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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Daiane Cardoso Benedito


Gleidson Kelman Bragança Gomes
Laís Novais Giranda
Miriã Leandro Vieira
Mirieli Aparecida Domiciano Da Silva De Carvalho
Moisés Paixão De Souza

GREVE DOS CAMINHONEIROS DE 2018


UMA ABORDAGEM SISTÊMICA

Barra Mansa
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Daiane Cardoso Benedito


Gleidson Kelman Bragança Gomes
Laís Novais Giranda
Miriã Leandro Vieira
Mirieli Aparecida Domiciano Da Silva De Carvalho
Moisés Paixão De Souza

GREVE DOS CAMINHONEIROS DE 2018


UMA ABORDAGEM SISTÊMICA

Trabalho de Atividade Prática Supervisionada –


APS, apresentado como requisito parcial de
avaliação das disciplinas de Fundamentos de
recursos Humanos, Teoria Geral da Administração
I e Matemática Aplicada à Administração, do 1°
período noturno do Curso de Administração do
Centro Universitário de Barra Mansa, sob a
orientação do professor Antônio Carlos de Almeida
Guedes.

Barra Mansa
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................4
2 DESENVOLVIMENTO
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
5 CONCLUSÃO
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
REFERÊNCIAS
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
APÊNDICE A - Questionário de Pesquisa
Erro! Indicador não definido.
APÊNDICE B - Roteiro da Entrevista
Erro! Indicador não definido.
ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Disposições preliminares
Erro! Indicador não definido.
ANEXO B - Capa do livro: Normas para Elaboração de Trabalhos
Erro! Indicador não definido.
4

1 INTRODUÇÃO

A greve iniciada no dia 21 de maio, e que durou pouco mais de uma semana, tinha
como reivindicação principal a redução do preço do óleo diesel, a reformulação da
política de preços da Petrobras, e a fixação de uma tabela mínima para os valores
de frete; mas ao longo da greve, discursos anticorrupção também se juntaram às
bandeiras defendidas pelo movimento.

O primeiro marco da crise apareceu na sexta-feira 18/05, quando a Associação


Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), fez o anúncio de greve por tempo
indeterminado a partir do dia 21/05, caso o governo não reduzisse a zero a carga
tributária sobre o diesel (PIS/Cofins). Havia tentativa de negociação desde outubro
de 2017, e, sem respostas do governo até 14 de maio.

Ignorando aos avisos, no dia 19/05 a Petrobras eleva os preços do diesel em 0,80%
e os da gasolina em 1,34% nas refinarias. A escalada nos preços acontece em meio
à disparada nos preços internacionais do petróleo e em consequência da nova
política de preços instaurada em julho de 2017. Entre julho de 2017 e maio de 2018,
o aumento para o consumidor foi de 21%, sendo 8,2% somente entre janeiro e maio.

No dia 21/05 foram registrados os primeiros bloqueios totais ou parciais de rodovias


em 21 estados. O presidente Temer se reune com ministros no Planalto buscando
"um pouco mais de controle" para dar "previsibilidade" à alta dos combustíveis,
segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

No dia 22/05 os protestos passam a atingir 23 estados e Distrito Federal; a maioria


dos atos impede a passagem dos caminhões, mas permite a passagem de carros e
outros veículos. Os fabricantes como a Chevrolet, Fiat e Ford anunciaram problemas
para lidar com a produção devido às manifestaçõese os aeroportos começam a
contingenciar combustíveis. Depois da sequência de altas, a Petrobras reduz o
preço dos combustíveis para as refinarias; e o ministro da Fazenda, Eduardo
Guardia, anuncia que o governo fez um acordo para zerar um dos impostos sobre o
diesel e que acabará, em 2020, com a desoneração da folha em todos os setores.

No dia 23/05 os bloqueios em 24 estados passam a causar problemas em diversos


setores do país. Nos transportes, aeroportos alertam para a escassez de
5

combustível. No Recife, o litro da gasolina chegou a ser vendido a R$ 8,99. Os


protestos provocaram desabastecimento, paralisação de exportações e efeitos em
várias áreas: linhas de ônibus foram reduzidas pelo país, Correios suspendem
postagens, a produção em ao menos 129 frigoríficos e abatedouros foi paralisada, e
houve falta de hortifrutigranjeiros. A Petrobras anuncia redução de 10% no diesel;
medida deve valer por 15 dias. Redução representa queda de 23 centavos na
refinaria e de 25 centavos para o consumidor.

No dia 24/05 os efeitos se alastram com redução na frota de ônibus, falta de


combustíveis e produtos em supermercados. Além disso, são anunciados os
primeiros efeitos na saúde. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que
conseguiram chegar a um acordo e que suspenderiam a greve nacional por 15 dias.
Duas entidades que representam autônomos, a União Nacional dos Caminhoneiros
e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), não corroboram o acordo. O
ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que há indícios de locaute1.

No dia 25/05 a greve causa reflexos pelo país; aumenta a lista de aeroportos que
ficaram sem combustível. A falta de combustível limita circulação de ambulâncias e
cancela cirurgias em alguns estados. Universidades federais e escolas suspendem
as aulas por causa da greve. Com tom diferente do adotado no dia anterior, o
presidente da República criticou uma "minoria radical" e acionou as Forças Federais
de segurança para desbloquear as estradas.

No dia 26/05 onze aeroportos do país ficaram sem combustível. Até as 11h30, 544
pontos foram desbloqueados nas estradas, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF),
mas ainda registravam 596 pontos de bloqueio. O ministro da Segurança Pública,
Raul Jungmann, disse que a Polícia Federal instaurou 37 inquéritos em 25 estados
para apurar prática de locaute durante a greve dos caminhoneiros. O ministro Carlos
Marun, da Secretaria do Governo informou que o governo começou a aplicar multas
no valor de R$ 100 mil por hora parada para donos de transportadoras.

1 Locaute (termo originado a partir da palavra em inglês lock out) é o que acontece quando os
patrões de um determinado setor se recusam a ceder aos trabalhadores os instrumentos para
que eles desenvolvam seu trabalho, impedindo-os de exercer a atividade. Ou seja, agindo em
razão dos próprios interesses, e não das reivindicações dos trabalhadores (RIBEIRO, 2018).
6

No dia 27/05 a greve foi mantida em ao menos 11 estados. Os problemas de


abastecimento se agravam: a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) diz
que 64 milhões de aves e pintinhos já morreram, 1 bilhão de aves e 20 milhões de
suínos estão sem ração, 167 unidades de produção de carne estão com atividades
suspensas e 234 mil trabalhadores estão com atividades interrompida. O presidente
Temer anunciou a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel por 60 dias –
depois disso, os ajustes serão a cada 30 dias. Representantes de caminhoneiros
autônomos que se reuniram no Palácio do Planalto com Temer afirmaram que
aprovam as medidas e que orientariam a categoria a encerrar a greve assim que
elas fossem publicadas.

No dia 28/05 a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e o


Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros Autônomos, não tratavam a paralisação
como encerrada; e seguiam em paralisação indicando que pautas além da redução
do diesel motivavam a continuação dos protestos; tendo adeptos de outras
categorias, como a de motoristas de ônibus fretados que protestaram a favor dos
caminhoneiros e contra o governo. Escoltas das forças de segurança continuaram a
ocorrer garantir a movimentação de caminhões. A greve dos caminhoneiros
paralisou as aulas parcial ou totalmente em dois terços das universidades federais.
O Senado aprovou pedido de urgência para o projeto que elimina a cobrança de
PIS-Cofins sobre o óleo diesel até o fim do ano. A Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB) lançou uma chamada pública para contratar cooperativas
de caminhoneiros autônomos, uma das medidas anunciadas pelo governo federal
para atender as reivindicações dos caminhoneiros. Desde o início da greve,
Petrobras já havia perdido R$ 126 bilhões em valor de mercado.
7

2 REFLEXOS NAS EMPRESAS E COTIDIANO - REFLEXOS A CURTO PRAZO

É notório que a greve dos caminhoneiros trouxe grandes prejuízos para Brasil de
uma forma geral; tendo rápida repercussão, e afetando setores como:
abastecimento, alimentação, transportes, indústrias, entre outros.

A crise do Diesel como foi apelidada teve uma rápida evolução, ocasionando
transtornos nos dia a dia de todos. Com as paralizações várias rodovias ficaram
bloqueadas afetando o abastecimento de vários estados, a escassez da gasolina,
por exemplo, acarretou enormes filas nos postos com preços absurdos, afetando os
voos, com muitos atrasos e cancelamentos, as linhas de ônibus tiveram sua frota
reduzida o que prejudicou a locomoção das pessoas. As aulas e provas foram
suspensas em universidades e escolas. Em todos os lugares via-se pessoas
desesperadas, sem saber como agir em relação ao que estava acontecendo.

De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias


(ABRAFARMA)2 as farmácias e drogarias de todo o país sofreram com o
desabastecimento de produtos essenciais comprometendo o atendimento de 2,4
milhões de consumidores.

Outro grande setor afetado foi o alimentício, com vários produtos em falta nos
mercados, preços elevados. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados
(ABRAS)3, já dois dias depois do início da greve, os consumidores de pelo menos 10
estados sentiram falta de itens perecíveis, como frutas, legumes e verduras; tendo
como consequência o aumento de preços de produtos com alta demanda, como a
batata. Além disso, os consumidores também tiveram dificuldade para encontrar
carnes suínas, bovinas e de aves, em decorrência da paralisação de cerca de 90%
da produção nacional de carne. Em 23/05 a BRF, dona da Sadia e da Perdigão, já
havia suspendido as atividades em quatro unidades de abate de frangos e suínos e
relatou uma falta “considerável” de abastecimento de ração para cerca de 1 milhão
de animais. Nas palavras do presidente da Federação da Agricultura de São Paulo
(FAESP), Fábio Meirelles, a situação “é uma verdadeira bola de neve”, o aumento

2 MAIA e AZEVEDO (2018).


3 Ibid.
8

nos custos da produção gera a necessidade de reajuste; tanto pela escassez de


opções, quanto pela elevação nos preços.

D’ERCOLE e RIBEIRO (2018), evidenciam em matéria que o maior terminal


portuário da América Latina, o Porto de Santos estava operando com serias
restrições, causando sérios prejuízos a exportadores, importadores, armadores e
operadores de terminais. Os embarques de contêineres para exportação estavam
praticamente paralisados, e os desembarques próximos do limite da capacidade de
armazenagem dos terminais, cerca de 250 mil toneladas deixaram de embarcar no
porto até 25/05, o equivalente a 17,86 mil contêineres, sendo os maiores volumes
destinados à Europa, além de Estados Unidos e Ásia.

As transportadoras também tiveram grandes prejuízos durante a greve. Por


observação in loco na transportadora Transfuturo Transportes Rodoviário,
verificamos que houveram vários carregamentos travados nas estradas com
motoristas incapacitados de se locomoverem; frotas paradas na garagem da
empresa sem poderem sair, abastecimento da empresa travado; e apesar do setor
administrativo ter funcionado normalmente, o fluxo de serviço foi menor devido a
extensão da greve, o setor de monitoramento de veículos ficou em estado de alerta
(pelo risco de roubo) em relação aos veículos travados, como estavam os
funcionários e as cargas, para que pudesse informar às empresas sobre as cargas
contratadas.

A central de expedição que trabalha na emissão de manifestos das notas fiscais


funcionou com grade reduzida de funcionários. A princípio não tiveram demissões na
empresa por conta da greve, mas houve uma logística com os horários; houve
também uma redução no faturamento; e no mês em que a greve recorreu não foi
possível às filiais baterem a meta de carregamentos. Foi apontado em reunião,
precisariam dos funcionários de prontidão quando tudo normalizasse já que o
movimento voltaria a crescer e a empresa precisaria contar com o comprometimento
dos funcionários na emissão de documentos.

Essa realidade constatada na empresa Transfuturo ocorreu em diversas


transportadoras; cada qual com sua particularidade, mas em todos os casos fez-se
9

necessário pensar numa logística de reverter os efeitos da greve e não prejudicar os


funcionários.

No gráfico a seguir, seguem os dados coletados pelo Datafolha mostrando a visão


da população à respeito da paralização, segundo a pesquisa a população acha que
greve dos caminhoneiros trouxe mais prejuízos que benefícios.

Paralisação dos Caminhoneiros (dados em %)

FONTE: SOUZA (2018) apud Datafolha.


10

3 PREJUÍZOS CAUSADOS COM A GREVE DOS CAMINHONEIROS 2018

A greve dos caminhoneiros ocorrida no ano de 2018 teve grande impacto para
todos, mas principalmente para as indústrias de bens de consumo, que viram seus
produtos estragando sem ter como transportá-lo para chegar às casas da
população.

Além disso, houve grande desperdício por conta do tempo de duração da greve,
como o exemplo do Agricultor Valmir Sergio Mendes, produtor de leite que descartou
cerca de 5 mil litros de leite, por não ter condições de escoar a produção, um
prejuízo diário estimado em R$ 8 mil; e no Espírito Santo onde cerca de 1 milhão de
pintinhos foram abatidos para não entrarem em fase da canibalismo dentro das
granjas. De acordo com o diretor executivo da associação dos avicultores e
suinocultores do Espirito Santo Nélio Hande, a paralização dos motoristas também
não permitiu que aves que aves abatidas fossem levadas até os consumidores e
como elas não podiam ser congeladas também foram descartadas causando
prejuízos de mais de R$ 30 milhões.

O Agronegócio, que é composto pelos ramos de pecuária e das atividades agrícolas,


entrou na justiça para cobrar o prejuízo tido com a greve. Confira no gráfico abaixo o
prejuízo de alguns segmentos que conseguiram calcular a média das perdas
sofridas:

Prejuízos com a Greve

FONTE:
11

Conforme notícia da SNE (Sociedade Nacional da Agricultura) O objetivo de


produtores e agroindústrias é que, com esses cálculos à disposição, o Ministério da
Agricultura, que também está fazendo suas contas, adote medidas judiciais para que
eles sejam ressarcidos.

No setor pecuário a grande perda se de pela falta de ração, que não foram
entregues nos longos 11 dias de paralização, por este motivo muitos animais tiveram
que ser sacrificados. A falta para o armazenamento de leite também foi um
problema, pois sem ter como armazenar de forma correta e nem como transportar
muitos litros de leite tiveram que ser descartados.

Segundo analistas do Banco Central os efeitos da greve serão sentidos no PIB


(Produto interno Bruto), que conforme estudos chegou à menos de 2%.

Fábio Kanczuc, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o


prejuízo total dessa greve será de aproximadamente R$ 15,9 bilhões abrangendo
todos os efeitos da crise na economia.

Mas esclarece que é uma conta é "conservadora", conforme depoimento:

"Para chegar a esse valor, a gente usou diferentes metodologias. Não só olhando a
indústria, mas o consumo de energia e também o que aconteceu na crise de julho de
1999, que houve uma crise de caminhoneiros naquela data, menor do que essa,
mas que serve para balizar o que vai acontecer”.

Além dos prejuízos às empresas de bens de consumo, outras também


demonstraram prejuízos consideráveis. Como os Correios, que segundo seu
Presidente Carlos Fortner, o prejuízo chega a R$ 150 milhões. Neste período de
greve, as correspondências ficaram paradas e os caminhões que tentavam fazer as
entregas foram apedrejados e motoristas agredidos.

Outro segmento que também obteve grande perda foi a do ramo de combustíveis,
que tiveram suas entregas paradas e no período tiveram suas vendas congeladas,
após a greve se reestabeleceram mais rápido que os outros segmentos.
12

A Petrobras perdeu R$ 126 bilhões de seu valor de mercado e caiu para o quarto
lugar de empresa mais valiosa da bolsa. Antes da greve estava em primeiro. Apesar
da garantia de que a Petrobras não terá perdas com as concessões do governo para
os caminhoneiros, os investidores reagiram com pessimismo; e as ações da
companhia fecharam com queda superior a 14%.
13

4 REFLEXOS NA ECONOMIA DO PAÍS - EFEITOS A LONGO PRAZO

Os protestos que paralisaram o Brasil não apenas afetaram os comerciantes,


empresários e até mesmo os clientes, mais resultaram em graves consequências na
economia de nosso país. A indústria e comércio pararam, houve falta de alimentos,
de combustível e consequentemente transporte público, como também os
desabastecimentos dos órgãos públicos.

Em meio a esse bloqueio na estrada, muitos empreendedores se beneficiaram com


preços abusivos em mercadorias, já que impulsionados pelo medo, os consumidores
estavam dispostos a pagar valores altos para garantirem seu mantimento,
combustível e etc.

A falta de matéria-prima imobilizou as linhas de produção, que por sua vez não
conseguiram concluir o seu percentual estimado de mercadoria. Se não o bastante,
os poucos produzidos, por exemplo, produtos manufaturados e alimentos foram
perdidos e desperdiçados, ou até mesmo, chegaram com baixa qualidade até o
cliente.

RIBEIRO e RUSSI (2018) mostram que pelos dados divulgados pelo IBGE em julho
de 2018, o setor industrial teve a 2ª maior queda mensal da série histórica; onde 24
dos 26 ramos industriais apresentaram resultado negativo. Com quedas mais
significativas foram registradas em veículos (-29,8%) e alimentos (-17,1%). Em abril,
a indústria havia crescido 0,8% em relação ao mês anterior.

Evolução da Produção Industrial - Em Relação ao Mês Anterior (em %)

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBGE.


14

Os reflexos foram sentidos na inflação, já no mês de junho, o IPCA (Índice de


Preços ao Consumidor Amplo) teve o maior resultado para o mês desde 1995. Os
alimentos e os transportes foram os que mais sentiram o choque de preços. O grupo
Alimentação e Bebidas subiu 2,03% no mês. Já nos Transportes houve alta de
1,58%, puxada pelo aumento nos preços dos combustíveis.

Evolução da Inflação – Variação Mensal do IPCA (em %)

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBGE.

As vendas do comércio varejista também retraíram, tiveram a primeira queda de


2018, 0,6% em maio na comparação com abril. Todas as atividades do comércio
tiveram perdas em maio, com exceção de hipermercados e supermercados; 6 das 8
atividades de comércio apresentaram queda; com destaque para livros, jornais,
revistas e papelarias (-6,7%) e, novamente, combustíveis (-6,1%). O desempenho
de maio praticamente anulou o avanço de 0,7% observado em abril.

Vendas do Varejo – Desempenho em Relação ao Mês Anterior (em %)

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBGE.


15

O desempenho dos serviços em maio mostrou um dos principais danos na economia


causados pela greve dos caminhoneiros. Houve recuo nas cinco atividades
investigadas pelo IBGE, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos
transportes e correio, que apontou a retração mais intensa (-9,5%) da série histórica,
iniciada em janeiro de 2011.

Volume do Setor de Serviços – Comparação com o Mês Anterior (em %)

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBGE.

A greve de caminhoneiros fez o fluxo diário de exportações brasileiras cair 36% nas
duas últimas semanas de maio, fazendo com que o saldo entre as exportações e
importações brasileiras também foi afetado pela paralisação. Em maio, a balança
comercial fechou o mês com superavit de US$ 5,98 bilhões. O resultado é 20%
menor do que o observado no mesmo mês do ano anterior. A média diária de
exportações passou de US$ 1,06 bilhão de 1º a 20 de maio para US$ 702 milhões
do dia 21 ao 31.

Evolução Mensal da Balança Comercial (Em US$ milhões)

FONTE: GERBELLI (2018) apud Ministério da indústria, Comércio Exterior e Serviços.


16

Em maio, a indústria brasileira recuou 10,9% no mês na comparação com abril. Foi a
maior queda do setor desde dezembro de 2008, quando a crise internacional
prejudicou a indústria e derrubou a produção em 11,2%. O mês de maio mostrou
também o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 2002.

Produção Industrial – Índice Mês a Mês, Desde Início da Série em 2002

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBGE.

Houve piora na percepção de risco do Brasil, pois a resposta do governo para


encerrar a greve foi mal vista pelo mercado. A paralisação dos caminhoneiros
resultou na queda do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Para analistas, ao
ceder para os caminhoneiros, a imagem que ficou é que o governo voltou ceder a
pressões políticas e perdeu credibilidade no mercado; levando a uma rodada de
deterioração dos ativos brasileiros. No auge da turbulência, o dólar superou a
barreira dos R$ 4,00 e a bolsa de valores perdeu o patamar de 70 mil pontos.

A greve também minou a melhora da confiança de empresários e consumidores.


Sem confiança na economia, as empresas retardam investimentos e os brasileiros
se sentem menos dispostos a consumir; e o fato de que em junho permaneceu em
queda indica a recuperação lenta.
17

Confiança em Queda

FONTE: GERBELLI (2018) apud IBRE/FGV.

Um dos principais prejuízos foi a queda na projeção do Produto Interno Bruto (PIB),
que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é utilizado para
medir o desempenho da economia. Diante desse quadro, as projeções do
crescimento do PIB de 2018 que no início do ano chegavam a 3%; estavam
próximas de 1,5%4.

O investimento na economia brasileira recuou 11,3% em maio na comparação com


abril, de acordo com levantamento realizado pelo IPEA (o Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas). Somente o consumo de máquinas e equipamentos (bens de
capital) caiu 14,6% no mês. No trimestre encerrado em maio, a formação bruta de
capital fixo recuou 1,2%5.

4 ECONOMIA... (2018).
5 GERBELLI (2018).
18

5 REFLEXOS NO EMPREGO E DESEMPREGO

Como se não bastasse o impacto sobre a inflação, a greve dos caminhoneiros


produziu diversos efeitos negativos sobre a economia, inclusive sobre o mercado de
trabalho.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a


geração de novos postos de trabalho caiu em maio em relação ao mesmo período
do ano anterior à greve6. Em maio, o saldo líquido de geração de vagas formais, ou
seja, a diferença entre os admitidos e demitidos foi de 33,7 mil, enquanto o mesmo
mês, no ano anterior, foram geradas 34,3 mil vagas líquidas. Em junho, foi registrado
o fechamento de 661 vagas com carteira assinada. A indústria e o comércio foram
os segmentos que mais fecharam vagas no mês.

Resultado

Fonte: BATISTA (2018) apud CAGED – Ministério do Trabalho

O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro. De acordo com Alex


Agostini, economista-chefe da agência Austin Rating, a média histórica, em junho, é
de geração de 40 mil empregos formais. “Nossa projeção, diante da conjuntura, já
era de 18 mil novas vagas. Mas o resultado veio muito abaixo disso”, destacou7.

Evolução do emprego formal

Fonte: BATISTA (2018) apud CAGED – Ministério do Trabalho

6 BATISTA (2018)
7 Ibid.
19

O saldo de empregos formais acumulados no ano continuou positivo, com 392,5 mil
novos empregos com carteira assinada. Em junho, a atividade com melhor
desempenho foi a agropecuária. Os piores registros ocorreram no comércio, e na
indústria de transformação.

Comércio e Indústria Têm o pior desempenho no mês

Fonte: BATISTA (2018) apud CAGED – Ministério do Trabalho

Quatro das cinco regiões apresentaram crescimento no emprego formal em junho. A


Região Sul, porém, puxou o dado nacional para baixo, ao registrar a eliminação de
17.150 postos de trabalho.

Região Sul puxa o desemprego

Fonte: BATISTA (2018) apud CAGED – Ministério do Trabalho

Segundo o consultor sobre mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Economia


da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) Tiago Barreira, a greve trouxe um efeito
negativo, mas não foi um sinal de perda de fôlego do mercado de trabalho, prevendo
um saldo positivo de 627 mil vagas no fim do ano.

O Brasil encerrou 2018 com saldo positivo de 529,5 mil empregos formais, puxado
pelo setor de serviços, que gerou 398.603 postos formais8.

8 BRASIL...(2019)
20

6 CONCLUSÃO

Segundo CHIAVENATTO (2000), a Teoria Geral da Administração passou por uma


gradativa e crescente ampliação do enfoque desde a abordagem clássica (passando
pela humanística, neoclássica, estruturalista e behaviorista) até a abordagem
sistêmica. Na sua época, a abordagem clássica havia sido influenciada por três
princípios intelectuais dominantes em quase todas as ciências no início deste
século: o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo.

Com o advento da Teoria Geral dos Sistemas, os princípios do reducionismo, do


pensamento analítico e do mecanicismo passam a ser substituídos pelos princípios
opostos do expansionismo, pensamento sintético e da teleologia.

De acordo com RAYMUNDO (1992). A organização deixa de ser vista como um


sistema fechado, e passa a ser vista como um sistema aberto, que faz parte de um
ambiente mutante, constituído de outros sistemas; que podem ser vistos com um
todo organizado ou complexo; uma combinação de coisas ou partes, formando um
todo complexo ou unitário.

O ambiente é tudo aquilo que envolve o sistema, proporcionando os recursos que o


sistema precisa para existir, e é no ambiente que o sistema coloca seus resultados.
Entretanto, muitas vezes o ambiente é também uma fonte de ameaças e
contingências ao sistema.

A greve dos caminhoneiros em 2018, ou “a crise do Diesel” como foi apelidada é um


exemplo de como isso ocorre. A greve iniciada no dia 21 de maio, e que durou
pouco mais de uma semana, tinha como reivindicação principal a redução do preço
do óleo diesel, a reformulação da política de preços da Petrobras, e a fixação de
uma tabela mínima para os valores de frete; mas ao longo da greve, discursos
anticorrupção também se juntaram às bandeiras defendidas pelo movimento.

Como no Brasil as interconexões entre os vários sistemas se dão principalmente por


meio das rodovias, e o transporte rodoviário é o responsável pela ligação entre as
diversas organizações; quando o sistema de transporte de cargas parou, paralisou o
21

país impactando praticamente todos os setores da sociedade. Os reflexos foram


sentidos rapidamente, gerando um efeito em cascata.

Em curto prazo, houve uma falta de combustíveis nos postos de abastecimento; em


médio prazo, os produtos começaram a faltar nos supermercados, e
consequentemente houve aumento da inflação nos preços devido à redução na
oferta e aumento da demanda; as indústrias consumiram seus estoques de insumos
e cortaram a produção. De acordo com os dados da Confederação Nacional da
Indústria (CNI)9, 45% das indústrias chegaram a ficar paradas durante a greve dos
caminhoneiros por falta de matéria-prima ou pela dificuldade de enviar a sua
produção aos distribuidores. Apenas nos primeiros oito dias dos protestos, cerca de
US$ 1 bilhão foi perdido em exportações, principalmente de produtos manufaturados
e alimentos; mais de 100 milhões de aves foram sacrificadas, e 300 milhões de litros
de leite jogados fora. Em longo prazo acarretou num crescimento mais lento da
economia, refletindo numa menor oferta de vagas no mercado de trabalho, e o
aumento do déficit fiscal (diferença entre receitas e despesas) do governo.

A abordagem de sistema aberto considera o sistema aberto em relação a si mesmo


ou internamente, e em relação ao seu meio ambiente, o que faz com que as
interações entre componentes afetem o sistema como um todo.

Utilizando da abordagem de sistema aberto detalharemos o sistema total,


analisando as implicações decorrentes da paralização, os fatos ocorridos nas
empresas que dependiam do transporte, os prejuízos que as empresas sofreram e
as consequências na economia do país; e constatar como a paralização levou à
desconexão dos sistemas da sociedade brasileira.

9 BONFANTI (2018).
22

7 REFERENCIAS

ECONOMIA brasileira faz as contas do estrago provocado pela greve dos


caminhoneiros. Douranews, 14 jul. 2018. Disponível em:
<http://www.douranews.com.br/index.php/economia/item/116007-economia-
brasileira-faz-as-contas-do-estrago-provocado-pela-greve-dos-caminhoneiros.>
Acesso em: 26 fev. 2019.

BATISTA, Vera. Mercado de trabalho sente o impacto da greve dos caminhoneiros.


Correio Brasiliense, 21 jul. 2018. Disponível em: <
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2018/07/21/internas_eco
nomia,696413/mercado-de-trabalho-sente-o-impacto-da-greve-dos-
caminhoneiros.shtml >. Acesso em: 19 mar. 2019.

RIBEIRO, Mariana; RUSSI, Anna. Saiba o quanto a greve dos caminhoneiros afetou
a economia até agora. PODER 360, 30 jul. 2018. Disponível em:
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