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O molinismo é uma teoria teológica e filosófica de cunho cristão que recebeu

seu apelido do nome de Luiz de Molina. Ela defende tanto que Deus tem o
controle completo de (e) sobre todas as coisas como a total liberdade dos
homens. Portanto aqui a uma definição de soberania divina muito semelhante à
visão calvinista e adere também a uma perspectiva conceitual de livre arbítrio
muito semelhante ao arminianismo.
Nessa doutrina os seres humanos são agentes da vontade de Deus, ele é
tomado como o ordenador do universo.

O molinismo apesar de ser muitas vezes conhecido como uma maneira de


mesclar o arminianismo com o calvinismo formando um tipo de calvinianismo
não é e nem faz parte do debate a cerca da Soteriologia, isso claro não impede
de algumas pessoas criarem ramificações Soteriológicas do Molinismo.

Molinismo nada mais é que um apelido para a doutrina do conhecimento médio


que busca resolver questões a respeito da doutrina da divina providencia e a
liberdade humana. Portanto os planos de argumentação são diferentes. Os
seus concorrentes não são nem o calvinismo nem o arminianismo e sim outras
teorias teológicas a respeito da providencia como o determinismo, o
conhecimento simples e o teísmo aberto.

Para trazer uma compreensão melhor a respeito do molinismo Molina fornece


uma analise do conhecimento de Deus em três momentos lógicos (não
necessariamente cronológicos)

Apesar de tudo o que Deus conhece, não há sucessão temporal em seu


conhecimento.
Mas realmente há uma espécie de sucessão lógica em seu conhecimento no
aspecto de que seus conhecimentos de determinadas verdades e de forma
condicional anterior ao conhecimento de certas outras verdades. Molina
fornece três momentos: Conhecimento natural, conhecimento Médio e
conhecimento livre.
Conhecimento natural: Deus conhece todas as possibilidades, não
apenas todas as criaturas que ele poderia criar, mas também todas as ordens
possíveis de criaturas. Molina batiza essa fase como conhecimento natural por
que seu conteúdo é essencial para Deus e de modo algum depende das
decisões livres de sua vontade. Possuindo esse conhecimento, Deus tem o
conhecimento de todos os estados de coisas contingentes (que podem ou não
ocorrer) que poderiam possivelmente resultar daquilo que qualquer criatura
livre poderia livremente escolher.

Conhecimento Médio: Deus possui conhecimento de todas as sentenças


contrafactuais (Em metafísica e em lógica modal “contrafatual” é a situação ou
evento que não aconteceu, mas poderia ter acontecido) que são verdadeiras,
inclu-o contrafactuais de liberdade de criaturas. Levando em consideração que
por meio de seu conhecimento natural Deus sabia o que qualquer criatura livre
poderia fazer em qualquer conjunto de circunstancias, agora, pois com o
conhecimento médio, Deus sabe o que qualquer criatura faria em qualquer
conjunto de circunstancias. Isso não acontece porque tais circunstancias
determinam de forma causal a escolha de alguém mas sim (e simplesmente)
por que é assim que a criatura livremente faria, Desse modo, Deus sabe que se
tivesse realizado certas coisas, então certas outras coisas contingenciais
resultariam. Deus não determina quais contrafactuais de liberdade da criatura
são verdadeiros e falsos . Assim, se é
Verdadeiro que “se o agente S fosse colocado na circunstancia C, executaria.
Livremente a ação a”, então ate mesmo Deus em sua onipotência não poderia.
Fazer com que S livremente evitasse fazer a se estivesse em C. Em
contrapartida,
O conhecimento médio se diferencia do conhecimento natural no aspecto de
Que o conteúdo do conhecimento médio não é essencial para Deus.
Contrafactuais
verdadeiros são contingencialmente verdadeiros; S poderia livremente.
decidir abster-se de fazer a em C, de modo que diferentes contrafactuais
poderiam.
Ser verdadeiros e conhecidos por Deus
Então embora seja necessário Deus possuir o conhecimento médio não é
necessário para ele ter esse conhecimento de proposições particulares que ele
de fato conhece

Sendo colocado ao meio do segundo e terceiro momento do conhecimento


divino (conhecimento médio e livre) se coloca o livre decreto de Deus para
efetivar um mundo possível. Através do seu conhecimento natural Deus sabe
qual a extensão completa de mundos logicamente possíveis, através do seu
conhecimento médio, ele sabe efetivamente, qual subconjunto adequado
desses mundos é factível (viáveis, realizáveis) para que ele então efetive algum
mundo.

Conhecimento livre: Deus possui conhecimento de todas as proposições


restantes que são de fato, verdadeiras no mundo real, incluindo as proposições
(propostas) contingenciais futuras.

O seu conteúdo não é essencial para Deus, já que ele poderia tem decretado
outro mundo possível e então o conteúdo de seu conhecimento livre seria
diferente do atual.

Molina realmente resolve muitas questões e dificuldades tradicionais relativas à


divina providencia e a liberdade humana com o seu esquema teológico

Para ele providencia é definida como a ordenação que Deus faz das coisas
visando seus fins, quer direta quer mediamente por agentes secundários.
Todavia ele faz distinção entre intenções absolutas de Deus e suas intenções
condicionais em relação às criaturas, como exemplo podemos tomar que é
uma intenção absoluta de Deus que nenhuma criatura se perca e que todas
fossem ao céu. Mas não esta dentro o poder de Deus determinar quais as
criaturas tomariam livremente sob varias circunstancias.

Em alguns momentos as criaturas irão livremente pecar mesmo essa não


sendo a vontade de Deus. Enquanto a providencia de Deus se estende a todas
as coisas que acontecem não podemos concluir que Deus deseje
positivamente todas as coisas ruins e sim que as permitem
Molina também defendia que a cooperação divina é uma cooperação
simultânea que nas palavras de Craig temos a seguinte explicação:

“Cooperação simultânea é quando Deus age não na causa secundaria,


Mas com ela para produzir o efeito. Desse modo, quando uma pessoa.
Deseja produzir algum efeito, Deus coopera com a decisão da pessoa também.
Agindo para produzir o efeito; mas ele não age na vontade da pessoa.
Para movê-la na direção de sua decisão. Em decisões pecaminosas, Deus.
Coopera agindo para produzir o efeito, mas ele não deve ser considerado.
Responsável pela pecaminosidade do ato, uma vez que ele não move a
vontade.
Da criatura para executa-lo. Em vez disso, a partir de sua determinação de.
Permitir a liberdade humana, ele simplesmente permitiu que a decisão fosse
tomada”.

Desse modo, Deus arranjou providencialmente tudo o que acontece mediante


desejo ou permissão, ele é a causa de tudo, ainda que de maneira tal que seja
preservado a liberdade e contingencia.

Olhando outras opções

A visão calvinista interpreta a providencia divina em termos de


predeterminação. Deus realmente sabe o que ira acontecer, pois é ele que faz
acontecer. Há muitas dificuldades em ver de que maneira essa interpretação
pode deixar de fazer com que Deus seja o autor do pecado ou como ele pode
fazer algumas pessoas serem as únicas responsáveis morais sobre atos que
elas não tiveram controle. Essas pessoas também devem levar em conta que
só creem no determinismo, pois foram determinados a crer nele e não por que
puderam pensar a respeito e decidir então qual teoria teológica é mais
consistente.

A visão arminiana interpreta a providencia com a ideia da presciência


simples, na qual falamos na introdução, todavia na ausência de conhecimento
médio existem muitas dificuldades também para entender o plano da
providencia de Deus sobre a existência de criaturas livres. Nessa visão, Deus
tem apenas o conhecimento natural de todas as possibilidades, mas não
possui o conhecimento do que aconteceria em determinadas circunstancias.
Sem conhecimento médio Deus não pode saber antes do decreto criativo como
o mundo seria.

Dessa forma aparenta-se que nenhuns dos concorrentes do molinismo


parecem bem equipados para oferecer uma doutrina tão robusta e rica a
respeito da providencia e liberdade humana que resolve varias questões tanto
quanto ela.

É de grande valia ter em consciência que Molina desenvolveu sua teoria em


oposição as fortes visões dos reformadores a respeito à predestinação.

Eleição

A eleição no Molinismo é Incondicional, Deus sabe exatamente em quais


circunstâncias as pessoas irão livremente responder à Sua graça e coloca
pessoas em circunstâncias nas quais cada uma delas recebe graça suficiente
para a salvação se tão somente essa pessoa aproveitar a oportunidade. Mas
Deus sabe quem irá responder e quem não irá. Portanto, novamente, não é
culpa de Deus que algumas pessoas livremente resistem à graça de Deus e a
cada esforço para salvá-las.

Cabe a Deus criar o mundo onde eu estou predestinado, mas cabe a mim se
estarei predestinado no mundo em que Deus criou.

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