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obtido grande proveito dos seus colóquios.

Lia o estado de ânimo e o


pensamento dos que se lhe avizinhavam, tinha o dom da profecia e, em
vida, duas vezes apresentou o fenômeno da ubiquidade. Entre os testemu-
nhos dos seus prodígios, figura até o de Urbano VIII, pois quando leva-
ram José para lhe beijar a sandália, o papa esteve a ponto de perder os
sentidos, ao vê-lo, em êxtase, elevar-se no ar. Os êxtases de José se
repetiam com tal frequência e duração, que por espaço de 35 anos seus
superiores não o admitiram com os demais irmãos no coro, nem nas
coletas, nem no refeitório. Para provocar seus raptos bastava que alguém
estimulasse o fervor em suas devoções. Imerso nesse estado, não mais
acusava sensação alguma, ainda que lhe metessem os dedos nos olhos ou
o queimassem com fogo, ou o espetassem com agulhas. E então voava
seu corpo, ordinariamente para determinada meta, da qual costumava
regressar com segurança plena. Certa vez, em que convidara alguns
pastores para a adoração ao Menino Celeste, emitiu alto grito e voou qual
pássaro, numa distância de 50 passos, do centro da igreja para o altar-
mor. Ali, abraçado ao tabernáculo, esteve flutuando 15 minutos. Nenhum
dos círios acesos, que em quantidade ornavam o altar, caiu, nem ateou
fogo à sua túnica. Tendo feito erigir um calvário sobre pequeno cerro,
observou, depois de erguidas as duas cruzes laterais, que a do centro,
devido ao seu peso (a altura era de quase 54 palmos), 12 homens, empre-
gando toda a força, não a podiam colocar. Rápido, saiu pela porta do
convento e voou, oitenta passos de distância, até sobre a cruz, que levan-
tou, como se se tratasse de uma palha, e a colocou na abertura que se
fizera para tal fim.
Mas, também os fenômenos de levitação não eram exclusivos dos san-
tos, de vez que se viam com frequência nos endemoninhados.
“Vi – refere Sulpício Severo – um possesso, ao aproximar-se de S.
Martinho, elevar-se com as mãos eretas sobre a cabeça e permanecer
suspenso no ar.”
Santa Genoveva, diz a tradição, fez permanecer no ar, enquanto os in-
terrogava, doze energúmenos que haviam levado à sua presença. Algo
semelhante se pretende fizesse o seu mestre, S. Jerônimo.
No livro intitulado L’Affaire curieuse des possédés de Louviers são
citados muitos exemplos de monjas prodigiosamente transportadas de
suas celas, ao pátio, ao teto, para alto muro, e a um bosque vizinho.
É conhecido o caso daquela pobre possessa de Vervins, chamada Ni-
colette Aubry, que, na catedral de Laon, ante imensa multidão, se elevou
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