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ESPECIAL

ESCOLAS
EMPREENDEDORAS
H
á pessoas, como Lawrence Murata, que já nasceram
pensando em empreender. Outros, como Roger Koeppl, foram
empreendedores a vida inteira, mas precisaram passar por um
processo de autodescobrimento para assumir este espírito.

E o que eles têm em comum? Ambos desenvolveram projetos inovadores


e de alto impacto e, para isto, buscaram em grandes universidades
conhecimentos que pudessem aplicar nos seus empreendimentos.

Neste e-book, você vai descobrir quais são as melhores universidades


na área do empreendedorismo – instituições que são reconhecidas não
apenas por incentivar a inovação, mas também por colocar o estudante
em um ecossistema vibrante de pessoas que pensam grande e querem
colocar a mão na massa. Entenda como são suas aulas, seus campi e
veja depoimentos de estudantes que passaram por lá.

Você que está na dúvida sobre por onde começar ou se este é mesmo o
seu perfil também poderá se inspirar com histórias de jovens brasileiros
que souberam usar o ambiente rico e propício destas instituições para
tirar seus sonhos grandes do papel.

Quem sabe você não pode ser o próximo?

SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR A Fundação Estudar, instituição sem fins


lucrativos criada em 1991, investe na formação de jovens de alto potencial
por meio de oportunidades de estudos e carreira. Para incentivar o aumento
do número de brasileiros nas melhores universidades do mundo, a Estudar
apoia o jovem com informação, orientação e preparação. Desde a sua
criação, seleciona os jovens mais brilhantes do país, que sonham em deixar
um legado, oferecendo bolsa de estudos por mérito para cursarem as
melhores escolas do Brasil e do mundo.

SOBRE O ESTUDAR FORA O Estudar Fora, como o nome já diz, é a fonte


de informação e preparação para quem deseja estudar fora do Brasil.
No site, você encontra rankings das melhores faculdades e curiosidades
sobre elas; detalhes sobre o processo de application (candidatura) para
→ No site estudarfora.org. graduação e pós; e informações sobre oportunidades de intercâmbio
br/especiais você tem e bolsas de estudos, além de histórias de estudantes que já estão nas
acesso a guias exclusivos melhores universidades do mundo. Tudo isso porque a gente acredita
e gratuitos. que estudar fora vai te ajudar a chegar mais longe!
E
"NO SUMMER xistem graduações inteiras e inúmeras
especializações dedicadas a formar grandes

SCHOOL DESCOBRI empreendedores, mas foi em um curso de


apenas 35 dias que Roger Koeppl encontrou

MINHA VOCAÇÃO
sua vocação.

“Em 2013, ele se inscreveu para o Summer


EMPREENDEDORA" School de Babson College, pequena escola de
Massachusetts reconhecida por incentivar o
empreendedorismo nas mais diversas áreas. “Eles
→Tendo passado por grandes procuram empreendedores, independentemente
da área ou do que querem fazer. Não te ensinam a
empresas, Roger percebeu empreender em uma start up, mas em algo global,
durante um curso de 35 dias grandioso”, conta Roger.
Segundo ele, em Babson é utilizada uma “fórmula
nos Estados Unidos que o que mágica” – uma metodologia desenvolvida
queria era ser um líder global. especialmente para ensinar os alunos a pensar
de forma empreendedora: “Primeiro divergimos
com um brainstorm, para capturar o maior número
"NO SUMMER SCHOOL DESCOBRI MINHA VOCAÇÃO EMPREENDEDORA"

possível de ideias. Então convergimos para as que estava na engrenagem do mercado. Ao longo da
fazem mais sentido e assim sucessivamente, até vida, trabalhou como coordenador de projetos
chegar nas melhores”. em grandes empresas, como a JBS. Em 2010,
Esse modelo, utilizado para construir as maiores durante um trabalho voluntário, teve contato com
empresas do mundo, foi a solução encontrada para a experiência de catadores de lixo e ficou com a
resolver os maiores problemas do mundo no curso questão na cabeça. “É um setor muito deficitário,
Global Leadership Development Experience (GLDE), não tinha organização, processo… Minha lógica foi:
que Roger atendeu naquele verão americano. preciso ajudar de alguma forma. Decidi então que
Nele, dez estudantes de formações e países diversos montaria uma cooperativa, a YouGreen”.
- como Togo, México, Gana, Alemanha, Estados
Unidos e Brasil - se reuniram para desenvolver Surgiu então o que Roger chama de “o grande
seus projetos de impacto social. No caso de Roger, drama do empreendedor”: “Eu era funcionário e
um programa de ensino de informática para áreas fui tentar empreender. São dois mundos muito
remotas: “Projetamos um ônibus capacitado com diferentes - apanhei muito no começo e tinha até
tecnologia, como internet via satélite, que levaria preconceito com o termo”, comenta. Foi só em
essa educação para lugares em que ela não chega.” Babson que ele entendeu que aquele era realmente
Roger descobriu o GLDE ao fazer uma busca pela o seu perfil.
internet de cursos voltados para empreendedorismo
social. Para ser selecionado, respondeu a três Para ele, assumir o seu espírito empreendedor
questionários diferentes e passou por uma série de o colocou numa posição muito mais tranquila.
entrevistas via Skype. “Não é um curso tradicional “É quase como um encontro. Descobri que na
de Babson, então procuravam por pessoas com um verdade sempre fui um empreendedor, mas sendo
perfil bem específico. Eram poucos participantes e funcionário. Sempre questionei, propus soluções
todos queriam pegar esse conhecimento e pôr em novas. E esse encontro aconteceu em Babson, pela
prática. Todos que foram já tinham algum projeto”, repetição. De tanto ouvir, entender esse perfil, voltei
explica. falando: ‘é isso que sou’”.
Durante o curso, os estudantes podiam desfrutar de
um campus vazio, já que era período de férias, além Quando voltou ao Brasil, Roger decidiu impulsionar
de ter boa parte do corpo docente inteiramente à seu novo negócio, que até então tinha apenas um
disposição. “São pessoas que vieram do mercado cliente. Atualmente, a cooperativa de catadores
e têm um viés acadêmico forte. Um dos meus YouGreen oferece diversos serviços por São Paulo
professores, por exemplo, era fundador da Staples e - como coleta seletiva, triagem, conscientização
falou com a gente com a propriedade que nenhum e logística reversa de resíduos recicláveis - e têm
professor teria. Quando colocávamos questões do planos de se expandir pelo país.
nosso dia a dia, parecia que eles sabiam mais de
nossos países do que nós mesmos”, lembra. “Conseguimos juntar o que tem de bom no
mundo cooperativo com o que tem de melhor no
“DEMOREI PARA RECONHECER O MEU corporativo e colocar isso numa proposta de valor.
ESPÍRITO EMPREENDEDOR” Hoje o sonho cresceu e pretendo espalhar esse
conceito Brasil afora”, finaliza.
Roger nasceu em São Paulo e começou a
trabalhar logo cedo, com 12 anos. Aos 15, já
Q
GRADUAÇÃO: "INCENTIVAR uando estava no maternal, Lawrence
Murata decidiu fazer um investimento:
A CRIAÇÃO DESDE CEDO É vender para seus coleguinhas os sachês
de ketchup que recebia de graça na
IMPORTANTE PARA NÃO lanchonete. “Foi meu primeiro fracasso
nos negócios”, avalia hoje o estudante
CAIR NA ZONA de ciências da computação de Stanford.

DE CONFORTO” A experiência prematura, para ele, serve não só


como lição dos tropeços da vida mas também como
prova de que carrega, desde pequeno, um espírito
→Aluno de Stanford, Lawrence empreendedor. Nos anos seguintes, na escola, criou
Murata diz ter tido lá a motivação um fundo de financiamento para seus amigos sem
grana comprarem chiclete, exposições de arte digital
necessária para tirar seus para levantar recursos de combate ao câncer e uma
inúmeros projetos do papel campanha de financiamento coletivo para bancar
seus estudos em uma das universidades mais
prestigiadas do mundo. Esse foi só o começo.
GRADUAÇÃO: "INCENTIVAR A CRIAÇÃO DESDE CEDO É IMPORTANTE PARA NÃO CAIR NA ZONA DE CONFORTO”

“Minha filosofia foi sempre que, se tem algo que remédios que não usam e acabam jogando fora.
quero iniciar, não vou esperar fazerem por mim”, Por outro lado, muita gente precisa deles e não
diz Lawrence, diretamente da China, onde realiza tem dinheiro para comprá-los. Essa ONG faz toda
atualmente um intercâmbio. a parte operacional e de logística para redistribuir
esses medicamentos”, explica. “Existem muitos
Entre os inúmeros projetos que já desenvolveu problemas grandes como esse que a tecnologia
desde que chegou a Stanford (incluindo uma pode ajudar a resolver."
plataforma gratuita de streaming de música) pode-
se dizer que seu maior feito é o CS+Social Good, Para o estudante, Stanford dá a liberdade necessária
primeira organização da universidade dedicada a para os alunos escolherem seu foco: “Se quiser
aliar ciências da computação e impacto social. sacrificar seu tempo de estudo para começar
projetos, eles te dão o apoio. Não apenas físico,
O projeto começou em 2014 durante uma aula na de recursos, mas é a mentalidade do lugar que
qual o professor Keith Schwarz disse não haver, mostra o quão aceitável é fazer o que se quer”, diz,
no campus, nenhuma iniciativa com esse enfoque. com a certeza de que a existência desta cultura do
Lawrence recorreu novamente à sua filosofia e empreendedorismo é essencial na fase acadêmica
decidiu criar uma ele mesmo. Na mesma noite, por qual passa.
montou uma apresentação de slides colocando o
projeto em termos mais concretos. “Acho importante motivar a criação desde cedo,
senão é muito fácil cair na zona de conforto.
A organização começou a operar em Stanford Ir fazer um estágio numa grande empresa, ser
há seis meses e já se tornou uma das maiores efetivado e nunca tirar seu projeto do papel.
entidades da universidade. Desde então, fechou Muita gente fala que quer começar, mas a
parcerias com grandes empresas do Vale do Silício e barreira de tirar do papel é muito grande.
teve aprovada uma disciplina sobre tecnologias da Estimular a mentalidade é essencial”, conclui.
web, ministrada pelo próprio Lawrence, como parte
do currículo oficial. A iniciativa chamou atenção do
presidente da instituição, que fez pessoalmente uma
doação para o CS+Social Good.

Entre os feitos que saíram dali, está uma plataforma


educacional desenvolvida em parceria com
engenheiros do Google e uma organização sem
fins lucrativos para distribuição de medicamentos.
“Muitos hospitais e farmácias compram ou recebem
É
PÓS-GRADUAÇÃO: sobre esta tecnologia que ele tem se
debruçado desde então em suas pesquisas.

“A DICA É INVESTIR Enquanto isso, o produto que criou a partir


de seus achados já tem marca e usuários: o

EM UM PRODUTO E
DeepChoice está sendo utilizado em versão
beta por empresas brasileiras – por exemplo, como
apoio na seleção de bolsistas da Fundação Estudar.
TRANSFORMÁ-LO O sistema reproduz a forma como o cérebro
EM SUA PESQUISA” humano processa informações a partir de dados de
seleções anteriores, como cidade, gênero, histórico
acadêmico, pessoal etc. “Ele não muda o processo
→Para André Mendes, estudante seletivo, mas automatiza e faz isso em uma escala
maior”, explica André.
de PhD na New York University,
o Brasil precisa de mais doutores André é formado em engenharia mecatrônica
pela PUC do Paraná. Em 2014, durante um
no mercado estágio de verão na University of Victoria, uma
pequena ilha de Vancouver, teve seu primeiro
PÓS-GRADUAÇÃO: “A DICA É INVESTIR EM UM PRODUTO E TRANSFORMÁ-LO EM SUA PESQUISA”

contato com inteligência artificial, trabalhando para desenvolver meu projeto, mostrando o que
com o reconhecimento de imagens subaquáticas. devo pesquisar”, diz.
“Participei de um projeto que desenvolveu um
sistema para analisar imagens e reconhecer as Neste processo, tornar-se um jovem empreendedor
espécies marinhas da região. Foi quando descobri foi quase um acidente. “Empreender não era o meu
que queria trabalhar com inteligência artificial e maior objetivo na vida. Queria trabalhar com algo
fazer algo com computação”, lembra. que achasse legal e empreendi porque não havia
outro lugar que fizesse o que eu queria. Vi então
Mirou, então, o exterior. “Achava o doutorado no o quão difícil e o quão divertido é”, conta, sobre os
Brasil muito acadêmico, sem integração entre desafios de montar uma equipe, atribuir tarefas e
empresas e a universidade”, diz. Para sua surpresa, motivar seus colegas.
porém, embora mais conectado ao mercado, o
PhD nos Estados Unidos não é muito diferente “Não queria passar a vida escrevendo papers que
em termos de exigência acadêmica – André se poucas pessoas vão ler, mas sim fazer algo que
viu sufocado por demandas de publicação de afetasse milhares de pessoas, que possa ser usado
artigos científicos. “É muito trabalho e a pressão e que gere valor. Para mim é um desafio a mais
por publicar é bem grande. Então a grande dica mostrar que as duas coisas são possíveis. O que o
para quem quer fazer doutorado e investir em um Brasil é de mais doutores na indústria”, conclui.
produto é transformá-lo, de alguma forma, em
sua pesquisa”, aconselha. “Posso desenvolver aqui
métodos avançados e, ao mesmo tempo, usar esses
métodos para melhorar meu produto”, explica.

Outra vantagem importante vista por André, ao aliar


pesquisa e empreendedorismo, é a possiblidade de
escolher as disciplinas certas. Desde 2012, carregava
a ideia de fazer um sistema que avaliasse pessoas,
mas os planos só saíram de fato do papel após
suas primeiras aulas de machine learning em Nova
York – um campo da inteligência artificial dedicado
ao desenvolvimento de técnicas que permitem a
um computador desempenhar determinada tarefa.
“Tenho feito disciplinas nesta área que dão base
PARTE II:
UNIVERSIDADES
EMPREENDEDORAS
D
BABSON: esconhecida fora dos círculos não-
especializados, Babson College é uma

EMPREENDEDORISMO pequena instituição do nordeste Americano


que, em 2015, tinha cerca de 3 mil alunos.

NAS RAÍZES
Ainda assim, a faculdade localizada em
Massachusetts lidera a maior parte dos rankings
universitários de empreendedorismo.
→Instituição de Massachusetts Babson já nasceu com o foco em formar
nasceu com foco em atividades empreendedores, em 1919. Hoje, destaca-se por
um curso de graduação que alia administração e
práticas e treinamentos para futuros negócios com programas típicos das liberal arts
profissionais do mundo dos negócios colleges – instituições americanas voltadas para a
área de humanas.

Foi essa combinação atípica que chamou a atenção


de Anderson Ferminiano, bolsista da Fundação
Estudar, quando decidiu ir para os Estados Unidos.
Com 17 anos e já duas empresas fundadas no
BABSON: EMPREENDEDORISMO NAS RAÍZES

currículo, Anderson tinha Stanford por dream school. NETWORKING


Não aceito pela instituição, descobriu outras
boas opções que ofereciam aquilo que procurava: Babson é uma das escolas mais internacionais dos
campo fértil e incentivo para criar e tocar seu Estados Unidos. Os 3 mil estudantes da instituição
próprio negócio. vêm de mais de 80 países; 50% deles de fora da
América. Noventa por cento deles, diz Anderson, são
Para ele, Stanford, Berkeley ou Harvard tendem a ser filhos de empreendedores aposentados ou ainda à
mais famosas entre estudantes que querem estudar frente dos próprios negócios.
fora devido a casos de sucesso: foi nesses lugares
que surgiram grandes empresas de tecnologia como “Encontramos muito family business, pessoas
Facebook, Microsoft e Google. que já têm noção de negócio e sabem que serão
futuros presidentes dessas empresas”, conta o
“Babson, por outro lado, é uma escola muito focada estudante. “Estar lá me trouxe muito networking
em negócios e menos em tecnologia”, diz ele, que já em indústrias, bancos, manufatura, varejo… gente
possuía um background tecnológico iniciado aos 14 de todo o mundo.”
anos, quando aprendeu programação. Ele cita como
exemplo o Home Depot, grande varejista americana O campus é localizado num subúrbio de
dedicada à construção civil e fundada por um ex- Massachussets, próximo à Boston. “É gigantesco
aluno de lá. e tem tudo o que se possa imaginar: restaurante,
cafeteria, pista de corrida. Tudo muito limpo e
“Você encontra vários desses exemplos menores, organizado”, diz Roger Koeppl, que realizou lá um
mas com uma ideia muito parecida: de eficiência e summer program em 2013. “Mas é isolado, distante
administração financeira, mais do que tecnologia e da cidade. Quem gosta de passear pode se sentir
inovação. Em Babson acreditamos que tecnologia um pouco preso, mas muita gente acha isso bom
não faz a empresa sozinha. Pode, sim, ser um para se concentrar nos estudos.”
grande diferencial, mas administração, finanças e
eficiência são muito importante”, argumenta. Roger também destaca o corpo docente da
Para ser aceito na universidade, é necessário instituição. “São pessoas que vieram do mercado
preencher uma ficha de inscrição, enviar histórico e que têm um viés acadêmico forte. Um de
escolar do Ensino Médio, resultados do SAT ou meus professores era criador da Staples”, cita,
ACT, resultados do TOEFL ou IELTS e cartas de
recomendação. Os candidatos podem ainda solicitar
uma entrevista com profissionais do comitê de
admissão da faculdade, uma etapa opcional.
BABSON: EMPREENDEDORISMO NAS RAÍZES

em referência a maior rede mundial de lojas A faculdade oferece também quatro programas de
para escritórios. pós-graduação, além de cursos de Summer School,
como o feito por Roger, que retornou ao Brasil com
CURSOS PENSADOS PARA GERAR IDEIAS a intenção de espalhar o conceito de cooperativismo
DE NEGÓCIOS como alternative de negócio.

Os dois primeiros anos do curso de graduação são Anderson, por sua vez, está no país tocando seu
comuns a todos. Nos dois últimos, o aluno pode novo investimento: o Voxus, empresa de media
optar por especializar-se em uma das seguintes manager criada por ele. Ao que tudo indica, a
áreas: Contabilidade e Direito, Finanças, Marketing, vocação de ambos para o empreendedorismo teve
Artes e Humanidades, História e Sociedade, o incentivo necessário para expandir.
Matemática e Ciência, Economia, Negócios,
Empreendedorismo, e Tecnologia.

Uma particularidade da instituição é uma disciplina


oferecida durante o primeiro ano, na qual os
alunos, divididos em grupos, recebem um orçamento
para abrir a primeira empresa - no caso de
Anderson, a terceira.

“O primeiro semestre é bem teórico, estudamos


→ RAIO-X
como se cria um produto, e o segundo é mais
prático, tocamos a parte operacional”, conta o Criação: 1919
estudante. Os grupos organizam, de forma Localização: Massachusetts, EUA
democrática, uma estrutura hierárquica para tocar Tamanho: 3 mil alunos no ano letivo 2014/2015
a empresa. Para ser CEO, por exemplo, é necessário Últimos rankings:
fazer uma proposta para a equipe, que decidirá os • 1º Entrepreneuship/U.S. News & Report;
cargos. No final, é realizado um ranking da sala com • 1º Top Entrepreneurial Programs/The Princeton Review;
base no faturamento obtido; lucros são doados para • 1º Worldwide among MBA Programs in
uma instituição de escolha dos alunos, prejuízos são Entrepreneurship/Financial Times.
assumidos pela universidade. Ex-alunos ilustres:
• Arthur M. Blank - cofundador da Home Depot
Experiente, Anderson assumiu a posição assistente • Kevin Colleran - um dos primeiros dez funcionários
de CEO, dando o apoio técnico necessário para do Facebook
a equipe, que criou um produto para carregar • Michael Angelakis - CFO da Comcast
celulares da cama. “Começamos vendendo uma • Akio Toyota - CEO da Toyota Motor Corporation
unidade por semana e terminamos com cinco por
Mais informações: www.babson.edu
dia”, lembra. Ao final, faturaram cerca de R$ 30 mil
em valores atuais.
S
STANFORD: tanford é de certa forma responsável
pelo 10º PIB mundial. Pode parecer um

PIONEIRA EM exagero, mas não surpreende, se nos


lembrarmos que foi nesta universidade

TECNOLOGIA
da Califórnia que surgiram algumas das
maiores empresas do mundo.

A constatação é resultado de um estudo realizado


→Principais empresas do Vale do em 2011 por dois professores da instituição,
Silício, epicentro da inovação segundo o qual as empresas criadas por seus ex-
alunos geram juntas US$ 2,7 trilhões anualmente e
mundial, tiveram sua origem na criaram 5,4 milhões de empregos desde 1930.
instituição californiana
Foi em torno de Stanford que se desenvolveu, já na
década de 1950, o que conhecemos como Vale do
Silício - epicentro mundial de inovação localizado no
sudoeste americano e que hoje abriga empresas
como Google, HP, Nike, Instagram, entre outras. Não
à toa, Stanford é a universidade mais procurada por
STANFORD: PIONEIRA EM TECNOLOGIA

estudantes que desejam estudar e trabalhar “Os ex-alunos têm uma relação muito legal com
com inovação. a faculdade”, confirma Eduardo Baer, um dos
fundadores do iFood, que largou o emprego em
“Eu não fui para Stanford porque queria fazer um 2012 para também fazer um MBA na Califórnia. “Eles
MBA; fiz um MBA porque queria ir para o Vale do vão lá para dar aulas, compartilhar experiências...
Silício”, esclarece André Penha, cofundador do site de Assim, o estudante é exposto a pessoas
aluguel QuintoAndar.com, destacando a importância inimagináveis e sai com a sensação de que pode
da região em que a universidade está cravada. fazer qualquer coisa.”

André vê a instituição como uma "profecia IMERSÃO EM INOVAÇÃO


autorrealizável", pegando emprestado a expressão
cunhada por Robert Merton para se referir à crença No primeiro semestre de seu MBA, André cumpriu
que provoca sua própria realização: “Ela atrai um ciclo básico de disciplinas. Depois, optou por
pessoas que querem inovação. O fato de existir essa matérias focadas em tecnologia e inovação, como
seleção automática de candidatos empreendedores venture capital e product marketing fit. “Esses tipos
faz com que seja ainda mais empreendedora”, de temas são mais comuns no Vale do que no
argumenta. Brasil”, argumenta.

Nos anos que estudou lá, entre 2010 e 2012, André Outra diferença, diz, é o estilo das aulas: “Lá você
viu o Instagram nascer, crescer e ser vendido para obrigatoriamente se prepara antes, o que torna as
o gigante Facebook. “Você olha para o lado e seu discussões em sala muito mais ricas e difíceis”.
colega está começando uma start up. Você conversa
com alguém e essa pessoa está pensando coisas “O curso é fulltime, você não trabalha enquanto
inéditas, inovadoras, que ninguém mais tentaria. estuda”, diz Eduardo. “Uma vez por semana, eu não
Essa é a vantagem do Vale: a possibilidade de fazer tinha aula – mas era neste dia que eu estudava.
algo que ninguém nunca fez. É mais legal ir contra o Você está lá fazendo um investimento grande de
consenso”, conclui. tempo, quer aprender o máximo possível”.

Outra vantagem da universidade, diz ele, é a Eduardo destaca uma disciplina na qual teve que
disponibilidade dos professores e mentores: criar uma empresa com uma verba de US$ 2 mil
“Se você quer conversar com Eric Schmidt
[atual presidente do Google] você consegue tomar
um café com ele. Stanford tem a magia de abrir
qualquer porta: enquanto você está lá, consegue
falar com qualquer um”.
STANFORD: PIONEIRA EM TECNOLOGIA

fornecida pela própria instituição. Foi assim que


surgiu seu atual negócio: o DogHero, espécie de
Airbnb para cachorros. “A aula é muito voltada para
testar hipóteses de negócios. Pensamos diversas
opções e problemas para chegar no modelo que
→ RAIO-X
deu certo”, diz.
Criação: 1892
Stanford também foi eleita por diversas vezes Localização: Palo Alto, Califórnia, EUA
uma das universidades mais bonitas do mundo. Tamanho: 15.877 alunos
Localizado no norte de Santa Clara Valley, entre Últimos rankings:
San Jose e San Francisco, seu campus principal • 4º lugar entre melhores universidades americanas
possui mais de 3 mil hectares e é composto por do U.S. News and World Report,
sete faculdades - Ciências da Terra, Engenharia, • 3ª melhor do mundo em 2015 segundo Times Higher
Humanidades, Administração, Educação, Direito Education World Reputation Rankings.
e Medicina. Ex-alunos ilustres:
• Evan Spiegel - cofundador do Snapchat
Como é de se esperar, a seleção para ingressar • Larry Page - CEO do Google
na instituição é bastante exigente: dos 19 mil • Sandra Day O’Connor - primeira mulher na Suprema
inscritos anualmente, apenas 12,7% são admitidos. Corte americana
Para estar entre eles, é necessário apresentar um • Marissa Mayer - CEO do Yahoo
ótimo histórico escolar, participar de atividades • Reed Hastings - cofundador do Netflix
extracurriculares e conseguir uma nota elevada
Mais informações: www.stanford.edu
no SAT e TOEFL. O candidato pode também ser
convocado para uma entrevista, não obrigatória.
U
BERKELEY: ma colossal universidade localizada
no Vale do Silício e conhecida por

“ALTERNATIVA” NO formar bons empreendedores. Não,


não se trata de Stanford, mas de sua

VALE DO SILÍCIO
instituição vizinha: a University of
California – Berkeley.

Criada em 1868 como resultado da união entre


→Universidade pública da Califórnia um escola privada e uma pública, Berkeley é a
se destaca em rankings do setor instituição mais antiga no sistema universitário
público da Califórnia. Hoje, oferece 350 programas
com grandes nomes entre seus de graduação e pós-graduação em um grande
ex-alunos leque de disciplinas. Ao todo, reúne 72 prêmios
Nobel, nove prêmios Wolf, oito Medalhas Field e
11 prêmios Pulitzer.

Em termos de dimensão, Berkeley é ainda maior


que sua “concorrente”, tendo mais de 35 mil
alunos, ante os cerca de 17 mil de Stanford. Como
BERKELEY: “ALTERNATIVA” NO VALE DO SILÍCIO

consequência, as salas de aula são gigantescas, americanas: preencheu um questionário, enviou


chegando a abrigar 300 alunos por lecture. carta de apresentação, notas do TOEFL e GMAT e
realizou uma entrevista por telefone. “O que mais
Também como consequência do seu tamanho, a influenciou minha decisão de ir pra lá, porém, foi a
universidade tem uma taxa de aprovação maior: visita à universidade”, reforça.
16% versus 5,1% – uma vantagem para quem não
se destaca pelo currículo acadêmico, mas mira o FOMENTANDO O ESPÍRITO EMPREENDEDOR
Vale do Silício como futuro profissional.
Empreendedor desde os primeiros anos da
Mas que Berkeley não seja vista como “segunda faculdade, quando criou uma empresa de software
opção”: em relação aos estudos, Berkeley oferece com seus colegas de ciências da computação da
algumas opções de programa para graduação UFRJ, Paulo não teve dúvidas quando escolheu a
que não são encontrados em Stanford, como as Califórnia como destino para seu MBA. “Meu foco
do Haas School of Business, uma das 14 escolas principal eram as matérias de empreendedorismo,
da instituição. como identificação de oportunidades, estratégia de
atendimento e crescimento do negócio”, justifica.
Para Paulo Mannheimer, que fez MBA em Berkeley,
o fator mais decisivo foi a recepção. “Fui muito bem Na época que ele se refere ao “início das ‘.com’”,
recebido lá. Eles têm um calor humano sensacional. ele iniciava seu segundo negócio: uma espécie
Quando fui visitar, os alunos passaram o dia comigo, de agenda online chamada Elefante. O bom
me mostrando a universidade e as opções de desempenho do empreendimento o obrigou a
atividades das quais poderia participar”, relembra. trancar o curso por dois anos. “É muito raro uma
escola aceitar que você tranque o MBA, mas como
Os anos do MBA ficaram em sua memória como um eles têm esse viés empreendedor, permitiram que
período de “revolução mental” constante. “Cada dia eu tocasse meu negócio, já que esta é a essência”.
era uma novidade. Um dia era palestra com o diretor
financeiro do Google, de tarde com o presidente do Ele retornou à universidade em 2013, quando a
Banco Central americano e no dia seguinte visita a Elefante já havia sido vendida, e mais uma vez
uma grande empresa. Não tinha um dia em que eu lançou mão do espírito de Berkeley para criar algo
saía de lá a mesma pessoa”. novo: do dormitório do campus onde vivia montou a

Para ser aprovado, Paulo passou pelo processo


convencional de admissão para as universidades
BERKELEY: “ALTERNATIVA” NO VALE DO SILÍCIO

Instant Solutions, empresa de software que toca até


hoje. “Comprei uns servidores e meu quarto ficou
parecendo um data center”, ri ele.

Em um dado momento, devido ao fluxo estranho


de dados para o seu dormitório, a Universidade
bloqueou o seu acesso à internet. Bastou, porém, → RAIO-X
que ele explicasse do que se tratava para que a
Criação: 1869
direção autorizasse a retomada do funcionamento
Localização: Berkeley, Califórnia, EUA
da “empresa”.
Tamanho: 38.204 alunos
Últimos rankings:
Paulo compara esta experiência com sua vivência
• 6º melhor reputação mundial de 2015-2016 pelo
acadêmica no Brasil, quando dificilmente conseguia
Times Higher Education World University Ranking,
conciliar estudo e trabalho. “Aqui no Brasil, a ideia de
• 3ª melhor universidade global de 2016 pelo U.S.
fazer mestrado é entrar na academia. Lá é aprender
News & World Report,
para entrar no mercado de trabalho”.
• 4º no Academic Ranking of World Universities de 2015.
Ex-alunos ilustres:
Por isso, atribui o sucesso de seu negócio a sua
• Steve Wozniak (cofundador da Apple);
experiência californiana. “Tudo o que sou hoje
• Eric Schmidt (presidente do Google);
como empreendedor foi graças a Berkeley. Eles
• Andrew Grove (cofundador da Intel).
te dão uma bagagem para criar algo resistente,
resiliente”, conclui.
P
MIT: araíso dos nerds, o Massachusetts Institute
of Technology (MIT) se destaca por aliar um

EMPREENDEDORISMO ensino de tecnologia de ponta a noções de


administração. União ideal para engenheiros,

CIENTÍFICO
cientista da computação e outros
profissionais da tecnologia que pretendem investir
em seu próprio negócio.
→Instituto estruturado sobre ciência Hoje com mais de 11 mil alunos, o instituto
da computação e engenharia oferece 44 programas de graduação em suas
cinco escolas - sendo a de engenharia a mais
oferece bons cursos de negócios popular entre elas (abriga 63% dos estudantes).
para completar formação Em um currículo de bons-feitos, acumula 85
prêmios Nobel, 38 bolsas MacArthur, duas
medalhas Fields e 34 astronautas. A instituição é
também reconhecida por ter desenvolvido potentes
radares, mísseis teleguiados e equipamentos de
espionagem usados pelo governo americano.
MIT: EMPREENDEDORISMO CIENTÍFICO

“Fui para o MIT porque sabia que teria um Em classe, aprende sobre análise de mercado
background mais diversificado”, diz Michel e como tirar valor de determinado produto,
Portas, aprovado tanto para a instituição de segundo uma metodologia adotada por todas as
Massachusetts quanto por Berkeley. Estudante de disciplinas de empreendedorismo do MIT. “Eles
engenharia civil, optou pelo MIT para seguir em sua têm um framework com 24 passos para serem
área enquanto adquire novas competências seguidos, criado por Bill Aulet”, afirma, referindo-se
de negócios e empreendedorismo. ao professor da instituição e autor da bibliografia
utilizada nos cursos. “Em cada aula tentamos
Para tanto, no primeiro semestre de seu ano desenvolver um ou dois passos. Conseguimos
de intercâmbio se dedicou a disciplinas mais aprender com os erros e acertos uns dos outros”.
específicas, sobre sistemas de transporte, Para Michel, as duas faces da escola -
gerenciamento de recursos hídricos e outras tecnologia e negócio - resumem a essência do
áreas da engenharia. Em uma delas, recorda-se, empreendedorismo. “Não é só vontade, é também
desenvolveu junto a um grupo de colegas um preparação, capacitação”, diz.
produto do começo ao fim – no caso, um bastão
de realidade virtual que serviria como óculos para MBA
crianças enxergarem os espaços inalcançáveis por
suas pequenas estaturas. Enquanto empresas de tecnologia de ponta se
concentram no Vale do Silício, a região de Boston-
“Passamos por todo o processo de criação da Massachusetts se tornou um polo de biotecnologia,
engenharia. Fizemos um brainstorm de problemas em boa parte impulsionado pela inteligência criada
que queríamos resolver e fomos afunilando ideias no MIT.
até desenvolver um protótipo”, lembra.
Fato atraente a Gabriel Perez, biólogo de formação.
No segundo semestre, que cursa atualmente, Michel Ele se enveredou pelos tortuosos caminhos do
decidiu voltar-se para os negócios, área que não empreendedorismo logo em seu primeiro estágio,
teria oportunidade de explorar em sua graduação na Endeavor, o que o levou a Massachusetts para
no Brasil. Na Sloan, escola do MIT dedicada ao tema, um MBA em 2007.
pôde estudar com alunos de MBA. “É bom para
conhecer pessoas com experiência de mercado e
criar um networking”, diz. “O nível da aula é muito
alto”, completa.
MIT: EMPREENDEDORISMO CIENTÍFICO

No primeiro semestre, ele cursou um ciclo básico


que incluía aulas de administração, finanças,
estatística, economia e marketing. A partir do
segundo, pôde realizar matérias mais específicas,
de acordo com seu interesse.
→ RAIO-X

Entre elas, atuou como monitor de uma disciplina Criação: 1861


voltada para consultoria a empresas de países em Localização: Cambridge, Massachusetts, EUA
desenvolvimento, além de ele mesmo prestar, em Tamanho: 11.319 estudantes de graduação e pós
outra disciplina, assistência para uma empresa Últimos rankings:
dinamarquesa que havia desenvolvido um • 1º lugar entre escolas de engenharia pelo U.S News
sistema de visualização 3D de moléculas. “Ajudei & Report e QS World University Rankings, 3ª melhor
a desenvolver uma estratégia para venderem o escola para seu dinheiro pela Money Magazine,
software para a indústria farmacêutica americana”, • 2ª escola empreendedora de 2014 pela Forbes.
lembra. Também realizou um estágio de verão em Ex-alunos ilustres:
um fundo da Siemens focado na área da saúde. • Ben Bernanke - economista e ex-presidente do
Banco Central americano
“Pude aproveitar muito do ecossistema • Drew Houston - criador do serviço de transferência
empreendedor da região”, diz ele, ressaltando ainda de arquivos em nuvem Dropbox
os contatos que fez ao longo do programa, ainda • Salman Khan - criador das aulas virtuais Khan Academy
hoje acionados em seu trabalho à frende do Fundo • Gilberto Dimenstein - colunista do jornal Folha de
Pitanga, que investe em empresas de tecnologia. São Paulo e criador do site Catraca Livre
“Você acaba criando um círculo social muito diverso, • Hugo Barra - gerente mundial do sistema
tanto geograficamente quanto de especializações. operacional Android
Mesmo sete anos após ter me formado, esta rede
Mais informações: www.babson.edu
persiste. É global e feita por gente que está super
bem em sua respectiva área”.
O
ESADE: BONS CURSOS s Estados Unidos podem deter a
hegemonia de universidades voltadas ao

FORA DA ROTA empreendedorismo, porém o país não é


o único destino para quem pretende se
especializar na área. Exemplo disso é a
TRADICIONAL instituição espanhola ESADE, que oferece cursos
de negócios não apenas no território ibérico como
também em países da América Latina.
→Com campus em Barcelona,
Madri e Buenos Aires, a instituição A Escola Superior d'Administració i Direcció
d'Empreses foi criada em 1958 por empresários
espanhola atraindo estudantes ligados à Companhia de Jesus, ordem religiosa da
de todo o mundo Igreja Católica com grande influência educacional.
Na época, o franquismo esvanecia na Espanha,
abrindo espaço para novas iniciativas. Hoje a
instituição se divide em duas escolas: a de negócios
e a de direito.
ESADE: BONS CURSOS FORA DA ROTA TRADICIONAL

A Esade Business School tem sede em Barcelona, Para o mestrado, é necessário enviar a pontuação
além de campus em Madri e Buenos Aires, atraindo nos exames GMAT ou GRE (provas exigidas pelas
alunos de todo o mundo - algo relativamente escolas de negócios).
comum entre universidades europeias, graças a
facilidade de intercâmbio entre países da região. No A instituição recomenda também ao candidato
ano letivo de 2014-2015, dos 2.045 estudantes da participar do Open Day: um dia de visita ao campus
escola, 800 eram estrangeiros. No mestrado, 95% em que são organizados workshops e conversas
do total de alunos são de fora, representando 42 com ex-alunos. A última etapa é uma entrevista
nações diferentes. realizada com representantes da Esade.

A escola oferece MBA em tempo integral e Em todos os níveis de estudos, a instituição, que
é possível escolher entre os cursos de 12, 15 é privada, oferece bolsas, a maior parte delas por
ou 18 meses - sendo que os dois últimos mérito acadêmico, como a Talent Scholarship e o
permitem estágios de verão e intercâmbio com Award for Academic Merit. Algumas bolsas recebem
outras instituições. o patrocínio de grandes empresas, como a Allianz, o
Banc Sabadell Foundation e a Deloitte.
Em 1997, foi criado ali o Esade Entrepreneurship
Institute (EEI), que alia ensino, pesquisa e atividades
de empreendedorismo social. É nele que atua o
grupo de pesquisa Esade-Ramon Llull, especializado
no campo de business ventures, business growth,
promoção de empreendedorismo corporativo e
→ RAIO-X
negócios familiares.
Criação: 1952
Outro ponto forte são os mestrados da instituição, Localização: Barcelona, Espanha (além de campi e
chamados MSc Programmes in Management, escritórios espalhados pela Espanha e América Latina)
divididos em quatro frentes: finanças, estratégia de Tamanho: 11 mil alunos
mercado global, inovação e empreendedorismo e Últimos rankings:
administração de mercado. • 4º European Business School segundo o
“Financial Times” (2014)
ADMISSÃO • 6º melhor MBA no European ranking da
“Economist” (2014)
O processo de admissão para a Esade começa • 2ª Master in Finance no Global Ranking do
com o preenchimento de um formulário online, “Financial times” (2015)
disponível no site oficial da escola. Posteriormente, Ex-alunos ilustres:
é necessário enviar uma série de documentos, entre • Javier Ferrán - presidente da Bacardi 2003-2004
eles um certificado de proficiência em língua (inglês • Ruben Figueres - consultor político da campanha
ou espanhol, dependendo do curso), currículo, duas presidencial de Obama em 2012
cartas de recomendação, cópia do passaporte ou • Patricia Gras - jornalista e produtora
outro documento de identificação e uma foto. No
Mais informações: www.esade.edu
caso de graduação, são exigidos SAT, ACT ou a
realização do exame de admissão próprio da escola.
E
LEEDS: TRADICIONAL xiste no Reino Unido um conjunto de seis
universidades fundadas nos maiores centros

E INOVADORA NO industriais da Grã-Bretanha em fins do


século XIX, as redbrick universities. Na época,
o termo foi cunhado para diferenciar estas
REINO UNIDO universidades, originadas de institutos de engenharia
e instituições civis, das mais tradicionais fundadas
nos séculos XVI e XVII.
→Uma das mais antigas instituições
do Reino Unido, a University of Uma delas, localizada na região de West Yorkshire,
surgiu como um centro internacional para a
Leeds foi reconhecida pela Times indústria têxtil durante a era vitoriana. Apesar de
Higher Education por fomentar os carregar mais de um século de história, porém, foi
justamente essa instituição eleita a universidade
pequenos negócios da região mais empreendedora de 2015 pelo ranking da Times
Higher Education.
LEEDS: TRADICIONAL E INOVADORA NO REINO UNIDO

O título foi concedido devido às oportunidades Boa parte, mas não todos. Localizado a 1 km ao
de negócios oferecidas pela universidade a seus norte do centro da cidade, o campus de Leeds
alunos; pelo suporte aos pequenos negócios abriga uma mistura de arquitetura gótica, art déco
da região e pela constante inovação e difusão e edifícios pós-modernos, chamando a atenção
da propriedade intelectual, segundo uma nota para sua arquitetura. Porém, tal qual sua história,
publicada pela instituição. o visual do lugar também tem passado por um
processo de renovação: entre elas a construção do
Há alguns anos, Leeds adotou o conceito de Innovation City Leeds, centro com bio-incubadora
empreendedorismo como um de seus quatro que pretende transformar a cidade em um hub
pilares estratégicos. No ano letivo de 2013-2014, global de empreendimento e inovação. Mesmo já
a universidade obteve 5,3 milhões de libras em tendo alcançado o primeiro lugar em rankings de
propriedade intelectual e registrou 374 patentes. empreendedorismo, as transformações em Leeds
Empresas spin-out criadas no interior da instituição estão apenas começando.
atraíram 43,2 milhões em investimentos e criaram
426 empregos locais. A universidade ajudou
também a desenvolver 275 negócios regionais
graças a recursos obtidos do Goldman Sachs Small
Businesses Growth Programme.

Segundo o Times Higher Education, no mesmo


ano acadêmico, mais de 900 estudantes de
Leeds cursaram disciplinas eletivas voltadas
→ RAIO-X
para empreendedorismo - a universidade criou
um mestrado no setor e engajou 12 mil alunos Criação: 1874
de 105 países diferentes no curso online “Starting Localização: Leeds, West Yorkshire, England
a Business”. Tamanho: 30 mil alunos
Últimos rankings:
Atualmente, Leeds é a oitava maior universidade • 8º melhor universidade do Reino Unido segundo
do Reino Unido, com mais de 30 mil estudantes. É o Reseach Assessment Exercise
também uma das mais procuradas por candidatos. • 15º melhor MBA da Europa segundo a
O processo de inscrição é feito por meio de uma “The Economist”
plataforma online chamada Ucas. • Entrepreneurial University of the Year em 2015
do Times Higher Education Awards
A universidade possui nove escolas, oferecendo Ex-alunos ilustres:
cursos de graduação, mestrado, MBA e PhD. A Leeds • Jack Straw - ex-Secretário de Estado do Reino Unido
Business School engloba as áreas de contabilidade • Chris Pine – ator
e finanças, economia, negócios internacionais, • Piers Sellers - astronauta da Nasa
administração, marketing e relações de trabalho e
Mais informações: www.leeds.ac.uk
emprego – e é lá que boa parte dos projetos de
inovação e empreendedorismo são desenvolvidos.
O
MAS, AFINAL, O que torna uma instituição acadêmica
empreendedora? Diversos estudantes

QUE TORNA UMA que passaram pelas universidades de


ponta nos Estados Unidos mostram que o
segredo não está tanto nas disciplinas em
UNIVERSIDADE si, mas no espírito difundido pela faculdade.

EMPREENDEDORA? Foi a sensação que teve, por exemplo, Roger Koeppl


nos meros 35 dias que passou em Babson College.
Em cinco semanas, Roger adquiriu conhecimentos
→Incentivo à inovação é a base, valiosos sobre negócios e empreendimentos
dizem estudantes que passaram por sociais, mas o que mais chamou sua atenção foi a
constante afirmação da identidade difundida por
instituições de ponta e especialistas Babson. Exemplo sintomático que cita é o fato de, ao
em inovação e negócios chegar ao campus, não receber os típicos adesivos
com o nome da instituição escrito em letras
MAS, AFINAL, O QUE TORNA UMA UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA?

garrafais para adornar seu dormitório, mas em vez Para além de discursos motivacionais, o espírito
deles, aderentes com a palavra “entrepreneurship” empreendedor também é expresso em atitudes.
(empreendedorismo) - os mesmos que via Para Paulo Mannheimer, aluno de MBA de Berkeley,
espalhados pelos corredores da faculdade. foi graças ao apoio da universidade que conseguiu
viabilizar dois empreendimentos ao longo dos
A repetição com que era bombardeado com essa anos em que estudou lá. Da primeira vez, em fins
ideia, a princípio, pareceu a Roger uma espécie de da década de 1990, pôde trancar o curso para
“lavagem cerebral”. Semanas de estudo mais tarde, tratar de seus investimentos. “É muito raro uma
chegou à conclusão de que, na verdade, era um escola permitir o trancamento do MBA, mas eles
encontro com aquilo que procurava. “De tanto ouvir concordaram porque essa era a essência: tocar um
isso, de entender esse perfil, voltei falando: ‘é isso negócio”. Da segunda vez, anos mais tarde, quando
que sou. Que bom, vou transformar esse espírito voltou à Califórnia para concluir os estudos, Paulo
em algo’ ”. É como se fosse, diz ele, uma lavagem iniciou do interior de seu dormitório uma empresa
cerebral “do bem”. “Não fosse ela, eu tentaria me de software. “O tempo todo entrava e saía gente do
furtar disso”, argumenta, pensando no preconceito meu quarto para ver o que estava acontecendo. Eu
que sentia pelo rótulo. falei que estava começando um negócio e eles me
permitiram continuar”.
Estudantes que foram para as reconhecidas
academias do Vale do Silício retornam com a Gabriela Toquarto, responsável por estratégias com
mesma impressão. “Stanford te motiva a ver como universidades da Endeavor, também destaca a
os grandes empreendimentos, ideias, coisas que importância de um “ecossistema empreendedor” nas
já foram feitas na humanidade foram feitas por universidades.
pessoas como você”, diz Miguel Andorffy, aluno de
engenharia e criador do site educacional MeSalva. Segundo uma metodologia desenvolvida pela
Para ele, a gigante instituição acadêmica em torno própria organização, que apoia empreendedores
da qual foi erigido o mais importante centro de de alto impacto, alunos assistem ao conteúdo
empresas de tecnologia provoca a pensar grande. programático online e utilizam o espaço da sala
“Você vê todos os cases de pessoas que saíram de lá de aula para atividades mais dinâmicas, como
e passa a querer, você também, fazer algo grande”. debates e criação de projetos. Segundo ela, a teoria
pode e deve ser passada em outras atividades,
Nas palavras de André Penha, criador do site de como palestras com pessoas do mercado, visitas
aluguel de imóveis QuintoAndar, o “ecossistema” a empreendimentos de sucesso, hackathons,
de Stanford atrai e motiva empreendedores. “O programas de mentoria etc.
discurso da inovação é super conhecido lá dentro. A
universidade te incentiva a tomar riscos para fazer "As disciplinas devem ser as mais transversais
algo que ainda não foi feito”, observa. André também possíveis. Quanto mais gente envolver, melhor”, diz.
compara o espírito universitário local a uma "boa “A sala de aula deve ser só uma das interações."
lavagem cerebral". “Eu sabia que iria montar um
negócio grande para impactar a vida de pessoas”.
U
INSPIRAÇÃO: “VOLTEI ma das maiores plataformas de educação
do país, o Me Salva não surgiu como uma

SEM UM REAL E COM start up comum, conta Miguel Andorffy,


cocriador da plataforma ao lado do colega
Guilherme Piccoli. Ao contrário da maior
A CERTEZA DE QUE parte das empresas que investem em inovação para
crescer rapidamente, o Me Salva nunca precisou
PODERIA FAZER passar por um ciclo de validação com o cliente.
“Não decidi que queria ter uma empresa e procurei
ALGO GRANDE” algo para fazer. Na verdade, estava dando aula,
de repente o Me Salva surgiu e estamos aqui até
hoje”, explica ele.
→O gaúcho Miguel Andorffy já Miguel tinha dezoito anos quando começou a dar
tinha 10 milhões de visualizações aulas para alunos do segundo semestre de cálculo
da sua faculdade. Um dia, decidiu gravar um vídeo
em seu canal no YouTube quando com exercícios e postá-lo no YouTube. “Dali em
foi a Stanford para "aprender diante acho que não fiz mais nada da vida além
disso”, brinca, referindo-se ao empreendimento que
a empreender". hoje tem mais de 71 milhões de visualizações e
atinge 500 mil pessoas pelo Brasil a cada mês.
INSPIRAÇÃO: “VOLTEI SEM UM REAL E COM A CERTEZA DE QUE PODERIA FAZER ALGO GRANDE”

“Não fazer mais nada”, porém, não é bem verdade: pessoas que conheci, as novas iniciativas que vi, me
ele mesmo ainda é estudante de engenharia abriram a cabeça para pensar além do meu bairro.
elétrica. “Tenho 97% do curso concluído na Federal Fui uma pessoa e voltei outra”, afirma.
do Rio Grande do Sul”, comemora.
Dois anos mais tarde, o Me Salva já atingiu a marca
Em 2012, Miguel recebeu o prêmio Jovens de 71 milhões aulas assistidas e mobiliza mais de
Inspiradores e uma bolsa da Fundação Estudar. Isto 70 professores e diversos investidores. “Temos
possibilitou que ele fosse fazer um curso de verão um negócio muito bacana que não só para em pé
em Stanford, epicentro do empreendedorismo nos como impacta a vida de muita gente. E temos um
Estados Unidos. Na época, o Me Salva já existia propósito muito forte que é o de transformar a
em menores proporções: “Estávamos começando, educação no Brasil”.
ainda não existia a empresa nem nada”, lembra ele.
“Não tinha receita, modelo, produtor… só muita boa Para ele, beber um pouco da água do Vale do
vontade”. Tinha também mais de 10 milhões de Silício foi fundamental para que isso acontecesse.
visualizações no YouTube. “Stanford te motiva a ver como os grandes
empreendimentos e ideias da humanidade foram
“Fui para Stanford com essa expectativa: tenho feitas por pessoas como você. Ninguém nasce com
uma coisa na mão, que está andando, está uma bola de cristal ou cai com a sorte na mão. É o
ganhando resultado, mas não sei bem o que esforço que constrói as grandes ideias. Voltei sem
é. Minha prioridade era viabilizar meu projeto, um real no bolso e com a certeza que poderia fazer
então me voltei para onde poderia trabalhar essa algo grande, que transformasse vidas”, finaliza.
parte do empreendedorismo”, conta. Ele escolheu
Stanford pelo seu background de engenharia e
por poder associar seu foco em educação com
tecnologia e inovação.

Foi durante os dois meses que passou lá, por


exemplo, que Miguel aprendeu como criar uma
plataforma online – o que foi essencial para
viabilizar a expansão do Me Salva. Mas ele afirma
que o que mais lhe transformou da experiência foi
o que viveu fora da sala de aula: “A quantidade de
Textos
Beatriz Montesanti

Edição
Nathalia Bustamante

Design
Danilo de Paulo e Renata Monteiro

Fundação Estudar, 2016

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