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vi Apresentagio Bite fies Geno Fane Ca ciicins, iin ae @ Voie cs oflari ime reverie, cheba cies a cen Coed: 2 f83 muncdas pede wd Da Chey ine As do fll |S = Eq. FPMBATA Bias Tb Ta 60 4 Bt + Ree 2h Ra A ait dint clayey > ag. 2008, Cpa de Schema Rovhigaes: [ainda yor Uietirt ie CP oreo PR WAIIN HA TALIA Ma ab Abunda, 42, 16 Pav Wel) AEN3E 5500, fan 2259254 07 Race Hrd, BOE 26, WORD Listes hy 20 AAT 92 6K © Fos 20 RTH Mela! pie aie ope oe pbs is solic ah ae con oe hls w ihe celpecaash aldo aa cdtowde w BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO no estado de certos pormenores lo indispenséveis pare uma iniciagio na anilise da estrutura da lingua poderiam eventualmente assustar e afastar. inicial da ‘Nova Gramética do Portugids Contemporénco jé tivesse um. aspecto normativo e uma aplicagio pédagégica. Vinedmos até que essa caracteristica deliberadamente 2 afastava de outras graméticas de caticter essencialmente especulativo. ‘Que esta obra, a sua versio breve, seja um factor no ensino que contri- bua para que a juventade portuguesa, brasileira ¢ africana de lingua ofici sa — dispondo de um guia de ficil acesso ¢ leitura que até ousamos classificar como muitas vezes atractiva— aprenda a melhorar a sua,escrita ¢ 0 sew falar da lingua portuguesa é sem diividi, a maior aspiragio dos autores ¢ editor e a melhor recompensa possivel para o trabalho feito e aqui apresentado, Setembro de 1985 Os Autores indice geral Aptesentacio, IT Capitulo 1 Concsrros cenars, x Linguagem, lingua, diseusso, estilo x Lingus e sociedade: variagao ¢ conservagio linguistics, 2 Diversidade geogrifiea da lingua: dialecto e falar, 7 ‘A nogio de correcto, § Capitulo 2 Dosinto ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA, 7 ‘Unidade e diversidade da lingua portuguesa, 5 Os dislectos do portugués europeu, 7 Os dialectos das 1 Os dialecros bras © portugués de B da Asia ¢ da Ocetnia, 26 Capitulo 3 Fonsrica x rononocia, 18 Os sons da fala, 18 Classifieagio dos sons linguisticos, 24 + Chssificagio das vogais, 25 ‘Acento ténico, 42 Capitulo 4 Onroorarra, 45 Letra ¢ alfboto, 45 Notagbes ldxicas, 46 de seontiatio, 37 Jas entre a8 ortogratis oficiaimente adoptadas em Por- tugal e no Brasil, 5 ve Capitulo 5 Capitulo 6 Capitulo 7 Capitulo 8 BREVE GRAMATICA Do PoRrUGuEs CoNTENPORANEO CLASSE, ESTRUTURA B FORMAGKO.DE PALAVRAS, 57 Denivagio 5 composigho, 63 Dexivagzo preftal, 63 Sunsrannivo, 130 lassificagio dos substantivos, z30 Flees doe substan inpics. vn Capitulo 9 Arico, ry ~ Antigo definido ¢ indefinido, 153 Capitulo 10 Capitulo 11 Pronomes, 200 Fronomes subtantivos ¢ peonomes adjectives, 2 Capitulo 12 Capitulo x5 Conjugesto da vou passive, 267" BREVE GRAMArICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Sh __ Priv oranrica po porruguits conmmurorinzo Capitulo 14 Gpitulo 15 Capttulo 16 Capftulo 17 Conjugagio dos verbos ieregulares, 290 ‘Verbos com alternincia voedlica, 292 Ovtr0s tipos de i Verbos de partic ‘Verbos abandaat ‘Modo indicativo, 325 Emprego dos tempos do indicativo, 325 Modo conjuntivo, 333 Emprego do conjuntive, 334 Modo impecaivo, 337 rego do todo imperativo, 339 pcg dor fms tons $e Sintaxe do verbo haver, 362 Apvinsr0, 365 Chassificagtio dos advérbios, 366 Gradagio dos advérbios, 372 Palavras denotativas, 372 Paerosigho, 374 Signiicagto das Conteido significativo ¢ furglo zelacional, 377 ‘Valores das preposig6es, 340 Coxyungio, 390 Conjunsio coordenativa e subordinativa, 390 Conjungdes coordenativas, 392 Conjungdes subordinativas, 392 Locugio conjuntiva, 597 Ierenjeigao, 396 ssprce Capitulo 18 Capitulo 19 Capfenlo 20 Capitulo 2 Capitulo 22 © veniono = sua consrrugho, 398 © periodo composto, jsf we Polissindeto, 420 “Anacoluto, 420 Silepse, 427 Discurso prnzcro, DISCURSO INDIRECTO # DIScURSO INDIRECTO LiVRE, 429 Discurso directo, 423 Discurso indirecto, 425 Discurso indireeto livee, 424 Ponruagho, 429 Sinais pavesis ¢ sieais melédicos, 429 Sinais que marcam sobretudo 2 pauss, 429 Sinais que marcam sobretado a melodia, 434 ‘Nogées pe vensrereagho, 442 Estrutura do vero, 442 Tipos de verso, 450 A sia, 03 rofaglo, 464 Poemas de'forma fa, 46¢ ELENCO E DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS, 475 * que serve de meio de comunicagio entre o: 1. Conceitos gerais Linguagem, lingua, discutso, estilo, 1. LINGUAGEM é «am conjunto complexo de processos — resultado de psiquica profundamente determinada pela vida social — aquisigio © 0 emprego concreto de uma iiNGvA qualquer’. Usa-se também o termo pata desigaar todo o sistema de sinais \dividuos, Desde que se atri- bua valor convencional a determinado sinal, existe uma trvcvaczs. A lin- guistica interessa particularmente uma espécic de LINGUAGEM, ou seja a LINGUAGEM FALADA OU ARTICOLADA. 2. inguA & um sistema gtamatical pertencente a um grupo de individuos. Expresséo da consciéncia de uma colectividade, a xincua € 0 meio por que ela concebe © mundo que a cerca ¢ sobre cle age. Utilizagio social da faculdade da linguagem, criagio da sociedade, nfo pode ser imuts- vel; 20 contticio, tem de viver em perpétua evolugio, paralela & do orga- ismo social que a ctiou, 3+ Discuaso € a lingua no acto, ma execugéo individual. E, como cada individuo tem em si um ideal lingufstico, procura ele extrait do sis- tema idiomético de que se serve as formas de enunciado que melhor lhe cexprimam 0 gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expresso que Ihe oferece 0 tico repertério de possibilidades, que € a ngua, denomina-se esriz02. mos pata fe toca male tises melot de expression (Prd de siti fragai, 2° ed, Pals, 2 BREYE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO CONGEITOS GERAIS 5 4 A distingio entre LINGUAGEM, LINGUA € DISCURSO, indispensivel metodolégico, nfo deixa de ser em parte artificial, Bm denominacées aplicam-se a aspectos diferentes, mas no ‘opostos, do fenémeno extremamente complexo que é 2 comunicagio humana. Lingua e sociedade: vatiagdo ¢ consetvagio linguistica. Bm prinefpio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferencas internas, que podem ser mais ou menos profandas: °) diferengas no espago geogréfico, ou VARIAGOES DrATénIcAs (Falaxes, variantes regionais e, até, intercontinentais) ‘ais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, Condicionada dc forma consistente dentro de cada grupo social e parte integzante da compettacia linguistice dos seus memb: sistema cm nada pre} . Todas as vatiedades linguisticas sio estruturadas, e cosrespondem a istemas adequados a3 nccessidades dos seus usuésios. Mas 0 facto de estar a lingua fortemente ligade A estrutura social ¢ a0s sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagio distinta das caractetisticas das suas diversas modalidades diatépicas, dlastriticas © diafésicas, A lin- gua padtlo, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de ‘um idioma, 6 sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como norma, como ideal lingufstico de uma comunidade. Do valor normative decorre 2 sua fungio coercitiva sobre as outmas vatiedades, com o que se tora uma ponderivel forga contréia & vatiagio, ‘Numa agua existe, pois, 20 lado da forca centrifuga de inovagio, a forga centripeta da conscrvagio, que, contra-regrando a primeira, gatante a supetior unidade de um idioma como o portugués, filado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar. ‘As formas caracterfsticas que uma lingua assume regionalmente deno- minam-se DIALECTOS. Alguns linguistes, porém, distinguem, entre as variedades diatépicas, o PALAR do DrALECTO. istema de sinais desgarrado de uma lingua comum, rmalmente, com uma concreta delimitagio geo- diferenciagio diante dos outros da mesma ori- poder-se-iam também chamar dialectos «as estraturas linguisticas, simuleineas de outsa, que ao alcangam a categotia viva ou desaparecida; geifica, mas sem uma de linguay3. Fazae setia a peculintidade expressive propria de uma regio © que iio apresenta 0 grau de coertncia alcangado pelo dialecto, Caracterizar-sc-ia, do ponto de vista discténico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialecto empobrecido, que, tendo abandonado a lingua escrita, convive apenas com a8 manifestagies. orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos PALARES REGIONAIS, 05 FALARES LOCAIS, que, para o mesmo linguista, correspon mas idiomaticos «de tragos pouco diferenciados, mas com dentro da estrutura tegional a que pertencem ¢ cujos usos iges geogeéficas, normalmente com modalidades diatépicas, empregaremos neste livro —e patticulatmente no capitulo seguinte — o termo prazzcro no sentido de variedade regional da lingua, no importando o seu maior ow menor distanciamento com referén- cla A lingua padtso, A nogio de correcto. Todo 0 nosso comportamento social esti regulado por normas a que devemos obedecer, se quisermos set correctos. © mesmo sucede com a lingua, apenas com a diferenga de que as suas normas, de um modo getal, so mais complexes ¢ mais cocrcitivas. Por isso, e para simplificar 5 coisas, Jespersen define © dinguisticamente corrector como aquilo que 2 Manac Ala. infos eonceptos de lengu,dislectoy babs, Naw Revita de Fl sn pt de lng, akc y i de Flats 4 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO igido pela comunidade linguistica a que se pertence. O que difere € 0 linguisticamente incorrector. Ou, com suas palavras: falar correcta significa © falar que a comunidade espera, ¢ erro em linguagem equivale a desvios desta norma, sem relagio alguma com o valor interno das palavras ou for- mas». Reconhece, potém, que, independentemente disso, «existe uma valo- de que 0 mais facilmente enuncindo € Se uma lingua pode abarcar vit de sua realizagio, a sua dinamicidade, nidade consideradan § ‘A norma pode vat seja de um ponto de seio de uma mesma comunic ico (portugues de Portus movidas pela legftima aspiragio de entiquecer 0 patriménio comum com formas ¢ constragées novas, a patentearem o dinamismo do nosso idioma, e cinquenta milhdes de individuos. 2. Dominio actual da lingua portuguesa Unidade ¢ diversidade da lingua portuguesa, Na dea vastissima ¢ descontinua em que é falado, 0 portugués apresenta- se como qualquer lingua viva, intemnamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais on menos acentuada quanto & pronincia, 4 gra- mitica ¢ a0 vocabulétio, Embors seja inegével 2 existéncia de tal diferenciacio, nfo ¢ cla sufi- ciente para impedir a superior unidade do nosso idioma, facto, alids, salien- tado pelos dialectélogos. Exceptuando-se 0 caso especial dos cntour.os, que estudaremos adiante, seguiu manter até hoje apreciével coesio entre as suas vatiedades por mais afastadas que se encontrem no espaco. ‘A divetsidade interna, contudo, existe € dela importa dar uma visio ‘tanto quanto possivel ordenada!. | Os dialectos do portugues europen. ‘A faisa ocidental da Peninsula Tbérica ocupada pelo galego-portagués | apresenta-nos um conjunto de pratcros que, de acordo com certas carnc- pelo Centro ottulnios hoje una bibl ‘ral, Tebingea, Guniee Nar, 6 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORINEO |, teristicas diferenciais de tipo fonético, podem ser classifieados em txés des grupos: 4) DrALECTOS GALEGOS; 2) DIALEcros PORTUGUESES SETENTRIONAIS; ¢) DIALECTS PORTUGUESES CENTRO-WERIDIONATS2 gran Esta classificagto parece ser apoinda pelo sentimento dos falantes comuns do pormgués padrio europen, isto é, dos que seguem @ Nona ou conjunto dos usos linguisticos des classes cultas da regio Lisboa-Coimbra, © que distinguisio pela fala um natural da Galiza, um homem do Norte ¢ um | homem do Sal. A distingio entre trés grupos fanda-se principalmente no sistema das SIBILANTES. Assim: x. Nos dialectos galegos nfo exist: eda) de passe, fazer, mesma sibilante [6] ou [s] (Surda) de caga. Nio existe também’a fri- cativa palatal sonora /5/, gratada em portugués jou g (antes de ¢ ou i), Em galego 86 ha a fricativa [f] (surda) do portugués enxada, ptovocando ‘com 2 que aparece em seis € asso, ou 5 4 que se uve em rasa, isto é [z]. posti10 ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA z | Jantes predorso-dentais que caracterizam a lingua padeio: 2) a surda [5], tanto em seis ¢ asso como em cinco © caga3s 5) a sonora (z], tanto em rasa como em fazer. ‘As fronteiras entre as trés zonas mencionadas atravessam a faixa galego- -portuguesa de oeste 1 leste, ou, mais precisamente, ao caso da fronteira entre dialectos portugueses setentrionais ¢ centro-meridionais, de aoroeste a sueste, ‘Mas hé outros tragos importantes em que a referida distinglo se funda- menta, sem que, no entento, suas fronteiras coincidam perfeitamente com as das caructeristicas jf indieadas. Sto cles: 2) prontincia como [b] ou [f] do v gréfico (emitido como labiodental na pronincia padrio ¢ na centro-metidional) na maior parte dos dialectos por- ‘tugueses setentrionais © na totalidade dos dislectos galegos: binho, abé por vinho, av6; 4) a prontincia como afticada palatal [ef] do ob da grafia fricativa [f] na pronincia padrio © em quase todos os -metidionais) na maior parte dos dialectos portugueses setentrionais ¢ na totalidade dos dialectos galegos: tchare, atchar por chave, achar; 4) 2 monotongagio ou nio monotongagio dos ditongos [ow] e [ej]: 1 prontincia [o] e [e] desses ditongos (por exemplo: @ru por oure, farrére por fer camacteriza os dialectos portugueses centro-meridionais ¢, no caso de [0], 2 promincia padtio, perante os dialectos portugueses seten- trionais e os dialectos galegos4, Merecem mengio especial —mesmo numa apresentacio panoriimica | dos dialectos portugueses— trés tegides em que, a par dos tragos gerai | que acabamos de apontat, aparecem caracteristicas fonéticas peculiates que |) afastam muito vincadamente os dialectos nelas falados de todos os outros do mesmo grupo. ‘Trata-se, em primeiro lugar, de uma segiéo (dentro da zona dos die- lectos setentrionais) em que se observa regulatmente a ditongasio de [e] 3 Rronéacia venelhante& do francts ou do italiano padsto, do cestelhano meridional ¢ do spnoameria PY OINBIOG | CuNYNOANGINOD SEAODINOE OG VOLLYRVED oY |; pomfxro ACTUAL pA LINGUA voRTUGUESA nm ¢ [o] acentuados: pjese por pew, pworto por porte. Abrange uma grande parte do Minho € do Douro Litoral (incluindo o falar popular da cidade do Porto e dos seus arredores). Em segundo lugar, temos uma extensa tea da Beira-Baixa ¢ do Alto~ 5 ¢) @ queda da vogal étona final grafada or exemplo «ap(2), cop(s)s, pot cope, copos; tid») por tudo, Por fim, no ocidente do Algarve situa-se outta regifo em que s¢ observam coincidéncias com a anteriormente mencionada, no que se zefece as vogais. Em lugar de 1, encontramos [ti]: 4%, ala (mas 0 ow esth represen Por outso lado, 0 « ténico evoluiu para um som semelhante € pronunciado quase v/a, alteragio de timbre que nto é Tugares da mencionada zona da Beira-Baixa ¢ Alto- embora seja af mais frequente a passagem, cm determinados — deixaram de se escrever. Em Portugal, no entanta 5 Classe, estrututa e formacio de palavras réncia, mantim-se tais consoantes em s{laba ténica nas palavras pertencen tes fi mesma familia ou flexio. Essa forma de distinguir, no portugués europeu, as preténicas abex nesta posigio neutralizado mt Dal escrever-se em. Portu; Palavra € morfema, x. Uma lingus é constitufda de um conjunto infinito de frases. Cada uma dehs possui uma face sonora, ou seje a cadeia falada, e uma face significa jue corresponde 20 seu contetido. Uma frase, por sua vez, pode set ia cm unidedes menores de som e significado —as PALAVRAS — e-em unidedes ainda menores, que apresentam apenas a face significante 08 FONEMAS. a ortografia dos dois paises ¢ uniforme. Assim: antéctone, compasto, y ete Rarissimos sio os exemplos que se apontam em que esta consoante ¢ efectivamente pronunciada em Portugal € nfo no Brasil, como facio (en) Portugal) ¢ fato (n0 Bi Finalmente, hé casos em que se verifica uma oscilagio em ambas as variantes do portugués € nos quais a ottografa brasileira (¢ no a port. guesa) admite grafias duplas: aspecto | aspeto, dactilografia | datlografa, infee pte | infegdo, etc. », pois, unidades menotes que a ftase ¢ maiores que 0 fonema. Assim, na frase Hivora! Ruas ermas sob os céus Cor de violetas roxas... (Blorbela Espance, 5, 149.) limos dez palavras, todas com independéncia ortogréfica. Bem cada dessas palavras identificamos um certo méimero de fonemas. Por exem- plo, cinco em Evora fe} ‘¢ quatro em ras: fh fof fal sy Orngrsfea, publieado 90 90 ano, com 3s levesaltragSes determi 5, de #8 de Dezembro de 197. lada ow setve para formar outras palavras iso- Jaa forma plural -5, que vai apatecer no final DREVE GRAMATICA DO PoRTUGUS CoNTEMPORANE| (cuASSE, ESTRUTURA K FORMAGKO DE_PALAVRAS 9 de muitas outeas palavras (ermas, clis, violetas, rowas, etc.), nunca poderi realizar-se como palavra individual, aut6noma, ‘A essas unidades significativas minimas dé-se 0 nome de MORFEMA| ‘Jaa significagio dos morfemas gramaticais € interna, pois deriva das relagbes ¢ eategotias levadas em conta pela Iingua. Assim, na nossa frase- esemplo, 0 artigo ¢, as preposigles de ¢ sob, a matca de feminino -2 (rosa, ina) ©.a de plaral -s (rua-s, erma-s, ont, els, voletas, roxat), 3. Os mosfemas podem apresentar vatiagio, por vezes acentuada| as Suas tealizagBes fonéticas. Eo caso do morfema plural do portuguay, coja promtincia esté sempre condicionada 4 natureza do som seguinte. Nos falates de Lisboa ¢ do Rio de Jancito, por exemplo, o -s plus de casas assume forma fonética diferente em cada um dos trés enunciador; j. Ontras caract , no semanticas, opdem os morfemas lexi- xis aos gramaticais. Aqueles sio de mimero elevado, indefinido, em vic- tude de constituirem uma classe aberta, sempre passivel de ser acrescida de novos elementos; estes pertencem a uma série fechada, de ntimero defi- ido e restrito no idioma, Consequentemente, se os examinarmos num dado Casas amarelas. Casas bonites. texto, verificaremos que os primeiros apresentam frequéncia média baixa, Cases pequenas. em contraste com a frequéncia média alta dos ulkimos. Classes de palavras. 1, Estabelecida a distingfo entre morfema lexical ¢ mosfema grama- ical, podemos agora relacionar cada um deles com 2s CLASSES DE PALAVRAS. Sto morfemas lexicsis os substantivos, os adjectivos, os verbos © os advérbios de modo, Sio morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os mumerais, a8 preposigées, a5 conjungdes ¢ os demais advérbios, bem como as formas indicadoras de numero, género, tempo, modo ou aspecto verbal. diante de pausa, como podemos obseevar nas formas amarclas, bonitas ¢ ‘pequenas dos exemnplos citados. ‘A essas manifestagdes fonéticas diferentes de um tinico morfema dé ‘0 nome de VARIANTE DE MORFEMA OU ALOMORTE. 2. As classes de palavras podem ser também agrupadas em vant vas e mvantivels, de acotdo com a possibilidade ou a impossibilidade de se combinarem com os morfemas flexionais ou desinéacias, So variveis os substantivos, os adjectivos, os artigos ¢ certos aume~ nis ¢ pronomes, que se combina com motfemas gramaticais que expres- sim 0 género ¢ 0 miimero; o verbo, que se liga a morfemas gramaticais deno- tadores do tempo, do modo, do aspecto, do miimero e da pessoa. Sto invasliveis os advérbios, as preposigdes, as conjungées ¢ certos sses que nio admitem se thes agregue uma desinéncia. igo, vocibulo-frase, fica excluida de qualquer das classifi. ‘Tipos de morfemas ‘que podem figurar sozinhos como vocibulos, e MORFEMAS PRESOS aquele ‘que nio se encontram nunca isolados, com sutonomiz vocabular, 2 Quanto a natureza da signifcagio, os morfemas classificam-se en LEXICASS € GRAMATICAIS, (Os morfemas lexicais tem significagio externa, porque referente a facts do mundo extralin fmbolos bisicos de tudo o que os falente distinguem na realidade ot ou subjectiva. Assim: ESTRUTURA DAS PALAVRAS Radical. roxa tristeza ua violets Evora ‘erma ‘Ao que chamdmos até agora MORMEMA LEXICAL dé-se trndicionalmente 6 AREVE GRASATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEG © nome de naDxcau. E o radical que irmana 1s palaveas da mesma familia lies teansmite uma base comum de sigaificagio. ‘A cle se agregam, como vimos, 0S MORFEMAS GRAMATICAIS, que podem set uma DESINENGIA (OU MORFEMA FLEXIONAZ), um AFIXO (Ou MOREEMA DERIVACIONAL) ou uma VOGAL SEMATICA. Desinéncia. [As DESINENGAS, OU MORFEMAS FLEXTONAIS, setvem para indicar: 4) © género € 0 numero dos substantivos, dos adjectivos € de certos pronomes; 4) 0 mimero € a pessoa dos verbos. Assim, no adjectivo ermas e numa forma verbal como renovamos, temas as seguintes desinéncias: -a para caracterizar 0 feminino (em ermat); -s, para denotar © plural (em ermar); mos, para expressar 2 1.4 pessoa do plural (em rensvamos), Hi, por conseguinte, em porrugués DESINENCIAS NOMINAIS € DESINEN. IAS VERBAIS. Afixo. Os ABTxOS, ou MORFEMAS DERIVACIONAIS, so elementos que modif- cam geralmente de maneita precisa o sentido do radical a que se agregam, Os amxos que se antepem 20 radical chamam-se PREFIXOS; 05 que a cle se pospdem denominam-se suFIXos. Assim, em desterrar © renovamos aparecem 05 PREFIXOS: des-, que empresta ao primeiro verbo a ideia de separagio; re, que a0 segundo actescenta o sentido de repetigio de um facto. teriznm apenas © género, © niimero ou a pessa © sentido lexical ou a classe, os suPrKoS trans radical a que se jumtam, Assim, em ferreso, tr (GuASSE, BSTRUTURA E FORMAGKO DE PALAVRAS. rete, tovnbo © novamente, encontcamos Os SUPTxos: 280, que do substantia fera forma um adjective (irra); selto, que do substantivo terra forma outro substantivo (tren) + atrocidade sagaz > sagacidade amdvel > amabilidade feliz > felicidade 28 O suizo ile 06 aparece em palavens modeladas sobre o latim: eal ie Qatim ealrts), plenee Cato plants), exc. Tasabéan fasta ai propriamente o fultzo ~rs, porque a palavea # continuagio do lati ‘Da mesma forma eobigs (do baixo lation enpiia), preguga (do latin pi 3. FORMA SUSSTANTIVOS DE SUBSTANTTVOS % DE ADJECrIVOS: Sufixo Sentido Exemplificagio realism, simbolismo Kantismo, positivismo federalismo, fascismo budismo, calvinismo artstioos 4) douttinas ow sis- | filosésic ‘temas politico religiosos 2) modo de proceder oa peas «) forma peculiar da lic 3 na terminologia ceniea iso hherolsmo, servilismo + galicismo, neologismo + daltonismo, reumatismo 4. FORMA SURSTANTIVOS E ADJECYIVOS DE OUTROS SUBSTANTIVOS B ADJECTIVOs: Sufixo ‘Sentido trios de douti- 4) pattidfiios ou sec- { atistcos... sta | | 2) momes patzios Observagio: puRIVAGZO § ComPOSIGKO 7 5. FORMAD SUBSTANTIVOS DE VERROS! Sufixo Sentido Exemplificagio embranga, vinganga observincis, tolerincia escrenca, diferenca anuéncia, concorséacia acguo ou 0 resultado dela, estado... estudante, navegante agente... . { aiueate, combatente ouvinte, pedinte : jogador, regador agente, instramento da aegio...... | inspector, isterraptor Aagressor, asceasor Jugar ou isteumento da acpto . { 2 seul oni pine, ae nogio colecth classuay fon 4) segio ow resultado d acolhimento, ferimento 5) insteumento da acgio. omamento, insteamento +) nosto colectiva . scmamento, fardamento | | J soo oe dita {2 J | 6, Forwas aDjzcrivos pz SUBSTANTIVOS! Safixo Sentido Exemplificagio aco estado intimo, pertingacia, origem —maniaco, austeiaco 2) provide on cheio de eo {3 Reno ces -aico seferéncia, pertinéncia oe BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEUPORANEO Exemplificagio romano, serrano Tuterano, patnasiano bilaquiano, camoniano alemto, beitio provenitncia, origem . | ec oe rien relagio, pertinéncia, posse... semelhanga, pro 1 origem... referéacia, origem. esses mulherengo, solarengo ferrenbo, estremenho terreno, chileno forense, parisiense cortés, noruegués ciumento, corpulento | so, oct, 4) provide ou cheio de . 8) que tem o cxrfeter de... relagio, semelhanga, mater | set, sna rehgéo lao a relagio, procedén: refer won Glo, referéncia geométsico, melencélica semelhanga... febsil, senhoril londrino, cristalino “ie 0. isvaelita -onho propriedade, hébito constante .....enfadoaho, rsonko 080 provido ou cheio d brioso, venenoso ico stomitico, nistico -udo pontudo, barbudo Observagéea: iguas dexées suixos servem também para formar adjectivot de outros fos. Por exemplo: -a juntacse 2 angélic, focmando angi xdvzindo tristonbe. a vos 0s sufixos cruditos ~ino ¢ ~fesine, que se inos: buniLine, fde-isrine. Do seu valor e empteg0 ttt pERIVAGAO ¥ coxPOsI¢KO B 7. FORMAM ADJECTIVOS DE VERNOS: ~~ Safixo Sentido Exemplicagio semelhante, tolerante doente, tsistente consttuinte, seguinte dacével, louvivel perecivel, punivel [ fie tse | seso,guldads, et... afiemativo, pensativo } possibilidade de praticar ou softer ‘ums acgf0, refertacia ... duradouro, casadouro } esto, pein. preparatério, emigeatério Observagaio: Os sulixos ~anie, -onte e -inte provém, como dissemos, das terminagies do fo presente latisio com aglutinagto da vogal temitiea de cada uma das igagies. Servem para formar substantivos e, com mais frequéacia, adjec- ‘que se substantivam facilmente, Sufixos verbais. Os verbos novos da lingua formam-se em geral pelo acréscimo da ter- minagio -ar a substantivos ¢ adjectivos. Assim: esquiar nivelar radiograf-ar G@)dog-ar telefon-ar (@pfrances-ar @iear (@)portugues-ae A tetminagéo ar, j& 0 sabemos, é constituida da vogal temitica -«-, carecterlstica dos verbos da 1.* conjugagio, e do sufixo -r, do infnitivo impessoal. Por vezes, a vogal temstica ~a liga-se no 20 radical propri dito, mas a uma forma dele derivada, ou, melhor dizendo, ao sadical com a adigio de um sufixo. Eo caso, por exemplo, dos verbos: lamb iscar cusp-inh-ar dedith-ar depericar saltitar afog-ent-ar amenienat, bord-oj-ac ae BREVE_GRAMATICA D0 PoRruGUs CoNTENPORARG em que encontramos alguns sufixos anteriormente estudados: -en#(o),-¢(0), ise(o), ~inb(o), -ie(o) e -it(o). So tais sufixos que transmitem a esses verbos matizes significativos especiais: wRequanrartvo (acgio repetida), racrinvo (atribuigio de uma qualidade ou modo de set), prumvurrvo © PEORATIVO. Mas, como neles g combinagio de sumxo-+vocan tmudtica (-2) + SvFIXO DO INEINITIVG (-7) vale por um todo, costuma-se considerar nic 0 sufxo em si, mas 9 Conjunto daqueles elementos mérficos, 0 verdadeizo surmxo VERBAL. Esty conceituagio, por simplifcadora, apresenta evidentes vantagens diddctice, tazio pot que a adoptamos aqui. Eis os principais surxos venpats, com a indicagio dos matizes signi ficativos que denotam: Soe ener aero eH Sutixo) Sentido frequentativo, durativo fre eserevinhar, cuspinhar chuviscar, lambisear dormitar, saltitar vi civilizas, ‘utilizar eae cee eee eee ee reer rer eee Frequentativo- frequentativo-diminutivo facttivo a Das outras conjugagies apenas a 2.8 possui um sufxo capaz de formar verbos novos em portagués. Bo sufixo -rcer (on -escer), caractetistico dos verbos chamados mcoarrvos, ou seja dos verbos que indicam 0 comeco de um estado e, as vezes, © seu desenvolvimento: alvor-ecer anoitecee amadurecet envelh-ecer ——flot-escer embranquecer escur-ccer rejuven-escer Em verdade, também -ter no € sufixo. Decompie-se esta termina so em: somxo (s[fJe)+ vocar tawhtrca (e+ SuFKO (1), Sufixo adverbial, © tinico sumxo Apvznpra que existe em portuguts & -1 do substantivo latino mens, mentis «a mente, 0 espitito, o intenton. pemvagho © conresigio sentido de sinteagion c, depois, com o de «ananeirss, passou a agl 4 adjectivos pata indicar circunstincias, especialmente a de modo. Toanen’s = com boa intengio, de maneica boa. ‘Como o substantivo latino mens era feminino (compare-se © portugues 4 mete), junte-se 0 snfixo & forma feminina do adjectivo: bondose-mente Fraca-mente rnervosi-mente piamente Desta norma exceptuam-se os advérbios que se derivam de adjectivos alguns pedrés, uma galinba pedrés; wm cabrito montts, uma cabra montis. adverbial continua a seguir o antigo modelo. Os vocibulos formados pela agregagio simultines de prefixo sufixo amam-se PARASSINTETICOS, palavra derivada do grego sigto a0 lado de) © syntbetibar (= que compoe, pa aque junta, que combina), ; ; ‘A ranasstiress € particularmente produtiva nos verbos, ¢ a princi- pal fangéo dos prefixos verniculos 2- ¢ en- (en-) é a de patticipar desse tipo especial de derivagio: abotoar amanhecer embainhar ensurdecer DERIVAGAO REGRESSIVA B » tririo, Ba chamada DeRtvAGKO REGRESSIVA, que consis palavra derivante por uma falsa anilise da sua e A pemvaghe wars, formados pela jungio de uma das verbo. BREVE GRAMATICA DO PonTUGUES CoNTEMTORANES Th _20578 OMAMATIEA PO PORTUGUES Conreniron ity Exemplos: —————— ee ‘Verbo Deverbal | Verbo Deverbal | Verbo Deverbal daar abalo. | amostar = amosia | alcangar —aleance faker tdejo | pater apeta | teas augue sige ago | sere] cone tga impaco | cagar enn | deter Sebate pear pelo. | cermorseGeneus | ele ence Minar timo | Sune” Shoat leven Gout —choro | comprar Compra | beter’ tebe conte perder perce.” | egatar—esgete eur euo— | pescat pens | teen tone sustenar —_sstento | vender Wenn | cuear segue Alguns devetbais possuem forma masculina e feminina: SCH reaps CH go tasaense etic apccseeac EST ‘Verbo Deverbaie ‘Verbo Deverbais| ameager —ameago.—ameaga griter grito rita costar custo caste trocar toco_troca Observagio: ‘Nem sempre ficil saber sc 0 substantive se deriva do verbo ow se este se origina do substantivo, Ha um critério pritico para a distingo, sugetide pelo Al6logo Mario Barreto: «se o substantivo denota acgio, serd palaves itivas mas, se 0 nome denota algum objecto De gramitics + de lnguagen, ML, pe 247) Acs 1 abague € anparo— denotadores, das ‘acg6cs de danpar, atacar e anparar—sio formas deti- vadas; dncora, azeite © extuda, x0 contritio, so as formas primitivas, que d30 origem aos verbos ancorer, ageitar e etrudar. DERIVAGAO IMPROPRIA As palavras podem mudar de classe gramatical sem cofter modificagio fa forma, Basta, por exemple, antepor-se o artigo a qualquer voctbulo da Mingua pass que ele se tore um substantivo. Assim: Ble cxaminou 08 prés ¢ 08 conttas da proposta. Esperava um sim ¢ recebeu um no, paamvagko # Compostgko es pena eee ‘A este processo de entiquecimento vocabular pela mudanga de classe das palaveas di-se 0 nome ce DERIVAGKO IMPROPRIA, € por cle se explica a passage: a) de substantives préprios a comuns: damasco, macadame (de Mac Adam), guixotes 7 B) de substantivos comuns a préprios: Coelho, Leo, Pereira; 0) de adjectivos a substantivos: capital, circular, venegi 4) de substantivos a adjectivos: barre, (café)-concerta, (colegio) modelo; ®) de substantivos, adjectivos € verbos a interjeigdes: siléncio! bravo! A) de verbos a substantivos: afager, jantar, pragers @) de verbos € advérbios 2 conjungSes: quer... quer, jd. 5) de patticipios (presentes e passados) a pteposigées: azediante, salve; i) de participios (passados) a substantivos © adjectivos: conteids, reso- COMPOSICAO A composigio, jé 0 sabemos, consiste em formar uma nova palavsa pela unio de dois ou mais radicais. A palavea composta reptesenta sempre uma ideia nica e auténome, muitas vezes dissociada das nogdes expressas pelos seus componentes. Assim, criado-mndo € 0 nome de um mével; mil. -folbas, 0 de um doce; ritéria-régia, 0 de uma planta; pé-degalinha, o de uma raga no canto externo dos olhos. ‘Tipos de composicio. Quanto 2 roRata, os elementos de uma palavin composta podem estat: 42) simplesmente justapostos, conservando cada qual a sua integri- dade: beljedior bem-mequer smadeepécola >) intimamente unidos, por se ter perdido a ideia da composigio, caso em que se subordinam a um tinico acento ténico e sofrem perda da sua integridade silébica: aguardente (égua + ardente) pernalta (pecna + alta) BREVE GRAMATICA DO roRTUGUES CONTEMPORANEO wguinse a COMPOSIGAO POR JUSTAPOSIGAO da comPOsigKo \GKo, diferenga que 2 escrita procuta reflect, pois que na Jusrarosigio os elementos componentes vém em geral ligados por hifen, 0 passo que na AGLUTINAGKO eles se juntam num sb voctbulo gréfico, * Observasto: Reitere-se que o emprego do hifen é uma simples conveagéo ortogealica, Nem sempre os clementos jestapostos vém ligados por ele. Hé os que se ‘eserevem Unidos: pacsaftmpo, sarapat, etc.; como hé outros que conservam 4 sua autonomia gréfica: pal de fang, fin de emana, Ldade Média, etc. 2 Quanto 20 serio, distingue-se numa palavra composta o cle. mento DSTERMINADO, que contém a ideia geral, do DEYERMINANTE, que cencersa a nogio particular. Assim, em escola-modelo, o tetmo estola & 0 DETER. iamsano, © modelo o DErmanmNaNrs. Em mie-pétria, a0 inverso, mie € 0 ria © DETERMINADO. tipicamente portugueses, 0 DETERMINADO em regta Nos compost precede 0 DEDERMINANTE, mas naqueles que entraram por vis erudita, on se formaram pelo modelo da composigio latina, observa-se exactamente imeiro elemento € 0 que exprime a nogio especifica, ¢ ‘cultura (== cultivo do campo), suavilegutncia visio do mundo), ete. 3+ Quanto A cLASsS GRawArtcAL, dos seus elementos, uma palaves composta pode set constitulds de: 1.9) sunsranztvo -+ sunsranrzvo: poreo-espinho 2.9) supsrannivo + appsortvo: smanga-rose tamandué-bandeira 2) com 0 adjectivo posposto 20 substantive: ageardente amor-perfeito cxiedo-mudo 8) com o adjective anteposto ao substantivo: gentithomem alto-forno belascates 5.8) suBSrANTIVO + PREPOSIGRO ++ SUBSTANTIVO: chapéu-de-sol mie-dégua pai de familia peRIVAGKO B COMPOsIGzO 7 SD 4°) ADJEcTIVO + avjecrivo: ami-matinho Jus0-brasileizo txagicémico 5.9) NUMBRAL -} SuBSrANETVO: milfolhas segundacfeica trigémeo 6.) PRONOME + SUBSTANTIVO: mev-bern nossa-amizade Nosso Seahor 78) VERBO-+ sussraNrtvo: beijeor ‘guacda-toupa passatempo 8.9) VERBO-+ VERBO: conte-corre perde-ganha valve 9) apviéasto + apjscrivo: bem-bom no-euclidians sempre-viva 10.) apviinsto (ou ADJECTIVO BAC FUNGKO ADVERBIAL) -+ VERBO! bemaventurar maldizer vanglosiar-se Observagées: x4 No siltimo grupo poderlamos incluir os aumerosos compostos de bem © mal + SUBSTANTIVO 0% ADWRCTIYO, porque, neles, tanto o substantive como 0 adjective so quase sempre derivados de verbor, cuja significecio ainda conscevam. Assim: bemaventuranga, bem-aventurads,, beagwerena, bers winds, maidizente, mal-ncarado, maljeter, malioatte, ete. dew, malovegier, ndo-morishees, nlo-ne-toquns, rte uie-si-gue-diga (nome do diabo), etc. COMPOSTOS ERUDITOS titulda de palavras forma: da composi¢io greco-latina, que consistia em associar dois termos © primeiro dos quais servia de determi- nante do segundo. icipais radicais latinos e gregos que ‘ibuindo-os por dois grupos, de acordo 8 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Radicais latinos. penivagho » comostgo er —— Forma Sentido Exemplos 1 Entre outros, funcionam como primeiro elemento da compose | | ———————___° _PI ‘ eee oe “fago ‘que fogs, ou far Fugit centrifugo, bri lo 05 seguintes radicais latinos, em geral terminados em -iz ia See eee a ee [aro que produ smalepars, ovlparo Forma Origem latina ‘Sentido Exemplo “pede pe palmipede, velocipede “sono que toa hortissono, uaissono Tome ue expele famtvomo, ignivomo ambo arabos ambidestro ieee Rant hear arbor, -otis frvore acbosicola Bec ceeeeee erECEE ais, is we svifanna bieavs bis duas yeues { ae ae based Radicais gregos. euro earvilloeo igual equileero 4. Mais, numerosos sio os compostos emu ferro {eee tos gregos, fonte de quase todos os neologismos fe aa cos € cientifcos. ogee Iecomotivs Ente os mais usados, podemos indicar os seguintes, que servem geral- morte mortifeo mente de primeizo clemento da com; osigio: : dleigeno saxite, leo Sleosito TE a ae Sonmiporente Forma Sentido Exemplos pe pedilivio peixe Lamesensed snemo- vyeato ancmégrafo, anemémetro aes { sedi: ey Tome sntropslago, antropologia gradetp arqueo- antigo arqucogralie, arqueclogia reo retain biblio. ive bitlioglata”bibbotces aac ee sesquicententsio caco- mau cxcofonia, cacogeaia ts tricolor alte belo calif, caligeain : um oe cosmo- mundo cosmégrafo, cosmologia vvermi- vyerme vermifugo como cor cromolitogria, cromossomo cxono- tempo eronologis, cronémetro éactilo- dedo dactilografa, daciloscopia 2. Como segundo clemento da composigio, empregam-se: deca dex decaedeo, décalizo 8 Sree oie oie Aipéalo, disilabo Se enca- nove fenefgono, eneaslabo Forma ‘Sentido Exemplos etno- ag cere ECP eer ee eee ee farmaco- smedicamento -cida que mata regicids, faticida Salon nacureza “cola jue cultiva, ou babita vittcola, acboricola helio- sol cultura acto de cultivar apiculeac, piscculeura hhemie rmetade “ero que contém, ou produz _airlfero, famlfero hhemo- fico que faz, ou produz bensica, figorfico hhemato- sangue -forme ue tem forma de cuneiform, uniforme hepea- sete heptigono, heptastlabo a BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUES CONTECPORAN9 | prtivAgho & Coxrosicho 85 Observagio: Forma Sentido “Exemplos Como vemos, « maioria destes radicals assume na composigfo uma forma ter I PEE SEE HEEE EP ECe ag EPP er PCE egg accep minda em “2. Alguas empregam-se também como segundo elemento do : = ila tates Cemporto. Bo e280, P fasta, rome (ihrem, i cavalo ipSdromo, hipopétamo lo (pteredéetib), ite (arbi iam (hipepstam, foie tt tesom, Hooptn see (pel Ce, Blam (ae pele ictiofago, ietiologia Igual ixécrono, iséscee(e) pede nog, litogravara 2. Funcionam, preferentemente, como segundo elemento da com- grande megatério, megalomaniaco i es relodia, melon a posigio, entre outros, estes radicais gregos: meio meséclise, Mesopotinia dee mil nidiimeteo, misiade ‘Forma Sentido Exemplos que odela ‘mis6gino, misaatzopo fibala mitologia, mitémano “ que conduz demagogo, pedagogo moro nece6pole, necrotésio ae dor cefalaigia, ‘neveagia. s0%0 neolatino, neologismo on que comanda hreresites, monarca i . ia comando, governo sutarguia,, monarquia servo earologia, nevealgia Serenla debitaace neurastenis, psicastenia ito ‘octostlabo, octaedeo etfalo cabers dolicocéfalo, microcsfalo dente cdontologia, odoatalgia ceracia poder democracia, plutocracia lho! oftalmologia, oftalmoscépio -doxo ‘que opina heterodox, ortodoxo ome onomatologis, onomatopeia -dromo lugar para cozter hipédromo, velédromo mmontanha orogenia, orografa -edro base, face entzedro, Lesaord . recto, justo ortografis, ortodoxo aa eo serofagia, antropofagia agado, penetrante ‘oxigono, oxitono a inde antigo palcografia,paleontologia 7 : se todos, tudo puntelimo,_pie-amerieano aay eae, ntalge (eeatimento) docnga patogenttico, patologia oro que leva ow conduz pediatria, pedologia “gamia ‘asamento monogamia, poligamia me que casa bigume, polimo icologia, picandlise “géneo gue ger ererogéneo, homogéneo Fulop, g glota, -glossa lingua Polite, Hoplowe quiromancia, quizépteco gona ingulo eis pentégono, poligono Finoceronte, sinoplastia ~erafia . ye sfogia “logo _ “mania Smaguia Smetria 5 xilogeavura smetro zo6grafo, zoologia Tmosfo 84 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES ConrEMPORANEO | HIBRIDISMO & grego ¢ 0 segundo latino; em sorizlogia, 0 cont © 0 segundo prego. As formagées hibtidas sio em geral condenadas pelos existem algumas tio enraizadas no idioma que scria. pueri miné-las. E o caso das palavras mencionadas e de outens, como: autoclave decimetro ‘monocultura Diciclets cendovenoso neolatino igamo monéculo oleografia, ONOMATOPEIA As oNomaroreras sio pal reproduzie aproximadamente c tique-taque sAsstris tivos denotadores de vozes de ani- Em geral, os verbos e 03 5 mais tém otigem onomatopeica. ticio (in Chto. Gos Brae) cosso. én i do tpo) penivako = comrosicko ‘ ABREVIAGAO VOCABULAR © ritmo acelerado da vida intensa dos nossos dias obtiga-nos, neces- sariamente, a uma elocugio mais répida. Economizar tempo e palaveas & uma tendéncia geral do rmundo de hoje. Observamos, es que nfo pre com os vockbul de eriagio recent (por quilegrama), etc. Em todos eles a forma abreviada assumiu 0 sentido da forma plena Siglas. ‘Também moderno —e cada vez mais generalizado— é 0 processo de criagio vocabular nsiste em reduzit longos titulos a metas stGLAS, constituidas das letras iniciais das palaveas que os compdem, Actualmente, instituigdes de natureza varia — como organizagbes inter- oliticos, servigos pablicos, sociedades comercais, asso- Patronais, estudantis, culturais, recreativas, ctc.— slo, ‘em geral, mais conhecidas pelas stoxas do que pelas denominagdes com- pletas. Assim: ONU = Organizagio das Nagies Unidas UNESCO = United Nations Educational, Scientific and Cultural Orga- nization OBA = Organizagio dos Estados Americanos OUA = Organizagio de Unidade Afticana ABL = Associago Brasileira de Imprensa APU = Aliana Povo Unido PCP = Partido Comunista Portugués PPM = Pattido Popular Monézquico PS = Partido Socialista PSD = Partido Social Democritico PDS = Partido Democritico Social PDT = Partido Democrético Teabalhista PMDB = Partido do Movimento Democtitico Brasileiro Pr = Partido dos Trabalhadoses PIB = Partido Trabalhista Brasileiro FRELIMO = Freate de Libertagio de Mogambique 86 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO = Movimento Popular de Libertagio de Angola pce = Pan lo ‘Afican da Independéncia da Guiné ¢ Cabo Verde MEC = Ministério da Educagio e Caltura CGTP = Confederagio Geral dos Trabalhadores Portugueses UGT = Unitio Geral dos Tr UNE = Unio Nacional TAP = Tianspoter At = Viagio Aétea TA’ = Pepe Taternationale de Football Association B ndo € s6. Uma vez criada e vulgarizada, a siGtA passa a ser sentida como uma palavra primitiva, capaz, portanto, de formar derivados: ges, petebista, 10 € conhecida pela mesma sigla em Portugal © ‘exemplo, denomina-se OTAN (= Organizagto iantico Norte) 0 organismo que em Portugal se chama NATO (-North Adaatic Teeaty Organization), por terse aqui vulgatizado @ sigh Poe vez bh diferenga de acento da sila aos dois patses. Dine, por ‘exemplo, ONU em Poctugel e ONU no Brasil, 7. Se etieet Frase, otago, periodo A FRASE E A SUA CONSTITUICAO. x, Faass é um enunciado de sentido completo, a unidade minima de comunicagio, ‘A parte da gramética que descreve as regras segundo as quais as pala- vas se combinam para formar Frases denomina-se SINTAXE. 2. A nase € sempre acompanhada de uma melodia, de uma entoa- glo. Nas frases organizadas com verbo, a entoagio caracteriza © fim do caunciado, geralmente seguido de forte pause. B 0 caso Bate 0 vento n0 postigo... Gai a chuva lentamente... (Ds Costa ¢ Silva, PC, 507.) Se a frase nilo poss ‘mos teconhecé-ta, Sem tbo, a melodia € a nies marca por que pode- » frases como Atengio! Que inocéncia! Que alegria! seslam simples vocébulos, unidades Iéxicas sem fungdo, sem valor gra- ‘matical, Frase ¢ oragio. A rxass pode conter oma ou mais onacns. 1.9) Contém apenas uma oragio, quando apresenta: 7 AREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIs CoNTBMTORANO 2) uma sb forma verbel, clara ou oculta: dia decorreu sem sobtessalto. Cosquim Pago a’Arcos, CVL, 491.) Na cabega, aquela bonita coro2. (Josué Montello, A, 32.) 1) duas ou mais formas verbais, integrantes de uma Locugko VERBAL: —Podem vie oF dois.. (Vitorino Nemésio, MTC, 446.) 2.9) Contém mais de uma oragio, quando hé nela mais de um verbo (Goja na forma simples, seja na locugio verbal), claro ou oculto: Basco, / volto, / abandono, | ¢ chamo de novo. (Agustina Bessa Luls, AM, 8.) © Negtinho comegou a chorar, / enquanto os (Gimbes Lopes Neto, CGLS, 332) Os anos so degeaus; / 2 vide, a escada. (Fernanda de Castro, ANE, 73.) Oragio © perlodo, 1. Panfopo ¢ a frase organizada em oraglo ou oragbes, Pode set: 2) smmrs, quando constituldo de uma s6 oragio: Cai o cxeptisenlo. (Dr Costa ¢ Silva, PC, 281.) 3) composro, quando fotmado de duas ou mais oragdes: ‘io bulia uma folha, / nXo cintilava um Iuzeico. (Aguilino Ribeiro, BS, 211) FASS, ORAGKO, HERiODO 1 2. © vexfono termina sempre por uma pausa hem definida, que se mares a esctita com ponto, ponto de exclamacio, ponto de interrogagio, reticéncias e, algumas vezes, com dois pontos. A ORACAO E OS SEUS TERMOS ESSENCIAIS Sujeito © predicado, 1 So termos essenciais da oragho 0 SupmITO € © PREDICADO. suyero € 0 ser sobre o qual se faz uma declaragio; o PREDICADO é tudo aquilo que se diz do suyerro. Assim, na oragio Este aluno obteve ontem ums boa nota, temos: oragto _— sujeito predicado 2, Nem sempre o supstro e o PREDICADO vem materialmente expressos: Assim em: Andei léguas de sombra Dentro em meu pensamento. Fernando Pessoa, OP, 59.) © sujeito de andsi & ev, indicado apenas pela desinéncia verbal. Jiem: Boa cidade, Santa Rita. (Métio Palmatrio, VC, 298.) 2 forma vetbal é que esté subentendida. » BREVE GRAMARICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO, (Chamam-se mferrcas as oragies a que falta um termo essencial. B, con. forme o caso, diz-se que 0 SUfEITO Ou 0 PREDIGADO éstiio ELfPrrcos. Sintagma nominal e verbal. 1. Na oragio: Este aluno obteve ontem uma boa nota, distinguimos duas unidades maiores: 4) 0 supstro: este alunos 3) 0 pamprcano: obtere onlem uma boa nota. Examinando, porém, o sujerro, vemos que cle & formado de duas palaveas: este aluao © demonstrative ef & um determinante (pEx) do substantive (x) «aluro, palavea que constitai o NécxEo da unidade. ‘Toda unidade que tem por nicleo um substantive recebe 0 nome de SINTAGMA NOMINAL (SN). A oragio que estamos estudando apresenta, assim, dois sivracmas NoMINAIS: 4) Sxl este alee; 8) sN2 = ama boa note 2 Podem ocorrer muitos sINTAGHEAS NOMINAIS (5X) na oragio, mas somente um deles seri 0 suymro. E, como veremos adiante, a sua posigio na ordem directa ¢ légica do enunciado € & esquerda do verbo. Os demais SINTAGMAS NOMENATS encaixam-se 0 PREDICADO. —que sdo os artigos, os numerais ¢ 0s prono- ‘mes adjectivos—e de moptrtcaDonss (MOD), que, 26 caso, so 0s adjec- Hesse adj | | Rass, ORAGKO, vERfoDo rt oN UN, fof ee 4. O SINTAGMA veRsAr, (sv) constitai o predicado. Nele hé sempre um verbo, que, quando stantrIcanivo, é 0 seu nicleo. (© snwracwa veRsat, pode ser complementado por sintagmas nominais © modificado por advérbios ou expresses adverbiais (son). ‘A oragto que nos serve de exemplo obedece, pois, ao seguinte eaquema WN é\ i bbad © SUJEITO x2 per Map uma] (ios) Bel Representagio do sujeito. ‘Os suynrros da 1.8 € da 2.% pessoa slo, respectivamente, os pronomes no singular; ads © 16s (ou combinagées equivalentes: eu ¢ i, tn e tle, etc.), no plural. 9 DREVE GRAMATICA DO poRTUGuEs CONTEMPORANEO FRASE, ORAGEO, PRfoou 33 (Os suysrros da 5.* pessoa podem ter como micleo: | Sujeito simples ¢ composto. a) um substant lecjuae cepa! Matilde entendia disso. (Agustina Bessa Luts, OM, 170.) Quando o sujeito tem um sé anticleo, isto €, quando o verbo se refere 1. um 86 substantivo, ou a ut s6 pronome, ov a um sé numeral, ou a uma las (plural): 36 palavea substantivada, ou a uma 6 otagio substantiva, o suysrro € ste PLES. Esse 0 caso do sujeito de todos os exemplos atrés mencionados. » la (Singul: os pronomes pesso# Estavam de bragos dados, ele arrumava a gravata, ela ajcitava o chapén, | litico Verlssimo, LS, 128.) i 4) um pronome demonstrativo, relative, interrogativo, ou indefinido: | gujeito composto. Tito eo the arrefece 0 animo? (Augusto Abelaira, NC, 35.) Ackava consolo nos livros, que o afsstavam cada vez mais da vida. rico Verissimo, LS, 153.) Quem disse isso? ‘As vozes e 0s passos aproximam-se. (Fernanda Botelho, X, 130.) (Manuel da Fonsees, S1/, 248.) # composto o sujeito que tem mais de um nvicleo, ou seja 0 sujeito constituido de: 2) mais de um substantivo: Tudo parara a0 sedor de née, ! 4) mais de um pronome: emer iee fe) Bile © eu somos da mesma raga, 4) um oumeral: avid Moutio-Ferecita, I, 98.) ‘Ambos slteraram os roteiros (Nélida Pion, FD, 4) mais de uma palavea ou expresso substantivada: ) Falam por mim oe abandonados de justiga, os simples de coragiio. @) uma palavra ou uma expresso substantivads: { paet a (Carlos Drummond de Andrade, R, 148) Tnfanta, no exilio amacgo, ad Tafanta, no exllo eargo, mais de uma oragio substantiva: (Tasso da Silveice, PC, 367.) ta Bit melhor enquecer 0 6 ¢ pensar numa cama igual & de seu Tomée la bolandeisa. © por fazer € 55 com Deus. (Gracitiano Ramos, V5, 62.) (Petnando Pessoa, OP, 16,) A) wma oragio substantiva subjectiva: Sujeito oculto (determinado). 1. Baguele que nio esté materialmente expresso na oragio, mas pode ser identificado, A identificagio fuz-se: | (Anténio Sérgio, B, 1V, 245.) t 7 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANTO a) pela desinéncia verbal: Ficamos um bocado sem falas. (Luis Bernardo Honwana, NMCT, 10.) sujeito de fcames, indicado pela desinéncia -mos, € 6s. 4) pela presenga do sujeito em outra oragio do mesmo periodo ou de perlodo contiguo: Soropita ali viers, na véspers, lk dormira; e agora retomnava a casa. (Guimaries Rosa, CB, I, 467.) O sujeito de visra, dormira e retornava € Soropite, mencionado oa primeima oracho, antes de viera, 2, Pode ocorrer que 0 verbo no tenha desinéncia pessoal ¢ que o sujeito venba sugerido pela desinéncia de outro verbo. Por exemplo, neste petiodo: Antes de comunicar-vos uma descoberta que considero de algam interesse pata 0 nosso pals, deinai que vos agradesa. © sujeito de comtidera, indicado pela desinéncia -0, & ey, também sujeito de comunicar, vetbo nx forma infinitiva sem desinéncia pessoal Sujeito indeterminado. Algumas vezes 0 vetbo nio se refere a uma pessoa deterininada, ou por se desconhecer quem executa a acglo, ou por mio haver interesse no seu conhecimento, Dizemos, entdo, que 0 SUjEIIO & INDETERUTNADO. Nestes casos em que 0 sno vem expresso na oracio nem pode set identificado, pée-se o ver 4) ow me 5% pessoa do plural: Reputavam-no o maior comilio da cidade. (Cito dos Anjos, MS, 44.) 4) own 5.* pessoa do singulat, com 0 pronome se: Ainda se vivia num mundo de certezes. (Agustina Bessa Luis, OM, 296.) RASH, ORAGKO, PER{ODO 9s 8 Os dois processos de indeterminagio podem concorrer nut mesmo periodo: ‘Na Casa pisavam sem sapatos, e falava-se btizo. (Anibal M. Machado, JT, 23.) Oragio sem sujeito. Nao deve sez confundido © suysrro iNDEYERWINADO, que existe, mas nio se pode ou nfo sc deseja identificar, com a inexisténcia do sujcito. Em oragées como es seguintes: Chove. Anoitece, Fax frio, interessa-nos 0 proceso verbal em si, pois nfo 0 atribuimos a nenbum ser. Diz-se, catdo, que 0 verbo € m#PESs0AL; € 0 sujeito, INBXISTENTE. Eis 0s priacipais casos de inexisténcia do sujeito: 4) com verbos ou expresses que denotam fenémenos da satareza: Amanhecen a choves. (Aatéaio Botto, 04, 235.) » com 0 verbo haver na acepgfo de eexistiry: Na sala havia ainda tés quadtos do pintor. (Fernando Namors, DT, 206.) 2) com os verbos haver, fazer e ir, quando indicam tempo decorrido: Morava no Rio havia muitos anos, desligedo das coisas de Minas. (Gro dos Anjos, MS, 527°) Faz hoje oito dias que comecei, (Augusto Abelaiza, B, 133.) ‘Vai para uns quinze anos escrevi uma erénice do Cutvelo, (QManuel Bandsica, PP, 1, 3583 4) com o verbo ser, na indicagio do tempo em geral: Era por altura ds lavourss, (Agustina Bessa Lus, 5, 187.) DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANED en cect Be Sone commons Observagies: 1.9 Nas oragdes impessoris © predicativo. Veja-se, a 28 Também ocorze a im Como podia haver tantas casas ¢ tanta gente? (Graciliano Ramos, VS, 109.) 58 Na linguagem coloquial do Brasil € corrente o empzego do vetbo tur ‘como impessoal, % semelhanga de dar. Escritores madernos —e alguns dos saiores-— nto tém duvidado em algar a constracio a lingua litericia, Hoje tem festa no brejo! (Carlos Drummond de Andrade, R, 16.) © uso de ter impessoal deve cstenderse 10 portugués das nagées afticanas, idade em Angola hé abundante documentagfo na obra de Luane — Aqui tem galisha, tem quiaual... Gy 65.) 4° Em sentido fgurado, os verbos que exprimem fenémenos da satwe ean podem set empregados com sujeito: Choviam 0s ditos a0 passo que ela seguia pelas mesas, (Almada Negreisos, NG, 92 Da atitude do sujeito, Com os vetbos de acgio, Quando 0 verbo exprime uma acgio, a atitude do sujeito com referén- 1© processo verbal pode set de actividade, de passividade, ou de acti- ide € passividade 20 mesmo tempo. 1, Neste exemplo: Maria levanton 0 menino, Maria executa a acgio express pela forma verbal ltvanton. © sujeito © AGENTE. RASH, ORAGHO, PERfoDo 7 ————ee 2. Neste exemplo: © menino foi levantado por Matis. a acgio no é praticada pelo sujeito o menina, mas pelo agente da passiva — Maria. O sujeito, no caso, softe a acgio; & dela o PACIENTS. 3. Neste exemplo: ‘Maria levantouse, 2 acgio € simultaneamente exercide ¢ softida pelo sujcito Maric. O sujeito é entio, a um tempo, 0 AGENTE eo PAcmNTE dela. Como vemos, na voz activa, 0 tetmo que representa o agente 6 0 sujetro do verbo; 0 que representa o paciente € 0 oxjzcro DIRECTO. Na ‘vor passiva, 0 onjecro (paciente) torma-se 0 sujmxo do verbo. Com os verbos de estado, 1. Quando o verbo evocs um estado, a atitude de pessoa ou di coisa que dele participa € de neutralidade. O sujeito, no caso, no é 0 agente nem © paciente, mas @ sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve: Pedro € magro. Joo permanece doente, © porteiso ficou pilido. 2 Incluem-se naturaimente entre os verbos que evocam,um estado, ou melhor, uma mudanga de estado, os incoativos como adosiir, emagre empalidecer, equivalentes 2 fear doeate,fcar magro, fear pilido, © PREDICADO (© preprcano pode scr NOMINAL, VERBAL OU VERRO-NOMINAT. Predicado nominal. rrspicapo Noumeat, é formado por um VERBO DE LIGAGKO - PRE- brcarrvo, 98 BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIS CONTEMPORANED x. O VERSO DE tIGAGKO pode expressar: 4) estado permanente: Hllliio era 0 herdeiso da quinta, (Catlos de Oliveisa, CD, 90.) B) estado transitério: © velho esteve entre a vide © a morte dusinte uma semana, (Castto Soromenho, TM, 236.) 6) mudanga de estado: Amato ficou muito pertusbado, Esico Verlesimo, LS, 137.) 4) continuidade de estado: (© Barbagas continuava alhesdo ¢ sorzidente. (Ferando Namors, TJ, 177.) 2) aparéncia de estado: Bla parecia uma figura de retrato, (Autran Dourndo, T4, 14.) Observacio: Os veRDos Dx uicAcio (ox coruLantvos) servem para estabelecer 2 unite ‘entse duas palavras Ou expressbes de carictee nominal. Nio trazem propria. mente ideia nove s0 evjeito; fancionam apenas como elo entre este © 0 seu predicat Como tsi verbos que se empregam ora como copulativos, ore como sigaific cativos, convém atentar sempze no valor que apresentam em determinado testo fim de clstiicklos com acerto. Comparem-se, por exemplo, cass Estavas em casa. | Andei muito hoje. | Figuei no men posto. Continuamos a mazcha. i esaroso, Continuamos silenciosos. RASE, ORAGKO, venfono a Nas primeitas, os verbos estar, andar, far e continsar sio verbos de ligasio; ras segundas, verbos significativos. 2, O prepicanivo pode set representado: por substantive ou expressio substantivade: =O boato é um vicio detestivel. (Carlos de Oliveira, AC, 183.) Todo momento de achar é um perder-se a si proprio. (Chatice Lispector, PSGH, 12.) 4 por adjectivo ou locugto adjectiva: A praia extava deserta, (Branquinho da Fonseca, MS, 13.) — Beta linha & de morte. (Caslos Drummond de Andrade, CB, 95: 4) por pronome: Vou calaz-me e fing que eu sou eu... (Abgat Renault, LSL, XVII) 4) por numeral: ‘Toa alma 0 um que sto dois quando doie sfo um. (Fernando Pessoa, OP, 298.) 4. por oragio substantiva predicativa: ‘Uma tarefa fundamental é / preservar a histéria humana, (Nélida Pion, FD, 75.) Obsecvagbes: 18 0 pronome «, quando funciona como Pruprcartvo, € demonsteativor Cada coise € 0 que & (Fernando Pessoa, OP, BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO 28 © prupicanivo pode cefesirse a0 oajkcro, aplicagto esta que estuda- romos adiante 52 Quando se deseja dar énfese 20 pnepicanavo, costumuse relembrilo dom 0 pronome demonsteativo ¢: Tive depois motivo para erer que o perverso e a peste fora-o ele pré- prio, na intengto de fazer Vales um Bom setvigo. (Ravl Pompéis, 4, 50.) Bo que se chama pReDrcaravo muxowist1C0. Predicado verbal. © PREDICADO VERBAL tem como ntileo, isto é como elemento prin- cipal da declaragio que se faz do sujeito, um vEnno siGNIFICATIVO. Vexnos sicuiricarivos sto aqueles que trizem uma ideia nova a0 sujeito, Podem set INTRANSITIVOS © TRANSITIVOS, Verbos intransitivos, Nestas oragées de Da Costa e Silva: Sobe a névoa... A sombra desce... (PC, 281) vetificamos que a aco estd integralmente contida nas formas verbais sob ¢ desce. Tais verbos sio, pois, rvrRANSIrIVOs, ou scja, aio TRANSITIVOS: a aes%0 no vai além do verbo. Verbos transitives, estas oragies de Fernanda Botelho: Ele sto me agradece, / nem eu the dou tempo. & vemos que as formas verbais agradece ¢ dau exigem certos tettmos para com Pletar-Ihes 0 signifiesdo. Como o processo verbal no est integealmente contido nelas, mas se transmite a outros elementos (0 pronome me na pri- mei Pronome die € o substantive fempo na segunda), estes ver- bos chamam-se TRANsrtivos. PRASE, ORAGKO, vERfoDO ror Os verbos Ransrrtvos podem ser DIREGTOS, INDIRECTOS, ou DIRECTOS € INDIRECTOS 20 mesmo tempo. 3. VERnOS TRANsITIVes DInECrOS. Neste exemplo de Agustina Bessa Luis: Ela invejava 08 homens. (OM, 207.) + acgio expressa por énejav transmite-se a outro elemento (as homens) ditec- ‘tamente, ou seja, sem o auxilio de preposicio, B, por isso, chamado VERBO TRANSITIVO DIRECTO, € 0 termo da oragio que Ihe integra o sentido recebe © nome de oBjzcro DiRECio. 2, Vernos TRaNsriIvos mDIRECrOS. Neste exemplo: Perdoem a0 pobre tolo, (Giro dos Anjos, DR, 235.) 2 acgHo expressa por perdoems transita para ontso elemento da oragio (o pobre 4olo) indixectamemt, isto é, por meio da preposicio a, ‘Tal vetbo denomina- $e, por conseguinte, TRANSIHIVO INDIRECTO. O termo da oragio que com- pleta o sentido de um verbo mRaNsirivo INprREcro denomina-se OnjecTo INDIRECTO. 3+ VERSOS SIMULTANEAMENTE TRANSITIVOS DIRECTOS = INDIRECTOS. Neste exemplo: © sucesso do seu gesto nfo dew paz ao Lomba. (Miguel Torga, NCM, 51.) 4 acgio expressa por diw transita para outros clementos da oraglo, 2 um tempo, directa e indirectamente. Por outras palavtas: este verbo requer simmultaneamenie onjecro Directo © mNpIRECTO para completarlhe o sentido, Predicado verbo-nominal. Nio so apenas os verbos de ligagio que se constroem com predica- tivo do sujeito. Também verbos significativos podem set empregados com le. rot BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Neste exemplo: Pro riu despreacupado. (Attinio Peixoto, RC, 191.) © verbo rir & significative. Despreocipads refere-se 20 sujeito Paulo, qua lificando-o, A este predicado misto, que possui dois miicleos significativos (um verbo ¢ um predicativo), dé-se o nome de VERBO-NOMINAL, Observagio: No mxzprcapo vansoNowmvat, © predicatvo anexo 20 aujcito pode vit antecedido de preposici, ou do coneetivo cum: © acto foi acusado de ilegal. Carlos saiu estudsnte € voltou como doutor. ilidade de predicagio verbal. A anilise da transitividede verbal ¢ feita de acordo com o texto € nto isoladamente, O mesmo verbo pode estar empregado ora intransitivamente, ora transitivamente; ofa com objecto directo, ora com objecto indirecto, Comparemse estes exemplos: Perdoai sempre [= mvraanstrivo]. Perdoai fm TRANSITIVO DIRECTO). igos [= TRANSIIIVO DIRECTO). ‘0s inimigos [= raaxsrmivo Digzcro & DIRECTO) A ORAGAO E OS SEUS TERMOS INTEGRANTES Examinemos as partes assinaladas nas oragbes abaixo: Alguns coleges mostravam interesse por ele. (Raul Pompéis, 4, 254.) Tinha.os othos sasoe de 1égrimas. (Agustina Bessa Luts, OR, 272.) ‘Tenho escrito bastantes poemas. (Pemando Pessoa, OP, 175.) FRASE, ORAGKO, PERfoDo on ‘Nio sei que diga do marido relativamente ao baile da itha, (Machado de Assis, OC, 1, No primeiro exemplo, o pronome ele esti relacionado com o substan- tivo fntresse por meio da preposigio por; no segundo, ‘as selaciona-se com 0 adjectivo rasos através da preposi © substantive poems, modificado pelo adjectivo bastantes, integra 0 sentido da forma verbal tenbo esrrito; no quacto, 0 baile da ilba prende-se 20 advér. bio relativamente por intermédio da preposigéo a. Vemos, pois, que hé palavras que completam o sentido de substan- tivos, de adjectivos, de verbos e de advérbios. As que se ligem por prepo- siglo a substantivo, adjectivo ou advérbio chamam-se COMPLEMENTOS NOMI. wars. Denominam-se CoMPLEMENTOS YERBATS as que integram o sentido do verbo. COMPLEMENTO NOMINAL O compuesto Nommsax vem, como dissemo: 20 substantivo, 20 adjectivo ow ao advérbio cujo integra ou limita, Palavra que tem o seu sentido completado ou integrado encersa «ama ia de relagio e 0 complemento é 0 objecto desta relagion, © comptesmvro Nowa pode ser representado por: 4) substantive (ccompanhado ou no dos seus modificadores): © pior € 2 demote do vapor. (Witorino Nemésio, MT 6 Joana patecia alheia a toda essa actividade. @emnando Namor, T], 251.) D pronome: Tinba ojo de si mesma, @Machado de Assis, OC, I, 487.) ©) sumeral: A vida dele cra necessécia a ambas. (Machado de Astis, OC, 104 DABVE CRAMATICA DO PORTUGUES CONTPMPORANEO, 4) palavra ou expressio substantivada: Passo, fantasma do meu ser presente, Ebtio, por intervalos, de um Além, (Fernando Pessoa, OP, 392.) ormgio completiva nominal: Comprei a consciéacia de que sou Homem de trocas com a natureza. (Miguel Torgs, CH, 12.) Observagies: 18 © compumento Noumat, pode estar integrando o sujeito, o predi- cativo, 0 objecto directo, 0 objecto indirecto, o agente da passiva, 0 adjunto adverbial, 0 aposto € 0 voestivo. 28 Convém ter presente que 0 nome cujo sentido o commusMmro NOMI At integea corresponde, geralmente, a um verbo transitive de radical seme- IThante: amor da pittia édio aos ‘ar oe ljason COMPLEMENTOS VERBAIS Objecto directo. Oxjecro pinzcro € 0 complemento de um verbo transitivo directo, ou sejz 0 complemento que normalmente vem ligado ao verbo sem pre- posigio ¢ indica 0 ser para o qual se dirige a acco verbal. Pode ser tepresentado por: 4) substantive: Vou descobrir mundos, quero gléria ¢ famal... (Guerra Junqueiro, 5, 12.) ¥) pronome (substantive): Qs josnais nada publicaram, (Carlos Drummond de Andrade, CA, FRASE, ORAGKO, Panfono 105 2) numeral: —Jé tenho seis lem casa, que mal faz inteirar sete? (Catios Drummond de Andrade, CB, 51.) 4) palaves on expressio substantivada: Como quem compae roupas © omors conpashaince (ecnando Pessox, OP, 206) Perserutava na quietnde 0 indtil de sua vida. (Antran Dourado, TA, 36,) €) otagio substantiva (objectiva directa): Nio quero que fiques triste. (José Régio, SM, 295.) Objecto ditecto preposicionado. x, O ospscro prascro costuma vir regido da preposigio a: com 05 verbos que exprimem sentimentos: 86 nilo amava a Jorge como amava ao illo. Joaquim Pago dArcos, CVL, 156.) 3) para evitar ambiguidade: Sabeis, que a0 Mestre vai matic, (Marcelino Mesquits, LT, 66,) #) quando vem antecipado, como nos provérbios seguintes: A homem pobre singuém roube. ‘A médico, confessor e letrado nunca enganes. 2. O ojecro pinecro € obrigatoriamente preposicionado quandc expresso por pronome pessoal ténico: Rubitio viu em duas rosas valgaces uma festa imperial, ¢ exqueceu a sala a mulher ea i, (Machado de Assis, OC, 1, 679. 106 DREVE GRAMATIGA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO. Objecto directo pleondstico. 1. Quando se quer chamar 2 atencio pata 0 OB]ECTO DIRECTO que pre- cede 0 verbo, costums-se selembré-lo pot um pronome obliquo. Bo que se chama oxjucro DIRECTO PLEONASTICO, em cuja constituigio entra sempre ‘um pronome pessoal étono: Palavras ctit-as 0 tempo € 0 tempo as mats. (Jose Cardoso Pikes, D, 500.) 2 © onsexo prmscro rixowisrico pode também ser constituldo de um pronome étono € de wma forma pronominal ténica preposicionada: ‘Mas nfo encontroa Marcelo nenhum, Eacontrou-noe a n6s. (David Mourio-Ferreira, I, 23.) Objecto indirecto. 1. Onyacro mprecro ¢ 0 complemento de um verbo uansitive indicecto, isto é 0 complemento que se lige 20 verbo por meio de prepo- sigio. Pode ser representado por: 4) substantivo: Duvidava da riqueza da terra. (Nélida Pion, CC, 190.) 3) pronome (sabstantivo): Que ela afasce de ti aquelas dores Que fizeram de mim isto que sou! Posbele Expance, 5, 24.) 2) numeral: Os domingos, porém, pertenciam aos dois. (Femando Namors, CS, RASS, ORAGRO, PaRfoDo 107 4) palavra ou expressio substantivada: ‘Mas — quem datia dinhcizo aos pobres? (Catice Lispectos, BF, 158.) Seu formidével vulto solitirio Enche de estar presente o mar ¢ 0 céu, (eenando Pessoa, OP, 14.) 4) otagio substantiva (objectiva indirecta): — Nilo te esquesas de que a obeditncia é o primeiro voto das novicas. osaé Montello, DP, 236.) 2 Nio vem precedido de preposigio 0 onyzcro mpmecro represen- tado pelos pronomes pessoais obliquos me, ie, the, ner, 10s, lbes, € pelo refle- xivo 4. Note-se que 0 pronome obliquo ibe (ibes) é essencialmente onjzcro INDIRECTO? As noites nifo the trouxerim repouso, mas deremlhe, em contrapartide, tempo para 2 meditagio. Coaquim Pago d'Arcos, CVL, 1177) Luts Garcia dema-se preesa em (@achado de Objecto indirecto pleonéstico. Com a finalidade de sealgé-lo, costuma-se sepetit 0 onyzcro mpircro. Neste caso, uma das formas é obrigatoriamente um pronome pessoal ftono. A outra pode ser um substantivo ou um pronome obliquo ténico antecedido de preposigao: — Quem Ihe disse a voc# que estavar no palheiro? (Catlos de Oliveira, AC, 1 Predicativo do objecto. 1, Tanto 0 onjecro pixecro como 0 mpmecro podem ser modifi- cados por PREDICATIVO, O PREDIGATIVO DO ORJECTO 86 aparece no predi- cado VERNONOMINAL, € & expresso: 108 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUS CONTEMPORANEO ‘Uns a nomeiam primavera. Eu Ihe chamo estado de espi (Carlos Drummond de Andrade, FA, 125.) 4) por adjectivo: (Os trabalhadores da Gamboa julgam-no assombrado. (Orlando Mendes, ) 2, Como © PREDICATIVO DO supEITO, 0 do ovjecro pode vir dido de preposigio, ou do conectivo conve: Quaresta entio explicou porque 0 ttatavam por major. (Lima Barreto, TFPQ, 215.) Considero-o como 0 primeiro dos precursores do espirito moderno, (Antero de Quental, C, $15.) Observagio: com 0 verbo chamar pode ocotter © PREDICATIVO DO GRJECTO IN A gente £6 ouvia 0 Pancério chamarthe ladsio © mentiroso, (Castro Soromenho, V, 220.) Agente da passiva. AcENTE DA vassiva € 0 complemento que, na voz passiva com set que pratica a acgio softida ou recebida pelo sujeito. ento verbal —normalmente introduzido pela preposigio , algumas vezes, por de— pode ser representado: 2) por substantivo ou palavra substantivada: — Esta carta foi escita por um marinheiro americano, (Femnando Namora, DT, 120.) PRASE, ORAGKO, PERfoD0 ‘an }) por pronome: ‘A mesma oragio foi por mim proferida em Si0 José dot Campos, minka cidade natal. (Cassiano Ricardo, VIE, 26) 2) por numeral: Nio devem ser escutadas por todos; ttm de ser ouvidas por um. oaquim Pago d’Arcos, CVL, 3501) 2) por oragio substantiva: Mariana era apreciada por todos quantos lam 2 nossa casa, homens senhoras. (Machado de Assis, OG I, 746,) ‘Teansformagio de oragio activa em passiva, 1. Quando uma origi contém um verbo constraiddo com objecto directo, ela pode assumir 2 forma passiva, mediante as seguintes transfor- mages: 2) 0 objecto directo passe a ser sujeito da passiva; 8) 0 verbo passa & forma passiva analitica do mesmo tempo © modo; €) 0 sujeito converte-se em agente da passiva. ‘Tomando-se como exemplo a seguinte ozagio A inflagio corséi os salétios. poderlamos coloci-la no esquema: 0 BREVE GRAMATICA DO poRTUGUs CONTEMPORANHO (Or salétios so eorrofdos pela inflasio. © seu esquema seria entfo: omgio Be agente da passiva verbo fos saléios so corroldos pela inflagio 2, Se numa oracéo da vox activa o verbo estiver na 3.4 pessoa do plural para indicar a indeterminagio do sujeito, a transformagio passiva cala-se o agente, Assim: ‘vou activa ‘Vou PASSIVA Aumentaram os salécios, Os salicios foram aumentados, Contiveram 2 inflacio. A inllagio foi contida, Observagies: XA Compre alo esquecer que, na passagem de uma oragio da voz activa para a pabsive, ou vice-versa, 0 agente ¢ © paciente continua of mesmos; apenas desempenham fangio sintictica diferente, 28 Na voz passive pronominal, a Magoa modemaa omite sempre 0 agente: Aumentou-se o salésio dos grifcos. Conteve-se a inflagto em niveis razodveis, A ORAGAO E O$ SEUS TERMOS ACESSORIOS Chamam-se AcussORrOS os TERMOS que se juntam a um nome ou a um verbo para lhes precisar o significado, Embora tragem um dado novo a otagio, nilo so indispenséveis 20 entendimento do enunciado. Daf a sua dcnominagio. FRASE, ORAGHO, ZER{oDO Séo TERMOS AcHSSORIOS: a) 0 ABJONTO ADNoMINAL; B) 0 ADJUNTO ADVEREIAL; ¢) 0 APostO, ADJUNTO ADNOMINAL Apyunro ApNomiwaL € 0 termo de valor adjective que secve para cspecificar ou delimitar o significado de uin substantivo, qualquer que seja a fungio deste. O anjunto ADNosanat. pode vit expresso por: @) adjectivo: Na areia podemos fixer até castelos aoberbos, onde sbrigar 0 soa SP cand igtt © nosso ubem Braga, CCB, 251.) 3) locugio adjectiva: Era um homem de conscléncia, ‘(ngusto Abelaiza, NC, 15.) artigo (definido ou indefinido): 0 ovo € a cruz que a galinha catrega na vide, (Clatice Lispector, FC, 51.) 4) pronome adjectivo: Deposito @ minha dona no limiar da sua moradia, ernanda Botelho, X, 118.) 2) sumeral: Cesarase havie duas cemanas, (Caslos Drummond de Andeade, CB, 29.) J) otagio adjectiva: Os cabelos, que tinha fartos e lisos, cafram-the todos. (Macia Judite de Carvalho, AV, 116.) DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO ADJUNTO ADVERBIAL Apyonro ADvERB:AL é, como o nome indica, o termo de valor adver bial que denota alguma circanstancia do facto expresso pelo verbo, ou inten- sifica o sentido deste, de um adjectivo, ou de um advérbio. © anjuxto apvEnntAt, pode vir representado: 2) por ad ‘Amou-a perdidamente, (Lygia Faguades Telles, DA, 118.) 1B) pot locugio ou expressio adverbial: De siibito, eu, 0 Baslo e a criade comegamos a danca no meio da sala, Branquiaho da Fonseca, B, 61.) ©) por oragio adverbial Fechemos os olhos até que 0 sol comece a declina. (Anibal M, Machado, CJ, 82.) Classificagio dos adjuntos adverbiais. B dificil eoumerar todos os tipos de apyuntos ApvERBTAIS. Muitas vezes, 56 cm face do texto se pode propor uma classificagio exacta. Néo obstante, convém conhecer os seguintes: 4) DB CAUSA: Por que thes dais tanta dor?! (Avgusto Gil, LJ, 25.) }) De companmta: ‘Vivi com Daniel perto de dois anos. (Clatice Lispectos, BF, 79.) FRASE, ORAGKO, PER[ODO ny 6) De Dévipa: ‘alvez Nina tvesse rato... (Witotino Nemésio, MTC, 105.) D ve vu: Hé homens para nada, muitos para mui salts nade, muitos para pouco, alguas para muito, neskam (Marques de Maricé, M, 87.) Ds merrumeyro: Donte com o chicote, ouviste! (Loandino Vieira, L, 4x.) A) Du nerenstpave: Gosto muito de ti, (Miguel Torge, NCM, 32.) 2) DE LwGAR: © vulto escuro eatrou no jardim, sumiu-se em meio as dcvores, CExico Vertssimo, LS, 135.) 2) De mavépca: Obra de finado, Escrevi-a com a pena da galhofa ¢ a tinta da melane colia, (Machado de Assis, OC, 1, 413) i) Ds aczto: Estarei talvez confur as coisas, wntbal ais r i fear eee indindo as coisas, mas Antbal inda viajava de bici- (Augusto Abelaise, NC, 19.) J) de Moo: ‘Vagarosamente cla foi recolhendo 0 fo. (Lygia Fagundes ‘Teles, ABV, 7.) 2) be Npoagko: Nido, seahor Cénego, vejo. Mas nifo concordo, nfo accito. (Beraatdo Santareno, TPM, 109.) ng. AREVE GRAMATICA DO poRruGuis conuEaPORANEO mm) DE TEMPO: ‘Todas as manbis cle sentava-se cedo a essa mesa ¢ excrevia até as dez, onze horas. (edto’ Nava, BO, 330: APOSTO x. Avosro é 0 termo de catdcter nominal que se junta a um substan- tivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a tiealo de explicagio ou de apreciagio: Biles, o8 pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches, (Fernando Namors, DT, 257.) 2. Entre 0 Arosto ¢ o termo a que cle se sefere hi em geral pause, marcada na esctita por uma virgule, como no exemplo acima, ‘Mas pode também iio haver pausa entre 0 APosro e 2 palavea prin- cipal, quando esta um termo genérico, especificedo ou individualizado pelo avosro. Por exemplo: A cidade de Lisboa © rei D, Manuel © poets Bilac © més de Junho Este arosto, chamado Ds ESPECTFICAGKO, no deve ser confundido com certas construgdes formalmente semelhantes, como: © clima de Lisboa A fpoca de D. Manuel O soneto de Bilac a ‘As festas de Junho fem que de Lisboa, de Bilas, de D. Manel ¢ de Junto equivalem a adjectivos (= Hishoeta, bilaguiano, manuelina ¢ jusinas) ¢ fancionam, portanto, como ATRI- UFOS Ow ADJUNTOS ADNOMMSAIS. 3+ © aPosro pode também: 4) set representado por uma oracio. ‘Homem feio tem esta vantagem: mulher butra no 0 persegue. Gilberto Amado, DP, 254.) | paase, oRAGKO, vERfoD0 ey 0) refetir-se 2 uma oragio inteira: © importante ¢ saber para onde puxa mais a comedeisa — coisa, al sem grandes mistérios, mane (Mitio Palmério, 7G, 375.) 6). set enumerativo, ou recapitulativo: ‘Todo o faria lembrat-se dela: a manha, os pfssaros, o mar, o azul do cu, a8 flores, 08 campos, os jardins, a relva, as casas, a8 fontes, sobre. tudo as fontes, principalmente as fontes! (Almada Negreitos, NG, 112,) s porcos do chiqucizo, a8 galnhas, os pés de bogeri, o cardeizo da estrada, as cajazciras, o bode manso, tudo na casa de seu compadce parecia mais seguro do que dantes. (José Lins do Rego, FM, 289) Valor sintéctico do aposto. © arosro tem 0 mesmo valor sintictico do termo a que se refere. Pode, assim, haver: 4) aposto no sujeito: Bla, Dora, foi, de resto, muitissimo discreta. (Maria Judite de Carvalho, AV, 105.) 4 posto no predicativo: Ble era 0 famoto Ricardio, 0 homem das beizas do Verde Pequeno. (Guimacies Rosa, G5-V/, 203.) 4) posto no complemento nominal: Jodo Viegas esté ansioso pot um amigo que se demora, 0 Calisto. (Machado de Assis, OC, II, 521.) 4) aposto no objecto directo Jogamos uma partida de xadeez, uma Iuta renhida, quase duas hoses (Augusto Abela, NC, 54.) 2) aposto no objecto indirecto: ‘Men pai cortava cana para a égua, ena (Jorge Amado, MG, 35, BREVE GRAMATICA DO poRrUUEs conmmucronAnto 16 A) aposto no agente da passiva: [As patedes foram levantadas por Tomis Manuel, avd do Engenheiro, ‘Gosé Cardoso Pises, D, 63.) 2) aposto no adjunto adverbial: focé sii tem relagbes aqui, no Rio, menino? i (Elim Bacto, REIG,*5) B) posto no aposto: Os primeitos foram os chefe de secgdo aposentado, sobrinha de ambos. (Machado de 4) aposto no voeativo: Razio, irm& do Amor e da Justica, Mais ma vez escuta a minlia prece. (Antero de Quental, SC, 72.) Aposto ¢ predicativo. a propriedade representnda 1m ScMIpre © mesmo ser, 0 Com o Arosto atribui-se a um subs por outro subst ‘uma vic separado do substantivo que modi- lcada geralmente por virgula na escrita). Numa oragio como a segul muda e calma... (Elorbela Espanca, 5, 60.) B a noite vai des que também poderia ser enunciada: E & noite, muda e ealma, vai descendo... B, muda e calma, a noite vai descendo... senda ¢ calna & prEDtcATIYO de um predicado verbo-nominal. ERASE, ORAGKO, venfoDo iy a anilise de oragBes elipticas, cujo cospo desempenha 2 fungio de preptcanvo, O mesmo raciocinio aplica se reduz 2 um adjectivo que nel 0 caso de frases do tipo: Rico, desdenhava dos humildes. [= porque era ried, dentro da qual exerce a fungio de pretcatvo. VocATIvo Examinando estes versos de Anténio Nobre: ‘Manucl, teas suzio. Venho tarde, Desculpa. G sx) © sinos de Santa Clara, Por quem dobrsis, quem morreu? © 47) vemos que, neles, 08 termos Manvel ¢ O sinos de Sante Clare nto esto subor- dinades a nenhum outio texmo da frase. Servem apenas para invocar, che- A estes termos, de entoagio exclamativa ¢ isolados do esto da frase dése 0 nome de vocantvo. COLOCACAO DOS TERMOS NA ORACAO % Em Portugués, como nas demais linguas roménicas, predomina a cece ne atHGrA, isto €, os termos da otagio dispdem-se preferentemente na sequéncia: SUREITO + VEREO + ORRECTO DIRECTO ++ onpEcTO mDIRECKO ou SUNEITO + VERO + PREDICATIYO | | | Ss | BREVE GRAMATICA DO PORTUGUTS CoNTEMPORANEO a preferéncia pela ORDEK DmRECTA é mais sensivel nas ORAGOES oferecen um livro a0 colega. é gentil. Paulo no perdoou a ofensa do colega. Paulo no & generoso. 2. Ao reconhecermos a ptedomingncia da ordem directa em portu- guts, no devemos concluir que as inversdes repugnem 20 n0ss0 idioma, Pelo contririo, com muito mais facilidade do que outras linguas (do que o francés, por exemplo), ele nos permite alterar 2 ordem normal dos termos da oragio. Hé mesmo certas inversbes que o uso consagrou, € se tornaram para nds ume exigéncia grametical, Inversdes de natureza estilistica, Dos factores que normeliente concottem para alterat a sequéncia llgica dos vermos de uma oragio, 0 mais importante é, sem diivida, a énfase, Assim, 0 zealee do suerro provoce geralmente a sua posposigio a0 VERBO: Queto levat-te a dédalos profundos, Onde refervem sis... e céus... e mundos... (Cestto Alves, EF, 44.) Ao conttério, o realce do parprcarivo, do onjecro (recto ou INBIRECTO) ¢ do ADJUNTO ADVERBIAL € expresso de regra pela sua anteci= Pago ao verbo: eaca foi a resisténcia. (Chto dos Anjos, MS, 313.) Minha espada, pesada a bragos latsos, Em mios viris ¢ calmas entreguei, (Fernando Pessoa, OP, 67.) ‘A ela devia 0 meu estado psiquico ciazeato ¢ melindroso. Fernando Namora, DT, 59.) FRASE, ORAGKO, renfono a9 Acolé, na entrada do Catongo, é uma festa de mutitto, (Adoaias Fitho, LP, 50,) Taversées de natureza geamatical, Em outros lugares deste livro tratamos da colocagdi : i 108 dh colocagio de termos da ora. | $40. Por isso, vamos restringisnos aqui apenas a alguinss come | amo & posisio do veano relavamente ao suysiro € 20 Phemenens Invereiio verbo + suite, % A laversio venso + suyerro verifcase em geral: i @) tas oragses interrogativas: Que fazes tu de grande e bom, contudo? Antero de Quetal, 56, 64.) 2) nas oragbes que contém uma forma verbal imperativa: Dize-me ta, 6 céa deserto, dize-me tu se € muito tarde. (Cecilia Meiteles, OP, 502.) ©) mas oragées em que o verbo esté na passiva pronominal: Formam-se bothas na dgua.. emando Pesos, OP, x60.) 4) nas oragées absolutas construldas com o verb jun denotar uma otdem, um desejo: Teen ~ Que vena essa coisa melhor! (Musilo Rubito, D, 17) Chovam Ktios € rosas no teu colo! (Antero de Quental, SC, 55.) ae breve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMFORANEO 2) nas oragbes consteuidas com verbos do tipo dizer, stern, pergutar, responder ¢ sinénimos que arrematam enunciados em DISCURSO DIRECTO fou neles se inserem: sso ao te faz, moso, protestou Fabiano. (Graciliano Ramos, 5,40.) A) nas ofagdes reduzidas de infinitive, de gertindio e de patticipio: elas madragadas de Sto Joi, a0 comegarem a morrer as fogueitas, ‘mocinhas postavam-se disnte do Soler. (Geraldo Franga de Lima, JV, 5.) Tendo adoccide 0 nosso professor de portugués, padre Fatla, cle © substituiv. Jorge Amado, MG, 112.) Acabada a lengalenga, pretendi que bisasse. (Aguilino Ribeizo, CRG, 16.) 8) nas oragbes subordinadas adverbisis condicionais constraidas sem conjungio: ‘Tivesse eu tomado em meus bregos 2 1 pouco em amargumas os momentos fagezes de fel ‘(Augusto Frederico Schmi iga © pogatia dentro em lade. 68) +) em certas construgbes com verbos unips Aconteces no Rio, como acontecem tantas coisas. (Carlos Drammond de Andrade, CB, 50.) Basta o amor ao trabalho... (Augusto Abelaiza, NC, 14.) 2) nas oragdes que ‘on indirecto) ov por adj iniciam pelo predicativo, pelo objecto (directo adverbial: Majestoso assoma o astro tei (José de Alencar, OC, TI, 1125.) Essa jostiga vulgar, porém, nfo me soube fazer 0 meu velhio mestre. (Roi Basboss, R, 86) RASH, ORAGHO, FER{ODO oe A. nds, homens de letvas, impde-se o dever da 10 deste movi- . poe direegio deste (Olavo Bilac, DN, ‘Num paquete como ests afo existe a solidio! (Augusto Abela, NG, 2. A oracio subordinada substantiva subjectiva coloca-se normalmente depois do verbo da principal: preciso que eles nos temam, (Castro Soromenho, V, 116.) 3 Em 20 seu sujeito: inclpio, os verbos intransitivos podem vie sempre antepostos Desponta a Ina. Adormeceu 0 vento, ‘Adormeceram vales e campinas... (Antero de Quental, SC, 224.) Observagies: 1.8 Embora nos casos mencionados a tendéncia da Magua seja manifes- te pela inyersio VERBO ++ Sop:rTO, em quase todos eles & possivel —e 10 SUJEITO + VERDO. 28 pronome zelativo coloca-se no principio da oragiio, quer deserapenhe 1 fungio de sujeito, quer 2 de objecto, Inversio predicatino + verbo x. © preprcartvo segue normalmente 0 verbo de ligagio. Pode, no entanto, precedé-lo: 4) nas oragées intertogativas ¢ exclamativas: ‘Que monsteo seria ela? (José Lins do Rego, E, 255.) 5) em construgoes afectivas do tipo: Probidade — essa foi realmente a qualidade pri (Manuel Bandeics, PP, I, 41 a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 2) em frases afectivas denotadoras de desejo: Amaldigoados sejam cles, caiamlhes as almas mas profundezas do infero. sn (Gosé Saramago, LC, 121.) ENTOAGAO ORACIONAL ‘A linha on enrva melédica descrita pela voz a0 pronunciar palavras, rages e petiodos chama-se ENTOAGKO. Grupo acentual ¢ grupo fénico. Dissemos que GRUPO AcENTUAL é todo segmento de frase que se apoia em um acento ténico principal, A um on varios grupos acentuais compreen- didos entre duas pauses ias) di-se 0 nome © aguaceiro / desabou, Jcom estrépito, / mas a folia / persistiu presenta cinco GRUPOS ACENTUAIS, cujos limites marcdmos com wm thago inclinado. Mas encerra apenas tts GRUPOS FONT © aguaceizo desabox, |/ com estrépito, // mas 2 folia persist, © grupo fonico, unidade melédica. A UNIDADE MELODICA & 0 segmento minimo de um enuaciado com sentido préprio e com forma musical determinada. Os seus limites coinci- dem com os do Gxuvo FONtco. Podemos, pois, considerat 0 GxUPO FENICO © equivalente da UNIDADE MELéDICA. © grupo fonico e a oragio. Carncterizada a unidade melédica, passemos a anilise das diferencas que se observam na curva tonal descrita por trés tipos de oriio: 2 DECtAc RATIVA, & INTERROGATIVA € @ EXCLAMATIVA. FRASE, ORAGRO, PERODO 13 Oragio declarativa. x, Examinando a seguinte oragio, constituida de urn 86 grupo fénico: Os alunos chegaram tarde, observamos que a voz descreve, aproximadamente, esta curva melédica: la ga tar Os de que podetlamos simplificar no esquema: 2 Notamos, com base no tragado acims, que 0 grupo fénico em exame compreende trés partes distin 2) 2 parte i que comega em um nivel tonal frases afirmativas, ¢ apresenta, em seguida, uma oe ‘vou, que atinge 0 seu ponto culminante na primeira sflaba t6- nica (la); 5) a parte medial, em que a voz, com ligeiras ondulagdes, permanece, aproximadamente, no nivel tonal aleancado; : 4) parte final (ou puscmwprNre), em que a voz cai progressivamente 4 partir da sileba (ter), atingiado um nivel tonal baixo no final da frase. 3+ Dessas trés pattes, 2 inicial e 2 final so as mais importantes da figura da entoagio. Toda ORAGAO DECLARATIVA completa encerta uma pate inicial ascendonte c uma parte final descendente, ambas muito nftides. BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 4 ida de mais de um scendente, € o tiltimo 4. No cago de set a oragio declarativa grupo fénico, 0 primeiro grupo comega por uma finaliza com uma descendente, Oragfo interrogativa, considerar previa. 0 estudo da ce ow advérbio inter- mente 0 facto de s¢ ii rogativo, pois que a cu ‘Oragdes no iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo. x. Tomando com porém, de forma in Os alunos chegaram tarde? :plo a mesma oragio declarativa, enunciada, ‘observamos que ela descreve a curva melédica: ea che de RASH, ORAGKO, weRioDo a 4) 0 ataque de frase comegar por um nivel tonal mais alto do que na oragio declacativa; 4) na parte medial do segmento melédico, haver uma queda da vox, que, embora seja mais acentuada do que nas oragdes declarativas, no alters © caticter ascendente desta modalidade de interrogacio, 6) subit a voz acentuadamente na wiltima vogal ténica, ponto culmi- nante da frase; em seguida, softer uma queda beusca, apesar de se manter em afvel tonal elevado. 3. Comparando esta curva & da oragto declasativa estudada, verifica- mos que elas se assemelham por terem ambas a parte inicial ascendente e 2 parte medial relativamente vaiforme. Distinguetn-se, porém: 4) quanto & parte final; descendente, na declarativa; ascendente na interrogativas 4) quanto 20 nivel tonal: médio € baixo, na declatativa; alto altis- simo, na interropativas 4) quanto & queda da vou 2 partic da siltima silaba ténica: progressiva, nna declarativa; brusca, na interrogativa, 4- Por ser a curva melédica desctita pela voz 0 tinico elemento que, nna frase em exame, contribui para o cardcter interrogativo da mensagem, temos de reconhecer que, em casos tais, a entoago apresenta inequfvoco valot funcional na nossa lngua, Oragies iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo. ‘Tomemos como exemplo 2 osagiot Como soube disto? Em sua enunciagéo a vox deseteve a seguinte curva melédica: co sou ae BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO. ‘que poderiamos assim esquematizar: Sto caracteristicas des oragbes interrogativas deste tipo: 4) 0 atsyue da frase que, iniciado em um nivel tonal muito alto, sobe, as vezes, bruscamente até a primeira silaba ténica, silaba esta que, na maio- tia dos casos, pertence 20 pronome ou ‘Erbio interrogativo, ou seja, a0 elemento que realiza a fangio interrogativa da oracio; 4) a carva melédica, que, apés a pr laba ténica, decresce pro- gressivamente © de maneita mais acentuada do que nas frases declarativas. Interrogagio directa e indirecta. x, Vimos que @ interrogagio pode sex expressa: 4) ou por meio de uma oragio cm que a patte final apresenta entoa- gio ascendente, como em: Os alunos chegaram tarde? 9) ow por ums orgio iniciads por pronome ou advérbio interroga- tivo, em que a patte final apresenta entoagio descendente, pot cxemplo: Como soube disto? Nestes casos dizemos que # interrogagio € direeta. 2. _Existe, porém, um outto tipo de interrogagio, chamada inpraecrA, que se faz por meio de um periodo composto, em que a pergunta esti contida ‘numa oragio subordiaada de entoagao descendente. Exemplo: Dige-me como soube disto. 3+ Nas omagSes MVERROGATIVAS INDIRECTAS a entoagdo aptesenta as seguintes carncteristicas: @) © ataque da frase comega por um nivel tonal alto; hi uma eleva- \ | Hl RAS ORAGHO, vERioDo ny fo da vox na primeira stlaba ténica, seguida de um lento declinio da cusva melédice até o final da frase; 4) onivel tonal da frase é, em geral, mais baixo que o da interrogagio directa; 4) aqueda da curva melédica € progressiva, semelhante A que se observa as oragdes declarativas. 4+ A escrita procura reflectit a diferenga tonal entee esses formas de interrogegio com adoptet 0 PONTO DE INTERROGAGAO pata matcar o tér. ‘mino da interrogacio ditecta, ¢ 0 simples vonro, pata o da indirecta, Oragio exclamativa, Nas exclamagies, a entoagio depende de miltiplos factores, especial- mente do gran e da natuteza da emogio de quem fala, Bea exptessio emocional que faz variar 0 tom, a duragio ¢ a intensidade de uma interjeicto monossilébi estes dois versos de Castro Alves: 1 como acontece com a interjcigio ob ‘Oh! que doce harmonia traz-me a bisa! ‘Oh! ver niio posso este labéa malditol Nas formas exclamativas de maior corpo, a expresso emocional con centra-se fandamentelmente ou na sflaba que secebe 0 acento de insistencia (Ge hoav-r), ou na silba em que recai o acento normal. Como o primeizo ‘ilo tem valor ritmico, ¢ o acento normal o dpice da curva melédica. Assim, nas exclamagées: Bandido! Insolente! Fantéstico! a vox eleva-se até ténica e, depois de alguma demota, decai brusca- mente, Obedecem ela a0 esquema 128 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO semelhante a0 da entoagio declarativa, ‘Ja em exclamagdes como Jesus! Adeus! Imbecil! ‘0 grupo fénico é ascendente, ¢ aproxima-se do esquema da entoagio inter. rogativa: 2, Maior variedade em matizes de entoagio encontramos, natural- mente, nas frases exclamativas constituides de duss ou mais palavras. A curva \édica dependera sempre da posigio da palavra de maior contetido expres- , porque € sobre a sua silaba acentuada que irgo incidir o tom agudo, a snsidade mais forte ¢ a maior duragio. Como a silaba forte da palavra de maior valot expressivo pode ocapar 1 posigio inicial, medial ou final da oragio, trés solugdes devem ser con sideradas: 18) Sea silaba em causa for a inicial, todo o resto do enunciado terd entoagio descendente. Exemplo: Deus de minha almal 2) Se fora final, a frase inteira teré entoagio ascendente: ‘Meu amor! 3) Se for uma das silabas mediais, a entoagio seté ascendente até 2 € descendente dela até a final, como nos mostram estes exem- plos colhidos em obra de Marques Rebelo: Sai da frente! ‘Todo 0 mundo!t RASE, ORAGKO, venfono a A linha tonal de cada um desses casos poderia ser assim esquematizada: L/S) Conclusio. Do exposto, verificamos que a linha melédica tem uma fangio essen- cialmente oracional. Com uma simples mudanca de tom, podemos reforcar, ‘atenuar ou, mestno, inverter o sentido literal do que dizemos. , por exem- plo, a entoagio particular que permite uma forma imperativa exprimiz todos ‘os matizes que vio da ordem A séplica, Pela entoagéo que Ihes dermos, fra- ses como Pois nfo! ois sim! podem ter ora valot afimativo, ora negativo. Enfim: a entoagio reflecte e expressa nossos pensamentas e sentimentos. Se 0 acento € a «alma da palavray, devemos consideri-le 2 «alma da ora- gion. 8. Substantivo 1. Sussranrivo € a palavra com que designamos on nomeamos os seres em geral, So, por conseguinte, substantivos: 4) 05 nomes de pessoas, de lugares, de instituigées, de um géneto, de uma espécie ou de um dos seus representantes: Masia Lisbos Senado fevore cedro 4) 08 nomes de noges, acgies, estados ¢ qualidades, tomados como colheita velhice ~—Largura——bondade ivo & a palavra q irecto, do objecto dessas fungies equivaleré forgosamente 2 um substantive (pronome subs- tantivo, numeral ou qualquer palavra substantivada). CLASSIFICAGAO DOS SUBSTANTIVOS Substantivos concretos ¢ abstractos. Chamam-se CONGRETOS os substantivos que designam os seres pro- priamente ditos, isto & os nomes de pessoas, de lugares, de institui- sunsranrzvo 131 oer gées, de um género, de uma espécie on de um dos seus sepresen- antes: homem cidade Senado —_cvore co Pedso Lisboa Féram cedco cavalo Dé-se 0 nome de ansrnactos aos substantivos que designam nogoes, acgées, estados © qualidades, considerados como sei justica colheits _velhice largura bondade verdade —viagem doenca coptimismo — dogura Substantivos proprios ¢ comune, Os substantivos podem designar a totalidade dos seres de uma espécie (Dsstenagdo Gexénica) ox um individuo de determinada espécie (DESIGNA- Gho ssescien Quando se todos 08 scres de uma espécie ou quando designs uma abstracgao, 0 substantivo é chamado CoMUs. Quando se aplica a determinado individuo da espécie, 0 substantivo é PROPRIO. Assim, os substantivos hvmem, pats ¢ cidade so comuns, porque se empre- ‘gam para nomear todos os setes ¢ todas as coisas das respectivas classes. Pedro, Brasil ¢ Lisboa, a0 contrétio, sio substantivos préprios, porque se aplicam a um determinado homem, a um dado pais ¢ a uma ceria cidade. Substantivos colectivos. Couzcrivos um,conjunto de seres 01 Comparem-se, por tentivos comuns que, no singular, designam da mesma espécie. iplo, estas duas afitmagées: iso pensa assim. Na primeira enuncia-se um atimero ct sentados como uma guantidade de indietdnos niimero, sem indicar gramaticalmente a nae DREVE GRAMAZICA DO PORTUGUPS CONTEMPORANEO forma de singular, consegue-se agrupar maior mimero ainda de elementos, ‘ou seja fades 08 brasileiros como um conjunto harménico, idm desses colectivos que exprimem um todo, hé na Iingua outros que designam: 2) uma parte organizada de um todo, como, por exemplo, riginente, aseiban, companbia (partes do colectivo geral exércite); 8) um grupo acidental, como grape, mullidéo, bandos bando de andori- bat, bande de salteadores, baudo de ciganos; ‘) um grupo de seres de determinada espécie boiada (de bois), ramaria (de ramos). Costumam-se também incluir entre os colectivos os nomes de corpors- ges socinis, culturais ¢ religiosas, como assewbleia, congresso, comgregngae, concilio, conclave e consistério, ais denominagdes afastam-se, n0 entanto, do tipo normal dos c io sio simples agrupamentos de sercs, de anatureza especial, organizadas em uma centidade superior para determinado fim. Bis alguns colectivos que merecem ser conbecidos aleattia (Ge lobos) ‘armunto (de gado grande: bois, bitalos, Sie arquipilago (Ge ithas) catilba (de espigas) banca (de examinadores) anda (de misicos) endo (de aves, de ciganos, de malfei- tores, ete.) acho (de bananas, de uvas, etc.) ‘fla (de cametos) ‘canbada (de malandros, ¢, no Br ntes, de peregrinos, de estudantes, etc) sartume (de peixes) ‘Heldra (de assassinos, de malandtos, de malfeitores) shusma (de gente, de pessoas) ‘enstelagio (de esteelas) ceria (Be vadios, de teatantes, de velba- dlece (Be actoxes) folenge (Ge soldados, de anos) Jerdndala (de ladtbes, de desosdeiros, de ‘astassiaos, de maleapilhos ede vadios) fate (Be cabeas) ‘eixe (Be leoba, de capim) rote savios mexcantes, de antocarros ‘ou onibus) girndole (be fogvctes) tarde (de povos selvagens némadas, de esordeiros, de aventureiros, de bane idos, de invasores) ] em Portugal ¢ Observagio: Atentese aa distingio entre molbo «condimento» (por ex.: 0 molho da carn) © molio ebcine» (por ex.: ur mol de chant), palaveas que consecvain no phir ral mesma diferenca de timbre da vogal ténica. Substantivos terminados em consoante. x. Os substantivos terminados em -r, -¢ € -» formam o plural acres centando ~es 20 singular: a aunve cRAMérich vo roxruocts conmeuvontnng sensrarevo a Soguat Plan ‘Singular Plural Singular Pineal obecrvagio: OS Brceprusm as pslaves ml, ral (aoeds) iradoe, mar mates ‘rapez ‘rapazes abdémen —abdémenes fazem, reapectivamente, males, réis, cénsules ©, por 5, vio t Sime eerestnene fee tte ogee tae 4+ Os substantivos oxitonos terminados em tems rior = reitoes, = ruzs umes gues epee eee ae es ee Obsorvagien: eee ae eer 1 © plural de caricter (escrito caréter na ortografia brasileira) é tanto ardil atdis asi Fanis em Portugal como no Brasil, caracterts, com deslocacio do acento ténico ¢ acticulacto do ¢ que possuia de origem. 2.8 ‘Também com deslocagio do acento & 0 plural dos substantivos aspé. ‘ian, iit ¢ Lif: epcors, Japs Laie s em -f, quando oxitonos, formam o singular; quando paroxitonos, sio inva- Observagies: EO monossilnbo sais & invariivel. Cér € geralmente invaridvel, mas doc- ‘menta-se também o plusal cas. : 28 Como os paroxitonor terminados em -s, 08 poucos substantivos exis- tentes em -w sto invaridveis: o trax — ar tras, o dni — ot dni. 3-_ Os substantivos terminados em -al, -l,-o/e ~ul substituem no plural 0! pore: Singular Paral Singular Plural animal animis farol fais papel papéis Jengol lengdis mével méveis Alcool Aleoois alguel alqueis paul avis 5+ Os substantivos paroxitonos terminados em -i! substituem esta terminagio por -cis: Singular Plural Siogulae ‘Plural ———_— sil fésseis séptil sépteis quo * Observagées: 28 A palavra prgjéeti, peroxitona a norma calta de Portugal, tem ai como plusal projets, Na aocma culta brasileire, a pronincla mais generalizade {gue aprescata o plural prjeti. 28 Répti, pronineia que postula 2 origem latina da palavra, tem a variante reptil, cujo plutal 6, raturalmente, reo, 6. Nos dimimutivos formados com os sufixos -xinbo ¢ -gitv, tanto o substantivo ptimitivo como 0 sufixo véo pars o plural, desapacecendo, porém, 0 5 do plural do substantivo primitivo. Assim: Singular Plural ee sae ae > ma ‘papel () + xinhos > rizinhos. Zo Et FS ore ciozito cles) + itos S etezitos i Substantivos de um 26 mimero. 1 Hé substantivos que s6 se empregamn ao plutal, Assim: alvissaras cts foxes prinfcins BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ntolhos mente no sin ferra, onro, cobre; Substantivos compostos, Nio € ficil a formagio do plural dos substantives compostos. Obser- ‘vem-se, porém, as seguintes normas, com fundamento a grafia: 28) Quando os tetmos componentes se ligam por hifen, podem variar todos ou apenas um deles: Singular Plural Singular Plural couve-for couves-fiores ——_griio-mestre gcfo-mestees ‘ebsa-prima obras-primas guarda-marinha salyoronduto ——salvos-condutos.—guarda-roupa———_guarde-roupas Note-se, porém, 4) quando o vel e 0 segundo sul segundo vai para Singular Plural Plural ‘guarde-chuva bate-bocas sempre-viva abaixo-assinados -vice-presidente grlo-duques svxsraNTIvo tat 8) quando os termos componentes se ligam por peeposigto, 36 0 prin meito toma a forma de plural: eee Singular Ploral Singulat Plural chapéo-de-sol ‘chapéus-de-sol pao-delé paesdelé pés-de-cabre perobado-campo perobas-do-campo joto-debarro jodes-de-basro ‘mula-sem-cabega — mulas-sem-cabega 4) também sé 0 primeiro toma a forma de plusal quando 0 segundo temo da composigio € um substantive que fanciona como determinante especifico: Singular Plural Singular Plural navios-escola Danana-prata salévios-femalia Denanas-peata smanga-cspada smangas-espada 4) geralmente ambos os elementos tomam 2 forma de plural quando © composto constituido de dois substantivos, ou de um substantive e um adjectivo: Singular Plural Singular Piura carta-bilhete cartas-bilhetes gentil-homem —_gentie-homeas fenente-coronel __tenentes-corontis dgua-marinha —Aguas-marinias amor perfeito amozes-perfcitos _vit6ria-régia ‘vitérias-réging GENERO 1. Hi dois génezos em portugués: 0 A£ASCULINO ¢ 0 FEMININO. ‘© masculino € © termo nao matcado; o feminine, o texto marcado, 2. Pertencem 20 géncro masculino todos os substantivos a que se pode antepor 0 artigo 0: © aluno © pio © poema © jabuti a ae DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Pertencem a0 género feminino todos os substantivos a que se pode antepor 0 artigo a2 a casa a mio a ema a joriti 3. © género de um substantive nfo se conhece, de regea, nem pele sua sigaificagio, nem pela sua terminacio. Para facilidade de aprendizado, convém, no entanto, saber: Quants a significagio: 1 Sto geralmente masculinos: 42) 08 nomes de homens ou de fangées por cles exercidas: Joto mestee padre rei 3) 0s nomes de animais do sexo mascalino: cavalo galo gato pera 250, motte, octane, rio € vento, que so ma tio Amazonas} © Iago Lédogal [=o vento Minwano} [=08 montes Alpes] 4) 0s nomes de meses ¢ dos pontos cardeais: ‘marco findo © Nozte setembro vindouro © Sul 2. Sto geralmente femininos: 4) os nomes de mulheres ou de fungbes por elas exercidas: Masia professora feoira rainha 4) 08 nomes de animais do sexo femninino: un giliabs gate perua sunsTaNTTvo an 2) 05 nomes de cidades Ihas, nos quais se subentendem as palavras cidade ¢ iba, que Si0 feminina a antiga Ouro Preto a Sicilia a8 Antilhas Observagio: Alguas nomes de cidades, como Ris de Jantro, Party Cairo, Here, sto mas- calinos pelas razdes que aduzimos, no Capftulo seguinte, 20 tratarmos do Quanto a terminagio: x. Sto masculinos os nomes terminados em -0 étono: 6 aluno 9 livso © lobo © bane 2 So geralmente fernininos os nomes tetminados em ~a étono: a aluna caneta a lobe a mesa Exceptuam-se, porém, elim, cometa, dia, fantesma, mapa, planeta, tle fontma, forema outcos mais, que serio estudados adiante, 3. Dos substantivos terminados em ~do, os coneretos so masculinos € 08 abstractos, femininos: © agsiso ° a educagio a opinifo © balezo ° a produglo a recordago Exceptua-se mie, que, embora concreto, é feminino. Fora desses casos, € sempte dificil conhecer-se pela tetminagio 0 géncro de um dado substantivo. FORMAGAO DO FEMININO tumam flexionar-se it 0s seres do sexo (Os substantivos que designam pessoas em géneto, isto é tém geralmente uma form ‘masculino ¢ outra para indicar os do sexo femi BREVE GRAWATICA BO PORTUGUES CONTEMPORANEO. pe eee eee eee eee suastANTIVO 145 feminino substituindo essa desinéncia por -a: Feminino Masculino Feminino ecalino Feminine ‘Masculine "eminino mulher bode cabra ea Femini alana alo faliaha cided feito Keitoa gato pate pombo pomba cantor canton, arto baronesa obo Joba lune alone profeta profetisa lebeto lebre Observagio: Dos exemplos acima verifica-se que 2 forma do feminino pode set: 2) completamente diversn da do masculino, ou seja proveniente de um radical distinto: bode cba homem mulher By desivada do radical do masculino, mediante a substituigfo ou 0 acréscimo de desinéncias: aluno luna ‘centor cantora lesses dois processos, # formagio do feminino Masculinos ¢ femininos de radicais diferentes. ‘Além das formagées irregulaces, que vimos, hé um pequeno aiimero de subs- ‘antivos terminados em -2, que, no feminino, sabstituem essa final por desi- néncias especiais. Assim: ‘Mascalino Feminino Masculine Feminino : Bstou cantado, preciso de um sécio, alguém que me dizija a casa, (Augusto Abels, D, 28.) %) quando esté particulatizada por adjunto adnominal: Foi um golpe esta carta; no obstante, apenas fechou a noite, conti a casa de Virgilia. (Machado de Assis, OC, 1, 484.) Observagio: ja 0 proprie- Diz-te « dow (ou a dona) da casa para indicat, com precisio, . Em teatido vago, dirse-é, porém: titio do prédio, seja o chefe da familia, uma boa dana de casa. Emprego com o superlative relativo. © anrigo pernupo é de emptego obtigatério com o superlativo rela tivo. Pode precedet 0 substantivo: Era 0 aluno mais estudioso da turma. Ou o superlativo: Em o mais estudioso sluno da turma, Er aluno o mais estudioso da tuzma, anzIGo 167 ‘Mas nfo deve ser repetido antes do superlative quando jé acompanha fo substantivo, como neste exemplo: ra o sluno © mais estudiosa da turma. 2. Com os nomes préprios. da lingua, razses diversas concorreram para que esta norma Idgice nem sempre fosse obscrvada ¢, hoje, hi mesmo grande nimero de nomes prdptios que exigem obrigatoriamente 0 acom- panhamento’do axtio DErmDo. Entre essas razdes, devem ser mencio- nadas: @) a intengio de seforgar a ideia de individualidade, de um todo inti- mamente unido, comd se concebe, em geral, um pais, um continente, um oceano: © Brasil a Amética © Atlintico 2) a de ser o nome préprio originariamente um substantivo comam, construido com o Ann1Go: 0 Porto © Havre (francés Le Havre = 0 porto) 2) ainfluéncia sintierjea >, lingua em que os nomes de fami- lis, quando emptegados isoladamente, vém precedidos de amico: © Tasso © Ticiano a Patti 4) ade cercar 0 nome préprio de uma atmosfera afectiva ou familiar: =O Adrio foi 2 novena? —Creio que nto, Quem esteve Ié foi a Marta com a Teixeira, (Gmaciliano Ramos, C, 247.) Com os nomes de pessoas. Os nomes proptios de pessoas (de baptismo e de famili ‘A160, principalmente quando se aplicam a personagens muit Assim: Camses Dante Napoleio 168 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEUPORANED Emprega-se, porém, 0 ARTIGO DEFINIDO: 1.9) quando 0 nome de pessoa vem precedido de qualifcativo: © romfantico Alencar. O divino Dante. 2.9) quando o nome de pessoa vem acompanhado de determinativo ou qualificativo denotadores de um aspecto, de uma época, de uma circuns- tincia da vida do individuo: Era 0 Daniel de outrora que eu tinhs diante de mim. Gosué Montello, DYP, 257.) 3) quando o nome de pessoa vem enunciado no plural: 4) seja para indicar individuos do mesmo nome: Os dois Plinios, Os tés Horicios. 2) seja para designar uma colectividade familias: Os Andradas. Os Bragangas, ©) seja para caracterizar, enfaticamente, classes ou tipos de individuos gue se assemelhain a um vulto ou personagem eélebre, caso em que o nome préprio vale por um some comu: Que importa isso tudo, , 08 Clemenceaus andam a monte, o8 indemburgos zolam aos tombos, 08 Gladetones pululam ao: earduies, 08 Bismarcks se multiplicam em sinhadas, e 08 Thiers cobrem o sol como anvens de gafushotos. (Rai Barbosa, EDS, 484.) 4) para designar obtas de um artista (geralmente quedsos de um pintoz): ‘Os Goyas do Museu do Prado. Com os nomes geogréficos, Ocstado actual do uso do Antico com os nomes geogrificos &0 seguinte: 10) Emprega-se normalmente 0 ARTIGO DEFINIDO: 4) com os nomes de paises, regides, continentes, montanhas, vuleées, Antico 169 desextos, constelagbes, rios, lagos, oceanos, mares € grupos de ilhas: © Brasil © Himalaia © Nilo a Franca 08 Alpes © Lemano os Estados Unidos 0 Teide © Atlintico 2 Guing © Atacama © Biltico 9 Nordeste © Seara (© Mediterrinco a Aftica © Cruzeiro do Sul os Asores 4) com os nomes dos pontos cardeais ¢ os dos colaterais, quer no sen- tido proprio, quer no de regiées ou ventos: ‘© promontétio tapava para 0 morte. (Branquinho da Fonsece, MS, 104.) ‘Também os ventos aosdestinos se acharam presentes: © Nordeste ¢ 0 Sudeste... Joaquim Cardoso, SE, 60.) 2.9) Nao se usa em geral 0 ARTIGO DEFRNIDO: 4) com os nomes de cidades, de localidades e da maioria das ilhas: Lisboa Aguéda Greta 4) com os nomes de planetas e de estrelas: Maste Canépus 3°) Nao é uniforme o emprego do Arr1Go DEFDUDO com os nomes dos estados brasileiros e das provincias portuguesas. A maioria leva anzico. Nio se usam, porém, com artigo: Alegoss Pernambuco Sergipe Goiis Rondénia ‘Teds-0s-Montes ‘Mato Grosso Santa Catarina Minas Gerais Sto Paulo 4) Como os nomes de pessoas, 0s nomes geogtificos passam a admi- tit 0 artigo desde que acompanhados de qualificagio ou de detetminagio: ‘Ai canis, canta ao Inne, minha guitasra, A Lisboa dos Poctas Cavaleiros! (Anténio Nobre, D, 68.) ae BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Observagies: 12s de paises e regides costumam, no entant ortagal Angola, Morambigne, Cabo Verde, Si com artigo alguns ndmes indo indicam apenas’ dizeesto, os de pontos cardeais podem Marcha para oeste Pereurso de norte a sul Vento de leste tetitias e artisticas. Emprega-se em geral o artigo, mesmo quando no perteage ao titulo: ‘Ontem, & noite, comecti ler a Ana Karenina. (Augusto Abelaiza, D, 64.) 3. Casos especiais Antes da palavra oxiro. 1. Emprega-se 0 attigo definido quando a palavsa oira tem sentido determinado: ‘Tiei do colégio os meus dois filhos: 0 mais velho era um deménio, © outro um aajo. (Camilo Castelo Branco, OS, I, 290.) 2 Cala-se, porém, 0 artigo quando o seu sentido é indeterminado: Anns amei, a outeos estimei, abort todos! ai! todos, me impregaaram de su @edro Neva, Depois das palavras ambos © todo. alguns mal conkeci— mas Aios e todo sao 28 tinicas palavras que, em portugués, costumam ante- ceder 0 artigo pettencente ao mesmo sintagma. 1. Seo substantivo detetminado pelo numeral onl de regen o emprego do artigo definido: Vasco apoiou os cotavelos nel egurou 0 rosto com ambas as mios. , LS, 166, Antco va 2. A presenga ou a austncia do artigo depois da palavra ‘ado depende, obviamente, de admitir ou rejeitar 0 substantive aquela determinacio, Diremos, por exemplo: Todo 0 Brasil pensa assim. Todo Portugal pensa assim, por se construire de modo diverso esses dois nomes geogréficos. 3+ Hi casos, porém, que precisam de ser considerados particularmente. Assim: 1.9) No PLurat, anteposto ou posposto so substantivo, fades vem acompanhedo de artigo, a menos haja um determinative que o exclua: s discipulos amavam-na, prontos 2 todos os obséquios. ‘C@Aguilino Ribeiro, CRG, 100.) Tamse-me as esperangas todas; terminava a catseica politica, (Machado de Assis, OC, I, 536.) Todos estes costumes vio desaparecer, (Raul Brandio, P, 165.) 2.8) Nio sc usa o artigo antes do numeral em aposigio a tedas: ‘Vios felizes a todos quatro. (Machado de Assis, OC, I, 6) Se, ao entanto, 0 substantivo estiver claro, 0 artigo é de regra: ‘Vivos felizes a todos os quatro meninos. 3.9) No smvcuar, fade: 4) vith acompankado de artigo, quando indicar a rotalidade das partes: ‘Toda a praia & um inico grito de ansiedade. (Alves Redol, FM, 306.) 4) poder vir ow nio acompanhado de artigo quando expri a toma lidade numérica: Falava bem como todo franets, Gilberto Amado, PP, 168.) BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ‘Toda a gente sabe que Ménica € seriissima, (Sophia de Mello Breyner Andresen, CE, 120.) Neste iltimo caso é obs ‘éria a sua anteposiglo a0 substantivo, 4°) Anteposto ao artigo indefinido, rods significa vinteizon, «completon: Para conseguir 0 seu intento cobriu de ridfculo toda uma geragio, ¢ langou as bases de toda uma temodelagio social. (Gilberto Amado, TL, 29.) 5.2) Quanto fede (ow toda) esti empregado com forga adverbial, azo admite naturalmente 0 acompanhamento do artigo: ‘Todo barbeado de fresco, as cordoveias do pescogo luziamthe grossas como ealabres. (Aquilina Ribeito, CRG, 228.) 6.) Em numerosas locugdes do portugués contemporineo, todo (ou ode) ver seguido de artigo. Batre outras, mencionem-se 28 scguintes: 2 todo 0 custo a todo o galope 4 todo o instante a toda a bride a toda a hora a toda a pressa fem toda a parte por toda a parte 2 todo © momento em todo 0 caso REPETICAO DO ARTIGO DEFINIDO Com substantivos. X Quando empregado. antes do primeiro substantive de uma sétie, © artigo deve anteceder os substantivos seguintes, ainds que scjam todos do mesmo género ¢ do mesmo nimero: Cantava para os anjos, pata os presos, para os vivos ¢ para os moxtos. (José Lins do Rego, MI-A, 347.) a alterndncia de sequéncias com artigo e sem ele pode, em cer- esentar efeitos estilisticos apreciiveis: Nio vitum sumo bem ao dettedor, ‘Mas sim o mal, a tentagio, 0 crime, Orgutho, humithagées, remorse e (Anténio Corrés d’Oliveira, VS1-A, 213.) Agric 15 3+ Nilo sc repete, porém, o artigo: 4) quando o segundo substantivo designa o mesmo ser ou a mesma coisa que 0 primeiro: Presenteou-me este livro 0 compadce ¢ amigo Catlot. A fruta-de-conde, ou ata, € deliciosa. 4) quando, no pensamento, os substantivos se representam como um todo estreitamente unido: (© estado {do folelore] era necessitado pela existtacia das histérias, contos de fadas, fAbulas, apélogos, supertigées, proverbios, poesia e mitos secolhi- dos da tradicio oral. oto Ribeiro, Fi, 6.) Com adjectivos. adjectives unidos por uma das entuam qualidades opostas de 1. Repete-se 0 artigo antes de es ¢ ¢ on quando os adjec Conhecia 0 novo € © velho Testamento. A boa ow a mé fortuna mio o alteraram, 2. Nio se repete, porém, 0 ARTTGO s¢ os dois adjectivos ligados pelas cconjungbes ¢, on (e mas) se aplicam a um substantive com © qual formam um conceito ‘Mas porque nfo the telefona logo & noite, porque no recomecam a velba ‘¢ quate esquecida amizade? (Augusto Abelaira, 3+ Se os adjectivos no vém unidos pelas conjungées ¢ e on, deve-se repetit 0 artigo. Tal construgdo emptesta ao enunciado énfase particular: Bo povo, 0 verdadeito, © nobre, austero povo portugues, (Augusto Frederico Schmidt, F, 102.) OMISS4O DO ARTIGO DEFINIDO Do que foi estudado nas péginas anteriores, verificamos que o attigo definido limita sempre 2 nogio expressa pelo substantivo. tu asyz GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO x. © seu emprego 6, pois, evitado em certos casos: 3.8) Quando 0 género ¢ 0 ntimero do substantivo jé estio claramente inados por outras classes de palavras (pronomes demonstrativos, . Assim, diremos: Na revoluglo de 17 muito softera eate padre. (José Lins do Rego, MV-A, 281.) Aates ands no sutomével, Ramico achara duas novas pérolas. (Augusto Abelasa, D, 221.) 29) Quando queremos indicar 2 nogio expressa pelo substantive de wm modo geral, isto é, na plena extensio do seu significado. Comparem-sc, por exemplo, estas trés frases: Foi acasado do crime (acusagio precisa) Foi acusado de um crime [acusagio vaga). Foj acasado de crime [acusagio mais vaga ainda). 3°) Quando, nas enumeracdes, pretendemos obter um eftito: 2) de acumulagio Samuel, a prinelpio com relutincia, depois com fila, finalmente com sesignacio, pose a mordet ¢ a mastigar tudo: lépis, borrachas, pedacinhoe de pau, gomos de cana-de-agticar. (Carlos Drummond de Andeade, CA, 143-4.) 4) de dispersio, como neste exemplo de mvuMERAGiO caoTIcA: Volkeiam dentro de mim, Em rodopio, em novelos, Milagres, uivos, castelos, Forcas de luz, pesadelos, Altas torres de marfim, (Métio de Sé-Carneiro, P, 75.) 2% Alm desses casos gersis ¢ de outros particulates, anteriormente examiaados, omite-se o artigo definido: 42) nos vocativos: ‘ObI dias da minha infanciat ‘Ob! meu céu de primavera! (Casimiro de Absex, 0, 94.) aRzIGO Pa 4) nos apostos que indicam simples apteciagio: Tardes de minha terra, doce encanto, ‘Tardes duma pureza de agueenas. (Plotbela Espanca, 5, 55.) 4) antes de palavsas que designam matéria de estudo, empregadas com os verbos aprender, etudar, carsar, ensinar ¢ sindnimos. Aprender Inglés. Cursat Direito, Estudar Latim, Ensinar Geometria. 4) antes das palavras teempe, aside, motivo, permissao, forea, valor, énimo (para alguma coisa), complementos dos verbos ser, dar, pedir e seus sinénimos: Nio houre tempo para descanso. Nao dei motivo 4 critica, Pedimos permissio para suir. Nio tive &nimo para viajar. EMPREGO DO ARTIGO INDEFINIDO x. Com os substantivos comuns. 1. O attigo indefinido —jé 0 dissemos — serve principalmente para a apresentagio de um ser ou de win objecto ainda no conhecido do ouvinte ou do leitor. Pouco depois, atraido também pelo especticulo, foi chegando um cabo- clinho magro, com uma taquata na mio, (Alceu Amoroso Lima, AA, 40.) ‘Uma vez apresentados 0 ser € 0 objecto, no ha mais razio pata o emprego do artigo indefinido, 0 esctitor ou o locutor deveri usar dai por diante © attigo definido. E 0 que se observa na continuagio do texto em ciusa: Pupilas acesas vinham espiar entre as devores, como que também atraidas pela melodia da taquata do eaboclinho, (tia, 2, Pata se precisar a classe ou a espéci minado por artigo definido, costuma-se te indefinido: de um substantivo j4 deter- lo, na aposigio, com 0 artigo Ele sentia o cheiro do impermeével dela: um cheito doce de fruta madura, (irico Verissimo, LS, 140.) 176 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMFORANEO 3. Por sua forga generalizadore, 0 attigo indefinido pode um substantivo no singular a reptesentagio de toda a espécie: —Aquele, digo-vos ex, aquele € um homem, (Branguinho da Fonseca, MS, 165.) 4. A anteposigio do plural uns, amas, a catdinais & a forma preferida do idioma para indicar a aproximagio sumérica: TTetia, quando muito, uns doze anos. (Urbano Tavares Rodrigues, PC, 168.) 2, Com os nomes préprios. x. Emprega-se o artigo indefinido antes de um nome de pessoa: 4) pata acentuat a semelhanga ou a conformidade de alguém com um vulto ou um personagem célebre, caso em que 0 nome préprio passa 2 set um nome comum: Papai era um Quixote, (Cito dos Anjos, MS, 298.) 8) pate indicar sex o individuo verdadcito simbolo de uma espécie: ‘A fortuna, toda noses, € que no temos um Kant. (oto Ribeiro, F, 36,) 4) para designar um individuo pertencente 2 determinada familia: D. Pedro T do Brasil, que foi D. Pedeo IV de Portugal, era um Braganga. 4) para evocar aspectos geralmente imprevistos de uma pessoa: Apetar disso tudo, um Joaquim risonho, a satisfagio em pessoa. (Genolino Amado, RP, 115.) 4) paca designar obras de um artista (geralmente quadros de um pintor): ‘Também disse, 6 verdade, como era necessério aprender a distinguir 0 fado de uma sinfonia, um Picasso de um calendério, Wergllio Ferreira, A, 28.) axrtGo fad 2, Como o artigo definido, o indefinido pode acompanhar os nomes geogtificos, se qualificados: Mais tarde, haveria de ouvirthe pessozlmente a sua visto dum Egeu de deuses vivos. (Luts Forjaz Trigueitos, ME, 265.) OMISSAO DO ARTIGO INDEFINIDO Em expressdes de identidade. x. Evita-se, cm geral, empregar 0 astigo ind anteposto ao substantivo, um dos pronomes demons tals ou um dos indefinidos certo, oxira, qualquer ot Certo amigo men jé usou de igual argumento. Em outra circunstincia eu aprovaria semelhante atitude, Se continnares com tal inapeténcia ¢ com tanta febre, podes tomar 0 remédio a qualquer hora, 2, Advitta-se, porém, que algumas 2 um substantivo, passam a ser adjectiv: malmente com actizo indefinido: formas, quando pospostas ‘em gue se constroem nor- Ele disse uma coisa cesta. Quero um livro igual a esse, Uma hora qualquer irei vé-lo. ‘Tens um modo semelhante de falar. Costuma-se, no e nogativa ou interrogat calar o astigo indefinido, quando a frase é ‘Nunca li coisa igual, Jamais sc ouvin barbaridade tall Ji viste trejeitos semethantes? ‘Hm expresses comparativas. 1, Em principio, as férmulas comparativas podem admitir 2 exclusio do artigo indefinido. E 0 caso: 2) dos comparativos de igualdade formados com to ov fanto: Nunca passei por lugar to perigoso como aquele. ‘Trabalhava com tanto cuidado como 0 pai. 18 DREVE GRAMANICA DO PORTUGUES CoNTsMPORANEO D) dos comparstives de superiotidade ow de infetioridade, principal. mente quando expressos sob a forma negativa ou interrogativa: No encontratias methor amigo n Conseguiste maior renda este més? emergéacia, 2. & dispensivel também o artigo indefinido em comparagées do tipo: Qual furacio, revolven tudo. Bailava como nume da floresta. Em expresses de quantidade. Costuma-se evitar 0 artigo indefinido antes de expressées denotadozas ae de, ani dete sinéaimos): Havia grande mimero de pessoas no casantento, Reseevou para si boa parte do luero. Com substantive denotador da espécie, Quando um substantivo no singular & concebido sob o aspecto de categoria, de espécie, € no sob o de unidade, pode-se calat o artigo inde- finido, Esta omissio aparece frequentemente em provérbios: Gio tadrador nunca € bom cagador. Espada m mio de sandeu, perigo de quem Iha des. ‘Outros casos de omissdo do artigo indefinido. Além dos casos mencionados, 2 Ingua portuguesa admite 2 omisséo do attigo indefinido em muitos outros. Como o artigo definido, ele pode altar: @) nas enumeragécs: Desde af, os campot-tantos nfo cessasam de recolhet of mortos meus: syd tos, amigos de inflncia,companbeicos queridos —a lita € ater (Augusto Frederico Schmidt, GB, 152.) AxtT60 2 2) 08 apostos: Meu pai, homem de boa familia, postuia fortuna grossa, como nto ignoram. (Graciliano Ramos, AOH, 28.) e sempre que a clateza ou a énfase aio o exigizem, Observagior Em rigor, mio se trata propriamente sto do artigo indefinido, mas de casos tes casos © nos seguintes de omis- cle nunca se empregon de forma regular. Na fase primitiva das rominicas, 0 attigo indefnido era de uso ses- trito. Com 0 sse devetminativo foi-se introduzindo em 10. Adjectivo © appecrrvo ¢ essencialmente um modificador do substantive. Serve: caracterizar 0 0, indicando-Ihe 8, 08 objectos ou as nogies nomeadas homem perverso 4) 0 modo de ser: pessox simples rapaz. deticada 6) © aspecto ou aparéncta: ofa azul widro fosco 4) 0 estado: casa arruinada laranjeira florida 29) para estabelecer com o substantive uma selagio de tempo, de cespago, de matéria, de finalidade, de propriedade, de procedéncia, etc. (apjicrivo DE RELAgho): ‘nota mensal (= nota relativa a0 més) movimento estudantil (= movimento fit cestudantes) vYinko portugués (= vinho proveniente de Portugal) Observagio: Os Apjecm .Gho, derivados de substantivos, sio de natureza clas siffcatéria, on isam 0 conceito expresso pelo substantivo, restrin- apyecrivo ir gindosthe, pois, a extensio do significado. Nio admitem graus de intensi- dade ¢ vém normalmente pospostos 20 subsiantivo. A sua anteposigfo, n0 caso, provoca uma Yalorizasio de sentido maito senstvel. ‘Nome substantivo e nome adjectivo, # muito estreita a selagio entre 0 sunsraxrivo (termo determinado) Comparem-se, por exemplo: Uma preta velha vendia laranjas. ‘Uma velha preta vendia laranjzs. Na primeira oragio, prete & substantive, porque € a palavra-nicleo, caracterizada por selbe, que, pot sua vez, € adjectivo na medida em que é a palavea caractetizadora do termo-niicleo. Na segunda oragio, 20 contritio, selba & sabstantivo e preia adjectivo. ‘Como vemos, subdivisio dos nomes portugueses em substantivos & adjectivos obedece a unt eritério basicamente sintéctico, fancional. Substantivagio do adjectivo. Sempre que 2 qualidade referida a um ser, objecto ou nogio for con- ‘cebida com grande independéncia, o adjectivo que a teptesenta deixaré de ser um termo subordinado para tornar-se o termo nuclear do sintagma nominal. Di-se, entio, 0 que se chama suusranTIvagho DO ADJECTIVO, facto que se exprime, gramaticalmente, pela anteposigfo de um determina- tivo (em geral, do artigo) 20 adjectivo. Comparem-se, por exemplo, estas oragbes: © cfu cinzento indica chava, 0 cinzento do ofa indica chuva. Na primeita, cingento € adjectivo; na segunda, substantivo. Substitutos do adjectivo. 1, Palavras ou expressdes de outea classe gramatical podem também seivit para caracterizar 0 substantivo, fcando a ele subordinadas na frase, x82 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Valem, portanto, por verdadcitos adjectivos, semintica ¢ sintacticamente falando. Costuma-se, por exemplo, com tal finalidade: iat a0 substantive principal outro substantivo em forma de © tio Joaquim Moca cabega-de-vento 4) empregar locugdes formadas, quer de raxrosicho + sussraxnivo: Corago de anjo [= angio Indico vom cotagen [= eos quer de PREPougio + aDviinnt0: Jorasl de hoje [= hodiecno} Patas de tris [= teaseiras] 4) substituir 0 adjectivo por um substantive abstracto, que passa a ter como complemento nominal o antigo substantive tuclear. Comparem-se, por exemplo, estas frases: Softeu 0 destino cruel, Sofren a crueldade do destino. 2 A caractetizagio do substantivo pode fazer-se ainda pot meio de uma oragio: @) seja desenvolvide (quando encabegada por pronome reletivo): ‘Hé homens que mo acham nunca a sua expresso. Gilberto Amado, TL, 9.) 2) seja recuzida: Jorge via dor andando no corpo, a febre queimando, o pai jf apodce- a et PO, a febe gs to, 0 pa (Adonias Fitho, LP, 53.) Motfologia dos adjectivos. Poucos siio os aque designam por ivos que podemos considerar mamrivos, ou seja, 8 uma qualidade, sem referéncia a uma subs- angecrivo tiincia ou acgio que a representem>!. B, por exemplo, o caso de, entre Gut brando, claro, enrt, grande, largo, liso, Hare, triste © de boa parte dos adj refercntes a cor: azul, branco, pret, verde, etc. A maioria dos adjectivos € constitufda por aqueles que detivam de um substantive ou de um verbo, com os quais continuam 2 telacionar-se do ponte de vista semantico2, FLEXOES DOS ADJECTIVOS Como os substantivos, os adjectivos podem flexionar-se cm NUMERO, itauno € GRAD. Nimero O adjectivo toma a forma smmGuLAR ou ruuRat do substantivo que ele quilifica: aluno estudioso alunos estudiosos smulher hindu mulheres hindus perfume francés perfumes franceses Plural dos adjectivos simples. Na formagio do plural, os adjectivos simples seguem as mesinas regeas @ que obedecem os substantivos. Plural dos adjectivos compostos. Nos adjectivos compostos, apenas o ultimo elemento recebe a forma de phural: consultétios médico-cirdrgicos Observagio: Exceptuamse: 4) surdo-mudo, que fax srdes-nudss; 2) 0s adjectivos referentes a cores, que sfo invariiveis quando o segundo elemento da composigio € um substantivo: ‘canirios amarelo-ouro institutes afro-asidticos uniformes verde-oliva 1 Gonzalo Sejano El pts ol ice eptie,2. ed, Madi, Gredos, 197, 0s 8 2 “Quanto os wos ue enrim ma formagio dees ajatvon eos og sent 10 Gaplle 6p Jos 184 BRSVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Género O substantivo tem sempre um GENERO, 0 que nfo sucede com 0 adjectivo, assume 0 géncro do substantive. Fe No ponto de vista morfolégico, 0 nko tigo que, na verdade, sio- gulatiza 0 adjectivo como uma parte do discurso diversa das demais € 0 de poder, na das vezes, apresentar duas terminagSes de género, sem ‘que, com isso, seja ume palavra de género determinado ¢ sem que 0 con- ceito por ele designado corresponds a um género real Formagio do femninino. 1, Como dissemos, os adjectives sio geralmente mronars, isto 6 possuem duas formas, uma pata 0 masculino e outra para o feminino: ‘Mascalino Feminino Mascalino Feminino| bom boa mau mi formoso formosa es aua Tindo linda portugues portuguesa 2. © processo de formagio do feminino destes adjectivos € idéntico a0 dos substantivos. Assim: 1.8) Os terminados em -0 étono formam o feminino mudando 0 - belo ela ligeizo ligeira 2.) Os tetminados em -# -é ¢ -or fotmam geralmente o feminino screscentando ~2 ao masculino: cu rua an nua frances francess inglés inglesa encantador encantadora ——-morador moredora -Exceptuam-se, porém: @) dos finalizados em -u: os gentilicos hindu e x4lt, que sto invarid- apgenvo 4) dos finalizedos em -or: 0s comparativos melhor, pior, maior, siperir, inferior, interir, exterior, posterior, ulteria, citerior e, ainda, como multcor, sensabor © poucas. mais, que sio in ‘motor © outeos te 3s em -dor € for, que mudam, gratriz, motriz, etc.; ¢ um pequeno aiimeto que substi balhadér, srabalbadeira, etc. 3-°) Os terminados em -2o formam o feminino em -2 ou em -oua: sto a chorto chorona Beirdo, no entanto, faz n0 feminino beirea. 4°) Os terminados em -ev (com ¢ feckatlo) formam o feminine em wtia: enropen cearopels plebeu plebeia Exceptuamse juden © sandeu, que fazem, respectivamente, judia e sandia. 5) Os terminados em -é (com ¢ aberto) formam o feminino em 0a: ihew ithos tabard, tabaroa 62) _Alguns adjectivos que no masculino possuem o ténico fechado [o], ém de teceberem a desintncia ~c, mudam o o fechado para aberto feminino: brioso briose formoso formosa Outros, porém, conservam no feminino o ¢ fechado {o] do masculino: chocho chocha foseo fosca Adjectivos uniformes. Hé-adjectivos que tém uma s6 forma para os dois géneros. Sio de regra uNwonMEs o: adjectivos: dos quais fancionam também como subs- Maen; astece, celta, israelta, mata, persa; agrt- ola, silica, vincola, cesmopalita, ete. 386 DREVE_GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO minados em -#2 arabe, breve, cafre, doce, bamilde, terresire, torpe, constant, cresente, pedinte, etc.s anidvel, pueril, dgil, reinol, azul, éxul, etca; este 2S0 apenas os comparativos em faipar, maior, saperior, et. 2) paroxitonos terminados em -: reles, simples, etc.s fy terminados em ~gs au, folie, atro, et; {2) texminados em -m grifico: sirgem, ruim, comm, eX¢u Observagio: Fae excepeio: andaliy, fem. andaleqa; bone, fern. bea; espanhol, fer. expa- tie ca ano puted termiadon caf er -0r): Feminino dos adjectivos compostos. Nos AnjEcrtvos composros, apenas o segundo elemento pode assumi a forma feminina: a literatura hispano-americana uma intervengio médico-cirirgica A tinica excepgio € surdo-mmudo, que faz n0 ferninino surda-muda: ‘um menino surdo-mudo uma crlanga surdaemuda Grau A gradagio pode ser exptessa em portugués por processos sinticticos ou morfolégicos. Comparativo e supetlativo. Dois sto os GRavs do adjectivo: 0 COMPARATIVO € 0 SUPERLATIVO. x. O comranamtvo pode indicat: 4) que um set possui determinada qualidade em grau superior, igual ou inferior a outro: Pedro € mais estudioso do que Paulo. ‘Aimao ¢ fo exmloue como (ou quant] Peo. Paulo 6 menos estudioso do que Alvaro. Apgcrivo 187 2) que mum mesmo sex determinada qualidade 6 superior, igual ow infer rior a outta que possui: Paulo é mais inteligente que estudioso. Pedeo 6 wo inteligente como [ou quanto] estudioso, Alvaro é menos inteligente do que estudioso. Dal a existéncia de um comPaRarivo DE suPeRIORIDADE, de um com PARATIVO DE IGUALDADE € de um COMPARATIVO DE INFERIORIDADE. 2. O sursriativo pode denotar: 4) que um ser apresenta em elevado grau determinada qualidade (sv- PERLATIVO ABSOLUTO): Paulo é inteligentissimo, Pedro é muito inteligente, 4) que, em comparagio & totalidade dos seres que apresentam a mesma qualidade, um sobressai por possuf-la em grau maior ou menor que os demais (SuPERLATIVO RELATIVO): Carlos € 0 aluno mais estudioso do Colégio. Joto é 0 aluno menos estudioso do Colézio. No primeiro exemplo, 0 sursRLATIVO RELATIVO € DB SUPERIORIDADE; 0 segundo, DE INFERIORIDADE. Fotmagio do grau comparativo. x, Formase © CoMPARATIVo Ds supERionIpADZ antepondo-se 0 advérbio mais e pospondo-se a conjungio gue ou do que 20 adjectivo: Pedro € mais idoso do que Carlos, Joto é mais nervoso que desatento. 2, Forma-se 0 CoMpanaivo Dg TUALDADE antepondo-se o advérbio ‘#0 e pospondo-se a conjungio camo ou quanto a0 adjectivo: Carlos é to jovem come Alvaro, José € tdo nervoso quanto desatento, 188 DRBVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 3. Forma-se 0 COMPARATIVO DE INFERIORIDADE antepondo-se 0 advéthio aenos ¢ pospondo-se conjungio que ov do gue a0 adjectivo: Paulo é menos idoso que Alvaro. JJoto é menos nervoso do que desatento, Formagio do grau superlativo. ‘Vimos que bé duas espécies de surERLATIVO: ABSOLUTO € RELATIVO. O sureriartvo assovvro pode ser: 44) sixririco, se expresso por uma s6 palavra (adjective + sufixo): amicfssimo acérrimo 3) anazfrzco, se formado com ajuda de outsa palavza, geralmente uum advérbio indicador de excesso — mtito, imensamente, exctraordinariamente, excessivanente, grandemente, ec. muito estudioso Superlative absoluto sintético. excessivamente ficil 1. Fotma-se pelo acréscimo a0 adjectivo do sufixo -fsimo: Sect fectilissimo original originalissimo Se 0 adjective tecminar em vogal, esta desaparece ao aglutinar-se 0 sufixo: belo beltssimo lindo Jindissimo 2, Muitas veues 0 adjectivo, ao receber 0 sufixo -~iisino, reassume primitive forma latina, Assim: 4) os adjectivos terminados em -vel formam © superlativo em -bilfesimo : amével amabilissimo tezrtvel terrbilissimo 9) 08 tctminados em -x fazem o superlativo em -efssimo: capes capacissimo feliz felicisimo seco emminads ca wogal nasal epresntade por -w gifs) foomam ivo em ~nfsive: comum ‘comuntssimo spEcrvo 89 4) os terminados no ditongo -a0 fazem o superlative em -anfssimo: pagio vio 3, Nio suro 4 forme portuguesa do adjectivo difere sensvelmente da latina, da qual se deriva o superlative. Assim: Normal Superlative ‘Normal Superlative amargo amarissimo magnificenttssimo amigo amicissimo antigo antiguissimo enélico Ipeneicenissimo benévolo benevolentissimo cxistio ctstintssimo pessoal personalssimo cruel crudelissimo Prédigo prodigalissimo doce daleiscimo sibio sapieatissimo fel Bdelssimo sagrado sacratisimo fio frigidtssimo simples simplicisimo o gen sgenecalisimo simplissimo inimigo inimicissimo soberbo superbissimo ino © ino representaea simples for 2, difetlino © pa i 3 Hinguagem co uso litetfirio e um tanto precioso. Anotem-se os seguintes: Normal Superlative ‘Normal acre acérrimo may is célebre celebérrimo ti ‘umilde humimo (ox negro ‘humildissimo) integro integérrimo pobre livre ibéceimo salubre salubértimo Superlativo relativo. x. O surenarivo nitanivo é sempre analitico. (© bs sursezonmpape forma-se pela anteposigio do attigo definido 20 ie DREVE ORAMATICA DO FoRTUGUEs CoNTINERORANEO comparativo de superioridade: Bute aluno € 0 mais estudioso do Colégio. Joto foi 0 colega mais leal que conheci. bx INFERIORIDADE fotma-se pela anteposigio do artigo definido ao comparativo de inferioridade: Este aluno é 9 menos estudioso do Colégio. Jorge foi 0 colegs menos leal que conheci. © termo di comparagio é expresso por um complemento nominal luzido pela preposigio de (e também entre, en © sobre), ov por. uma oragio adjectiva res ‘como nos exemplos mencionados. 3, O superlativo relative denotador dos limites da p. ma-se com a posposigao da palavra possive! ou uma expressio (on oragio) de sentido equivalente: © arraial era 0 mais monétono possivel. (Goimaries Rosa, 5, 264.) Ere a pessoa mais cortés deste mundo, ¢ nao deu corpo As suas aver- (Aquilino Ribeiro, V, 34.) Comparativos e supetlativos anémalos. Quatro adjectivos — bos, mau, grands e pequeno— formam o compari tivo e o supetlativo de modo especial: ‘Comparative Superiative Adjectivo de Superiotidade ‘Absotuto Relativo bom melhor éptimo © melhor mau ior péssimo 6 pior grande smaioe mbximo © maior equeno menor sminimo © menoi ADpEcTIvo, 198 Observagbes: 1.4 Quando se compara a qualidade de dois sexes, nfo se deve dizet mais bom, mais max © mais grane, + plar © maior. Posstvel é no entanto, ‘usar as formas analfticas, Vjectivos quando se conftontam duas qua. lidades do mesmo ser: Ele foi mais mau do que desgragado, Ele € bom ¢ inteligente; mais bom do que inteligente. Emm lugar de menor usa-se tambérn mair peguen, que & a forma preferida em, Portugal. 28 A par de dptino, pésina, ms Iatos cogulares: bonfsrime © grande, Begueissiae e muito pequena, 5% Grande © pequino possucm dois superlatives: msior ou 0 mixino © 0 ‘vor ow 0 mbna, imo © minino, existera os supeclativos abso~ 0, malissima & muito man, grandlisime © rit 4° Alguas comparativos ¢ superlativos aio ttm forma normal asada: ‘Superlative ‘supremo ou sumo infimmo péstumo Ultimo ‘supremo (ou sume) € tnfimo poder sex empregadas tivo de alto ¢ baixo, sespéctivamente, Outras formas de superlative, Pode-se formar também o SuPERLATIVO com: 4) 0 acréscimo de um prefixo ou de um pseudo-prefixo, como argui-, extrac, biper-, super, ultras, etc.: arquimiliondrio, extrafne, bibersensivel, per ealtade, wira-répide: 8) a tepetigdo do proprio adjectivo: om Abril de pacers: — 6 lindo, lin (Anténio Patecio, P, 1 4) uma comparagio breve: Isso € claro como gua. (Castto Soromenho, 12 wt d) certas expresses fixes, como padre de u (= excelente, de grandes recursos técnicos), ‘A Zorilda era uma planista de mio cheia. (erberto Sales, DBFM, 120.) Adjectives que nfo se flexionam em grau. Vimos que 0s chamados ApjEcrtVvos DE RELAGKO aio se flexionam em grau, O mesmo se dé com 03 outros adjectivos de tipo classificatério, entre ‘0s quais se incluem os pertencentes as terminologias cienti especifico, unfvoco. As tivo tenha comparativo ¢ superlative, € obviemente indispensével que seu sentido admita vatiagio de intensidade. EMPREGO DO ADJECTIVO Fungées sintdcticas do adjectivo, A rigor, 0 anyecrtvo sé existe referido a um substantive. Conforme se estabelega a selagio entre os dois termos na frase, o ADJEcrIVo desempe- bar a5 FangGes sinticticas de apjinvro ADNOMINAL ou de PREDICATIVO. ‘A diferenga entre 0 aDjEcrIVO em fungio de ADJUNTO ADNOMINAL ¢ © anjecrivo em fungio de Prebicarivo baseia-se, principalmente, eis dois pontos 1.9) O primeico & reR_o acEssonto da orzcio, parte de um rERMo ESSENCIAL ou INTEGRANTE dela; o segundo é, por si préptio, um TERMO ESSENCTAL da ofagio. Se disséssemos, por exemplo: © campo € imenso, © adjectivo predicativo no poderia faltar, pois, sendo TERMO ESSENCIAL, sem cle a oragio no teria sentido. Se disséssemos, no entanto: © campo imenso esti alagado, (© adjectivo imenso setin parte do sujeito, umn dispensivel qualificagio do apjecrivo, ue substantivo que Ihe serve de auicleo, um rERMO, por conseguinte, ACESSS- mio da oragio. 29) A qualidade expresse por um adjectivo em fungio pReprcartva vem marcada no tempo, pot essa relagio cronolégica entre a qualidade e 0 ser é xesponsivel o verbo que liga o adjectivo ao substantivo, Comparem-se estas frases: © bom aluno estuda. Ele esté nervoso, mas era calmo, Na primeira, acrescentamos a nogio de bom & de amo sem tetmos em ‘mente qualquer referéncia& ideia de tempo. Jéna segunda, as nogdes exptessas pelos adjectives nervosa € calmo sfo por nés atribuidas so de tempo mazcada pelo verbo: nervaso, no presente; calnr, no passado. Emprego adverbial do adjectivo. x. Examinemos as seguintes oragics: © menino dorme tranquilo, A menina dorme tranquila, Os meainos dormem tranquilos. ‘As meninas dormem tranquilas, ‘Vemos que, nelas, 0 adjectivo em fungio predicativa concorda em género € ntimero com o substantivo sujeito. Mas verificamos, por outro lado, que, servindo embora de predicativo do sujeito, com o qual concorda, © adjectivo modifica em todas elas a acgio expressa pelo vetbo e assi de alguma forma, um valor também adverbial. Esse valor naturalmente ser4 0 preponderante se, em lugar daquclas construgdes, usarmos as seguintes: © meaino dotte tranquilamente. A menina dorme tranguilamente. Os meninoe dormem tranquilamente. ‘As menines dormem tranquilamente. Aqui, a forma adverbial, invariével, impede a p cordincia, justamente o elo que prendia 0 adjectivo fz aflorar com toda # nitidez © modo por que se pt pelo verbo dormir. DREYE GRAMAIICA DO vORTUGUES CONTENPORANEO 2. I esse emprego do adjectivo em predicados verbo-nominais, com valor fronteitico de advérbio, que nos vai explicar 0 fenémeno, hoje muito generalizado, da adverbislizagio de adjectivos sem 0 acréscimo do sufixo snente Por exemplo, nestas oragdes: Canta 0 canitio de penas de ouro, ‘Alegre canta, Centata triste, Se se leenbratse que livre oxtrore ‘Voava com os outos que andam ld fora. (Alberto de Oliveira, P, IV, 70.) as palavins altgr, triste © liore sio advérbios. Observagio: Embora o adjective adverbiaizado deva permanccer iavatidvel, nfo faltam abonagées, mesmo em bons avtores, de sua concordincia com 0 sujeito da ‘oragio, facto justificivel pela ampla zona de contacto existente, no caso, entre 0 adjectivo ¢ 0 advérbio. Colocagio do adjectivo adjunto adnominal. 1. Sabemos que, na oragio declarativa, preponders 2 ORDEM DIREGTA, que cortesponde & sequéncia progressiva do enunciado légico. ‘Como elemento accssério da oragio, 0 adjectivo em fungio de apjusto ADNOMINAL deveri, portanto, vir com maior frequéncia depois do subs- tantivo que ele qualifica. 2, Mas sabemos, também, que so nosso idioma nfo repugna a ORDEM chamada mvensA, principalmente nas formas afectivas da linguagem'e que a anteposigfo de um termo é, de regra, uma forma de realgélo. 4. Podemos, entio, estabelecer previamente que: 4) sendo a sequéncia sunsranrvo + ADjEcrivo a predominante 10 enunciado légpico, deriva dai a nogio de que 0 adjectivo posposto possui valor objectivo: din triste noite escura ADyECTIVO et Adjectivo posposto 20 substantive. Colocam-se normalmente depois do substantivo: @) 08 adjectivos de natureza classificatéria, como os técnicos ¢ 0s de relagio, que indicam uma categoria na espécie designada pelo substantivo: animal doméstico gua mineral 08 adjectivos que designam caracteristicas muito salientes do subs- » tais como forma, dimensio, cor ¢ estado: terreno plano alga preta homem baixo f ‘mamocizo carregado 4) 05 adjectivos seguidos de um complemento nominal: ‘um programa ficil de cumprir Adjectivo anteposto 20 substantivo. x. De um modo constante, 86 se colocam antes do substantivo: 4) 08 superlatives relativos: 0 melbor, 0 pior, @ maior, © menor: B) certos adjectives mon expresses equivalentes 2 subst bom dia 2) adjectivos que nesta posigio adquitiram sentido especial, como sinples (= mero, s6, tiico); comparem-se: Nessa ocasifo ele cra um simples escrevente [= um mero escrevente). Este escritor tem um estilo simples [= um estilo aito complexe}. 2. Afora esses cas05, 0 adjectivo anteposto assume, em geral, um sentido figurado. Comparem-se, por exemplo: uum grande homem {= grandeaa figuceds] um bomem grande (= grandeza materi tuma pobre mulher [= uma mulher infeliz] ‘uma muther pobee [= uma mulhes 196 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO CONCORDANCIA DO ADJECTIVO COM 0 SUBSTANTIVO. O avjecrivo, dissemos, varia em género € nimero de acordo com o igénero ¢ 0 mimero do SUBSTANTIVO a0 qual se refere. B por essa correspondéncia de flexdes que os dois termos se acham ine- quivocamente relacionados, mesmo quando distantes um do outro na frase. Assim: sxe © mosttrengo, ¢ rodou txés veres, Ties vse tant imando © grow. (Fernando Pessoa, OP, 17.) Adjectivo referido a um substantivo, (© anjzcrtvo, quer em fungio de aDjUNTO ADNOMMNAL, quer em fan- gio de prprcartvo, desde que se tefira a unr nico substantive, com ele con corda em género ¢ miimero. Assim: © Barlo continuava a contar aventaras, pequenos casos que revivia com um prazer doentio. (Branquinhe da-Fonsece, B, 27.) A casa ficon vazia. (Anfbal M. Machado. HR. 231.) Adjectivo referido a mais de um substantivo. Quando © aDjscrivo se associa a mais de um substantive, importa con- siderat: 42) 0 GENERO dos substantivos; D) a FONGKO do adjectivo (ADjUNTO ADNOMMNAL ou PREDICATIVO); ©) _@ rostgko do adjectivo (anteposto ou posposto aos substantivos), condigées essas que permitem a concordincia do adjective com os subs- tantivos englobados, ou apenas com o mais préximo. Examinemos as diversas possibilidades, exemplificando-as. ADJECTIVO ADJUNTO ADNOMINAL © adjectivo vem antes dos substantivos. Regea geral, © avjscrivo concorda cm género e nimero com 0 subs- apjecrvo. a tantivo mais préximo, ou seja com 0 primeiro deles: Vivia em tranguilos bosques ¢ montanhas. ‘Vivia em teanquilas montanhas © bosques. ‘Tinha por ele alto respeito © admiracio, Tinha por ele alta admiragio ¢ respeito, Observagio: Quando os substantivos so nomes préprios ou nomes de parentesco, 0 AbjEcTIVO vai sempre para o plural: Conheci ontem as gentis irma e cunhada de Laura Portugal cultua os feitos dos herdicos Diogo Cio e Bartolomeu Dias. © adjectivo vem depois dos substantivos. Neste caso, a concordincia depende do género ¢ do mimezo dos subs- tantivos, 1. Se 08 substantivos sfo do mesmo género © do singular, 0 adjectivo toma o géneto (masculino ow feminino) dos substantivos ¢, quanto 20 imimeto, vai: 4@) pare o singular (concordancia mais comum): ‘A professors estava com um vestido © am chapéu eseuro, Estudo a lingua e a literatura portuguesa, +) para o plural (concordlincia mais sara): A professors estava com um vestido © um chapéu escuros. Estado a lingua ¢ a literatura portuguesns. 2. Se os substantivos sio de géveras diferentes © do singular, 0 adjectivo pode concordar: ) com o substantivo mais préximo (concordancia mais comum): ‘A professora estava com uma saia e um chapéu escuro. Estudo o idioma e « literatura portaguesa, >) com os substantivos em conjunto, caso em que vai pam o mas- cculino plutal (concordancia mais rara): ‘A professore estava com uma sala e um chapéu escuros. Estado o idioma ¢ a literatura portagueses, 3+ Se os substantivos sto do meswo género, mas de simeror diversas, 0 198 neve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO adjectivo toma 0 géneto dos substantivos, e vai: 2) pata o plural (concordincia mais comusy); Bla comprou dois vestidos e um chapén escuros. Estudo as Hinguas ¢ a civilizagio ibéricas, ») para o mimero do substantive mais ptéximo (concordincia mais rata): Ble comprou dois vestidos © um chapéu escuro. Borudo as linguas e a civilizagto ibérica, 4. Seos substantivos sio de géneros diferentes e do plural, o adjectivo vai: 4) pata o plural e pata o género do substantive mais préximo (con- cosdincia mais comum): Ele compron sais ¢ chapéus escuros. Eatudo os idiomas e as litetaturas ibéricas. 5) pata 0 masculino plural (concordancia mais rata): 5+ Se os substantivos sto de géneras mimeros diferentes, 0 adjectivo pode it: 4) pata 0 masculino plural (concordincia mais comum): Bla compro salas ¢ chapéu escuros, Estudo 0s falares ¢ a cultura portugueses, D) para o género € 0 niimero do substantive mais préximo (concor- Gincie que no é rara quando o wltimo substantive € um feminino plural): Ela comprou sais e chapéu escuro. Estudo o idioma e as tradigSes portuguesas. ADJECTIVO PREDICATIVO DE SUJEITO COMPOSTO Quando 0 adj serve di tituido de subs icativo a umn sujeito méltiplo, cons. es equivalentes), observa, na maioria “ADyBCTIVO 199 dos casos, as mesmas regras de concordiincia a que esté submetido o adjec- tivo que funcione como adjunto adnominal. Convém salientar, no entanto, que: 2) se 08 substantivos género dos substantivos € os substantivos estejam no sin, 8 sto do mesmo géntro, 0 adjectivo toma o referentemente, pata o plural, ainds que ts © livro € 0 caderno sfo novos. ‘A porta e a janela estavam abertas, 3) se os substantivos ormalmente, para o masculino pI sto de géneros diterses, 0 adjectivo vai, O Livro e a caneta sfo novos, ‘A janela © © portio estavam abertos, ‘Mas, nos dois casos, € também possivel que o adjectivo predicativo ptdximo se 0 VERSO DE LIGAGo estiver no singular ¢ anteposto 208 sujcitos, como os exemplos abaixo: Era novo o Livro ¢ 4 caneta, Estava aberta a janela ¢ © porto. Observagées: 18 O adjectivo predicativo do objecto directo obedece, em geral, as mes- sus regras de concordincia observadas pelo adjecivo predicativo do sujeito. ‘oragdes, ¢ a5 palavras tomadas matetialmente, se consideram (plena ow reduzida), 0 adjective predicativo fica no masculine justo que uma nagio venese os seus poetas. E honroso mozrer pela pitia, 11. Pronomes PRONOMES SUBSTANTIVOS E PRONOMES ADJECTIVOS x. Os PRoNowES desempenham na oragio as funcées equivalentes as exer- cides pelos elementos nominais. vem, pois: 2) para reptesentar um substantive: Os campos, que suportaram a longa presenga sola sederico Schmidt, GB, }) pata acompanhar significado: substantivo determinando-Ihe a extensio do —Quanto valem, & capaz de dizer? Leques expanhéis, de seda, de al- guma bisavd do meu tio cénego, com tas de prata € oiro! (Fernando Namora, No primeio caso desempenham a fungio de um substantive , pot isso, recebem 0 nome de PRoNomEs sunsraNrivos; no segundo chamam-se PRONOMES ADJECTIVOS, porque modificam o substantive, que acompanham, ‘como se fossem adjectivos. 2. Hi seis espécies de pronomes: MESSOAIS, POSSESSIVOS, DEMONSTRA- “THVOS, RELATIVOS, INTERROGATIVOS € INDKFINIDOS. PRONOMES PESSOAIS Os pronowus wEssoars caracterizam-se: 1.9) por denotarem as trés pessoas gramaticais, isto & por terem a PRONOMES zor capacidade de indicar no coléquio: (plural); 2.®) por poderem representar, quando na 5.8 pessoa, uma forma nomi- nal antetiormente expressa: Leyantaram Dona Rositio, quiscram levanti-le, embora ela se opa- sesse, choramingasse umn pouco, dissesse que no Ihe era possivel fazé-fo. (Maria Jadite de Carvalho, AV, 137.) .°) por vatiatem de forma, segundo: a) a fungfo que desempenham a oragio; 5) a acentuagio que nela reccbem. Formas dos pronomes pessoais. Quanto & fangio, 2s formas do pronome pessoal podem ser RECTAS ou ostiquas. Recras, quando funcionam como sujeito da oragio; onut- ‘vas, quando nla se empregam fundamentalmente como objecto (directo ou indirecto). Quanto 2 acentuagio, distinguem-se nos pronomes pessoais as formas ‘TONICAS das ArONAS. (© quadro abaixo mostra claramente a costespondéncia entre essas formas: Pronomes pessoale Sasa obliquos nao reftexivos rectos ‘Atonos “Ténicos a me ‘mim, conigo Singular a te ti, contigo dle, ela ©, a, Ihe | ele, ela nbs ‘nos ‘nds, conosco Ploral vos vos 6s, convorco les, 15, 2s, Ihes | cles, clas Formas 2, fo € ne do pronome obliquo. Quando o pronome obliquo da 3.* pessoa, que funciona como objecto 202 suave GRAMATICA DO PoRruGUES coNTEMPORANEO directo, vem antes do verbo, apresenta-se sempre com as formas 0, 4 0s, as, Assim: Nio 0 ver para mim é um suplicio, ‘Nunca a encontramos em cxsa. Joto ainda nfo fez anos; ele 08 faz hoje. Biles a8 tonxerem consigo. Quando, porém, esti colocado depois do verbo € se lige a este por hifen (PRoNOus ENCLInICO), 2 sua forma depende da terminagio do verbo. 1.9) Se a forma verbal terminar em VOGAL ou DITONGO ORAL, empre- BaMSE 0 ay oF as? Louvei-os Louvou-as Louvo-o Louvave-a Se a forma verbal terminar em -r, -s ou -g, suptimemse estas con- pronome assume as modalidades Jo, 1a, los, Jas, como nestes ‘Ve-lo para mim é um suplicio, Encontramo-la em cast. JJoto ainda no fez anos; ficlos hoje. Nio quero vendédlas. © mesmo se dé quando ele vem posposto 20 designativo eis ou aos pronomes or € 105: Rilo sotzidente, ‘© nome nfo vo-lo dice. 5°) Se a forma verbal tetminar em DIrONGO NASAL, 0 pronome assu- me as modalidades 10, na, n0s, nas. ‘Dio-no ‘Tem-nos Poona Trouxeram-nas Observagies: 18 As formas antigas do pronome oblique objecto ditecto eram fo(s) Je(s), provenienses do acusstivo do demonstrat ad (= aeiver Pospostas a formas verbais low aquelas consoantes, que fuzer-lo > fazel-lo > faxt-lo PRONOMES 205 fazes-lo > faxchlo > faxe-lo filo > filo > filo Igual assimilagio soften 0 = de eis, nos © 0s, quando em contacto com o do pronome, 28 Com as formas verbais terminadas em nasal, a nasalidade transmnitin-se 20 # do pronome, que passou a ni facem-lo > fzem-no fasam-lo > fagam-no 54 No futuro do presente ¢ no futuro do pretétitot 0 pronome obliquo ‘o pode sex mvcrirtco, isto &, nfo pode vir depois do verbo. Divs, entio, a sessécuise do pronome, ou seja a sua colocagfo no interior do verbo. Jus- tifica-se tal colocasto por terem sido estes dois tempos formados pela justa~ posigio do infiaiivo do verbo principal e das formas reduzidas, respectiva- mente, do presente c do imperftito do indicativo do verbo baver. © pronome empregavase depois do infntivo do verbo principal, situagto que, em sltima anilise, ainda hoje conserva. B, como todo infinitivo termina em, também gan enum desparee esa consoate ¢ 0 pronome tina ae ‘vendé-loto ' fou mesoclitico destes pronomes, vejase © que dizemos adiante, 20’ tatazmos \ da Covocagio Dos Pnoxonzs opLiquos ATONos. ‘Pronomes reflexivos e reciprocos. i ( x. Quando 0 objecto directo ou indirecto representa 2 mesma pessoa } ow a mesma coise que 0 sujeito do verbo, ele ¢ expresso por um PRONOME, i perLEavo. (© RerLExtvo apresenta trés formas proprias —se, si ¢ consigo—, que se aplicam tanto & 3.* pessoa do singular como & do plural: use rapidamente, Bk Ble fala sempre de si. prego desta designagto para 28 form inoldgies de Ror almente chamadss formas Ge CONDECION? 204 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO pintor nfo trouxe o quadro consigo. les vestiram-se rapidamente. Blas falam sempre de si. : Os pintores nfo trouxeram os quadros consigo. Nas demais pessoas, as suas formas identificam-se com as do pronome obliquo: me, te, nas © 80%. 2, As formas do nurussavo nas pessoas do pi gam-se também pera exprimir a reciprocidade da que a acgio & mtitua entre dois ou mais individuos. 6 pronome & RECIPROCO. es € sé) empre- & para indicar aso, diz-se que Casios ¢ ex absacamo-nos. V6s vos querieis muito, José e Antonio ato se cumprimentam. 3+ Como sio i pode haver am! como a seguint ticas as formas do pronome teciptoco € do reflexivo, ‘dade com um sujcito plural. Por excmplo, uma frase Joaquim ¢ Antonio enganaram-se. pode significar que 0 grupo formado por Joaquim ¢ Anténio cometen 0 engano, ou que Joaquim enganou Anténio e este 2 Joaquim. Costuma-se iemover a duvide fazendo-se acompanbar tais pronomes de expressies reforgativas especiais. Assim: 2) pata marcar expressamente a acgio sefiexiva, acrescenta-se-lhes, conforme a pessoa, a min mesmo, a i mesmo, a si mesmo, etc.: Joaquim ¢ Antéaio engenaram-se a si mesmos. 2) para marcas expressamente n acgio reel expressio pronominal, como 1 ao outro, ws ao Joaquim ¢ Anténio enganaram-se en Joaquim ¢ Aaténio enganaramse um 20 PRONOMES ou um advérbio, como recipracamente, mutnamente: Joaquim ¢ Anténio enganaram-se mutuamente. Nao rato, 2 reciprocidade da acglo esclarece-se pelo emprego de uma forma verbal derivada com 0 prefixo entre: Marido ¢ mulher entreotharam-se. (Witorine Nemésio, MTC, 360.) EMPREGO DOS PRONOMES RECTOS Fungdes dos pronomes rectos. 1: Os PRONOMES RECTOs emptegam-se como: 2) suparo: Nés vamos em busea de luz, (Agostinko Neto, SE, 36.) }) pasprcanivo po supsrro: Mea Deusl, quando serei ta? Glosé Régio, ED, 157) 2, Tue vr podem ser vocanrvos: © 6s, que, no siltacio © no recolhimento Do campo, conversais a s65, quando anoitece,.. (Clavo Bilac, P, 138.) Omissio do pronome sujeito. Os pronomes sujeltos oa, 14, ole (ala), mente omitidos em portugues, porque as regta, pata indicar 2 pessoa a que se refere o pre grammatical (singular on plucal) dessa pessoa: les (elas) 880 sotmal- ss verbais bastam, de , bem como 0 mémero ando escreves: domniu simos artistes voltacam 206 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMFORANEO Presenga do pronome sujeito. Bmprega-se 0 pronome sujeito: 44) quando se deseja, enfaticamente, chamar a atengio pata 2 pesson do sujeito: Eu, niufcaea da vida, ando a mozrer! @lozbela Bspanca, § +) para opor duas pessoas diferentes: Abtagemo-nos ambos contristados, Ele, porque ha de ser, como eu, um velho, E eu, por ter sido ji como ele, um mogo. GBugéaio de Castro, UV, 66.) 4) quando a forma verbal é comum 2 1.8 ¢ & 5.8 pessoa do singular ¢, por isso, se tora necessiio evitar 0 equivoco: E preciso que eu repita 0 que ele disse? E preciso que ele repita o que eu disse? Extensio de emprego dos pronomes rectos. Na Tinguagem formal cestos pronomes rectos adquirem valotes especiais, Enumeremos os seguintes: x O plural de modéstia. Para evitar 0 tom impositive ou muito de suas opinides, costumam os » procuram dar 2 impressio de ideias que expoem so compartilhadas pelos seus leitores ou ouvintes, que se expressam como posta-vozes do pensamento colectivo. A este emprego da 1.8 pessoa do plural pela corsespondente do singuler chamamos PLURAL De wopista. Pe 1 a pe oeupagaes ofcinis em que nos achamos desde r86x a 1867, quer mas «ge Veneruly Eguaor, Pe e Chis, quer me pedir Anis, exam muita ocasito fem semelkante ediglo, pata a at af noe fatavam aiailos. Hsceeeatetaiceetaen ( Adolfo Varnhagen, CTA, 9) PRONOMES 207 Advitta-se que, quando © sujeito nds € um vovmat px Mopistta, 0 predicativo ou participio, que com cle deve concordat, costuma ficar no sin- gulas, como se 0 sujeito fosse efectivamente en, Assim, em vez de: Fiquel perplexo com o que ele disse. podemos dizer: Ficdmos petplexo com o que ele disse. 2. O plural de majestade. © pronome seis de Portugal —e ainda hoje o € pelos simbolo de grandeza ¢ poder de suas fungdes: cera usado ontrora pelos térios da Tgreja— como 'Nés, Dom Fernando, pela graca de Deus Rei de Portugal ¢ do Algarve, fazemos saber... Bo que se chama PLURAL DE MAyESTADE. 3. Fotmula de cortesia (3.% pessoa pela x8). Quando fazxemos um requerimento, por deferéncia 2 pessoa a quem Figimos, teatamo-nos a nés prdptios pela 3.8 pessoa, e no pela 1.4: Fulano de tal, aluno desse Colégio, requer a V. Ex.* se digne mandar passar por certidfo as notes mensais por ele obtidas no presente ano lectivo, 4 O vis de cetiménia, © pronome nés praticamente desaparcceu da linguagem corrente do Brasil e de Portugal. Mas em discursos enfiticos de 2.8 pessoa do plural para se dirigirem termina o seu discurso de in- ‘gresso a Academia das Ciencias de Lisboa: Ainds de longe, pensarei em vés, ¢ pensarci convosco. Serei um dos menores sacerdotes do culto que nos congrega: o da mossa histéria ¢ da nossa Vingua. B, 2 minga do brilho que vos posso dar, poderei das-vos o fervor da minha crenga ¢ a honestidade do mea labor. @N, 56.) Realce do pronome sujeito. Para dar énfase 20 pronome sujeito, costuma-se reforgé-lo: 208 RIVE ORAMATICA DO POKTUGUIS CONTEMPORANEO 1a) seja.com as palavras mesmo © priprio: Tu mesmo serés 0 nove Hércules. (Machado de Assis, OC, II, 548.) ‘Muitas vezes eu proprio me sinto sex o que ela penta que eu tou. (Augusto Abelaira, B, 125:) 1) soja com a expressio invariével é gue: ‘Voots € que motrem, meu alferes, mas nds & que pagamos. (Luandino Vieiss, NM, 63.) Precedéncia dos pronomes sujeitos. jeito composto ha um da 1.* pessoa do singular (eu), & colocé-lo em tiltimo lugar: Catlos, Augusto ¢ eu fomos promovidos. Se, porém, o que se declara contém algo de desagradivel ou importa responsebilidade, por ele devemos iniciat a série: Bo, Catlos e Augusto fomos os culpados do scidente, Equivocos e incorrecgées. 1, Como 0 pronome ee (ela) pode reptesentar qualquer substantivo anteriormente mencionado, convém ficar bem claro a que elemento da frase ele se refere. Por exemplo, uma frase como: Alvaro disse a Paulo que ele chegatia primeizo, € amblgua, pois ele pode aplicar-se tanto a Albaro como a Palo, 2. Na fala valgar ¢ familiar do Brasil é muito frequente 0 uso do Pronome eie(s), ela(s) como objecto disecto em frases do tipo: Vi cle Encontrei ela Embora esta construgio tenha ralzes antigas no idioma, pois se docu- ‘menta em esctitores portugueses dos séculos XII e XIV, deve ser hoje evitada, PRONOWES 209 3+ Convém, no entanto, nfo confundir tal construgio com outras, perfeitamente legitimas, cm que o pronome em causa funciona como objecto diecto. Assim: 42) quando, antecedido da preposigéo «, repete 0 objecto directo enun- ciado pela forma normal atona (0, a, 0s, at): Nio sei se elas me compreendem [Nem te cu as comproendo a elas (emnando Pessoa, OP, x60.) ® quando precedido das palaveas fads ou 462 —Conhego bem todos eles. Hesberto Sales, DBFM, 150.) Contracgio das preposigdes de e em com 0 pronome recto da 3.* pessoa. ‘As preposigées de © em contracm-se com 0 pronome recto de 5.* pessoa chs), ela(s), dando, respectivamente, dele(s), dela(s) ¢ nels(s), nola(s)- A pasta € dele, ¢ nela esté 0 meu caderno, # de norma, porém, nfo haver a contracgdo quando 0 pronome é sujeitos ou, melhor dizendo, quando as preposigdes de e en se telacionam com 0 infinitivo, ¢ nfo com o pronome. Assi Ponco depois de eles safrem, levantei-me da mesa. (Lls Bernardo Honwana, NMCT, 96.) PRONOMES DE TRATAMENTO x. Denominam-se pRONOMES DE TRATAMENTO certas palavras ¢ loct- ges que valem por verdadciros pronomes pessoais, como: sod, 0 seahor, Vossa Excelnia. Embora designem 2 pessoa a quem s¢ fala (isto & a 2.8), esses prono- mes levam 0 verbo para a 3.8 pessoa: —Onde € que voeds vio? (eandino Vieira, NM, 78.) Py AREVE GRAMATICA Do PoRTUGUAS CONZEMPORANED 2 Convém conbecet as abreviaturas com que ‘Abreviaturas Tratamento ‘Usado para: Principes, arquiduques, duques, an ‘Vosse Alteza V.Emt ‘Vossa Eminéncia V. Ext Vosta Exceléncia fem Portugal: qualquer pessoa a quem, fem principio, se quer manifestar grande respeito. V.Mag* Vossa Magnificéncia_Reitores das Universidades VM. Vossa Majestade Reis, imperadores V.BxRevmt Vossa Exceléncia Re- ‘verendissima Bispos e arcebispos v.P. ‘Vosea Paternidade Abades, superiores de conventot V.Rev ——Vosta Revertacia oa ou Sacerdotes em gerel 7 Revs Vosta Revesendlssima 8 Vossa Santidade Papa v. Se Vossa Seshoria Funciontios piblicos graduedos, oficais até coronel; ma linguagem escrita do Bra sil e na popular de Poresgal, pessons de ceriménia, Observagio: 1 _Gano dienes eas formas aplamse pein, il com gin falamos; para a 3.* pessoa, aqucla de quem falamos, usam-se as formas Sua Altexa, Sua Eminincia, etc, ie a Emprego dos pronomes de tratamento da 2.* pessoa. 1, Tue voce. No portugués europen normal, 0 proaome fw é empre- como forma prépria da intimidade. Usa-se de pais para fithos, ios para nctos ¢ sobrinhos, i mente, aproximativa, PRONOMES atx No portugués do Brasil, 0 uso de i xestringe-se 20 extremo Sul do Pais ¢ a alguns pontos da regito Norte, ainda nfo suficientemente delimi- tados. Em quase todo o territério brasileiro, foi ele substitaido por sacé como forma de intimidade, Voré emptega, fora do campo da intimidade, como tratamento de igual ou de superior pare inferior. Beste tltimo valor, de tratament rio ou de supetior para infe- ior (em idade, em classe social, em hierarquia), apenas este, 0 que vocé possui no portugués normal eutopeu, onde s6 excepcionalmente —e em certas camadas sociais altas— aparece usado cotno forma carinhosa de inti- midade. No portugués de Portugal nfo ¢ ainda possivel, apesar de certo alat- gamento recente do sen emprego, usar socé de inferior para superior, em idade, classe social ou hierarquia. 2 senbora (e a senborite, no Brasil, a menina, em ira) so, nas vatiantes europeia ¢ americana do ito on de cottesia ¢, como tais, se opdem at € voeé, em Portugal, ¢ 2 vee, an maior parte do Brasil. Eim Portugal, quando uma pessoa se ditige a alguém que possui titalo profissional ou exerce determinado cargo, costuma fazer acompanhar as formas 0 senhor € a senbora da mengko do respectivo titulo ou cargo: © senhor doutor © senbor capitio ‘Mais raramente, use-se como tratamento 0 titulo nio precedido de senbor, seabora, o que € considerado menos respeitoso que a forma anterior: © engenheiro Neste caso, € mais frequente apor-se 20 titulo 0 nome proprio (primeito nome —o que implica cesta proximidade— ou nome de familia do inter- pelado): © doutor Orlando © doutor © engenheiro Silva No Brasil, estas formas de tratamento sio inusitadas. Aliés, 0 emptego dos titulos especificos, no ttatamento ou fora dele, ¢ sensivelmente maior em Portugal do que no Brasil, onde s6 em casos especialissimos vém prece- didos de 0 sentor. Sistematicamente, s6 se mencionam no Brasil, seguidos dos nomes préptios: aa DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO a) a patente dos militares: © Tenente Barroso © Major Fagundes }) 08 altos cargos © Presidente Bernardes © Principe D. Joro © Embsixador Ouro Preto A Condessa Pereisa Cameiro Observesse que, se Dove tem emprego restrito no idioma, tanto em Portugal como no Brasil, o feminino Dona (também abreviado em D.) se aplica, em principio, a senhoras de qualquer classe social. De uso bastante generalizado em Portugal e no Brasil é Recebem-no nio 86 08 médicos ¢ os que defenderam tese de dou- toramento, mas, indisctiminadamente, todos 0s diplomados por escolas saperiores. Também o emprego de Professor € muito frequente tanto em Portugal como no Brasil, Mas, enquanto no Brasil se aplica ao docente de qualquer gran de ensino, em Portugal uss-se sobretudo para os docentes do ensino priméio do ensino superior. Observagio: ‘As formas soef ¢ 0 sebor (a senbora) empregamvse normalmente nas fungSes de sujeito, de agente da passiva © de adjunto: —Voct amanha nio v4 as exifas (Aguilino Ribeiro, M, 354.) Estava desfeiteado, um portador dele fora (José Lins do Rego, —Delsem-me is com voc8st (Laandino Vieies, NM, ado pelo senhor. rnbor, a senbera (tanto em Portugal como no imbém as fungdes de objecto (ditecto om inditecto), PRONOMES a3 substituindo com frequéncis as correspondentes étonas 0, a ¢ dhe: —Devo a voce ¢ ao doutor Rodrigo. Gorge Amado, MM, 229.) —Eu aprecio muito o senhor ¢ era incapaz de ofendé-Jo volunta- riamente, Rodrigo M. F. de Andrade, V, . Embora o seu emprego, no por- bastante nas titimas décadas, ¢ em P se usa a forma Vosca Exceléncia, oa gem oral, em determinados ambiemtes (por ex.: Academias, Corpo mético) ou situagdes (empregedo de comércio dirigindo-se cl fonista dirigindo-se quem solicita uma ligagio, ete.), sem que aja qual- quer discrimi categoria da pessoa interpelada. Por forms cologuial Vasséncia. Em requerimentos, petigdes, etc, 0 seu uso costuma estenderse a presi- dentes de instituigdes, directotes de servigo ¢ altas autosidades em geral. 2.9) Vossa Senhoria (V. St), & um tratamento praticamente inexis- teate na lingua falada de Portugal ¢ do Brasil. Na lingua escrita, emprega-se ainda em ambas as variedades idiométicas —mas cada vez menos— em cattas comerciais, em requetimentos, em oficios, etc., quando no é pré- prio o tratamento de Vossa Excelénca. As outras formas — Vassa Enintncia, Vossa Maghifictncia, Votsa Santideds, etc. — sio protocolares ¢ 36 se aplicam aos ocupantes dos cargos atrés indicados. 4. Outras formas de tratamento. Frequente no portugues de Portu- gal e muito raro no do Brasil, é 0 emprego de formas nominais antecedidas de artigo em vez das formas pronominais ou pronominalizadas de trata- mento. ‘Sao exemplos dessas formas nominais: 2) 0 nome proprio, seja o de baptismo, seja o de familia: 0 Martins jf lea este livio? 214 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO }) os nomes de parentesco ou equivalentes: 0 pai jé len este liveo? 0 mening jé leu este livso? 4) outros nomes que situam 0 interlocutor em selagio 2 pessoa que fala: —O meu amigo jé leu este livso? —O patio jé leu este livzo? Formulas de representagio da 1.9 pessoa, No coléquio normal, emprege-se gente por nis ¢, também, por eu: Houve um momento entre n68 Em que a gente nfo falou, (Fernando Pessoa, QGP, a2 270.) — Voet nio calcula o que & a gente ser perseguida pelos homens. Todos ‘me olham como se quisessem devora-me, (Cito dos Anjos, DR, 4x.) Como se vé dos exemplos acima, o verbo deve ficar sempre na 3.* pes- soa do singular. EMPREGO DOS PRONOMES OBLIQUOS Formas ténicas. Sabemos que as formas obliquas ténicas dos pronomes pessoais vém acompanhadas de preposigio. Como pronomes, sio sempre termos da ora- gio ¢, de acordo com a preposigio que as acompanhe, podem desempenhar as fangées de: 4) COMPLEMENTO NOMINAL: Vou verme livre de ti... Bernardo Santareno, TPM, 24.) 4) onjeero mwpmncro: —Posso mandar incumbivla de mostrar a ti os pontos pitoteseos de Piratininga, (Cito dos Anjos, M, 302.) PRONOMS ary 2) onjecto pinecro (antecedido da preposigio « © dependente, em geral, de vetbos que exprimem sentimento): Paciente, obseita ¢ dedicads, € a ela que em verdade ex amo. (José Rodsigues Miguéis, GTC, 139.) 4) AGENTE DA PASSIVA: s nossos amores nio serio esquccidos munca, — por mim, esté claro, ¢ eston certo que nem por ti. (Machado de Assis, OC, 1, 688.) 4) Anyunto ApvsrarAn: Eu ji te vejo amanhi a colher flores comigo pelos campos. (Fernando Pessoa, OP, x67.) Observasio: Do eruzamento das duas construgdes pesfeitamente correctas: Tsto nfo é trabalho para eu fazer Isto no é trabalho para mim, surgi ume terceiza: Isto aio trabalho para mim fazer, fem que 0 sujeito do verbo no infinitive assume a forma obliqua. A construgéo parece sex desconhecida em Portugal, mas no Brasil cla est rmuito generalizada na lingua familiar, apesar do sistemético combate que Ihe movem os gramiticos € os professores do idioma. Emprego enfiitico do pronome obliquo ténico. Para se ressaltar o objecto (directo ou inditecto), usa-se, acompanhando lum pronome étono, a sua forma tdnica regida da preposigio a: Ble mio via nada, vie-se a ei mesmo. (Machado de Assis, OC, © Abraveres dava-the razto a ela, em principio... (Urbano Tavares Rodrigues, PC, 202,) Pronomes precedidos de preposi As formas obliquas ténicas ele (la), nbs, v6s, eles (elas) $6 90 neve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO usam antecedidas de preposigdo. Assim: Fer isto para mim, otive com ele agora mesmo. Fai com elas visitar 0 irmao. Normal é também 0 emprego de con és e com vés quando os pronomes vem reforcados por ouiros, aeswns, préprios, todos, ambos ou qualquer numetsl: ‘Teré de resolver com és mesmos, Estava com vés outros. Saiu com nés tsés. Contava com todos ¥és, Observagées: x8 Empregam-se as formas ex e tu depois das preposigbes acidentis afra, Sora, excipa, meses, salse @ tran: Afinal, todos excepto eu, sabem o que sou... (Cito dos Anjos, DR, 43,) 22 A tradiczo gra sconselha 0 emprego das formas obliquas t6nicas Aepois da prepotigio evire, Exemplo: Que diferenga ha entre mim e um fidalgo qualquer? (Gutau Monteiro, FL, 29.) Na linguagem coloquial predomina, porém, a construgio com as formas rectas, construgio que se Vai insimuando na linguagem literiria: Entre eu e tu, ‘Tio profundo € 0 contsato. Que no pode haver dispura. José Regio, ED, Entre eu ¢ minha mie existe 0 (Ribcito Couto, PR, PRONOMES 217 3 Com a preposigio até usam-se as formas obliquas aim, ti, etc.. Curvam-se, agarram a rede, erguem-na até si. ‘(Raul Brandio, P, 154.) Se, porém, atf denota inclusio, ¢ equivale a mesmo, ambém, inclusive, constcbicse com a forma recta do pronome: Pois é de pasmac, mas é verdade, B até en jd tive hoje quem me ofe- recesse champanhe. (Jose Regio, SM, 156.) ‘Formas dtonas. 4% Sio formas préprias do opyecro DIRECTO: 0, a, 05, af: Ble olhowa, espantado, Gerreiza de Castro, OG, I, 481.) Angela dotinava-os a todos, vencia-os. Raul Pompéia, 4, 222.) 2, Sto formas préprias do opjscro mvprrecro: /be, ber: Soube inspirarthes confianga. (Bemardo Santareno, TPM, 84.) 3. Podem empregat-se como oBjsCro DIRECTO ou INDIRECTO: me, Je, nas © B05, 4) osfecro prascro: ‘Quetes ouvis-me um instante, sensatamente? (Urbano Tavares Rodrigues, PC, 153.) 3) onscro neorecTo: —Ninguém te vai agradecer. (Alves Redol, BSL, 355.) © pronome oblique dtono sujeito de um infinitive. Se compararmos as duas frases: ‘Mandei que ele safsse. Mandeio sais. 28 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO verificamos que 0 objecto ditecto, exigido pela forma verbal mandi, & expresso: 4) na primeira, pela oragio gue ele satises +) na segunda, pelo pronome seguido do infinitivo: o sair. B verifi ccamos, também, que © pronome o esté para o infinitivo sair como 0 pronome le pare a forma finita satsse, de qual € sujeito. Logo, na frase acima 0 pro- nome o desempenka # fungio de sujeito do verbo sair. Construgées semelhantes admitem os pronomes me, #t, uns, vor (¢ 0 seflexivo se, que estudaremos a parte). Exemplos: Deixe-me falar. Mandam-te entrar, Fez-nos sentar, ‘Emprego enfitico do pronome oblique dtono. x. Para dar realce ao objecto directo, costuma-se coloct-lo no inicio tepeti-lo com a forma pronominal o (a, 0s, as), como nes- —Verdades, quem € que a8 quer? (Fernando Pessoa, OP, 530.) Note-se que, se 0 objecto directo for constituldo de substantivos de sgéneros diferentes, 0 pronome que os resume deve it pare o masculino plural — ase Se Paolo desejava mesmo escindalo e agitagio, teve-os 4 vontade. (Mario Palmério, VC, 307.) 2. Também 0 pronome /he (Ihes) pode sciteter 0 objecto indirecto colocado no inicio da frase. Comparem-se 03 conhecidos provésbios: ‘Ao médico ¢ ao abade, diga-thes sempre a veréade. © pronome de interesse. Nesta frase: ‘Othem-me para ela: € 0 expetho das donas de casal (Aquilino Ribeito, M, 101.) © pronome me nio desempenha fungio sintéctica alguma. 2 apenas um PRONOMES a9 securso expressive de que se serve a pessoa que fala pata mostrar que est vivamente interessada no cumprimento da ordem emitida ou da cxortagio feta. Este Proome pe nvrzassse, também conhecido por parvo sir1co ou DE PRoverro, é de uso frequente na linguagem coloquial, mas no taro aparece aa pena de eseritores, Pronome 4tono com valor possessive. Os pronomes tonos que funcionam como objecto indizecto (me, te, Ibe, nos, 20s, lbes) podem sex usados com sentido possessivo, pris quando se aplicam a partes do corpo de uma pessoa on a objectos de seu uso particular: Fiscutastethe a voz? Viste-the 0 rosto? Fagundes Vatela, PC, Tl, 272.) Valores e empregos do pronome st. O pronome se emprega-se como: 4) osjacto pinzcro (emprego mais comum): ‘Ao sentir aquela robustez. nos bragos, meu pai tranguilizou-se ¢ tran quillzou-0. (Gilberto Amado, HMI, 124) 3) onecro mvorscto: Sofia dera-se pressa em tomarhe o brago. (Machado de Assis, OC, I, 656) emprego menos raro quando exprime a reciprocidade da acgio: Qs nossos olhos muito pesto, imensos No desespero desse abrago mudo, Confessaram-se tudo! (José Régio, PDD, 85.) 6) supsrro DE uM INERIEvo? ‘Mouta Teles deinouse conduzir passivamente, (oaquim Pago d’Arcos, CVL, 607) 220 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 4) PRONOME APASSIVADOR: (Coelho Netto, O5, 1, 97.) 6) sinpoLo DE INDETERMINAGKO DO SUIEITO (junto a 3.8 pessoa do singulae de verbos intransitivos, ou de tra jomados intransitivamente): Vivese 20 ar livce, come-se do a (Raul Brandzo, P, |) PALAVRA EXDLETIVA (para realgar, com verb espontancidade de uma atitude ou de um movimento do suj «»» Vilo-se as situagdes, ¢ cles com elas. (Adelino Magalbtes, OC, 798.) 2) YARTE INTEGRANTE DE CBRTOS vERBOS que geralment sentimento, ow mudanga de estado: admirarse, arrepender-se a arse, qieixar-se; songelar-se, derreier-s, etc. —Atceva-se. Attevarte ¢ vets (Miguel Torga, NCM, 48,) Observagies: 1 No portugués contemporineo 6 se usa a passiva pronominal quando alo vem expresso 0 agente. 28 Em frases do Vendem-se ca Compeam-se méveis. consideramse casas ¢ méveit 05 sujeitos das formas verbais vexdem © compram, razio por que na linguagem cuidada se evite deixar 0 verbo no singular. Combinagées ¢ contracgées dos pronomes atonos. Quando numa mesma ofagio ocorrem dois pronomes dtonos, um objecto directo e outro inditecto, podem combinat-se, observadas as seguin- tho = thes +o {the =Thes +2 28) pronome s¢ associa-se 2 me, te, nos, 205, Ihe © Ibes (e nunca a a, 4, os, a8). Na esctita, as duas formas conservam 4 sua autonomia, quando antepostas ao verbo, ¢ ligam-se por hifen, quando lhe vém pospostas: © corasio se me confrange... (legirio Mariano, TVP, T, 236.) A aventura gorou-se-Ihe aos primeiros passos. (Catlos de Oliveira, AG, 155.) 5.8) As formas me, te, nos € v0s, quando fancionam como objecto directo, ou quando sio parte integrante dos chamados verbos pronominais, néo recto assume em tais casos a forma ténica preposicionada: — Como me hei-de livrar de ti? (Jost Regio, JA, 85) x8 As combinagées Uo, tha r Does 28 No Brasil, quase aio se usam as combinagées mo, 10, tho, nolo, vale, ‘ete. Da lingua cozzente estto de todo banidas ¢, mesmo aa linguagem literia, 86 aparecem geralmente em escritores um tanto attificinis. Colocagio dos pronomes dtonos. x. Em relagio 20 verbo, 0 pronome iitono pode estat: 4) swotfrtco, isto é, depois dele: Calei-me. 2) PRocttatco, isto & antes dele: En me calei, 2a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANTO 2) wasoctfrtco, ou seja, no meio dele, colocagio que 86 é posstvel com formas do FUTURO DO PRESENTE ou do FUTURO DO PRETERITO: Calae-meci. Calaemeia, 2. Sendo o pronome dtono objecto ditecta ou indirecto do verbo, a sua posicao légica, normal, é 2 ANcLISE: Na segundsecs, 20 ix 20 Mocenal, parecera-the seat pelas costes risinhos ¢ escarnecé-la. A (Bea de Queisés, O, 1, 124) Hi, porém, casos em que, na agua culta, se evita ou se pode evitar essa colocacio, sendo por vezes divergentes neste aspecto a norma portu- guest ¢ a brasileira, Procuraremos, assim, distinguir 0s casos de padcuise que representam 4 norma geral do idioma dos que so optativos e, ambos, daqueles em que se observa uma divergéncia de normas entre as variantes europeia e ameticana da lingua. Regras gerais: x. Com um 66 vetbo. 1°) Quando 0 vetbo esti mo FUTURO DO PRESENTE OW no FUTURO Do PRETERITO, dé-se tio somente a rROcLISE ou a uEsdcLise do pronome: Eu me calarei Calac-me ci. Ey me ealstia Galae-meia, 29), ainda, preferida 2 précuse: @) Nas ozagdes que contém uma palavra negativa (uzo, munca, jamais, inguin, nada, ete.) quando entre ela ¢ 0 verbo no ha pause: Nilo thes dizia eu? (Matio de Si-Carneizo, CF, 548) ‘Nunca 0 vi tio sereno e obstiaado, (Gito dos Anjos, M, 316). 4) nas oragées iniciedas com pronomes ¢ advérbios interrogativos: Quem me busca a esta hora tardin? (Manuel Bandeisa. PP, I, 406.) pRonones 225 Como a julgariam os pais se conbecessem a vide dela? (Crbano Tavares Rodrigues, NR, 23.) 4) nas oragbes iniciadas po: rages que exprimem desejo (opt Que Dens o abengoe! (Bernardo Santareno, TPM, —Bons olhos 0 vejam! exclamov. (Machado de Assis, OC, 1, lavras exclamativas, bem como nas 4), nas oragbes subordinadas desenvolvidas, ainda quando @ conjun- fo esteja oculta: —Prefico que me desdenhem, que me tortutem, a que me deixem s6, (Usbano Tavares Rodrigues, NR, 115.) — Que é que desejas te mande do Rio’ (Afsdnio Peixoto, Re 14) com o gettindio fegido da preposigio em: Em se ela anuviando, em a aio vendo, ‘ise me a luz de tudo anuviava. (Joo de Deus, CF, 205.) 3.°) Nao se dia frvottse nem a pRécuise com os paRrictetos. Quando © anrtciero vem desacompanhado de auxiliar, usa-se sempse a forma oblique regida v'e preposigio. Exemplo: Dada a mim 2 explicasto, saiv. 49) Com os nvmnerrtvos Glo, é licita a pROCUISE on a BN esta sltima colocagio pronomi mesmo quando modificados por nega- ‘embora haja acentuada tendéncia para Canta-me cantigas para me embalatt (Guerra Junqueiro, 5, 118.) Para nio fitilo, deixci cair os olhos. (Machado de Assis, OC, 1, 807.) Para assustélo, of soldados atiravam a esmo. (Carlos Drummond de Andrade, CA, 82.) A incrase é mesmo de rigor quando 0 pronome tem a forma o (prin- 224 BREVE GRAMATIGA DO FORTUGUIS CONTEMFORANEO ipalmente no feminino 2) e 0 memr1vo vem segido da preposigio a: Se soubeste, ao continuaris a Ié-lo, (Rai Barboss, EDS, 743.) Logo os outros, Cemponeses ¢ Operdtios, comegam a imiti-ta, (Bernardo Saatazeno, TPM, 120.) 5.9) Pode-se dizer que, além dos casos exeminados, a lingua porta guesa tende 2 pROciass pronominal: 4) quando 0 verbo vem antecedido de certos advérbios (bem, mal, ainds, jd, sempre, sb, talvex, etc.) ow expressdes adverbiais, © no hd pausa aque 08 separe: ‘Ao despertar, ainda as encontro li, sempre se mexendo € discutindo, (Anibal M. Machado, CJ, 174.) Nas pernas me fiava eu, (Aquilino Ribeico, M, 88.) 8) quando a omgio, disposta em osdem inversa, se inicia por objecto directo ou predicativo: —A grande noticia te dow agors. (Fernando Namora, NM, x62.) Ravodvel the parecia a solugio proposta, 2) quando 0 sujeito da oragio, anteposto 20 verbo, contém o aume- sal amber ou algum dos pronomes indefinidos (ado, ado, algném, ontre, qual- quer, etc): ‘Ambos se sentiam humildes © embarasador. (Fernando Namora, TY, 293.) Alguém the bate nas costa. (Anibal M. Machado, JT, 208.) 4) nas oragies alternativas: — Das duas uma: ow as faz ela ou as fago cu, (Bttau Monteiro, APJ, 39.) 6.2) Observe-se por fim que, sempre que houver pansa entre um ele- PRONOMES aay mento capaz de provocar a PRécuisE ¢ 0 verbo, pode ocorrer a fNcuise: Pouco depois, detiveram-se de novo. (Ferreira de Castro, OC, I, 403.) 2. Com uma locugio verbal. x. Nas rocugdes varpais em que 0 vetbo principal esté no mmr ‘Tivo ou no GEadNDrO pode dar-se: 1.9) Sempre a BNCLISE 20 infinitivo ou 20 gertindio: $6 quero preveni-lo contra as exageragbes do Prdlogo. (Antero de Quental, C, 314.) és famos seguindo; ¢, em torno, imense, Ia desentolando-se @ paisagem, eitmando Cotteia, PCP, 304.) 2.9) A prbcuiss a0 verbo ausiliar, quando oi gidas para a anteposigio do pronome a um s6 ver! 2) quando a locugio verbal vem precedida de palavre negativa, ¢ entre las niio hé pausa: [Rita é minha irms, no me ficaria quetendo mal ¢ acabaria rindo também, (Machado de Assis, OC, 1, 1.031.) —Ninguém 0 havia de dizer. (Aquiliao Ribeiro, M, 68.) as condiges exi- & 4b) nas oragdes iniciadas por pronomes ou advérbios intersogativos: — Que mal me havia de fazer? (Miguel ‘Torga, NCM, 47.) ‘Como te hei de seceber em dia tio posterior? (Cecilia Meircles, OP, 406.) 4) nas rages iniciadas por palaveas exclamativas, bem como nas omgdes que exprimem desejo (optativas): Como se vinha trabalhondo mall Deas nos ha de proteger! 226 BREVE GRAMATICA Do PORTUGUES CONTENTORANEO ) nas oragdes subordinadas desenvolvides, mesmo quando a con- jungio esté oculta: ‘Ao cabo de cinco dias, minha mie amanheceu tio transtosnada que orde- nox me mandassem buscar 20 seminisio. (Machado de Assis, “1, 800.) 59) A Sxeuise 20 verbo auxilies, quando nfo se verificam essas con- digdes que aconselham a PRECISE: ‘Viio-me buscar, sem mastros ¢ sem velas, Noiva-menina, as doidas caravelas, ‘Ao ignoto Pats da minba inftacia.. Flozbela Espanca, 5, A cidade ia-se perdendo A medida que veleizo rumnava paca Sio Pedio, (Baltasar Lopes da Silva, C, 207.) 2, Quando 0 verbo principal esti no ranricteto, 0 pronome tono nilo pode vir depois dele. Vird, entio, rRoctfr1co ou fivctirtco 20 verbo auxilias, de acordo com as normas expostas para os verbos na forma simples: —Tenho-o trazido sempre, 6 hoje € que o viste? (Matia Judite de Carvalho, TM, 152.) —Arrependa-se do que me disse, ¢ tudo the seré perdoado. (Machado de Assis, OC, I, 643.) Que se teria paseado? (Coetho Netto, OS, 1, ‘Quetia mesmo dali adivinhar o que se 1a passado na noite da sua ausée- (Alves Redol, F, 195.) Observagio: A colocagio dos pronomes dtonos no coléquio normal do Brasil, tende préclise, Percce suceder 0 mesmo no portagués falado em Africa, Esta colocagio é, assim, possivel: 4) no infcio de fiases: —Me deseulpe se filet demais. (rico Verlsimo, 4, UL, 487.) ‘PRONOMES 227 ‘Me attepio todo... (Luandino Vieira, NM, 158.) 4) nas oregdes absolutas, principais ¢ coordenadas nto iniciadss por palavra que exija ou aconsclhe tal colocagio: —Se Vossa Reverendissima me permite, eu me sento na rede. (Josué Montello, TSL, 176.) —A sua prima Jala, do Golungo, Ihe mandow um cacho de bananas. (Lusndino Vieira, NM, 54) nas locugdes verbsis antes do verbo principal: Sera que 0 pai nfo ia se dar 20 respeito? (Autran Dourado, 5.4, —Nio, nfo sabes ¢ nfo posso te dizer mais, jd mio me ouves, (Luandino Vieira, NM, 46.) PRONOMES POSSESSIVOS Os Ponones possesstvos acrescentam & ni tuma ideia de posse. Sio, de zegra, pronomes adjunto adaominal antecedido da preposigio de si), mas podem empregar-se como pronom io de pessoa gramatical 8, equivalentes 2 um de nis, de obs, Meu Livro ¢ este. Este livro é 0 meu, ‘Sempre com suas histérias! Fazer das suas, Formas dos pronomes possessivos, Os Rooms rossessivos apresentam tts séries de foi pondentes & pessoa a que se referem. Em cada sétie, estas fo de acordo com o género ¢ 0 miimero da coisa possuida e com 0 a pessoas representadas no possuidor. 238 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPOMANEO ‘Varios possuidores ‘Um possuidor Um ‘Varios objecto | objectos meu meus su pessoa | fom. minba minbas nossas masc. | teu teus ‘vossos 28 pestoa | fem, | tua russ ‘vossas mase. | seu seus seus st pee [Ba | Soe ro na Concordincia do pronome possessive. 1. O PRoNous rossessrvo concorda em géneto € numero comm 0 subs- tantivo que designa o objecto possuldo; e em pessoa, com o possuidor do “objecto em causa: corde com o que Ihe esteja Eo meu corpo, minh’alma ¢ coragio, “Tudo em tisos poisei em tua mio... (Plorbela Espanca, 5, 177.) Posigio do pronome adjectivo possessivo. 0 pronom: apjecrivo Possessivo precede normalmente 0 substantivo que determina, como nos mostcam os exemplos até aqui citados. Pode, no entanto, vir posposto ao substantivo: 1.9) quando este vem descompanhado do astigo definido: Esperava noticias tuas para de novo te escrever. (Anténio Nobre, Cl, 135.) PRONOMES a 2.9) quando o substantivo jé esté detetminado (pelo artigo indefinido ou por numeral, por pronome demonstrative ou por pronome indefinido): Recebi, no Rio, no dia da posse no Instituto, um telegrama seu, de felicitagées... (Buclides da Canha, OC, I, 639.) Note este erro seu: nio ha em mim (que cespirito de rentincia ou de esquecimento de mim (Jackson de Figueiredo, Como ta foste infiel A certas ideias minhas! (Fernando Pessoa, QGP, 83.) consciente) © menor 3.9) nas interrogagoes directas: ‘Onde estais, caidados meus? (Manuel Bandeira, PP, 25.) 49) quando hé énfase: —Tu nfo lustras as unhas! ta trabelhas! tu és digns filha minha! pobre, ‘mas honestal (Machado de Assis, OC, 1, 672.) Emprego ambiguo do possessive de 3.* pessoa. indiferentemente 20 possuidor As formas se sna, sens, suas aplic |, seja este possuidor masculino da 3.8 pessoa do singular ou da 3. do ou feminino, © facto de 0 possessivo concordae unicamente com o substantive deno- tador do objecto possuido provoca, no raro, diivida « respeito do possuidor. Para evitar qualquer ambiguidade, 0 portugués nos oferece 0 recurso de precisar a pessoa do possuidor com 2 substituicto de sex(s), sua(s), pelas formas dele(s), dela sect, do senbor e outras expresses de tratamento, Por exemplo, a frase: Estando com Jilia, Pedso fez comentirios sobre or seus exaimes. comentitios de Pedro podem tem um enunciado equivé tos sobre os exames de Ji sobre os exames de ambi 230 BAEVE GRAMAYICA DO PORTUGUES CONIEMPORANEO Assim sendo, 0 locator deveri expressar-se, conforme a sua intengio: Estando com Julia, Pedro fez comenticios sobre os exames dela. Estando com Julia, Pedro fez comentirios sobre os exames dele. Eotando com Julia, Pedro fez comentétios sobre os exames deles. Reforgo dos possessivos. (© valor possessive destes ptonomes nem sempre & suficientemente forte, Quando hi necessidade de tealgar a ideia de posse —quer visendo A clateza, quet & énfase —, costuma-se reforgi-los: 4) coma palavra préprio ou mesmo: Mais vitidos sigemos e aio tarda (Que eu ache a vida em tua propria morte. (Guimaraes Passos, 1/5, 46.) ‘Bra cla mesma; eram 0s seus mesmos bragos, (Machado de Assis, OC, 1, 484.) 4) com as expressoes dele(s), dela(s), no caso do possessive da 3.8 pessoa: Montaigne explica pelo eeu modo dele a vatiedade deste livzo, (Machado de Assis, OG, TL, 536.) Valores dos possessivos. © PKonome rossesstvo niio exprime sempre uma relagio de posse ou pertinéacia, real ou figurada, Na lingua moderna, tem cle assumido milti- plos valores, por vozes bem distanciados daquele sentido originério, Meacione-s¢ 0 seu emprego: 4) como indefinidos Tinka tido © seu orgulho, a sua calma, a sua cetteza. Qfiguel Torga, V, 236.) 2) pasa indicar aproximagio numérica: DRONOMES ast 4) pata designar um bébit Neste instaate, a Judite voltou-se ¢, abendonando as companheizas, velo esfaxer © cumptimenio com um repente a (Almada Negreizos, Sente-se em todos esses empregos do rossessivo uma cette carga afec- tiva, mais acentuada nos que passamos agora a examinar, Valores afectivos. %, Variados sio 0s matizes afectivos expressos pelos possusstvos. Servem, por vezes, para acentuar um sentimento: 4) de deferéncia, de respeito, de polide —Morrer, meu Amo, 56 uma vez (Anténio Nobre, 5, 106.) Bde intimidade, de amizade: —Dispée de mim, meu velho, estou as suas ordens, bein sabes. (Artar Azevedo, CFM, 6) ©) de simpatia, de interesse (com referéncia a personagem de uma narrativa, a autor de Icitura frequente, a clubes ou associagées de que seja sécio ow aficionado, etc.): Ora bem, deixame transcrever @ meu Saint-Exupéry. emnando Namora, RT, 190.) Onde esti o meu Tenentes do Diabo? Gost Lins do Rego, E, 282.) 4) de ironia, de malicia, de sarcasmo: ‘Todos aqueles santos vardes comiam, bebiam o seu vinho do Porto 2 copa, (ea de Queités, O, I x7) Observe'se que, nos dois iltimos casos, possessive vem normalmente acompankado do artigo definido. 2. De acentuado carécter afectivo € também a construgio em que uma forma feminina plural do pronome completa a expressiv fazer (ou dizer) 232 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO soma das = praticar uma acgio ou dizer algo particular, geralmente passive! de critica: Com aquele génio esquentado & capar de fazer uma das dele. (Castro Soromenho, TM, 175.) Nosio de modéstia e de majestade. Paralelamente ao emptego do pronome pessoal nés por ew nas formulas de modéstia ¢ de majestade que estudémos, aparece 0 do POSsESs:¥0 nots (d) por mew (mina). Compatem-se estes exemplos: 4) de modéstia: Este livso nada mais ptetende ser do que um pequeno enssio. Foi nosso excopo encontrar apoio na histéria do Brasil, na formacio e crescimento da sociedade brasileira, pasa colo 20 i sto da sociedade, insepacivel da 3) de majestade: Mandamos que ot ciganos, assi homeis como mulheres, nem outras pessoas, de qualquer nagio que sejam, que com eles andatem, nfo entrem em ‘noseos Reinos ¢ Senhorios. : (Oxdenagoes Filipinas, livzo V, titulo 65) Vos de ceriménia, © uso do pronome pessoal wir como tratamento cerimonioso aplicado 2 um individuo ou a um auditétio qualificado leva, naturalmente, 2 igual emprego do rossrsstvo eass0 (a). Exemplos: Nunes vosso avé, meu seahor © marido, achou que me no fosse posst- ‘vel compreendet o inimo dum grande portugues. (José Régio, ERS, 65.) Levateis, Senhores Delegados, 20s vossos Governos, a vossa Pétria, sas declaragées que sto a expresso sincera dos eentimentos do Governo ¢ do Povo Brasileiro, Batio do Rio-Branco, D, 98.) ‘Substantivagio dos possessives, Os rossessivos, quando substantivados, designam: PRONOMES 233 eR eter eee eee eee eee Hee 2) no singular, o que pertence a uma pessoa: ‘A apasiga nifo tinha um minuto de eeu, (Alberto Rangel, IV, 61.) 9) no plural, os parentes de alguém, seus companheiros, compatriotas ou correligiondtios: Nio me podia a Sorte dar guatida Por nio ser ea dos seus, (eenando Pessoa, OP, 12.) PRONOMES DEMONSTRATIVOS 1. Os pronouns penonsrnartvos situam a pessoa ou a coisa designada relativamente as pessoas gramaticais. Podem situé-la no espago ou n0 tempo: Lia coisas incriveis para aquele lugar aquele tempo. (Cito dos Anjos, DR, 105.) chamada FUN- rar, demonstra- sronomes. A capacidade de mostrar um objecto sem nom gho pxfctica (do grego deiktikés = préprio parm tivo), € a que caracteriza fundamentalmente esta clas 2, Mas os DEMONSTRATIVOS empregam-se também pata lembrar 20 ouvinte ou a0 leitor 0 que jé foi mencionado ou o que se vai mencionac: A termura nilo embarge 2 discrigao nem Qachado de Assis, 0 © mal foi estes criar os filhos como. (Miguel Torga, V, B a sua ungio anaréarca (do grego anaphoribds = que faz lembrar, ue traz A meméria). Formas dos pronomes demonstrativos. 1. Os PRONOMES DEMONSTRATIVOs apresentam formas vatidveis € formas invariéveis, ou neutsas: 24 axeve GRAMATIGA DO PoxtuGuls CONTEMPORANEO ‘Varlivels Masculine exe estes est exe esses os aquele aqueles aquela 2, As formas varidveis (este, esse, aguele, etc.) podem funcionar como. pronomes adjectivos ¢ como pronomes substantivos Este liveo & meu, ‘Meu livro é este. 3. As formas invariéveis (ito, isso, ago) sio sempte pronomes subs- tantivos. 4. Estes DEMONSTRATIVOS combinam-se com as preposigdes de © em, tomando as formas: deste desta, disto; nese, nesta, nisto; dese, desc, disso; nese, testa, nisso; daguale, daguela, dagnilo; naguele, naguela, naguil. Aguile, aquela e aguile contesem-se ainds com a preposigio «, dando: Agquele, aguela © aquil, 5+ Podem também sct DEMONSTRATIVOS 0 (4, 055 as), mesmo, préprio, semelbante © tal, como veremos adiante. Valores gerais. Considerando-os nas suas relagdes com as pessoas do discusso, podemos estabelecer as seguintes caracteristicas gerais para os PRONOMES DEMONS- sta ¢ isto indica: @) 0 que esté perto da pessoa que fala: Esta casa estar cheia de flores! Ch te espero amanhil Nio te demores! ugénio de Castzo, UV; 59.) 5) 0 tempo ptesente.em relagdo & pessoa que fala: ota tarde para mim tem uma dogura nova. Ribeiro Couto, PR, 83.) PRONOMES 235 —E ts 2.9) Esse, essa e isso designam: 42) o que esté perto da pessoa a quem se fala: esas toas fxlas avals, esse teu ealos, esse siso, essa amizade mesmo ‘nos Sdios que tinbas, procuro-thes em vio $6, que os teus ollos estio fecha. dos para sempre. (Loandino Vieira, NM, 30.) ¥) 0 tempo passado ou futuro com relagio & época em que se coloca fa pessoa que fala: ‘Bons tempos, Manuel, esses que ja Ié viol (Anténio Nobre, 5, 51.) ‘Desses longes imaginacos, dessas expectativas de sonho, pessava cle 0 exame da situacio da Europa em geral e da Alemanha em particular. (Gilberto Amado, DP, 92.) 3:9) Agnele, aquela © aguilo denorarn: @) © que estd afastado tanto da pessoa que fala como da pessoa a quem se fala: —Aquele sujeito mora ali hd muito tempo? Voot deve saber. = Que sujelto? —Aquele que esti escrevendo acold, no jardim da casa de pensio, — nfo vee (Artur Azevedo, CFM, 90.) 4) um afastamento no tempo de modo vago, ou uma época remota: —Naquele tempo era uma boa casa de banho, —Naquete tempo, filho... Ora, naquele tempo! (Matia Jodite de Cacvalho, TM, 41.) Diversidade de emprego. Estas distingSes que nos oferece o sistema tetnério dos demonsteativos em portugues nio sio, porém, rigor Com frequéacia, na linguagem animada, n¢ 236 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO sua ptesenga, Linguisticamente, esta aproximagio mental traduz-se pelo emprego do pronome este (¢ onde seria de esperar esst ow aguele. Sieva de exemplo esta frase de um personagem do romance Fago Morte, de José Lins do Rego, em que © advérbio /é se aplica & sua casa, da qual no ‘momento estava ausente: -—Ea 26 queria estar 14 para reeeber estes cachortos 4 chicote, (Fa, 296.) Ao conteétio, uma atitude de desinteresse ov de desagrado para com algo que esteja petto de nds pode levar-nos a expressar tal sentimento pelo ‘uso do demonstrative esse em lugar de «ste, como no seguinte passo: Tudo ¢ Icito aqui nessa Sumatra, (Jorge de Lima, OC, I, 681,) Outros empregos. x. Este (esta, ito) € a forma de que nos servimos para chamar a aton- Gio sobre aquilo que dissemos ou que vamos dizer (Machado de Assis, OC, 1 ‘Minha tristeza € esta ~~ A das coisas resis. (Pemnando Pesso2, OP, 100.) 2, Para aludimos 20 que usar também 0 demonstrative ene (0 és foi antes mencionado, costumamos ‘Nio havia que pedir de fado nas lojas; a lszeita teria sempre lume. Nisso, 40 menos, o Agostinho Serra abria bem as mios. (Alves Redol, G, 94.) 3 Bute (et, two) & a forma que empregamos quando nos referimos 40 que foi dito por nosso interlocutor: —Voot, perdendo a noite, € capaz de nto dormir de dia? Ji tenho feito ieso. (Machado de Assis, OC, II, 586,) PRONOWS a Imente, usa-se wisfo no sentido de «ention, anesse mo- mento»: Nisto, oavimos vozes © passos, (Augusto Abelaira, TM, 112.) 5» Em certas expresses 0 uso fixou determinada forma do demons. trativo, nem sempre de acordo com o seu sentido bésico. B 0 caso das locu- bes: alto disso, isto 6, isto de, por isso (razarnente por isto), nem por isso. Posigao do pronome adjectivo demonstrativo, 1. © pemonsraarrvo, quando PRONOME ADjEcTIV, precede nor- malmente 0 substantive que determina: Estes homens ¢ estas mulheres nasceram para trabalher, José Saraimago, LC, 327.) 2. Pode, no entanto, vit posposto 20 substantive para melhor espe- ‘ificar 0 que se disse anteriormente: Por outro lado, Si Bina era ainda comadre de Nh6 Felici, pois baptizara tum filho dele, ht poueos anos, flo ease do seguado cassmento, (Ribeiro Couto, G, 145.) para determina 0 aposto, geralmente quando este salicnta uma caracteristica marcante da pessoa ou do objecto: Aslequim ¢ 0 D. Quixote, esse livzo admicivel onde se expetimentam 20 at livre, de dia e de noite, ¢ attevés de todas as eventualidades os preccitos da Honra © das outras teoras, (Almada Negreiros, OC, I, go.) 4- Esse (¢ mais raramente esi) emprega-se também para por em zelevo ‘um substantive que Ihe venka anteposto: © padre, esse andava de coragio em alelaia, (Miguel Torga, CM, 47.) Alusio a termos precedentes, Quando queremos aludir, discriminadamente, a termos jf mencio- 258 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORINHO , seevimo-nos do DEMONSTRATIVO agitlé para o referido em primeiro lugaz, e do DaMoNsrmattvo esté pata o que foi nomeado por wltimo: ‘A teenura nfo embarga a discrigfo nem esta diminui aquela. (Machado de Assis, OC, T, 1.124) Reforgo dos demonstrativos. psaoxsrrantvo de algum, 4) com 0s advétbios a —Espera af, Este aqui jé pagou. Agora vocts & que vio engoliz tudo, se maltratarem este sapaz. (Carlos Drummond de Andeade, CB, 53.) ¥) com as palavias mesmo © priprio: =O Relogio da Sé em casa de Serralheito? ~Esse mesmo. =O da Matriz? —Ezse proprio, (D, Francisco Manuel de Melo, AD, x6.) ‘Valores afectivos. 1. Os psonsraarivos retinem o sentido de actualizacto ao de deter- minagio, Sio verdadcizos agestos verbais», acompanhados em geral de entoa- fo patticular ¢, nio raro, de gestos fisico: ‘A capacidade de fazerem aproximar o ciat 20 espago € no tempo fs pessoas ¢ as coisas a que se referem permite a estes pronomes expressarem vatiados-matizes afectivos, em especial os ieénicos. 2. Nos exemplos @ seguir, servem pata intensificar, de acordo com a entoagio € 0 contexto, os sentimentos de: Pastam vinte anos: chega El ‘Veem~se (Pasmo) Ele ¢ Ela: —Santo Dev: € aquele?!, —Mas, men Devel esta é aqui PRONOMES ay 4) admiragto, aprego: Aquilo € que so homens fortes. errcira de Castro, OC, 1, 154.) ©) indignagio: = tudo claro como 4gua: este cio roubos-me. Acabo ainda hoje com este malandrol Tato 130 fica assim. (Fernando Namora, NM, 193.) 4) pena, comiseragio: Coitada de D. Ritinhal Aquilo € que € mesmo uma santa, (Gastio Ceuls, OR, 442.) izonia, malicias —Eate Bris! Este Bris Nio thes digo nedat (A. de Aletatara Machado, NP, 57.) J) sazcasmo, desprezo: —Depois transformaram a senhora nisso, D. Addl, Um teapo, ama velba sem-vergoata, (Graciliano Ramos, 4, 136,) igao de nota é 0 acentuado valor irénico, por vezes fortemente 0, dos neutros isto, iso e agialo, quando aplicados a pessoas, como nestes passos: Aquilo, aquele pobre homenzinho smarelento, dessorado, chocho... (Urbano Tavares Rodrigues, JE, 158,) ‘Mas, pelos contrastes que nilo raro se observam nos empregos afectivos, podem esses DEMONSrRAMIVOS expressat também alto aprego por determinada pessoa. Assim: —Bonita mulher. Como aquilo vé-se pouco. Ele teve sorte. (Castzo Soromenho, C, x60.) 240 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 4 As formas femininas esta e essa fixaram-se em constragdes elipticas do tipo: Ora essat Essa é boal Eats, nto! Essa ci me fica! ‘Mais’ estal... Esta € final O(s), a(s) como demonsteativo. © pemonsrrativo ¢ (a, of, as) & sempre pronome substantive ¢ empre- gi-se nos seguintes casos: 4) quando vem determinado por uma oragio ou, mais raramente, por uma expresso adjectiva, € tem o significado de aguele(s), agula(s), agile: lngrata. paca os da tersa, boa para os que nto #80, (Carlos Pena Filho, LG, 120.) 8) quando, no singular masculino, equival iso, agailo, e exerce as fangbes de objecto directo ou de predicativo, zeferindo-se a um substantivo, um adjectivo, a0 sentido geral de uma frase ou de um termo dela: © valor de uma desilusio, sabia-o ela, (Miguel Toxga, NCM, 153.) io cuides que nto era sincero, er2-0. (Machado de Assis, OG, J, #95.) Substitutos dos pronomes demonstcativos. Podem também funcionar como DEMONSTRATIVOS a8 palavtas fal, wesm0, briprio © senelbante, x, Tal é pemonsraartvo quando sinénimo: 4) de westen, estar, cistor, cessen, wessar, cisson, caquelen, «aquelar, caguilon: Quando tal ouvi, sespirei.. (Anténio de Assis Jinios, SM, 176.) b) de esemelhantes: Houve tudo quanto se fez em tais ocasiSes. (Machado de Assis, OC, UL, 197.) PRONOMES agr 2. Mesno e priprio sto Dawonsramwvos quando tém o sentido de xexacto», «identico», «em pessoa: Bu nfo posso vivet muito tempo na mesma cass, na mesma rua, no ‘mesmo sitio. (Lasandino Vieira, JV, 62.) —Foi a propria Carmélia quem me fez © convite, (Ciro dos Anjos, DR, 161) 3+ Semelhante serve de pewonsrnarivo de identidade: (© Lucas repaton nisso ¢ docwse intimamente de semethante deseuido, (Miguel Torga, CM, 84.) PRONOMES RELATIVOS ‘Sto assim chamados porque se referem, em regra geral, a um tetmo antetior — 0 ANTECEDENTE. Formas dos pronomes relativos. % Os PRoNostes RELATIVOS apresentam: 2) formas variiveis ¢ formas invaridveis: ‘Varliveis 2) formas si les: que, quem, cao, quanto € onde; e forma composta: 6 qual. 2 Antecedido das preposigées.q € di, 0 pronome onde com elas se aglu= tina, produzindo as formas amde e donde. ays BREVE GRAMAMICA DO PoRTUGUES CONTEMPORANEO ‘Natureza do antecedente. O asmczomvms do PRoNOME RELATIVO pode ser: 2) um sussranmivo: Déem-me as cigatras que ex ouvi menino, (Manuel Bandeira, PP, J, 387,) }) um pronone: Nio sctis tu que o vés assim? (Anténio Séegio, D, 31.) 2) um Apyecrivo: As opinides tém como as frutas 0 seu tempo de maduceza em que se tornam doces de azedas ou astringentes que dantes eram. (Marques de Maticé, M, 166.) 4) um Apviirsro: ‘Li, por onde se perde a fantasia No sonho da beleza; If, aonde ‘A noite tem mais luz que 0 nosto dia... (Antero de Quental, SC, 62.) uma onagio (em regra resumida pelo demonstrativo 0): 86 a febze aumeata um pouco, © que aio admiraré ninguém. (Anténio Nobre, Cl, 143-6.) Pronomes relativos sem antecedente. 1. Os PRoNOMES RELATIVOS quem € onde podem scr empregados sem antecedente em frases como as seguintes: Quem tem amor, ¢ tem calms, tem calma... Nao tem amor... (Adelmar Tavaces, PC, 81.) Passeins onde aio and ‘Andas sem eu te encontrar. ermando Pessoa, QGP, 47.) PRONOMES Denominam-se, entio, RELATIVOS INDEEBWIDOS. 2, Nestes casos de emprego absoluto dos nELArvos, muitos geaméticos admitem 2 existéncie de um antecedente interno, desenvolvendo, para efeito de analise, guem em aguele que, ¢ onde em no lugar em que. Assim, 0 exemplos citados se interpretariam: Aquele que tem amor... Passeias no Ingar em que aio ando... 3+ O antecedente do nxtartvo qranto(s) costuma ser omitido: Hoje penso quanto fago. (Fernando Pessoa, OP, 92.) Fungio sintictica dos pronomes relativos. Os Pronomns Rearivos assumem um duplo papel no perfodo com feptesentarem um determinado antecedente e servirem de elo subordinante dh oragio que iniciam. Por isso, a0 contritio das conjungées, que so meros conectivos, © nfo exercem nenhuma fungi interna nas oragdes por clas introduzidas, estes pronomes desempenham sempre uma fungio sintictica nas oragdes a que pertencem. ‘Valores © empregos dos relativos, Que 2. Que & 0 RELAxivo bésico. Use-se com referéncia a pessoa ou coisa, no singular ou no plural, ¢ pode iniciar oragies ADJECTIVAS RESTRUTIVAS € EXPLICATIVAS: —Nio diz nada que se aproveite, esse rapaz! (Agustina Bessa Luis, QR, 134:) © ministro, que acabava de jantar, fama 2. O antecedente do netattvo pode ser o sentido de uma expressio ou oraglo anterior: E seu cabelo em cachos, cachot d'avas, E negro como a capa das viivas (A maneira o traré das ‘Que 2 Nossa Senhora ficava elo bem!) (Anténio Nobre, 5, 39.) 244 pusve GRaMAniGé DO roRTUGUEs CONTEMPORANEO mg cranes er’ Neste caso, 0 gue vem geralmente antecedido do demonstrative 0 ow da palavra coisa ou equivalente, que tesemem a expressio ou oragio & que (0 RELATIVO se refeze: ‘Achos-te mais prudente que ex me safasse pelos fundos do prédio, o que fz tio depressa quanto pade. (Giro dos Anjos, MS, 328.) 3. Por vezes, o antecedente do gue nto vem expresso: ‘A uma pergunta assim, a rapariga nem sabia que responder. (Miguel Torga, NCM, 184.) Qual, o qual x, Nas oragies ADJECTIVAS EXPLICATIVAS, © pronome git, com ante- cedente substantivo, pode ser substituldo por o qual (a gual, os quai, as quais) : Durante 0 seu dominio, todavia, acentuase a evolugio do Jatim vulgar, falado na pentasals, 0 gual vinha de’ hi muito diversifcando-se em dialectos vvitios. (aime Costesio, FDFP, 42.) 2. Esta substituigio pode ser um recurso de estilo, isto & pode ser aconselhada pela clareza, pela enfonia, pelo ritmo do enunciado. Mas hé casos em gue 4 lingua exige o emprego da forma o gual, Precisendo melhor: 42) 0 RELATIVO gue emprega-se, preferentemente, depois das preposigdes monossilébicas 4, com, de, en © por: ‘A verdade € um postigo ‘A que ninguém vern falar. (Fernando Pessoa, QGP, 21.) 4) as demais preposigées simples, essenciais ou acidentais, bem como as locugées prepositivas, constroem-se obrigatéria ou predominantemente com 0 pronome o gral: ‘Tinha vindo para se liberter do abismo sobre o qual sua negra alma vivia ebragada, (@Migael Torga, NCM, 49.) Una visita de dez minutos apenas, durante 0 quais D. Benedita disse ‘quatro palavras no principio: — Vamos para 0 Nott (Machado de Assis, OC, TL, 316) PRONO} SRO EH eee eee eee eee eee eee ©) 0 qual 6 também a forma usada como partitivo apés certos indefinidos, numerais ¢ superiativos: Cinco cadeiras das quais uma de bragos no centeo do semicireulo, (Costa Andrade, NVNT, 13.) Quem 1. Na lingua contemporinea, quem s6 se emprega com referéncia a pes- soa ou a alguma coisa personificada: Feliz € quem tiver netos De quem ta sejas av6l (Ferando Pessoa, OGP, 118.) ‘A mim quem converten foi 0 sofcimeato, (Coelho Netto, 0, 2. Como simples neLartvo, isto 6 com referéncia a um antecedente cexplicito, quem equivale a «o qual» e vem sempre antecedido de preposicio: ‘A senbora a quem cumprimentara era a esposa do tenente-corone! Veiga. (Machado de Assis, OC, TT, 172.) Cujo igo 6, a um tempo, relativo € possessivo, equivalente pelo sentido a do quel, de quem, de que. Emprega-se apenas como pronome adjectivo € con- cotda com a coisa possulda em género e numero: Convento d'éguas do Mar, 6 verde Convento, Cuja Abadessa secular é a Lua E exjo Padtecapelio € 0 Vento... (Anténio Nobse, 5, 28.) ‘Quanto Quanto, como nidos so, todos (ou indefinido: relativo, tem por antecedente os pronomes indefi- , que podem ser omitidos. Dai o seu valor também Bm tudo quanto olhei fiquei em parte. Fetando Pessoa, OP, 251.) 46 paeve GRamkrtca Do ronTuauis conTHErORANEO Bnire quantos te rodeiam, ‘To no encergas tens pais, (Gonsalves Dias, PCP, 385.) Onde ¥. Como desempenka notmalmente a fungio de adjunto adverbial (= 0 lugar em que, no qual), onde costuma set considerado por alguns gra- méticos ADVARBO RELATIVO: Sou o mer sem bosrasca, onde enfim se descansa. (Antéaio Nobte, 5, 90.) 2. Embora a ponderivel razéo de maior clareza idiomética justifique 0 contraste que a discipline gramatical procura estabelecer, na lingua -culta contemporines, entre onde (= 0 lugar em que) aonde (= 0 lugat a que), cumpre ressaltar que esta distingio, praticamente anulada na linguagem coloquisl, nunce foi rigorosa nos melhores esctitores do idioma. Nio é, pois, de estranhar o emprego de uma forma por outra em passos ‘como 0s seguintes: ‘Vela 20 entrares a0 porto Aonde o gigante estil (Pagundes Varele, VA, 76.) ‘Nto perceberam ainda onde quero chegat. (Alves Redol, BG, 47.) Nem mesmo 2 concorréncia de ambas as formas num sé enunciado: Bla quem é meu corasfo? Respondel ‘Nada me dizes. Onde mora? Aonde? (Heixciza de Puscoaes, OC, I, 14.) PRONOMES INTERROGATIVOS x. Chamainrse INTERROGATIVOS 08 pronomes gue, queen, qual © quanto, cempregados para formular uma pergunta directa ou indirecta: Que trabatho estto fazendo? Diga-me que trabalho esto fazendo, Quem disse tal coisa? Tgnoramos quem disse tal coisa, PRONOMES ae Qual dos livros peeferes? Nito sei qual dos livros preferes. Quantos passageiros desembaccaram? Perguate quantos passageiros desembarcarzm. 2. Os PRONOMES INTERROGATIVOS esto estreitamente ligados aos pro~ nomes indefinidos. Em uns e outros a significagio € indeterminada, embora, ‘no caso dos interrogativos, a resposta, em geral, venha esclarecer 0 que fol perguntado. Flexio dos interrogativos, Os MeTERROGATIVOS que © gient sio invatisveis. Qual flexiona-se em satimero (gual — quais) ; quanto, em género e em mimero (quanto — quanta — = quantos — quantas). Valor © emprego dos interrogativos. Que x. O mrrernocartvo gue pode ser: 4) ptonome substantivo, quando significa aque coisa»: Que tenciona fazer quando sair daqui? (Augusto Abelaizs, TM, 86.) 4) pronome adjectivo, quando significa «que espécie den, e neste caso refere-se a pessoas ou a coisas: ‘Que mal me havia de fazer? (Miguel Torgs, NCM, 47.) 2, Pata dar maior énfase & pergunta, em lugar de gue pronome subs- tantivo, usa-se 0 que: ‘ mundo? O que é 0 mundo, 6 meu amor? Glothela Espanca, 5, 90.) 3. Tanto uma como outta forma pode ser reforgada por é que: —Que é que o seahor esté fazendo? gritou-the, (Clatice Lispector, ME, O que é que ex vejo, nestas tardes tristes? (Teixcita de Pascones, OG, II, 24) reve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANTO Quem t. OINTERROGATIVO quem & pronome substantive e refere-se apenas a pessoas ou a algo personificado: Quem no a canta? Quem? Quem nko = sente? Gorge de Lima, OC, Mas a Tdeia quem 6? quem foi que Jamais, a essa encoberta peregrina? (Antero de Quental, SC, 59.) 2. Em oragdes com o verbo ser, pode servir de predicativo a um sujeito no plural: Sabem, acaso, of 5, quem vio sendo? (Cecilia Meireles, OP, 320.) Qual 1. Osnrernocartvo gual tem valor selectivo ¢ pode teferir-se tanto a pessoas como a coisas. Use-se geralmente como proaome adjectivo, mas nem sempre com 0 substantivo contiguo. Nas perguntas feitss com 0 verbo ser, costuma-se empregar 0 verbo depois de gual: Qual é 6 hotel, em que rua fica? (Crbano Tavares Rodrigues, NR, 76.) 2. A idei qual dos (das ow como a numeral: iva pode ser reforgada pelo emprego da expressio nteposta a substantive ou a pronome no plural, bem Qual dos senhores ¢ pxi dum menino que esti de cécoras no jardim hi sais de mca hora? (Antbal M, Machado, JT, 52) Qual detes tinha coragem pasa comesar? (Fernando Namora, TJ, 293.) Quanto devo? (Graciliano Ramos, A, 167.) Quantas sementes the dis tu? (Remand Namnors, Tj, 158.) PRONOMES ‘Emprego exclamativo dos interrogativos. Estes pronomes sio também frequentemente usados nas exclamagées, que rao passam muitas vezes de interrogagdes impregnadas de admiragio. Con, forme a curva tonal ¢ 0 contexto, podem assumit entio 0s mais variados smatizes afectivos. Comparem-se as frases seguintes: 49 ‘Que inocéncia! Que auroral Que alegrial (Teixeira de Pascoaes, OC, TH, x40.) —Coitadal... quem diria.. quem imaginaria que acabatia assim!?... (Anténio de Assis Jinior, 5M, 52.) —Quais feitios, qual vidal (Miguel Torga, CM, 50.) Ai, quanto veludo e seda, © quantos finos brocados! (Cecilia Meireles, OP, 665.) PRONOMES INDEFINIDOS Chamam-se mpgeamtnos 0s pronomes que se aplicam & 5.4 pes. : rc 8 pessoa gra matical, quando considerada de um modo vago e indeterminado, Formas dos pronomes indefinidos. Os PRowomas iNDERINIDOS apresentam formas varidveis ¢ invatidveis: SEER EE HEHE EL rH Weetpmte ere Caer eee eer Masculino Feminino _ ed gum aguas | algoma —_algumas algeém neokom sentuns | eabume —acobumas | atbpude todo todos toda todas tudo outro ures — | outta omnes cvtrem mito mitos | muita rier ada owes poueor «| pours poucat cae certo enor | tena ets sige vido via vias tanto fate teas guano suena guantas aaalguer Goalgier — gunisquer 250 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUIS CONTEMPORANEO zo tvs cra rCs PO reer Locugées pronominais indefinidas, Dé-se 0 nome de LocugdEs PRONOMINAIS INDEFINIDAS aos grupos de palavras que equivalem a PRONOMeS INDEFINEDOS: cada 10, cada qual, quem (ger que, todo agnele gue, soja quem for, soja qual for, etc. Pronomes indefinidos substantivos ¢ adjectivos. x. Os mpermvtpos algiém, ningutm, ontrem, alge, nada ¢ tudo sb se usazn como pronomes substantivos: BB se alguém fosse avisar a Guarda? (Miguel Torge, NCM, 52.) Ninguém sinda inventou {6sforos contra 0 vento? (Angusto Abela, OPN, 25.) Outeem 2 sepetin fa frase do discurso}, até que muita gente a fer sua, (Machado de Assis, OC, 1, 921.) ‘Minha Teresa tem algo a me dizer, nfo &? Gorge Amado, TBCG, 289.) ‘Mio devo mada 2 ninguém. (Alves Redol, BC, 43.) Tado na vida sto veedades de elagio. (Urbano Tavares Rodvigues, JE, 309.) 2. Algurn, nenbuns, todo, ontro vos que, em certo: . Assim nestes perfodos: ‘Todos estavam admirados. (Castto Sotomenho, TM, 186.) ‘Quando nos tornamos a ver, nenhum teve para 0 outso 2 mfnima palavrs, (Raal Pompéiz, A, 205.) posite, ério, tanto © quanto sho , Se empregam como pronomes 3+ Certo 56 se usa como pronome adjectivo: Certos homens ergueram-se acima do sea tempo, acima da civilizago. (Augusto Abelaica, TAM 79.) 4. Também os inpexnsmnos cada e qualquer, de acordo com a boa t= Aigo da lingua, devem sempre vir acompanhados de substantivo, pronorne ou numeral cardinal: PRONOMES a Cada coisa 2 sen tempo tom seu tempo, (Fernando Pessoa, OP, 206,) Quaiquer caminho Em qualquer ponto seu em dois se (Fernando Pessoa, Valores de alguns indefinidos. Algum ¢ nenhum 2. Anteposto a uim substantivo, algun tem valor positive, #0 contri- tio de nembum: — Com ele podes arranjar alguma coisa. (Castro Soromenho, TM, 248.) Nio havia acie sento aspiragio 4 grandeza verdadcira; nenlum cabo- tinismo, nenhuma vaidade, e sim um compreensivel orgulho. (Augusto Frederico Schmidt, F, 257.) 2. Posposto a um substantivo, algum assumiu, na lingua moderna, significagio negativa, mais forte do que a expressa por nenbun. Em geral, 0 INDEFRUDO adquire este valor em frases onde ja existem formas negatives, como 0, nem, sem: ‘Hi to mortia nagucle dia © alo tinka pressa alguma em chegas a cass, ersciza de Castro, OC, HL, 654.) 3+ Reforgado por negativa, nenbuw pode equivalet 20 INDEFINIDO sm: Esse capitio ndo foi nenhum oficial de patente, mas um auténtico capi- to de terrae mar de Quatrocentos, a0 mesmo tempo piloto dos mares de Norosste e regedor de capitania. (Vitorino Nemésio, CI, 205.) Cada 1 Como dissemos, deve-se empregar 0 iNDEFINIDO cada apenas como 2RoNOME ADJECTIVO. Quando falta o substantivo, usa-se cada unt (nua), cada gual’ 114 no fundo cada um espera 0 milagre. (Carlos de Oliveits, PB, 136.) a2 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Cada qual sabe de sua vida. Gorge Amado, MM, 95.) 2, Cada pode preceder um numeral cardinal pata indicar discriminaglo ntre unidades, ou entre grupos ou séries de unidades: De cada diizia de ovos que vendia, a metade era Iucro. Vinha ver-me cada trés dias. 3+ Tem acentuado valor intensivo em frases do tipo: —Voct tem cada uma! Graciiano Ramos, AOH, 75.) Certo 1. Certo & pronous mpzenstDo quando anteposto a um substantivo. ‘aracteriza-o a capacidade de particularizar o ser expresso pelo substantivo, istinguindo-o dos outros da espécic, mas sem identifeé-lo. Dispes etal, o artigo indefinido. A presenga deste torna a expres- ga ¢ dé-Ihe um matiz afectivo: Silvio aio pede um amoe qulgir,advencio on anime; pede um cesto amor, nomeado ¢ predestinado. a Machado de Assis, OC, TI, 532.) 2. B adjectivo, com o significado de «seguro», «verdadcito», vexacto», iels, econstanten: 4) quando posposto ao substantivo: de ream, d© Pleo certo, seus passos deca de suas lagoasinteviores (Aenaldo Santos, P, 177.) 4) quando anteposto a0 substantivo, mas precedido de prima gradacio: : rae Palais Sesto amigo ¢ Joto do que Pedro, to certo amigo & Jolo como ousa da Silveira, LP, 244.) ‘Nada ima coisa», mas equivale a «alguma coisa» em do ti ‘ecia, perguntava se eu nfo queria nada, (QMirio de Andrade, CMB, 285.) PRONOMES 7 2, Junto a um adjectivo ou 2 um verbo intransitive pode ter forga adverbial: —Nio foi nada cato, tive um grande desconto. (Augusto Abelzira, OPN, 14.) © cavalo nio corren nada. Outro x. Cumpre distinguir as expresses: 4) ontro dia, 01 0 oxiro dia = um dia pasado mas préximo: —Outzo dia fui A casa do Sebasto ¢ Ié accited um café, (Carlos Drummond de Andrade, FA, 209, Contou-me a Ama, 0 outro dia, Que Deus, somente o veria Quem foste Anjo, ninguém mais, (Antonio Corréa dOliveira, M, 92.) 2) mw ontro dia, ow a0 ontro dia = no dia seguinte: No outro dia, de volta do cimpo, encontrei no alpendre Jozo Nogueira, Padilha ¢ Azevedo Gondim, (Graciliano Ramos, $B, 52.) Partin © navio, ao outro dia de maakt. (Manuel Ferzeisa, HB, 135.) 2, Em expresses denotadotas de reciprocidade, como sm ao outro, um do outro, unr para 0 outro, conserva-se em geral a forma masculina, ainda que aplicada a individuos de sexos diferentes: A Judite dava toda a atencio ao seu par, 2 uma distincia perigosa um do outro. (Almada Negeciros. NG, 93.) 3. Outro pode empregar-se como adjéctivo na acepgio de «diferenten, «amndadon, «novon: Eta outro homem, fora fundido noutro cadinho. Gerrcira de Castzo, OC, U1, 93.) Qualquer ‘Tem por vezes sentido pejorative, particulaemente quando precedido 254 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO de artigo indefinido: — Jilio, 4 en te falo assim & porque alo te vejo como um qualquer, Gosé Lins do Rego, E, 255.) A tonalidade depreciativa torna-se mais forte se o indefinido vem pos- posto a um nome de pessoa: Ji nto eta uma Judite qualquer, era 4 Judite do Antunes. (Almada Negteiros, NG, 86.) Todo No Capitulo 9, estudémos 0 emprego do artigo com este mbermapo. Aqui actescentaremos 0 seguinte: 1, No singular ¢ posposto ao substantivo, sade indica a totalidade das vartes: © confito acordon 0 eolégio todo. Gilberto Amado, HMI, 165.) 2, Também indica a totalidade das partes, quando, no singular, antecede 1m pronome pessoal: A case, toda ela, gelava. (Catlos de Oliveira, AC, 81.) 3+ No plural, anteposto ou no, designs a totalidade numérica: Todos 08 homens caminhavam em (Ferreira de Castzo, ‘As culpas todas eram doles; aguentassem com clas! (Aftinio Petzoto, RC, 449.) 4. Anteposto a um elemento nominal, aposto ou predicativo, empre- a-se com o sentido de «inteiramenten, cem todas as suas partesr, «amuitor: Bs toda graga e incompreensio. (Ribeiro Couto, PR, 236.) Tudo Refere-se normalmente a coisas, mas pode aplicar-se também a pessoas: Aqui ma pensio ¢ na casa da lagoa tudo dorme. (José Cardoso Pires, D, 339.) 12. * Para indica ara assinalarmos 6 3 Os 0u objectos (Aquilino NUMERAIS ORDINars uma dada ‘substantivam faciImense: Foi ESPECIES pe. NUMERAIs Tage te quanta série, Bou al que se tornon (Amténio de 4. Os souerars antic, a at MDINCACVOS ilicasio, Podem ide cxacta de cdntaros i. 7 Ribcio, ng)’ © Al lagate 0 zc, 4 primeita de sua, Ace indieam 0 aumeny equivaler a 6 pREVE GRAMATICA DO PORTUGULS CONTEMPORANEO equéncia, a tubstantivos, por virem geralmente antecedidos de artigo: um duplo receber, que € um duplo dar. (Joaquim Manuel de Macedo, RQ, 2) Tinha 0 dobro da minha grossu (Ferreira de Castro, 5. Os NUMERAIS FRAGCTONARIOS exprimem a diminuigo proporcional - quantidade, a sua divisio. Jé pagémos a metade da divida. 586 recebeu dois tetgos do ordenado, umerais colectivos, Assim se denominain certos NUMERAIS que, como os substantivos colec- "0s, designam um conjunto de pessoas ou coisas. Caracterizam-se, 20 tanto, por denotarem 0 mimero de jorosamente exacto. Fo caso ovens, dexens, dicade, digia, centena, cente, astro, mbar, milbire, par. FLEXAO DOS NUMERAIS udinais, 1 Os NUMBRAIS CARDRVAIS sm, doit, € as centenas a partir de digenfos tlam em género: ‘uma auzentos duzentas dois duas trezentos ‘rezentas 2. Millbao,bilio (ox bilbae), trilbao, etc. comportara-se como substantivos zatiam em ntimeso: dois mithées vvinte trilhoes 3+ Amos, que substitui o cARDRSAL. as dois, varia em génexo. ambos os pés ambas as mfos 4 Os outros CARDINAIS sfo invariéveis, NUMER 257 Ordinaie. (Os Nomenars onpnvAts varlam em género e mimero: primeico primeira vigéimo Vigéina primeizos : primeitas vigésimos ‘vigésimas Multiplicativos, x. Os Numanats Muzatruicarivos sio invarifveis quando equivalem ‘2 substantivos. Empregados com o valor de adjectivo, flexionam-se em género ¢ em miimero: Podia ser meu av6, tem o triplo da minha idsde. Coscia tomar 0 remédio em doses duplas. 2 As formas multiplicativas déplice, triplice, etc. variam apenas em niimero: Deram-se alguns saltos triplices, Fraccionatios, 1, Os wunmrats FRAccrONARIOS concotdam com os easdinais que indi- cam 0 aiimero das partes: Subscrevi um tergo ¢ Carlos dois tergos do capital 2. Meio concorda em género com o designativo da quantidade de que & fracgio: Comproa trés quilos e meio de carne, Andou duas léguas e meia 2 pé. Observagion No Brasil, em lugar de meio die meia (bora), diz-se normalmente sia dic ¢ Meio dia ¢ meio... nada de Luzardo. (Gilberto Amado, DP, 147.) 258 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANKO $e IRA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Numerais colectivos. Cardinais Ordinais ‘Todos os numerais colectivos se flexionam em aiimero: Hara cinco die | oa ees dois milheios aquatzo lotsos : ‘lnhentos uingenttsimo stiscentos: seiscentésimo ou sexcentésimo. seteceatoe septingentésinno Quadro dos numerais oltocentos cuneattame novecentos fongentésino ml ralsimo der mil dex milésinos cem mil cen milésimos { ‘am milbfo tailionésono tum bilizo (ou illo) | bilionésimo 1 NUMERAIS CARDMNAIS = ORDINASS | | I i | i 1 u nv v | Valores © empregos dos cardinais. vI i a x. Na lista dos canonvars costuma-se incluir ger (0), que equivale a 1x || um substantive, getalmente usado em aposigio: x déciono intact i * gram zero esinéncia xen # n andécimo ou décimo primeieo a rE ei 2 duodécimooudécimoseguada —* : 5 Aécimo teria i 2. Gem, forma reduzida de ceo, usa-se como uta adjective invasiével: My 14 | quatre aiaee i 5 eécimo gai i om a nines XVI 2 [eres on desneis [gee ate : oe ae xvIL 17 | derassete on dezessete | decane sete dezoito dezanove ou dezenove vinte décimo citavo { Cente € também invatiével. Emprega-se hoje apenas: 1 4) na designagio dos nimetos entre com © dugentor: cento e dois homens cento © duas mulheres 4) precedido do artigo, com valor de substantive: Comprou um cento de basunss, Pagou exo peo conto. de pete. | na expresso com por conto, eee ee ge Ce Meta CeeneeeCece eee seacoast BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ainda conto (otigamente = um milhZo de xéis) no sentido de im Portugal) ¢ «mil eruzeitos» (a0 Brasil): ‘A. gravuta custou dois contos. ‘4. Bilao (que também se escteve ilizo, principalmente no Brasil), significava outrora «um milhdo de milhées, valor que ainda conserva em ‘na Gri-Beetanha, na Alemanha ¢ no mundo de lingua espanhola, No Franga, nos Estados Unidos e cm outros paises representa hoje No Brasil quatorge alterna com caforgt, que é a forma normal portuguesa. Bim Portugal empregam-se normalmente degassit, degarsete © dane, vasian- ‘tes deeusadas n0 Brisil. Valores ¢ empregos dos ordinais. x. Ao lado de primeiro, que & forma prépria do onpuvat, 2 lingua portuguesa conserva o latinismo primo (-4), emptegado: 4) seja como substantive, para designar parentesco (os primos) ¢, na forma feminina (a prima), «a primeira das horas candnicas» ¢ «a mais ele- ‘vada corday de alguns instrumentos; 8) seja como adjectivo, fixado em compostos como obra-prima e matéria- prima, ow em expresses como minteres prirros. 2, Certos oxpmvats, empregados com frequéncia para exprimir uma qualidade, tornam-se verdadciros adjectives. Comparem-se: Um material de primeira categoria (= superior). Um artigo de segunda qualidade [— inferior]. Emprego dos cardinais pelos ordinais. o Numenar oxpmvat é substituldo pelo CARDINAL ‘NUMERAIS GeegSsio VIL (imo Feito Tapio) Gapieulo XT Canto VI (sexto) Tomo XV (quinve) Quando © numeral antecede o substantivo, emprega-se, porém, 0 on- pinat: Décimo século Vigésimo século Tereeico acto Deécimo primeico capftulo Sexto Canto Décimo quinto tomo 2.8) Na numeragio de artigos de leis, decretos ¢ portarias, usa-se 0 ONDEVAL até neve, € 0 CARDINAL de dez em diante: Astigo 1 (pelmeizo) Axtigo 10 (de2) ‘Astigo 9° (pono) i as Gane ‘Antigo 41 (quarenta ¢ um) 3.9) Nas referéacias aos dias do més, usatm-se os CARDTNAIS, salvo na designacio do primeico dia, em que é de regra o onprea, Também na indi- cagio dos anos ¢ das horas empregam-se 0S CARDINAIS. Chegatemos ts seis horas do diz primeiro de maio. Sto duas horas da tarde do dia vinte ¢ oito de julho de mil novecentos, ¢ oitenta © trés, 4°) Na ennmeragio de paginas ¢ de folhas de um livro, assim como smentos, quactos de hotel, cabines de navio, poltronas de 5 ¢ equivalentes empregam-se os CARDINAIS, Nestes casos de palaven mimero: Casa 31 (trinta © um) Apartamento roz (cento ¢ dois) Quarto 18 (dezoito) Se o numeral vier anteposto, usa-se 0 ordinal: ‘Terceira pgina Segond cab Citava folba péaima. prim ‘Trigésima primeira case sasve Gnasdrica Do PORTUGUES CONTEMPORANEO I NUMERAIS MULTIPLICATIVOS B FRACCIONARIOS Fraccionérios duplo, dobro, adplice meio ou metade iplce ‘ergo quarto ‘guint texto sétimo oitevo ‘nono décimo ‘undécimo ou onze avos duodécimo ou doze avos centésimo | saprego dos multiplicativos. Dos muzsiexrcamrvos apenas dobro, diplo e triple so de so corrente 5 demais pertencem & linguagem eradita, Em seu lugar, empregase © imeral cardinal seguido da palavsa vegas: quatro vezes,oito veges, doze ves, et mprego dos fraccionétios. | a. Os nunnais FRaccionAnros apresentam as formas proprias mio a metads) e tergo. Os detnais sio expressos: | a) pelo onpnvat conrespondente, [ala gure, eit, dine iin, ets 1b) pelo canonxan cosrespondente, seguido da palavra avos, quando ‘onpavan uma forma composta: érege ais, dezoito aves, vinte ¢ trés avos, sto ¢ quinge avos. 2. Bxceptuando-se vio, os Numunars FRaccronknros vem antecedi- los de um cardinal, que designa o mimero de partes da unidade: am tere, ‘rés quintos, cinco tree aves. 13. Vetbo NOQOES PRELIMINARES __ Wanno ¢ uma palavea de forma variével que exprime o que se passa, isto & um acontecimento sepresentado no tempo. Na oragio exetce a fun ho obrigatéria de predicado. Assim: ‘Um dia, Aparicio desapareceu para sempre. (Angesto Meyer, 5, 25.) Como estavam vethos! (Agustina Bessa Luis, 5, 185) Anoitecera jé de todo, (Carlos de Oliveita, AC, 19.) Flexies do verbo. © verbo apresenta as vatiagées de NUweno, de mussoa, de movo, de ‘muro, de asrecro ¢ de voz. Nimeros. Como as outras palavras variiveis, 0 verbo admite dois mimeros: SINGULAR € 0 PLURAL. Dizemos que um verbo esté no singulat quando cle se refere a uma 36 pessoa ou coisa ¢, no plural, quando tem pot sujeito mais de uma pessoa ou coisa. Exemplo: Singular cestudo estudas cesruds Plural estudamos cestudais cestudam 264 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO =____SBvt_ naire v0 rontuauts contmuroninzo Pessoas. matical que Ihe serve de sujeito, 1. A primeira € aquela que fala € cosresponde aos pronomes pessoais (singular) € nés (plural): estudo cstudamos 2 A segunda & aquela a quem se pessoais fu (singulat) e 24s (plural): cestudas fala © corresponde 20s pronomes cestudais 3. A terceima ¢ aquela de quem se fala € corresponde aos pronomes pessoals eh, ela (singular) e els, elas (plural): cstuda cestudam Modos. que toma 0 verbo para indicar sposigo, de mando, etc.) da pessoa que fala em relacio 20 facto que enuncia, Hi trés miodos em portugués: 0 INDICATIVO, 0 CONJUNTIVO € 0 TSfFRRA- THO, Dos seus valores ¢ empregos tratamos, com 0 nécessério desenvolvi. ‘mento, adiante, neste mesmo Capitulo, onde também estudamos a5 FoRwas vetbo: 0 INFINITIVO, 0 GERUNDIO € 0 PARTICEFIO, Tempos. ‘Tenro &a vata pelo vetbo, #80 que indica o momento em que se dio facto expresso Indicative simples: esfudaria . omposto: feria (0% harris) eae (ou baja) estudado Conjuntivo 2 Heese (ow homesse) estado simples: estader Furuso (eee iver (ox bower) etidade 2 estude (woot), estademas (068), TImpeativo — Present: id, (et oo) Aspectos. iferente i € da you, 0 AsrECTO wie tor ce mms to devia oil 0 setae Somidera& nqio expceea plo verbo». Pode ee consider como Joc conde untada no ee termi, no eeu results 08 desc asl Bowie on seja, observada na sua dutagio, m0 ‘ Be ists se verifica em portugués entre. as ae ee leas om mat qu-rEnrv4 Geum do € 95148 cassifcadas como rurras, de outro. i icalmente, cS divide © verbo, gramatica 5S tama algansertadioos aga 0 266 Bnav GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO conceito de asrecro, nele inciuindo valores semfaticos pertiaentes 20 verbo ou ao contexto. ‘Assim, nestas frases: Joo comegou a comes. Joo continua a comer. Joo acabou de comer. iio ha, 2 bem dizer, uma oposigio gramatical de aspecto. Eo prdprio signi- ficado dos auxiliares que transmite 20 contexto os sentidos mNcoarrvo, PERMANSIVO ¢ CONCLUSIVO. Dentro dessa lata conceituacio, poderiamos distinguir, entre outras, as seguintes oposigées aspectuais: 14) ASPECYO PONTUAL | ASEECTO DURATIVO. A oposigéo aspectual caractetiaa-se neste caso pela menor ot maior extensio de tempo ocupada pela acgio verbal. Assim: Aspecto poatual Acabo de lee Os Lusfadas. Aspecto durativo Continuo a ler Os Lustadas. 28) ASPEGTO GoNTiNUO/ ASPEGYO DESGONTiNO. Aqui a oposigio aspectual incide sobre 0 processo de desenvolvimento da accio: Aspecto continuo ‘Vou lendo Os Lusfadas. “Aspecto descontinuo Voltei a lee Os Lusiadas. 3#) ASPECTO mYCOATIVO / AsrEGTO coNCLUSIVO. O aspecto incoativo exprime um proceso considetado em sua fase inicial, 0 aspecto conclusive ‘ou terminativo expressa um processo observado em sua fase final: Aspeeto incoative Comecei a ler Os Lustadas, Aspecto conclusive Acabei de ler Os Lusiadas. 3+ Sto também de natuteza aspectual as oposigées entre: 4) FORMA smmpus / pmR{PRASE DURATIVA: Leio Eatou Tendo (ou estou a ler) A. perifease de estar + canGnp1o (ou meenamvo precedido da pre- posigto 4), que designs’ o easpecto do momento rigoroso> (Said Ali), esten~ de-se a todos os modos ¢ tempos do sistema verbal e pode ser substitufda ‘yenso 267 por outras perifrases, formadas com ds auxiliares de movimento (andar, ir, vir, viver, etc.) ou de implicagéo (continuar, fcar, et Ando tendo (ou a let) Continuo tendo (ou a ler). ‘Vai lendo. Ficou lendo (ou a let) B) Ser festars Ble foi ferido. Ble esth ferido, A oposigio ser | estar corresponde a dois tipos de passividade. Ser forma 4 passiva de acgio; estar, a passiva de estado, 4+ Como veinos, tais oposigdes basciam-se fandamentalmente na diver- sidade de formagio das pecifrases verbais. ‘De um modo getal, pode-se dizer que as petifrases construides com 0 vanrictero exprimem o aspecto acabado, conclaido; ¢ as construidas com (0 INFINITIVO 04 0 GERONDIO expressam 0 aspecto inacabado, nfo concluido. ‘Dos seus ptincipais valores aspectuais trataremos adiante ao estudarmos 08 VBRBOS AUXILIARES € as FORMAS NoMmNAIS do verbo. Vozes. © facto expresso pelo verbo pode set representedo de trés formas: como praticads pelo sujeito: Joto fesiu Pedro. Nilo vejo ross neste jardim, » como se/rids pelo sujeito: Pedro foi ferido por Joto. Nio ec véem [= sio vistas] rosas neste jatdim, como praticad ¢ sofride pelo sujcito: Joto feriu-se, Dei-me pressa em sair, No primeito caso, diz-se que 0 verbo esté pa voz AcrIVA; no segundo, ‘na YOu PASSIVA; no terecito, na VOX REFEEXIVA, ‘Como se verifica dos exemplos acima, o objecto directo da voz ACTIVA corresponde ao sujeito da voz PASSIVA; €, na VO7 REFLEXIVA, 0 objecto di- 8 BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUBS CoNTEMPORANEO to ou indirecto é a mesma pessoa do sujeito, Logo, para que um verbo mita transformagio de vor, € necessério que ele seja TRANSIIVO. ‘Vou passiva. Exprime-se a vor PAssrva: 2) com © VERBO AUXILIAR ser e 0 paRrIcfeto do vetbo que se quer auger: Pedro foi ferido por Joao. 4) com 0 PRONOME APASSIVADOR se © uma terceira pessoa verbs, gulac ou plural, em concordéneia com 0 sujcito: Nio se v@ [~ é vista] uma rosa neste jardim. Nio ee véem [= sto vistas] rosas neste jardin, Vor refiexiva. Exprimese a voz nerumxiva juntando-se is formas bais da vor activa os pronomes obliquos me, f mvs, ws © s¢ (singular ¢ tal): Ba feriome (ou me fert) [= a mim mesmo] 1s frend (ot fees } Ble feriu-se (ou e feriu) és ferimo-nos (ou nos ‘V6s feristes-vos (ou vos 2 ¥6s mesmos) ‘les feriram-ve (ou se feriram) [=a si mesmos] ceevagiies: ESAS An Eee Sia Ea, ca es gw cbs com mp seh ern a a ta a ea phils feyeEA Sila strm wd Qs pais vinham acompanhados dos filhos. 1 Nas formas da vou rassiva o panmicfozo concorda em género e atmero om 0 su) Eles foram feridos, ‘Elas foram feridas, ‘vanno 269 Formas rizoténicas e arrizoténicas. Em certas formas verbais o acento ténico secai no radical. Assim: ando andas anda andam ande andes ande andem ‘Em outras, 0 acento ténico recai na terminagio. Assim: andamos andais andou andar andemos andeis andava andaré As primeiras damos 0 nome de roRMas atzorésicas; a segundas, de FORMAS ARRIZOTONICAS. Classificagio do verbo. x, Quanto & FuRxKo, o vetbo pode ser REGULAR, IRREGULAR, DEFEC- ‘Ivo © ABUNDANT. Os RncutaRss flexionam-se de acordo com 0 PARADIGMA, modelo que representa 0 tipo comum da conjugagio. Tomando-se, por exemplo, cantar, ‘vender © partir como paradi 3:8 conjugagbes, verificamos que todos 08 verbos regulares da 1.* conjugacio formam os seus tempos como cantar} 08 da 2.¥, como vender 0s da 3.8, como partir. fo IRREGULARES 0s verbos que se afastam do paradigma de sua conju- gagéo, como dar, estar, fazer, ser, pedir, ir e varios outros, que no lugar pré- prio estudaremos. ‘Vernos Dermcrivos sio aqueles que nfo tém cettas formas, como abolir, _falir ¢ woais alguns de que tratemos adiante, Entre os DEFECTIVoS costumam, ‘08 gramiticos incluir os unr especialmente os muenssoass, usados : chaver, ventar, etc, que possuem duas ou mais formas equiva- ia ocozte no patticipio. Assim, 0 verbo acei- ‘er apresenta os patticipios acstads, artite e aceite; 0 vetbo entregar, os parti- cipios entregado € entregue; 0 vetbo matar, os pacticipios matado morto. 2. Quanto & uNgio, 0 verbo pode ser PRINCIPAL OW AUXTLTAR, Principat € © vetbo de significagio plena, nuclear de uma oragio Assim: Batudel portugués, oe BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 0 do singular do presente do indi- singular do imperieito (cantana), ito (cantara) € do Futuro do pretérito (eantaria) do indica- mesmas pessoas do presente (cane), do imperteito (cantasse) inlar) do conjuntivo, assim como nas do infinitive pessoal 8 DESINENCIA PESSOAL, na 3.4 Ivo no caso em que a falta de DesméwerA iguala duas pessoas de. um s6 tempo, perturbando a clateza, a austncia de qualquer desses elementos lexivos ¢ sempre um sinal particularizante, pois caracteriza a forma lacunosa velo seu contraste com as que no 0 séo. Formagio dos tempos simples. Como artificio didético para apreenderse 0 mecanismo das conjuga- Ses, admite-se que o verbo apresente ttés tempos pRmurrtvos, sendo 0s mutros deles DERIVADOS. So tempos primitivos: 0 PRESENTE DO INDICATIVO, © PRETERITO PER- EXO DO INDICATIVO € 0 INFINITIVO TAPESSOAL, Derivados do presente do indicativo. Do PaESENTE Do mepICartvo formatn-se 0 IMPERFEITO DO INDICATIVO, ) PRESENYE DO CONJUNTIVO € 0 IMVERATIVO. 1.2) Thaxaverto Do mprcantvo. E formado do radical do presexrs sexescido: 4) na 18 conjugagio, das terminagies ~ava, -avas, ~ana, ~évamos, -dovis, mam (constituldes da vogal temdtica -a- ++ sufixo temporal -ta- + desinén- ins pessoais); -* conjugagio, das terminagies -ia, -ias, ic, ~lamas, -feisy iam da vogal temitica ++ sufixo temporal -a- + desinéacias -* conjugasio, das mesmas terminagées da 3.*, por ter 2 vogal passado a -i- antes de -a-. Radical do presente cantava Pretéeito cantavas imperfeito do posouiaae indicative on Observagio: Fogem 2 regra acima os verbos ser, ter, sir e pln, que fazer no IMPRAPEITO 74, tnbe, vinha © pra, cespectivamente, 2.9) Present po conjosrtvo. Forma-se do radical da 1.* pessoa do presente do indicativo, substituindo-se a desinéncia -o pelas flexées préprias do presente do conjuntivo: -e, -er, -e, emo, -s, em, nos verbos da 1.8 con- jugagios -2, ~2, -2, ~amor, -ais, am, nos verbos da 2.8 ¢ da 5.* conjugagio. Assim: Presente do | 2 conj 22 conjugagio | 3.* eonjugagio ae jugagto | 2 conjugaga ngage 1 pessoa do singular canto ‘vend-o arto cant vend parte antes vendas areas Presente do cante venda pata conjuntivo eantemos veadamos | paramos cancels vend-ais pareais eantem vvend-am partam Observacao: Dentre todos os verbos da lingua apenas os seguintes no obedecem a regra anterior: hater, ser, estar, dar, ir, querer e sabe, que fazem no presente do conjuativo: hajay soja, ese, dé, wd, gueira © saiba. de 2.8 pessoa do singular e 2.8 pessoa do plural, deri tes do presente do indicativo com a supressio do -s final a Bneve GRAMATIGA DO PORTUGUES CONTEMBORANEO ee eee Ba On Dbvervagies: 1 Exceptuase 0 verbo ser, que fez sf (tu) e sede (v68), 25 Costamam perder 0 -¢ na 2.8,pessoa do singulac native os verbos dizer, fager, razr © os texminados cm tu faze (ov faz) ta, traze (0% frag) tu, adn (0 edi) tu, sradie (ox trade) 8. {irmativo, bem como todes as do equivalentes do presente do con- lo usado. ‘As outras pessoas do. imper: mperative negativo, sfo suprida intivo, com © pronome posposto, Desivados do pretérito perfeite do indicativo. Do tema do preniniro renrmiro formam-se os seguintes tempos sim- sles: 1.9) © MAIS-QUE-PERFECTO DO INDICATIVO, juntando-se as terminagbes = sufixo temporal -ra-+ desinéncias pessoais): -ra, ~ras, -ra, -rasmos, -rei, ram: Modlad do peut [== Solngsto | 28 eniegasto | 38 onan ‘ vogaliemitica ae ved wees! canta-ra vende-ra partixa Sere eeeeCetaeee ttt Pret : nico, | Soe | wea | Rew ieuerpeteh | creme: | vendbamo | putiaamos ccanté-scis ‘vendé-reis particreis came | veedemm | paren ft Radical do perfeito an - fixo temporal ~sre--+ desinéncias pessoa ssem: 20 conjugasao | 3° conjugagio i vogal temética vende- parti { vende-sse parti-sse : peas vendesses | parti-sses | imperfeito do vendesse parti-sse i ‘conjuntivo vendéssemos | part-ssemos | vendésseis | partsscis | vende-ssem | purthssem I 5:°) © FUTURO DO CoNJUNTIVO, juntando-se as terminagies (= sufixo temporal -r + desinéneias pessoais ee eee ‘ Radical do pereto | 1 conjugasto | = conjugasio | 3° conjugesto ‘vogal temética can vvende- pase canter vvende-r partic, ee canta res veade-res partcres i cunts vende-r parti conjuntive cantatmos | vende-rmos | partiamos cantardes vendexdes | parti-rdes cantare vende-rem | partisemn Observagbes: AO ni ls peta petal epee a wee in eee peo pode, gepimindose a des ~ puse(ste) ppseinos) isnivoe vo es sc concn pes cvltaraea froquente con cstabeloco nos poucos verbos can uc a formas so distintas: figer — ager; for-—-ser} snber—aber eter 216 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Derivados do infinitive impessoal. Do mirmvrrtvo micrsssoar. formam-se os dois FUTURO sratrzxs do indi- cativo, © INFINITIVO PESSOAL, 0 GERGNDIO ¢ 0 PARTICIPIO. las terminagdes sti, os Futuro do presente vvender-eis ‘vender-30 | 2.9) © FUTURO DO PRETERITO, com o actéscimo das tetminagbes -ia, sins, ia, fanos, es, iam: Infinitive impessoal Futuro do pretérito Observagies: 128 Nio seguem esta regea os verbos dizer, fazer ¢ drazery cu FUTURO DO PRESENTE € DO PRETKRITO SHO, respectivamente: dir Soria; trae, troia. verso a7 © acréscimo das desinéncias pessonis: m: T® conjugagio | 2° conjugagio | 3.° conjugagio Infinito impessoal enue vvendee pattie enue vender eantares venderes canter vender Tafinitvo pessoal contar-mos | venderamos | partirmos cantar-des vender-des partic-des cancar-em venderem | partirem 49) © cexinpio forma-se substituindo-se 0 sufixo -r do infinitive pelo sufixo -ndo: 1? conjugagio | 2* conjugagio | 3." conjugagio cantar vende pace Infinitive impessoal Gertindio cantando veade-ndo partizndo 5.9) © vanrictero forma-se substitaindo-se 0 sufixo -r do infinitive pelo sufixo -de, sendo de notar que, por infiuéncia da vogal temitica da 5.4, a da 2 conjugagio passou a ~F: 1 conjugagio | 2* conjugagio | 3° conjugagio Imfinitivo impessoal cantar vender pate Participio caatido: vendi-do partido, Observagto: 18 Os verbos diger exrever, fer mam 0 PARTicin irregulatmente inde, Dos cerivados exclui-se prover, BREVE GRAMATIGA DO PoxTUGUES CONTEMPORANEO VERBOS AUXILIARES E O SEU EMPREGO x. Os conjuntos formados de um verbo auxiliar com um verbo princi- Ul chamam-se Locugées vernAts. Nas LOCUGHES VERBAIS conjuga-se ape- 1s 0 auxilinr, pois 0 verbo principal vem sempre numa das formas nominais: > paRTictet0, 10 GERENDIO, OU M0 INFINITTYO IACFESSOAL. 2. Os auxmuranss de uso mais frequente slo Jer, haver, er ¢ estar. ‘Ter e haver emptegam-se: 2) com o PARrIcivr0 do verbo principal, para formar os tempos com- pstos da voz activa, denotadores de um facto acabado, repetido ou con- ‘Tenho feito exercicios. Haviamos comprado livros. 4) com o metnrrivo do verbo principal antecedido da preposicio +, pata exprimir, respectivamente, a obsigatoriedade ou o firme propésito realizar o facto: ‘Tenho de fazer exercicios. ‘Havemos de comprar I Ser empregs-se com o ranticirto do vetbo principal, para formar os smpos da voz passiva de acgio: Exercieios foram feitos por mim. Livros serfo comprados por nés. Betar emprega-se: a) com o Paxtrcfero do verbo principal, para formar tempos da vor assiva de estado: Estou arrependido do que fiz. ‘Estamos impressionados com o facto. 4) com 0 Gexdxpto, ou com o menvtrrvo do verbo principal antece- ido da preposigio a, para indicar uma acgio durativa, continuada: Estava ouvindo misica, Estava a ouvir misica, 4) com o mmo do verbo principal antecedido da preposigio vyenno 279 ara, para expsimie 2 iminéncia de um acontecimento, ou 0 intuito de realizar 2 acgio expressa pelo verbo principals O avillo estd para chegar. Fi cias eston para vise lo, 4) com 0 mrmmivo do verbo principal antecedido da. preposigio ‘er, pasa indicar que uma acgio que jd deveris ter sido tealizada ainda nfo © trabalho esta por terminar, 3+ Além dos quatro verbos estudados, outros hé que podem funcio- nar como ainiliares, Estfo neste caso os verbos ir, vir, andar, far, arabar ¢ mais alguns que se ligam ao wwenvtrivo do verbo principal para expressar ‘matizes de tempo ou para marcer certos aspectos do desenvolvimento da acgio. Assim: Tr emprege-se: 4) com o GBRONDIo do verbo principal, para indicor que a acgio se realiza progressivamente ou por etapas sucessivas: © navio ia encostando a0 exis (pouco a poues) (Os convidados iam chegando de automével (sacessivamente), 4) com o menrstvo do verbo principal, paca exprimir o firme propé- se de executar a acgio, ou a certeza de que ela scré realizada em futuro préximo: ‘Vou procurar um médico. © navio vai parti. Vir emprege-se: 2) como GxRUNpIo do verbo principal, para indicar que a accio se desenvolve gradualmente (compate-se a construgio similar com ir): Vinha rompendo a madmugada, Venho tratando deste assunto. an00 28 Compate-se & construgio paralela com esfar: (© trabalho esti por terminar. Acabar emprega-se com o marvrrtvo do verbo principal antecedido a preposigio de, pata indicar uma acgio recém-conclaida: © avito acabou de atertar. Dbservagio: tragho de extar (ow ander) gerindio, preferida no Brasil, € x mais Na lingua modecma de Portugal predomina a construsto, formada de estar (ou endar)+ preposicto a-+ infinitive: Eston a ler o Quixote. ‘Andava a escrever um romance, CONJUGAGAO DOS VERBOS TER, HAVER, SER E ESTAR MODO INDICATIVO Presente tenho bei son estou ens his & estis tem 1M é sth tomos hevemos somos estamos tendes aveis sos estais| rem hao 0 esto Pretérito. imperfeito tinha era stava tinhas eras cstavas tinh era estava ‘tishamos haviamos ramos cestévamos uoheis havieis ercis estiveis, ‘inhsm haviam exam, estavam Pretétito perfeito tive houve fui estive tiveste houveste foste cstiveste teve houve foi steve tivemos houvemos fomos cestivemos tivestes houvestes fostes tiveram houveram foram 280 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO a indicat movimento em iF um acto: 4) com o emtrivo do verbo princi dircegio 2 deteeminado fim ou intengfo de Velo fazer compens. Vieste interrompersme 0 trabalho. para expressar of ‘Vien a saber doseas coisas mt Velo a dar com os burros nigua. 4) com 0 mrixrrtvo do verbo principal antecedido da preposigiio de, para indicar 0 término recente da acgio: Viemos de tratar desse assunto. Vinha de chegar de Aveiro, Esta tiltima construgio, 4) bons escritores do idioms, tem galicismo, desde 0 século passado se documenta em condenada por a Andar, i semelhanga de estar, emprega-se com 0 GENGNDIO, ou com 0 ego dunntiva, co Ando lendo os clissicos. Ando a ler os eléssicos, Ficar, além de se juntar ao panticir1o para formar a voz passiva deno- longa do que a expressa por esr; compacemse: Ficava cantando Ficava a cantar Estava cantando Estava a cantar +) com o memmrivo do verbo principal antecedido da preposigio por, pata indicar que uma acgko que deveria ter sido realizada no o foi: © trabalho ficou por terminar, BREVE GRAMATIGA DO POI veils CONTEMPORANEO 7 vvenno, 283 Pretérito mais-que-perfelto tivera ouvert fors cstivera rataa tiveras hoaverss foras ctiveras houveres sivera hoavera fora cestivera houver yéramos ‘howvéramos foramos cstivéramos houvermos formos Svéreis houvércis fBrcis estivéceis hoaverdes fordes tiveram hhowveram foram cestiveram tivecem houverem forem Futuro do presente MODO IMPERATIVO PE SCH EEE Peer eee See ee Sear cee terei averel setci cstaret A exis haveris serls ceotards Afsmativo tend avert serd estas tem (@esnsado) se ex ‘teremos hnavesemos sexemos cextarer0s a ge oa con a havecnlt aod a tenhamos Ihajamos sejamos cestejamos a Easel sett catarto tende havel sede esta tenham Ihajam sejam estejam Futuro do pretérito ieghiaeal haveria seria = haverias series anfo teahas fo sejas bavetie setla sao tenha ‘alo seja ‘haveriamos sediamnos fo tenbamos slo. sejamos " baverteis serfeis 2 a hale ae i haveriamn sesiam cover freee: io hajes ao estejas ‘to aja ilo est MODO CONJUNTIVO eas liasmse ne | no hajais rio estejais do hajam nto. estejam Presente cestivesse estivesse cestivéssemos cestivésseis cestivessem FORMAS NOMINAIS Sisnsnnnny Inno ter teres ter termos terdes Infinitive impessoal aver ser estar Infinitive pessoal aver ser haveres seres haver set havermos sermos hhaverdes serdes hhaverem serem be DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Gerindio tendo havendo sendo estando. Pasticipio tido havido, si estado ormagio dos tempos compostos, Entre os TEupos comrostos da ucles que sf0 6 slublos aos proprios His os tempos em causa: MODO INDICATIVO 29) Prenéarro rervztro composro. Formado do PRESENTE DO INDI stzvo do verbo Jer com o partictero do vetbo principal: eee eC eer eee tento cantado tenho vendido tens cantado tens vendido tem cantado tem vendido ‘emos cantado temos vendide femos. partido tendes cxntado tendes vendido tendes partido tém cantado t@m_vendido tém partido ee eee Eee eee Eee 29) Preni FO MAIS-QUE-PERFEIYO ComPosro. Formado do mMPER- To Po iNprcartvo do verbo /er (ou baver) com 0 PaRricioro do verbo cipal: vyenno, 3) Furuno po parsers composrd. Formado do Furuno SENTE siutpLxs do verbo ier (ou aver) com o PaRxtctero do verbo terei cantado texei vendido ters cantado ters vendido tera cantado teremos cantado teremos vendido tereis cantado tereis vendido tetio cantado teslo vendido teteis partido ‘eto pactido 4°) “Foruno po pnsnintro cosposro. Formado do Furuno DO PRE- ‘vérrro smaptxs do verbo ‘er (ou baver) com 0 PARTI! ‘cizto do verbo principal: teria cantado terias cantado teria cantado terlamos cantado terieis cantado teriam cantado teria partido terias partido teria partido MODO CONJUNTIVO 19) Paenintro perrarro, Formado do rrusaxrs do coxjuvmvo do ‘verbo ‘er (ou baver) com 0 panrictoro do verbo principal: ‘tenba cantado 2.9) Pruméerro mats-qui-rearEiro. Formado do nepERvEtro DO CON yoxnxvo do verbo fer (ou aver) com 0 ranticizro do verbo principal: tvesse cantado tivesses cantado tivesse cantado tivéssemos cantado tivéseis cantado tivessem cantado tivesse vendido tivestes vendido tivesse vendido tivéssemos vendido tivésseis vendido tivessem yendido tivéssemos partido tivésecis. partido tivessem pai 386 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 3.9) Fururo composro. Formado do Furuno stMpies D0 CONJUN- ‘avo do verbo fer (ou baver) com 0 anttctero do verbo principal: river partido i tiveres partido tiver cantado tiver partido tivermos centado tivermos partido tiverdes cantado tiverdes partido tiverer cantado tiverem pastido FORMAS NOMINAIS 1.9) INFINITIVO IMPESSOAL CoMPOSTO (PRETéRITO IMPESSOAL). For mado do uxrmmivo taressoan do verbo fer (ou haver) com o rARticiero do vetbo principal: ter vendido ter partido ter cantado 2.9) INFnurtvo Passoax comPosto (ou PREYERITO nESS0Ar). Formado do mmrnretvo ressoax do verbo Zer (ou haver) com o rARricfr1o do verbo principal: ter cantado. ter vendido ter partido teres cantado teres vendido teres partido tee cantado. ter vendido ter partido termos cantado termos vendido ‘termos. partido terdes cantado terdes vendido terdes. partido terem cantado terem vendido terem partido 3°) Genéxpro composto (prsnfnrro). Formado do curéxpro do ‘verbo “er (ox barr) com o raxrictero do verbo principal. tendo cantado | _ tendo vendo | tendo partido yanvo 287 CONJUGAGAO DOS VERBOS REGULARES Como dissemos, sio REGULARS 03 verbos que se flexionam de acordo com 0 FARADIGMA da sua conjugagfo. Assim, tomando os verbos cantar, sender @ partir como paradigmas, respectivamente, da v8, 2.4 ¢ 3.4 conjuga- es, verificamos que todos os verbos regulares da x.* conjugagio formam os seus tempos pelo modelo de canter; os da 2.8, pelo de vender; os da 3.8, pelo de partir. CONJUGACAO DA VOZ PASSIVA Modelo: ser lowado MODO INDICATIVO Presente sou louvado (2) Pretétito imperfeito Pretétito mais-que-perteito (composto) 208 Reve GRAMATICA po PoRTUGUEs coNTEMPORINGO ERB 289 Futuro do presente (simples) FORMAS NOMINAIS Infinitivo impessoal presente Infinitive impeasoal pretésito ser lowvado (a) ter sido louvado (2) Infinitivo pessoal presente Infinitive pessoal pretérito set louvado (a) seres louvado (2) ser louvado (2) sermos louvados (-as) serdes louvados serem Iouvados (as) Gerdindio presente sendo louvado (a, -0s, -28) tendo sido louvado (a, -08, -as) [ Participio Touvado (a, -08, -28) ‘Observagbes: 1 $6 hd uma forma simples na vox passive, que € © rantictoro, Colo- ccumos, fo entanto, entre paténteses, as designagées starts CoMPOSrO para lembrar a comrespondéncis das formas assim aomeadss com as dt voz activa que apresentam semelhante oposigio. 28 Na vor passiva nto se usa © IMPERATIVO, Verbo teflexivo ¢ verbo pronominal, tenham sido louvados 1. Muitos verbos sio conjugados com pronomes étonos, & semelhanga dos reffexivos, sem que tenham exactamente 0 sen sentido, Sio os chama- dos vsrnos Pronoxavars, de que podemos distinguir dois tipos: Futuro (simples) for loavado (a) louvado (2) Touvado (4) mos louvados rdes louvados ( forem louvados (38) 4) 08 que s6 se usam na forme pronominal, como: apiedar-se queixar-se condoer-se suieidar-se 290 BREVE GRAMANICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 4) 0s que se usam também na fotma simples, mas esta difete ou pelo sentido ou pela construgio da forma pronominal, como, por exemplo: debater [= discatit] Acbaterse [= agitar-ce] enganar alguém cenganar-se com alguém 2, Distingue-se, na pritica, 0 verbo reflexive do verbo pronominal porque ao ptimeizo se podem accescentar, conforme a pessoa, as expresses a min mesmo, a fi mesma, a si mesmo, etc. Quando o reflexivo tem valor reci- roco, as expressdes reforgativas passam a ser wm a0 outro, reciprocamente, mintoamente, ete. Conjugagio de um verbo reflexivo. Pareceu-nos desnecesstrio darmos 9 modelo da conjugagio de um verbo #eflexivo, porque o pronome stono que os acompanha se coloca de aeordo com as notmas que indicamos no Capitulo 11. Note-se apenas que, quando 0 pronome vem enclitico 2 uma forma verbal da 1.* pessoa do plu- sal, esta petde 0 -r: Javamo-noe lavemo-nos. CONJUGAGAO DOS VERBOS IRREGULARES Irregulatidade verbal. x. A incegularidade de um verbo pode estar na flexéo ou no radical Se examinarmos, por exemplo, 1.4 pessoa do PRESENTE DO INDICATIVO dos verbos dar e medir, vetificamos que: 4) a forms dow no recebe a desinéncia n +) a forma mero apsesenta 0 radical meg, apatece no INFINIHIVO € em outras formas do mdbira, etc. -0 da referida pessoa; do radical med-, que + medsir, med-es, medi, 2. Num verbo irregular pode haver determinadas formas perfeita- mente regulates: dana, davas, dava, dévames, davis, davas; media, medias, media, medianos, medicis, median. 3. Para mais ficil conhecimento dos vetbos isegulares, convém ter em mente o que dissemos sobre a formagio dos tempos simples. Excep- ‘verno 29 tmando-se a anomalia que apontimos na conjugagio dos vetbos dar, estar, Lbaver, querer, saber, ser c ir, a ixtegulatidade dos demais & sempre constante za forma de cada um dos grupos: 1 grupo 20 grupo 3° grupo Pres, do indicative | Pretérito perfeito do indicativo | Futuro do presente Pres. do conjuntivo | Pret. muis-que-pert. do indicative | Futuro do pretérito Imperative Petérito impesteito do conjuntivo Fatuzo do conjuntivo Atentando-se, pois, aes formas do rnusnwre, do rmsréairo mearsiro © do FoTURO Do PRESENTE do MODO INDICATIVO, sabe-te se um yerbo € ou allo icregalas e, também, como conjugé-lo nos tempos de cada um dos txts grupos, Inregulatidade verbal ¢ discordincia griica. E necessétio nifo confundir irregularidade verbal com certas discordin- cias gréficas que aparecem em formas do mesmo verbo ¢ que visam apenas 4 indicat-lhes a uniformidade de prontincia dentro das convengdes do noss0 sistema de escrita. Assim: 2) 08 wetbos da madam estas letras segue um -¢2 fear — figuei chegar — cbegueci 5) os verbos da 2. ¢ da 3.4 conjugasio cujos radicais terminem em -¢, -g € -gu mudam tais letras, respectivamente, em -f, +f e -g sempre que se Ihes segue um -0 ou um -a: ‘conjugagio cujos tdicais terminem em -¢,-f, €-¢ espectivamente, em -91, -¢ gu sempre que se Ihes justigar — justices estar — restarga — restargaa sestringjr —restrinjo — restrinja ecxctinguir — extingo — extinga encer — vengo — venga tanger — tanjo — tanja ergier —~ ergo — erga Sto, como vemos, simples acomodagies grificas, que no implicam irtegulatidade do verbo. VERBOS COM ALTERNANCIA VOCALICA Muitos verbos da lingua portuguese apresentam diferengas de ‘na vogal do radical conforme nele recaia ou niio o acento ténico. aREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 292 yen at tengas no sio exactamente as mesmas na variante europela ¢ na variante 1 Conjugaga ua portuguesa, devido sobretudo 20 fenémeno da redugio tec te yba ftona, a que nos referimos no capitulo sobre Fonética SEE PEE EPH -EEEE-CEeEreecerr cere ere Pee EEE LeeEE EEE ¢ Fonologia. Assim, as formas tea ¢ has — com [fo] fra 9 porta quae Cagle Tmaperativo wués normal de Portugal ¢ com [c} semi-fechado no Lr - Sontmpdem-se hr, leas, ae lesa, coma ¢semi-aberto i ‘Afiemativo Negativo regais —com [a] no portugues de Portugal e com (o] se eve tagués do Brasil — opdem-se rage, rages, raga © regan, com leves leva sao leves ‘As vees a alterndncia vocilica observi-se nas préprias fo . leve leve ho leve Por exemplo: subo, em contraste com sobes, sobe e sobem; fire, em oposigio 2 a a i borigad forts, fer fren, lever tevern io leven ‘Por softerem tais mutagbes vocélicas no radical, esses verbos, ou melhor, cos pertenéentes 2 3.* conjugagio, vem de regta incluidos no elenco dos loge \VERROS IRREGULARES. Campre ponderar, no entanto, que essas alternincias ogres ieee Mio caracteristicas do idioma; os verbos que as apeesentam nfo formam oa lowe cexcepsdes, mas a norma dentro da nossa complex morfologia. Togreis logrsi ‘Uma palavra deve ainda sex dita com referencia aos verbos de qualquer [_togeem logrem conjugagio que tém no radical a vogal a. se observa nenhuma alternincia na referida ‘No portugués de Portugal, porém, a vogal radical 4, suj artizoténicas 20 fendmeno de redugio vocilica, apresenta, regularmente, 0 7 Javan; lave, laves, lave, levers (com ‘a tonico aberto [a]), mas lavames, lavais; laveros, laeis; lavai (com a preténico semifechado, ‘Quando a vogal radical é2 nasal [6], grafada an ou am, no se regista qual- quer alternincia nem ao portugnés do Brasil nem no de Portugal, pois a vogal & sempre semi-fechada, como se disse no Capitul im: canto, anit, cantanwos, cantemos, etc. (sempre com [i]. Feitas essas considersgdes, examinemos os principais tipos de alter- incia voedlica dos verbos em que existem formas rizoténicas: 0 PRESENTE DO INDICATIVO, © PRESENTE DO CONJUNTIVO, 0 IMPERATIVO AFIRMATIVO € © IMPERATIVO NEGATIVO. Verificamos que, no primeizo, A vogal fechada [2] do portugnés normal de Portugal e & semifechadia {e] do portugués normal do Brasil, que apare- cem ma 1.8 2.8 pessoas do plural, corresponde a semi-aberta i 8 do plural. No segundo, hé uma mi do portugués normal de P do Brasil, exist [9] nas formas Observagies: 1A Seguem o modelo de lar os verbos da 1.* conjugasio que tém ¢ get a menos que esta vogal: je prosunciado [ef] no portuguts do Portugal — como em sbeirar, por exem- enopenbo, enpenbas, portugues de Por ‘com [a] sas as eonsoante palatal, apresentam a vogal [e] no portugues do fu} nas art 2.8 Conjugagio Indicativo Conjuntivo @) pertence 2 verbos terminados em -aar, como wear: 190, ‘como no de Portugal, com fo] mas BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO +s 08 verbos ingjar, embrechar, frechar © vexar, dentre 0s cin que 40 ¢ 3¢ ‘nas formas rlzoténicas. yora nilo se enquadze em nenfuma das excepsbes apontadas, o vetbo ‘eus detivados, como achigar, canagar, etc.) conserva ® vogal semi- ‘presente presente devo deves deve devemos devels deve ‘moves movas move alo movas move mova mova silo mova ‘movemos movamos movamos ao movamos moveis movais movei ‘ako movais move ‘movam movam fo movam ‘verso 295 Verificamos que: 42) no PRESENTE DO INDICATIVO, as formas rizot6nicas apresentam uma alternincia da vogel semi-fechads [e} ¢ [0] da das [2] © [u] do portugués de Portugal e as semi-fechadas [e] ¢ [o] do por- tugués do Brasil. }) no PRESENTE DO CONTUNTIVO, © portugués do Brasil mantém em todas 2s formas a vogal [e] ou [0], conservada no portugués de Portugal ce nas formas rizoténices, pois nas artizotGnicas sc dé a tedugio nor- 3} ov, [u] no IMPERATIVO ARIRMATIVO, a 2.* pessoa do singular, em cosres- fechada [c] ow [0], mas as formas arrizoténicas apresentam a redugto a [3] ou [ul Observaghes: 1A Seguem 0 modelo de dever os verbos da 2.* conjugasio que tem « geifico no radical, com excepsio: 4) do verbo gurer, cujo PRESENTE DO CONSINETVO é incegular (guia, gucrar, ‘ner; quran, quirais, geiram) © qve, N0 PRESENTE DO INDICATIVO, apxor fenta todas as formss tizoténicas com ¢ semiaberto [e]: quero, qures, ger, 2.8 Seguem 0 modelo de mover os verbos da 2 conjugagio que tém 2 geifico no radical, com excepsio: 4) do verbo padrr, em que 2 vogal semicaberta [>] apatece também aa 1.8 jo RESENE DO INDICATIVO €, coneequentemente, em cas do PRESENTE DO CONJUNTIVO: posi, ody Pode, (poder poses, posses, passa, potsams 4) 0 portagués do Brasil, dos verbos em que o o antecede consoante nasal, ‘a exernplo de comer: como, comes, come; ona, corias,comia, eke. (Sempre com DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANES 296 top; no poriwgeésnoxmal de Portugal estes verbos segue @ modelo de He que em aigomus regides do Brasil 0s verbos em que 0 @ do radical Note Snonnte ata seguem também 0 modelo de meer 5] nasal conservam estas © Os verbos que apresentam no radical ¢ [é] ov * : a 1, enc, etc; romp, Yogals em todas ch, ences, ence; ranpes, rome; rompia, rom] 3.4 Conjugacio Modelos: servir © dormir Conjuntivo ‘presente sievo serves servimos servem io sity. durmo durma dozmes durmas io durmas dorme durma fo durma dormimos darmamos ‘nfo durmamos dormis armas aio durmais dormem, dormam mo durmam Notamos q sais sensivel. Assit pen ¢ uma oscilagio entre [6 ‘om predominincia da vogal fechada [i] ow [u] por influéncia assi- da vogal t6nica; 0) no PRESENTE DO CONJUNTIVi DO INDICATIVO, mantém-se em todas verso [i] ow ful, conforme 0 caso; 2) no merenanivo armuantvo, ¢ 2 pessoa do singul 3] ou [u}, no portugués de Portugal, ¢ as formas detivadas do PRESENTE DO Ci Observagoes: 18 Seguem 0 modelo de serir os verbos da 5.* conjugasio que ttm ¢ get co no twenernrvo, Assim digerir sepelic discernit repetic divergit seguir fesie sugerie inferie vestir ¢ também meatir ¢ sentir. Exceptuam-se, no entanto: a) os verbos medir, pedir, despedir e impedir, que apresentam ¢ semi-aberto [¢ 2, xh yt ump ve re «ee 9 guinte, nas do PRESENTE DO CONJUNTIVO ¢ dos IMPERATIVOS AFIRMATIVO NEGATIVE: np, nedes, made, madem; moja, meas, mya, mejar Io, pees, denegrir, prevenir, progredir, regredir ¢ tr dir, que apro cpr, pele, rare elles ee eee ae nuGaTivo dele derivadas: Indicative Conjuntivo: Imperativo presente presente Nope agrido ogrida agrides agsidas agride gods agredimos ageedis agridem no agridam anv GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEAFORANEO de dormir os vetbos da 3.8 conjugasio que tém 6 irr (c sous derivados, como deicobrir, or verbos em que 0 ocozzesponde a stg dkngo fo], ovo em gue te Consecva como [o] em toda a conjugags s-verbos pair e rortir, que a alls, de powco uso: palo, pales, pa ao acudais so acudam ‘Vemos que, embora tenham [i] ¢ [u] no radical, os verbos frigir e acudir se compostam como se fossem verbos com # € 6 gi conjugando-se nos quatro tempos mencionados pelos modelos de sersir € orm Observagies: 18 Seguem o modelo de cendir os seguintes verbos: balie fugic subie consumic ae sacudie sumir ga corrnte € ram exe «conjugal. dos wes enair © 1 formas tegu- tape, desntapem. de uma maior OUTROS TIPOS DE IRREGULARIDADE 18 Conjugagio Embora seja a mais rica em miimero de vesbos, a 1.8 conjugagio € 2 mais pobre em mtimero de verbos itregulates. Além de estar, cuja conjuga- cio estudémos, hé apenas os seguintes: x. Dar Apresenta inregularidades nestes tempos: MODO INDICATIVO Pretétito perfeito ci deste den demos estes deram BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO MODO CONJUNTIVO Prosente Pretérito impexfeito a desse der ats esses eres a desse der demos déssemos dermos eis desscis, dessem MODO IMPERATIVO ‘Afiemativo Negative dé no dés ee nao dé demos io demos asi aio deis deer to déem No iis, conjuga-se como um verbo regular da 1.4 conjugagio. © derivado cirsindar no apresenta nenhoma destas inregularidades. Segue em tudo © paradigma dos verbos regulares da 1.* conjugagio. 2, Verbos terminados em -tar e -iar 1. Os verbos terminados em -ear recebetn i depois do ¢ nas formas zizo- ténicas. Sirva de exemplo o verbo pasrear, que assim se conjuga no PRESENTE DO INDICATIVO, NO PRESENTE DO CONJUNTIVO é nos EMPERATIVOS ARIA: ‘TIVO € NEGArIVO: Tndicativo presente ‘Conjuntivo presente vERDO 31 2. Os vetbos tetminados em -iar sio, em geral, regulares, Sieva de modelo 0 verbo amunciar Tadicativo Conjuntivo Tmperativo presente presente ‘Negative anancio anuncie asnuncias uncies fo anuncies munca apuacie ‘fo anuacie sounciamos anunciemos ‘do anuaciemos anundias souncicis sfo anuacicis anunciam euaciem fo anunciem Observagio: 0 verbo mohilar (port. do Brasil) apresents, nas formas rizoténicas, 0 acento ra silaba Bf: PRESENTE DO wNDICATIVO: mmoblio, moblias, mobili, moblian; PRESENTE DO CONJUNFIVO: mbile, mobiles, mobile, meblliem; etc. Mas, em verdade, tal anomaliz é mais gréfica do que fonética. Este verbo também se cscreve ‘mobilbar, vatiante grifca admitida pelo Vocsbulétio Oficial ¢ que melhor reproduz a sua pronéncia corrente. Advirta-se, ainda, que em Por- tugal a forma preferida € mebilar, conjugada regulesmente. 3+ Por analogia com os vetbos em -car (jé que na prontincia se confun- dem 0 ¢ € 0 / reduzidos), cinco verbos de infinitive em -iar madam o [i] em [ej] nas formas rizoténicas, Sio cles: ansiar, incendiar, mediar, odiar e reme- dar. Tomemos, como exemplo, o verbo incendiar: Indicative Conjuntive | Imperativo resent presente ‘Aficmativo Negativo incendsio inceodeie incendeias incendeics incendie nfo incendeles incendeia incendeie incendeie ‘to incendeie incendiamos | inoendiemos | incendiemos | nfo incendiemos incendiis incendics incendiat zo incendicis incendeiam | incendie incendeiem | nto incendeiem snave onanénics po ronrccuis cowmmuoninno | verso i reece ees 4. Finalmente, bé um grupo de verbos em iar que, no portugués de | MODO CONJUNTIVO Portugal e na lingua popular do io seguem uma norma fiza, antes ‘vacilam entre os modelos de anmici iar. Sto, entre outros, os verbos Pretérito imperfeito ¢ sentencar | yea cm qualquer acepeio, conjuge-se como verbo regular em ~iar: eriames, etc [No sentido préprio este verbo nfo admite nereRantvo. meio) © miar (com mio, miade), pear (celacionado com pria) © piar com ie), vadear (felacionado com van) e tadiar (com eadle). 2, Crete ler 2.8 Conjugagio Sto iregulares no PRESENTE DO INDICATIVO ¢, em decorréncia, no PRESENTE DO CONJUNTIVO € N05 TMPRRATIVOS AIIEMATIVO € NEGATIVO. Além dos verbos haver, ser e ter, jf conhecidos, devem scr mencionados - os seguintes: Indicative Conjuntive Imperativo presente presente : 7 1. Caber | Afiemativo legativo : : ft exci extn Apresenta irregularidades no paasmvre eno pREminiro yERPEITO nO | bay pears ot eae INDICATIVO, ittegularidades que se transmitem as formas deles deri i ete ceia creia nfo crea ' ‘cremos crciamos creiamos ‘io creiamos rede cxelais rede fo cevais MODO INDICATIVO \, oréem creiam ‘crciam nfo crelam pall | Telo ela >rotérito Tes Jeins ie ‘nfo leias ee Pretécio perfelto | mata-que-petteito ry a lets ‘fo lela I Jemos Ieiamos Jeiamos ‘fo leiamoe exibo coube coubera Tedes Ieiaie ede nfo leais cabes: coubeste couberas. Kem Jeiam Jeiam ‘ndo leiam abe coube coubesa cabemos coubemos coubérames ceabeis coubestes coubéreis Observasio: cabem couberam ‘couberam Assim também se conjugam os detivados destes verbos, como desvrer, reler, etc. Bnive GRAMATICA DO PORTUGUES CONTRMPORANEO ‘yeR2o | 304 o FORMAS NOMINAIS 3. Dizer Infnitivo Infinitive } Gerindio Patti _Apemaso pusréntro m1DERREITO DO INDICATIYO €0 GERENDIO HO fg impessoal pessoal iplo lates neste verbo. Estas 2s formas simples: ee aur : Pe MODO INDICATIVO dlizezes, ete ‘Presente Priésito imperfeito | Pretérito perfeito ‘Observagio: | ——_—__|__—_— } ‘ 7 disse | Segundo 0 modelo de die conjugam-se os verbos dele formados: beadicer, aise Saat diaseste | sontradizr, desizer, maldizer, predigr, etc. “a i disse dis on Fazer diziamos dissemn0s, + aa Sits dissones | ont Sida disseram | ‘Também neste verbo 56 0 PRETKRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO € 0 | cundnpro séo regulares. As outras formas conjugam-se: ip cisco shae Futuro do presente | Futuro do pretétito | MODO INDICATIVO smais-que-peti —— Presente Pretérito imperfeito | Pretérito perfeito aso ‘aia fi fees faains fzeste fz fazin fez fracmos faslamos fizemos faxcis faaleis fizestes fazem faxiam facram Pretézito mainquerpereio | Fatwo do presente | Futuro do pretérito fer frei faa fers axis fucias fzcra fark facia fiéramos faromos factamos fixéris farcis faceis Bera fario facie MODO CONJUNTIVO Presente Pretésito imperfcito Futuro ‘aga fzesse fene fagas fizesses fetes age fizesse feos fagamos futssemos fzermos fais, finessis fizcedes fizessem Por fazer se conjugam os seus compostos ¢ derivados, como afazer, contra Peer, defer, Hanefecr, perfec, rarer, referee saber. 5. Perder SEES ee eee eee eee eee ‘Bismativo ‘Negativo SEP eereeeeeeeeeeeeee eet eee faze ilo fagas ga io faga facamos nfo fagamot fazei iio fagais fagam so facam | ve | an t Infinitivo Infinitive ‘cuaatis Pastic inponod reeoal eee i fazer fazer faxendo feito | Apresenta irregulatidades no PRESENTE € no PREYERITO FERREITO DO ae INDICATIVO €, em consequéncia, nas formas derivadas destes dois tempos: fuzermos i MODO INDICATIVO faveedes | fazerem ! ' ' Overt i f 7 | Oferece irregulatidade no rrxsENTs DO INDIGATIVO ¢ esta transmite-se | 4s formas derivadas do presmers Do conjuNmtvo ¢ dos IMPERATIVES AFI: MATIVO © NEGATIVO. sof nove GRaMArich DO PORTUGUES CONTEUNORANEO pel eet eee Ones oe Observagio: \ 1 desueado 0 nurenarivo deste verbo. \ 7. Por Pér, forma contracta do antigo poer (ow pier, derivado do latim poner), £0 tinico verbo da ings que tem o INFINIMIVO irregular, raz4o por que alguns gramiticos o incluem numa quarta conjugagio, que seria formada por ele e seus derivados. MODO INDICATTVO Presente Pretérito imperfeito ] — Pretérito perfeito poahe Pas pees aseste pe. pos pomos pasemos pondes rsestes poem useram Pretérito mais-que-perfeito Futuro do pretésito pusere porei potia puseras pords potias pposera port poria puséramos poremos porlamos posézeis porcis porieis pusorem porto poriam MODO CONJUNTIVO Presente Pretérito imperfeito Futuro ponha pusesse poser ponhas usesses puseres poaka pusesse puser ponhamos puséssemos usermos ponhais pasésseis puserdes ponham usessem puserem Negativo Pee nfo ponhas fo ponha 0 ponhamos sndo ponbais io ponham Infinitive impessoal Infinitive pessoal Particfpio por Palo paniema de pi, = conjam todos os uns dein: eae, sper, campor, cnirapr, taper, desrompor, disper, exper, a ‘proer, ne, pr, amp, PY MMP AH exten ber, cer 8. Prazer Empregaclo apenas na 3.* pessoa, este vetbo apresenta as seguintes formes itregulares: MODO INDICATIVO Presente ey Pretirito Pretérito perfeito mais-que-perfeito riz prouve prouvern | He nave oxauthrtea no ronrocuis covnmuronana MODO CONJUNTIVO a EEE SEES Eee Cee eee ee eee erect eee eeeee eerie Pretérito imperfeito Futuro _Pretérito imperfeito | prouver prowvesse Observagdes: fe 0 PRESENTE DO CONJUNTIVO (~ praga), jugam aprager e desprazer. de no sex unipessoal, é regular no Pxe- formades do seu radical. As Mo fegalars. Por pra 2 0 derivado compre Hlamro mnrerro © non aupraeiay, sompreg ree eoapret, eA} COMPraRer, eMPraRErs, CMTE 9 Querer Oferece inreguiaridades nos seguintes tempos: mais-que-perfeito MODO CONJUNTIVO Pretérito imperfeito quisesse quisesses quisesse quiséssemos quisésseis quisessem queisam ‘yens0 ee Observagdes: 18 A par de ger, 3 pessoa do singular do PREseIre DO INDICATIVO, empre- gese também gure no portagués cuzopeu, quando a forma verbal vem acom- panbade de um pronome enclitico: querea. O detivado repurer faz reguery fa 12 pessoa do PRESENTE DO INDICATIVO € no pREniRiro Pan. rer, reguereres, regerer, exc. Além disso, emps -giorer malguerer fazer no eaxsricioro benguts 28 B desusado 0 merenarivo deste verbo. -malguste, respectivamente. xo. Saber Formas itrogulares: MODO INDICATIVO Presente rerérito pert Loree Pretérito petfeito mais-que-perfeito i soube soubera sabes soubeste souberss sabe soube soubers sabomos fovbemos foubéeamor sabeis toubestes roubéris saber souberam souberam MoDO coNjuNTIVo Presente Pretérito imperteito Faraco sxiba soubeise souber saibas fonbesses souberes saiba oubeiee soubor saibamos soubéssemos soubermos saibais roubérels souberdes taibar soubestem souberem ya EREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO MODO IMPERATIVO MODO IMPERATIVO ‘Afirmativo ‘Negativo sabe indo saibas saiba aio saiba saibemnos nfo saibamos mn, Trazer Mas NoMINAIS. Esta a sua conjugacio: MODO INDICATIVO Presente | Pretérito imperteito trago teat wrazes tenzias tex asia trazemos traztamos tris wraztels urousestes eeazem arian trouszam bene resente lo previ ai a cg | Foto do presente | Futuro do pretésito tourer tearei sari trouxeras sracis ratias wouxcra wast cca trouxéramos tuacemos trarlamos teouxéscis trareis teaseis trouxecamn wualo ‘rariam MODO CONJUNTIVO Presente Pretécito imperfeito Futuro traga trouxesse trouxer mages trouxesses ouxeres, traga trouxesse trouser ‘eagamos ‘trouxéssemos trouxermos ‘ragais rrouxésseis trouxerdes tragam ‘rouxessem rrouxerem Apresenta itregulatidade na 1. pessoa do PRESENTE DO mDICATIVO, irregalatidade que se transtite a0. PRESENTE DO CONJUNTIVO € 4s formas do aupERArtvo dele derivadas. Assim: Indicative presente Conjuntivo valbo vales vale ‘valemos valeis vvalem Observagio: Pos toler se conjagam disalere einer. 13. Ver Bi icregular no paesenTE € no PREFERITO PERFETTO DO INDICATIVO, nas formas deles desivadas, assim como no Paxnicixt0, que é visto. Assim: MODO INDICATIVO i ” “Pretérito Presente Pretérito perfeito Hitfasenriteey veo vi via ves vviste viras ve vie vira ‘vemos vvimos vviramos vvedes vistes viteis veer vviram viram au BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMFORANEO' MODO CONJUNTIVO Conjuntivo ‘Presente | _Paetérito imperfetto | Futuro Presente ‘Presente ‘Afirmativo ‘Negativo vvoja visse vie vyejas visses vires vee visse vie ‘yejamos vissemos imo ais visseis cs ream viser vie MODO IMPERATIVO ve to vejas veja ‘fo ‘vejamos iio vede 0 vejais 18 Assim se conjugam anitvr, entrevr, prover e rever. 28 Prawr cbora foado de wry rope no easninmo TaRIZO Do identifcam-se com ns cosrespondentes do verbo ser: fii, mpos simples é assim conjugedo: 2. Medir ¢ Pedir Além da alteenncia vocilica entre as formas tizot6nicas ¢ attizoténicas, estes verbos apresentam modificagio do radical med- © ped- na 1.* pessoa do PRESENT DO INDICATIVO €, consequentemente, 0 PRESENTE DO CONJUNTIVO nas pessoas do imvenarivo dele detivacas. Indicative Conjuntivo Imperativo eet Presente ‘Afirmativo ‘Negative meso mesa medes ‘megas mede fo. megas mede mega mesa fo mega medimos megamos megamos io megamos medis rmegais medi fo megais| medem mega smegam sno megarn ego pee pedes esas pede pede pera pee pedimos eyamos pegamos eds pegais pedi pedem pega pega Observagées: 1 Por medir conjuga-se desir. 36 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORAINE 2 Conjugam-se pot pal, embora dele nto sejam derivados, os vetbos Heel sbet'c bepeir, bean como os qe destes se formam: dsinpelir, reexpeir, e- 3+ Ouvir Ieregularidsde semelhante anterior. O radical om- muda-se em ome jestoa do PRESENTE DO INDICATIVO ¢, em decorréncia, em todo 0 DO CONJUNMIVO € nas pessoas do IMPERATIVO dele derivadas. vveRso 317 Observagio: Pelo modelo de rir conjuga-se serrin. 5 Vie E verbo anémalo, assim conjugado nos tempos simples: MODO INDICATIVO aa Imperativo Indicativo Conjuntivo ‘Presente Pre io 5 a ce ito imperfeit Pretétito perfeito vveaho vvinha vim ‘oxo ouge yeas vvinhas vieste couves oucas ouve rio ougas vem vinka vyeio uve conga ouga io ong ‘vimos ‘viohames viemos ouvimos cougamos, ongamos no. ougamos viodes ‘vinheis viestes ouvis ougais ouvi lo ougsis vem — ‘ouvem m0 nga ‘nfo ougam. conga ga nagar 3 maioqeeneteino | Paturo do presente | Futuro do pretésito Observagio: vviere virei vitia Bm Portugal, 20 lado de ov, hd aio para a 1 pessoa do singular do pas- wieras vitds visias sume 0 INDICATIVO. Esta dualidade fonética estende-se a todo o PRESENTE view vik virla DO CoNsuNTTVO ¢ As pessoas do murERaTIvo dele detivadas: orga OU die, vigramos viremos ‘virlamos ‘engas 01 ogas, ete, eels vires vieis vieram viet viciam 4 Rit eee Apresenta inegulatidades nos seguintes tempos: MODO CONJUNTIVO : ‘Presents Pretérito imperfl Indicativo Conjuntivo sneer = — Present Pre ‘Afirmativo Negative bared ee at vvenha viesse vier tio ta ‘yealiamos viessemos vvieemos xs sas a ‘fo rias veriais vies vierdes A ta ta no ra venham viessem vierem simos iamos amos ‘lo riamos OH sides risis ride niko rials siem iam iam ‘io siam MODO IMPERATIVO DREVE GRAMATICA DO PORTUGUBS CONTEUTORINEO \\ Observagio: Por este verbo se conjugam todos os seus detivados, como adviry avr, comir, desavi, inervir, provir © sobresi. 6 Verbos terminados em ir Os verbos assim terminados, como adugir, condasir, dedi, indeair, introdasir, hair, produzir, redigir, relugir,tradigir, ekc., nfo apresentam a vogel t na 3.4 pessoa do singular do PRESENTE DO mNDIcaTIVO: (ele) adh, condi, decay, induce, intro, lng etc. VERBOS DE PARTICIPIO IRREGULAR Hi alguns verbos da 2.8 ¢ da 3.8 conjugagio que possuem apenas par~ ticipio ieregular, nfo tendo conhecido jamais a forma regular em ~ido. Sto os seguintes: 1 ‘Também or detivados destes verbos apresentam somente 0 participio itregular. Assim, deslite, de desdizer; reeerito, do resrevers conrafeite, de son srajzer; presite, de prev; impesto, de impor; entreaberto, de ereabrirs dese courte, de descobrirs coninds, de comin, ete. 2 Neste grupo devemos incluir trés verbos da 1.4 con) —ganber, Sau’ page de que ottort te waa nomainente odo paspon Na linguagem actoal preferem-se, tanto nas constragdes com 0 aunilise ser como maquelas em que entra 0 absillac er, a formas icregulares gent, gato Page, seado que 2 Ultima substituiu completamente 0 antigo puagado. VERBOS ABUNDANTES bos, se aprescnta com uma forma reduzida ou anormal 20 lado da forma regular em ~ado ou ~ido. ‘emplege-se na constituigio dos tempos com- , acompanheda dos auxiliares ser ou havers a emagio dos tempos da Voz PASSIVA, ABUNDANTES no patticipio. BREVE ORAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Primeira conjugagio Participio regular aceitado Segunda conjugasio ) yaRBO, Infinitive Participio regular | Participio itregular aconder acendido aceso Denzet benzido bento a clegido eleito incooee incorrido neuro morrer mortido moro render prendido preso rompido roto suspender suspendido suspenso ‘Terceira conjugagio Infinitive Participio regular | Participio icregular emergir cemergido cemerso exprimic cexprimido ‘expresso extingair extinguido extinto frigit frigido frito imergir jimergido imerso imprimir imprimido Jimpresso inserir inserido inserto omitie omitido ‘omisso submergir submergido submerso aa Observagées: 1 Somente as formas itregulares se usam como adjectivos © so clas as Ainicss que se combinam com 0s verbos estar, fier, ander, ire vir 2 A forma-arete € mais usada em Portugal. 38 Morte € patticipio de morrer e estenden-se também a metar, 4° O patticipio rompido sa-se também com o auxiliar ser. Rx: Foram rompidas as moar releiet. Rofo emprege-se mais como adjectivo. 42 Inprimir possul daplo participio quando significa «estampar, «gravarn. Na acepgio de «ptoduzit movimentor, infundim, usa-se apenas 0 partick- pio em -ide, Dir-se, por exemplo: Ese fro foi impresso em Portagal. Mas, pot outro lado: Foi imprimida enorme slocidade ao carro. 68 Pelo modelo de entrere, formou-se emprezse, de uso corrente em Por- tugel e na Linguagem popular do Brasil, 7.* Muitos particpios irregulares, que outrora serviam para formar tem- pos compostos, exfram em desuso, Entre outros, estio neste caso: sinfo, do vvetho cing clhito do verbo colder; despeso, do verbo despender. como absolato (de abwter) e resolato (de reser), continuam a Ungua, mas com valor de adjectivos. VERBOS IMPESSOAIS, UNIPESSOAIS E DEFECTIVOS ‘Hii vetbos que sfo usados apenas em alguns tempos, modos ou pessoas. ‘As razdes que provocam a falta de certas formas verbais so miltiplas ‘¢ nem sempre apreeasiveis. Maitas vezes € a propria ideia expressa pelo verbo que no pode apli- carse a detetminadas pessoas. Assim, no seu significado préptio, os verbos que exptimem fendmenos da natureza, como chover, trvejar, ventar, 86 apie recem na 3.° pessoa do singular; os que indicam vores de animais, como ginir, ladrar, xyrrar, normalmente s6:s¢ empregam na 3.* pessoa do singular e do plural. ‘Aos primeicos chamamos 114PEss0A1S; a0s diltimos, UNIPESSOAIS. ‘Aos verbos que nio tm a conjugagio completa consagrada pelo uso damos 0 nome de perEcrrvos. ‘Verbos impessoais. Nio tendo sujeito, os vennos mePEssoAts sio invariavelmente usados na 3.8 pessoa do singular. Assim: 4) 08 verbos que exprimem fenémenos da natureza, como: alvorecer chover evar saraivar san aunys GRAMATICA DO TORTUGUS CONTEMFORANEO 8) 0 verbo harer na acepgio de «existimn ¢ 0 verbo fazer quando indica tempo decortido: Houve momentos de pisioo. ‘Faz cinco anos que no o vejo. 2) certos vetbos que indicam necessidade, conveniéncia om sensagbes, quando regidos de preposigio em frases do tipo: Basia de provocagdes! Chega de lamérias. Verbos unipessoais. S40, como dissemos, untezssoAts os vetbos que, pelo sentido, 6 admitem uum sujeito da 3.8 pessoa do singular ow do plural. Assim: 4) 05 verbos que exprimem uma acgio ou um estado peculiar a derer- minado animal, como Jadrar, rosnar, galopar, trotar, pipilar, Rurrar: ‘Zambem a porta insectos vatiegados. (s periquitos verdes grazinavam. (08 verbos que indicam necessidade, conveniénci it ivo, ou uma oragio subs ‘Urgem as providéncias prometidas. Convém saiz mais cedo. 2) 0s verbos acontecer, concerir, grassar © outros, como constar ("ser constituldo), assealar (= ajustat ume vestimenta), etc.: Aconteceu 0 que eu espersva, (Os vestidos assentaram-the bem. Observagio: E claro que, em sentido figurado, tanto os verbos que exprimem fenérienos da natureza como os que desigtam vozes de animais podem aparecer em todas 28 pessoas. ‘Tanto ladras, rosnei com os mens botées, que trincas a lingua. (Aquilino Ribeiro, ES, x Por outro Jado, convém ter presente que, nos casos de personificagto, como as fubulas, tais verbos podem ser empregados, com 0 significado pr6prio, cm todas as pessoas. / yERBO - Verbos defectives. ‘Os varnos Derzcrivos, em sua grande maiotia pertencentes 4 3.8 con- jugagio, podem ser distribuidos por dois grupos principais: 2 grupo. Vetbos que no possuem a 1.* pessoa do PRESENTE DO INDI- canivo €, consequentemente, nenhuma das pessoas do PRESENTE DO CON- gontivo nem as formas do nuERArtvo que delas se derivam, isto é, todas 28 do IMPERATIVO NEGATIVO ¢ trés do IMPERATIVO APIRMATIVO: a 3.* pes- coa do singular ¢ 2 1.8 ¢ 3.4 do plural Sirva de exemplo o verbo banir: Indicativo Conjuntivo Tmperativo presente presente Nepaho Danes eee bane scans banimos — oe Danis ee banem See abolis capic exurir imergic atacdie colorit fremir jungiz brandi demoliz fulgic retorquir beanie emergic haurie angie 2° grupo. Vetbos que, no PRESENTE DO INDICATIVO, $6 se conjugem nas formas attizoténicas © néo possuem, portanto, nenhuma das pessoas do PRESENTE DO CONJUNTIVO nein do TMPERATIVO NEGATIVO} ¢, no TKEE- RATIVO AFIRMATIVO, apresentam apenas a 2.° pessoa do plural. Sirva de exemplo 0 verbo falir: Tmperativo ‘Negative Indicative presente Conjuntiyo falimos falis IL NT 324 Rave GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Pelo modelo de falir conjugam-se, entre outros, os seguintes verbos da 3.8 conjugagio: aguertix delinguir ‘empedernir punir ‘combalir descomedirse foragir-se remir comedir-se embair fornie renhir bem como 0 verbo adequar, da 1.8 conjugagio, © precaer-see reaver, da 2.8, Outros casos de defectividade. x. Os verbos adiguar ¢ antigquar usam-se quase que exclusivamente no INFINEZIVO YESSOAL € no PARTCHIO. Transir 86 aparece no PARtTCfeTO ‘ranside: Bstava transido de frio. 2, Seer praticamente 56 se emprega as seguintes formas do mNDICA- ‘cavor wi, soem (PRESENTE) € sola, soles, sla, sofcmot, sles, solant (IMPBREEITO). 3. Precavere, como dissemos, s6 possui as formas attizoténicas do PRISENTE DO INDICATIVO: precavenontos, precanci-oas} a 28 pessoa do plural do murenamtvo Artaucarivo: precaid-v0s; © nenhuma do PRESENTE DO CON- Jusmivo e do iMpenartvo EGATIvO. E, um vetbo regular, nfo dependendo rem de vr, nem de vir, Faz, por conseguinte, precai-me, precavestete, preca- ‘nist, ete, No PRETERITO DERFEIYO DO INDIGATIVOS Preraesse-nte precise “te, precavesse-st, XC., NO IMPERFEITO DO CONJuNTIVO, de zcordo com o para- digma dos verbos de 2.* conjugasio. 4+ Hanr, mesmo quando pessoal, ndo se usa na 2.* pessoa do singular do nsvEnArivo AFTRMATIVO. 5+ Hi cettos verbos que so desusados no PARrTctir0 e, consequente- mente, nos tempos compostos. Eo caso de concernir, esplender @ alguns mais. Substitutes dos defectives. ‘As caréncias de um VRR20 DEFECTIVO podem ser supridas pelo emprego de formas verbais ou de perifrases sindnimas. Diremos, por exempt 0 © abro faltncia, em wrimeira pessoa do PRESENTE cartvo dos vei lone, ow precato-me, pela equi vyenso SINTAXE DOS MODOS E DOS TEMPOS MODO INDICATIVO Com 9 move mpicartvo exprime-ce, i » rime-se, em geral, uma acgio ou um cite consent on aks ou eo ey gue on sc 20 ptesente, quer ao passado ou a0 futuro. B, fandament da oragio principal. minbieiatec tend EMPREGO DOS TEMPOS DO INDICATIVO Presente. © presenTs DO INDICATIVO emprega-se: 19) para enunciar um facto actual, isto é, que ocorre no mom« em que se fala (PRESENTE MOMENTANKO): i ra te, Uma pequena brisa (Fernando Pessoa, OP, 474.) 26) pata indicat acgées ¢ estados permanentes ou assim considerados lerad como seja uma verdade cientifica, um dogma, um artigo de lei (pxusmNre : ¢ A Terra gira em torno do préprio eixo. ‘A lei nfo distingue entre nacional is ‘ cao nal ao dlisingue ene nacional ¢ estanglros quanto & aqusisto (Ciiga Civil Brastire, Bat. 3) 30 ee cxpresar uma seg fabitwal on via foculdade do ayjsit, ang jam sendo exercidas no mom . SENTE HABITUAL 04 FREQUENTATIVO): SUoe elite Sow timido: qua sein” (mi80* Ando te vejo diante de senhoras, emburro, digo bes- (Graciliano Ramos, 4, 31.) 336 BREVE GRAMAIICA DO PORTUGUES CONTENTORANEO 49) pare dat vivacidade factos ocorridos no pasado (ruses iisréafco ou NARRATIVO), como nesta descrigdo de um carnaval antigo, jnserta num romance de Marques Rebelo: ‘A Avenida 6 0 mar dos foliées. Serpentinas cortam 0 ar carregado de Get, rolam das eacadas, pendem das dcvores e dos fos, unem com 05 seus rates os eutomérels do corso, «Sal dh fete! Sal da frente —o gripo dos cartolas empurra para passur, com 2 corneta que arrebenta os ouvidos. O chido € um espesto tapete de confetes. HA uma loucura de pandeltos, de ‘eantos € chocalhos... ; 'E 0 corso movimentava-se vagarosamente com estampidos de motores. 4, a8 e532) 5.) para marcar um facto futuro, mas préximo; caso em que, para impedir qualquer ambiguidade, se faz acompanhar geralmente de wm adjunto adverbial: Outro dia cu voto, talvez depois de amanlit, ou na primavera. (Agustina Bessa Luis, QR, 277.) Pretétito imperfeito, A prOptia denominagio deste tempo —rnerémro neranmero— ensina-nos 0 seu valot fundamental; o de designar um facto passado, mas no concluido (imparfeite = nio perfeito, inacabado). Encerra, pois, uma ideia de continuidade, de dutagio do processo verbal mais acentuada do que 05 outros tempos pretéritos, razio por que se presta especialmente para descrigées © narragdes de acontecimentos passados. Empregamo-lo, assim: x.°) quando, pelo pensamento, nos transportamos a uma época passada ¢ descrevemos 0 que entio era presente: Debaixo de um itapicurn, ex fumava, pensava e apreciava a tropilhs de cavalos, que retougavam no gramado ‘vasto. A cerca impedia que cles me vissem. E alguns estavam muito pesto. (Guimaties Rosa, 5, 216.) 2.8) para indicat, entre acgées simultineas, a que se estava processando quando sobreveio 2 outen: vens0 327 3:9) para denotar uma accio passada habitual ou repetida (rmpenrErro FREQUENTATIVO): Se o cacique marchava, a tribo iateiza 0 acompanhava, (aime Costesto, THB, Tt, 178.) 4) para designar factos passados concebidos como continuos ou permanentes: Sentou-se no muro que dava pata o tio, o jornal nas mos. (Augusto Abelaira, CF, 173.) pelo futuro do pretérito, para denotar um facto que setia conse- quéncia certa e imediata de outro, que nfo ocorreu, ou nfo poderia ocotrer: =O patil € porque nto tem forga. Tiveste cle os meios ¢ isto virava um fizendiio. (Monteiro Lobato, U, 236.) 6.2) pelo presente do indicativo, como forma de polidez para atenuar ‘uma afitmagio ou um pedido (IM@EREENO DE CORTESIA): Dizhe: —Pedto, eu vinha exclusivamente para tratar de negécios. (Cito dos Anjos, M, 192.) 79) para situar vagamente no tempo contos, Jendas, fibulas, etc. (caso em que se usa o imperfeito do verbo ser, com sentido existencial): ‘Era uma vez uma tapariga chamada Judie. (Almada Negreiros, NG, 13.) Além dos empregos 2 que aos refer jf que, sendo um tempo selativo, 0 seu val vvetbos com 08 quais se telaciona ou pelas expt panham. Nos casos em que a época ou a data em que ocotre a acgio vem cla- famente mencionada, cle pode indicar até um s6 facto preciso, Assim: PsRrBrTo pode ter outros, No dia seguinte Geraldo Vimmundo era expuleo do seminétio, (Fernando Sabino, GM, 42.) Pretérito perfeito. ‘Ao contrésio do que ocorre em algumas linguas romnicas, hi em por 8 Reve CRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO tagués claca distingo no emprego das duss formas do prevénrro vERFEITO: fa SIMPLES € @ COMPOSTA, constituida do presente do indicativo do auxiliar ‘fer e do particlpio do verbo principal. "A FORMA siMpzs indica uma acgio que se produziu em certo momento do passado, B a que se emprega para «descrever 0 pasado tal como apa- rece a um observador situado no presente e que 0 considera do presenter: dois fasoleiros. Ergui-me, tonto, ¢ vi em rebolo no chi (Monteizo Lobato, U, ‘A voRMA composra exprime geralmente 2 repeti¢io de um acto ou a sua continuidade até o presente em que falamos, Exemplos: iu tenho eruzado o nosso Estado em caprichoso ziguezague, (Giméecs Lopes Neto, CGLS, 135.) ‘Tenho escrito bastantes poems. (Fernando Pessoa, OP, 175.) Em sintese: © preréarro venverro struts, denotador de uma acgio complets- mente conclulda, afasta-se do presente; 0 PRETERITO PERFEITO COMPOSTO, cexpressio de um facto repetido ou continuo, aproxima-se do presente. Distingdes entre 0 pretérito imperfeito e o perfeito. Convém ter presentes as seguintes distingdes de emptego do exert. R10 TMPERIEITO ¢ do PAETERITO PERFENO SIMPLES DO INDICATIVO: 2) 0 pruvénrro merznrzrro exprime o facto pasado habitual; o PRE ‘vharro Panrs1ro, 0 no habitual: Quando © via, cumprimentava-o, Quando © vi, cumprimentei-o. 2) o pxeréarro mupsrrErro exprime a acgio darativa, ¢ nfo a limita no tempo; 0 PREVERITO PERFEITO, 20 contritio, indica a acolo momentines, definida no tempo. Comparem-se estes dois exemplos: ‘© mancebo desprezava © perigo © pago até da morte pelos corsitos, ‘que seus olhos furtavam de longe, levava o arrojo a arrepiar a testa do touro com a ponta da langa. ‘vERBO 329 (© mancebo despreziu o perigo e pago até da mozte pelos sortie seus olhos furtaram de longe, levou o arrojo 2 arrepiar a ae sex, fara de og jo a arrepiar a testa do touro com Pretétito mais-que-perfeito. x. © Prendinrzo MA1s-QuE-TERFEITO indica uma acgio que ocorreu antes de outra acgio jé passada: (© monélogo tornara-se to festidioso que o Barbacas desinteressou-se. (Pernando Namora, TJ, 193.) Quando volte’ a5 caswatinas tinham desaparecido da cidade. (Agostinho Neto, SE, 121.) 2 Além desse valor normal, 0 mars-que-ranrsrro pode denotar: sum facto vagamente situado no passado, em frases como as seguintes: Casata, tivera flhos, mas nada disso o tocara por dentzo. (Miguel ‘Torge, NCM, 55.) No eéu azal as thtimas acribagies tinkama (Gruciliano Ramos, VS, 177.) 2) um facto passado em relagio 20 momento presente, quando se deseja acenuar uma afirmagio on om pedido: Ta tinha vindo para convenct-Jo de que Pedro é seu amigo e pedi -The que apoiasse Hermcto, eae eee ree iro dos Anjos, M, 245.) 3+ Na linguagem ia emprega-se, uma vez por outta, 0 MAIS -QUE-PEREEITO SHMELES em lugar: at: 4) do Furuno Do Preréixrro (SisteLEs ou ComPosto): ‘Um poaco mais de sol —e fora [= teria sido] brasa, (Matio de St-Carneiro, P, 69.) Ohl se k mas devera [— de Exporte em piblice praca, Como um alvo & populase, ‘Um alvo aos dictérios seus! (Gongilves Dias, PCPE, 270.) 330 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO J) do onerkarro nareararo DO coNyuNTIVO: Sé proploia para mim, socorte Gob e alerts, se sdorae pudera! (Alphonsus de Guimasaens, OC, 139.) Na linguagem corrente este emprego fxou-se em certas frases excla- mativas: Quem me deral [= Quem me desse!] Prouvera a Deus! [= Prouvesse a Dens] Puderal ‘Fomara (que)! Futuro do presente. x. 0 futuro do presente simples emprege-se: 19) para indicar factos certos ou proviveis, posteriores ao momento ‘em que se fala: Nio esereverel 0 poem. (Agortiaho Neto, SE, 98.) 29) para exprimic a incerteza (probabilidade, duvida, suposisio) sobre factos actuais: — Quem esti aqui? Serd um ladsto? Graciliano Rasnos, Ins, 9.) Seth que desta ver ele fica mesmo? (Miguel Torge, CM, 47-) 39) como forma polida de presente: Ni, no posso ser acusado, Diré o senhor: mas como foi que aconte- cetam? E eu the disel: sei Ml, Aconteceram: eis tudo. (Catlos Drummond de Andrade, CA, 141.) 4.2) como expressfio de uma stiplica, de um desejo, de uma ordem, caso em que o tom de voz pode atenuar ou teforcar 0 caticter imperativo: Morrerhe de tus beleal (Teixeira de Pescois, OC, VE, 88) ‘veRBo. 331 5.9) nas afiemagées condicionadas, quando se referem a factos de sea lizagio provivel: Se assim fizeses, dominarés como rainha. (Oscar Ribes, U, 21.) Substitutos do futuro do presente simples. Ne lingua falada 0 ruruno stmpues € de emprego relativamente zaro, Preferimos, na conversagio, substitui-lo por locugées constituidas: 2) do rrusmre po inprcamtvo do verbo haver + PREPOSIGKO de -+uverrrvo do verbo principal, para exprimiz a intengio de realizar um acto futuro: —Hei-de castigi-los; havemos de cast (Machado de Assis, OC, J, 2) do pxssavmm Do mprcarive do verbo fer + pREPosieko de-+ ++ mensirivo do verbo principal, para indicar uma acgéo futura de caricter cobrigatétio, independente, pois, da vontade do sujeito: ‘Temos de resolver isso em primeito lugar. Pepetela, M, 130.) 2 do presmrz po mprcartvo do verbo ir} mvemtnvo do verbo principal, para indicar uma acgio fatura imediata: © gerente foi demitido e o Costa vai substitut-lo. Ferreira de Castro, OC, Hi, 613.) 2. © futuro do presente composto emprega-se: 19) para indicar que uma acgio futura estar consumada antes de tea: (Os homens serto prisioneiros das estrutusas que terlo eriado, Pe 28) para exprimir a certeza de uma acco fatura: f, 132) $6 0 Direito perdutaté € alo tera sido vio o esforco da minha vida inteira. Goaquim Pago d’Areos, CL, 721.) oneve caanirecs Do roxmuouls conreuronines si *) pies exprimir a incernens (probabilidade, dvide, suposigio) tmoselators Gremetcal Partegues sho se ter sdoptado ests lima dexignaio, place teh pean deitimor opr plo eo exorego mets oles pores, cu ome Seas tata, ma verdade, de um tempo (e ala de um moxo) que 06 se diferencie do ‘Teri parsado 0 faructo? trae oo rumor pore fetes ht pin, fp qe ino ie Saas, DR 5) Sipe coche BOLI, ages rn aa ae coos ar Future do pretérito, (ido da orayo condicionante. Comparerse: Se ele rice, alo ealeci. 1. © fururo do presérito simples empregase: Se ele viene, io snicia, 1) para desipnar uegéer posteriones & épocs de que ne fala 2, O futuro do pietézito composto empregi-set 5 Cates: NY AS REAR ST, SB, OC 18) part indicar que um facto teria scontecido a0 passado, mediante (Angus Abeba, NC, 151.) corin condlishot baahih ariemaig ech Ahan ramp 22) para exprhnie a incesteza (prokabilidade, divide, suposigto) ‘(Camzo Soromenko, TM, 242) sobre factos passadas: is eal gee 4 poe ewes ep jo'en eae 28) para exprimir a possibilidade de em facto passado: js Vapors saree ds oem iilo Palntrio, VC, 34.) 3.8) como forma polida de presente, em geral denotadora de desejar j¢) para indicar Secensn- sober tion mein cert Soe Desejarlamos aurito sobre © crime. ers oar {Caslos Drummond ide -Andeade, BY, Aguele calandro os teria engolido? (Catlos Drummond dz Anime, CA, 124.) ) cm cectas {ruses interrogativas © exchmacivas, par denotar mar Presa on indignasior (O nome amor morreu... Quem o diria? (Plorbefs Expance, §, 163.) OE iocivs « st 1.8) mus afirmagies condicionadhs, quando se zeferem a factos que: no xe realizaram e que, pravavelmente, alo ve sealizuiio: 1. Quindo nos servisus da wane metcATIVvO, consideramen'o fact 2 tio benviies Cidcronens, ate sialaamon tama pesion ah, exaeigualiaea mie certs, rial, aja Bo presente, seja no passado, stfx (Graciliano Ramos, 5B, ues.) eh eto. empregarmas 0 sop0 coNpinerreo, € completamente diverse ‘wiv atitade. Encaramos, entio, 1 exivtéacia ou alo exiténcia do ficto como A Newwnschature Grematical Bractcre climinon « denominagto de ii coke decent, ditidess, eowilna! ox, riestno, érreal, COMDICTIONST para o FUTURO Do ranninsro, Apesar de, mo projecto de ooparem-se, por exemplo, ere: frases: prev GRAMATICA BO PORTUGUES CONTEMPORANEO 334 ‘Modo conjuntivo ‘Tempo Devido que cla eatude Presente Afirmo que ela estuda Imperfeito ‘Afemei que cle estudava | Davidel que cla estudasse Perfeito ‘Afiemo qve ea estudou (ou | Davido que ela tenha estu- tem estudado) dado is-que- “Afiemava que cla tinha estu- | Duvidava que cla tivesse e2- Maleae-pesine | Mio (o0 estos) ‘dado ee eee 2 Em decorséncia dessas distingdes, podemos, desde jé, estabelecer os seguintes ptincipior gersis, norteadores do emprego dos dois modos ras oragées subordinadas substantivas: (© meprcartvo & usado geralmente nas oragées que completam co sentido de verbos como afirmar, compreender, comprovar, orer (a0 sentido afr- mativo), dizer, pensar, ver, verificar. 29) © conjunmive ¢ 0 modo exigido nas oragi de verbos cujo sentidu esté ligado 4 ideia de ordem, de de vontade, de siplica, de condigio e outras corrclatas. plo, dos vetbos dssar, divider, implore, lamentar, mage, erdenar, per, rok bir, querer, rogar © suplicar. dependem » de desejo, EMPREGO DO CONJUNTIVO Como o proprio nome indica, 0 consurrtvo (do latim conjnnctious xque serve para ligam) denota que uma acgio, ainds nfo sealizade, 6 concebida como ligada a outta, expressa ou subentendida, de que depende (de onde # ‘alternativa susjuntivo, preferida pela Nomenlatara Gramatical ). Emprega-se notmalmente na ofagio subordinada. Quando usado fem omagies absoltas, ou oragGes principais, envolve sempre a aecto verbal de um matiz afectivo que acentaa fortemente a expressio da vontade do individuo que fala, Conjuntivo independente, Eimpregado em oragées absolutas, em oragies coordenadas ou em oragdes principais, o cosjunrivo pode exprimix, além das nogies imperati- de gléria na tua almal (Antero de Quental, SC, 55.) ‘veRno 5) uma hipétese, uma concessio: Seja a minha agonia uma ceatclhe De gloria. (Oilavo Bilac, T, 197) 2) uma divida (geralmente precedido do advérbio talvez): Uim cachorro talvez xosnasse ou mordesse. (Adoniss Filho, LBB, ) 4) wma ordem, uma proibigio (na 5.4 pessoa): Que aio se apague este lume! (Augusto Meyer, P, 126.) 2) uma exclamagio denotadora de indignaglo: Relos partam a vida ¢ quem lé andel Cernando Pessoa, OP, 516.) Conjuntivo subordinado. © conyunrtvo ¢ por exceléncia 0 modo da otagio subordinada, Em- proga-se tanto fas SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS, COMO MAS ADJECTIVAS € ‘nas ADVERBIAIS. Nas oragées substantivas. Usa-se geralmente 0 conjuwrtvo quando a onagKo PRINcIPAL exptime: 2) a vontade (aos matizes que vio do comands a0 desejd) com referéncia ao facto de que se fala: Tim todo 0 caso, gostava que me considerasse um amigo. (Maria Judite de Carvalho, AV, 119) D) um sentimento, ow wina aprecagao que se emite com referéacia 20 pré- prio facto em causa: —Plos seré que nos enxotem daqui... (Afsinio Peixoto, RG, 273.) ©) a divida que se tem quanto a realidade do facto enunciado: Receava que cu me tornasee ingsato, que 0 tratasse sal na velhice. (Augusto Abelairs, NC, 14.) 6 DRRVE GRAMATICA DO PORTUGUBS CONTEMPORANEO 336 Nas oragbes adjectivas. © conjunmrvo é de regta nas ORAGOES ADJEOTTVAS que exprimem: 4) wm fim que se pretende alcangar, uma consequéncia: —Portanto, quero coisa de igzeja, coisa pia, que dé gosto ¢ um bom sacetdote como € padre Estévio, (Anténio Callado, MC, 99%) }) um facto improvavel: ‘Tristto podia resolver esta minha Iuta interior cantando algama couse jue me obrigasse a ouvido. it (Machado de Assis, OC, J, 1.098.) 2) uma hipétese, uma conjecture, uma simulagio: Estatia ali para dar esperanga aos que a tivessem perdido? (Maria Judite de Carvalho, AV, 138.) Nas oragbes adverbiais, 4, Nas ORAGOES SUBORDISADAS ADVERBIAIS © ConjuNTTvo, em geral, fo tem valor proprio. E um mero instrumento sintéctico de emprego tegu- Indo por cet conjungtes. i En principio, povemos der que o conguvnvo 6 de regia depos das conjungtes: 4) causats que megam a ideia da causa (ndo porgue, nao que): Nao que mio quisesse amas, mas amat-menos, sem tanto softimento, (Lygia Fagundes Telles, DA, 107.) B) concsssivas (eabora, ainda que, conguanto, posto que, mesmo gue, $2 bem que, etc): © povo nito gosta de assassinos, embora inveje of valentes. (Catlos Drummond de Andrade, CA, 7.) 2) wwass (para que, a fim de que, porgne): Para que tudo etomasse 2 quietede inicisl, ¢ os coelhos se resolves- sem a vie gozne a feesa, seriam precisas horas, e entio jé nfo teria uz. (Miguel Torga, NCM, 64.) yEnD0. a 4) ‘euronats, que marcam a anteriotidade (antes que, aff que © seme- Ihantes): E vai custar muito até que « pobre assente juizo, (José Lins do Rego, MR, 227.) Usa-se também 0 coxyunrtvo, em razio de ser 0 modo do eventual ¢ do imaginatio, nas: 4) onAgéxs GompanartvAs iniciadas pela hipotética como se: ‘As pernas tremiam-me como se todos os nervos me estivessem gol peados. (Camilo Castelo Branco, OS, J, 761.) 4) onagtes conprctonais, em que 2 condicio ¢ irrealizével ou hipo- tética: © Morte, dava-te 0 vida, Se tu Iha fosees Jevarl... (Guerra Junqueiro, 5, 74.) 4) oRAgoES Conszcurivas que exprimem «simplesmente uma con- cepgio, um fim a que se pretende ou pretendetia chegar, ¢ no uma reali- dade» (Bpifinio Dias): — Que quer vomect? —perguntou rudemente, de longe, intersompendo 1 marcha de modo que ela pudesse chegar até juato dele (Femando Nemora, TJ, 70.) ‘Tempos do conjuntivo. Dissemos anteriormente que as formas do conyusmivo enuaciam a esto do verbo como evcntual, incerta, ou irreal, em dependéncia estreita ‘com a vontade, a imaginagdo ou o sentimento daquele que as emprega. Por isso, as nogoes temporais que encerram ao sio precisas como a5 expressas pelas formas do inprcativo, denotndoras de aces concchidas em sua rea- lidade. Feita esse adverténcia, examinemos os principais valores dos tempos do coxjunntvo, EE 8 8 4 9 BREvE GRAMAHICA Do PORTUGUES CONTEMPORANEO (© prusmern Do conyuntivo pode indicar um facto: presente: Pena é que 0s meninos estejam tio mal providos de roupa. (Otto Lara Resende, BD, 128.) futuro: ‘Meus olhos apodregam se abengoar voce. (Adonias Filho, LP, 140.) © mimsnrerro Do coxjuntivo pode ter 0 valor: de passado: Nio havia intengio que ele afo the confessasse, conselho que The so pedisse. y até 4 (Agustina Bessa Tats, 5, 58:) de futuro: ‘Alberto era inteligente ¢ se nfo se deixasse eagazupas, talvez aquilo Ihe fowse um bem. (ecceira de Castro, OC, 1, 87.) de presente: ‘Tivesses coracio, terias tudo, (Guimaries Passos, V5, 166.) © preréatro PERFEIZO DO CoNjuNTIVo pode exprimir um facto: pasado (supostamente concluido): Espero que nfo « tenha ofendide, (Maria Judite de Carvalho, AV, 105.) fatoro (terminado em selagio a outro facto futuro): Espero que Joto tena feito o exame quando eu voltar. (© prurierro MAIs-QUE-PERFETO Do ConjuNTTVO pode indicar: uma acgéo anterior a outra acgio passada (dentro do sentido even- yanso an nual do modo conjuntive): _ Esperci-a um pouco, até que tivesse terminado sua fileste e pudéesemos sig juntos, (Cito dos Anjos, DR, 167.) 4) ma acgio itreal no passado: Se a vitéria os houvesse coroado com os seus favores, nfo thes falaria 6 splauso do mundo e a solicitude dos grandes edvogados, (Rui Barbosa, EDS, 794) 5. OUTRO Do ConjuNTrvo smupLEs marca a eventualidade no futuro, emprega-se em orgies SUBORDINADAS? 4) ADVERDIAIS (CONDICIONAIS, CONFORMATTYAS € TEMPORAIS), cuja PRINCIPAL vem enunciada no fataro ou no presente: Se quiser, ixci veo. Se quiser vé-lo, vi a sua casa. Farei conforme mandares. Fasa como souber. Quando puder, pussarei por-aqui. Quando puder, Yeaha vee-me. 4) Apyuerwvas, dependentes de uma pancreas, também enunciada no faturo ou no presente: Direi uma palavra amiga aos que me ajudarem. Dign uma palavra amiga aos que 0 ajudarem, 6 O Furuno Do conjunrivo Comrosro indica um facto futuro como tetminado em relagio a outro facto futuro (dentro do sentido geral do ono conyontrvo): Quando tiverdes acabado, sercis desalojados de vosso precitio pouso ¢ devolvidos as vossas favelas. ubem Brage, CCE, 230.) MODO IMPERATIVO EMPREGO DO MODO IMPERATIVO x. Embora a palavra rmperartvo esteja ligada, pela otigem, so latim imperare «comandam, nio & pata ordem ou comando que, na maioria dos 340 BREVE GRAMATIGA DO TORTUGUES CONTEMPORANEO ‘casos, nos seevimos desse modo, Ha, como veremos, outros meios mais efi- Cares’ para expressarmos tal nogio. Quando empregamos © MAPERATIVO, | remos 0 intuito de exostar © nosso interlocutor a cumprit a acgio ., mais 0 modo da exortagio, do conselho, do do comando, da ordem. JRATIVO AFIRMATIVO COMO 0 NEGATIVO usamn-se somente fem orag5es ptincipais, ou em oragdes coordenadas. ‘Ambos podem ie: ‘¢) uma ordem, um comando: Cala-te, nfo the digas nada. (Carlos de Oliveits, AC, 98.) }) uma exortagéo, um conselho: ‘$8 todo em cada coisa. Poe quanto é ‘No minimo que fazes. (ernando Pessoa, OP, 239.) 2) um convite, uma solicitagio Vinde ver! Vinde ouvir, homens de terra estranbal (Olegitio Mariano, TVP, J, 275.) 4) uma stiplica: Nao me deixes s6, meu filhol... (Lusandino Vieira, NM, 83.) 3. Eimprega-se também o mmrEaaTivo para sugerit ums hipdtese em lugar de assergbes condicionadas expressas por s+ FUTURO DO CONJUN- savor Suprima a virgula, ¢ o sentido ficaré mais claro. {Se suprimic a vicgala, 0 sentido ficar& mais claro] 44 Esses diversos valores dependem do significado do verbo, do sen- tido geral do contexto ¢, principalmente, da entoagio que dermos & frase imperativa, Por exemplo, numa frase como a seguinte: Saiam da chuva, meninos! (Lats Jardim, MP, 47.) conforme 0 tom da vox, a nogio de comando pode enfraquecet-se até chegat a de siplica. yaRBo. aan 5» Releva ponderar ainda que o rureramivo é enunciado no tempo presente, mas na sealidade este «presente do imperativo» tem valor de wen faturo, pois a aogio que exprime esté por realizar-se. EMPREGO DAS FORMAS NOMINAIS Caracteristicas gerais. Séo FoRMAS Nounvats do verbo 0 INFINITIVO, © GERUNDIO € © PAR: rrcino, Caracterizam-se todas por nfo poderem exprimic por si nem o tempo nem o modo. © seu valor temporal ¢ modal esti sempre em dependéncia do contexto em que eperecem. Distinguem-se, fundamentalmente, pelas seguintes peculiaridades: 2) 0 xememivo apresenta 0 processo verbal em poténcia; exprime a dein da acglo, aptoximando-se, assim, do substantivo: Softer por sofves, Somente eu soft. (Cecflin Meiceles, OP, 581.) 5) © GeRnpr0 apresenta o processo verbal em curso e desempenha fungdes exercidas pelo advérbio on pelo adjectivo: ‘Metendo o batco pela terra dentro, ¢ mesmo posstvel ir mais além. Miguel Torgs, P, 87.) Ouvia-se 0 cantar de cattos de boi, chorando, de muito longe. (José Lins do Rego, FA, 146.) ©) © paRticfrio apresenta 0 resultado do processo verbal; acumula as catacteristicas de verbo com as de adjectivo, podendo, em certos casos, secebet como este as desinéncias -a de feminino e -s de plural: ‘Uma das censs fora flmada mma loja do baitzo, ampla, bem ium com pratt etropedae dow mas divemos produce om amines (Gttau Monteiso, APJ, 47.) Acrescente-se, ainda, que: 4) © INMINMIVO ¢ 0 GERANDIO possuem, 20 Indo da forma simples, 342 ‘uma forma composts, que exprime a acgfo conclulda; apresentam, pois, internamente, uma oposigio de asexcrO: ‘Aspecto no concluido Iendo tendo lida. }) © INFINrTivo assume, em portugués, duas formas: uma no fle- xionada; outra flexionada, como qualquer forma pessoal do verbo; 2) 0 cannot € invariévels 4) 0 vaRmictero nifo se flexiona em pessoa. EMPREGO DO INFINITIVO Infinitive impessoal ¢ infinitivo pessoal. A par do nsenurrrvo mapessoat, isto é, do infinitivo que no tem sujeito, porque nio se refere a uma pessoa gramatical, conhece lingua portuguesa © INFINITIVO TESSOAL, que tem sujelto préprio e pode on no flexionar-sc. ‘Assim, em: Se erlar & criar-se, cantar é ser. (Gmllio Moura, IP, 187.) Jina fesse: © dificil ¢ estarmos atentos. (Wesgflio Ferreira, NNN, 128.) estamos diante de uma forma do INFINITIVO PESSOAL. © INEINITIVO PESSOAL FLEXIONADO possui, como dissemos, desinén- cas especiais para as txés pessoas do plural e para a 2.4 pessoa do singular. Emprego da forma nao flexionada. x. O mypmnrrrvo conserva a forma NAO FLEXIONADA? areve GRamArica Bo roRrucuts coNTEMPORANEO | vyanBo, fe 1.9) quando & rvpssoat, ou seja, quando nfo se refere a nenhum sujeitoz Viver é exprimit-cc. Gilberto Amado, TL, 9.) 2.9) quando tem valor de imperativo: Format! — ordenou 0 sipaio Jacinto. (Castro Soromenho, V, 197.) 3°) quando, em frase nominal de acentuado caricter afectivo, tem sentido narrative ou descritivo (EVERSNIVO Dz NARRAGKO): ‘WMais dois dias, E Catasina a piorae, (Oscar Ribas, U, 245.) 4°) quando, precedido da preposigio de, serve de complemento nomi- ial « adjectivos como facil, pessivl, bom, raro e outros semelhantes: Ji mio teansitam pelo cocreio aquelas cartas de letza miudicha, imy siveis de ler, gratas de ler, pois derramavas neles uma intacta ternuta.. (Carlos Drummond de Andrade, CB, 157.) 5.9) quando, regido de preposigio «, equivale a um geréindio em locu- ses formadas com 05 verbos estar, ander, ficar, sver ¢ semelhantes: Andam a montar casa. Joaquim Pago d’Arcos, CVL, 704.) 2. B também normal o emptego do mvmmivo NXo FLEXIONADO: 1), quando pertence a uma locusto verbal ¢ io ext distanciado do seu ausiliag: Importaram menos at palavat, esas tlver pudessem caqueces: org outa se Ihes islam vobrepor cobti‘as,caesimiiglas (Alves Redol, BC, 57.) 29) quando depeade dos auriliares causativos (deixar, mandar, fazer « sindnimos) ov sensiivos (or amir, sentir ¢ sinénimos) e ver imediat mente depois desses verbos ou apenas separado deles por seu sujeito, expresso por um pronome obliquo: . Deixas corer os dias como 28 Aguas do Pa: (Machado de Assis, OC, rave GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Esta viu-os ir pouco a pouco. (Machado de Assis, 0 ») 1 flexionada, quando entre » expresso por substantive Domingos mandou os homens levantarem-se. (Castro Soromenho, C, 56.) Finalmente, via os t1és pastores pegarem nos alforges © ditigirem'se ao regato, para lavar as sos. Gerreica de Castro, OC, 1, 404) E, mais raramente, quando o sujeito é um pronome obliquo: Ble viwas entrarem, prostrarem-se de bragos estendidos, chorando, ¢ ao se comoveu.. (Coelho Netto, OS, 1, 1328.) ‘Emprego da forma flexionada. (© mmmvo assume a forma FLEXIONADA: 1.9) quando tem sojeito claramente expresso: Mas 0 curioso tu ntlo pereeberes que no houve nunca eilusion alguma. (Wergilio Ferreira, NN, 312.) 29) quando se refere a um agente nfo expresso, que se quer dar a cotihecer pela desinéncia verbal: —Acho melbor aio fazeres questio. Ferreira de Castro, OC, 1, 94) 5.9) quando, na 3 pessoa do plural, indica a indeterminagto do su- jelto: : ee - ‘Ouvi dizerem que Macia Jeroma, de todas a mais impressionante, pol ac dgaffonado c po pintura a cas, gashara 0 sero, Gilberto Amado, HMI, 143.) 49) quando se quer da & frase maior énfase ou harmonia: “Aqueles homens gotejantes de suor, bébedos de calor, desvaitados de © 345 insolagilo, / a quebrarem, / a espicagarcm, / a torturarem a a Clam wim punta de deraionrevoidos hasta impotinda conte 5 fia sivel gigante. eaece (luisio Azevedo, G, 6. Conclusio. Como vemos, «a escolha da forma infinitiva depende de cogitarmos somente da acgéo ou do intuito.ou necessidade de pormos em evidéacia o agente da acgio» (Said Ali). No primeiro caso, prefecizemos o xvrmuzIvo Ko FLEXIONADO; no segundo, o FLEXIONADO. Trata-se, pois, de um emprego selectivo, mais do terreno da estilistica do que, propriamente, da gramitica. EMPREGO DO GERUNDIO Forma simples e composta, ‘Vimos quc 0 GEninpio apresenta duss formas: uma spies (lindo), outta cosrosra (tendo ou havend ido). A forma compost é de caticter perfeito ¢ indica uma acgfo concluida anteriormente & que exprime o verbo da oracfo principal: Nio tendo conseguido dormic, fui escaldar um chi na cozinha ¢ dei de cara comm a Rose e a Tdalina (Otto Lara Resende, BD, 1x2.) ‘A forma smurtzs expressa uma aciZo em curso, que pode ser imediata- mente anterior ou postetior 8 do verbo da oraglo principal, ou contempo- nea dela, Exe valor temporal do Gzndwpro depende quase sempre da sua coloci- io na frase, Geriindio anteposto a oragio principal. Colocado no inicio do periodo, 0 GERUNDIO exptime: 4) uma acgio principal: sda imediatamente antes da indicada na oragio Ganhando 2 prasa, o engenkeico suspirou livre. (Anibal M, Machado, HR, 41.) 56 RLV GRAMSTICA DO PORTUGUMS CONTEMTORANEO 2) uma acgio que teve comeso antes ou no momento da indicada na ‘oragio principal e ainda continua: Estalando de dor de cabesa, insone, tenho 0 coragio vario ¢ amargo, (Otto Lara Resende, BD, 52.) Gerindio a0 lado do verbo principal. Colocado junto do verbo principal, o GERdNpIo expressa de regra uma aogio simaltines, correspondente & um adjunto adverbial de modo: Chorou solugando sobre + cabega do cto. (Castro Soromenho, TM, 203.) Geriindio posposto oragdo principal. Golocado depois da ozagio principal, 0 GeRtnDIo indica uma acgio posterior ¢ equivale, na maioria das vezes, a uma oracio coordenada inicinda pela conjungio 6: ‘As trajectérias recomecaram, proceseando-se a um ritmo regular. (Fecnanda Botelho, X, 158.) Geriindio antecedido da preposiclo em. Precedido da preposigio em, 0 GaRUNDIO marca cnfaticamente 2 ante- riotidade imediata da acgio com referencia & do verbo principal: Him se The dando corda, ressurgia nele o tagarela da cidade. (Monteiro Lobato, U, 127.) © gerindio na Jocugio verbal. © cxndworo combina-se com os ausiliares estar, andar, ir ¢ vir, pata marcat diferentes aspectos durativos da acco verbal, examinados por és 20 estudarmos o emprego desses auxiliares. EMPREGO DO PARTICIPIO Elemento de tempos compostos. (© panirctero desempenha importantssimo papel no sistema do verbo vysn20 347 com permitic a formacio dos tempos compostos que exprimem o aspet conclusive do processo verbal. ee anni Emprege-se: 2) com os auxiliates fer ¢ haver, pata fotmar os tempos compostos de yor. activa: tendo esesito hhavia escrito 8) com o auxiliar ser, para format os tempos da voz passiva de acgio: A carts foi escrita por mim. com 0 auxiliar estar, para formar tempos da vor passiva de estado: ‘Estamos impressionados com a situacio, Participio sem auxilias. x. Desacompanhado de auxiliar, 0 ARticirro exprime fundamental- mente 0 estado tesultante de uma acgio acabada: Achada a solugio do problema, no mais torturou 2 cabecs. (Afonso Arinos, OC, 456.) 2. O PaRrtcforo dos versos TRANsITIV0S tem de regra valor passivo: Lidas uma ¢ outra, procedeu-se as assinatures, (Joaquim Pago d’Arcos, CVL, 10.) 3. O ranricipro dos vennos nernansrrtvos tem quase sempre valor activo: ‘Chegado 20s pés, olhava-me para cima. (Wergilio Fesreita, NN, 66,) 4 Exprimindo embora 0 resultado de ama acgio acabada, 0 pant. {mo no indica por si préprio se a aos em causa ¢ passada, presente ot © contexto a que pertence precisa a sua relagio temporal. Assi mesma forma pode expressar: fein eet 48 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMTORANEO acgio passada: Aberta uma excepedo, estévamos perdidos. 4b) segio presente: Aberta uma excepsio, estamos perdidos. 6) acgio fatura: Aberta uma excepsio, estaremos perdidos. Nos casos acima, vemos que a oragio de ranricisto tem sujito dife- rridade, Embaragado, no consegui chegar & porta. (Otto Lara Resende, BD, 121.) Encerrados na quinta, Baltasar ¢ Blimunda assistem 20 passar dos dias, (José Saramago, MC, 191.) 5+ Quando o raRticforo exprime apenas o estado, sem estabelecer nenhuma relagio temporal, ele’ se.confunde com 0 adjectivo: Com a cabega levantada, olhava 0 céu. (Gophia de Mello Breyner Andresen, CE, 156.) vento enfurecido agoitava a rancharia, Augusto Meyer, ST, 15.) CONCORDANCIA VERBAL x. Assolidatiedade entre 0 verbo ¢ 0 sujeito, que ele faz viver no tempo, exterioriza-se na CONCORDANCTA, isto 6, na variabilidade do verbo para con- formar-se 20 niimeto ¢ A pessoa do sujeito, 2, A CONCORDANGIA evita a repetigio do sujeito, que pode ser indi- yes aa cado pela flexio verbal a ele ajustada: Eu acabei por adormecer no segago de minha tia. Quando acordei, jf em tarde, aiio vi men pai (Aguilino Ribeito, CRG, 257.) REGRAS GERAIS x, Com um 86 sujeito. © verbo concorda em ntimero e pessoa com o seu sujcito, venha ele claro ou subentendido: A paisagem ficou espiritualizada. ‘Tinka adquisido uma alma, E uma nova poesia Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada. (Manuel Bandcira, PP, 70.) 2. Com mais de um sujeito. © verbo que tem mais de um sujeito (superro courosro) vai para o plural e, quanto & pessoa, inf: @) para a 1. pessoa do plural, se entre os sujeitos figurar um da 1.8 pessoa: Sé eu € Floséncio ficdmos calados, & margem. (Cito dos Anjos, DR, 39.) B) para a 2 pessoa do plural, se, nfo existindo sujeito da 1.* pessoa, houver um da 2 Tu ou os teus filhos vereis a revolugio dos espiritos ¢ costumes. (Camilo Castelo Branco, J, I, 21.) ©) para a 3.% pessoa do plural, se os sujeitos forem da 3.* pessoa: Quando 0 Loas € a filha chegaram as proximidades da courela, logo Se aouneiaer exmando Namora, TJ, 227) Observagio: Na Linguagem corrente do Brasil cvitam-se as formas do sujeito composto que levam 0 verbo & 2. pessoa do plural, em virtude do desuso do tratamento 350 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO, sis , também, da substituicfo do tratamento i por vor, aa maior parte do als, Em lugar da 2# pessoa do plural, encontramos, uma ver por outta, tanto ‘no Brasil como em Portugal, o verbo na 3.* pessoa do plural, quando um os sujeitos € da 2.8 pessoa do singalar (2a) e os demais da 3. pestoa: Baa que lingua tu ¢ ele falavam? ubem Fonsecs, C, 35.) —0 Pomar ¢ tu os esperam. (Fernando Namora, NM, 242.) CASOS PARTICULARES x. Com um 66 sujeito © sujeito uma expressio partitiva. x. Quando o sujeito é constitufdo por uma exptessio pattitiva (como: parte de, uma perio dt, 0 gross de, 0 resto de, metade de e equivalentes) e um substantive ou pronome plural, o verbo pode ir para o singular ov para © plural: ‘A maior parte deles jé nio vai a fibcical (Bernardo Santareno, TPM, 40.) ‘A maior parte destes quartos nfo tinkham tecto, nem portas, nem pavimento, (Camilo Castelo Branco, OS; I, 196) 2. A cada uma destas possibilidades cortesponde um novo matiz da ‘expresso, Deixamos o verbo no singular quando queremos destacar 0 conjunto como uma unidade. Levamos o vetbo 20 plural pata evidenciar- ‘mos 05 vatios elementos que compéem 0 todo. sujeito denota quantidade aproximada, Quando © sujeito, indicador de quantidade aprozimada, é formado de tum aiinero plural precedido das expressies cerca de, nais de, menos de sirilazes © verbo vai normalmente para o plusal: Ainda assim, restavam cerea de cem viragos... Goto Ribeiro, FE, 53.) ‘yanso. 35 Observagio: Enguanto o sujeito de que pattitipa a expressio menos de dois leva 0 verbo 120 plaral, 0 sujeito formado pels expressées mais de um ou. mais que um, segue das de substantivo, deixa 0 verbo de regta no singular: ‘Mais de um sujeito corren na salvagio do pescogo-pelado. José Clndido de Carvalho, CLH, 137.) Emprega-se, porém, o verbo no plural quando tais expressdes vém sepetidas, ‘ou quando neles baja ideia de seciprocidade. Assim: ‘Mais de um velbo, mais de uma crianga nfo puderam fugis a tempo. Mais de um orador se cfiticaram mutuamente na ocasiéo. 0 aujeito & 0 pronome relative que, x. © verbo que tem como sujeito 0 pronome telativo gue concorda em méimeto € pessoa com 0 antecedente deste pronome: Bs tu que vais acompanhé-to. (Alves Redol, BC, 345.) 2. Se 0 antecedente do relative gue é um demonstrative que sexve icativo ow aposto de umm pronome pessoal sujeito, o verbo do sela- 4) concordar com 0 pronome pessoal sujeito, prineipalmente quando © antecedente & o demonstrative 0 (4, 05, ‘io somos nés os que vamos chamar esses leis companheitos de além- mundo, ai Barbosa, EDS, 680.) 4) it para a 5.8 pessoa, em concordincia com o demonstrativo, se nio hh interesse em acentuar a intima relagio entre o predicativo e o sujeito: Fui Hava que nas suas comolou E fai a que habitou Pacos Reais... (Plorbela Espanca, 5, 103.) 3+ Quando o relativo gu vem antecedido das expresses um dos, uma das (+ substantivo), o verbo de que ele & sujeito vai pata a 3.* pessoa do plural ou, mais ratamente, para a 3.® pessoa do singular: Bs um dos raros homens que tm o mundo ass mor. (Augusto Abelaisa, NC, x21.) ay numre cRAnrIca DO PoRTuGUES CoNtHAtrONANEO Foi um dos poveos do seu tempo que reconheceu a originalidade ¢ Importineia da literatara beaileira (Joto Ribeiro, AC, 325.) Observagior (© verbo no singular destaca o sujeito do grupo em relacio ao qual vem men- ciorado, a0 contrario do que ocorre se construirmos « oragio com 0 verbo no plural, 4 Depois de sm dos que (= sm dagueles gre) 0 verbo vai normalmente para a 3.4 pessoa do plural: ‘Bla passou-se para outro mais decidido, um dos que moravam no quar tinho dos grandes. (José Lins do Rego, D, 107.) Sao raros exemplos literérios contemporineos como estes: © homem fora um dos que io resistira a tal soxtilégio. (ernando Namora, CS, 168.) O bispo de Silves foi um dos que cain no erro fanesto, (Aquilino Ribeiro, PSP, 250:) eujeito é 0 pronome relative quer. 1. © pronome relativo quem constrdise, de tegta, com o verbo na 5.* pessoa do singular: E aio fai ex quem te salvou? @avid Mourio-Fecreira, I, 91.) 2. Nio faltam, porém, exemplos de bons autotes om que 0 verbo concorda com 0 pronome pessoal, sujeito da oragio anterior. Neste caso, pée-se em relevo, sem rodcios mentais, 0 sujeito efectivo da acco expeessa pelo verbo: No tou eu quem desctevo. Eu sou a tela B oculta mo colora alguém em mim, errando Pessoa, OP, 55.) ram os flhos, estudantes nas Faculdades da Bahia, quem os obrigay vam a abaadonar 0s hibitos frogais, (Jorge Amado, GCC, 249.) Hi esta a construgio preferida da linguagem popular, ano 353 © sujeito & um pronome intetrogativo, demonstrative ou indefinido plural, seguido de de (ou denire) nés (ou vés). x. Se 0 sujeito & formado por algum dos pronomes interrogativos usis? quantos?, dos demonstrativos (estes, esses, equelzs) ow dos indefinidos (alguns, mnites, powces, quaisque, véries), seguido de uma das expres- sbes de nis, de vés, dentre nds ow denire sés, 0 verbo pode ficar na 3.8 pessoa do plusal ou concordar com 0 pronome pessoal que designa o todo: Quais de vés soi, como cu, desterrados no meio do género humano? (Alexandre Herculano, E, 170.) ‘Maitos de nés andam por af, querendo puxar conversa com voots. (Carlos Drummond de Andrade, CB, 165.) 2. Seo interrogativo ou o indefinido estiver no singular, também no singular devers far 0 verbo: Quando as aavens comesatam a existt, qual de nés estava presente? (Cecilia Meiceles, OP, 299.) Nenhum de vés, 20 meu enterro, ed mais dindi, obhai! do que eal! (Anténio Nobre, J, 85.) sujeito € um plural aparente. Os nomes de lugar, ¢ também os titulos de obras, que tém forma de plural sio tratados como singular, se néo vierem acompanhados de artigo: Mas Vassouras é que nto o esquecerd tio cedo. (Raimundo Correia, PCP, 492.) Comparado, por exemplo, com Agosto Azul, Regressos acusa nal ‘capitalos uma ligeira variagio de timbre. a (Utbano Tavares Rodrigues, MTG, 50.) san Quad? prsdidos de artigo, © vetbo assume normalmente 2 forms plural: Os Estados Unidos, eatio, por sua vex, tentam uma demonstrsgio espectacular. (Urbano Tavares Rodrigues, JE, 308.) 354 asve GRaMésicA DO Poarucuis conmmuronineo | ‘As Memérias Péstumas de Bris Cubas lhe davam uma outra dimen. so. (Thiers Martins Moreira, VVT, 38) sujeito € indeterminado. ‘Nas oragées de sujeito indeterminado, ji o dissemos, o verbo vai pata 1.3.4 pessoa do ph —Pedicam-me que a procurasse. Femanda Botelho, X, 203.) Se, no entanto, a indetetminagio do sujeito for indicada pelo pronome 42, 0 wetho fica na 3.* pessoa do singular: Veio a hora do chi. Depois cantou-se ¢ tocou-se ainda. @lachado de Assis, OC, UL, 106.) Concordancia do verbo sr. x. Ema alguns casos o verbo ser concorda com o predicetivo. Assim: 1.9) Nas oragées comegadss pelos pronomes interrogativos subs- tantivos gue? e quens?: — Que sio seis meses? (Machado de Assis, OC, I, ro4x,) Quem teriam sido os primeisos deu: (Anténio Sérgio, E, IV, 245.) 2.9) Quando o sujcito do verbo ser é um dos pronomes iste, iso, agule, tudo 0 6 (= aquilo) € 0 predicativo vem expresso por um substantive 20 plural: —Isto aio sto conversas pasa ti, pequena. (emnaado Namors, T], 196.) Tal concordincia explicase pela tendéncia que tem 0 nosso expirito de 20, também ao é rato apatecer 0 verbo no singular, em concordat ‘© pronome demonstrativo ou com o indefinido: ‘Tudo era 08 estudos, brincadciras. (Luandino Vieir, VE, 49) ysx20 Neste exemplo, o escritor, com o singular (isto 6, colocando 0 verbo em concordincia com o pronome indefinido), procura realgar um con- junto, © aio os elementos que o compdcm, « fim de eugetionos as dife- rentes realidades transformadas numa 56 coisa. “Atente-se 0 efeito estilistico provocado pelo contraste de concordin- cia neste passo de Camilo Castelo Brancu. Hi neles muita ligrima, © © que nfo € lagrimas sto algemas, 3°) Quando o sujeito € uma expressio de sentido colectivo como o resto, © moais: © mais odo casas espateas, (Catlos Drummond de Andsade, CA, 73.) 49) Nas ofagies impessoais: ‘40 duas horas da noite. (Antéaio Botto, 40, 141.) Obseevasio: Empregados com referencia as hotas do dia, os verbos dar, hater, soar ¢ siné- nimos concordam com 0 niimero que indica as horas: Soaram doze horas por igrejas daqueles vales. (Camilo Castelo Branco, QA, 163.) Quando bi © sujeito rligio (ou sine, snes etc), 0 verbo naturalmente con- corda com ele: (© sino da Matsiz bateu seis horas. (Augusto Meyer, P, 159.) 2, Seo sujcito for nome de pessoa ou pronome pessoal, © verbo nor- malmente coacorda com ele, qualquer que seja 0 mimero do predicstivo: Ovidio € muitos poetas ao mesmo tempo, ¢ todos exceleates, (Aaténio Feliciano de Castilho, AO, 25.) ‘Todo eu era olhos coragio. (Machado de Assis, OC, J, 742.) 3+ Quando o sujeito é constituido de uma expresso numérica que se | 336 BREE GRASLATICA DO PoRTUGUS CONTEIFORANEO considera em sua totalidade, 0 verbo ser fica no singular: Oto anos sempre & alguma coisa. (Carlos Drummond de Andrade, CA, 146.) 4. Nas frases em que ocorre a locugio invariével é que, 0 verbo concorda com 0 substantivo ou pronome que a precede, pois sfo cles efectivamente 0 seu sujeito: Tu £ que deves escother o si (Alves Redol, BC, 345.) 2, Com mais de um sujeito Concordincia com 0 sujeito mais préximo. ‘Vimos que 0 adjectivo que modifica varios substantivos pode, em certos, 2505, concordar com o substantivo mais préximo. Também 0 verbo que tem mais de um sujeito pode concordar com o sujeito mais préximo: 4) quando 0s sujeitos vém depois dele: Que te seja propicio 0 astro € a flor, Que a teus pés se incline a Terra eo Mar. losbela Espanca, 5, 163,) ¥) quando 05 sujeitos sio sinénimos on quase sindnimos: © amor e 2 admiracdo nas criancas comprazee dos extremos. re Ribeiro, CRG, 36) €) quando hé uma enumetagio gradativa: ‘A mesma coiss, 0 mesmo acto, a mesma palavra provocava oz isadas, oa castigos. (Monteiro Lobato, N, 4.) 2) quando 0s sujeitos sto interpretados como se constituissem em con- junto uma qualidade, uma atitude: enalt Eandess © 2 signifaglo das coins resulta do gran de tanscen léncia que enceccam, (Miguel Torga, TU, 65.) yenn0. a7 Sujeitos resumidos por um pronome indefinido. Quando of sujeitos sio resumidos por um pronome indefinido (como ‘nie, nada, ringuém), © verbo fica no singular, em concordancia com esse pro- nome © pasto, as virzeas, a caatinga, 0 marmeleiral esquelético, era tudo de um cinzento de borralho. Raquel de Queieés, TR, 15.) ‘A mesma concordancia se faz quando © pronome anuncia os sujeitos: ‘Tudo o fazia lembrar-se dela: 2 manks, os pissatos, o mat, 0 azul do ca, as flores, 08 campos, os jardins, a relva, as casas, at fontes, sobretudo as fontes, principalmente as fontes. (Almada Negeeisos, NG, 112.) Sujeitos representantes da mesma pessoa ow coisa, Quando 08 sujeitos, por palavras diferentes, representam uma sé pes- soa ox uma s6 coisa, o verbo fica naturalmente no singular: ‘A Ideia, 0 sumo Bem, 0 Verbo, a Esséncia, 'S6 we revela aos homens ¢ &s nagbes No eéw incorruptivel da Consciéncial (Antero de Quental, SC, 62.) Sujeitos ligados por o# e pot 1m. 1. Quando 0 sujeito composto é formado de substantivos no singular ligados pelas conjungdes ov ou net, 0 verbo costama ir: 4) pata o plural, se 0 facto expresso pelo verbo pode ser atribuido a todos os sujeitos: Por muito que @ tempo ou a paisagem se repetissem, cssa teimosia apenas 2 apzoximava da harmonia caprichosa da paisagem da sua infincia. (Feraando Namors, TJ, 301.) Nem a monotonia nem o tédio a fatiam capitular agora. (Cito dos Anjos, M, 235.) 1) pata o singnlar, se 0 facto expresso pelo verbo s6 pode set atribuldo 358 RIVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO a um dos sujeitos, isto 6 se hd ideia de alternative: Fui devagas, mas 0 pé ou 0 espelho traiu-me, (Machado de Assis, OC, I, 763.) Nem tormenta nem tormento nos poderia parar. (Cecilia Meireles, OP, 141.) 2 Nota-se, porém, na linguagem cologuial uma tendéneia de analar tais distingoes, principalmente quando os sujeitos estio ligados pela con- jungio nem. Encontra-se frequentemente o plural onde seria de esperar o singular Assim: Nem Jozo nem Catlos sett eleitos presidente do clube. © catgo de presidente € exercido por um sé individuo. Logo, o verbo deveria matcar a alternincia. Outras vezes, faz-se a concordat a acgio se refira 2 cada um dos suj com 0 sujeito mais préximo, embora Assim: Nom 0 sol, nem 0 vento, nem 0 xuido das dguas, nem mesmo a preocupasio de que ex pudeste perseguios, perturbava 0 acoachego. (Dinah Silveita de Queieés, EHT, 53.) ados por ou ou por menr niio sio da mesma pessoa, jum expresso por pronome da 1.8 on da 2.* pessoa, © verbo ixé normalmente pata o plural e para 2 pessoa que tiver precedéncia, Oc ela ou eu havemos de abandonar para sempre esta cata; ¢ isto hoje mesmo. (Bernardo Guimacies, El, 56.) Nem tu nem eu soubemos set nés wins nica vez (Augusto Abelsizs, B, 122.) 4- As expresses sm ow oniro © nem sum nem outro, emptegadas como Pronome substantive ou como ptonome adjectivo, exigem normalmente 0 verbo no singular: Um on outro porco era cevado e 2s salgedeiras de Cotrocovo suavize- ram 0 inverao. (Carlos de Olives, CD, 96.) yan20 339 Nem um nem outro havia idealizado proviamente este enconteo, (Fass0 da Silveira, SC, 220, Nio ¢ rata, porém, a construgio com © verbo no plural quando as expresses se empregam como pronome substantive: Nem um nem outro desejavam questionar. Goaquim Pago @’Axcos, CVL, 1145.) A locugio nn ¢ outro. A locugio wm ¢ otra pode levar 0 verbo ao plural ou, com menos fre- gutncin, gular: Um e outro & sagaz ¢ pressentido. (Anténio Feliciano de Cas FI, 15) Sujeitos ligados por com. Quando os sujeitos vém unidos pela particula com, 0 vetbo pode usar- -s¢ no plural ou em concordincia com o primeiro sujeito, segundo a valo- rizagio expressiva que dermos 20 elemento regido de com. Assim, o vetbo iré normalment os esto em pé de igualdade, ¢ 2 par- jungko #: © mestee com o bolecico fzeram 2 emenda, (José Lins do Rego, FM, 94) 2) para o plural, quando os ticala con os enliga como se foss 2) para o mimero do primeito sujeito, quando pretendemos realgé-lo em detrimento do segundo, seduzido & condigio de adjunto adverbial de companhia A. viiiva, com o resto da familia, mudara-se para Vila Tsabel, desde 0 rompimento. Mibeiro Couto, NG, 71) Sujeitos ligados por conjungio comparativa. Quando dois sujcitos esta unidos por uma das conjungies comparati- 360 DREVE GRAMATICA DO’ PORTUGUES CONTEMPORANEO era como e equivalentes, a concordancia depende da inter. mos 20 conjunto: vas como, assim pretagio que Assim, 0 verbo concordard: a) Como primiro sujeite, se quisermos destact-lo: © nome, como o corpo, € nés também. (Vergilio Ferrera, A, 20.) Neste caso, a conjungio conserva pleno 0 sen valor comparativo; ¢ 0 segundo termo vem enunciado entre pausas, que sc marcam, na escrita, por virgulas. ) Com os dois sujeitos englobadament €:0 vetbo itd para o plur se 05 considerarmos termos que se adicionam, que se reforgam, interpre que normalmente damos, por exemplo, 2 estruturas cortelativas do tipo Janto... como: B intl accescentac que tanto ele como eu esperamos que voce not a8 sempre noticias. Qibeito Couto, C, 202.) Entre os sujeitos nfo hé pausa; logo, nfo devem ser separados, na escrita, por virgula. De modo semelhante se comportam 03 sujcitos ligados por uma série aditiva enfitica (ndo 16... mas [sno 01 como] tansbém) = Qualquer se persuadird de que no 66 2 nagio mas também o principe estariam pobres. Alexandre Herculano, HP, 1, 305.) REGENCIA Bm geral, as palavras de uma oragio sto interdependentes, isto é, rela cionam-se éntre si para formar um todo significativo. Essa relacto nccessdtia que se estabelece entre duas palavras, uma dhs quais serve de complemento a outra, € 0 que se chama RuGENCTA. A pala ‘vra dependente denomina-se REGIDA, € © termo a que ela se subordina, REGENTE. As rolagbes de nucfincra podem ser indicadas: 42) pela ordem por que se disp6em os termos na oragio; ERs 361 0) poles preposigdes, cuje fungéo ¢ justamente a de ligar palaveas esta belecendo entze elas um nexo de dependéncias 2) pelas conjungbes subordinativas, quando se trata de um perlodo composto. Em outros capitulos deste livro, estudamos patceladamente tais relagSes: complementos pedidos por substantives, por adjectivos, por verbos, por advérbios e, mesmo, por oragées. Procuraremos, agora, pecisar melhor as formas que assume a REGENCTA VERBAL. Regéncia verbal. x. Vimos que, quanto & predicagio, os verbos significativos se divi- dem em INTRANSITIVOS € TRANSITIVOS. Os nernansrrrvos expressam uma ideia completa: A ctianga dormiu, Pedro viajou. Os rRaNsrrrvos, mais numerosos, exigem sempre © acompanhamento de uma palaysa de valor substantive (onyEcro DIRECTO ou INDIRECTO) paca integrar-ihes o sentido: © menino comprou um livro, © welho carecia de soupa. Pedro deu um presente ao amigo, 2. A ligagio do verbo com o sex complemento, vsnsAz, pode, como nos mostram os exemplos acima, 4) directamente, sem uma pteposigio intermédia, quando 0 comple- mento € OBJECTO DIRECTO. 6 a REGENCIA se: D) indirectamenie, mediante 0 emprego de ume preposigio, quando o complemento € os)scro INDIRECTO. Divetsidade e igualdade de regéncia. Verbos bd que dade de regencia cor em mais de uma regéncia, Em geral, a diversi- ponde a uma variagio signifcativa do verbo. AAssim: [= sorver, respirar] o ar de montanha, = desejar, pretender] a um alto cargo. 362 BRIE GRAMATICA Do PoRTUGUS CoNTEUFORANIO ‘Alguns verbos, 20 entanto, usam-sc na mesma acepgio com mais de uma regencia. ‘Meditar mum assunto. Meditae sobre um assunto. ‘Outros, finalmente, mudam de significagio, sem variar de regéncia. Carecer [= nfo ter] de dinheiro. Carecer [= precisa:] de dinheiro. Observagio: No catudo da regéacia verbal cumpre io esquecer os seguintes factor: 12 O oamcro momuncro 36 no vem preposicionsdo quando & expresso pelos pronomes pessoais obliquos me, tes Ie, nas, vase Ties. 2.2 Someate as preposigées que ligam complementos a um verbo (ouncro SBEECrO) on a UM nome (COMPLENENTO NOMINAL) estabelecem relagbes de regtncia. Por isso, convém distingu-as, com clateze, das que encabesam ‘ADJUNTOS ADVERBTAIS OW ADJUNTOS ADNOMINASS. 5.8 Os VERMOS mVFRANSIFIVOS podem, em certos casos, ser seguidos de ‘eapcro prrecro. De rege, isso se dé quando, o substantive, micleo do mado da mesma raiz on contém o sentido fundamental do verbo. uma vida alegre. Chorar Migrimas de amargura, 4° Também vennos rnansrrivos costumam scr usados intransitivamente: © por cego € 0 que nto quer mafhoso: nfo afirma nem nega, vveres, a regtacia de um verbo estende-se aos substantivos e 20s adjectivos cognatos: Obedecer a0 chefe, Obeditneia a0 chefe. Obediente a0 chefe Contentarse com a sorte, Contentamento com a sorte, Contente com a sorte. SINTAKE DO VERBO HAVER : © verbo saver, conforme o seu significado, pode empregar-se em todas 8 pessoas ou apenas na 3.# pessoa do singular. x. Emprega-se em todas as pessoas: yex00 6 4) quando € auxsnran (com sentido equivalente sont quer junto @ participio, quer junto a infinitive posigio de: ‘Tembém a mim me hilo ferido, oss Régio, F, 56.) de verno mms. cedido de pre- Outros haverio de ter © que houvermos de perder. (Fernando Pessoe, OP, 17.) B) quando é venno paiNcrrat, com as signifcagces de wconseguior, cobter, caleangar», «adquitiny: Donde houveste, 6 pélago revolto, Eee regio ms (Gongalves Diss, PCPE, x91.) 6) quando & verno prmvcrPAx, com a forma reflexa, nas acepgies de epottar-se», «procedem, ecomportar-sen, «conduzir-se>: Talves passasse por cima de tudo, da maneira como cle a tratara, da dureza com que se houvera e se lembrasse de que ele era 0 sea pai. Coaguim Pago d’Azcos, CVE, 702.) 4) quando é verso rien tido de wentender sen, eavir-se», ., também com a forma zeflexa, no sen- justar contasy: ‘© mestre padeiro, que era do mesmo sapgue do patrio, que se hou- vesse com ele. (José Lins do Rego, MR, 34.) #) quando € verso parxcirat, acompanhado de infinitive sem pre- posigéo, com o sentido equivalente a «ser possively: io hi negi-lo, o apito € de uso geral ¢ comum, (Machado de Assis, OC, IIL, 336.) 2, Emprega-se como morsssoar, isto é sem sujei existim, ox quando indica tempo decorido, Nes tempo, conjuga-se tio-somente na 5.* pessoa do singulas Hi trovosdss em toda a parte. (Miguel Torga, V, x58.) DREVE GRAMAIICA DO PORTUGUES coNTEMPORANEO eer — Hi dois dias que aifo vem trabathar! ‘(Cuandino Vieira, NM, 129.) 3. Quando o verbo Auer exptime existéncia ¢ vem acompanhado dos auxiliaces ir, dever, pader, etc, « locuglo assim formada é, nataralmente, impes* soal. —Bu nfo sei, senor doutor, mas deve haver leis. (ga de Queieés, 0, 1, 164.) Podia haver complicagées, quem sabe? (Cito dos Anjos, M, 193.) verbo aver, quando sindnimo de exist, constrbi-se de modo diverso deste. iivo directo, sendo o seu objecto (© pronome pessoal 0 (2, ly (a) svjeito, expresso pelo nome da Hi tantas folhas pelas calcadas! Bxistem tantas folhas pelas calgadas! 14, Advétrbio x. O Anvitasto é, fundamentalmente, um modificador do verbo: © ehmogo decorria agora lentamente. (Arnaldo Santos, K, 105.) sn funcio bisica, geral, certos advécbios actescentam outras privativas. s chamados ADVERBIOS DE INTENSIDADE ¢ formas semantica- mente cortelatas podem reforgar 0 sentido: 4) de um adjectivo: Antes de partir, teve com o padre uma derradeisa conversa, muito edi- ficante ¢ vasta, (Guimartes Rosa, 5, 346.) 2) de um advésbio: ‘Ohomem caminhava muito devagar. (Sophia de Mello Breyner Andresen, CE, 156.) 3+ Saliente-se ainda que alguns advérbios aparecem, no raro, modifi- cando toda a oragio:! Possivelmente, nfo haverd cela este ano. (Wergilio Fereira, 4, 137.) Ne emprego, vém geralmente destacados no infcio ou no fim jos termos se separam por uma pausa altids, marcada na la. 366 DREvE GRAMATICA DO PORTUGUBS CONTEMPORANEO Classificagio dos advétbios. Os apvéastos tecebem a denominagio da circunstincia ox de outra ideia acesséria que expressam. ‘A Nomenclatura Gramatical Brasileira distingue as seguintes espécies: 2) Apvinntos pe APIRMAGKO: sin, cerkaments,efectioamente,realrente, ee. DE DOVIDA: caso, porcentura, possoelmente, provarel quigd, talver, eens 2) ADVERBIOS DE INTENSIDADE: assay, ba 2, bem, demais, mais, menos, d) xpviixnios DE LUGAR: abai aqui, atrés, através, cd, defront, dentro, detr ¢) aDviinBI0s DE MODO: ben, pier © quase todos os termin: |) ADvEREIO DE NEGAGKO: nao; ‘Q) ADVERBIOS DE TEMPO: agora, ainda, amanhd, anteontent, antes, breve, edo, depois, ent, hoje, 6, jameis, loge, ran, ontem, ontrora, sempre, tarde, etc. ‘A Nomenclatura Gramatical Portuguesa acrescenta a essa lista tés otras espécies: 4) Apvéxnios DE ORDEM: primciramente, wltimamente, depots, ete. 1B) xvvinstos Ds excLusko € 4) Apviinsi0s DE DESTGNAGA Os dois wltimos foram incluidos pela Nomenclatura Grammatical Bea- sileica num grupo a parte, inominado, em razio de ndo apresentarem as caracteristicas normais dos advérbios, quais sejam as de modificar 0 verbo, © adjective ou outto advérbio. Deles teataremos adiante sob a denominagio de PALAVRAS DENOTATIVAS. Advérbios interrogativos. Por se empregarem nas interrogagées directas ¢ indirectas, os seguiates advérbios de causa, de lugar, de modo ¢ de tempo sto chamados mrrERRo- Gartvos: a) DE CAUSA: por que? Pot que mio vieste & festa? io sei por que nfo vieste 2 festa, ADvenBto, 367 i) DE WAR: onde? ‘Onde esté o Livro? Ignoto onde esté o livro. 2) DE MODO: coma? Como vais de sade? Dize-me como vais de sade. d) De reso: quando? Quando voltas aqui? Queso saber quando voltas aqui. Advétbio telativo. Como dissemos na pagina 551, 0 rclativo'onde, por desempenhar nor- malmente 2 fungio de adjunto adverbial (= 0 lugar em que, no qual), é considerado por alguns graméticos ADvERBIO RELATTVO, designagio que néo consta d> Nomenclatura Gramatical Brasileira, mas que foi acolhida pela Portuguesa. Locugio adverbial. 1. Denomina-se rocugdo ApveRatar o conjunto de duas ou mais, palavras que funciona como advérbio. De tegra, as LOCUGOES ADVERDIATS formam-se da associagio de uma preposigio com um substantive, com um adjectivo ou com um advérbio. Assim: Fernanda sortie em siléncio. (Eitico Vertssimo, LS, Sortindo mats, obedecen de novo. (Ferreira de Castro, OC, —Vou comesar por aqui... (Marie! da Fonscea, SV, 133.) L 4) Mas hé formages mais complexas, como: © cachimbo de agua passou de mio em mio. (Castro Soromenho, V, 205.) Respondilhe que aquilo devia ser alguma ideia de minha mulhes, que de vex em quando tem uma. (Ruben Brags, CCE, 97.) 368 BREVE ORAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ‘$6 de Jonge em longe se ouvis, vindo des murslhas, 0 grito de ronda dos soldados. Gophia de Mello Breyner Andsesen, CE, 184-5.) ‘a. A:semelhanga dos advérbios, as Locugéss ADVERBIAIS podem ser: 42) DE ATIRMAGKO (ou DOvIDA): com cerfegay por carte, sem divide: ‘Atente-se na distingio: Com certeza [= provavelmente] ele viri. Ele vir com certeza [= com seguranca]. b) pe mexenstpape: de mate, de ponce, de todo, etc.; 6) DE LUGAR: & direita, 2 exquerda, & distancia, a0 lado, de dentro, de cima, de longe, ds porto, em cinsa, para dentro, para onde, por ali, por agud, por dentro, por fora, por onde, por perto, etc. DE MoDO: & fea, d vontade, ao contrério, ao Hix, as avessas, as claras, as con anor, de bom grado, de cor, de md vontade, de to, gota a gota, paso a passa, or arate, eXC-5 2) DENEGAGAO: de forma alguma, de modo nenbum, etc.; f) ve mmupo: 2 vit, & tarde, & tardinka, de dia, de manha de mite, de (quando em quando, de vez em quando, de terypos en (a) tempes, em breve, pela mana, ec. Observacio: Quando uma preposigio vem antes do advérbio, aio muda a natureza destes {forma com cle uma Locugko ApvEanraL: de dire, por detrds, etc. Se, 20 contritio, a preposigio vem depois de um advérbio ow de uma locusto adverbial, 0 grupo inteizo tansforma-se numa LOCUGA PREROSIEIVA: det- 40 de, por detrds dy ete. Colocagéo dos advérbios. x. Os Apvénatos que modificam um Apjecrivo, um PARTicinIo isolado, ou um outro ADvEumto colocam-se de regra antes destes: Invejeio nvivo, tio alegre, tho amével, « grossa gorgalhads a inromper cada instante. (Graciliano Ramos, C, 156.) Muito apressado, um vistvel nervosismo, veio de casa até ali (Manuel da Fonseca, SV, 193.) win. 2 369 —O ten pai est muito mal, (Castro Soromeaho, TM, 206.) 2, Dos apvitastos que modificam o verso: 4) 05 DB MoDO colocem-se normalmente depois dele: Eh ouvieo atentamente, (Almada Negrcitos, NG, 61.) +) os ne TEMPO € DE LUGAR podem colocar-se antes ou depois do ‘VERBO: De manha, acordei cedo. (Machado de Assis, OG, TL 557.) Heide aticar com esse tipo de of para fora. (Joaquim Pago d’Ascos, CVL, 683.) Cé fora era noite, (uandino Vieira, VVDX, 73.) 2) 0 de NEGAGKO antecede sempre © VERO: —Entio ndo se cava a terta?... nfo se lavea?... nfo se aduba?... iio se semela?.. (Aguilino Ribeiro, CRG, 66.) 3. O realce do apjuwro ADVEREIAL. é expresso de regea por sua anteci- pagio 20 verbo: Rapidamente Gertrades siscou um fsforo ¢ acendeu duas ves, (Gophia de Mello Breyaer Andresen, CB, 54.) Li fora, na rua, um Bonde passou com estrépito, (Fernando Sabino, EM, 85) Repetigao de advérbios em -mente. 1, Quando numa frase dois ou mais advérbios em -mente modificam 1 mesma palavra, pode-se, para tornar mais leve 0 emunciado, juntar o sufixo apenas 20 shimo deles: 2H longa a estrada... Aos ispidos extlos baEvE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Do impaciente ltego, o8 eavalos Correm veloz, larga ¢ fogosamente... Raimundo Corseia, PCP, 123.) 2. Se, no entanto, a intengio & realcar as circunstincias expressas pelos advérbios, costuma-se omitit « conjungio ¢ © acrescentar 0 sufixo 2 cada um dos advérbios: De repente, pusme de pé e aproximel-me lentamente, ritmadamente, voluptuosamente, da janela, (Fernando Namora, RT, 165.) GRADAGAO DOS ADVERBIOS Certos advérbios, principalmente 03 de modo, so susceptiveis de gra- dagio. Podem apresentar um COMPARATIVO e um suPERLATIVO, formados por processos andlogos aos que observamos na flexto correspondente dos adjectivos. Grav comparativo. Forma-se 0 COMPARATIVO? 12) Ds sursxtonDADE—antepondo mais e pospondo gue ou do gue ao advérbio: © fitho andava mais depressa que (ou do que) o pai. B) ve 1cvALpADE—antepondo ‘do e pospondo como ow quanto 20 advérbio: 0 filho andava tio depressa como (ou quanto) o pai. 2) De INWERIORIDADE—antepondo memes € pospondo gue ou do que 20 advérbio: © pai andava menos depressa do que (ou que) o flho. Grau superlative. Forma-se 0 SUPERLATIVO ABSOLUrO: 2) stvrficrico—com 0 acréscimo de sufixo: muitissimo, pougutssimo apvénato: om sendo de notar que nos advérbios cm -mente esta terminagio se pospée & forma superlativa feminina do adjectivo de que se deriva o advécbio: Superlative Adjectivo leato Jentissimo Ientiésimamente 4) axaxirtco —com a ajuda de um advérbio indicador de excesso: —Fizeste bem mal, muito mal mesmo—repreendeu Elmisa, “(Anténio de Assis Jéaior, SM, 205.) Outras formas de comparativo e superlative. 1. Mellor e pior podem ser companartvos dos adj «¢, também, dos advérbios bem mal, Neste caso so, naturalmen Quem escteven melhor? Quem escreveu bem no Brasil? (Graga Arana, OC, 708.) —E 0 professor niio estaria aqui plor? ereandia Botelho, X, 350.) 2. A par dessas formas anémalas, existem os comparartvos reguls- res mais bem mais mal, usados, de preferéncia, antes de adjectivos-particfpios: ‘As paredes da sala estio mais bem pintadas que as dos quartos. Nio pode haver um projecto mais mal executado do que este. Advirta-se, porém, que na posposigio s6 sc empregam as formas sin- téticas: As paredes das silas esto pintadas melhor que as dos quartos. Nio pode haver um projecto exeeutado pior do que este. 3. No surenzartvo amsovuro suvxfcrico, bem apresenta a forma optimamente; © mal, a forma pessimanente: Maria esté passando optimamente. © cavalo correu pessimamente, Muito © pows, quando advérbis f € COMO SUPERLATIVOS 0 mais ou sm como COMPARATIVOS mais, sino © 0 menos ox pougutssine, 32 sespectivamente: ——Dom Juan, quando menos pensava, lé se foi para as profundas do Inferno. (Arte Azevedo, CFM, 9.) Esse tipo de publicagto, aaa difwndido entre nés, € todavia da maior importincia ¢ lergamente praticado em outros palses. (Emanuel Pereira Filho, in TPB, de Gindavo, 13.) limites da possibilidade, pospondo-he a palz- O administrador ia 0 mais depressa possivel. (Casto Soromenho, TM, 181.) —Nio quero saber dot santos 6leos da teologias desejo sait daqui © mais cedo que puder, ou jf... (Machado de Assis, OC 794) Diminutivo com valor supetlativo. Na linguagem cologutal ¢ comum o advérbio assumir uma forma dimi- rutiva (com 08 sufixos -inbo © -zinbo), que tem valor de SUPERLATIVO: ‘Vem cedinho, vem logo que amanhesal (Bugéaio de Castro, UV, 59.) Adtvblon que alo se fexlonam em grav. é, boje, anranba, diariantente, anwalnente ¢ formagies semelhantes. PALAVRAS DENOTATIVAS? 1. Certas palavras, por vezes enquadradas impropriamente entre os 2 A denominagio raxavaat omNorAmAs foi peoposta pelo profestor José Oiticea BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTRMPORINO —_/ spvéasro advérbios, passatam a ter, com a Nomenclatura Gramatical Bras ‘ago & paste, mas sem nome especial. Sio palaveas que denotam, por exemplo: a) mNcLusKo: aff, inclusive, mesmo, também, (etc.: ‘Tudo na Vide engans, até a (Anténio Ne b) wxcrwsio: apenas, salvo, sendo, sé, Da familia 06 clas duas subsistiom, (Josue Montello, DP, 382) 2) DESIGNAGKO: cir: His o dia, ele 0 Sol, 0 esposo amado! (Antero de Quental, SC, 4.) ad) meances 64, Id & que, 6, ete Bu cf tenho mais medo do sol que dos letes, (Castro Soromenko, C, 204.) RECTIFICAGKO: alids, on antes, is —Sinto que ele me escapa, ou melhor: que munca me pertencen, —Afinal, ela no tem culpa de ser filha de ministro. @etnando Sabino, EM, 85.) 2, Como vemos, tais palavras nio devem set incluldas entre os advér- bios. No modificam 0 verbo, nem o adjectivo, nem outto advérbio. Sio por vezes de classifcagio extremamente dificil. Por isso, na anilise, convém dizer apenas: «palavra ou locugio denotadora de exclusio, de sealce, de rectificagion, etc. 3. A Nomenclatura Gramatical Portuguesa admire a existéncia dos snvénst0s DE EXcLUSKO € Dx INCLUSKO € considera ADVERBTOS DE ORAGKO © que, neste Capitulo, denominairios PALAVRAS DENOTATIVAS DE StTUAGKO. fem seu Manual de andi (ei 64 ed, refundide, Rio de Jancito, Feanciteo Alves, pa p. s0-55. A falta de uma inais, precisa ¢ mals geacralizads, adoptamos provito- timate et embora reconhecendo que edenotirs & préptlo des uaidadeslesieate em gel, 15. Preposigao Fungio das preposicées. Chamam-se praposigdns as palavras invaridveis que relacionam dois ter- mos de uma oragio, de tal modo que o sentido do primeiro (asmmscEDENrz) é explicado ov completado pelo segundo (consequNre). Assim: Antecedente Preposigao Consequente You a Roma Chegeram a ‘tempo Todos sslcam de casa Ghorava de dor Estive com Pedeo Concordo com voot Forma das preposigées. Quanto & forma, as pREPOsIGoES podem ser: 2) sturixs, quando expressas por um 36 vocdbulos 4) composras (ov Locugées Pasrosrmvas), quando constituidas de dois ou mais vocibulos, sendo o ultimo deles uma Preposic£o siapuzs (geralmente 42). Preposigées simples. As prerosig6xs smmpuss so: a com em por (pet) ante contra entre sem, apés de para sob até desde erate sobre els wospomeghg es ais prerostgdes denominam-se também ESSENCTATS, para se distin- gaitem de certas palavras que, pertencendo normalmente a outris classes, funcionam 4s vezes como preposigies e, por isso, se dizem Paxposioées ‘ACIDENTADS, Assim: afore, conforme, consoante, darante, excepto, fora, mediante, inom, nid obstente, salvo, segundo, sendo, trante, vst, ete. Locugtes prepositivas. Bis algumas Locugdss paErosrsivas: abaiso de spesat de fem baiso de para Baixo de acerca de a respeito de em cima de paracima de acima de airs de em frente a par com a despeito de através de em frente de perto de adiants de de acordo com om Inger de por baixo de a fim de debaiso deem redo: de por causa de além de de cima de em toro de _—_por cima de antes de defronte de em ver depot detris de 20 lado de deatto de gragas a por diante de ao tedor de depois de junto 2 por entre a par de dant de junto de por teks de de ranposigo iplicer moviinento ou mo mor dizendo: pode exprimir um movimento ou uma situagio dal 1 ‘Nos exemplo: mencionados, a ideia de movimento em: ‘Vou a Roma. ‘Todos safram de casa, Sto marcadas pela auséncia de movimento as relagées que as pazPosi- cous a, de e com estabelecem nas seguintes frases: 2, Tanto 0 MOVIMENTO como a SITUAGKO (termo que adoptaremos daqui por diante, para indicar a falta de movimento na selagio estabelecida) a6 reve GRAMATIGA DO PORTUGUES CONTEMPORAKEO podem ser considerados em referéncia 20 ¥SPAGO, 20 TamPO € 2 NOGKo. ‘A rxurosiGho de, por exemplo, estabelece uma relagiot @) ESPACTAL em: ‘Todos salram de casa. 5) TEMPORAL em: ‘Trabulha de 8 as 8 todos os dias. ) Nocronan em: Chorava de dor. Livro de Pedro. Nos us casos a paxrosgo d reaciona palaveis 2 base de wna dela Tonge dev. Os matizes signifieaivos que esta preposigio pode adquitir em ateddo significative fundamen. tal e das suas possibilidades de aplicagio aos campos espacial, temporal ow nocional, com a presenga ou a auséacia de movimento, 3. Na expressio de relagées pteposicionais com ideia de movimento considerado globalmente, importa levar em conta um ponto limite (A), ‘em teferéncia 20 qual o movimento seri de aproximagio (B-> A) ou de safastamento (AC): A B+ f+ T = Vou a Roma. ‘Teabalharei até amanhi. Foi para o Norte. 4- Recapitulando ¢ sintetizando, podemos concluir que, embora as reposigesapreentem grande variedae de usos, bastante difereaciados no dkmenc, mareada pela expresso de movimento ou de situagio resultante ‘auséncia de movimento) e aplicivel aos campos espacial, temporal e nocional. ( pnepostgho ny [srag0] [ano] frogto} [aura] [este Esta subdivisio possbilta a andlise do sistema funcional das preposigdes ‘em portugues, sem que precisemos levar em conta os variados matizes signi- fewtivos que podem adysie em decomtaca do contexto em que vém inseridas. Contetido significative e fungio relacional. 1. Comparando as frases: Viajei com Pedco, Concordo com voot, observamos que, em ambas, a PREPOSIGRO com tem como antecedente uma forma verbal (viaje concorde), Ui primeizo caso, é um termo acess6rio. (com Pedro = ADJUNTO ADVERDIAL) © no segundo, um termo integrante (com vert — onyucro xepimzcro) da oragio. 2, A prevosigio com exprime, fundamentalmente, a ideia de «associa- ‘glo, «companhian. E esta ideia bisica, sentimo-a muito mais intensa no primeiro exemplo: ‘Viajei com Pedro. do que 20 segundo: Concorde com vook, Aqui o uso da particule com apés 0 vetbo conordar, por sex construgio jé a8 DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONMPORAIERO fixada no idioma, provoca um esvaecimento do contetido significative de «associagion, «companhiay, em favor da fungio relacional pura, 3. Costuma-se nesses casos desprezar o sentido da pruPastg%o, ¢ con- sideri-la um simples elo sintdctico, vazio de contetdo nocional. Cumpré, no entanto, salientar que as relages sintécticas que se fazem por intermédio de pReposigko onricaTOn1A seleccionam determinadas PREPOSIGGHS exactamente por causa do sen significado bésico. ‘Exemplificando: (0 verbo concordar elege a pREPOSIGAO com em virtude das afinidades que cexistem entre 0 sentido do pr6prio verbo e 2 ideia de «associagio» inerente a am. onjecro morscro, que em geral ¢ introduzido pelas preposigdes 4 ou pars, cossesponde a um «movimento em direcséo ay, coincidente com a base significativa daquelas preposigées. 4. Completamente distinto € 0 caso do onjicro DIRECTO PREPOSICIO- ADO, em que o emprego de PREPOSIGKO nio obrigatéria transmite & selagio um vigor novo, pois 0 reforgo que advém do contetido significative da teposigio € sempre um elemento intensificador e clatifcador da relagio verbo-objecto: —Duas blasfémias, menina; a primeita € que aio se deve amar a nine guém como a Deus, 2 a (Machado de Assis, OG, 1, 662. 5. Em resumo: a maior ou menot intensidade signifcativa da pRrost- Gko depende do tipo de naragko swerkortca por ela estabelecida. Essa RELAGHO, como esclateceremos a seguir, pode ser TIXA, NECESSARIA ou LIVRE. Relagies fixas. Examinando as relagbes sintécticas estabelecidas, nas frases abaixo, pelas PRurosigoes marcadas em negrita: © rapar entrou no café da Rua Luis de Camdes. (Caslos Drummond de Andrade, CB, 30.) Necessariamente fo-de vencer eles. (Camilo Castelo Branco, OS; I, 653.) ¥ REp0stGAo 379 Porém poesia nio sai mais de mim senifo de longe em longe. (Mitio de Andsade, CMB, 214.) —Entio, sigo em frente até dar com cles. (Aquilino Ribeiro, V, 438.) verifieamos que 0 uso associou de tal forma as PREFOSICOHS 2 detetminadas polavras (ou grupo de palavras), que esses elementos no inais se desvincu- am: passam a constituit um todo significative, uma verdadelisa palavra composta. esses casos, a primitiva fungio relacional e o sentido mesmo da pre- posigio se esvaziam profunda indo a preponderar tanto na orga sizagio da frase como no valor 10 0 conjunto léxico resultante da fxacio da telaglo sintéctica pre ‘Bm der com (= «toparr), por exemplo, 2 preposigio, Gada 4 forma verbal, nfo Ihe acrescenta apenas novos matizes conotativos, mas altera-Ihe a propria denotagio. Relagdes necessérias. Nas oragées: Eu jé nem me lembro de nada... (Miguel Torga, NCM, 49.) —Fol vontade de Deus. (Graciliano Ramos, SB, 129.) Ontem fui a Cambridge. (Urbano Tavares Rodsigues, JE, 155.) ‘Um magro procureva saber se « minha foupa preta tinhe sido feita por alfaiate, Gost Lins do Rego, D, 23.) as preposigées relacionam 2o termo principal um consequente sintacticamente necessirio: embro-me de nada (verbo + objecto indirecto) ‘vontade de Deus (eubstantivo + complemento nomial) fui a Cambridge (verbo + adjunto adverbial necessirio) feita por alfsiate (partiipio + agente da passiva) 1 eTratando-te de vecbos intrasitw pode ser considerndo elemento. meramente aes fie, 28 ed, Rio de Jancso, Freas Bastos, 1960, movimento, © complemento de diteegio nfo enor Naseenes. O proline de righ sto axwve GRaukrICA Do vonicuts coNTEMPORAKES Em tais casos, intensifica-se a fangio prejalzo do seu contettdo significative, edu risticos minimos. Dafo relevo, no plano expressivo, da relagio sintactica em si, ional das preposigées com , ento, aos teagos catacte. Relagdes livres. A comparagio dos enunciados: Encontrar com um amigo. Encontrar um amigo. mostra-nos que a presenga da Prevosigio (possivel, mas nio necessitia sintacticamente) acrescenta, as selagdes que estabelece, as ideias de «asso. Procarar por alguém. Procurar alguém, ciagio» (rem) ¢ de «movimento que tende a completarse muma diteesio. determinada» (por). © emprego da pxsrosi¢ao em rclagées livses é normalmente, recurso de alto valor estilistico, por assumit ela ne construgio sintéctica a plenitude do seu contesido significative. Valores das preposigées. A 3. Movimento = ditecgio 2 um limite: ‘no expago: Rompo a frente, tomo & mlo esquerda, (Aauilino Ribeiro, M, 59.) }) no tempo: —Daqui a uma semana o senhor vai li em essa. (Carlos Drummond de Andrade, BV, 18.) 6) na nogio: ‘A sua vida com 0 matido vai de mal a pior. ‘Coaquim Pago dArcos, CVL, Aquele trabalho em dia destinado a descanso causeva mA impressio ‘ceasuravam-no por ali com certo azedume. (Rodrigo M. F. de Andrade, V, 133.) pasr0stGho 38r 2, Situagio = coincidéncia, concomitancia: 2) no espago: (0 que estt ao pé € igual ao que esté ao longe. (Wergilio Ferreira, NN, 43.) B) no tempor ‘A tantos de aovembro houve breves periodos de calmaria intermitente. (Manuel Lopes, FVL, 118,) 2) ma nogio: ‘Amanbi, a frio, poderei dizes-te 0 contsitio. Pepetcla, M, 182.) —Nio podemos gastar dinheico & (Osman Lins, FP, 157) Ante Situagdo = anterioridade relativa a um limite: 2) m0 expago: Parou ante o corpo de sua mie que esfriava lentamente nas extremi- dades. (Anibal M. Machado, HR, 194.) ila por antes de): “Tenho de estar de volta antes das sete horas. (Maria Judite de Carvalho, AV, 84.) 4) no tempo (61 2) na ogo: Ante a sibita ideia, Alberto hesitou. (Berseiea de Castro, OC, T, 265.) Ante a nova alianga daqueles terrtérios soberanos, 0 povo manifestou-se 208 gitos, (Nélida Pion, 5.4, 25.) Apés Situagdo — posterioridade relativamente a um limite préximo. No dis- curso, pode adquitir 0 efeito secundario-de «onsequéncia»: anava crawérica Do roxrucuis conmmuronavno |“ pnsvostgho ry 382 4) no espaco (usa-se também apés dé): ‘na nogio: “Apés cles, iam fcando medas de cereal, restolhos —vma terra saqueada, Vou amanhi de manht com o Rocha. in es mS eanto Nanors, Ts 152) | (Castro Soromenho, TM, 242.) | |A proposta foi recebida com reserva, 3) no tempo: ‘(Carlos Drammond de Andrade, CB, 125.) ‘Apés mcia hora de caminho, vislambrou a luz amortecida no cimo do ‘aces cetto do Vaimurado. (Manuel da Fonseca, SY; 164.) Movimento —direcgio a um limite prdximo, dirccsio contrétia. eee ‘A nogio de oposigto, hostilidade, € um efeito secundério de sentido decor. Movimento = aproximagio de um limite com insisténcia nele: | a) no espago: 2) no espago: iz Atuedida, a rapatiga aperta-se contra cle, (Alves Redol, MB, 329.) Macambira adiantou-se até a acca, s no banco, ates (Coutho Netto, OS, I, 1.237) Dee ee Revoltei-me contra o seu despotismo e nto espetei por ele. 2) 20 tempo: Branquinho da Fonseca, B, 66.) ‘Até meados do més ventou. Comegasam surgix argumentos contra cles. (Manuel Lopes, FVL, 65.) (Aftinio Peixoto, RC, 255.) De Observagies: Movimento = afastamento de um ponto, de um limite, procedéncia, origem. As nogoes de causa, posse, etc., dai derivadas, podem prevalecer fem razto do. contexto: 12 No portugeés modemo, esta preposicio, quando rege substantive acompankado de artigo, pode vir, ou nfo, seguida da preposicio 2. Pode-se dizer que, de um modo geral, 0 portagués europeu uss, actual ‘mente, até com a preposigio a, ao pasto que no portagués do Brasil hé uma sensivel preferéncia para outta construslo, a de até directamente ligada a0 termo regio. 28 Campre distinguir a preposigio até que indica movimento, da pala- ‘via de forma idéatica, denotadora de inclusto, que estudamos 4 pig Quanto a diferenga de construgio de uma ¢ outra com o pronome Ieiase 0 que ésccevemos no capftalo 1. 4) 0 espago: ‘Vinha de longe o mar.. Vinha de longe, dos confins do medo... (Miguel Torga, API, 65.) 9) no tempo: Roma fala do passado ao preseate, Com (Afonso Arinos de Melo Franco, AR, 27.) Situagdo = adigfo, associagio, companhia, comunidade, simultaneidade, Em certos contextos, pode exprimir as nogées de modo, meio, eausa, con- 0) na angio: Bla vem falar da sgricultura, isto é, da actividade fundamental do seu” 384 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTANPORANEO grupo, que ela assenta a defers de todos os seus valores, materia © mori (Alfredo Margarido, ELNA, 517-) LA dentro, as discipulas xecomesam 0 barulho do trabalho, dos sisos e cantigas. (Leandino Vieira, Ly 15.) Desde Movimento = afastamento de um limite com insisténcia no ponto de partida (intensivo de de): 2) 0 espago: Desea calamidade pactitbaram todas as regides banadas pelo Atlintico desde a5 Flandres até o estreito de Gibraltar. (aime Cortesio, FDFP, 28.) 5) no tempo: Desde o ano pastedo guardara essa migoa. (Anibal M, Machado, HR, 272.) Em x, Movimento = superagio de um limite de interioridade; aleance de uma situagio dentro de: 2) no espago: Os Garcias entearam em casa calados. (Witosino Nemésio, MTC, 194.) }) 0 tempo: Nazisio visitava-as de quando em quando. (Coxtho Netto, OS, I, 81.) 2) na nogio: (Teixcica de Pascoses, OC, VI, 140.) E a lagoa entrou em festa. (Anibal M, Machado, JT, 2.) fo pnsrosiG&O = 38s 2. Situagio = posigio no interior de, dentro dos limites de, em con- acto com, em cima de: 4) 0 espago: Tratia no sangue © calor humano da amizade. (Agostinho Neto, SE, 106.) }) 20 tempo: ‘Tudo aconteceu em 24 horas. (Carlos Drummond de Andrade, CB, 125.) 2) ma nogio: Somos muitos Severinos iguais em tudo e ma sina, (Goto Cabral de Melo Neto, DA, 172.) Pareceu-lhe que toda a povoasto estava em chamas, (Gastro Soromenho, TM, 255.) Entre Situagdo = posicio no interior de dois limites indicados, interioridade: 4) n0 espago: Entrou a eriada com sana tam ead com uma tavess onde famegevs um glo asad, ene (Branquinho da Fonseca, B, 37. 2) 20 tempo: ‘Todos os barcos se perdem entre o passado ¢ 0 futuro, (Ceclia Meiteles, OP, 37) 6) na nogio: © cunhado, o Daniel, que tratava da moctalha, moviawse entre 0 dever 0 desespero. (Miguel Torgs, CM, 179.) Prossiga cla sempre dividida Entre compensagdes © desenganos, (Vinicius de Morais, LS, 74.) | Meu sce desfolha-se em tntimas lembrangas, que seviver.. 6 DREVE CRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Pasa Movimento = tendéncia para um limite, iva. Distingue-se de « por comportar um trag aque do ponto de partida com predominin jo téxinino do movimento: 2) 90 espago: ‘Agora, nfo Ihe interesseva i para o Huamba (Castro Soromenho, TM, 200.) 2) 20 tempo: — Quando estd melhor, quando vat descer & sus, padte? “Li para o fim da semana. (Augosto Abelaice, BL, 55.) na nogio: ‘Deram-Ihe o formulisio para preencher & méquina ¢ reconhecer a firma, (Carlos Drummond de Andrade, CB, 111.) Cala-se para nto mentir. (ugusto Abelaira 2) no espago: Permancoeu calada perante o olbas escuro de Leonardo, (Auguito Abelaira, CF, 228) 6) na nogio: Perante a grandeza ¢ © poder do Cés, a esperansa era 0 melhor com- jpromisso dot homens para com vids. (Manuel Lopes, FVL, 14.) Vejo a sua trémula hado, perante © mistés {/ prerostgo 387 Por (per) 1. Movimento = percurso de uma extensio entre limites, através de, duragio: 2) 10 espago: Vaise por al devagarinko. Coelho Netto, OS, 1, 237.) 3) no tempo: Devorow-o por semanas uma febre ligeira, mas impertinente. (aul Pompéis, A, 255.) 2) a nogio: ste lia 08 joraais, srtigo por artigo, pontuando-os com exclamagées, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mes. (Machado de Assis, OC, T, 335.) A noite dest-1os, um Jogo que os vultos se re oc ie, Sees, wm por um, logo tos se curvaram sobr (emando Namora, N24, 247.) 2. Sitagdo = resultado do movimento de aproximagio a um limite: 4) no expago: © rumor fica em baiso, et estou por cima, (Vergilio Ferreita, NN, 73.) 2) no tempo: Pelo eceptsculo, a chavada esmoreceu. (Gatlos de Oliveirs, CD, 165) 2) na nogio: Volko-me por seaso (Usbano Tavares Rodrigues, JE, 168.) Esto vino: por tet e105 antes que te digam que por alguma indignidade, pre- vuma ligfo ao Malheiro. (Raul Pompéia, A, 146) yes mEvE GRAMATICA DO PoRTUGUS CONTEAPORANO Sem Situagdo = subtracglo, auséncia, desacompanhamento: ‘na nogio: Bi prbprio do gato sais sem pedir licence, voltar sem das satisfagbcs, (Carlos Drummond de Andrade, CB, 43.) Sem o expiito de simpatis, mado se amesquinha ¢ diminui. (Miguel Torge, P, 120.) Sob Situagio = posigio de inferioridade em relagdo a um limite (no sentido concrete ou no figurado): 4) M0 espago: (© vento da avite rogava sombras duplas gemendo docemente, sob uma chuva de jasmins-do-cabo. Pedro Nava, BO, 158.) 2) 20 tempo: Sob os Filipes, os Ramites, amuedos, (Bea de Queixés, 0, ccagam nas suas tercas, 2) na nogio: Sob certos aspectos, foi ele, nfio hi diivida, <0 ul @avid Mourio-Ferreia, HL, ‘Mas o tempo atrastase, afunda-o de novo sob o revolutear dos pen- samentos. (Manuel da Fonseca, SV, 229.) Sobre Situagio — posigio de supetioridade em relagio a um limite (ao sentido conezeto ou no figurado), com contacto, com aproximagio, ou com algurma sanrosigio 389 distincia; tempo aproximado: a) no espago: Cruzou 08 bragos sobre 0 peito e apertou 2s mos As costes, (Lis Bernardo Honwana, NMCT, 51.) 2) 20 tempo: Eatrementes foi acabando 0 ano ¢ jé era sobre 0 Natal. (Simbes Lopes Neto, CGLS, 255.) 4) na nogio: Pouco de preciso se conhece sobre a distribuigio dos Lusitanos no ter- itério. aime Cortesio, FDFP, 55, Conversavam slegrer compostos Trds-os-Montes ¢ trasanteonten. 16. Conjungio CONJUNCAO COORDENATIVA E SUBORDINATIVA 1. Cospungdxs sfo 0s vocdbulos gramaticais que servem para selacionar uss oragées ou dois termos semelhantes da mesma oragio. ‘As CoNJuncOus que relacionam tetmos ou orag’es de idéntica fungio gramatical tém o nome de coo:.pENATTVAS. Comparem-se os seguintes dizeres: © tempo e a maré nifo espera por niaguéma. Ouvi primeizo ¢ falai por derradciro. ‘Denominam-se suBORDRVANIVAS as CONTUNGOES que Jigam duas orages, uma das quais determina ou completa o sentido da outra. Comparem-se: Bram trés da tarde quando cheguei As arenas romanss. (Urbano Tavares Rodcigues, JE, 183.) Pedicamame que definisse 0 Arpoador. (Carlos Drummond de Andrade, CB, 106.) 2. Compreende-se facilmente a diferenga entre as conjungdes coorde- nativas © as subordinatives quando se compatam construgées de orages & construgées de nomes. Assim, nestes enunciados: © extudo © 0 trabalho. Betudar teabalher. 0 estado ou o trabalho. Estudar ou trabathat. CONTUNGKO COORDENATIVA no se altera com a mudanga de pois liga elementos independentes, estabelecendo entre eles digo, no primeiro caso, ¢ de igualdade ou de altecnancia, no / cospungio, gone at J nos enunciados seguintes: Depois que tiveres estudado, podes trabalhar. ‘Apon o extudo, 0 trabalho, observa-se a dependéncia do primeizo elemento 20 seguado. No ultimo exemplo, em lugar da conjunglo subordinativa (depois gue), aparece uma preposicéo (apér), indicadora da dependéncia de um termo da oragio & outro. CONJUNGOES COORDENATIVAS Dividemse a5 coNjuNg6ss coo: 1. Aprmvas, que servem pare duas oragées de idéntica fangio. Sto Leonor 1 sitoude € desfalecen, (Graciliano Ramos, I, 81.) VAS em: smente dois termos ou ¢, nem [=e nfo). 2, Apversartvas, que ligam dois termos ou duas oragbes de igual fuagio, acrescentando-thes, porém, uma”idela de contraste. Assim: mas, purist, todavia, contude, no entanto, entretanto: Apetece cantar, mas ninguém canta. (Miguel Torgs, CH, 44.) 3 AureawanivAs, que ligam dois termos ou oragies de sentido dis- indicando que, 20 comprir-se um facto, 0 outro no se cumpre. Sto 18 conjungées ov (repetida ou nto) e, quando repetidas, on, quer, sea, nem, ete: (Ora lia, ora fingia ler para impressionar aos demais passageizos. (Augusto Frederico Schmids, AP, 74.) 4 Concwstvas, que server pata ligar A antetior uma oragio que consequéncia. S40: /ogo, pois, portanto, por conseinte, Nas duas frases a experitacia ¢ @ mesma. Na primeica ado instru, logo pejudica, 5. Exourcarrvas, que ligam duas oragées, a segunda das qu: fica a ideia contida na primeira. Sio as conjungBes que, porgue, pois, porgi 392 em exemplos cotno: ‘Vamos comer, Agucen, que estoa morrendo de fome. (Adonias Filho, LP, 109.) Posigio das conjungées coordenativas, x. Das CoNJUNGdES COORDENATIVAS apenas mas aparece obri mente no comego da oragio; fortm, todavia, cantudo, entretanto © 20 podem vir no infeio da oragio ou apés um de seus termos: B noite, mas toda a noite se pesca (Raul Brandio, P, 139.) A igteja também era velha, porém nto tinha o mesmo prestigio. (Carlos Drummond de Andrade, CA, 200.) Este siltimo perfodo poderia set também enunciado: ja também cra velha; nfo tinha, porém, o mesmo prestigio. também era velha; nfo tiaha o mesmo prestfgio, porém. 2. Pais, quando Conjungko concuustva, ven sempre posposto a um termo da oragio a que pertence: ‘Para ali estavam, pois, hosas sem conto, esperando, iautilmente, Iudi- briarem-se a si pr6prios. (eenando Namora, C5, 83) 3. As CoNcLustvAS logy, portanto © por conseguinie vatiam de posigéo, conforme 0 ritmo, a entoacio, a harmonia da frase. CONJUNGOES SUBORDINATIVAS x. As conjungées suoxpnvarrvAs classificam-se em CAUSAIS, CON- CESSIVAS, CONDIGIONAIS, FINAIS, TEMFORAS, COMPARATIVAS, CONSECUTT- VAS © INTEGRANTES. |AS CAUSAIS, CONCESSIVAS, CONDICIONAIS, FINAIS, TEMPORAIS, COM PARATIVAS € CoNSECUTTVAS iniciam oragbes adverbiais. ‘As INTeGRANTS introduzem oragdes substantivas. Lee a ser eleetiy mE / congongio, 2. A Nomenclature Gramatical Brasileira inclui ainda as conjungées CONFORMATIVAS € PROPORCIONAIS, que a Nomenclatura Grammatical Por tuguesa nfo distingue das COMPARATIVAS. Observagio: Salieae-se que as comranarivas e cossecurivas introduzem orag6es subor- dinadas adverbiais, mas vém getalmente correlacionadas com um termo da ‘oragio principal. Excmplifiquemos: 3. Causars (iniciam uma ofagio subordinada denotadora de causa): porgnt, pois, porquanto, como [= porque], pois que, por isso que, 74 que, uma vex, (qt, visto que, visto come, gut, etc. ‘Tenho contiauado a poctar, porque decididamente se me renovou o estro. (Antero de Quental, C, 2. ConcessivAs (iniciam uma oragio s tum facto contrisio & acco princi onguanto, ainda que, mesmo que, posto que, ‘monas que, apesar de que, nem que, que etc: ada em que sc admite ipa de impedi-la): embora, 5 bens que, por mais gue, por Nio saberei qunca escrever sobre ele, embora tenha tentado mais de uma ver. exnando Sabino, GH, 76) 3+ Conprcrowats (iniciam uma oragio subordinada em que se indica uma hipétese ou uma condicio necesséria para que seja realizado ou nfo 0 facto principal): <#, caso, contanto que, salvo st, sem gus [= se aio}, dado que, dhade gue, a menos que, a nao ser git, ete: Se aquele entrasse, também os outros poderiam tenia. (Branguinho da Fonseca, MS, 41.) 4+ Fivals (iniciam uma oragio subordinada que indiea a finalidade da orasio principal): para gue, a fin de que, porque {== para que]: ‘Nao bastava a sua bos vontade para que rudo se atranjasse. (Almada Negreitos, NG, 82.) 5. Temronats (iniciam uma oragio subordinada indicadom de cit- ccunstincia de tempo): quando, antes que, depois gre, atl que, logo gee, sempre que, a srene cnauiscs po romrouts commaontins Mf assim que, desde qu, todas as ves qu, coda ve, qn, pena, mal, ue [= desde que), etc: Quando tio Severino volton da fivends, trouxe pera Luciana um peti | aad (Graciliano Ramos, Ins, 742) 6. Conszcunivas (jniciam uma oragio na qual se indica a consequén. cia do que foi declarado na anterior smbinada com uma des palavras tal, tanto, f20 ow tamanbo, presentes ‘na oragio anterior), de forma que, de mancira que, de mado que, de 6 st Foi to agile répida a saida que Jandira achou grasa. (Cixo dos Anjos, DR, 108.) 7. Companarrvas bro de uma compata ‘aia, menor, melbor e pier), qual (depois de assim coma, bene con, como se, que new: iciam uma oragio que encerra o segundo mem- um confronto): qué, do gue (depois de mais, memes, , quanto (depois de tant), cane ‘Mais do que as palavras, falavam os factos. (Miguel Torga, V; 278.) 8, Iivmecranres (servem para introduzir uma oragio que funciona come SUJKITO, OBJEGTO DIRECTO, OFJECTO INDIRECTO, PREDICATIVO, COMPLE MENTO NOMINAL 04 APOSTO de outra oragio). So as conjungdes gue € se: ‘Mo sei, soquer, se me viste, Nio vou jutar que me vine. Gosé Regio, F, 54.) Quando o verbo exprime uma certezt, ustse gue: Joo Garcia garantin que sim, que voltava. (Vitorino Nemésio, MTC, 61.) Quando o verbo exprime incerteza, usa-se se, Por exemplo: 4) numa divide: Ninguém sabia se estava fetido ov se ferita alguém, (Lats Jardim, MP, 54) / / conengho, 395 +) numa interrogagio indizecta: Pergunto a Deus ee estou viva, ‘ee eston sonhando ou acordada. (Cecilia Meiteles, OP, 417) Conjungdes confor © proporcionais. Como dissemos, a Nomenclatura Gramatical Brasileira distingue ainda, entre a8 CONJUNGOES SUBORDINATIVAS, aS CONFORMATIVAS © a5 PROPOR. ‘CIONATS. 1. As ConroRuartvas iniciam uma oragio subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oragio principal. Sio as conjungées conforme, como [= conforme], segundo, consoante, etc.: © som de uns sineta, conforme o capticho do vest, aproximavase ou Aas DF pe re 40 loupe ‘a (Augusto Meyet, ST, 0.) 2. As pRovoRcrONAIS iniciam ums ciona um facto realizado ou para real gio principal. S40 2s conjungées engianto, quanto mais... mais, quant tanto reais, quanto mais. menos, quanto mais... tanto ments, quanto menos... nienes, quanto menos... tanto menos, ante meres. rigs, quanto menos... santo mais: .¢io subordinada em que se men- simaltaneamente com 0 da ora- A medida que avancavam, iam penetrando no coragio da trovoads, (Miguel Torga, V, 295.) Polissemia conjuncional. Algumas conjungbes subordinativas (gue, como, porgue, se, etc.) podem pertencer a mais de uma classe. Sendo assim, o sea valor esté condicionado 0 contexto em que se insetem, nem sempre isento de ambiguidades, pois que ha cizcunstancias fronteiricis: a condigio da concess20, 0 fim da con- sequéncia, ete. LOCUGAO CONJUNTIVA. Como vimos, hé numetosas conjungées formadas da particula gue ante- eedida de advérbios, de preposiges © de pacticlpios: desde que, antes que, Hi que, até que, sem que, dado que, posto que, visto que, etc. ‘So as chamadas Locugdss conjunttvas. 17. a Interjeigio erenyergio € uma espécie de grito com que traduzimos de modo vivo as nossas emogics. ‘A mesma reacgio emotiva pode ser expressa por mais de uma interjei- gio. Javersamente, uma 36 interjeigio pode corresponder a sentimentos, ‘vatiados e, até, opostos. O valor de cada forma interjectiva depende funda. mentalmente do contexto ¢ da cntoasio. Classificagio das interjeighes. Classificamse as mnvvenyargéxs segundo o sentimento que denorm, Entce as mais usndas, podemos enumezar ast pe auecrrA! ab! ob! No Brasil também: abe! opal ‘2 pe teRROR: wil bt Locugio interjectiva. Aléin de interjeigies expressas por um s6 vocabulo, hé outras formadas por grupos de duas ou mais palavras, Sio as Locugrs mvrenjucxtvas. Exem- pplos: ai de mim! ora, bolas! raies te partamt valha-ne Deust INFERIETGAO SEER Observagdes: 1 Mo incuimos a mrenyersKo entre as cla avens 1, Mle dan gh ses de palaveas pela rato adus Com efeito, traduzindo scntimentos sibitos espontaneos, sio as je shee grt insite, equivalendo a fase emociomis, eH 28 Na cscrita, as intejeigdes vém de regen. acom BF apanhadas do ponto de 18. O perfodo ¢ sua construgao PERIODO SIMPLES E PERIODO COMPOSTO No Capttulo 7 fizemos a andlise interna da oragio, Examinimos, al, ot Seus TERMOS ESSENCIAIS, INTEGRANTES € ACESSORIOS} €, para tal est ‘vimo-nos sobretado de Penfopos srurizs, isto é, de perlodos cor de uma 56 oragio, chamada assoLurA. Tncidentemente, porém, mostrimos que OS TERMOS ESSENCEAIS, Nv: GRANTES € AcuSsSnios de uma oragdo podem ser representados por outs onagio. B agora o moment de examinarmos mais detidamente esse ponto, Composicio do periodo. x. Tomemos o seguinte perfodo: ‘As horas passim, os homens ciem, 2 poesia fica, (Bmilio Moura, IP, 165.) Vemos que ele € composto de trés otagies: = As horas passam, = os homens c1em, =a posi fea. ‘Vemos, ainda, que as trés oragdes so da mesma naturega, pois: 42). sto auténomas, MDDERENDENTES, isto 6, cada uma tem sentido préprios }) nfo funcionam como TERMOS osagio, nem a eles se referem: ‘apenas, uma pode enriquecer com o seu sentido a sofalidade da outta. ‘A tais oragdes auténomas dé-se 0 nome de cooRDENADAS, € 0 periodo por clas formado diz-se COMPOSTO POR COORDENAGKO. eee o rerfoDo & A SUA CONSTRUGKO beeen eee 2, Bxaminemos agora este periodo: © mea Andeé nfo Ihe dise que temos af um holandés que troune tial novo...? e : He Aqui, também, estamos diante de um perlodo de trés ozagées: 14 =O meu Andsé aio Ihe disse 2.8 = que temos af um holandés 3.4 = que trouxe material novo Mas a sua estruturs € diferente da do anterior, pois: 4) 4 primeita oragio contém a declaragio principal do periodo, rege-se por si, € alo desempenka nenhuma fangio sintictiea em outra oragio do perlodo; thama-se, por isso, ORAGKO PRINCIPAL; 4) a segunda oragio tem a sua existéncia dependente da primeira, de cajo verbo € oxjecro prnzcro; funciona, assim, como TERMO INTEGRANTE dela; 4) terceira oragio tem a sua existéncia dependente da segunda, de cajo objecto directo € avjunro ADNoNmNAL; funciona, por conseguinte, como TERMO Acesséx10 dela. ‘As oragdes som antonomia gramatical, isto é as oragdes que funcio- mam como termos essenciais, integrantes ou acessérios de outra oracio chamam-se SUBORDINADAS. O periodo constituldo de oragées suponpmva- DAS € uma oragio PRINCTZAL denomina-se COMPOSTO POR SUBORDINAGAO. 3. Vejamos, por fim, este periodo: Moleque Nicanor attegalou os olkos, ¢ eu pensei que ia ouvir as panca- das do sen comgio. nS if (Guitmaties Rosa, 5, 2x6.) ‘Ainda aqui temos um perfodo composto de trés oragdes: Moleque Nicanor arregalou os olhos, © eu pensel que ia ouvir as pancadas do seu comagio. A sua estrutura é, porém, distinta das duas que examinémos, ou melhor, € uma espécie de combinagio dels, pois: 4) as duas ptimeiras oragées sio CooRDENADAS DENADA ASSINDETIGA; a segunda, COORDENADA SIND! ry nave GRaMrica Do Ponrucuis CoNPm«PORANEG 2) a ditima € sononDENADA, urna vee que funciona come OBJECTO Dr nncro da oragio anterior. {periods que apresenta oragdes CoORDENADAS ¢ sunoRDINADAS dizse composto por COORDENAGAO © SUBORDINAGRO. Conclusio. Na andlise de um renfopo comPosTo, cumpre, pois, tex em mente que: 2) 2 onagho PRINCIPAL lo exerce nenhuma Fangio sintctica em outra oragio do periodo; 1) 4 onagko susoRDMADA desempenha sempre wma fungio sintictca (ojeix0, OBJECT DIRECTO, OBJECTO INDIRECTO, PREDICATIVO, COMPLE MENTO NOMINAL, AGENTE DA PASS JUNTO ADNOMINAT, ADJUNTO ADVERBTAL ou APOSTC) em outta oFagio, pois que dela € um termo ou patte de um termo. 2) t oRAGKO COORDENADA, como a PRINCIPAL, nunca 6 rermo de outta oragio nem 2 cla se refere; pode relacionar-se com outta COORDENADA, ‘mas em sua integtidade. Observagto: |A Nomenclatura Gramatical Portuguesa climinow a designagto de onAgko JaineivaL sob 0 argumento de rao fazer falta 20 estudo dosscs processos 2d edat ensejo a duplas intexpretagées, quer no plano logico, quer no plano gramatical» COORDENAGAO Oragdes coordenadas sindéticas e assindéticas. [As ORAGHES COORDENADAS podem estar: 12). simplesmente justapostas, isto , colocadas uma ao lado da outes, sem qualquer conectivo que as enlace: Seri uma vida nova, / comesaré hoje, | nfo haverk nada para tris. | 9 raxfon0 HA SUA cons™RUGKO J) ligadas por uma conjungko cooRDENArTVA: A Grécia seduzino, | mas Roma dominava-o. | (Graga Aranha, OC, 701.) No primeito caso, dizemos que 2 ORAGRO COORDENADA is . & assole mica om desprovida de conectiv. No segundo, dzemos que ela ¢ = CA, € a csta denominagio actescentamos a da espécie da conjunc COORDENATIVA que a inicia. : reer Orages coordenadas sindéticas. Classificam-se, pois, as ORAGGES COORDENADAS SINDETTCAS em: x. COORDENADA SINDETICA ADIZIVA, se @ conjungio é aDrTIVA: Insisti no oferecimento da madeisa, | € ele estremeceu. / (Graciliano Ramos, SB, 29.) 2, COORDENADA SINDETICA ADVERSATIVA, 6€ 4 conjungio € ADVER- sArIVA? Estava ftio, / mas ela no 0 sentia. / Maria Jadite de Carvalho, TEM, 75.) 3+ COORDENADA SINDETICA ALTERNATIVA, se ai aie conjungio & strer- Ou ew me engano muito / ou a égua manqueja. / i (Catlos de Oliveira, AC, 25.) 4 COORDENADA stv oe ICA CONCLUSIVA, Sc a conjungio € concuu- ‘io pacteia com s ordem; / & pois, uma rebelde, / Goto Ribeiro, PE, 95.) 5- COORDENADA SINDETIGA EXPLICATIVA, se @ conjunglo & Exp cantva: Eh, camarada, espere um pouco, / que isto acaba-se jé. / (Gexnundo Namors, NA, 353.) 42 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANHO SUBORDINAGAO ‘A oragio subordinada como termo de outra oragio. Dissemos que 2s ORAGGES SUBORDINADAS funcionam sempre como ‘PRRMOS HSSENCIAIS, INTEGRANTES 00 ACESSORIOS de outta oragio. Esclare. gamos melhor tais equivaléncias. x. No seguinte exemplo: 5B necessicia a tua vinda urgente, fo sujeito da oragio € « twa vind urgente, vERMO BssENCTAL, eujo aicleo © substantive vinda. ‘Mas, ein lugar dessa construgio com base 10 substantivo vinda, poderla. mos dizer: 2 necessésio que venhas urgente. © sujeito setia, entio, que senbas angente, TRRMO ESSENCIAL. represen tado por oragio. 2. Neste exemplo: Ninguém esperava a tua vinda. 10 objecto directo de esperava € a tua vinda, TERMO INTEGRANTE, Cujo micleo & ‘© substantivo ainda, Hm vez dessa construgio nominal, poderlainos ter dito: Ningaém espetava que viesses, Com isso, 0 objecto directo de esperana passatia a sex que viesses, TERMO muracnanme representado por uma oracto, 3+ Neste exemplo: Nilo desaprendi as lifes recebidas. © adjunto adnominal, 7ERMO ACESSORIO, esti expresso pelo adjéctivo rece bidas. / o venfov0 & A Sua constaugko 4 ‘Mas, se quiséssemos, poderiamos ter substituldo © adjective resebides por gue resebiz io desaprendi as ligdes que recebi. Terlamos, neste caso, como adjunto adaominal de figdes a oragio que recbi. Por ovttas palavras: teriamos um TERMO ACESSORIO representado por uma otagio. 4 Neste exemplo: Ainda nio o tinha visto depois da volts. sfo t#8s 05 adjuatos adverbiais (rerncos AcessOnros) da oragio: 4) cinds —sdjonto adverbial de tempo; 2) nda —adjunto adverbial de negagio; 4) depuis ds volta —adjunto adverbial de tempo. Em lugar da expresso adverbial de tempo d:pois da volta, poderiamos ter emptegado uma oragio — depois que voltara: Ainda aio 0 tiahs visto depois que voleara. Depois que voltara, adjunto adverbial de tinhe visto, & pois, um TERMO ACESSORIO eptesentado por uma oragio. 5. Do que dissemos uma conclusio se impée: © rerfoo composro POR SUBORDINAGAO é, na esstncia, equivalente a um pERfopo stipes. Dis- tingue-os apenas 0 facto de os TERMOS (ESSENCTAIS, INTEGRANTES € AGES- s6ni0s) deste serem representados naquele por ORAGOES. Classificagio das otagées subordinadas, AS ORAGOES sUBORDINADAS classificam-se em SUESTANTIVAS, ADJEC- NIVAS € ADVERBIAIS, porque as fungdes que desempenham sio comparé- veis as exercidas pot substantivos, adjectivos ¢ advérbios. Oragdes subordinadas substantivas. As ORAGOES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS vém normalmente introdu- vides pela CONJUNGKO INTRGRANTE gre (3s vezes, por st) e, segundo o seu neve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO / 9 munioD0 & A SUA consraugio i 404 Observagio: valor sintéctico, podem see eee eee \s oragées que desempenkam fe agente da passiva iniciamse por x. Suazertvas, quando exercem a fungio de sujeito: | pronomies incefinidos (quem, 91 qualquer, etc.) precedidos de wma das eee | preposigoes por ou de, Heerto | que a presenga do dono o Miguel Tosga, B, Omissio da integrante gw. as pinseras, quando exercem a fongio de objecto dicecto ne ree eee Depois de certos verbos que exprimem uma ordem, um desejo ou uma siplica,2 agua portuguesa permite a omissio da mZEGRANTE gue? Queita Deus / nto voltes maie triste (Manuel Bandeira, Respondilie / que j& tinka lido a receita em qualquer parte, | (José Cardoso Pires, D, 295.) io si | se Padre Bernardino concordart comigo. (Otto Lara Resende, BD, 109.) je ses subordinadas adjectix j. Osjscrtvas mpincrAs, quando exercem a furigio de objecto Oragées s1 as adjectivas. ne 1 As oRAGOss sunoRDmvaDas aDsectivas vém normalmente introdusi- es por um PRONOME RELATIVO, ¢ exercem a fungio de ANJUNTO ADNOMINAL “2 tue estavas doente / quando cle nasceu, Pe Tee (ger ustad se de um substantivo ou pronome antecedente: Susana, / que nao se sentia bem, } estava de cama, (Miguel Torga, V, x78) 4 ComPiertvAs Nomuvats, quando exercem a fungio de complemento nominal: ; : © que tu va | € belo; j mais belo o / que suspelias; |e 0 j que igno- tas | muito mais belo ainda, 7 feo] queig ‘Gaul Brandio, H, 5.) Calipso! Ele tem a mania | de que atho faz bem saide. / (Augusto Abehira, NC, 15. 5+ Prepicartvas, quando exercem 2 fungi de predicativo: 2, A oRacko susorpmana AnjecrivA pods, como todo anjunto abNovanat, depender de qualquer termo da oragio, cxjo ntclco seja um subs- tantivo ow um pronome: SUJEITO, PREDICATIVO, COMPLENENTO NOMINAL, OBJECTO DIRECKO, OBJECO INDIRECTO, AGENTE DA PASSIVA, ADJUNTO ADVER- MAL, APOSTO €, até mesmo, Vocative. A verdad & / que en ia falar outra ver de Noémia. | (Agustina Besa Lols, AM, 39) 6. Avosmavas, quando exercem 2 fungio de aposto: £ preciso que o pectdor zeconhess 20 menos isto: / que a Moral caté Nica est certa / ¢ é ictepreencivel. | (Otto Lara Resende, BD, 165.) Oragbes adjectivas restritivas © explicativas. Quanto 20 sentido, as susorDmNaDAs apygerrvas classificam-se em 7. AcEst#s DA passeva, quando exercem a fungio de agente da pas- NESTRINIVAS € EXPLICATIVAS. fe x. As RusratrtvAs, como o nome indica, restringem, limitam, pre- —As ordens siio dadas / por quem pode. | cisam a significagio do substantivo (ow pronome) antecedcnte. Sio, por * (Fernando Namora, NVA, 215.) 466 rave GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENFORANEO conseguint, indispenséveis a0 sentido da fase; e, como se Vigne 20 8: cotenee sem pausa, dele alo se scparam, na eteita, pot virgult- Exemplos: {Es um dos rat0s homens / que tém © smundo nas mos. / (Augusto Abelira, NC, 121.) ‘a, As wxruicanivas actescentam ao antecedente uma qualidade aces- Tatecem melhor a sua significagio, & semelbanga de um aposto. roe isso mesmo, nfo so indispensiveis a0 sentido crvrcal da frst. separamse do antecedents por tuma puss, indicada na etcrite por ‘Tio Cosme, | que eta advogade, [ confiavache a copia de papéis de autos, (Machado de Assis, OC, J, 754) Orages subordinadas adverbiais. pvenarat de outras oragées € vm, nor das CONJUNGOES SUBORDINATIVAS (com iniciam ORAQOES SUBSTANTTVAS), rativa que as encabece, classificam- Foncionam como ADjunTo malmente, introduzidas por ums exclusio das ivrEGRANTES que, vimos, Segundo 2 conjungio ou locugio con “se em: x. CAUSAIS, 5€ a coajungio é subordinativa causal: “Nao veste com laxo | porque o tio no & rico. / (Machado de Assis, OC, Tl, 204) a. Concasstvas, se 2 conjungio & subordinativa concessiva: [A septa cca ix sempre desacompanhado, | mesmo que levasse 0 gado até aos confins da serra. / (Miguel Torge, By rot.) jh. Conprcronas, se 2 conjungio € subordinativa condicional: ‘Tudo vale a pena, / Sea alma nao & pequena. | (Fernando Pessos, OP, 19.) 4 Finals, se a conjangéo & subordinativa final: Viet um vestide de Marts, / para que a vestissem com ele. | (José Lins do Rego, 4-M, 343.) 1 | i (/ fone 2 4 sou consinosio 407 5. Temponass, se a conjungio € subordinativa temporal: J Quando estiow, / partiram. (Carlos de Oliveira, AC, 19.) + CONSECUMIVAS, se a conjuncio € subordinativa consecutiva: Eta uma vor tio grave, / que metia medo. / (Augusto Meyer, 5, 12) 7. ComPAnartvAs, se a conjungio € subordinativa comparativa: ‘Nio, meu coragio nfo € maior / que o mundo. | (Gatlos Drummond de Andrade, R, 60.) Observagbes: 12 O primeiro membro da comparacso 240 prniro membro da compara pode extr oculto: (f] gu (a nf dows anos que nos nfo viaos, © ea vie cera, | mas | qual fe uais fOramos am! ayes ae = tiene Asis root fat eee (Machado de 2 Costama-se omitir 0 predicado da oRAcko SUBORDINADA cous va, quando fepete ume fora do verbo da ergfo pein Asi Ta vais a cotser sozinho, Ribeitinho, / como eu. | Femando Pessoa, QGP, a9 x22.) Ou seja: como ea (von a cotter sozinko}- Oragées conformativas e proporcionais. nes Be casifeasto das conjungics subordnativas, « Nomenclaturn ramatical Brasileira incloi as conformatives e as propotciomais, conse- quentemente admite ela a existéncia de OnaggES SUBORDINADAS ADVERBIAIS: 1. Conroxaartvas, quando 4 conjungio que as inici nati noe quando 2 conjungio que as inicia é subordinativa | Conforme dectacei, / Madalena possula um excelente coragto, (Grnciliano Ramos, SB, 122.) 8 ava GRAMAriCA Do PonTucuis CONTEMPORANEO 2. Proponcionats, quando encabegadas por conjungio subordina. tiva propotcional: | A medida que o tempo decortia / ss figures iam tomando maior ‘vulto oa sua retina Goaquim Pago a’Atcos, CVL, 295.) Observagio: Betas oragdes podem cipal em construgies do ti menos, gkanto ments... tanto me | Quanto mais o conheso, | tanto mais o admire. Como nestas oragdes nfo sazo sc omitem as palavras quanto e tanto, € neces. em cottelagio com um membro da oragio pri + quanto mais... Yanto mais, quanto mats. ‘quanto menos... sano nvais: ratio examinar com atencio o perlodo em que clas ocorrem para clasifict. © “las com acerto. Por exemplo, nas ct | Quanto mais 0 conheco, | Mais o conhego, | tanto mais ] Mais 0 comhego, / mais 0 admico. 1 primeira oragio é sempre a SUBORDINADA ADVERMAL. PROPORGIONALS © 4 segunda, 2 PRINCIPAL. ORAGOES REDUZIDAS Oragies desenvolvidas ¢ oragbes reduzidas. Estadimos até aqui as ORAGOHS suBORDINADAS encabegadas por nexo subordinativo (pronomes relatives ou conjungoes subordinativas), com 0 ‘verbo sempre numa FORMA FINIrA (do indicativo ou do conjuntivo). ‘Vejamos agora outso tipo de oragio subordinada —a RepuziDa— isto 6, a oragio dependente que nio se inicia pot relativo nem por conjun- do subordinativa, e que tem 0 verbo numa das FORMAS NOMINAIS— 0 INFINITIVO, © GERUNDIO, ou 0 PARTICHPIO. Assi 1. Neste perfodo de Machado de ‘Todos aés havemos de morrer; basta / estaemos vivos. / (OG, I, 420.) 1 oragio estarmos vinos tem valot substantive. Nio a encabeca, porém, # integrante que, nem 0 seu verbo se apresenta numa forma finita, mas na do INPINETIVO PESSOAL. fo PER{ODO = A SUA CoNsrRUGKO 49 A omagio denomina-se, por isso, SUBSEANTIVA REDUZIDA De uNtaNTtVo, ¢ pode ser equiparada & oragio subordinada desenvolvida gue es'jamas vivors “Todos ns havemos de mortets basta / que estejamos vivos. 2, Neste periodo de Augusto Frederico Schmidt: Era 0 sontlégio, a sedusto | ferindo os cosagies. / (AP, x7.) 1 otagio ferinds os coragdes tem valor apyucrivo. Nao vem, no entanto, enca- becada por pronome relativo, nem traz o verbo numa forma finita, mas na do GERENDIO. ‘A oragio denomina-se, neste c250, ADJECTIVA REDUZIDA DE GERENDIO, € corresponde & oragio desenvolvida que feria os corazies: Era o sortitégio, a sedugio / que feria os coragles. / 3+ Neste perfodo de Manuel da Fonseca: | Amsiado, | agsecou-se & fevore. EG, 126) a oragio ansiads tem valor apvaRstAL. Néo esté, porém, encabegada por conjungio subordinativa, nem triz 0 verbo numa forma finita, mas na do panticivio. ° ‘A orasio denomina-se, entio, ADVEROIAL RMDUZIDA ec oquivale& congo desenvolvida porge ela andades YT TARTCETO, | Porque cotara ansiado, | agarrou-se & érvore Oragbes reduzidas de infinitivo, As onagdus Repuzipas Dx menimrvo podem vir ou nko regidas de preposigdo c, como as desenvolvidas, classificam-se em: Substantivas: x. Sumjecrrvas: Bi preciso / caminhar com 0 passo certo. / (Costa Andrade, NVNT, 30.) ee pueve cranckstcd po roRTucuis conmmuronANeg J 9 renloD0 A SUA consrnugio an ‘a, OBJBorIVAs DIRECTAS: 2. CONCESSIVAS: Jer cos i] \ Me Rspero também | poder conGar em | Mesmo sem saber | se jamais chegatei, apetece-me tit (José Régio, SM, 57.) | honta da belena das coisas. easel, apet ic © cantar em (Gophia de Mello Breyner Andzeten, CE, 103.) 3+ OBJRCTIVAS INDIRECTAS! i 3+ CONDICTONAIS: acatregecia | de anuncias-se pessoalmente, | f (Salida Pion, FD, 69) seualgh B80 # lets | 0 profes ene nu som, otxbulbar como simples (José de Aeneas, CD, 30.) 4 COMLETTVAS NOMINATS: 4. CONSECUTTVAS: Estou ansiogo | por ir vé-lo. | 5 (Antero de Quental, C, 228.) mancebo desprezava 0 perigo e pago até da morte pelos sorriso: seus olhos furtavam de longe, levou 0 arroj Roa a eee ‘0 arrojo / @ attepiar a testa do touro. 5- PREDIGANTVAS: (Rebelo da Silva, CL, 178.) ‘A sua intengio era | comunicar a Augusta o resultado da conversa go Frnats: com o pretendente. | (Machado de Assis, OC, U1, 97) Conhecet-lhe a vida / para poderes afismaar tal coisa. / (Augusto Abelaita, CF, 148.) 6, Aposerivass 6, Temporars: ‘A comagem 6 ito: | meter 0 pissaro do medo na capanga. | i uate Viajante que deixas CLuandino Vieira, NM, 116.) an Panam, centrares no porto | 1 Adjectivas: Aonde o gigante esti! | “Mas 2 visto logo se desvanccen, ficando apenas 08 videos, / @ ocaltarem, agundes Varela, 1A, 76.) ‘com o seu brilho, 0 ] que Id dentro existin (Reeceira de Caste0, OC; I, 336) Oragies reduzidas de gertindio. Observagio: Podem set ADJECTIVAS OU ADVERBLAIS, [As onagies anjecrvas nEDuZDAS Dx nirmernivo so mais frequentes no pormgase eusopen. No portugués do rail empregamse de prctesincis ts Aajectivas: KDIECHTVAS REDUZIDAS DE GERGNDIO. yearn Perdeu 0 desfile da milicia triunfante, / marchando a quatro de fundo, / Cosé Saramago, MC, 348.) x. Causats: Observagio: | Por secem trivialidades quotidianas tais vireades, | ninguém separ Hill © emprego do cextwpio com valor de onAGKO ADpECTIVA tem sido consi- dado por certos gramiticos um galiismo intoleravel. Cumpre, no entanto, (Miguel Torga, TU, 65.) ee anve oxaudrica po roRTuGUEs CONTEMPORANna | |g paxioDO ® A SUA Constnugio te acentuar que é antiga no idioma a construgio quando 0 GrRONDIO expressa Adjectivas: 2 ideia de actividade actual ¢ passage. : 4 ‘As rosas brancas agrestes / Distinto dette € o emprego, cada vez mais frequente nos dias que correm, Trazidas do fim dos montes / do cuntnpro como representante de uma ORAGKO ADJECTIVA que desigat ‘Yoo mas tisestes, que an deste. oo, Shodo de ser ou uma actividade permanente do substantivo a que se refere: + (Fernando Pessoa, OP, 118.) coragio & um pértico partido ‘Men coragio & um portico partido | peeone ‘Dando excessivamente sobre o mar. / Siio mais comuns 25 TEMPORAIS: (Fernando Pessoa, OP, 54) (Witorino Nemésio, SOP, 90.) Adverbiais: ‘Como © Gendxo1o tem principalmente significado temporal, as Repu. zxpas por ele formadas correspondem, na maiorla dos casos, 2 ORAGGRS SUBORDINADAS ADVERBIAIS TEMPORAIS. Comparem-se, por exemplo: j ‘Tal conserato ¢ umn simples deealque do francs i | Acabada a ceriménia, / demos a volts 20 adro. \ io sano, ocorrem também as: x. Causars: | Desesperado, | parecia um doido por toda a cass. do hoje pela porta do meu compadte Joxé Amato le me (Miguel Torga, NGM, 36.) xa tomar conta de sua causa. (José Lins do Rego, FM, 279. 2. Concessivas: Creio, porém, que, | ainda admitidas as exageragies do Jornal do Comércio, | podese assegurar que a guerra esté conelutda Mas podem equivaler também a outras ORAGOKS SUBORDINADAS ADVER: : José de Alencar, OC, 1V, 1351) raIs: 1. Causars: 3+ CoNDIcIONArS: | Dada essa hipétese, | espero de nossos amigos dedicados que siio softerio impassiveis uma oposicio injusta, (José de Alencar, CD, 33.) | Pressentindo | que as suas intengbes haviam sido adivinhadas, Macedo ‘tentou minorar 2 situagio, (Perscia de Castro, OC, 1, 89.) 2. Concesstv, ‘Agi mesmo, | ainda nflo sendo padre, / se quiscr flotear com outros rapazes, ¢ nfo eouber, hé de queixar-se de voct, Mana Gléria. (Machado de Assis, OC, 1, 735) 3+ Conpicronars: Pensando hem, / tudo aquilo era muito estranho, (Angusto Meyer, ST, 25.) Oragies reduzidas de participio. Como 2s REDUZIDAS DE GERUNDIO, a5 DE PARTTGI#IO podem sex ADJEC- TIVAS OU ADVERDIATS. | mrconas oe suvrase / mownes pe sore as da preposiggo que introdvz certos adjuntos: ‘Miguel foi ateis dela, miios nos bolsos, falando calmo. Caandino Vieira, VVDX, 65.) : tt d) da preposigao de antes da integeante que introduz as oragies objec- Figuras de sintaxe | va indects 8 completes none : | Bem me lembro que ainda eu mesmo alcancei a casa de Dona Rosinha en ch pos ena al onsen ed tats (Augusto Frederico Schmidt, GB, 44.) Tea medo qu quell fod sla thes Rath, 6&5) ‘Nem sempre as frases se organizam com absoluta coesio gramatical. Oem. penho de maior expres com frequéncia, 2 superabundin. 2) da conjungio integrante que: Nao cuideis seja a masmorra... Nio cuideis seja 0 degredo... (Cecilia Meiseles, OP, 862.) tis “const coesto gramat cativa, condicionada pelo contexto geral e pela situagéo. (Os processos expressivos que provocim essas particularidades de cons- ‘tragéo denominam-se FIGURAS DE SINTAXE. 2, Na anglise dessas ¢ de outras oragSes manifeitamente incompletss convém repor‘os elementos omitidos. Mas setia uma arbitrariedade pre- ‘Examinemos as principais: ELIPSE justamente por iso, mais 2 Que talento, que bom gosto, uma delicia! (Augusto Meyer, MA, 133.) x, Eurnse é a omissdo de um termo que 0 contexto ou a situacio pet- mitem facilmente iio coseentes, por exemplo, a8 SLIDSES: a Pee ‘ou mais sugestiva: Primavera, Manhi. Que eftivio de viol (Camilo Pessanha, C, 4) do sujeito: ‘Teenura sacudiu os ombros, a0 susto. Exguen a cxbege, fixou Manuel: —Para onde? — exelamon. -) (Anibal M. Machado, JT, A clipse como processo estilistico. Recusso condensador da expressio, a elipse € nturalmente usada de preferéncia nnqueles tipos de enunciado que se devem caractetizat pela con- isto ou pela tapide: Seus efeitos es D) do verbo (parcial ou total): ‘Vio of dois em didlogo peripatético, ele em passo largo, ela no vo. (Cerlos Drummond de Andrade, CB, 26.) 8 so, pottanto, apreciaveis: gi) dessigio esquemitca de ambientes, de extndos de alma, de perfis: ‘Vide suim, a nossa. (Alves Redol, G, 105.) a6 arave cRAMAsICA DO PORTUGUS CONTEMFORANEO Subiu 2 escada. A cama arrumada. O quarto. O chiro do Ea vor de uma das fihas, em baixo: —Papail © telefore.. (Anibal M. Machado, C) 1B) em anotagies ripidas, como as de um difrio intimo, de um eaderno de notas | De dia apenss 0 movimento diminaldo 25 % ¢ 0 bus desaparecidos. Mas imensa gente, Mulheres lindss, muitas —e del itates. Poucos feridos. Rara gente de huto. Nenhuma tis. { I (ico de Scarce, 92) | 2) pa enunciagio de pensamentos condensados, provérbios, divisas, ditos sentenciosos ou iténicos: Cada dia, cada via; cada vida, cada lida. (nandino Vieisa, JV, 65.) 4) nas enumemgdes, onde 2 inexisténcia do artigo, como dissemos no Capitulo 9, costuma sugerit as ideias de acumulagio on de dispersii Quando voltar, 4 tardinha, minha pele Iha, lite, couro, remédio, pasto, fumags, sal, (Anténio Carlos Resende, LD, 1.) que é 56 boi, vaca, ove. ZEUGMA 3. A ZeUGMA é uma das formas da elipse. Consiste em fazer p: de dois ou mais enunciados um termo expresso apenas em um Na vida dela houve s6 mudange de personagens: na dele mudanga de aquim Pago d’Arcos, CVL, 249.) Isto é: na dele houve mudanga de personagens ¢ de cenéivs. Podemos denominar stupLEs a zeugma em que 0 termo omitido € exac- tamente o mesmo empregado na oragio anterior, como no exemplo de Jor quim Pago d’Arcos. OURAS DE SINTAXS ‘ ae 2. Com mais frequéncia, a designagio aplicase & chamada zeugma comPuBxA, que abatca principalmente os casos em que se subentende um verbo jé expresso, mas sob outa flexio. Assim: A igreja era grande ¢ pobre. Os altares, humildes. (Carlos Drumtiond de Andrade, R, 16%.) Entenda-se: Os altares eram humildes. PLEONASMO. 1. Pusonasmo é a superabundincia de palavras pata enunciar uma idcia, como se vé nestes passos, em que se procura reproduzit a fala popular: —Sai ld para fora, Joio. (Miguel Torge, NCM, 228.) 2. Cumpre acentuar que 0 pleonasmo ¢ a reiteragio da ideia. A tepe- tigio da mesma palavra & um recurso de énfase e, segundo a forma por gue se disponha no perfodo ow na oragio, tem na setérica nome especial. No é porém, um pleonasmo. Pleonasmo vicioso. pleonasmo s6 se justifica para dar maiox relevo, para emprestar maiot vigor a um pensamento ou sentimento. Quando nada acrescenta a forga de expressio, quando resulta apenas da ignotincia do sentido exacto dos termos empregados, ou de negligéncia, é uma falta grosseira. Eistio neste caso frases como: Fazer uma breve alocugio. ‘Ter 0 monopélio exclusive. Ser © principal protagonists. Em todas elas 0 adjectivo representa uma demasia condenév alo. nao hi monopélio que no seja cexclusivon; a8 aaave GRAMATICA Do PORTUGUES CONTEUPORANTO Pleonasmo e epiteto de natureza. Gumpre, no entanto, distinguir dessas zedundincies viciosss 0 emprego do adjective como xpfrro DE NATUREZA em expressbes do tipo «iH azul, fia vere, prado verde, mar salgode, mite extra ¢ eqivalentes. Comparcavse ‘estes exernplos: © mat ealgado, quanto do teu sal Sto lagrimas de’ Portugal! (Fernando Pessoa, OP, 19.) Ba Noite cou eu prépriat A Noite escuralt (Flotbela Espanca, J, 41.) ‘Aqui nfo se trata de indeil seiteragio da ideia que jd se continka no substantive. O adjectivo insiste sobte o caricter intrinseco, normal ou dominante do objecto. E uma forma de énfase, um recurso literério. Observagio: Quanto a0 objecto (directo ¢ indirecto) pleonistico, Ieiase 0 que dssemos no capitulo 7. HIPERBATO Hirénaaro (do grego bypérbaton «inversion, «transposigion) & 9 sepa- rugio de palavras que pertencem ao mesmo sintagma, pela intercalagdo de jum memibso frésico, como neste passo: Eeaas que no vento vém Belas chuvas de junho! Goaquim Cardoso, SE, 16.) Eim sentido costente, porém, hipérbato é temo genérico para designsr toda inversio da ordem aotmal das palavras na oragio, ou da ordem das ‘rages no petiodo, com finalidade expressiva, ANASTROFE Anisrnors (do grego anasirophé emudanga de posigion, «inversion, ecansposigion) € 0 tipo de inversio que consiste na anteposigio do deter sGURAS_DE_SINTAXE t a9 minante (PREPosIGKo-} suasTANrTVvO) 20 determinado, como neste_passo: Mas esse astxo que fulgente Das dguias brilhara a frente, Do Capitélio baixou, Goares de Passos, P, 91-92.) PROLEPSE, Prousrss (do gtego prélepsis eacgio de tomar antes»), figura também conhecida como avmsctagio, comiste na deslocagio de um termo de uma oragio para outta que a preceda, com o que adquire excepcional realce: Os pastores parece que vivem no fim do mundo. Ferreiza de Castro, OC, J, 455.) SINQUISE Sous (do grego seis eonfusin emit) ¢ a inverso de tl modo violenta das palaveas de uma frase, na dificil a sua interpre = que to: icil a sua interpee Bo que se obsezva, por exemplo, nesta quadra do soneto Ty de Alberto de Oliveira: 7 g oneto Tapa de coral, Licas, pastor —enquanto 0 sol recebe, Mugiado, 0 manso armento ¢ a0 largo esprsia, Em sede abrasa, qual de amor por Febe, —Sede também, sede maior, desmaia. (2,3, 11) Entende-set «Licias, pastor,—enquanto 0 manso armento recebe 0 sol jt _ iis, pasts, 7 ‘a recebe 0 sole, mugindo, expat a lego brat cm sede, qual desma de amor por Tbe, sede ASSINDETO Dizemos que hi asstunsro (do grogo arfudtien ao usido», enzo ligadon) . quando as oragdes de um periodo ou as palavens de uma oragio se sucedem EGURAS DE SINTAXE ‘ 40 nue onauckerch Do poRuGuES conrmmoninco | an { sem conjungio coosdenativa que poderia enlagi-las. ® um vigoroso process 1 Observe-se que o pronome ##, que se anunciava como sujeito do verb Gos PodsTecama do Tetor ou do ouvinte um | segute, ou sem fang, Com a imprevists estrturn a pars de encideamento do enunci stongto maior no exame de cada facto, mantido em sua individ dade, fem sua independéncia, por forga das pausas siemicas: “Lavava roupas da Baixa, vest, usava, lavava outra ver, levava, (Cuandino Vieira, JV, 103) ‘Accos de flores, fachos purpurinos, ‘Trons festivais, bandeitas desfealdadas, Girindolas, clarins, atropeladas Legides de povo, bimbalhar de (Raimundo Cor PEP, 196) POLISSINDETO © poussiupsro (do geego pobsindeton eque contém muitas conjungdes») 40 contro do assindeto, ov seja, € 0 emprego seiterado de conjungdes coordenativas, especialmente das aditivas: , © guia, © catedeall (Florbela Espanca, Fai cisne, € I Com © pousstmEro interpenetzam-se os clementos coordenados; a expresso adquize assim uma continvidade, uma fides, que a tornasn Pir Tenlarmente apta pata sugerit movimentos ininterruptos ou vertigi os citados, e também 0 seguinte, de como fos mostram os exempl de Morais: E crescer, € saber, € sex, ¢ haver E perder, e softer, © ter horror De ser € amar, e se sentir maldito.. (15, 119) fi acste emprego da conjuagio que se costuma chamar «de movimento». ANACOLUTO jctica so meio do enun- como neste exemplo: ‘Awacowro é a mudanga de construsic ciado, geralmente depois de uma pausa sensi Bom! bom! eu parece-me que ainds nfo ofendi ninguémt (José Régio, SM, 105.) \ { f primeira pessoa, por ele xepresentada, passou a objecto indirecto (me). SILEPSE Snunrse (do grego silipis, eacgio de reunit, de tomar em conjunton) én concordincia que se faz nto com a forme gramatical des palavras, mas com 0 sentido, com a ideia que elas expressam. i Segundo a acepsio originésia, o termo suzrss deveria referie : ado leve si a concosdincia de mimero, Cedo, porém, ele pastou a sex splicado a conas snomdlias formis ma concordincia de género e pessoa e, hoje, sbarca pri- ticamente todo 0 campo da CONCORDANCTA IDEOLOGICA, Silepse de nimero. x. Pode ocotter a stuns DE NéaERO com todo substantive singular concebido como plural ¢, pazticularmente, com 08 termos colectivos, ‘Assim neste passo de Machado de Dew-me noticias da gente A (06, 3 1095) + estiio bons. 2. Hii também suizrse pz wéueRo quando o sujeito da orgio € um dos pronomes és € v6, aplicados a uma 86 pessoa, e permanecem no sin- gular os adjectivos part Sois injusto comigo. (Alexandre Herculano, MC, 1 Silepse de género. Sabemos que as expresses de tratamento Vossa Majstade, Vossa E: linia, Vossa Senboriay etc. tém forma gramatical feminioa, mas ap com frequéncia a pessoas do sexo masculino. Neste caso, quando funciona’ 2 Reve GRAMKTICA Do PORTUGUES CONTEMPORANES como predicativo, 0 adjective que 2 elas se refere vai sempre pata o mas. calino: Soy eo es oeerees Peet carlos Drommond de Andside, CB, 119) Silepse de pessoa, x Quando a pessoa que fala ou escreve se inclui enun- ciado ma 3. pessoa do plural, o verbo pode ir para a 1.8 pessoa do plural ‘Todos entramos imediatamente. (Oto Lara Resende, BD, 25.) 2. Se no sujeito expresso na 3.% pessoa do plural queremos abranger ‘a pessoa a quem nos dirigimos, é licito usarmos a 2.4 pessoa do plural: “Mas suponho que todos soje da mesma opinitol Todos acordais em sme condenat e absndonat. (Jose Régio, ERS, 85.) 7 20. Discutso directo, discurso indirecto e discurso indirecto livre Estruturas de reprodugio de enunciagées. Para dat-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de personagens reais ou ficticios, dispde 0 narrador de trés moldes linguisticos diversos, conhecidos pelos nomes de: 4) DiscuRso (ou xst110) prnecro, ¥) viscunso (ou est110) iDtRECTO, €) Discurso (ou zsr7L0) myprnEcro taven. DISCURSO DIRECTO Examinando este passo das Memérias plstumas de Bris Cuba, ce Machado de Assis: Virgilia replicon: —Fromete que algum dia me far baronesa? (06, 1 462) verficamos que 0 natrador, apés xowa expressar-se por si mesma, limitando-se « repsodu: como ela as teria efectivamente A essa form de expressio, em que © personagem & chamado a apre- * Sentar as suas prOprias palavens, denominamos DIsCURSO DIRECTO. palavens leccionado, organizado ¢ emitido. 4 prev GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Caracteristicas do discurso directo. 4. No PuaNo FORMA, um enunciado em DIscuRso PIRKCTO é mar cado, geralmente, pela presenge de verbos do tipo dizer frmar, poder, Serr, peginar, indogor, responder sinénimos, que podem introdwzi-o, arrematiclo, ou nele se insert: Mencou a cabega com ar triste ¢ acrescentou: — © homem acostuma- sea tudo, sim, a tudo, até a esquecer-se que é um homer... (Castro Soromenho, C, 66.) cata a guvets?—perguntou ele. (Onman Lins, Vs 33) Penso — disse meu pai— que te dards melhor em Letras, (Wergiio Feerciea, , 26.) Quando falta um desses verbos died, cbe 10 contexto ¢ & secursos grificos — tals como os dois pontos, as aspas, 0 travesslo ¢ 8 mudanga de Tinka a Fangio de indicat a fala do personagem. B 0 que observamos nes- tes pastos: lodos vamos fcando diferentes, ¢ vinte ¢ cinco anot é wma vida.» ‘ara rouitos € mais do que isso.» «Claro que 6» (Maria Judite de Carvalho, TM, 49.) © amigo abragouro. E logo recuou com corto espanto:— o seat chapé, 2, No PLANO EXPRESSIVO, 2 forga da natragio em DISCURSO DIRECTO provém essenciaimente da sua capacidade de actualizar 0 episédio, fazendo Emergis da situagio o personagem, tomnando-o vivo para o ouvinte, & mancitt ena cena teatral, em que o narrador desempenba 2 meta fungio de inci- ‘sa forma de selatar preferentementc adoptada nos actos ise tios de cago ¢ nos estilos literdrios natrativos em que os autores pretendem sepresentar diante dos que os I8em «a comédin humans, com ‘a maior naturalidade possivel» (E. Zola). i { ; SO DIRECTO, DISCURSO INDIRECTO J isco 1070, Isc B iscunso mNDIRECrO VRE aay DISCURSO INDIRECTO ‘Tomemos como excmplo esta frase de Machado de Assis: José Dias deixow-se estar calado, suspizon nao 02 Dts deizow-se cater clad, seppiton ¢ actbou confereando que (0G, 1 ‘Ao contritio do que observamos nos enunciados em discurso di sae ae at oo peek cc informagéo do petsonagem (José Dias), contentando-se em transmitir 20 Ictor apenas 0 sea conteido, sem siehum respeito & forma linguistica que teria sido realmente empregnds. ste processo de reproduzir enunciados cham-se DISCURSO INDIRECTO. Caracterfsticas do discurso indirecto. x. No PLANO FORMAL, verifica-se que, introduzidas também por um vvetbo declatativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, cte:), 1 fs dos pecionagens sparccem, no entanto, ouma oragio subotdinada subs- tantiva, em getal desenvolvida: Joto Garcia garantiu que sim, que voltava. (Witotino Nemésio, MTC, 11.) ; ion ‘oragdes, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjungio inte- Como supa Ratemos tet cinda vine qui i sinda uma guinena de actvidade peaieemon egtar © propa enone gen da on Macao (Cio dos Anjos, DR, 283 2. No mano axpazssivo, assinale-se, em primeiro lugar, : progo do piscunso morkecro pressupée um Cie ee eae dominantemente informativo ¢ intelectivo, sem a feigio teatral ¢ actuali- zadora do piscunso pinsero. O diflogo é incorporedo nazragio mediante ama forte subordinagio seméntico-sintéctica estabelecida por meio de nexos © omespndtacas vrais ene a fase meproduih © 2 fe inoduon. 436 REVE GRAMATICA Do PORTUGUES CONTEMPORANED cio, Mas nfo se conclua dai que tal modalidade de discurso sefa uma cons- jea pobre. B, na verdade, do emprego sabiamente dosado de um ¢ outro tipo de Aiscusso que os bons escritores extruem da narrativa os mais variados efei- tos artisticos, em consoniincia com intengSes expressivas que $6 2 anzlise ‘em profundidade de uma dada obra pode zevelar. ‘Transposigéo do discurso directo para o indirecto. 1. Do conftonto destas duas frases:

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