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Oiá consultou um babalaô, que lhe revelou o seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas, entre asquais deveria haver
um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar asvestimentas dos Egúngún. Tendo
cumprido essa obrigação, Oiá tornou-se mãe de nove crianças, o quese exprime em iorubá pela frase:
³Iyá m mésàn, Origem de seu nome Iansã.
Quanto ao seu outro nome ya, há uma lenda que faz alusão à sua origem explicando-a por um jogode palavras. Nela
se conta ³como uma cidade chamada Ipô esta ameaçada de destruição, invadidapelos guerreiros tapás. Para preserva -
la foi feita uma oferenda das roupas do rei dos ipôs. Esse trajeera de tal beleza que a s galinhas do lugar puseram-se a
cacarejar de surpresa ± razão pela qual, diz-segravemente na lenda, as galinhas cacarejam até hoje, sempre estão em
presença de qualquer coisaestranha. Esse prestigioso traje foi rasgado (ya) em dois para servir para servir de almofada
de apoioàs cabaças de oferendas. Apareceu então, misteriosamente, uma água que se espalhou (ya), inundandoos
arredores da cidade e afogando os agressores tapas. Quando os habitantes de Ipô procuraram umnome para este rio
que surgiu e se espalhou, ya, quando as roupas foram rasgadas, ya, decidiramchamá-lo Odò ya.
Existe uma lenda, conhecida na África e no Brasil, que explica de que maneira os chifres de búfalo
vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oiá-Iansã:
³Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção.Preparava-se para
mata-lo quando o animal, parando subitamente, retirou sua pele. Uma linda mulherapareceu diante de seus olhos. Era
Oiá-Iansã. Ela escondeu a pele formigueiro e dirigiu-se ao mercadoda cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo,
escondendo-o no fundo de uma depósito de milho,ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à
mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-laem casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitou,
quando, de volta àfloresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador não contar a ninguém que,
narealidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o queprovocou o ciúme das
outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo daaparição da nova mulher. Logo que o
marido se ausentou, elas começaram a cantor: ³ Máa je, máaum, àwò r nb nínú àká´, Você Pode beber e comer (e
exibir sua beleza), mas a sua pele está nodeposito (você é um animal).
³Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e voltando à forma de búfalo, matou asmulheres
ciumentas. Em seguida, deixaram os seus chifres com os filhos, dizendo-lhes: Em caso denecessidade, batam um
contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro. É por essa razãoque chifres de búfalos são sempre
colocados nos locais consagrados a Oiá-Iansã´.
Tivemos oportunidade de ouvir essa história na Bahia, narrada por Pai Cosme, um Velho pai-de-
santo, hoje falecido. Ele pronunciava com perfeita correção a frase iorubá citada acima.
Oiá, ventania que balança as folhas das árvores por toda parte.