Você está na página 1de 7

UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista

Arquitetura e Urbanismo

Relatório – Planejamento Urbano

Alan Carlos
Hériton Silva
Ranulfo Teixeira
Sabrina Monteiro

Presidente Prudente - SP
2019
1. INTRODUÇÃO
Presidente Prudente tem suas origens relacionadas ao avanço das áreas de plantio do
café devido à intensa procura de novas terras, presença de mão de obra imigrante e pela alta
dos preços do grão no mercado internacional. Tal local era o que se chamava até o início do
Século XX de “sertão” de São Paulo.
A história de Presidente Prudente é anterior à sua criação oficial e acontece os princípios
da década de 1910, devido ao surgimento da Vila Goulart e às ações dos coronéis Francisco
de Paula Goulart e José Soares Marcondes.
Em 1917, Goulart chegou ao local onde implantou uma das estações das Estradas de
Ferro da Sorocabana, a primeira, localizada em suas terras. Criou um núcleo urbano onde
venderia lotes aos recém-chegados. Além dos lavradores, apareciam sujeitos que vinham e se
instalavam para explorarem o comércio nascente. Com a inauguração do tráfego normal de
trens, em 19 de janeiro de 1919, aumentou o povoamento tanto rural, como urbano.
Desta forma, acontece no Oeste Paulista uma urbanização que não surgiu do campo, o
que expressaria concentração econômica e populacional advinda de atividades de origem ou
de suporte agrícola e da centralidade disso decorrente, mas, isso sim, para o campo, como
base e atrativo para negociação das terras rurais e apoio aos projetos de colonização.
O Coronel Marcondes, ao contrário de Goulart, não possuía terras. No entanto, fundou
uma empresa colonizadora de venda de terras denominada Companhia Marcondes de
Colonização, Indústria e Comércio. Obtendo opção de venda de várias tratativas de terra,
dentre elas, uma em Montalvão e outro na fronteira com a Fazenda Pirapó/Santo Anastácio,
separados pela linha ferra da Sorocaba, deu início ao seu projeto de expansão financeira
vendendo lotes e tornou-se um político temido e respeitado.
Foi nesse contexto e com tal motivação que foram erigidos os dois núcleos de povoamento
que deram, depois, origem a Presidente Prudente, ambos às margens da Estrada de Ferro
Sorocabana e posicionando-se um à frente e o outro aos fundos da estação ferroviária.
Era preciso um centro de ligação entre o sertão e o mundo povoado que ficava à
retaguarda, um local de abastecimento de gêneros e instrumental para o trabalho, onde se
encontrasse escola, farmácia, médico e hospital. Esses elementos seriam atrativos para a
fixação de compradores de terras. Eis o fundamento básico para o aparecimento da Vila Goulart
e da Vila Marcondes, povoados que o município criado englobou na cidade de Presidente
Prudente.
Esses dois núcleos, que surgiram depois da cidade, funcionam como duas áreas centrais.
Essas características foram se acentuando, ou esmaecendo ao longo do tempo e conforme a
malha urbana da cidade foi se desenvolvendo.
A situação destes núcleos orientou o processo de expansão territorial da cidade, e a
posição da estação vieram a ter grande importância no desenvolvimento ulterior daqueles usos
e funções que são identificadas com o centro da cidade.
Houve, de certo modo, uma disputa e concorrência entre os dois colonizadores, Goulart e
Marcondes, que se materializou nas duas vilas. A Vila Goulart foi aos poucos assumindo
características de “centro da cidade” enquanto a Vila Marcondes, também com diversas
características centrais, passou a concentrar as funções, para as quais fora originariamente
pensada, de suporte à ocupação das terras rurais. Assim, os armazéns, as empresas de
beneficiamento e outras atividades correlatas tenderam, desde aquele momento, a localizarem-
se naquela parte da cidade.
As posteriores ocupações das áreas próximas aos núcleos principais a partir dos anos
1920, também foram, de certo modo, condicionando e sendo condicionadas pelas
características de centralidade que cada uma delas fora constituindo, ou não. Assim, na porção
oeste do município foi surgindo ocupações, quase sempre irregulares naquele período, dado o
caráter de seu empreendedor, Coronel Goulart, enquanto que, na Vila Marcondes, os primeiros
lotes urbanos já possuíam suas devidas escrituras.
Para uma ordenação mais racional do núcleo urbano, uma lei municipal [lei n.º 7 de 18-4-
1925] proibia a instalação de máquinas de benefício de café e cereais nas ‘ruas centrais’ da
cidade. Esta medida foi tomada em atenção aos moradores que reclamavam do pó que se
desprendia das máquinas.
As políticas de incentivo à construção de prédios diferenciados dentro do quadrilátero
principal e as políticas de restrição de construções de madeira e de atividades industriais,
também foram, aos poucos, diferenciando esta área do restante da cidade, dando-lhe e/ou
reforçando lhe características “centrais”, ou ao menos a tornando destacada do restante da
cidade.
Já no ano de 1927, a cidade havia completado uma década de existência e o seu
desenvolvimento era patente, já contando com 1500 residências e com uma população
aproximada de 7500 habitantes.
Com a diminuição da área rural prudentina ocasionada pela emancipação posterior dos
municípios vizinhos, o núcleo urbano prudentino passou a apresentar, consequentemente, uma
tendência de evolução em relação ao campo, à medida que ia cada vez mais se especializando
como centro regional comercial, industrial e de serviços.
2. MICRORREGIÃO 11
A microrregião 11 da cidade de Presidente Prudente se dá pela junção de bairros
significantes da região central da cidade, como: Vila Santa Helena, Centro, Vila Ocidental, Vila
do Estádio e Vila Dubus.
Ao encaixar essa microrregião no contexto de consolidação do município percebe-se que
ela possui grande importância, pois se trata do ponto inicial da malha urbana. O quadrilátero
central (evidenciado em vermelho na imagem abaixo) se dá pelas avenidas Manoel Goulart,
Washington Luiz, Brasil e Coronel José Soares Marcondes está estritamente ligado com a
malha ferroviária (evidenciada em amarelo na imagem) cujo deu início ao adensamento da
cidade.

Fonte: imagem dos autores.

3. CARACTERÍSTICA HISTÓRICA NA CONCEPÇÃO DO ESPAÇO


A concepção do espaço está estritamente ligada às características históricas da
microrregião. Como já citado acima, essa microrregião se deu através da necessidade de criar
um núcleo urbano para venda lotes aos recém-chegados e um núcleo de comércio e atividades
para os moradores. Desse modo, a forma desse núcleo deveria ser a mais racional possível
visando a boa distribuição e organização do espaço conforme mapa de Presidente Prudente
em 1923, onde se vê a linha férrea demarcando a divisão do oeste e leste da cidade e as
quadras e lotes padronizados e organizados de forma simétrica e igualitária. Formas essas que
prevalecem na microrregião nos dias atuais.
Fonte: planta da cidade de Presidente Prudente por Francisco Goulart.

Porém com o passar do tempo as necessidades do local e de seus usuários foram


mudando, possibilitando um adensamento e uma característica formal que se difere do proposto
inicialmente. Conforme imagem abaixo, é possível analisar a configuração espacial evoluindo
com o passar do tempo e o modo que isso afeta a forma de ocupação.
Até 1960 a expansão urbana de Presidente Prudente deu-se, predominantemente,
acompanhando a extensão da linha férrea, no sentido norte-sul. No entanto, desde meados dos
anos de 1950 já se notava um incremento dos loteamentos implantados em descontínuo, com
a conformação de grandes vazios urbanos. Também já se fazia presente um processo de
acentuação da diferenciação socioespacial.
Fonte: Pedro, L. C. & Nunes, J. O. R. (2012)

4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E GABARITO DE ALTURA


As características predominantes na microrregião 11 são devidas à lei municipal n.º 7 de
18-4-1925 que delimitava e pré-estabelecia tipos de construções e usos no local. Dessa forma
esse núcleo urbano foi se desenvolvendo conforme surgia as novas necessidades dos usuários,
assim foram chegando atividades de comércio e serviços, além das residências existente no
local.
Do mesmo modo, o gabarito de altura também era estipulado e regido por tal lei, limitando
as edificações para até dois pavimentos, porém nos dias atuais, com a demanda crescendo e
surgindo as novas necessidades, o gabarito de altura recebe maior flexibilidade, possibilitando
a resolução de problemáticas de espaço.

5. SOCIOECONOMIA
Ao suprir as novas necessidades dos usuários com a implantação de
atividades comerciais, de serviços e institucionais no núcleo, o local passa por
uma espécie de segregação e gentrificação, obrigando as classes de menor
poder aquisitivo optarem por morar nas zonas periféricas da cidade,
influenciando no “desenho” da cidade e também na distribuição de classes
sociais, prevalecendo nas áreas centrais as classes de maior poder aquisitivo,
pois podem arcar com os gastos de se habitar em um lugar equipado com as
infraestruturas necessárias.
6. CONCLUSÃO
Ao se analisar uma microrregião de uma cidade é perceptível que o modo
de ocupação e adensamento de um local está estritamente relacionado com sua
história, pois ela é quem fornecerá as diretrizes de uso, ocupação, gabarito,
adensamento e dimensões. Porém de mesmo modo, sua ocupação está
sujeitável a mudanças repentinas de acordo com novas necessidades que
forem surgindo e/ou evoluindo.

Você também pode gostar