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Rio de Janeiro
2012
Introdução
O primeiro é o modelo linear condutivista, no qual “[o emissor] ignora sua [do visitante]
capacidade de mudar [...] e sua consciência quanto ao seu próprio desenvolvimento. [...]
[O processo de comunicação] É uma via de mão única. [...]” (CURY, 2005a, p. 75 apud
CURY, 2007, p. 71).
O segundo é o modelo linear-circular, no qual “[...] o público é escutado muitas vezes. [...]
há muitas pistas de ida e vinda, mas elas não se cruzam e o emissor continua no controle
dos dados sobre o público.” (CURY, 2007, p. 71).
Os terceiros modelos tanto de Panese (2007, p. 36) quando de Cury (2007, p. 72) tem
uma relação intima entre si, e são os que interessam para esse trabalho. Ambos
demonstram a preocupação em conhecer os visitantes do espaço expositivo, promover
um diálogo com o público e estimular sua reflexão e a criação de outros níveis de
significação diante do acervo do museu.
Sugere-se conhecer quem é o público visitante da instituição, qual seu grau de instrução,
sua idade, gênero e outras informações que contribuam para construir uma exposição
que interaja com esse público, que se aproveite de seus conhecimentos prévios para
despertar seu interesse e assim estimular a busca pelo conhecimento.
Decodificar e recodificar
Segundo Cury (2007, p. 73), a expografia como linguagem passou por várias mudanças.
Uma delas foi passar a considerar a bagagem cultural do visitante. Para criar uma
exposição, o profissional do museu tem que decodificar um conhecimento para
recodifica-lo para o público, que por sua vez o decodifica para si. Sendo assim, conhecer
seu público é fundamental, pois para a recodificação ser feita com sucesso, é necessário
que o(s) profissional(ais) tenham conhecimento e compreensão do universo cultural do
visitante.
De acordo com Andrade (2007, p. 80) essa recodificação do conhecimento para uma
linguagem cotidiana do público também atua a favor de despertar o interesse do mesmo.
Objetivando não mais a transmissão de conhecimento numa via de mão única, e sim a
mediação entre a ciência e o público.
A inserção do público como sujeito dentro do museu contribui para “abrir possibilidades
de reflexão e debate sobre as múltiplas formas interpretativas dos produtos
expositivos” (CURY, 2007, p. 74), além de “estimular a reflexão e contribuir para o
desenvolvimento dos pensamentos científicos e filosóficos do cidadão” (ANDRADE,
2007, p. 83), tornando o visitante peça central no processo do próprio aprendizado.
E que, a par das diferenças teóricas entre estudiosos do tema, é consenso estimular a
“ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento e a interação entre os
sujeitos” (CARVALHO, 1992, p. 10).
De acordo com Arias e Yera (1996, p. 13) o construtivismo tem algumas implicações para
o docente também. Pensando o professor como emissor da informação, destaca-se o
papel de instigador e motivador da busca pelo conhecimento e o “enfoque da criança
como sujeito da educação e não mais como objeto passivo dela”.
Um breve paralelo
Conclusão
Essa reflexão que tem se feito sobre a importância do diálogo entre público e o museu é
interessante, pois demonstra uma preocupação cada vez maior com a difusão do
conhecimento e o esforço de atrair um público não especialista em Ciência e Tecnologia
para dentro do espaço expositivo. Esse viés construtivista encontrado nos modelos de
comunicação museográficos citados nesse trabalho mostra a preocupação do museu
também de estimular a reflexão sobre os assuntos que dizem respeito ao público como
cidadão. Para museus de Ciência e Tecnologia, que trabalham assuntos mais “áridos”,
essa abordagem pode desmistificar a crença que a ciência é desinteressante e de difícil
compreensão, tornando as exposições mais tangíveis para o público não-especialista na
área.
Referências
ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de. Controvérsia política e complexidade tecnológica vão
ao museu. In: VALENTE, Maria Esther Alvarez (org.) Museus de Ciência e Tecnologia -
Interpretações e ações dirigidas ao público. Rio de Janeiro: MAST, 2007. 300p.
CURY, Marília Xavier. Exposição - uma linguagem densa, uma linguagem engenhosa. In:
VALENTE, Maria Esther Alvarez (org.) Museus de Ciência e Tecnologia - Interpretações
e ações dirigidas ao público. Rio de Janeiro: MAST, 2007. 300p.