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INTRODUÇÃO

Geralmente a maioria dos ambientes naturais apresentam condições adversas em relação


aos recursos, e no que diz respeito ao fósforo, a sua baixa disponibilidade é considerada uma
grande limitação da produção agrícola (Al-Niemi et al., 1997; Hinsinger, 2001; Nielsen et al.,
1999). Segundo Bonser et al. solos tropicais são caracterizados por apresentar um elevado grau
de intemperização e pelos baixos teores de fósforo, que decrescem conforme a profundidade do
solo aumenta. Nesses solos o fósforo se caracteriza limitante na produção agrícola, por apresentar
baixa mobilidade esse macronutriente restringe o crescimento da planta (Hall &Schwartz, 1994;
López-Bucio et al.,2002).

O crescimento do sistema radicular é bem menos inibido sob deficiência de fósforo, o que
gera a comum redução da relação entre a parte aérea e raiz das plantas. Diferente dos outros
macronutrientes que possuem fluxo contínuo de massa, o P tem sua mobilidade dada através de
difusão, o que torna sua aquisição mais dependente da exploração espacial e temporal do solo
pelo sistema radicular (Barber, 1995).

A capacidade da planta em adquirir fósforo, em condições adversas, depende de


características adaptativas, que incluem mecanismos que elevam a exploração do solo
(Schachtman et al., 1998; López-Bucio et al., 2002). Esses mecanismos envolvem plasticidade
radicular, taxa de alongamento das células e de raízes (Marschner, 2002), arquitetura radicular,
proliferação de pelos radiculares (Bates & Lynch, 1996) e a simbiose com micorrizas e alguma
bactérias (Lynch & Beebe, 1995).

A taxa de crescimento na parte aérea e o alongamento primário da raiz são determinados


pela concentração interna de fósforo. O efeito do fósforo sobre a formação de raízes ( Fredeen et
al., 1989) laterais e pelos radiculares está relacionado à disponibilidade externa de P que à
concentração interna desse elemento (López-Bucio et al., 2002). O custo de fósforo empregado
para o desenvolvimento radicular é maior do que o fósforo utilizado no desenvolvimento de
folhas, uma vez que nas raízes parece não ocorrer remobilização de fósforo, como no restante da
planta durante a senescência (Snaap & Lynch, 1996). A deficiência de fósforo proporciona
redução na parte aérea foliar através da limitação do numero e da expansão de folhas (Lynch et
al., 1992, Marschner, 2002), da ramificação da parte aérea, da redução da taxa de assimilação de
carbono, além de promoverem senescência prematura de folhas, que limita a produção de
sementes em plantas deficientes em fósforo (Marschner, 2002).

A restrição da expansão foliar favorece maior exportação de carboidrato para o sistema


subterrâneo (Cakmak et al., 1994; López-Bucio et al., 2002). Em condições de baixa
disponibilidade de P, a maior parte do fósforo absorvido pelas raízes é retido no sistema radicular,
ou seja, é utilizado para suprir a demanda local deste elemento (Snapp & Lynch, 1996).

O fósforo é considerado onipotente na planta, por ter envolvimento em praticamente


todos os processos metabólicos (Bennett, 1994). É um componente chave para moléculas como
ácido fítico, coenzimas, açucares-fosfato, nucleotídeo, fosfolipídeos e ATP (Taiz & Zeiger,
2003). Na planta, o fosfato está relacionado com a construção de moléculas simples ou complexas,
com maior ou menor estabilidade (Marschner, 2002). Embora seja evidente que sua absorção
esteja relacionada com a respiração, em contraste com N e S elementar, o fósforo não é reduzido,
na planta, ele é mantido com fosfato (Kolek & Holobrada, 1994).

O milho (Zea mays L.), hoje é um dos mais importantes cereais cultivados no Brasil e no
mundo, no que diz respeito ao fósforo, a planta responde com alta produtividade a aplicação desse
nutriente que na maioria das vezes possui baixa disponibilidade nos solos intemperizados. A
adubação é sem dúvida um dos fatores que afetam o rendimento da cultura do milho (Zea mays),
fazendo com que o consumo de adubo pela cultura no país cresça gradativamente a cada ano
(Tsunechiro & Ferreira, 1996).

No Brasil, a Zea mays apresenta um alto potencial produtivo podendo alcançar até 10 t
ha-1 de grãos em condições experimentais ou por agricultores que adotaram tecnologias
adequadas. Apesar de os monocultivos de milho necessitarem de concentrações mais baixas de
fósforo que as doses de nitrogênio e potássio, as quantidades recomendadas normalmente são
relevantemente altas, por conta da sua baixa eficiência (20 a 30%) de aproveitamento (Fancelli,
2004).

Para o dado cultivo, assim como a maioria dos cereais, um suprimento inadequado de
fósforo nos estádios iniciais de desenvolvimento acarreta redução do seu crescimento e
ocasionalmente baixa produtividade. O trabalho teve por objetivo analisar a interação do P
(Elemento Fósforo) com o crescimento primário do milho, para comparar a mobilidade e
disponibilidade do fósforo em diferentes concentrações.

REFERÊNCIAS
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BONSER, A.M.; LYNCH, J.P.; SIEGLINDE, S. Effect of phosphorus deficiency on
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