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É uma situação jurídica decorrente de uma sentença decretatória proferida por um juiz
de direito, onde uma empresa ou sociedade empresarial se omite em cumprir com
determinada obrigação patrimonial e então tem seus bens alienados para satisfazer
todos seus credores.
FASES DA FALÊNCIA
Fase pré-falimentar: são verificados os pressupostos para a instauração da falência, ou
seja, irá se verificar se a falência é aplicável ou não à situação em análise. A fase inicia
com o pedido de falência ou eventualmente com o pedido de recuperação judicial e se
encerra com a sentença. Caso haja a denegação da falência, obviamente não há a
sequência das próximas fases, porquanto sequer é cabível a falência no caso em análise.
De outro lado decretada a falência, passa-se à próxima fase.
Fase falimentar: nesta fase do processo, teremos providências tendentes à apuração
do passivo, apuração do ativo, realização do ativo, pagamento dos credores e medidas
complementares. Serão identificados os credores sujeitos ao processo, por meio do
procedimento de verificação de créditos, que é essencialmente o mesmo da recuperação
judicial. Neste particular surge a eventual declaração de ineficácia de atos do falido para
afastar a eventual desigualdade que foi indevidamente criada entre os credores. Além
disso, serão tomadas as medidas necessárias para a apuração do patrimônio do devedor
sujeito ao processo, a formação da massa falida e a sua transformação em dinheiro para
o pagamento dos credores de acordo com a ordem legal de preferência estabelecida
para tanto. Por fim, as medidas complementares, como as prestações de contas e
relatórios por parte do administrador judicial.
Fase pós-falimentar: abrange os efeitos causados pela falência. E o devedor poderá
requerer a extinção das suas obrigações.
OBJETIVOS: Dentre todas as fases da falência a mais importante é a fase falimentar,
que busca a satisfação dos credores. Em razão disso, pode-se afirmar que seu objetivo
mais amplo é o pagamento de todos os credores do devedor empresário de acordo com
uma ordem legal de preferências. Assim, a falência teria como objetivo principal
assegurar a igualdade entre os credores de um devedor juridicamente insolvente,
permitindo que eles tenham seus créditos satisfeitos de acordo com a ordem legal de
preferência. No entanto, há um objetivo mais específico na falência, no sentido da
maximização do valor dos recursos produtivos do devedor.
PRINCÍPIOS
O princípio da igualdade entre os credores: credores em situação igual terão o mesmo
tratamento, já os credores em situação desigual terão tratamento desigual. Nesse
sentido, não pode ocorrer o pagamento de um credor quirografário e não o de outro
credor quirografário. De outro lado, é possível ocorrer o pagamento de um crédito
trabalhista sem o pagamento de credores quirografários. Em suma, credores da mesma
espécie terão o mesmo tratamento e credores de espécies distintas terão tratamento
distinto.
O princípio da economia e celeridade processual: O princípio da celeridade, da
eficiência e da economia processual prescreve que as normas procedimentais sejam
aplicadas e interpretadas de modo a privilegiar uma condução ágil, adequada e
econômica dos regimes falimentar e recuperatórios.
Nesse sentido, o art. 75, parágrafo único, textualmente afirma que o “processo de
falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual” (sendo que no
mesmo caminho está a previsão contida na Constituição Federal, art. 5º, LXXVIII: “a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”)
O princípio da viabilidade da empresa em crise: relaciona-se diretamente com o
caráter residual, onde o processo falimentar somente deverá ser provocado em casos
de empreendimentos inviáveis, assim sendo, se deve buscar antes a possibilidade de
recuperação da empresa.
O princípio da publicidade dos procedimentos: desenvolve a necessidade de se
atentar a certas características inafastáveis do modo de operação da solução da
insolvência. Assim a transparência faz-se importante na medida em que estabelece a
publicação dos atos processuais de forma clara e objetiva.
O princípio da par conditio creditorum: observa a existência de idoneidades inerentes
ao caso a caso, devendo-se portanto, preservar certa proporcionalidade na consideração
dos créditos. Em outras palavras, entende-se ser necessário que cada credor fique
satisfeito com a proporcionalidade de seus créditos.
O princípio da conservação e maximização dos ativos: constitui uma tentativa de
viabilizar a manutenção da atividade empresarial, através da prerrogativa de que os
ativos da empresa devedora devem ser preservados e, sempre que possíveis
valorizados. Aqui cabe recordar o art. 75 da lei n. 11.101/05.
O princípio da universalidade de bens e juízo: todos os bens do devedor e até mesmo
todos os credores ficam submetidos ao juízo da falência.
PRESSUPOSTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO FALIMENTAR
Embora a falência seja um instrumento necessário, não deve ser usada em qualquer
situação, apenas excepcionalmente será instaurada a falência como resposta a uma
situação de crise econômico-financeira. Para que se instaure o processo de falência, é
necessária a ocorrência de pressupostos específicos:
Perda da legitimação:
A morte do empresário individual faz cessar sua personalidade e, consequentemente, a
condição de empresário. Contudo, o espólio responde pelas obrigações do falecido e
pode até continuar a exercer a atividade e, por isso, admite-se sua falência.
Encerramento das atividades cessa a condição de empresário e, também, a legitimação
passiva para a falência.
Liquidação da sociedade anônima porquanto não haveria patrimônio a ser executado.
Entretanto, durante o processo de liquidação é possível a falência, desde que seja antes
da partilha.
• Execução Frustrada – Quando executado por qualquer quantia líquida, não paga, não
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal (art. 94, II). Se
o empresário tem uma execução contra si e esta não produz resultados em termos
patrimoniais, há uma presunção de que aquela pessoa não terá condições de fazer frente
às suas obrigações. Não se trata apenas do inadimplemento, mas da presunção de uma
insuficiência patrimonial para honrar suas dívidas.
O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para
pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial,
acompanhadas dos seguintes documentos:
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos;
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa
de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se
não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus
bens pessoais;
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos
endereços, suas funções e participação societária.
Recurso: A sentença que decretar da falência poderá ser objeto de recurso de Agravo
de Instrumento, conforme preceitua o artigo 100 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.
EFEITOS DA FALÊNCIA
É considerado falido o devedor empresário que está insolvente juridicamente e que teve
sua falência decretada
Sócios de responsabilidade ilimitada - Art. 81 da Lei 11.101/2005.
Sócios de responsabilidade limitada;
- Art. 82 da Lei 11.101/2005.
- Desconsideração da personalidade jurídica
Administradores – art. 81, § 2º;
Empresário indireto – TJRS AI 70029609286
Sociedades Integrantes de Grupo STJ MC 15.526/SP
Essa ineficácia pode ser declarada de ofício pelo juiz (por mero despacho) nos autos da
falência quando houver provas suficientes da frustração dos objetivos do concurso
falimentar juntada a esses autos.
Se não houver tais provas, a ineficácia deverá ser buscada pela ação própria (que não
possui designação específica na lei) ou mediante exceção em processo autônomo ou
incidente ao da falência.
É o meio judicial de que se vale o administrador para que, com a declaração da ineficácia
ou revogação do ato, o bem seja restituído à massa.
ART. 130. São revogáveis os atos praticados com intenção de prejudicar credores,
provando o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o
efetivo prejuízo sofrido pela massa falida.
Origem: da palavra revocar, ou seja, chamar para trás, mandar voltar = ineficácia.
Cabimento: contra fraudes perpetradas pelo devedor.
Competência: juízo da falência;
Legitimidade ativa: administrador judicial, qualquer credor ou Ministério Público;
Legitimidade passiva: todos os que figuraram no ato, herdeiros ou legatários, terceiros
adquirentes, se tinham conhecimento da intenção do falido de prejudicar os credores
(art. 133);
Prazo: três anos contados da decretação da falência (art. 132);
Rito ordinário: citação para defesa – 15 dias – réplica e produção de provas.
Recurso: apelação – prazo 15 dias.
Ao terceiro de boa fé é garantida ação por perdas e danos contra o devedor
Sequestro: Permite a medida cautelar de sequestro (CPC) dos bens retirados do
patrimônio;
Os bens objeto do ato declarado ineficaz ou revogado retornam à massa;
Ao terceiro de boa fé é garantida ação por perdas e danos contra o devedor.
Havendo valores a receber deverá habilitar como crédito quirografário.
Art. 129 LRF Art. 130 LRF
Pode ser de ofício ou em defesa Não pode ser de ofício, exige ação
específica
LIQUIDAÇÃO SUMÁRIA
Adjudicação e venda direta aos credores: autorizada pelo juiz (art. 111) ouvido o
Comitê de credores.
Venda imediata: aberta ao público – bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à
desvalorização, de conservação arriscada e os de conservação dispendiosa (art. 141).
PAGAMENTO DO PASSIVO
I. Prioritários:
1) Art. 151 - Créditos trabalhistas vencidos até 3 meses antes da decretação da falência
até o limite de 5 salários mínimos. Dignidade da pessoa humana
2) Art. 150 - Despesas em geral com o procedimento falimentar
Esses créditos devem ser pagos com precedência aos demais, sob o pena de inviabilizar
o processo falimentar. Além disso, o administrador judicial precisa ser remunerado, sob
pena de não se conseguir um profissional qualificado para o exercício de tal ofício.