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INTRODUÇÃO

O artigo 127 da Constituição Federal de 1988 estabelece que o Ministério


Público é instituição essencial à função jurisdicional do Estado e defensora da
ordem jurídica e do regime democrático, e no artigo 24 do Código de Processo
Penal atribui a esta instituição a função de parte nas ações penais públicas
incondicionadas; dai surge na doutrina uma importante e fervorosa discussão
acerca do real papel do Ministério Público no Processo Penal.

A partir do momento que se tem uma parte responsável pela acusação, mas
que ao mesmo tempo é também responsável pela fiscalização da correta
aplicação da lei penal, que pode, por exemplo, pedir a absolvição do réu,
verifica-se uma aparente contradição entre as normas jurídicas.

O Ministério Público se intitula parte imparcial no Processo Penal, mas, diante


dessa nomenclatura, parcela da doutrina, e membros da comunidade jurídica
criticam o termo utilizado afirmando tal compreensão não ser possível, além de
ensejar quebra da isonomia das partes no processo, uma vez que o Ministério
Público, sob esse enfoque, funcionaria como órgão superior na ótica do juiz.

O Ordenamento Jurídico e a jurisprudência pátria apresentam vários casos em


que o membro do Ministério Público atua não só como parte acusatória; pelo
contrário, diante da ordem constitucional vigente, o mesmo possui alguns
instrumentos capazes de viabilizar um exercício profissional que aponta para
um objetivo maior.

A título de exemplo, pode-se citar a possibilidade de o membro ministerial pedir


a absolvição do acusado nos termos do artigo 385 do Código de Processo
Penal, ou impetrar Habeas Corpus em favor do réu conforme o artigo 654 do
mesmo diploma legal, ou ainda recorrer em benefício do réu.
9

Logo, surge a necessidade de estabelecer a real função jurídica do Ministério


Público no Processo Penal, é possível no Ordenamento Jurídico pátrio
considerar o Ministério Público como parte imparcial no processo penal?

Para que se possa chegar a uma conclusão sobre o problema apresentado, o


presente trabalho foi dividido em 3 (três) capítulos.

No primeiro capítulo, foi abordado o papel e as funções do Ministério Público


na Constituição de 1988, bem como os princípios norteadores de sua atuação,
quais sejam o princípio da Unidade, da Indivisibilidade e da Independência
Funcional, para que se possa compreender melhor a instituição do Ministério
Público.

O segundo capítulo, por sua vez, foi empregado para explicar o Sistema Penal
Acusatório, suas características, e as diferenças com o Sistema Penal
Inquisitivo. Abordou-se ainda os princípios que regem a atuação do Ministério
Público no contexto do Sistema Penal Acusatório, sendo eles: o Princípio da
Legalidade e da Impessoalidade. Ainda no segundo capítulo foi necessário
explicar o papel das partes no sistema penal acusatório em especial o
Ministério Público como parte no Processo penal.

No terceiro e último capítulo, buscou-se compreender acerca do papel do


Ministério Público como parte imparcial no Processo penal e como funcionaria
a atuação do Parquet nesse caso. Ao longo do capítulo, foi necessário
estabelecer quais as críticas parte da doutrina vem apontando, e quais os
argumentos favoráveis ao tema.

Entre os autores que serviram de base teórica para a elaboração do presente


trabalho, pode-se citar entre outros: Hugo Nigro Mazzilli, Eugênio Pacelli de
Oliveira,Guilherme de Souza Nucci, Fernando Capez,Nestor Távora e Rosmar
Rodrigues Alencar, Pedro Lenza, Ada Pellegrine Grinover, Aury Lopes Jr.,
Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró, Rubens Casara.Os três últimos autores
foram escolhidos tendo em vista serem grandes críticos da tese que entende
que o Ministério Público é parte imparcial no Processo Penal, sendo, portanto,
10

de fundamental importância expor todas as críticas elencadas pela doutrina a


fim de verificar a possibilidade ou não de validade da presente tese. Em
contrapartida, Hugo Nigro Mazzili, Eugênio Pacelli de Oliveira e Guilherme de
Souza Nucci foram utilizados por serem alguns dos autores que defendem a
possibilidade do Ministério Público atuar como parte imparcial no processo
penal, e assim, fazendo um contraponto com a doutrina contrária, pode-se
construir uma conclusão acerca do problema central do trabalho.

A elaboração desta pesquisa se deu através da análise principalmente da


doutrina, artigos e da análise da Constituição Federal de 1988 bem como do
Código de Processo Penal.

Para que isso fosse possível, foi utilizado o método dialético, no qual se
apresenta uma tese (no caso, a possibilidade do Ministério Publico atuar como
parte imparcial), estabelece seus pontos positivos e negativos, para determinar
o alcance de tal teoria, e por fim, estabelecer uma conclusão a partir da
pesquisa realizada.

A partir da análise sob enfoque constitucional do Ministério Público e seus


princípios norteadores é possível traçar o nível de atuação dessa instituição no
ordenamento jurídico brasileiro, em especial no âmbito do Processo Penal.

A contribuição desta pesquisa é no sentido de verificara possibilidade do


Ministério Público, no contexto da Constituição de 1988, atuar como parte
imparcial no Processo Penal.
11

1 O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

A Constituição de 1988 deu um papel de destaque ao Ministério Público.


Diferente das demais constituições brasileiras, a de 1988 desvinculou essa
instituição de vez dos demais Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário)1

A Constituição não apenas desvinculou o Ministério Público, mas agregou a ele


pela primeira vez um destaque e importância jamais dado a esse órgão. Nas
palavras de Hugo Nigro Mazzilli2: “A Constituição de 1988 foi um marco
fundamental na história do Ministério Público brasileiro, ao assegurar-lhe relevo
que jamais texto constitucional algum nem de longe tinha conferido à
instituição, mesmo no Direito comparado.”

O Ministério Público toma forma de instituição independente e, como prediz o


artigo 127, caput, da Constituição Federal, trata-se de “instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.”

O Ministério Público na Constituição de 1988 recebeu uma


conformação inédita e poderes alargados. Ganhou o desenho de
instituição voltada à defesa dos interesses mais elevados da
convivência social e política, não apenas perante o Judiciário, mas
também na ordem administrativa. 3

Pela primeira vez, a Lei Maior disciplinou de forma harmônica e


orgânica o Ministério Público nacional e suas principais atribuições,
conferindo-lhe garantias de Poder de Estado. A independência e as
autonomias da instituição deixaram de ser buscadas como meras
vantagens corporativas, para serem alçadas, antes, a condições

1 “O texto de 1988 consagrou a evolução do Ministério Público, separando-o dos Poderes e o


alocando no capítulo que trata das funções essenciais à Justiça (seção I do Capítulo IV do
Título IV)” LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18 Ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2014, p. 927
2MAZZILLI, Hugo Nigro. Princípios institucionais do Ministério Público brasileiro (*).

Disponível em <http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/princinst.pdf>. Acesso em: 07 jun.


2015. p. 03
3MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito
constitucional. 7ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 1079
12

práticas para o livre exercício de suas funções no Estado democrático


de Direito.4

Diante dessa nova atribuição constitucional temos que sua função ultrapassa a
imagem que muitos ainda possuem do Promotor de Justiça como “acusador”
no Processo Penal. No mesmo sentido Marcelo Barazal5 afirma que

É preciso abstrair-se, afastando os preconceitos, pois a função do


Promotor de Justiça não é simplesmente de acusador ou carrasco
como muitos querem nos fazer crer mais sim na mais pura acepção
da palavra sua função é de Promover a Justiça inclusive atuando em
favor dos acusados.

No mesmo sentido, ao tratar dos recursos no Processo Penal, Ada Pellegrine


Grinover6 reconhece que

Há quem diga que o MP não pode recorrer em favor do acusado, se a


matéria é de prova e o que se discute é a justiça ou injustiça da
decisão no plano fático. Não compartilhamos dessa opinião, pois a
justiça da decisão também é questão de ordem pública, tendo o MP,
nos termos do art. 127, caput, CF e do art. 257 CPP, interesse na
defesa da ordem jurídica, que compreende não só a legalidade, mas
também a justiça das decisões judiciárias.

Ou seja, o Ministério Público no contexto da Constituição de 1988 é uma


instituição essencial para todo o sistema democrático brasileiro, que visa muito
mais do que a correta aplicação da lei, mas a proteção da ordem pública,
incluído nesse sentido a justiça das decisões.

Nas palavras de Paulo Gustavo Gonet Branco7 a Instituição “foi arquitetada


para atuar desinteressadamente no arrimo dos valores mais encarecidos da
ordem constitucional.”

4MAZZILLI, op. cit., p. 11, nota 2.


5
BARAZAL, Marcelo. O novo perfil constitucional do ministério público e suas
investigações. 2014. Disponível em
<http://marcelobarazal2.jusbrasil.com.br/artigos/121943451/o-novo-perfil-constitucional-do-
ministerio-publico-e-suas-investigacoes>. Acesso em: 05 jun. 2015.
6 GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio
Scarance. Recursos no processo penal. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 75.
7MENDES,op.cit., p.11, nota 3.
13

Temos, portanto, que a Constituição vigente abre uma nova forma de atuação
ao Ministério Público, desvinculada, autônoma, independente, com o poder/
dever de operar segundo os mandamentos constitucionais.

1.1 Princípios Constitucionais que norteiam a atuação do


Ministério Público

Para entender melhor a sistemática definida na Constituição para o Ministério


Público, é necessário compreender os princípios constitucionais que regem sua
atuação. “É a partir dos princípios institucionais do Ministério Público que os
dispositivos a ele pertinentes no Código de Processo Penal devem ser lidos”.8

São eles: o Princípio da Unidade, da Indivisibilidade e da independência


funcional.

1.1.1 Princípio da Unidade

Pelo princípio da Unidade temos que a Instituição do Ministério Público é uma


só, ou seja, “que os promotores, os procuradores, integram um só órgão, sob a
direção de um só chefe.” 9

Verifica-se tal princípio a partir da leitura do artigo 128 da Constituição Federal


que considera o Ministério Público como uma única instituição a qual é
composta pelo Ministério Público da União10 e pelo Ministério Público dos
Estados.

8TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 9. ed.
rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 672
9MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito
constitucional. 7ª edição.São Paulo: Saraiva, 2012. p. 1079
10 Que compreende o Ministério Público Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e

Territórios nos termos do artigo 128, I da Constituição Federal.


14

Como aduz TÁVORA e ALENCAR11, o princípio da Unidade é a “característica


segunda a qual os seus membros fazem parte de uma só instituição, a qual
tem como chefe o Procurador Geral da República (Ministério Público da União)
ou o Procurador Geral de Justiça (Ministérios Públicos dos Estados)”.

1.1.2 Princípio da Indivisibilidade

Pela Indivisibilidade entende-se que os membros do Ministério Público –


Promotores ou Procuradores podem ser substituídos uns pelos outros “desde
que da mesma carreira, segundo as prescrições legais”.12

Os membros do Parquet atuam em nome do Ministério Público, sendo assim,


uma vez ocupando o cargo de promotor/procurador, membro da instituição,
qualquer um poderá atuar nos processos.

No mesmo sentido, Fernando Capez13 expõe que, quanto ao princípio da


Indivisibilidade o mesmo “permite aos promotores e procuradores se fazerem
substituir no curso do processo, haja vista que o membro funciona no processo
não em nome próprio, mas no da instituição”.

1.1.3 Princípio da Independência Funcional

Depreende-se do princípio da Independência Funcional que o membro do


Ministério Público atua de forma independente, ou seja, ele não esta obrigado a

11
TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 9. ed.
rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 674
12MENDES, op. cit, p. 13, nota 9.
13CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. – 21 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,

2014. p.182
15

cumprir ordens no que tange à sua atuação nos processos, ou até mesmo de
seguir alguma orientação ou posicionamento específico.14

Nesse sentido, Paulo Gustavo Gonet Branco15 leciona que “o princípio da


Independência Funcional torna cada membro do Parquet vinculado apenas à
sua consciência jurídica, quando se trata de assunto relacionado com a sua
atividade funcional.”

Diante da atuação do Parquet, o posicionamento adotado deve ser respeitado,


e, portanto um Promotor/Procurador não esta vinculado a posição do outro. Um
exemplo disso é exposto nas palavras de Fernando Capez16: “caso um
representante do Ministério Público venha a substituir outro em determinado
processo não estará, jamais, vinculado ao entendimento desse colega,
podendo dele discordar amplamente.”17

Ante o exposto, os princípios supracitados baseiam a atuação do Ministério


Público e o permite realizar suas funções constitucionais estabelecidas, como
acentua Paccelli18

Para o exercício de tais funções, o constituinte não poderia agir de


outra maneira: instituiu um organismo construído sob os princípios da
independência funcional, da unidade e da indivisibilidade, reservando
aos seus membros, para o adequado desenvolvimento de suas
tarefas, importantes prerrogativas junto aos Poderes Públicos e
mesmo aos particulares.

14 Hugo Nigro Mazzilli destaca a necessidade de diferenciar independência funcional de


autonomia funcional: “Para compreender corretamente o princípio da independência funcional,
cumpre, primeiramente, distingui-lo da autonomia funcional. A autonomia funcional é da
instituição do Ministério Público, ou seja, consiste na liberdade que tem de exercer seu ofício
em face de outros órgãos do Estado, subordinando-se apenas à Constituição e às leis; já a
independência funcional é atributo dos órgãos e agentes do Ministério Público, ou seja, é a
liberdade que cada um destes tem de exercer suas funções em face de outros órgãos ou
agentes da mesma instituição, subordinando-se por igual à Constituição e às leis” MAZZILLI,
Hugo Nigro. Princípios institucionais do Ministério Público brasileiro (*). Disponível em
<http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/princinst.pdf>.Acesso em: 07 jun. 2015. p. 13;
15MENDES, op. cit, p. 13, nota 9;
16CAPEZ, op. cit., p. 14, nota 13;
17Outro exemplo é dado por Paulo Gustavo Gonet Branco “A independência também permite

que o membro do parquet que oficia perante tribunal de segunda instância possa recorrer de
decisão neste proferida, mesmo que o acórdão coincida com o que haja preconizado o
integrante do Ministério Público com atuação em primeiro grau de jurisdição”MENDES, op. cit,
p. 13, nota 9;
18 DE OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 18. ed. atual. São Paulo: Atlas,

2015. p. 459/460;
16

A partir desses princípios, torna-se possível uma atuação independente do


órgão ministerial, capaz de seguir os preceitos instituídos no caput do artigo
127 da Constituição Federal de 1988, e assim promover a defesa da ordem
democrática e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
17

2 O SISTEMA PENAL ACUSATÓRIO

Da mesma forma que é importante entender os princípios que regem a atuação


do Ministério Público na ordem constitucional vigente, também se faz
necessário entender o sistema penal acusatório que conduz a relação entre os
sujeitos no processo penal. Assim, será possível verificar qual o real papel que
o Promotor de Justiça exerce.

Em uma evolução ao anterior sistema inquisitivo 19, o sistema acusatório surge


principalmente para afastar a função exercida simultaneamente pelo juiz de
acusar e julgar no Processo Penal e consiste, portanto, segundo Senna e Bedê
Jr.20 em um sistema com as seguintes características

a) clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; b) a iniciativa


probatória deve ser das partes; c) mantém-se o juiz como um terceiro
imparcial, alheio ao labor de investigação e passivo no que se refere
à coleta da prova, tanto de imputação quanto de descargo; d)
tratamento igualitário das partes (igualdade de oportunidades no
processo); e) procedimento é uma regra oral (ou
predominantemente); f) plena publicidade de todo o procedimento (ou
de sua maior parte); g) contraditório e possibilidade de resistência
(defesa); h) ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a
sentença pelo livre convencimento motivado do órgão jurisdicional; i)
instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social) da
coisa julgada; j) possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau
de jurisdição.

Dessa forma, o Ministério Público surge como instituição apta a viabilizar o


sistema acusatório, uma vez que cabe ao mesmo atuar como parte no

19“O Princípio inquisitivo é caracterizado pela inexistência de contraditório e de ampla defesa,


com concentração das funções de acusar, defender e julgar em uma figura única (juiz). O
procedimento é escrito e sigiloso, com o início da persecução, produção da prova e prolação
de decisão pelo magistrado. Esse sistema, como observa Aury Lopes Jr.(2007, p.68), ‘foi
desacreditado – principalmente por incidir em um erro psicológico: crer que uma mesma
pessoa possa exercer funções tão antagônicas como investigar, acusar, defender e julgar’.”
TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 9. ed.
rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 46
20
BEDÊ JÚNIOR, Américo. SENNA, Gustavo, apud LOPES JR.,2004, p.154.Princípios do
Processo Penal: entre o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009, p. 30.
18

processo penal. Sobre a importância do Ministério Público nesse contexto


Casara21 aduz que

diante da existência de um outro órgão estatal, submetido aos


princípios da legalidade e da impessoalidade, com as mesmas
prerrogativas da magistratura, que deve agir na defesa dos interesses
da sociedade e, ao mesmo tempo, buscar a realização da justiça no
caso concreto, a agência judicial pode permanecer inerte, ou seja,
não caminhar na direção de qualquer das teses apresentadas em
juízo.

A partir de então, verificamos alguns princípios que regem a atuação do


Parquet no contexto do Sistema Acusatório e merecem ser abordados. Quais
sejam os princípios da legalidade e da impessoalidade.

O princípio da legalidade na atuação do Ministério Público vem no sentido de


que o membro ministerial deve atuar em consonância com a lei, todas as suas
manifestações devem ser baseadas em normas legais aptas a justificar sua
atuação ou não em determinado processo.

Nesse contexto Mazzilli exemplifica um aspecto do princípio da legalidade ao


afirmar que “obrigatória é a propositura da ação penal pelo Ministério Público,
tão-só ele tenha notícia do crime e não existam obstáculos que o impeçam de
atuar”.22

É necessário destacar, o principio da legalidade não pugna pela perseguição


de uma condenação a qualquer custo. Apesar do Parquet, tendo indícios de
autoria e materialidade ter o dever de propor a ação penal, o mesmo tem o
dever, agindo pelo principio da legalidade de pugnar pela absolvição, ou

21
CASARA, Rubens R. R.. A imparcialidade do Ministério Público no Processo Penal
Brasileiro: um mito a ser desvelado. In BONATO, Gilson (Org.) Processo penal,
constituição e crítica: estudos em homenagem ao Prof. Dr. Jacinto Nelson de Miranda
Coutinho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p.751.
22
MAZZILLI, Hugo Nigro. O princípio da obrigatoriedade e o Ministério Público. São
Paulo:Complexo Jurídico Damásio de Jesus, 2007. Disponível em: www.damasio.com.br.
Acesso em: 04 jun. 2015.
19

recorrer em favor do réu por exemplo. No mesmo sentido MAZZILLI 23 afirma


que

se o Ministério Público identifica a existência da lesão em caso no


qual a lei exija sua atuação, ele não pode alegar conveniência em
não propor a ação ou não prosseguir na promoção da causa, o que
lhe é um dever, salvo quando a própria lei lhe permita, às expressas,
esse juízo de conveniência e oportunidade. Entretanto, se ao
investigar supostos fatos que poderiam servir de base para uma ação
pública, o Ministério Público se convence de que esses fatos não
ocorreram, ou que o investigado não é responsável por eles, ou que
esses fatos ocorreram, mas não são ilícitos — em todos esses casos,
o Ministério Público poderá deixar de agir, sem violar dever funcional
algum. (grifo nosso)

Vale realçar que o princípio da legalidade não restringe de forma absoluta o


Parquet em sua atuação como parte imparcial. Como veremos ao longo do
presente trabalho, o Promotor de Justiça ao pedir, por exemplo, a absolvição
do acusado age em consonância ao princípio da legalidade, mas tal atitude não
se justifica apenas por tal princípio uma vez que a lei não estabelece de forma
taxativa quais os casos em que o Ministério Público atua como “parte
imparcial”, logo não esta expresso na legislação vigente quando e em quais
casos específicos o Ministério Público pedirá a absolvição.

Já o Princípio da Impessoalidade atende a ideia que o membro do Ministério


Público não atua em favor de interesses pessoais, mas com interesse de
atender ao interesse público. Nas palavras de Santin24

Segundo aponta a professora Odete Medauac (1993, p. 88-89) os


princípios da impessoalidade, moralidade e publicidade apresentam-
se intrincados de maneira profunda, em instrumentalização recíproca.
A Impessoalidade configura-se meio para atuações dentro da
moralidade (...) Impede-se o atendimento a objetivos pessoais

23
MAZZILLI, Hugo Nigro. O princípio da obrigatoriedade e o Ministério Público. São
Paulo:Complexo Jurídico Damásio de Jesus, 2007. Disponível em: www.damasio.com.br.
Acesso em: 04 jun. 2015.
24
SANTIN, Valter Foleto. Impessoalidade e imparcialidade do Ministério Público na Ação
Penal. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.revistajustitia.com.br/revistas/21awy2.pdf>.
Acesso em: 04 jun. 2015
20

(antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, “trocos”,


nepotismo e favorecimentos diversos). No seu trabalho processual, o
membro do Ministério Público deve pleitear a produção de provas
favoráveis e desfavoráveis ao acusado, dentro do cumprimento da
finalidade institucional de defender a ordem jurídica, o regime
democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis.

Como veremos em breve, esses princípios são essências para compreender a


necessidade e a possibilidade da atuação do Promotor de Justiça como parte
imparcial no Processo Penal.

Para entender melhor a dinâmica do sistema penal acusatório é importante


saber quais são os sujeitos que integram essa relação25, são eles: O juiz, a
acusação e o acusado.

A fim de possibilitar o sistema acusatório o juiz é amparado por uma série de


garantias e características que possibilitam um exercício compromissado
exclusivamente com um resultado justo e imparcial.

O artigo 95 da Carta Constitucional elenca algumas das garantias que permite


a imparcialidade sendo elas: a vitaliciedade, a inamovibilidade, e a
irredutibilidade de subsídios.

Fora as garantias constitucionais, o Código de Processo Penal, nos artigos 252


a 25626, prevê as causas de suspeição e impedimento, as quais têm como

25Conforme aduz TAVORA e ALENCAR “É possível classificar os sujeitos processuais em duas


categorias: 1) principais ou essenciais: aqueles cuja existência é fundamental para a
construção da relação jurídica processual regularmente instaurada – são o juiz, o acusador e o
acusado 2) e secundários, acessórios ou colaterais: sujeitos que poderão intervir a título
eventual com o objetivo de deduzir uma determinada pretensão, a exemplo do assistente de
acusação e do 3º interessado.” TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de
direito processual penal. 9. ed. rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 669. No presente
trabalho vamos nos ater aos sujeitos principais.

26 Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado
seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar
da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou
servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-
se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente,
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
diretamente interessado no feito. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não
21

objetivo garantir que o julgador não tenha qualquer interesse no processo, seja
por questões de ordem objetiva ou de ordem subjetiva, corroborando a
necessidade do mesmo ser imparcial ao julgar o réu.

Cabe ao juiz, representando o Estado conduzir os procedimentos até a


sentença ser proferida.

Já o acusado, “é a parte passiva da ação penal condenatória, ou no dizer de


Rômulo de Andrade Moreira, ‘é o sujeito passivo da relação processual
figurando como parte no processo penal (...)’.”27

Ao sujeito passivo do processo penal é garantido o direito à ampla defesa,


incluindo todas as garantias constitucionais a respeito: “1) o direito ao silêncio,
2) direito ao seu defensor, respeitando-se a possibilidade de entrevista
reservada, para orientação técnica, antes do interrogatório, 3) direito de não
produzir prova contra si mesmo, 4) individualização da pena”28

Por fim, dentre os sujeitos essenciais no sistema acusatório temos o Acusador,


que nas ações penais públicas é exercido pelo Ministério Público na figura do
Promotor de Justiça.

O Ministério Público atua como parte no Processo Penal, conforme se verifica


no artigo 129, I da Constituição Federal, que estabelece que: “São funções

o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo
capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das
partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor,
tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo. Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de
parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa,
salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes,
não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for
parte no processo. Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida,
quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.

27TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 9. ed.
rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 678
28 Ibid, p 679
22

institucionais do Ministério Público (entre outras): I- promover, privativamente, a


ação penal pública, na forma da lei”.

Alguns autores dizem que o Ministério Público seria parte material no Processo
Penal, entretanto isso não condiz com a realidade uma vez que “o direito de
punir que promove não é dele, mas do Estado soberano. O Ministério Público
não tem um interesse particular antes ou fora e durante o processo”.29

Portanto, entende-se que o Ministério Público é parte formal no Processo


Penal, sendo “um dos sujeitos da relação processual, tendo ônus e faculdades
processuais; tem direitos públicos subjetivos de disposição do conteúdo formal
do processo (arrolar ou não provas, desistir ou não de testemunhas, recorrer
ou não da sentença etc.)”30. Nesse sentido Capez afirma que:

Impossível é negar ao Ministério Público a natureza de parte no


processo penal, eis que exerce atividade postulatória, probatória e
qualquer outra destinada a fazer valer a pretensão estatal em juízo.
Todavia, há que se reconhecer que o mesmo não é uma parte
qualquer, porquanto age animado não por interesses privados, mas
por interesses públicos, coincidentes com os escopos da atividade
jurisdicional (atuação do direito material, pacificação social e
asseguramento da autoridade do ordenamento jurídico).31

O Ministério Público, como sujeito ativo no processo penal, vem a fim de


garantir o funcionamento do sistema acusatório, ou seja, garantir a distância
necessária do juiz no curso da ação penal.

Porém, ao se analisar o conceito dado ao Ministério Público pela Constituição


Federal de 1988, verifica-se que o mesmo não se apresenta apenas como
parte. Pelo contrário, também atua no processo penal como Custos Iuris32

29MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime jurídico do Ministério Público. 6ª ed. São Paulo: Saraiva,
2007.p.544
30
Ibid. p.544/545
31CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. – 21ª Ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,

2014. p.181.
32 Em uma interpretação de acordo com as funções do Ministério Público na Constituição de

1988, o mesmo “deixou de ser o simples guardião da lei ( custos legis)(...) e assume o papel de
guardião do próprio direito (custos iuris)”, no entendimento de Gregório Assagra de Almeida “A
existência de um ‘custos iuris’ com possibilidade de empreender a defesa jurídico-prática da
democracia e de um ‘custos sociatis’ destinado a defender os direitos fundamentais da
sociedade, representa não apenas uma conquista efetivamente democrática da sociedade
23

(fiscal da correta aplicação do direito), como forma de exercer suas demais


funções constitucionais.

Dessa forma, tem-se que o Ministério Público possui natureza jurídica dúplice
no contexto do Sistema Penal Acusatório atual: de parte no Processo Penal e
de custos iuris.

Tais considerações constituem a base que sustenta a ideia que o Ministério


Público atua como parte imparcial no Processo Penal, além de ilustrar algumas
características da atuação ministerial no Processo Penal, como parte no
sistema acusatório, que não necessariamente pugna pela condenação, mas
que age em consonância com a legalidade e de forma impessoal, onde o
Parquet atua em nome da instituição do Ministério Público não se subordinando
a nenhum outro Poder.

brasileira, mas também uma autêntica possibilidade de ruptura com o positivismo do direito
liberal que desde o século passado sustentou, ‘nos termos da lei’, as bases oligárquicas do
poder social, econômico e político do país”. ALMEIDA, Gregório Assagra. O ministério
público no neoconstitucionalismo: perfil constitucional e alguns fatores de ampliação de
sua legitimação social. In: FARIAS, Cristiano Chaves de; ALVES, Leonardo Barreto Moreira;
ROSENVALD, Nelson (Org.). Temas atuais do Ministério Público: a atuação do Parquet nos 20
anos da Constituição Federal. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 29.
24

3 O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO PARTE IMPARCIAL NO


PROCESSO PENAL

Como visto anteriormente, o Ministério Público é parte no processo penal,


entretanto, em razão de sua função constitucional, é possível afirmar que o
mesmo atua como uma parte imparcial.

Mesmo quando exerce a posição de autor da demanda criminal, tem


sido o Ministério Público rotulado como “parte imparcial”, visto que
não fica adstrito ao pleito condenatório. Destarte, ajuizando a ação
penal, caso venha a convencer-se da inocência do réu ou,
simplesmente, não se convença de sua responsabilidade criminal
pelo fato imputado, poderá requerer ao magistrado a sua absolvição,
conforme, aliás, facultado expressamente no art. 385 do CPP, ao
prever que ‘nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir
sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado
pela absolvição...’. Não é por outro motivo que se reconhece
legitimidade ao promotor de justiça para impetrar habeas corpus,
ajuizar mandados de segurança e, até mesmo, recorrer em favor do
acusado quando entender ser o caso.33

Para estabelecer as bases que sustentam a ideia de um Ministério Público


imparcial, deve-se ter em mente que não se defende aqui a contradição entre
conceitos de uma parte (aquela que possui direitos e deveres na relação
processual) não ser uma parte, ou seja, ser imparcial.

Nas lições de Hugo Nigro Mazzili entende-se que

A expressão “o Ministério Público é parte imparcial”, posto muito


utilizada, só pode, pois, ser compreendida se tomarmos “parte” e
“imparcial” em sentidos diferentes. Assim, consideremos a palavra
“parte” em seu conceito técnico processual: ao me perguntar se o
Ministério Público é titular de ônus e faculdades na relação
processual, minha resposta obrigatoriamente será a de que ele é
parte, sem dúvida alguma. (...) Assim, se é parte, não pode ser
imparcial (no sentido de não-parte), tomadas estas expressões no
mesmo sentido processual.34

Sendo assim, no sentido técnico-processual da palavra, o Ministério Público


não poderia ser uma parte e ao mesmo tempo não a ser (sendo imparcial).

33AVENA, Norberto, Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Ed. Método, 2014 p. 132
34
MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público é parte imparcial? (*). Disponível em
<http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpimparcial.pdf>.Acesso em: 07 jun. 2015. p. 04
25

Porém, ao entender que o Ministério Público é imparcial, conferindo a palavra


“imparcial” apenas um sentido moral35, então será possível adotar essa
Instituição como parte imparcial no Processo Penal. “Desta forma, ainda que
moralmente o Ministério Público não possa ter, nem tenha interesse em
condenar um inocente, assim mesmo ele continua sendo parte na relação
processual.”36

Alegar que o Ministério Público é uma parte imparcial no processo penal é uma
posição que encontra forte resistência na doutrina atual, um exemplo disso
pode-se destacar a posição de Aury Lopes Jr. ao citar Goldschmidt:

“o problema de exigir imparcialidade de uma parte acusadora significa


cair no mesmo erro psicológico que fez desatar o processo inquisitivo,
qual seja, o de crer que uma mesma pessoa possa exercer duas
funções tão antagônicas como acusar e defender. Não há que
confundir imparcialidade com estrita observância da legalidade e da
objetividade”3738

O erro psicológico ao qual o autor se refere se encontra no fato de no Processo


Inquisitivo, como citado anteriormente, a função de acusar e julgar se
concentrava nas mãos do juiz, o que de fato não verificava a imparcialidade
necessária a um juiz para um julgamento justo.

Contudo, tal argumento não deve prosperar, uma vez que a imparcialidade da
parte acusadora é possível nos termos da atual Constituição. A atuação do
Ministério Público ultrapassa a simples observância da legalidade e da
objetividade, como já abordado anteriormente, uma vez que a lei apesar de
direcionar a atuação do Parquet, e permitir sua “atuação imparcial” (como no

35
MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público é parte imparcial? (*). Disponível em
<http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpimparcial.pdf>.Acesso em: 07 jun. 2015. p. 04
36
Ibid. p. 04
37 LOPES JR., Aury. Direito processual Penal e sua conformidade constitucional. 5ª ed.

Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 69


38
No mesmo sentido Gabriel Escorcio Sabino afirma que tal argumento peca ao confundir
imparcialidade com estrita observância da legalidade e da objetividade. O Ministério Público é
defensor da ordem jurídica, zelando pela aplicação escorreita da mesma. Sendo assim, tal qual
a atividade de qualquer ente público, esta deve ser, antes de tudo, fulcrada na legalidade e no
respeito às leis , SABINO, Gabriel Escorcio. Ministério Público e (im)parcialidade. Da
necessidade de uma visão imparcial da questão. Teresina:JusNavigandi, 2009. Disponível
em: <http://jus.com.br/artigos/14011>. Acesso em: 9 jun. 2015.
26

caso da possibilidade de pedir a absolvição do acusado), não fala


especificamente em quais casos isso será possível.

Considerar o Ministério Público como parte imparcial não deve ser confundido
apenas com o cumprimento do princípio da legalidade, uma vez que tal
imparcialidade decorre de uma ordem subjetiva superior elencada pela própria
Constituição Federal.

São muitos os argumentos utilizados pela doutrina crítica ao afirmar que seria
uma incongruência defender uma parte como sendo imparcial, como por
exemplo, a violação ao princípio da igualdade entre as partes, uma vez que tal
posicionamento induziria o Magistrado a atribuir maior credibilidade a tudo
alegado pelo Parquet. Nesse sentido afirma Casara

na medida em que acreditam em uma ‘parte imparcial’, os


magistrados passam a se identificar com o Ministério Público (o
Estado contra o crime e o criminoso) e reservam ao acusado (o
outro/a outra parte) um natural distanciamento. Ao acreditar na
imparcialidade do Ministério Público, desaparece a equidistância do
Magistrado em relação às partes e, em consequência, a própria
imparcialidade da Agência Judicial.39

Além disso, diz-se ainda que afirmar que o Ministério Público é “parte imparcial”
seria algo que vai de encontro à ideia do sistema penal acusatório visto
anteriormente, pois um órgão criado para acusar (no lugar do juiz no sistema
inquisitivo) não conseguiria atuar de forma imparcial.

Se o Ministério Público surge para, num salto qualitativo, tornar o


órgão julgador equidistante dos interesses em questão no caso penal,
isto é, nasce para garantir a imparcialidade da Agência Judicial, como
pretender que esse órgão, com a atribuição constitucional de acusar,
também seja imparcial?40

Para BADARÓ41

39
CASARA, Rubens R. R.. A imparcialidade do Ministério Público no Processo Penal
Brasileiro: um mito a ser desvelado. In BONATO, Gilson (Org.) Processo penal,
constituição e crítica: estudos em homenagem ao Prof. Dr. Jacinto Nelson de Miranda
Coutinho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 745-746
40 Ibid. p. 753
41BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da Prova no Processo Penal. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2003.p. 215


27

A concepção do Ministério Público como parte imparcial é


incompatível com o Processo Penal Acusatório. O modelo acusatório
exige um processo no qual haja dualidade de partes, em igualdade de
condições, mas com interesses distintos. Definindo o sistema, os
sujeitos que neles atuam devem ter a sua função determinada
coerentemente com os ditames do modelo processual escolhido.
Num processo penal verdadeiramente acusatório, é necessário rever
a posição do Ministério Público como parte imparcial.

Mais uma vez, a problemática envolvendo o Ministério Público como parte


imparcial recai no fato da impossibilidade de uma atuação imparcial no sistema
acusatório penal. O citado autor justifica ainda que

o contraditório, possibilitando o funcionamento de uma estrutura


dialética (...) representa um mecanismo eficiente para a busca da
verdade. (...) As opiniões contrapostas dos litigantes ampliam os
limites do conhecimento do juiz sobre os fatos relevantes para a
decisão e diminuem a possibilidade de erros 42”

Logo, a crítica ao Parquet como parte imparcial entende que

conceber o Ministério Público como parte imparcial significa


inviabilizar a dialética de partes, ou ao menos tornar a contraposição
entre tese e antítese algo artificial ou meramente formal. No Processo
Acusatório (...) o Ministério Publico deve ser uma parte verdadeira,
isto é, uma parte parcial.43

Diante das críticas apresentadas faz-se necessário estabelecer a diferença


entre imparcialidade e neutralidade, para assim compreender porque tais
posicionamentos não devem prevalecer diante da atual ordem constitucional.

A neutralidade como aduz Pamplona44

Pressupõe, do ponto de vista científico, o não envolvimento do


cientista com o objeto de sua ciência, o que é, em nosso entender,
algo de uma impossibilidade palpitante. Isto porque, em qualquer
atividade do conhecimento humano, haverá sempre, no mínimo, uma
escolha, nem que seja no que diz respeito ao próprio objeto de
pesquisa. Desta forma, quem exige e impõe uma neutralidade, ao
contrário do que se pensa, não está de forma alguma sendo neutro,

42Ibid.
p. 216/217
43Ibid
p. 217/218
44 PAMPLONA FILHO, Rodolfo. O mito da neutralidade do juiz como elemento de seu

papel social. Teresina:JusNavigandi, 2001. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/2052>.


Acesso em: 09 jun. 2015. p.01.
28

pois aquele que propugna pela neutralidade acaba tomando uma


posição (ainda que seja por esta busca da neutralidade).

A neutralidade constitui, portanto, algo inatingível, não se pode exigir que uma
pessoa se abstenha de considerar suas perspectivas pessoais, de vida ou
ambiente ao analisar qualquer assunto, é algo inerente da condição humana
como demonstrado acima.

Diferentemente da neutralidade, a Imparcialidade é conceituada no sentido de


impedir que o juiz julgue beneficiando uma das partes, utiliza-se dado por De
Oliveira, que tem a regra da Imparcialidade como

“um dos pilares do princípio do juiz natural [...].A regra da


imparcialidade ocupa-se diretamente com as circunstâncias, de fato e
de direito, e com as condições pessoais do próprio julgador, que,
segundo o juízo prévio do legislador, poderiam afetar a qualidade de
determinada, concreta e específica decisão”. 45

Pode-se notar que o conceito dado à imparcialidade refere-se exclusivamente a


atuação do magistrado no Processo, ou seja, refere-se ao fato do mesmo se
manter equidistante das partes a fim de proporcionar um julgamento justo para
as mesmas.

Entretanto, é possível, por analogia a ideia de imparcialidade dada ao juiz no


Processo brasileiro, conceituar a imparcialidade na atuação do membro do
Ministério Público uma vez que as mesmas hipóteses que verificam caso de
suspeição ou impedimento aplicadas aos magistrados também são utilizadas
ao membro do Ministério Público, como prediz o artigo 258 do Código de
Processo Penal.

Art. 258: Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos


processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for
aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos
dos juízes.

45
DE OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 13º ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2010. p. 458
29

Partindo desse pressuposto, Nucci afirma ainda que

Lembrando que cabe exceção de impedimento ou suspeição contra


membro do Ministério Público, o que não é possível no tocante à
defesa, esta, sim, pela sua própria natureza,parte parcial. Exige-se,
portanto, uma acusação imparcial, ainda que, processualmente,
possa o representante do Ministério Público atuar em nome dos
interesses da sociedade.46

Logo, tem-se que quanto à imparcialidade do Ministério Público a mesma


implica dizer que o Parquet deve atuar sem interesse no processo penal, a sua
atuação não deve pautar pela condenação a qualquer custo, mas à legalidade
e ao interesse público e social conforme os ditames constitucionais.

Dessa forma, conclui-se que neutralidade e imparcialidade não se confundem,


ou seja, de fato não é possível que um promotor de justiça atue de forma
neutra, porém, faz-se plenamente possível que o mesmo atue de forma
imparcial, logo, diante de um caso concreto em que, pelo devido processo
penal, todas as provas indicam ter sido o acusado praticado o crime, o
promotor deve pugnar pela condenação, mas isso não significa dizer que o
mesmo não estará agindo de forma imparcial, pelo contrário, além de imparcial
o mesmo atua nos limites impostos pela legalidade e pelos objetivos
constitucionais estabelecidos para sua atuação

É interessante sublinhar que a ideia de neutralidade do ser humano


está no plano ideal. É utópica a ideia até mesmo de um juiz neutro,
ou como alvitra Ovídio Araújo Baptista da Silva, a ‘neutralidade
judicial’ é mitológica, já que conseguiu seu objetivo de obtenção da
crença da quase totalidade dos juristas. O que se quer efetivamente é
que os órgãos públicos que atuam no processo ajam com
honestidade: imparcialidade seria lida como honestidade, como uma
vedação de sustentação de teses desprovidas de plausabilidade. Não
é possível, pois, abstrair os valores que cada membro do Ministério
Público ou do Judiciário traz consigo como fruto de sua formação de
vida.47

A imparcialidade é verificada ao longo do processo penal, na atuação do


membro ministerial, no sentido de não possui qualquer interesse no caso

46
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11ª ed. rev.
atual. e amp. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. p.495
47TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 9. ed.

rev. e atual. Salvador: Juspodivm, 2014. p. 672


30

concreto, mas agir de acordo com a lei processual penal e os ditames


constitucionais, sendo para pedir a condenação ou absolvição do réu.

Outra questão a ser abordada é o fato que “o Ministério Público não é órgão de
acusação, mas órgão legitimado para a acusação nas ações penais
públicas.”48A diferença entre os dois é, conforme elucida Paccelli49

não é por ser o titular da ação penal pública, nem por estar a ela
obrigado, que o Parquet deve necessariamente oferecer a
denúncia, nem, estando já oferecida, pugnar pela condenação do
réu, em quaisquer circunstâncias. Enquanto órgão do Estado e
integrante do Poder público, ele tem como relevante missão
constitucional a defesa não dos interesses acusatórios, mas da
ordem jurídica, o que o coloca em posição de absoluta
imparcialidade diante da e na jurisdição penal

É necessário deixar claro que o Ministério Público atuar como parte imparcial
não fere o sistema acusatório, e muito menos prejudica o acusado beneficiando
a acusação, pelo contrário, a Constituição Federal “optou por enfatizar o
princípio da ampla defesa e não o da ampla acusação. De outro modo: o
processo penal se realiza pela ampla defesa, não havendo previsão
equivalente para a efetivação dos interesses acusatórios.”50

No mesmo sentido, a tese doutrinária que entende que o Ministério Público


como parte imparcial violaria o princípio da igualdade entre as partes, apesar
de muito utilizado, não deve prosperar. Quanto a tal argumento Nucci lembra
que

Ainda que em muitas situações haja a utilização desse discurso no


processo, especialmente no Tribunal do Júri, quando as partes se
dirigem a juízes leigos, não é irrazoável destacar que, pelas regras
processuais penais, o Ministério Público pode, na realidade, pedir não
somente a absolvição do réu como outros benefícios que julgue
cabíveis, o que, efetivamente, a defesa não pode, em sentido
contrário, propor.51

48DE OLIVEIRA, Eugênio Pacelli Curso de Processo Penal. 18. ed. atual. São Paulo: Atlas,
2015 p. 460
49Ibid., p.460
50Ibid., p.460
51
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11ª ed. rev.
atual. e amp. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. p.494.
31

Essa distinção comportamental entre a defesa e Ministério Público é que


justifica o fato de uma parte ser parcial e a outra – no caso, o Ministério Público
– imparcial.

Considerar o Ministério Público como parte imparcial no processo penal não


implica dizer que o mesmo terá no caso concreto uma influência maior sob o
juiz, e que quando pedir pela condenação do acusado seria porque de fato o
mesmo é culpado.

A atuação do Juiz, no sistema acusatório é regida pelo princípio do livre


convencimento motivado, ao qual “o juiz forma seu convencimento de maneira
livre, embora deva apresentá-lo de modo fundamentado ao tomar decisões no
processo.”52

Dessa forma, o juiz é livre para verificar ao final do processo penal, as provas
produzidas tanto pela defesa quanto pelo Ministério Público, e que caso o
parquet pugne pela condenação o mesmo não é obrigado a condená-lo. Não
cabe à doutrina, ao criticar o papel de parte imparcial, supor que em algum
momento o juiz vai ser ou não de fato influenciado pelo promotor de justiça que
venha a pedir a condenação, mas de analisar a possibilidade ou não de ter o
Ministério Público como parte imparcial.

Outra questão é o fato de atualmente a sociedade cobrar do Promotor de


Justiça uma atuação que persegue apenas a condenação, não compreendendo
o efetivo papel do Ministério Público no contexto da Constituição de 1988, o
que implica na produção em massa de Promotores “formados” para combater
os crimes a qualquer custo. Com sorte essa postura não é generalizada.

Nesse sentido vale a crítica de Paccelli ao afirmar que

Não se pode também querer afirmar a posição essencialmente


acusatória do Ministério Público pelo só fato de se encontrar, no dia a
dia dos processos judiciários, atuações pautadas nessa perspectiva.

52NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11ª ed. rev.
atual. e amp. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. p. 60/61
32

É dizer: não é porque a coisa é assim que deve continuar a sê-lo.


Uma coisa é o que é; outra, o que deve ser: O espaço do Direito é o
da segunda afirmação (o dever ser) 53

Infelizmente, como explicitado acima, grande parte da sociedade atual de fato


entende que o Promotor de Justiça deve buscar sempre pela condenação.
Entretanto, verificar a possibilidade do Parquet atuar como parte imparcial não
deve se basear apenas nas atitudes de uma parcela dos membros do
Ministério Público, que assumem o papel de carrasco e pautam seu exercício
cegamente em busca de uma condenação, mas sim naqueles que agem em
conformidade com os ditames constitucionais, visando à defesa ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

No que tange a forma de atuação do Parquet, é necessário ter em mente como


ela deverá ser pautada na prática. Quanto a esse aspecto Paccelli entende que

o atuar imparcial do Ministério Público está relacionado com a inteira


liberdade que se lhe reconhece na apreciação dos fatos e do direito a
eles aplicável. O Ministério Público é livre e deve ser livre na
formação de seu convencimento, sem que esteja vinculado a
qualquer valoração ou consideração prévia sobre as consequências
que juridicamente possam ser atribuídas aos fatos tidos por
delituosos (...) ao Estado (e aqui, ao Ministério Público) deve
interessar, na mesma medida, tanto a condenação do culpado quanto
a absolvição do inocente54

A partir dessas reflexões, apesar das críticas elencadas por parte da doutrina,
e conforme a análise constitucional das características e funções da Instituição
do Ministério Público nos ditames do artigo 127, tem-se como possível a
atuação do Ministério Público como parte imparcial no Processo Penal.

53DE OLIVEIRA, Eugênio Pacelli Curso de Processo Penal. 18. ed. atual. São Paulo: Atlas,
2015 p. 460/461
54DE OLIVEIRA, op. cit., p. 661, nota 51
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como tema central verificar a possibilidade do


Ministério Público atuar como parte imparcial no Processo Penal. Reconhecer o
Parquet como parte imparcial é atender todos os objetivos elencados pela
Constituição de 1988 a essa instituição.

Entretanto, tal conclusão não é obtida tão pacificamente, uma vez que parte da
doutrina brasileira não aceita a (aparente) contradição de haver uma “parte
imparcial”, além de elencar uma série de empecilhos para que isso possa
ocorrer.

A fim de interpretar o tema em questão, inicialmente, foi necessário estabelecer


o contexto constitucional que se insere o Ministério Público atualmente. Uma
vez que o art.127 determina que o Ministério Público como instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, e incumbida da defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, temos que seu papel no processo penal ultrapassa o de simples
acusador.

Para chegar a esse ponto, compreender os princípios da unidade, da


indivisibilidade e da independência funcional mostrou-se essencial para
demonstrar essa nova forma de atuação do Promotor de Justiça, e estabelecer
que a figura do Ministério Público, como carrasco que busca a condenação a
qualquer custo não deve prevalecer.

Uma vez determinado uma visão geral acerca da Instituição do Ministério


Público, em seguida pôde-se verificar o papel do Ministério Público no contexto
do Sistema Penal Acusatório, modelo que, como foi visto, rege a relação
processual penal no Brasil.
34

A partir do momento que estabelecemos todas as características desse


sistema Acusatório, e todos os sujeitos que fazem parte dessa relação
processual, conclui-se que o Ministério Público é parte no Processo Penal, e
que a atuação do Parquet deve ser regida pelos princípios da legalidade e da
impessoalidade.

Então, uma vez estabelecido que o Ministério Público é parte no Processo


Penal, seria ele uma parte imparcial?

Apesar das críticas doutrinarias acerca da contradição do termo “parte


imparcial”, ou que o mesmo poderia causar uma quebra de igualdade na
relação processual, ou ir de encontro ao sistema Penal Acusatório, temos que
a partir do momento que se estabelece os conceitos de neutralidade e
imparcialidade, bem como uma análise das ações que o membro do Ministério
Público pode tomar quando verifica que o acusado deve ser absolvido, tem-se
plenamente cabível adotar como imparcial sua atuação no contexto atual do
Ministério Público.

Vale ressaltar ainda que adotar o Ministério Público como parte imparcial no
processo penal é um trabalho que encontra muita resistência na atual
sociedade, o que acaba sendo um empecilho encontrado até mesmo dentro da
Instituição, com Promotores de Justiça que ignoram sua função constitucional e
assumem um papel de acusador nato. Essa postura deve ser modificada o
quanto antes, a fim de tornar possível um desempenho em consonância com
os preceitos constitucionais a serem defendidos pelo Ministério Público.

Diante do exposto, tem-se como possível, pela Constituição Federal de 1988 e


seus princípios vigentes, que o Ministério Público atue como parte imparcial no
Processo Penal.
35

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neoconstitucionalismo: perfil constitucional e alguns fatores de
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