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Pesquisa Sobre Concurso de Pessoas
Pesquisa Sobre Concurso de Pessoas
CURSO DE DIREITO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
4. AUTORIA ............................................................................................................. 7
6. COAUTORIA ...................................................................................................... 10
2.1 PLURALÍSTICA
Segundo essa teoria, a cada participante corresponde uma conduta própria, um
elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de
agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem
os participantes do fato delituoso.
Contudo, essa ideia era insustentável, já que, em regra, as condutas praticadas em
concurso de agentes dirigem-se à realização de um mesmo crime, mantendo-se a
unidade de imputação para todos aqueles que nele participam.
Imagine-se, por exemplo, a prática do crime de roubo quando quatro pessoas entram
em acordo para subtrair o dinheiro existente na caixa forte de uma agência bancária,
mediante o emprego de grave ameaça contra o diretor da sucursal. Nesse caso, não
estamos diante de quatro crimes de roubo, ou do “cri me de concurso”, mas, sim, de
um único crime que para a sua execução contou com a intervenção de quatro agentes.
O crime que se pune é o do tipo especificamente violado, e não uma suposta figura
particular para cada um dos participantes. O resultado produzido também é um só.
2.2 DUALÍSTICA
Para essa teoria há dois crimes: um para os autores, aqueles que realizam a atividade
principal, e outro para os partícipes, aqueles que desenvolvem uma atividade
secundária. Assim, os autores realizam a conduta principal, durante a fase executória,
constitutiva do tipo de autoria (ou de coautoria), enquanto os partícipes integram-se
ao plano criminoso, colaborando na fase preparatória ou mesmo na fase executória
contribuindo com conduta secundária, de menor importância, e realizam o tipo de
participação.
Contudo, apesar dessa concepção dupla, não estamos diante da prática de dois
crimes distintos, pelo contrário, o crime continua sendo um só, e, muitas vezes, a ação
daquele que realiza a atividade típica (o executor) é tão importante quanto a do
partícipe que atua no planejamento da ação executória que é levada a cabo pelos
demais. Mas a teoria consagra dois planos de condutas, um principal, a dos autores
ou coautores, e um secundário, a dos partícipes.
2.3 MONÍSTICA OU UNITÁRIA
Para essa teoria o fenômeno da codelinquência deve ser valorado como constitutivo
de um único crime, para o qual converge todo aquele que voluntariamente adere à
prática da mesma infração penal. No concurso de pessoas todos os intervenientes do
fato respondem, em regra, pelo mesmo crime, existindo, portanto, unidade do título
de imputação.
A essa teoria existem duas possibilidades: a) considerar todos os intervenientes no
mesmo crime como autores de uma obra comum, sem fazer qualquer distinção de
qualidade entre as condutas praticadas, ou b) considerar o crime praticado como o
resultado da atuação de sujeitos principais (autor, coautor e autor mediato), e de
sujeitos acessórios ou secundários (partícipes), que realizam condutas
qualitativamente distintas. O primeiro modelo é conhecido como sistema unitário de
autor, e o segundo, como sistema diferenciador.
O legislador penal brasileiro adotou a teoria monística, determinando que todos os
participantes de uma infração penal incidem nas sanções de um único e mesmo crime,
e, quanto à valoração das condutas daqueles que nele participam, adotou um sistema
diferenciador distinguindo a atuação de autores e partícipes, permitindo uma
adequada dosagem de pena de acordo com a efetiva participação e eficácia causal
da conduta de cada participante, na medida da culpabilidade, perfeitamente
individualizada
4. AUTORIA
A relação do sujeito ativo com a conduta descrita pelo legislador no tipo penal, como
regras gerais que abrangem todas as modalidades da codelinqüência, pode ocorrer
sob as formas de autoria ou de participação. No tocante a autoria, é pacífico o
entendimento de que ela não se restringe a quem prática pessoal e diretamente o
fato devendo, pois, incluir, também, aquele que serve de outrem como instrumento
para realizar a figura típica como no caso da autoria mediata.
Assim, autoria pode ser individual se o autor pessoalmente realiza todas as etapas
do fato típico; pode ser mediata se o autor a pratica utilizando-se de outra pessoa
como instrumento; pode ser coletiva ou em forma de coautoria se vários autores
conjuntamente realizam todas as características do fato típico; pode ocorrer, ainda
que excepcionalmente em forma de autoria colateral, quando vários autores, sem
que um saiba dos outros, realiza a mesma figura típica.
É possível, ainda, que mais de uma pessoa, de forma voluntária e consciente, sem
praticar os atos descritos na figura típica, coopere para a sua realização, quer
induzindo, quer instigando ou auxiliando o seu autor ou autores.
5. AUTORIA MEDIATA
Como já se disse, autor não é apenas o que realiza diretamente a ação típica descrita
na lei, mas quem consegue a execução através de pessoa que atua sem
culpabilidade.
Originariamente a autoria mediata surgiu com a finalidade de preencher as lacunas
que ocorriam com o emprego da teoria da acessoriedade extrema da participação;
depois, mesmo com a consagração da teoria da acessoriedade limitada, ainda assim,
a autoria mediata não perdeu a importância, mantendo-se a sua prioridade diante da
participação em sentido estrito.
Como a principal característica da autoria mediata é a utilização de terceiros como
instrumento que realiza a ação típica em posição de subordinação ao controle do autor
mediato, pode se afirmar que não há autoria mediata nos casos: (a) em que o terceiro
utilizado não é instrumento e sim autor plenamente responsável, (b) nos crimes de
mão de própria, (c) nos crimes especiais próprios que exigem autores com
qualificação especial e, por fim, (d) nos crimes culposos em razão de não existir a
vontade construtora do acontecimento.
Por outro lado, pode-se afirmar que as principais hipóteses de autoria mediata
decorrem: (a) de erro, (b) de coação irresistível, (c) do emprego de pessoas
inimputáveis e, (d) nos casos do emprego de terceiro que age justificadamente sob o
amparado de um excludente de criminalidade provocada deliberadamente pelo autor
mediato.
6. COAUTORIA
7.1.1 Instigação
Instigar é agir sobre a vontade do autor, acoroçoando, estimulando potencializando
ou reforçando a ideia já existente. Pode ocorrer também quando o partícipe induz o
autor tomando a iniciativa intelectual suscitando nele uma ideia até então inexistente.
Constitui, portanto, incutir na mente do autor principal o propósito criminoso quando a
ideia de praticar o crime não existe.
Essa forma de instigação é também conhecida como determinação porque o partícipe
provoca a decisão do fato mediante a influência psicológica que exerce sobre o autor.
Deve a instigação, todavia, ser dirigida a determinado crime, ficando excluída, pois,
da participação, a incitação genérica a prática de infrações penais que, se realizada
publicamente, poderá configurar a apologia ao crime, mas nunca a participação.
Como o conteúdo da instigação parece-nos traduzir em ação, posto que se materializa
na influência que o partícipe exerce sobre o psiquismo do autor com vistas a realizar
o fato definido como crime, é forçoso concluir pela exclusão da possibilidade de haver
instigação por omissão.
7.1.2 Cumplicidade
Cúmplice é aquele que presta auxilio material ao crime exteriorizando a conduta
através de um comportamento ativo, que pode se efetivar, por exemplo, através do
empréstimo da arma para a prática do crime, do empréstimo de um veículo para
facilitar a fuga do autor ou autores etc.
Necessário se faz consignar, que a cumplicidade pode perfeitamente se dá através
da omissão, nos casos em que o partícipe tem o dever genérico de agir como no caso
do criado que deixa a porta do armazém aberta propositadamente para facilita a ação
do autor do furto.
Para que seja configurada a participação, é necessário, como já foi dito alhures, que
haja por parte do partícipe, a consciência de que está participando na ação dolosa de
outrem e que a sua contribuição tenha efetivamente eficácia causal. Trata-se do nexo
material e nexo psicológico.
9. AUTORIA COLATERAL
Há a autoria colateral quando duas ou mais pessoas, agindo sem qualquer vínculo
subjetivo, portanto, sem que uma saiba da outra, praticam condutas convergentes
objetivando a prática da mesma infração penal.
Alguns a identificam como coautoria lateral ou imprópria. Ocorre, por exemplo, quando
duas pessoas, pretendendo matar a mesma vítima, postam-se de emboscada,
ignorando cada uma a intenção da outra e atiram na vítima ao mesmo tempo vindo a
vítima a falecer. Nesse caso não há concurso de pessoas, mas sim autoria colateral.
A autoria colateral nada mais é do que o agir conjuntamente de várias pessoas, sem
reciprocidade consensual, num mesmo empreendimento criminoso. Tem como
elemento caracterizador a ausência de vínculo subjetivo entre os intervenientes.
Entretanto, não é a adesão a resolução criminosa que não existe, mas sim o dolo dos
participantes individualmente considerado que estabelece os limites da
responsabilidade jurídico penal dos autores.
Nesse aspecto a diferença prática que existe entre a coautoria e a autoria colateral é
marcante. Se duas pessoas se colocam de tocaia, sem que um saiba da existência
da outra, e ambas, ao mesmo tempo, disparam matando a vítima, cada um responderá
individualmente pelo crime cometido. Já se existisse o vínculo subjetivo, responderiam
como coautores do crime de homicídio qualificado.
A diferença se apresenta no fato de que, havendo a coautoria, se torna indiferente
saber quem foi o autor do disparo letal, vez que os dois responderão pelo crime
consumado. Já havendo a autoria colateral é indispensável saber quem foi o autor do
disparo fatal porque só ele responderá pelo crime consumando, o outro responderá
pelo crime tentado.
Por outro lado, se no mesmo exemplo não for possível precisar quem foi o autor do
disparo que matou a vítima, estar-se-á diante de um caso de autoria incerta, que não
se confunde com autoria desconhecida, porque nesta não se sabe quem praticou a
ação enquanto que, naquela, sabe-se quem praticou a ação, mas, não se sabe quem
produziu o resultado, levando os dois, em face do princípio “in dúbio pro reo” a
condenação pelo crime tentado.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal 1 - parte geral. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788553610037>. Acesso em: 29 de
novembro de 2019.
JESUS, Damásio de. Direito Penal, parte geral. 33 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v.1.