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OPERAÇÕES COM NÚMEROS COMPLEXOS

Número real e número imaginário.

No século 18, o matemático inglês, de ascendência francesa, Abraham Moivre, introduziu,


na matemática, um número, que ele chamou de imaginário, cujo símbolo universal é i.
Este número obedece a seguinte igualdade:

i 2 = −1

Portanto: i = −1

Como sabemos, a raiz quadrada de um número negativo não existe fisicamente. Esta é a
razão de ser chamado de número imaginário. Quando este número é usado em eletricidade,
muda-se seu símbolo para j. Isto se faz para que não haja confusão com o símbolo da
corrente elétrica que também é i. Portanto, adotaremos como número imaginário, o
elemento:
j = −1

Quando este número é multiplicado por um número real, o resultado se torna imaginário.
Assim, por exemplo, embora o número 3 seja um número real, o número j × 3 é
imaginário.
Um número complexo é aquele que pode ter uma parte real, além da parte imaginária.
Exemplo:

Z = 5,3 + j 3,5
Neste exemplo, a parte real é representada pelo número 5,3 e a imaginária pelo número
j3,5.
O número complexo pode ser representado graficamente. Existem duas representações
gráficas. Uma delas é chamada de representação na forma retangular ou cartesiana. A outra
é a representação na forma polar.

Representação do número complexo na forma cartesiana.

Na forma cartesiana, a parte real é representada no eixo x e a parte imaginária no eixo y.


Isto acarreta um ponto P, no plano xy, que representa o número complexo. A
fig. 6-10.a mostra esta representação cartesiana para o número complexo Z = 5,3 + j 3,5 .

Representação do número complexo na forma polar.

A forma polar, deste mesmo número, está representada na fig. 6-10.b. Neste caso o número
complexo é representado pelo módulo e ângulo de um vetor. O módulo é o comprimento
do seguimento que liga a origem ao ponto P. O ângulo é aquele existente entre esse

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segmento e o eixo x. Portanto, a forma polar é representada pelo par de parâmetros: Z e
θ.

O ângulo θ costuma ser chamado de argumento do número complexo.


Portanto, um número complexo, na forma cartesiana, possui uma parte real e outra
imaginária. Na forma polar, o número complexo possui módulo e argumento.

Parte jy
im aginária
y
P
j3,5 P 3,5 3,5
Z = 5,3 + j3,5 Z Z= Z ,θ
θ
x x
0 5,3 Parte 0 5,3
real
(a) (b)
Fig. 6-10

Transformação da forma cartesiana para a forma polar

Usando o teorema de Pitágoras para o desenho da figura 6-10.b, tem-se:

2
Z = 5,3 2 + 3,5 2 = 40,34
Z = 40,34 ≈ 6,35

Usando fórmulas trigonométricas tem-se:

3,5
tgθ = = 0,66
5,3

θ = tg −1 0,66 ≈ 33,4 0 ou θ = 0,58 rd

Generalização da transformação da forma cartesiana para a forma polar

Dado o número complexo Z = A + jB , tem-se:

Z = A2 + B 2

B
θ = tg −1
A

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Exercício 6-6
Passar para a forma polar o número complexo Z = 3 + j 0
Solução:
Z = 32 + 0 = 3

0
θ = tg −1 = tg −1 0 = 0
3
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-7

Passar para a forma polar o número complexo Z = 3 − j 4


Solução:

Z = 3 2 + (− 4) = 9 + 16 = 5
2

−4
θ = tg −1 = tg −1 (− 1,33) = −53,10
3
ou θ = −0,93 rd
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Transformação da forma polar para a forma cartesiana

Seja a representação, na forma polar, do número Z mostrada na fig. 6-11.


Vemos que a parte real tem o valor A e a parte imaginária possui o valor B.

Z
B B
θ
A

Fig. 6-11

A B
Notamos que cosθ = e sen θ =
Z Z
Portanto:

A = Z cosθ B = Z sen θ

A + jB = Z cosθ + j Z sen θ

ou A + jB = Z .(cosθ + j sen θ ) 6-5

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------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-8
Dado um número complexo em que Z = 30 e θ = 45 0 , determinar sua representação
na forma A + jB .
Solução:

A = Z cosθ = 30 cos 45 0 = 30 × 0,707 = 21,2

B = Z sen θ = 30 sen 45 0 = 30 × 0,707 = 21,2 =

A + jB = 21,2 + j 21,2
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Número neperiano

O número neperiano é uma constante matemática altamente empregada em diversos ramos


da ciência, especialmente na engenharia elétrica e eletrônica.
Esta constante é representada, universalmente, pela letra e. Seu valor é:

e ≈ 2,7183

O número neperiano nasceu a partir dos estudos do matemático escocês John Neper que
viveu no século XVI. Ele foi, também, o inventor dos logaritmos.

Fórmulas de Euler

O matemático suíço-alemão Leonard Euler, que viveu no século XVII, demonstrou as


seguintes fórmulas:

e jθ = cos θ + j sen θ

e − jθ = cos θ − j sen θ
----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-9
π
j
Demonstrar que e 2
= j
Solução:

π
j π π
e 2
= cos + j sen
2 2

Mas

π
cos = cos 90 0 = 0
2
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π 
e sen   = sen 90 0 = 1
2

π
j
Portanto e 2
= 0 + j ×1 = j

-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-10
π
−j
Demonstrar que e 2
=−j
Solução:
π
−j π π
e 2
= cos − j sen
2 2

Mas

π
cos = cos 90 0 = 0
2

π 
e sen   = sen 90 0 = 1
2
π
−j
Portanto e 2 = 0 − j ×1 = − j
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-11

Demonstrar que e j0 = 1

Solução:

e j 0 = cos 0 + j sen 0

Mas

cos 0 = 1

e sen 0 = 0

Portanto e j0 = 1
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Teorema: Demonstrar que

Se Z = A + jB então

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Z = Z × e jθ
onde Z = A2 + B 2
B
e θ = tg −1
A

Seja o número complexo A + jB representado na figura 12


jy

B Z
B
θ
jx
A
Fig. 12

Pelo triângulo retângulo dessa figura, podemos ver que

A = Z cosθ 6-6

B = Z senθ

jB = j Z senθ 6-7

Somando membro a membro as igualdades 6-6 e 6-7, resulta

A + jB = Z cosθ + j Z senθ = Z (cosθ + jsenθ ) = Z e jθ

Portanto A + jB = Z e jθ 6-8
B
Pela figura 6-12, podemos ver que Z = A2 + B 2 e θ = tg −1
A

Portanto, podemos, também escrever:

B
jtg −1
2 2
A + jB = A + B ×e 6-9
A

Com relação às igualdade 6-8 e 6-9, o lado esquerdo, desta igualdade, é a expressão de um
número complexo na forma cartesiana. O lado direito é a expressão matemática, do mesmo
número na forma polar

Informação importante:
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As expressões 6-8 e 6-9 só tem validade matemática irrestrita caso a
unidade do ângulo θ for dado em radiano.

Seja, por exemplo, o número complexo Z que possui Z = 30 e θ = 45 0 . Como


π
45 0 = rd , expressa-se este número na forma abaixo:
4
π
j
Z = 30e 4

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Conjugado de um número complexo

Dado um número Z = A + jB, o conjugado desse número é Z * =A – jB

Exemplo:

Se Z = 3 + j5 , então é Z * = 3 – j5.

Conjugados na forma polar

Se Z = A + jB tem-se Z * = A − jB

B
jtg −1
2 2
Neste caso Z = A +B e A

−B B
jtg −1 − jtg −1
Z = A + (− B ) e
* 2 2 2 2
e A
= A +B e A

Portanto, os números complexos conjugados, na forma polar, possuem o mesmo modulo e


ângulos com sinais contrários, ou seja:

Se Z = Z e jθ então Z * = Z e − jθ

Soma algébrica de números complexos

Usam-se as mesmas regras da soma algébrica de polinômios. Considera-se a parte real


como se fosse um termo do polinômio e a parte imaginária como outro termo do
polinômio.Desta maneira, a soma de dois números complexos é igual a outro número
complexo onde a parte real resultante é a soma das partes reais e a parte imaginária,
também é a soma das partes imaginárias daqueles números:

( A + jB ) + (C + jD ) = ( A + C ) + j (B + D )
A mesma regra se aplica para diferenças entre números complexos:

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( A + jB ) − (C + jD ) = ( A − C ) + j (B − D )

Multiplicação de números complexos

a) Os números complexos estão expressos na forma cartesiana.

Usam-se as mesmas regras da multiplicação de polinômios, onde cada polinômio possui um


termo real e outro imaginário. Não se pode esquecer, ao se realizar esta operação algébrica,
que j 2 = −1 .
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Exercício 6-13.
Multiplicar os números 2 + j3 e 4 + j5
Solução:

(2 + j 3)(4 + j 5) = 2 × 4 + 2 × j5 + j3 × 4 + j 2 3 × 5 =

= 8 + j10 + j12 − 15 = −7 + j 22

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b) Os números complexos estão expressos na forma polar.

Neste caso a operação multiplicação se torna mais fácil: - Multiplica-se os módulos e


somam-se os expoentes. Sejam os números:

Z1 = Z1 e jθ1 Z 2 = Z 2 e jθ2

Z1 × Z 2 = Z1 e jθ 1 × Z 2 e jθ 2 = Z1 × Z 2 e j (θ1+θ 2 )
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Exercício 6-14
π π
j j
6 6
Multiplicar 30e por 5e
Solução:

π π π π  1 1 π
j j j +  jπ  +  j
6 6 6 6
30e 6
× 5e 6
= 30 × 5 × e = 150e = 150e 3

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Multiplicação de um número pelo seu conjugado

Quando se multiplica um número complexo pelo seu conjugado, resulta um número real
cujo valor é igual ao quadrado do módulo do referido número complexo.
Demonstração:

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Seja Z = A + jB e Z * = A − jB

Z × Z * = ( A + jB )( A − jB ) = A 2 − jAB + jAB − j 2 B 2 = A 2 + B 2

Portanto

2
Z × Z * = A2 + B 2 = Z

Vamos repetir a demonstração, utilizando a fórmula polar:

Seja Z = Z e jθ e Z * = Z e − jθ

2 2 2
Z × Z * = Z e jθ × Z e − jθ = Z e j 0 = Z × 1 = Z

Divisão de números complexos

a) Os números complexos estão expressos na forma cartesiana.


Seja a divisão:

A + jB
Z=
C + jD
Multiplica-se o denominador e numerador pelo conjugado do denominador. Desta maneira
chega-se ao resultado

Z=
( A + jB )(C − jD ) = ( AC + BD ) + j (BC − AD )
(C + jD )(C − jD ) C 2 + D2

AC + BD BC − AD
ou Z= 2 2
+ j 2 6-10
C +D C + D2
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercício 6-15
Dividir os números 2 + j3 e 4 + j5
Solução:

Aplicando a expressão 6-10, resulta:

2 + j3 2 × 4 + 3 × 5 3 × 4 − 2 × 5 23 2
Z= = 2 2
+ j 2 2
= + j
4 + j5 4 +5 4 +5 41 41

ou Z = 0,561 + j 0,0488

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---------------------------------------------------------------------------------------------------------

b) Os números complexos estão expressos na forma polar.

Neste caso, também aqui, a operação divisão se torna mais fácil: - Divide-se os
módulos e subtrai-se os expoentes. Sejam os números:

Z1 = Z1 e jθ1 Z 2 = Z 2 e jθ2


Z1 Z1 e 1 Z1 j (θ1 −θ2 )
= = e
Z 2 Z 2 e jθ2 Z 2
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Exercício 6-16
π π
j j
3 6
Dividir 30e por 5e

Solução:

π
j π π  1 1 π
30e 3
30 j  3 − 6  jπ  −  j
π
= e = 6e  3 6  = 6e 6
j 5
5e 6
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Propriedade distributiva

Teorema:
A parte real do resultado de uma soma de números complexos é igual à soma das partes
reais das parcelas.
Sejam os números complexos:

X = A + jB
Y = C + jD
Vemos que

Re( X ) = A
Re(Y ) = C
Re( X ) + Re(Y ) = A + C

Somando X + Y, resulta:

X + Y = ( A + C ) + j (B + D )

Re( X + Y ) = A + C

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ou Re( X + Y ) = Re( X ) + Re(Y )
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Exercício 6-16
Determinar a parte real da soma dos seguintes números complexos:

3+j4
5-j2
-4+j3
Solução:
A parte real da soma destes números é igual a 3 +5 – 4 = 4
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O teorema da parte real da soma de números complexos é válido, naturalmente, quando as
parcelas estão na forma polar, ou seja:

Re( X e jα + Y e jβ ) = Re( X e jα ) + Re(Y e jβ )


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Exercício 6-17
Determinar a parte real da soma

π π
j j
Z = 10e 4
+ 15e 3

Solução:

 j 
π
π
Re10e 4  = 10 × cos = 10 × 0,707 = 7,07
  4

 j 
π
π
Re15e 3  = 15 × cos = 15 × 0,50 = 7,50
  3

 j
π
j 
π
Re(Z ) = Re10e + 15e 3  = 7,07 + 7,50 = 14,57
 4

 
------------------------------------------------------------------------------------------------

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