pois bem.

O caso é tão grave que, como podemos


demonstrar pela documentação em anexo, as supostas infrações ocorreram no dia 15
de outubro de 2018, pouco antes das 10h da manhã, nesta cidade de Petrolina-PE,
como mencionado acima, e não foram entregues os autos de infração e nem tampouco
chegou qualquer notificação de autuação na residência dos Recorrentes, oportunizando
a apresentação do presente recurso.

Tanto o é, que os Recorrentes efetuaram


o pagamento do IPVA 2019 do referido veículo, quitando o imposto, não havendo
qualquer menção a infrações cometidas. Os Recorrentes foram surpreendidos com a
consulta no sistema do DETRAN/PE, em que constavam as referidas infrações, sem
que, ressalte-se, fossem-lhes oportunizados o contraditório e ampla defesa, havendo
apenas a obrigatoriedade no pagamento das multas. Cumpre salientar que as multas,
conforme depreende-se da documentação acostada aos autos, tem seu vencimento no
dia 11 de novembro de 2019.

Nei Pires Mitidiero, ao comentar o art. 281 do


Código de Trânsito Brasileiro, leciona:
“O prazo de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 281, CTB é
decadencial, porquanto apanha o direito de notificar da autuação da
Administração Pública, com o que, súbito, inviabiliza igualmente o seu
direito de punir (uma vez que se inadmite, dentro do ordenamento pátrio,
julgar sem prévia oitiva do acusado). De conseguinte, desconhece causas
interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome o direito, banindo-
o do mundo jurídico.” (MITIDIERO, Nei Pires. Comentários ao Código de
Trânsito Brasileiro, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005.
Pág.1.336).

Deste modo, entendemos como insubsistente


os presentes autos de infração, visto que não foram entregues dentro do prazo legal,
conforme inteligência do inciso II do Paragrafo Único do Art. 281 do CTB, devendo os
presentes autos de infração serem arquivados e seus registros julgados insubsistentes.

DO PEDIDO

Nobres julgadores, diante de todo o exposto


requer:

a) Que seja recebida a presente Defesa, pois preenche todos os requisitos de sua
admissibilidade, haja vista estar munida de todos os documentos necessários e
previstos na Res. 299/08 do CONTRAN;
b) Que seja julgado o AUTO INSUBSISTENTE, sendo DEFERIDA a presente
Defesa, e por via de consequência o cancelamento das multas impostas,
conforme preceitua o art. 281, Parágrafo Único, inciso II do CTB, sendo anulada
a pontuação.
c) De acordo com o Artigo 37 da Constituição Federal e Lei 9.784/00, a
administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerem aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, motivação e eficiência, caso não seja
acatado o pedido, solicitamos um parecer por escrito do responsável com
decisão motivada e fundamentada sob pena de nulidade de todo este processo
administrativo;
d) Requer-se, finalmente, o efeito suspensivo propugnado no artigo 285, parágrafo
3º do CTB (Lei nº. 9503/97), caso o presente recurso não seja julgado em 30
dias, e da Lei Federal nº 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo,
no Parágrafo único do art. 61.

Petrolina-PE, 18 de novembro de 2019.

Bel. Igor Phillipe Alencar Nogueira

OAB/PE 35.0703

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