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INTRODUÇÃO
Esta comunicação integra o projeto de Iniciação Científica Mulherio e Lampião da
Esquina: gênero e sexualidade como resistência da imprensa alternativa à ditadura e ao
patriarcado brasileiro (décadas de 1970 e 1980), orientado pela prof.ª dr.ª Marta Gouveia de
Oliveira Rovai, na Universidade Federal de Alfenas. Preocupa-se em estudar os periódicos
Mulherio e Lampião da Esquina para analisar as reivindicações dos movimentos feministas e
homossexual, respectivamente, nas décadas 1970 e 1980, período em que circulou os jornais.
Ambos os jornais analisados se inserem na chamada imprensa alternativa, por não
fazerem parte da grande mídia e discutirem temas até então marginalizados, como a luta pelos
direitos das mulheres e dos LGBT. Também se caracterizam na oposição à ditadura civil-militar
brasileira (1964-1985), trazendo críticas ao governo, à repressão, apoio à anistia e à volta dos
exilados políticos (SCHULTZ; BARROS, 2011: 10). Todavia, este texto se limitará somente a
analisar o jornal Lampião da Esquina, mostrando reflexões e resultados ainda em andamento.
O periódico surgiu após a visita de Winston Leyland, editor da revista Gay Sunshine
Press, de São Francisco (EUA), em 1977, que pretendia organizar uma antologia com a
literatura gay latino-americana (MOSQUEIRA, 2015: 16-17). Após sua visita, reuniram-se na
casa do artista plástico Darcy Penteado outros dez intelectuais: o jornalista Adão Costa, o
escritor Agnaldo Silva, o crítico musical Antônio Chrysóstomo, o crítico de cinema Clóvis
Marques, o poeta Francisco Bittencourt, o escritor Gasparino Damata, o cineasta Jean-Claude
Bernadet, o advogado João Antônio Mascarenhas, o cineasta e escritor João Silvério Trevisan,
e o antropólogo e professor Peter Fry. Dessa iniciativa nasceu o Lampião, que ganhava sua
edição experimental de número 0 em abril de 1978 (MARIUSSO, 2015: 46).
A partir da edição n.º 1, o jornal passou a se chamar Lampião da Esquina. Ao todo foram
publicadas 38 edições, mais 3 edições extras, com tiragem de 15 mil exemplares, circulando
até junho de 1981, quando encerrou suas atividades devido à monopolização do jornal pelos
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Graduando em História pela Universidade Federal de Alfenas – MG.
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editores do Rio de Janeiro, tornando-o um produto quase que exclusivamente para os homens
homossexuais cariocas, o que trouxe dificuldades financeiras, já que dificilmente se
encontravam patrocinadores para um jornal destinado para o público homossexual
(MARIUSSO, 2015: 60).
Na edição n.º 0, o conselho editorial já definia os objetivos do jornal: a desmistificação
de estereótipos e preconceitos, a desmarginalização e despatologização da homossexualidade,
a denúncia da repressão, a ressignificação de termos (bicha, sapatão, etc.), a conscientização e
politização da comunidade homossexual e a união com os demais setores oprimidos: mulheres,
negros, índios, ambientalistas, etc., (SILVA; BRITO, 2017: 216; SCHULTZ; BARROS, 2011:
02). Contudo, ao final de suas atividades, o foco do jornal passou a ser temas ousados e
explícitos, como masturbação e sadomasoquismo, utilizando-se da pornografia para atingir o
público, tornando-se muito mais um jornal comercial, (SCHULTZ; BARROS, 2011: 14;
FERREIRA, 2010: 11).
O Lampião da Esquina não foi o primeiro jornal destinado ao público gay, pois já
circulavam jornais como o Snob, o Fatos e Fofocas (SOTANA; MAGALHÃES, 2015: 16), o
Mundo Gay, o Entender, o Eros, que eram, inclusive, citados no Lampião da Esquina, que foi
o que teve maior alcance, de nível nacional (SCHULTZ; BARROS, 2011: 07), podendo ser
observado pelos seus pontos de distribuição. Inicialmente a distribuição em pontos fixos
(livrarias, bancas, etc.) era somente no Rio de Janeiro-RJ, na edição n.º 3 é revelada que a
distribuição já alcançava São Paulo-SP, Belo Horizonte-MG, Recife-PE, Salvador-BA,
Teresina-PI, Curitiba-PR, Florianópolis-SC e Porto Alegre-RS, além do Rio de Janeiro-RJ. Até
a edição n.º 12, a última analisada para esta comunicação, a distribuição atingia, além das
cidades já citadas, Manaus-AM e Joinville-SC.
Tamanha a repercussão e a importância do Lampião da Esquina, que se tornou um dos
marcos fundadores do movimento LGBT brasileiro, incentivando e inspirando a articulação das
sexualidades marginalizadas em grupos na luta pelos seus direitos (ZANATTA, 1996/1997:
194). Visto o contexto político em que vigorou o jornal, sua mobilização e críticas à sociedade
não passaram despercebidas. Em 1979, foi acusado de ferir a “moral e os bons costumes”,
abrindo-se contra ele um inquérito na Divisão de Censura e Diversões Públicas do
Departamento da Polícia Federal. A homossexualidade era vista pelo regime militar como uma
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artimanha comunista de conquista do ocidente, uma tática da guerra revolucionária, como era
chamada as supostas articulações comunistas para dominar o mundo (COWAN, 2014: 28-30).
Enfim, uma das seções do Lampião da Esquina de maior repercussão foi a Cartas na
Mesa, na qual os leitores escreviam para o jornal parabenizando-o, criticando-o, apresentando
sugestões, relatando experiências, reagindo a publicações, etc. Sendo essa seção a que esta
comunicação se proporá analisar, no período de um ano de circulação do jornal (edição n.º 0,
de abril de 1978 a edição 12, de maio de 1979), para se entender os impactos do jornal na
sociedade em seu ano inicial.
METODOLOGIA
Esta pesquisa se iniciou após a delimitação do tema (as cartas dos leitores) e a
periodização (ano um do jornal), pois, por meio delas, torna-se possível analisar as repercussões
do jornal, em seu ano inicial, dentro da sociedade, e as expectativas dos leitores, suas
compreensões de conceitos como gênero, sexualidade e transitoriedade. Inicialmente, as cartas
foram lidas e catalogadas, especificando suas principais ideias. Concomitantemente à leitura
das cartas, foi realizada a leitura da bibliografia existente sobre o jornal. Após, separou-se as
cartas por suas temáticas, visto a catalogação inicial, sendo elas: como os leitores concebiam
conceitos como transexualidade, travestilidade e homossexuais efeminados; como os leitores
compreendiam o papel do jornal na luta LGBT, seus elogios, críticas e sugestões; como
concebiam conceitos como preconceito, machismo e homofobia e seus relatos de experiência;
a questão conturbada das mulheres no jornal; a relação com a política do período; a relação com
outros veículos da imprensa alternativa; a questão da ressignificação dos termos e da
(auto)aceitação; a comercialização da homossexualidade; a relação com a religião; o impacto
da censura; e a questão de classes e a elitização do jornal. Escolheu-se para serem analisadas
para este trabalho a questão das sugestões e críticas, para compreender o modo que os leitores
interagiam com o periódico e suas expectativas; como os leitores entendiam a falta de mulheres
na redação; e a questão da transexualidade, travestilidade e dos homossexuais efeminados, para
o entendimento de uma cultura heteronormativa dentro da própria comunidade homossexual.
Foram utilizados os textos, como base para a contextualização do movimento
homossexual nas décadas de 1970 e 1980, Documento e identidade: O movimento homossexual
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DISCUSSÃO E RESULTADOS
A seção Cartas na Mesa, presente em todas as edições, contava com as cartas dos
leitores selecionadas pelo jornal. As cartas eram publicadas com um título em referência ao seu
teor; algumas vezes, um grupo de cartas com temas parecidos eram publicadas sob um mesmo
título. Muitas vezes havia também uma resposta do jornal a cada carta. As cidades dos leitores
também variavam nas cartas analisadas, sendo 4 do Rio de Janeiro-RJ, 4 de São Paulo-SP, 3 de
Salvador-BA, 1 de Campina Grande-PB.
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Neste artigo não se pretende, ainda, apresentar análise aprofundada das cartas (por se
tratar de uma pesquisa em andamento), mas apresentar brevemente parte das temáticas trazidas
pelo jornal, a fim de que, num outro momento, possam ser analisadas a partir dos conceitos
trazidos pelos autores aqui citados.
Uma das ideias das cartas, que pode ser usada para entender como o Lampião se
colocava dentro dessa imprensa gay, é a da carta Pelo turismo interno, de Carlos C., de São
Paulo, quando diz que a ideia do jornal é boa, porém não é nova; já passaram vários jornais,
destinados para o mesmo público, que tiveram curta duração (LAMPIÃO DA ESQUINA, abr.
1978: 15). Quanto às críticas que o jornal recebia, destaca-se aquelas voltadas à seriedade do
mesmo; sucessivamente pede-se para que o jornal deixe de ser tão sério e seja mais humorístico,
com mais ilustrações e utilizando-se de charges (LAMPIÃO DA ESQUINA, mai. 1978: 15;
LAMPIÃO DA ESQUINA, jun. 1978: 15; LAMPIÃO DA ESQUINA, jul. 1978: 14;
LAMPIÃO DA ESQUINA, ago. 1978: 17).
A carta Lampião é desnudado, de um grupo de homossexuais de São Paulo, traz também
críticas ao símbolo do jornal, denunciado como falocêntrico e machista; à diagramação (letras
iguais, separação simples entre as seções); dificuldade em entender o objetivo do jornal; artigos
“frios”, sem emoção; falta de provocações e confrontações; temas angustiantes; uso do jornal
para promoção pessoal dos editores (LAMPIÃO DA ESQUINA, jul. 1978: 15).
Um dos leitores chega, inclusive, a pedir, na carta Anônimo se revela, para o jornal
“deixar de ser tão guei”, para abordar outros temas além da homossexualidade, pois ao se
restringir ao público gay e aos assuntos referentes a esse público, estaria isolando a comunidade
gay, e não a integrando à sociedade. Pede também maior participação feminina (LAMPIÃO
DA ESQUINA, mai. 1978: 15).
Dentre as sugestões, além de mais ilustrações e charges, destacam-se os pedidos por um
guia turístico homossexual, na carta Pelo turismo interno (LAMPIÃO DA ESQUINA, abr.
1978: 15). Já na carta Mais climas e alegrias, de José Márcio Penido, de São Paulo, pede-se
por menos castidade, o que se verificará nas edições finais do jornal e inclusive na edição n.º 7,
mas não sem repercussão (LAMPIÃO DA ESQUINA, ago. 1978: 17). Outra sugestão é a de
um concurso de beleza gay, presente na carta Um concurso de beleza?, de Valentino, do Rio de
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Janeiro, o que configura com a cultura do período que dava grande importância a concursos de
beleza (CUNHA, 2001: 205).
A carta Lampião é desnudado também traz algumas sugestões, além das congratulações
pela escolha do nome do jornal, fazendo referência ao rebelde e à iluminação (Lampião). Sugere
que o jornal sirva como correspondente de alguma revista homossexual internacional, também
propõe um horóscopo gay, uma mesa redonda com jornalista policiais sobre a criminalização
da homossexualidade, e indica Patrício Bisso para ser cartunista do jornal (LAMPIÃO DA
ESQUINA, jul. 1978: 14), que pelo visto atende ao pedido. Na mesma edição é anunciada a
entrada de Patrício Bisso (LAMPIÃO DA ESQUINA, jul. 1978: 02), e na edição n.º 4 ele já faz
sua estreia (LAMPIÃO DA ESQUINA, ago. 1978: 04). Ao todo, o Lampião teve 64 charges,
sendo 3 de 1978, 18 de 1979, 37 de 1980 e 6 de 1981, e os cartunistas que mais contribuíram
foram Hartur e Levi (SOTANA; MAGALHÃES, 2015: 18-19).
Uma das primeiras leitoras do Lampião da Esquina, Elisa Doolitle, de Salvador,
escreveu na carta Homens nus perguntando se o jornal publicaria fotos de rapazes nus. O jornal
respondeu-a dizendo “LAMPIÃO acha que ninguém, nem mesmo Pedrinho Aguinagua, deve
ser tratado como objeto sexual” (LAMPIÃO DA ESQUINA, abr. 1978: 14). Contudo, na
reportagem Quem resistirá a este verão, na edição n.º 7, o jornal traz fotografias de rapazes em
trajes de banho (LAMPIÃO DA ESQUINA, nov. 1978: 05). Essa mudança de perspectiva gerou
certa movimentação dos leitores, entre críticas e apoios.
Dentre as críticas, destaca-se a carta Em defesa dos bofes, de Paulo Emanuel, de
Salvador, na resposta a essa carta o jornal admite “quanto aos rapazes na praia, nossa intenção
foi essa mesma: mostra-los como objetos sexuais” (LAMPIÃO DA ESQUINA, dez. 1978: 14).
Uma segunda carta de crítica, Fabíolo Dorô ataca outra vez, de Fabíolo Dorô, de Salvador,
apesar do jornal dizer que Fabíolo Dorô e Paulo Emanuel sejam a mesma pessoa, mostra como
o jornal está sendo incoerente com o que ele mesmo disse nas suas edições iniciais. O jornal
responde-lhe afirmando que mostrar corpos masculinos para olhos masculinos, no Brasil da
época, é algo revolucionário (LAMPIÃO DA ESQUINA, fev. 1979: 14).
Em relação às mulheres, sempre foi uma temática retomada pelo jornal e pelos leitores,
já que um dos objetivos do jornal era a união do movimento gay com os outros movimentos
sociais, como o feminista. Além disso, por se tratar de um veículo da comunidade homossexual,
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não poderia se restringir unicamente ao homem gay, ainda que esse tenha sido o público que o
jornal tentava atingir. Na própria edição estreante, afirma-se “A ausência de mulheres em
LAMPIÃO não é, fique bem explicado, por culpa do seu conselho editorial; convites não
faltaram, todos recusados, mas nossas colunas continuam à disposição” (LAMPIÃO DA
ESQUINA, abr. 1978: 05). Na edição n.º 2, o jornal recebe uma carta, intitulada Cartas de
“Marias Bonitas”, na qual a leitora, identificada como Rose S., universitária, do Rio de Janeiro,
questiona a falta da participação feminina na elaboração do periódico, até mesmo brinca que
caso o jornal continue assim, fundará, ela mesma, um jornal feminino chamado Maria Bonita
(LAMPIÃO DA ESQUINA, jun. 1978: 14). Já na edição seguinte, as mulheres já estão na
redação do jornal, nas figuras das escritoras Zsu Zsu Vieira e Lúcia Rito. As mulheres,
inclusive, são manchete nessa edição, com a reportagem com a atriz Norma Bengell
(LAMPIÃO DA ESQUINA, jul. 1978: 01).
Contudo, a problemática da participação feminina não é resolvida nas edições iniciais.
Na edição n.º 9, na carta Dar a palavra à gente comum, assinada por Carmen Lúcia, do Rio de
Janeiro, é retomado o pedido por mais participação feminina, ao qual o jornal responde “Não
tem sido fácil transar com as mulheres, Carminha. Elas enfrentam uma barra muito mais pesada,
e por isso hesitam em sair a luz” (LAMPIÃO DA ESQUINA, jan. 1979: 14).
Na edição n.º 11, na carta A voz da mulher, assinada por Telma Radicez de São Paulo,
o teor da carta passa de pedinte por mais participação feminina para crítico. Expõe como o
jornal não está tão preocupado em resolver a questão das mulheres. Diz que o periódico quando
trata das mulheres é com “tom simpático e paternalista de dono da bola, que concede se quiser,
como quiser e quando quiser”. Afirma também que o Lampião da Esquina dá respostas evasivas
quando se trata da participação feminina, “vocês se arriscam, involuntariamente, a assumir, em
relação à mulher homossexual, a mesma posição repressora e medrosa que a sociedade assume
em relação ao homem e à mulher homossexuais”. O Lampião responde que as publicações sobre
mulheres e de mulheres estão acontecendo, todavia em menor escala que o ideal, mas afirma
que, finalmente, as mulheres estão o invadindo (LAMPIÃO DA ESQUINA, mar. 1979: 18).
No ano I de circulação do jornal, ao longo de 13 edições, somente quatro capas trouxeram como
matéria principal algo relacionado com as mulheres (edições n.º 3, 5, 11 e 12).
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ideal para a sociedade, definindo as funções sociais para homens e mulheres (SILVA;
OLIVEIRA, 2016: 3-4). Mesmo nas relações homossexuais, a heteronormatividade impera por
definir comportamentos segundo as funções sexuais, nas quais, tanto em uma relação
homossexual feminina como masculina, o(a) ativo(a) deve fazer o papel do homem e o(a)
passivo(a) o papel da mulher (FRY; MACRAE, 1985: 43-45).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O jornal Lampião da Esquina foi um importante veículo de conscientização e
politização da comunidade homossexual brasileira nos finas da década de 1970 e início da
década de 1980. Propunha-se a retirar o homossexual da marginalização por meio de sua auto
aceitação, do seu reconhecimento como homossexual e da construção de uma identidade
homossexual entre seus leitores. Servindo como inspiração, articulou os vários grupos e
movimentos homossexuais que surgiram após sua estreia em abril de 1978.
Percebe-se por meio das cartas dos leitores o público que o Lampião atingia e sua
repercussão nesses meios. As cartas também permitem compreender as continuidades e
descontinuidades dos pensamentos referentes às questões de gênero, sexo, sexualidade e
transitoriedade. É possível entender também as marginalizações dentro do próprio movimento
homossexual, como é percebido pela falta de participação de lésbicas no jornal e os
preconceitos que os leitores cultivavam quando se tratava de transexualidade, travestilidades e
de efeminados (o que ainda será analisado mais cuidadosamente no encaminhamento da
pesquisa).
Enfim, o Lampião da Esquina fortaleceu a comunidade LGBT apesar de seus limites,
muito apontados pelos leitores, recebendo críticas numa sociedade marcada pela
heteronormatividade e pelas disputas dentro do próprio movimento LGBT, ainda tratado pela
denominação de gay. Porém, ao final, desviou-se dessa proposta e, por fim, encerrou suas
atividades em junho de 1981, por razões que serão melhor analisadas. Todavia, ainda hoje, no
seio do movimento LGBT, brilha a luz originária do Lampião da Esquina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
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