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AULA 9 – FALÊNCIA

Conceito: Liquidação forçada do patrimônio do devedor empresário que não tem


condições de superar a crise econômico-financeira pela qual estão passando. Quando
não é possível ou não é viável a recuperação, deve-se proceder à liquidação forçada do
patrimônio do devedor, para reduzir ou evitar novos prejuízos decorrentes do exercício
da atividade por aquele devedor.

É uma situação jurídica decorrente de uma sentença decretatória proferida por um juiz
de direito, onde uma empresa ou sociedade empresarial se omite em cumprir com
determinada obrigação patrimonial e então tem seus bens alienados para satisfazer
todos seus credores.

É a execução concursal do devedor empresário. O direito falimentar refere-se ao


conjunto de regras jurídicas as quais não são as mesmas que se aplicam ao devedor
civil em razão da função social da empresa.

Natureza: Processo de execução coletiva contra o devedor empresário. Em outras


palavras, a falência é o procedimento visando à liquidação do patrimônio do devedor,
para satisfação dos credores de acordo com uma ordem legal de preferencia, para evitar
maiores prejuízos na condução da atividade pelo devedor.

FASES DA FALÊNCIA
Fase pré-falimentar: são verificados os pressupostos para a instauração da falência, ou
seja, irá se verificar se a falência é aplicável ou não à situação em análise. A fase inicia
com o pedido de falência ou eventualmente com o pedido de recuperação judicial e se
encerra com a sentença. Caso haja a denegação da falência, obviamente não há a
sequência das próximas fases, porquanto sequer é cabível a falência no caso em análise.
De outro lado decretada a falência, passa-se à próxima fase.
Fase falimentar: nesta fase do processo, teremos providências tendentes à apuração
do passivo, apuração do ativo, realização do ativo, pagamento dos credores e medidas
complementares. Serão identificados os credores sujeitos ao processo, por meio do
procedimento de verificação de créditos, que é essencialmente o mesmo da recuperação
judicial. Neste particular surge a eventual declaração de ineficácia de atos do falido para
afastar a eventual desigualdade que foi indevidamente criada entre os credores. Além
disso, serão tomadas as medidas necessárias para a apuração do patrimônio do devedor
sujeito ao processo, a formação da massa falida e a sua transformação em dinheiro para
o pagamento dos credores de acordo com a ordem legal de preferência estabelecida
para tanto. Por fim, as medidas complementares, como as prestações de contas e
relatórios por parte do administrador judicial.
Fase pós-falimentar: abrange os efeitos causados pela falência. E o devedor poderá
requerer a extinção das suas obrigações.
OBJETIVOS: Dentre todas as fases da falência a mais importante é a fase falimentar,
que busca a satisfação dos credores. Em razão disso, pode-se afirmar que seu objetivo
mais amplo é o pagamento de todos os credores do devedor empresário de acordo com
uma ordem legal de preferências. Assim, a falência teria como objetivo principal
assegurar a igualdade entre os credores de um devedor juridicamente insolvente,
permitindo que eles tenham seus créditos satisfeitos de acordo com a ordem legal de
preferência. No entanto, há um objetivo mais específico na falência, no sentido da
maximização do valor dos recursos produtivos do devedor.

PRINCÍPIOS
O princípio da igualdade entre os credores: credores em situação igual terão o mesmo
tratamento, já os credores em situação desigual terão tratamento desigual. Nesse
sentido, não pode ocorrer o pagamento de um credor quirografário e não o de outro
credor quirografário. De outro lado, é possível ocorrer o pagamento de um crédito
trabalhista sem o pagamento de credores quirografários. Em suma, credores da mesma
espécie terão o mesmo tratamento e credores de espécies distintas terão tratamento
distinto.
O princípio da economia e celeridade processual: O princípio da celeridade, da
eficiência e da economia processual prescreve que as normas procedimentais sejam
aplicadas e interpretadas de modo a privilegiar uma condução ágil, adequada e
econômica dos regimes falimentar e recuperatórios.
Nesse sentido, o art. 75, parágrafo único, textualmente afirma que o “processo de
falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual” (sendo que no
mesmo caminho está a previsão contida na Constituição Federal, art. 5º, LXXVIII: “a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”)
O princípio da viabilidade da empresa em crise: relaciona-se diretamente com o
caráter residual, onde o processo falimentar somente deverá ser provocado em casos
de empreendimentos inviáveis, assim sendo, se deve buscar antes a possibilidade de
recuperação da empresa.
O princípio da publicidade dos procedimentos: desenvolve a necessidade de se
atentar a certas características inafastáveis do modo de operação da solução da
insolvência. Assim a transparência faz-se importante na medida em que estabelece a
publicação dos atos processuais de forma clara e objetiva.
O princípio da par conditio creditorum: observa a existência de idoneidades inerentes
ao caso a caso, devendo-se portanto, preservar certa proporcionalidade na consideração
dos créditos. Em outras palavras, entende-se ser necessário que cada credor fique
satisfeito com a proporcionalidade de seus créditos.
O princípio da conservação e maximização dos ativos: constitui uma tentativa de
viabilizar a manutenção da atividade empresarial, através da prerrogativa de que os
ativos da empresa devedora devem ser preservados e, sempre que possíveis
valorizados. Aqui cabe recordar o art. 75 da lei n. 11.101/05.
O princípio da universalidade de bens e juízo: todos os bens do devedor e até mesmo
todos os credores ficam submetidos ao juízo da falência.
PRESSUPOSTOS CARACTERIZADORES DO ESTADO FALIMENTAR
Embora a falência seja um instrumento necessário, não deve ser usada em qualquer
situação, apenas excepcionalmente será instaurada a falência como resposta a uma
situação de crise econômico-financeira. Para que se instaure o processo de falência, é
necessária a ocorrência de pressupostos específicos:

a) A legitimidade passiva específica – art. 966 do CC, em princípio estará sujeito à


falência todo e qualquer exercente de atividade empresarial, vale dizer, o sujeito de
direito que exerce a empresa está sujeito à falência (empresários individuais e
sociedades empresárias – pessoas jurídicas ou não).
Atividades de natureza científica, literária ou artística, ainda que com concurso de
auxiliares ou colaboradores ficam excluídas, a não ser que configure elemento essencial
da empresa.
Situações especiais: Sociedades anônimas e comandita por ações são sempre
empresárias, não importando a atividade exercida por elas (art. 982, § único CC).
Cooperativas são sempre sociedades simples e não se sujeitam a falência (art. 982, §
único CC). Empresário rural que estiver registrado na junta comercial está sujeito a
falência. Aquele que não estiver registrado na junta não se submete a esse regime (art.
971 CC). Sociedade em conta de participação não é enquadrada como empresária e não
está sujeita à falência. Empresários irregulares poderão se sujeitar ao regime falimentar
desde que comprovada a condição de empresário. Quanto ao empresário indireto o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, usando a desconsideração da personalidade
jurídica, já estendeu a falência ao empresário indireto.
Exclusões – relativas e absolutas:

Situação Legal Recuperação Falência Falência


Judicial ou requerida requerida pelo
Extrajudicial por credor liquidante ou
inventariante

Empresa pública Não Não Não

Sociedade de economia mista Não Não Não

Entidade de previdência complementar fechada Não Não Não

Instituições financeiras Não Não Sim

Entidade de previdência complementar aberta Não Não Sim

Soc.operadora de plano de assistência à saúde Não Não Sim

Sociedade seguradora Não Não Sim

Sociedade de capitalização Não Não Sim


Empresário que cessou suas atividades Não Depende* Não

Espólio Sim Depende** Sim

Sociedade liquidada que teve ativo partilhado Não Não Não

* Empresário: dentro do prazo de 2 anos, fund. Art. 94, I.


**Espólio: no prazo de um ano a partir do falecimento.

Perda da legitimação:
A morte do empresário individual faz cessar sua personalidade e, consequentemente, a
condição de empresário. Contudo, o espólio responde pelas obrigações do falecido e
pode até continuar a exercer a atividade e, por isso, admite-se sua falência.
Encerramento das atividades cessa a condição de empresário e, também, a legitimação
passiva para a falência.
Liquidação da sociedade anônima porquanto não haveria patrimônio a ser executado.
Entretanto, durante o processo de liquidação é possível a falência, desde que seja antes
da partilha.

b) Insolvência - A insolvência é um estado em que o devedor tem prestações a cumprir


superiores aos rendimentos que recebe. Portanto um insolvente não consegue cumprir
as suas obrigações (pagamentos). Uma pessoa ou empresa insolvente poderá ao final
de um processo ser declarada em definitivamente insolvente, em falência ou em
recuperação.
Caracterização da insolvência no sistema brasileiro:
Pela confissão do devedor, pela impontualidade injustificada ou pela prática, por
parte do devedor, de ato de falência.

• Impontualidade injustificada – Faz presumir o estado de insolvência, pois considera‐se


falido o empresário que, sem relevante razão de direito, ou seja, sem qualquer
justificativa, não paga no vencimento obrigação líquida e certa. Pressupõe uma
inadimplência por parte do devedor empresário, isto é, o não pagamento no vencimento
de determinada obrigação, desde que se trate de um não pagamento desmotivado. A
inadimplência sem relevante razão de direito, deverá dizer respeito a dívidas líquidas
constantes de título ou títulos executivos. Além disso, exige-se atualmente um valor
mínimo para as dívidas não pagas. Só se falará em insolvência se as dívidas forem
superiores a 40 salários-mínimos, no dia do pedido, porquanto inadimplências de dívidas
menores não são consideradas pelo legislador como suficientes para denotar a
impossibilidade de pagar as obrigações. Essa soma poderá ser alcançada pela soma de
vários créditos pertencentes a vários credores (art. 94, § 1º). Para a prova dessa
inadimplência a legislação exige o protesto (art. 94, § 3º), sem necessidade do protesto
especial, mesmo o simples protesto cambial será adequado para a configuração da
impontualidade injustificada, porquanto ele já seria uma prova da inadimplência.

• Execução Frustrada – Quando executado por qualquer quantia líquida, não paga, não
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal (art. 94, II). Se
o empresário tem uma execução contra si e esta não produz resultados em termos
patrimoniais, há uma presunção de que aquela pessoa não terá condições de fazer frente
às suas obrigações. Não se trata apenas do inadimplemento, mas da presunção de uma
insuficiência patrimonial para honrar suas dívidas.

• Atos de Falência – Sinais exteriores da ruína patrimonial, ou seja, sinais exteriores da


impossibilidade de pagar suas obrigações. São atos suspeitos praticados pelo
empresário, a fim de fraudar credores e não pagar a dívida. Para estes atos a legislação
elaborou um rol taxativo (art. 94, III), quais sejam:
 Liquidação precipitada – venda de máquinas e veículos da empresa;
 Negócio simulado – simula a venda de mercadorias e bens, sem que efetivamente
tenha vendido. (contrato gaveta)
 Alienação irregular de estabelecimento – quando o empresário devedor vende sua
empresa sem comunicar os credores.
 Transferência simulada do principal estabelecimento – quando o empresário
devedor muda de localidade (Uberlândia p/ Cuiabá), a fim de frustrar a fiscalização
do Município de Uberlândia, do Estado de Minas Gerais quanto aos tributos, além
de prejudicar os credores, pois a distância dificultada o recebimento do crédito.
 Garantia Real – quando o empresário devedor dá em garantia a uma dívida a
própria empresa.
 Abandono de estabelecimento empresarial – quando o empresário deixar as
atividades empresariais, ou seja, deixar a empresa sem qualquer comando.
 Descumprimento de obrigação assumida no Plano de Recuperação Judicial.

SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA


Falência como estado de direito – a insolvência jurídica é um estado de fato que não
se confunde com a falência. A falência é uma situação de direito que só passará a existir
com a decretação judicial que reconhecer a presença da insolvência, a legitimidade
passiva específica e a ausência de fatos impeditivos.

Convolação da Recuperação Judicial em Falência: O juiz pode decretar a falência


durante o processo de recuperação judicial de quatro formas: por deliberação da
assembleia-geral de credores; pela não apresentação pelo devedor do plano de
recuperação no prazo de 60 dias improrrogáveis; quando houver sido rejeitado o plano
de recuperação pela assembleia de credores; ou por descumprimento de qualquer
obrigação assumida no plano, que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão
da recuperação judicial. Na convolação da recuperação judicial em falência, os atos de
administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a recuperação
judicial presumem-se válidos, desde que realizados na forma da lei em questão.

Autofalência: O pedido de falência promovido pelo devedor denomina-se autofalência.


Não é de qualquer forma que se instrui o pedido, mas sim, nos exatos termos do artigo
105 de Lei de Falência e Recuperação. Determina o artigo:

O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para
pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial,
acompanhadas dos seguintes documentos:
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos;
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa
de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se
não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus
bens pessoais;
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos
endereços, suas funções e participação societária.

Ajuizado o pedido de autofalência o juiz verificará o cumprimento dos requisitos e a


regular instrução do pedido. Havendo falha, deverá ser determinada a emenda à petição
inicial para prosseguimento do feito. Cumpridos os requisitos e regularmente instruída e
petição inicial, o juiz deverá receber o pedido e determinar o seu regular processamento.
Os sócios poderão ser citados para apresentação de oposição. Com ou sem oposição,
caberá ao juiz verificar a presença dos pressupostos da falência e, se for o caso, decretá-
la por meio de sentença que obedecerá aos requisitos do artigo 99. A partir da
decretação não há qualquer diferença entre a autofalência e a falência requerida pelos
credores. Até a decretação é possível que o devedor se retrate e desista do pedido de
autofalência.

PEDIDO DE FALÊNCIA: Além da iniciativa do próprio devedor, a falência também


poderá ser decretada em processos ajuizados por terceiros.
Legitimidade ativa: qualquer credor (possuidor de créditos vencidos ou vincendos. Se
domiciliado fora do Brasil, deverá prestar caução pelas custas do processo e pela
indenização em caso de pedido de má-fé), o cônjuge sobrevivente; qualquer herdeiro do
devedor; o inventariante; o cotista ou o acionista do devedor.
Juízo competente: principal estabelecimento do devedor (art. 3º).
Despacho inicial e citação: Ajuizado o pedido, caberá verificar a regularidade formal da
petição e sua regular instrução, devendo mandar sanar eventuais irregularidades.
Estando a petição regularmente instruída, o juiz determina a citação do requerido.
Posturas do devedor:
 Apresentar pedido de recuperação judicial;
 Efetuar depósito elisivo, com ou sem contestação;
 Contestar o pedido no prazo de 10 dias;
 Ficar inerte;
 Reconhecer o pedido.
Possibilidade de realização de audiência e produção de provas – os mesmos de qualquer
processo civil.
Decisão do pedido de falência: Caberá ao juiz o julgamento do pedido de falência, o
qual poderá denegar ou decretar a falência do devedor.
Denegação do pedido: quando o juiz entender que não é caso de decretação de falência.
É cabível o recurso de apelação (art. 100) no prazo de 15 dias contados da publicação
da sentença denegatória. O artigo 101 prevê a possibilidade de indenização por danos
causados ao devedor no caso de dolo, culpa ou abuso.
Decretação da falência: Não havendo qualquer problema processual no pedido de
falência, estando presentes os pressupostos e não havendo qualquer fato impeditivo,
deverá o juiz decretar a falência.
Elementos da sentença: Conforme prescrito no CPC, a sentença possui requisitos
mínimos que lhe são essenciais, tais como:
a. o relatório;
b. os fundamentos da decisão; e
c. a conclusão.
No relatório o juiz deverá fazer constar os nomes das partes, a suma do pedido e da
resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento
do processo.
Já nos fundamentos da decisão, o juiz analisará as questões de fato e de direito que
firmem sua convicção, bem como a lei aplicável ao caso concreto.
E por fim, a conclusão que é o dispositivo em que o juiz resolverá as questões, que as
partes Ihe submeterem, julgando procedente ou improcedente a ação.
Além desses requisitos, a sentença deve ser clara e precisa, não dando lugar para
interpretações duvidosas, sob pena de abrir portas para a propositura de embargos
declaratórios.
A estes requisitos não pode furtar-se a sentença falimentar, que, deve possui as seguinte
determinações:
a. conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse
tempo seus administradores;
b. fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias
contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro)
protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que
tenham sido cancelados;
c. ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal
dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos
créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
d. explicitará o prazo para as habilitações de crédito (9);
e. ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as
ações que demandarem quantia líquida e as de natureza trabalhista;
f. proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver,
ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor (se
autorizada a continuação provisória das atividades do falido - letra "k" adiante);
g. determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes
envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores
quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido naLei
falimentar;
h. ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no
registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da
falência e a inabilitação do falido para o exercício de qualquer atividade empresarial (a
partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações);
i. nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções de acordo com a Lei
falimentar;
j. determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades
para que informem a existência de bens e direitos do falido;
k. pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o
administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto
no artigo 109 da Lei de Falências;
l. determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia-geral de
credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a
manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial
quando da decretação da falência;
m. ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas
Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.

Recurso: A sentença que decretar da falência poderá ser objeto de recurso de Agravo
de Instrumento, conforme preceitua o artigo 100 da Lei nº 11.101/2005:

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.

EFEITOS DA FALÊNCIA
É considerado falido o devedor empresário que está insolvente juridicamente e que teve
sua falência decretada
Sócios de responsabilidade ilimitada - Art. 81 da Lei 11.101/2005.
Sócios de responsabilidade limitada;
- Art. 82 da Lei 11.101/2005.
- Desconsideração da personalidade jurídica
Administradores – art. 81, § 2º;
Empresário indireto – TJRS AI 70029609286
Sociedades Integrantes de Grupo STJ MC 15.526/SP

QUANTO À PESSOA DO FALIDO:


Restrições à capacidade processual (art 103): Declarada a falência, não poderá o
falido figurar como autor ou réu em ações patrimoniais de interesse da massa;
Restrições à liberdade de locomoção (art 104): Não poderá se ausentar do lugar onde
se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar
procurador bastante.
Proibição para o exercício de atividade empresarial (art. 102): O falido fica inabilitado
para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a
sentença que extingue suas obrigações.
Sujeição à prisão (art. 99): Em caso de prática de crime falimentar.

QUANTO AOS BENS DO FALIDO:


Perda da administração e disposição dos bens (art. 103): Desde a decretação da
falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou dele
dispor.
Exceção (art. 108, § 4º ):
Bens inalienáveis por força de lei (bens públicos e o bem de família);
Bens inalienáveis por ato voluntário (bens gravados por testadores);
Bens absolutamente impenhoráveis (CPC. ex: móveis, pertences e utilidades domésticas
que guarnecem a residência do executado, vestuários, pertences de uso pessoal, etc.).

QUANTO AO DIREITO DOS CREDORES/OBRIGAÇÕES DO FALIDO


Vencimento antecipado de todas as dívidas do falido (art. 77): a decretação da
falência determina o vencimento antecipado de todas as dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com abatimento proporcional do juros.
EXCEÇÕES
- Obrigações condicionais;
- Cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em virtude da falência (art.
83, §3º)
- Obrigações solidárias firmadas juntamente com terceiros que sejam coobrigados
com o falido (art. 333 CC);
Suspensão da fluência de juros (art. 124): Contra a massa falida não são exigíveis
juros vencidos após a decretação da falência, se o ativo apurado não bastar para o
pagamento dos credores subordinados.
Exceção: juros das debêntures e dos créditos com garantia real, limitado àquilo que se
apurar com a alienação dos bens que constituem a garantia.
Formação do juízo universal e indivisível: Todos os credores deverão recorrer ao juízo
da falência para que sejam pagos. O juízo da falência é indivisível e competente para
conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido (art. 76).
Exceções (art. 76):
- Ações trabalhistas;
- Causas fiscais;
- Ações não falimentares;
- Ações com competência definida pela CF (justiça federal – art. 109 CF/88);
Suspensão das ações e execuções movidas contra o falido (art 6º): Com a
decretação da falência ficam suspensas as ações e execuções dos credores sobre
direitos e interesses da massa falida, inclusive as dos credores particulares de sócios
solidários.
Exceções:
- ações trabalhistas (art. 6, § 1º);
- execuções fiscais (187 CTN e art. 6, § 7º);
- ações que demandem quantia ilíquida (art. 6, § 1º) e;
- ações em que a massa falida for autora;
- Ações sem conteúdo econômico.
Suspensão da prescrição quanto aos direitos e ações dos credores contra a
massa e o falido (art 6º): Com a decretação da falência fica suspenso o prazo de
prescrição que só se reinicia com a sentença que declara encerrada a falência.
Suspensão do direito de retirada e do recebimento do valor das quotas ou ações
por parte dos sócios da falência.
Suspensão do direito de retenção sobre os bens do falido, os quais deverão ser
entregues ao Administrador Judicial (art. 116).
Compensação das obrigações do falido (art. 122): Requisitos - Vencidas até a
decretação da falência; Débitos e créditos recíprocos sejam líquidos, certos e exigíveis;
Obrigações sejam homogêneas e fungíveis entre si.

QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO


CONTRATOS UNILATERAIS (ex: doação, comodato, depósito): Se o falido é o
devedor, o contrato vence com a declaração da falência, facultando-se aos credores a
habilitação de seus respectivos créditos. Se o falido é credor, permanece inalterado;
CONTRATOS BILATERAIS (regra geral art. 117): Não se resolvem pela falência e
podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de
seus ativos, mediante autorização do Comitê.
Regra geral: os contratos bilaterais do falido não se extinguem com a decretação da
falência, podendo haver continuação ou resolução dos contratos, cabendo a decisão,
princípio, ao administrador judicial. Definição caso a caso pelo administrador judicial.
Despesas: créditos extraconsursais (art. 84, V)
Decisão pela resolução do contrato: Se não entender conveniente para a massa
deixará de executá-los. É assegurado ao contraente o direito à respectiva indenização,
a ser apurada em ação ordinária e que se constituirá crédito quirografário.
Interpelação: O contratante, em razão da demora, poderá interpelar o administrador
judicial para que ele declare se irá cumprir ou não o contrato (art. 117, § 1º). Interpelação
(90 dias) – por escrito. Resposta do Administrador (10 dias) – do recebimento da
intimação. Silêncio – entende pelo não cumprimento.
Indenização pelo não cumprimento (art. 117, §2º): A declaração negativa e o silêncio
do administrador como fatos geradores do dever de indenizar. Processo autônomo – rito
ordinário. Indenização – crédito quirografário.
Cláusula resolutória expressa: Não pode prevalecer em detrimento da Lei de
Falências, uma vez que as regras desta são normas de ordem pública.

INEFICÁCIA DOS ATOS DA FALIDA – Ineficácia objetiva


Art 129: são ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção
deste fraudar credores:
a) pagamento de dívidas não vencidas realizadas pelo devedor dentro do termo
legal;
b) pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista no contrato;
c) constituição de direito real de garantia, dentro do termo legal, tratando-se de
dívida contraída anteriormente;
d) prática de atos a título gratuito;
e) a renúncia a herança ou a legado;
f) registro de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título
oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa realizados após a decretação da
falência;
g) venda ou transferência de estabelecimento sem o consentimento expresso ou
pagamento de todos os credores, sem reserva de bens suficientes

Essa ineficácia pode ser declarada de ofício pelo juiz (por mero despacho) nos autos da
falência quando houver provas suficientes da frustração dos objetivos do concurso
falimentar juntada a esses autos.

Se não houver tais provas, a ineficácia deverá ser buscada pela ação própria (que não
possui designação específica na lei) ou mediante exceção em processo autônomo ou
incidente ao da falência.

AÇÃO REVOCATÓRIA – Ineficácia subjetiva

É o meio judicial de que se vale o administrador para que, com a declaração da ineficácia
ou revogação do ato, o bem seja restituído à massa.

ART. 130. São revogáveis os atos praticados com intenção de prejudicar credores,
provando o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o
efetivo prejuízo sofrido pela massa falida.
Origem: da palavra revocar, ou seja, chamar para trás, mandar voltar = ineficácia.
Cabimento: contra fraudes perpetradas pelo devedor.
Competência: juízo da falência;
Legitimidade ativa: administrador judicial, qualquer credor ou Ministério Público;
Legitimidade passiva: todos os que figuraram no ato, herdeiros ou legatários, terceiros
adquirentes, se tinham conhecimento da intenção do falido de prejudicar os credores
(art. 133);
Prazo: três anos contados da decretação da falência (art. 132);
Rito ordinário: citação para defesa – 15 dias – réplica e produção de provas.
Recurso: apelação – prazo 15 dias.
Ao terceiro de boa fé é garantida ação por perdas e danos contra o devedor
Sequestro: Permite a medida cautelar de sequestro (CPC) dos bens retirados do
patrimônio;
Os bens objeto do ato declarado ineficaz ou revogado retornam à massa;
Ao terceiro de boa fé é garantida ação por perdas e danos contra o devedor.
Havendo valores a receber deverá habilitar como crédito quirografário.
Art. 129 LRF Art. 130 LRF

Não exige prova da fraude Exige prova da fraude, intenção de


fraudar.

Pode ser de ofício ou em defesa Não pode ser de ofício, exige ação
específica

Não há prazo Prazo de 3 anos contados da


decretação da falência

Atos ineficazes Atos ineficazes ou revogados

Rol taxativo Não possui rol de hipóteses

DIREITO FALIMENTAR. AÇÃO REVOCATÓRIA. FASE DE CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA. RECUPERAÇÃO DE BENS MÓVEIS. ALIENAÇÃO DE BENS DO
ATIVO FIXO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL NO TERMO LEGAL DA
QUEBRA. LINHAS TELEFÔNICAS QUE NÃO FORAM OBJETO DA PRETENSÃO.
PROVIMENTO DO RECURSO. SENTENÇA ANULADA. Ação revocatória movida
pela massa falida contra a ré. Alienação declarada ineficaz porque realizada dentro
do termo legal da falência e sem consentimento dos credores. Na fase de
cumprimento de sentença, em primeiro grau, decisão de extinção do processo, sem
análise de mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil.
Objeto do pedido diverso do pleiteado. Inexistência de pretensão em relação a linhas
telefônicas, motivador da extinção da execução. Recurso da autora provido.
Sentença anulada. (TJ-SP - APL: 00971197920058260100 SP 0097119-
79.2005.8.26.0100, Relator: Edson Luiz de Queiroz, Data de Julgamento:
12/03/2014, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/03/2014)

FALÊNCIA. AÇÃO REVOCATÓRIA. DAÇÃO EM PAGAMENTO REALIZADA


DURANTE O PERÍODO SUSPEITO. INEFICÁCIA EM RELAÇÃO À MASSA.
RETIFICAÇÃO DO TERMO LEGAL DA FALÊNCIA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. 1. Em ação revocatória, não cabe a discussão
acerca do período suspeito fixado no âmbito da falência. Eventual ilegalidade da
retificação do período suspeito deve ser alegada no momento oportuno, tal como
determina o § do art. 22 da revogada Lei de Quebras. Quedando-se inerte o
interessado, no que concerne à decisão que retifica o termo legal da falência, resta
operada a preclusão. 2. A dação em pagamento (pagamento anormal de dívidas
vencidas) realizada dentro do termo, fixado no processo falimentar, deve ser tida por
objetivamente ineficaz em relação à massa falida, nos termos do art. 52, inciso II, da
Lei de Quebras. 3. Recurso especial improvido. (STJ - REsp: 604315 SP
2003/0201640-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
25/05/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/06/2010)
AÇÃO REVOCATÓRIA EM PROCESSO FALIMENTAR - REMISSÃO GENÉRICA
AOS TERMOS DA CONSTESTAÇÃO - AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
ESPECÍFICA - IMPOSSIBILIDADE PARCIAL DE CONHECIMENTO -
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA DETERMINAR A INDISPONIBILIDADE DA
MARCA DURANTE O PROCESSAMENTO DA AÇÃO - FORTES INDÍCIOS DE
OCORRÊNCIA DE FRAUDE, BEM COMO PREJUÍZO À MASSA FALIDA -
ALIENAÇÃO POR VALOR MUITO INFERIOR AO CONSTANTE DE AVALIAÇÃO
REALIZADA POUCOS MESES ANTES - ALIENAÇÃO DO PRINCIPAL ELEMENTO
INTEGRANTE DO ATIVO ÀS VÉSPERAS DA INSOLVÊNCIA DO FALIDO - ART. 53
DA LF - POSSIBILIDADE DE O ATO JURÍDICO OBJETO DA AÇÃO TER SIDO
REALIZADO ANTERIORMENTE AO TERMO LEGAL DA FALÊNCIA -
PRESERVAÇÃO DO VALOR ECONÔMICO DA MASSA FALIDA OBJETIVA -
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO ECONÔMICO AO AGRAVANTE. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E , NA PARTE CONHECIDA, DESPROVIDO - POR
UNANIMIDADE. (TJ-PR - AI: 1441074 PR 0144107-4, Relator: Fernando Vidal de
Oliveira, Data de Julgamento: 17/02/2004, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação:
6574)

PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E EMBARGOS DE TERCEIRO


Na apuração do ativo, são arrecadados e entram para a massa falida todos os bens que
estejam em poder do falido, mesmo que não lhe pertençam, a fim de evitar o
desaparecimento de bens em detrimento dos interesses dos credores.
Os terceiros atingidos não podem ser prejudicados, por isso, podem ajuizar pedido de
restituição e embargos de terceiro.

Pedidos de restituição: representam ações com o objetivo de retirar bens, inclusive


imóveis e dinheiro, da massa falida formada com a decretação da falência.
Procedimento: ajuizado pelo titular do direito de restituição perante o juízo falimentar
(art. 91).
Procedimento especial: Pedido autuado em separado.
Manifestação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador judicial para que, no
prazo sucessivo de cinco dias, se manifestem, valendo como contestação a
manifestação contrária à restituição. Manifestação do MP e produção de provas.
Decisão: Cabe ao juiz decidir pelo deferimento da restituição ou pelo indeferimento.
Recurso: Apelação, recebido apenas o efeito devolutivo (art. 90) – prazo de 15 dias,
contados da publicação da decisão na imprensa oficial.
Recebimento imediato do bem: em 48horas (art. 88).
Com recurso – necessidade de prestar caução.
Restituição em dinheiro: após o pagamento dos créditos trabalhistas vencidos nos 3
meses anteriores à decretação.

Embargos de terceiro: usados contra medidas de apreensão tomadas pelo


administrador judicial, a fim de evitar que elas se concretizem.
Quando não couber pedido de restituição poderá lançar mão dos embargos de terceiro
(art. 93). Procedimento: CPC. Recurso: Apelação.
REALIZAÇÃO DO ATIVO: Alienação da massa falida - em bloco ou em unidades
produtivas.
Modalidades de alienação: Leilão, Propostas e Pregão.
Escolha da modalidade: Art. 142 – não há ordem de preferência. Decisão: do juiz,
ouvido o comitê de credores, o administrador judicial e o MP. Recurso: Agravo de
instrumento.
Modalidades alternativas de alienação:
- credores decidirem em assembleia geral, pela votação de dois terços dos
créditos presentes (art. 46). Homologação do juiz.
- autorização pelo juiz, diante de pedido fundamentado do administrador judicial
ou do comitê de credores (art. 144).
Recurso: Agravo de instrumento

PAGAMENTO E TRANSFERENCIA DOS BENS


Vencedor: aquele que ofertar o maior valor ainda que não atinja o preço da avaliação
(art. 142, § 2º).

LIQUIDAÇÃO SUMÁRIA
Adjudicação e venda direta aos credores: autorizada pelo juiz (art. 111) ouvido o
Comitê de credores.
Venda imediata: aberta ao público – bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à
desvalorização, de conservação arriscada e os de conservação dispendiosa (art. 141).

Impugnações: Possui legitimidade quaisquer credores, devedor ou Ministério Público.


Prazo: 48horas da arrematação. Decisão do juiz.
Recurso: Agravo de instrumento.

PAGAMENTO DO PASSIVO

Na falência de empresário ou sociedade empresária, o pagamento das obrigações do


falido deve ser efetuado, pelo administrador judicial, segundo uma ordem de preferência,
a denominada classe de créditos (ou tipos de créditos) previstas em nossa lei falimentar.
Em outras palavras, isso significa que existe uma escala de preferência na quitação de
dívidas do falido, claramente definida na Lei de Falências (Lei 11.101/2005).

I. Prioritários:
1) Art. 151 - Créditos trabalhistas vencidos até 3 meses antes da decretação da falência
até o limite de 5 salários mínimos. Dignidade da pessoa humana
2) Art. 150 - Despesas em geral com o procedimento falimentar

II. Restituição em dinheiro :


Art. 149 – retirada de dinheiro da massa falida, fora do concurso de credores. A retirada
de dinheiro da massa falida, fora do concurso de credores. Os valores restituídos devem
ser devidamente atualizados, a correção monetária não representa acréscimo, mas
simples recomposição do poder aquisitivo.

III. Extraconcursais (art. 84):


Existem alguns créditos que devem ser pagos antes de se efetuar o pagamento dos
créditos da falência, pois detém preferência sobre os créditos em geral detidos contra o
falido.
Tais créditos são denominados de "créditos extraconcursais", ou seja, não se sujeitam
ao concurso de credores estabelecido conforme a classe (ou tipo) de crédito.
O artigo 84 do diploma legal falimentar classifica os créditos extraconcursais seguinte
ordem hierárquica:
a) remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares
b) quantias fornecidas à massa pelos credores;
c) despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do
seu produto, bem como custas do processo de falência (p.ex: despesas com a
manutenção de bens);
d) custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido
vencida;
e) outras dívidas da massa falida.

Esses créditos devem ser pagos com precedência aos demais, sob o pena de inviabilizar
o processo falimentar. Além disso, o administrador judicial precisa ser remunerado, sob
pena de não se conseguir um profissional qualificado para o exercício de tal ofício.

III. Concursais (art. 83):


O artigo 83 do diploma legal falimentar classifica os créditos na falência em 8 (oito)
classes diversas, assim sendo, a ordem de pagamento dos débitos do falido devem
obedecer a seguinte ordem hierárquica:

a) os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta)


Salários Mínimos por credor, sendo que o restante será considerado como crédito
quirografário;
b) créditos com garantia real: hipoteca, penhor, anticrese, etc. Nesta classe, deverá ser
observado o limite do valor do bem gravado;
c) créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição,
excetuadas as multas tributárias;
d) créditos com privilégio especial, a saber:
i. Os previstos no artigo 964 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil/2002):
 sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais
feitas com a arrecadação e liquidação;
 sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;
 sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis;
 sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras
construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua
edificação, reconstrução, ou melhoramento;
 sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à
cultura, ou à colheita;
 sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou
urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do
anterior;
 sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou
seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no
contrato da edição;
ii.os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária da lei
falimentar;
iii.aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em
garantia;
iv.sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e
precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola,
quanto à dívida dos seus salários;

e) créditos com privilégio geral, a saber:


i. os previstos no artigo 965 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), respeitado a seguinte
ordem:
 o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o
costume do lugar;
 o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da
massa;
 o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor
falecido, se foram moderadas;
 o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre
anterior à sua morte;
 o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família,
no trimestre anterior ao falecimento;
 o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior;
 o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos
seus derradeiros seis meses de vida;
 os demais créditos de privilégio geral;
ii.os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores
de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de
recuperação judicial, os quais terão privilégio geral de recebimento em caso de
decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o
período da recuperação (Artigo 67, §único da Lei de falências);
iii.os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária a Lei
de falências;

f) créditos quirografários, ou seja, créditos comuns que não possuem privilégios e


garantias, a saber:
g) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, inclusive as multas tributárias;
h) créditos subordinados, ou seja, créditos de sócios e administradores sem vínculo
empregatício com a empresa.

ENCERRAMENTO DO PROCESSO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Fim do processo falimentar: promovida a realização do ativo e a distribuição do que foi


apurado entre os credores, nada mais justifica a continuação do processo falimentar.
Prestação de contas: Art. 154 – após o último pagamento realizado, o administrador
judicial terá prazo de 30 dias para apresentar sua última prestação de contas que será
autuada em apartado. Desobediência: prestar no prazo de 5 dias, após a intimação, sob
pena do crime de desobediência.

Impugnação das contas: Legitimidade: qualquer interessado no feito – falido, sócios,


credores ou comitê de credores. Prazo: 10 dias. Diligências necessárias à apuração dos
fatos (art. 154, § 3º). Ministério Público: manifestação em 5 dias. Administrador Judicial:
manifestação, prazo fixado pelo juiz. Decisão pelo juiz: Rejeição das contas – art. 154, §
5º - definir responsabilidades – recurso apelação. Aprovação das contas – recurso de
apelação – ambos os efeitos.

Relatório final: Apresentado pelo administrador judicial, após aprovadas as contas, no


prazo de 10 dias, contados do trânsito em julgado da prestação de contas.
Descrição geral de toda a fase falimentar do processo e da situação em que ainda se
encontra o falido após o andamento do processo.

Sentença de encerramento – art. 155: Após trânsito em julgado dessa sentença a


condição de falido desaparece. Prazo prescricional e a ações suspensas voltam a correr.

Extinção das obrigações:


 Pagamento de todos os créditos;
 Pagamento de mais de 50% dos credores quirografários habilitados;
 Decurso de prazo de 5 anos após o trânsito em julgado da sentença do
encerramento da falência, ou de 10 anos se o falido houver sido condenado por
crime falimentar.

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