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“Da organização do espaço” – Recensão Crítica

Autor: Arquiteto Fernando Távora

Neste ensaio, Távora aborda vários assuntos ao longo dos capítulos como:

A importância do arquiteto como organizador do espaço;

O espaço como algo contínuo, no espaço e no tempo;

A ideia da participação horizontal e vertical dos Homens, na organização do seu


espaço;

O espaço é condicionado e condicionante;

O papel do arquiteto na sociedade.

No primeiro capitulo o foco encontra-se na definição de espaço e forma estando


estes conceitos intimamente ligados, Távora explica, e bem, que não existe
espaço vazio mas que este é constituído por matéria e não apenas pelas formas
que nela habitam, “as formas organizam o espaço”, “aquilo a que chamamos
espaço é também forma”, “o espaço que separa e liga as formas é também
forma”. Também neste capítulo o conceito organizar tem muita importância.
Quando o Homem organiza o espaço pressupõe-se que haja pensamento
inteligente e coerente de maneira a torná-lo harmonioso, consciente e
hierarquizado. Sabemos, no entanto, que muitas vezes isso não acontece e esta
organização de espaço torna-se uma ocupação, algo muito diferente onde a
sensibilidade e equilíbrio são postos de parte, Távora declara aqui uma critica
aos arquitetos e urbanistas e começa também a exposição da sua indignação
(que se irá estender por todo o livro) à maneira como a ocupação do espaço tem
sido feita e o nível a que esta chegou tanto nacional como internacionalmente.
Entendo esta exposição de Távora como uma vontade de despertar os arquitetos
e todos os organizadores do espaço (que na verdade somos todos nós) e uma
tentativa de informar a maneira correta desta organização ser feita.

Concordo que, de facto, a falta de preocupação com a organização das cidades


criou espaços destoados da sua envolvente e da natureza onde estão inseridos,
desconfortáveis, descontinuados.

O espaço é continuo e é necessário organizar de forma cuidada, não olhando só


para o mapa, mas para a sociedade dentro desse mesmo mapa. Organizar uma
cidade corretamente só é possível conhecendo-a de forma intimista, percorrendo
as suas ruas, vivendo-a.
De facto, na arquitetura, a obra nasce, torna-se útil, interage, torna-se inútil e
chega mesmo a morrer, e, como diz Távoa, quando uma obra é construída, não
tem carácter eterno, todos os arquitetos têm que ter consciência que as obras
ao longo do tempo tornam-se híbridas, há todo um conjunto de acontecimentos
e o seu caracter inicial é perdido.

Para haver uma coerência e harmonia espaciais, há que ter em conta o pré-
existente, as formas naturais e humanas, o pensamento científico, religioso,
económico, a sensibilidade, a política e a filosofia do espaço.

Concordo que todo o arquiteto deve, antes de projetar, conhecer bem a


envolvente tanto artificial quanto natural do lugar a ocupar e conhecer as
vivencias do quotidiano que nele existem, “o espaço é dos maiores dons com
que a natureza dotou os homens por isso eles têm o dever de o organizar com
harmonia (…) a delapidação do espaço é das maiores ofensas que o Homem
pode fazer tanto a natureza quanto a si próprio”

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