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ANO: 2011
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Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
Efeito do fogo nas estruturas de concreto reforçadas com FRP
Effect of the fire in the strengthened strucutures of concrete with FRP
Resumo
Nos últimos anos, a crescente necessidade de reforço e reabilitação das estruturas de concreto tem
exigido que a engenharia estrutural desenvolva novos procedimentos e técnicas eficientes nesta área.
Dentre essas técnicas, os polímeros estruturados com fibras (FRP) vêm sendo cada vez mais utilizados
como alternativa de reforço estrutural, com o objetivo de aumentar a resistência e ductilidade das estruturas
de concreto armado. Entretanto, o desempenho destes sistemas em situação de incêndio é uma séria
preocupação devido ao fato dos materiais de FRP serem combustíveis. Em geral, os elementos de concreto
armado apresentam um bom desempenho quando são submetidos à situação de incêndio por possuir um
grande fator de massividade. Por outro lado, estes elementos, quando reforçados com fibras, e submetidos
a altas temperaturas, ainda não tem o seu comportamento completamente descrito e avaliado em nosso
País. As informações a esse respeito ainda estão restritas à literatura internacional e, mesmo assim, ainda
são escassas e limitadas. Assim, antes de serem utilizados, com segurança, em reforços estruturais no
interior de edifícios, os FRPs devem ter seu comportamento avaliado em situação de incêndio, verificando
tanto o cumprimento dos critérios de resistência ao fogo, especificados em códigos normativos nacionais,
quanto procedimentos de dimensionamento destas estruturas contra a ação do fogo. Com base em
informações da literatura técnica, este trabalho apresenta os principais efeitos da exposição à altas
temperaturas nas estruturas de concreto armado reforçadas com polímeros. Analisa as degradações na
matriz, na resina, nas fibras e as mudanças nas propriedades mecânicas do compósito.
Palavra-Chave: estruturas, polímeros, concreto, incêndio, resistência ao fogo.
Abstract
In recent years, the increasing necessity of reinforcement and retrofit of the concrete structures
have demanded that structural engineering develops new procedures and efficient techniques in this area.
Amongst these techniques, the fiber reinforced polymer (FRP) come more being each time used as
alternative of structural reinforcement, with the objective to increase the resistance and ductilidade of the
structures of reinforcement concrete. However, the performance of these systems in fire situation is a serious
concern due to the fact of the FRP materials to be combustible. In general, the elements of reinforcement
concrete present a good performance when they are submitted to the fire situation for possessing a great
factor of massivity. On the other hand, these elements, when strengthened with fibres, and submitted the
high temperatures, not yet it has its behavior completely described and evaluated in our Country. The
information to this respect still are restricted to international literature e, exactly thus, still scarce and they are
limited. Thus, before being used, with safety, in structural reinforcements in the interior of buildings, the
FRPs must in such a way have its behavior evaluated in situation of fire, verifying the fulfilment of the criteria
of fire resistance, specified in national normative codes, how much procedures of sizing of these structures
against the action of the fire. On the basis of information of technique literature, this work presents the main
effect of the exposition to the high temperatures in the strengthened structures of reinforcement concrete
with polymers. It analyzes the degradation in the matrix, the resin, fibres and the changes in the mechanical
properties of the composite.
Keywords: structures, polymers, concrete, fire, fire resistance.
2 O Incêndio
A principal característica de um incêndio, no que concerne ao estudo das estruturas, é a
curva que fornece a temperatura dos gases em função do tempo de incêndio (figura 1),
visto que a partir dessa curva é possível calcular-se a ação térmica sobre os elementos.
Esta, por sua vez, acarreta aumento de temperatura nos elementos estruturais, causando-
lhes redução de capacidade resistente e aparecimento de esforços adicionais, devidos às
deformações térmicas.
Nesta tabela quando se propõe uma resistência ao fogo de 30 minutos, significa que a
estrutura deve permanecer estável quando a atmosfera ao seu redor estiver a
aproximadamente 820ºC, 1 hora significa 930ºC e 2 horas 1030ºC.
Quanto maior a resistência requerida, maior a temperatura que a estrutura deve resistir.
Pode se perceber que à medida que o risco à vida humana é considerado maior, devido à
ocupação, altura do edifício, etc., a exigência torna-se mais rigorosa e maior será o tempo
requerido de resistência.
Assim, a resistência ao fogo pode ser entendida como a propriedade de um elemento
estrutural resistir à ação do fogo por determinado período de tempo, mantendo sua
segurança estrutural, estanqueidade e isolamento, para as funções as quais foi
concebido.
Desta maneira, também as estruturas reforçadas devem ser resistentes à ação do fogo e
devem permanecer íntegras durante todo o tempo requerido de resistência ao fogo da
edificação.
(A) (B)
Figura 3 (A) Esquema de montagem do sistema. (B) Cilindro submetido ao teste de fogo (JI et al. (2008))
Figura 4: Posição dos termopares; (a) termopares na superfície da coluna 3, (b) termopares na superfície da
coluna 4, (c) termopares nas armaduras das colunas 3 e 4 (CHOWDHURY et al. (2007))
ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 – 51CBC0199 11
As colunas foram testadas em forno que seguia a elevação temperaturaXtempo
equivalente ao "incêndio padrão", de acordo com a ASTM E119 (similar a curva ISO 834)
e foram carregadas previamente com carga equivalente a estimada em serviço.
Ao final dos ensaios, os pesquisadores comprovaram a eficiência da argamassa
cimentícia como proteção ao fogo, com as colunas protegidas resistindo, pelo menos, 90
minutos a mais de exposição ao incêndio padrão, quando comparadas as mesmas
colunas sem proteção.
Baseado nos resultados dos ensaios, os autores recomendam que materiais de FRP
podem ser usados nos edifícios, desde que protegidos adequadamente às temperaturas
elevadas.
Além desses trabalhos apresentados, vale ressaltar ainda a contribuição de alguns
pesquisadores, dentre eles destacam-se:
MOHAMED SAAFI (2002) que pesquisou o efeito do fogo em elementos de
concreto reforçados com FRP;
BISBY et al. (2005), que pesquisaram vários elementos estruturais de concreto
armado (lajes, vigas e pilares) reforçados com FRP em situação de incêndio;
BREA et al. (2005), que avaliaram o desempenho de proteção ao fogo em lajes de
concreto armado reforçadas com FRP;
YOUNG JR (2006) que pesquisou o efeito das altas temperaturas em elementos de
concreto reforçados com fibras de carbono;
HAN et al. (2006) que propuseram um modelo analítico para analisar o
comportamento de pilares de concreto armado reforçados com FRP; e
RAFI et al. (2007) que submeteram vigas de concreto armado reforçadas com
fibras de carbono à altas temperaturas;
No Brasil, nada ainda foi feito no sentido de avaliar, em laboratório, estruturas de concreto
reforçadas com FRP em situação de incêndio, conforme as exigências normativas.
6 Considerações Finais
Diferente do que ocorre em campo internacional, no Brasil nada ainda foi feito no sentido
de avaliação experimental do efeito do fogo nas estruturas reforças com FRP.
Revestimentos nacionais, aplicados em colunas executadas com materiais de construção
usuais em nosso País, reforçadas ou não com FRP, ainda não tiveram eficiência
comprovada em laboratórios de pesquisa nacionais.
Resta ao meio científico nacional dar início, o quanto antes, a estas avaliações, uma vez
que estruturas estão sendo reforçadas com FRP em nosso País e algumas delas, por
incrível que possa parecer, não tem revestimento algum de proteção ao fogo.
7 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432: Exigências de
resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações. Procedimento. Rio de
Janeiro, 2000.
BISBY, LUKE A.; GREEN, MARK F.; KODUR, VENKATESH K. R. Response to fire of
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– 149, New York, John Wiley & Sons, 2005.
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HAN, L.H.; ZHENG, Y.Q.; TENG, J.G. Fire resistance of RC and FRP - confined RC
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2006.
JI, GEFU; LI, GUOQIANG; LI, XIUGANG; PANG, SU-SENG; JONES, RANDY.
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KODUR, V.K.R., BISBY, L.A., AND FOO, S. Thermal Behavior Fire-Exposed Concrete
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LIMA, R.C.A.; KIRCHHOF, L.D.; CASONATO, C.A.; SILVA FILHO, L.C.P. Efeito de altas
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e Tecnologias Emergentes”. Porto Alegre, 2004.
RAFI, M.M.; NADJAI, A.; ALI, F. Fire resistance of carbon FRP reinforced-concrete
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YOUNG JR., J.D. Effect of elevated temperature and fire on structural elements
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Raton, Florida, 2006.