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ANO I • N.º 19 • 26 Novembro 2010

Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA

com a Justiça
à perna
Tribunal obriga Neves a pagar 180 mil contos de indemnizações

Julgou-se acima da lei e ignorou as notificações de um Tribunal da Praia para o pagamento de indemnizações a quatro cidadãos
luso-cabo-verdianos espoliados das suas terras. Agora, José Maria Neves tem a justiça à perna e fica obrigado a depositar 180 mil
contos na conta do Tribunal da Comarca da Praia. E já não tem recurso. São azares de um político que se considera isento de
obrigações: perante o fisco, perante os tribunais, perante os cidadãos, perante a Constituição e perante a própria consciência. Pág. 8

Sem perdão Na rota dos dias Isto vimos Grande Reportagem Que S. Lourenço lhe valha

Crime
em S. Domingos
Uma jovem foi violada, assassinada
e queimada. S. Domingos ficou em
estado de choque: nunca se vira
tamanha violência e sadismo. O pre-
sumível assassino, ex-fuzileiro ago-
ra atrás das grades, já fora antes pre-
so por violação de menor, mas o seu
processo levou sumiço e ele foi pos-
to em liberdade… para violar outra
vez e matar. Pág. 5
UniCV:
calote doutorado
Por falta de pagamento, a Electra
pôs a UniCV às escuras. Bronca!
Estava a chegar o Primeiro Mi-
nistro de S. Tomé e a tal imagem
do paraíso à Neves ameaçava
ficar escurecida. Teve que se
puxar por “cordelinhos” para que
Trovoada fosse recebido com
bonança.
Pág. 3
Stª Catarina
é uma festa
Celebrando a Santa que dá nome ao
Município, a cidade do planalto ca-
prichou em mostrar progresso com
um vasto programa de inaugura-
ções: o excelente Gimnodesportivo
de Nhagar, a reabertura do Cine
Clube (agora de cara lavada), ha-
bitações sociais – demonstrações de
uma política virada para servir o
povo. Pág. 13
Má Sorte:
vidas cruzadas no dia a
dia de duas famílias
Já entrou em casa de duas famílias
cabo-verdianas: numa, respira-se al-
gum desafogo, vida remediada, clas-
se média/baixa – apesar das dificul-
dades, a dignidade habita ali; noutra,
moram a miséria e o desespero, a fal-
ta de condições. Vidas reais que de-
correm à margem da política do be-
tão e das “grandes obras” de onde os
cidadãos foram exilados. Centrais
Baessa
em apuros
Na Câmara de S.
Lourenço, por in-
dicação do seu
presidente, Victor
Baessa, resolveram
ser generosos para
com um deputado mu-
nicipal do PAICV, autorizan-
do empréstimo camarário de 1.400 contos.
Se tem sido prática que “entre camaradas
tudo é permitido”, desta vez a coisa pode
dar para o torto: é que nem Estado, nem au-
tarquias podem conceder empréstimos a
funcionários e muito menos a agentes polí-
ticos. Se a lei, que tão maltratada tem sido
no “império tambarina”, for cumprida,
Baessa bai, bai – perde o mandato. Pág. 9
2 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
Cartão vermelho
a José Maria Neves
Primeiro, afirmou que o valor do
défice das contas públicas
apresentado pelo líder parlamentar
do MpD, -15,1% do PIB, era
inventado, e que o valor real era
muito mais baixo. Como se sabe, as
contas públicas apresentam um
défice, quando há um desequilíbrio
entre as receitas e as despesas de
Estado, e as despesas do Estado são
maiores do que as receitas.
O indicador mais utilizado para
avaliar da gravidade do
desequilíbrio das contas públicas é
a relação entre o défice e o PIB.
Por exemplo, os países europeus da
zona euro estabelecem o limite de -
3%, e Cabo Verde também tem esse
limite, conforme o Acordo de
Cooperação Cambial com a UE.
Um défice de -15,1% do PIB como
o que está previsto para este ano em
Cabo Verde é qualquer coisa de
astronómico e extremamente grave.
Em números absolutos, significa
que o Estado vai gastar em 2010,
mais 21 milhões de contos do que
as receitas que consegue cobrar,
incluindo os donativos.
E se excluirmos os donativos
internacionais, o excesso de
despesas em relação às receitas do
Estado é de 29 milhões de contos,
soma essa que corresponde à
totalidade das receitas fiscais
estimadas para este ano!
Não estranha, por isso, que o
Estado tenha que se endividar da
forma louca como tem feito, para
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
poder pagar esta autêntica orgia de
gastos a que JMN se dedicou em
vésperas das eleições. E não
estranha que JMN tente a todo o
custo esconder esses dados e venha
a público negá-los. Só que há um
pequeno problema. Enquanto JMN
nega que o défice seja de -15,1% do
PIB, os dados do Ministério das
Finanças e do Banco Central
contam outra história e
desmentem-no, mais uma vez.
Quem quiser confirmar só tem que
consultar a página oficial do
Ministério das Finanças e procurar
“contas do Estado 2010, primeiro
semestre”. Encontrará na tabela
“Operações financeiras do Estado”,
no ponto nº 3- Saldo Global, o valor
de -20,603 milhões de contos e -
15,4% do PIB, como afirma o
MpD. Se o leitor quiser
reconfirmar, consulte a página
oficial do BCV, procure o último
“relatório da política monetária” e
na página 16 encontrará a “Figura
13- Evolução do Saldo
Orçamental”. Encontrará o famoso
défice de -15,1% (O BCV considera
um défice ligeiramente inferior). Ou
seja, JMN procura conscientemente
enganar as pessoas sobre a extrema
gravidade da situação das finanças
do Estado. Muito grave para um
primeiro-ministro faltar
conscientemente à verdade e agir
como se os seus concidadãos
fossem estúpidos e não soubesse
sequer ler ou fazer simples
operações aritméticas.
Segundo, e prosseguindo o mesmo
padrão de comportamento, JMN
manda publicitar em outdoors
20 000 exemplares!
espalhados por todos os países as já
famosas 18 mil bolsas que o
Governo dele, JMN, teria ofertado
aos jovens cabo-verdianos. Para ser
desmentido por uma publicação
oficial e por declarações públicas de
responsáveis do seu próprio
Ministério da Educação, o qual
contabiliza o total de 4.048,
menos 13.952 bolsas do que a dita
propaganda nos outdoors. Ou
seja, e mais uma vez, JMN tenta
ludibriar os cidadãos mentindo de
forma clara e directa sobre um tema
a que a opinião pública é muito
sensível. De novo toma os cidadãos
por pessoas mentalmente ineptas e
facilmente manipuláveis.
Terceiro, JMN decide ofertar a uma
pessoa amiga, mais de 10 mil
dólares, cerca de 800 contos, para
pagamento de propinas numa
universidade americana. Assim, sem
mais, manda entregar dinheiro do
Estado, que não lhe pertence, que
não sai do seu bolso. Com que
critério? Porque razão deve
conceder essa benesse de 800
contos, quando o valor médio das
novas bolsas que diz ter concedido
em 2009 não chega a 2 contos
mensais (sim: dois contos)? Com
que direito utiliza dessa forma os
dinheiros do Estado, que são, afinal,
os impostos que todos nós pagamos
ao Estado. Com que direito, com
que critério, JMN, um primeiro-
-ministro que deve mais de mil
contos ao Estado e não paga, manda
entregar 800 contos a uma pessoa
amiga?
António Costa Santos
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio da Silva Ferreira,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
Ao menos,
tenham vergonha
C
om justeza, já lhe chamaram o “partido da burla”. Em
plena campanha, repleta de demagogias e falsidades, o
partido de José Maria Neves tudo faz para, em esforço
atirar poeira aos olhos dos cabo-verdianos, validar a acusação
que lhe é feita. Tome-se como exemplo (escandaloso) a recente
vaga de outdoors implantados pelo Governo/PAICV, pagos pelo
erário público, e disseminados pelos recantos de Cabo Verde.
Foi o outdoor das bolsas de estudo cujos números fantasiosos
são desmentidos pelo próprio Ministério da Educação e chegam
ao desconchavo de, a terem fundamento de verdade (que não
têm), permitirem a cada bolseiro apenas beber um café por
mês… e mais nada.
Mas os marqueteiros de José Maria Neves, apanhados nesta
falsidade, não tomaram emenda. Nem o próprio Neves se
envergonha (já se sabe que vergonha não tem, que isso implica
ética, o que ele desconhece). Colocam agora nas ruas um novo
outdoor não menos espantoso e que serve para gargalhada:
arroga-se o Governo/PAICV de, em contraponto com o MpD,
ter equipado Cabo Verde com QUATRO aeroportos
internacionais. E, de facto, são quatro os aeroportos
internacionais atualmente existentes no arquipélago: Sal, Praia,
S. Vicente e Boavista. Só que…
O aeroporto do Sal (Aeroporto internacional Amílcar Cabral) foi
inaugurado em 1939 (ainda José Maria Neves não era nascido),
recebendo então o nome de Campo di Fortuna. Para informação
deste Governo, aqui explicamos que foi obra dos fascistas
italianos (de Benito Mussolini), para permitir escala das suas
aeronaves na rota para a América Latina, sendo o projeto de um
português, Raul Chaves. Por recomendação da 1ª Conferência
Regional do Atlântico Sul da IATA, realizada em 1947, no Rio
de Janeiro, o Governo colonial português decidiu tomar à ALA
LITORIA, as instalações do Campo di Fortuna, adaptá-las,
ampliá-las e acrescentar-lhe novas infra-estruturas necessárias.
Por razões mais que óbvias, este aeroporto internacional, que
servia as ligações ao Brasil e à África sob domínio português,
não recebeu em 1948 o nome de Amílcar Cabral, que só viria a
ter por força do decreto 9/75 (pós-independência), quando
também ganhou novas beneficiações para poder acolher os voos
da South African Airways que, devido à política de apartheid,
estavam interditos de escalar outros aeroportos africanos.
Quanto ao aeroporto internacional da Praia: será necessário
refrescar a esquentada cabeça de José Maria Neves, recordando-
lhe que o seu Governo apenas concluiu e inaugurou uma obra
iniciada pelo Governo MpD?
Já não se exige a José Maria Neves que conheça História e
conheça o seu próprio País. Reclama-se que, por respeito à
inteligência dos cabo-verdianos, minta com mais cuidado. Ao
menos isso.

Telefone: (00238) 2623817
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na rota dos dias
Advogado acusa governo de trotzkismo
Geraldo Almeida
não abandona processo
“Anedótico” é o adjetivo encontrado pelo Jurista Geraldo Almeida para caraterizar o artigo
do “A Semana”, dado à estampa na semana passada, segundo o qual ele teria abandonado
os seus clientes no caso da expropriação dos terrenos da Boa Vista
A
o nosso jornal, Geraldo
Almeida disse ter recebido a
notícia com estupefação, mas
acredita ser montagem para desacre-
ditá-lo como advogado. “Não estou
nesta luta por causa dos terrenos, mas
sim por causa dos valores. Com ou
seu clientes, não vou desistir”, es-
clarece, assegurando que pode haver
gente cobarde que não aguente a pres-
são psicológica do governo, mas ele,
Geraldo Almeida, nunca deixaria o
processo morrer a contento do gover-
no ou de outras grupos de interesse.
O advogado dos expropriados dos ter-
renos da Boa Vista confessa ter passa-
do três meses no Arquivo Histórico à
procura de dados credíveis para
defender os seus clientes, e não é nesta
Sem energia, sem água, sem telefone…
UniCV com estatuto de caloteiro
A situação do ensino no Campus da Universidade de Cabo Verde é caótica. Não é a primeira vez que a UniCV se defronta com o problema de corte de
energia, água e telefone
O
último caso aconteceu na
passada segunda-feira, quan-
do, por volta das 9 horas, a
Electra decidiu proceder a um corte
de energia a essa instituição de ensino
superior. O caso ganhou maior pro-
porção quando a reitoria descobriu
que estava programada a visita do
Primeiro Ministro de S. Tomé, Patrice
Trovoada, à Universidade de Cabo
Verde. Num jogo de cintura, lá con-
hora que irá abandonar uma causa
nobre por que ele tem batalhado.
Almeida assegurou ainda ao Já que
nunca recebeu um centavo dos seus
clientes, o que, seguramente, outro
advogado não o faria. O homem, que
diz ser partidário da Justiça, acrescen-
ta que a última cartada do governo foi
indemnizar algumas famílias, mas só
que os beneficiados não são os seus
clientes. “O governo só paga a quem
não é meu cliente, para poder passar a
ideia de que o advogado está a traba-
lhar mal. Isto é o jogo dos trotzkistas,
que eles aprenderam no mato e, agora,
estão a aplicar no processo dos ter-
renos da Boa Vista. É desinformação e
tortura psicológica”, sentencia, anun-
ciando que vai reunir-se nos próximos
seguiram que as autoridades man-
dassem repor a energia a fim de se
evitar passar uma má imagem de um
país que anda por aí a fazer propagan-
da de ser Nação de desenvolvimento
médio.
Uma fonte do Já garantiu-nos que foi
um esforço titânico da reitoria a fim
de remediar o mal. “Estamos na lista
das instituições que não honraram os
compromissos e, assim sendo, estava
dias com os seus clientes e está a pre-
parar uma resposta ao governo sobre a
matéria. “Só não respondi ainda
porque estava ocupado com a questão
do meu livro, que foi dado á estampa
na semana passada, mas isto não vai
passar em branco”, garante, concluin-
do que o governo e os seus detratores
vão receber o devido troco.
O advogado considera “uma ver-
gonha” a forma como o governo geriu
este dossiê e adverte todos os cabo-
-verdianos para estarem vigilantes
face àquilo que ele considera a
“ditadura dos governos saídos das
urnas”. “A cidadania está acima de
tudo”, afirma, reiterando que não
abandona este processo, mesmo que
tenha de ficar sem os clientes.
difícil, mas mesmo assim lá con-
seguiram”, desabafa, acrescentando a
este fato que, na parte de manhã,
havia a iniciação científica no âmbito
do protocolo Cabo Verde/Brasil,
situação essa melindrosa para o ato e
que não se realizou.
A mesma fonte garantiu que o pro-
blema continuado de não pagamento
das faturas de consumo à Electra tem
posto em causa o funcionamento das
atividades na sala de informática, nos
serviços académicos e noutros setores
que dependem essencialmente da
energia.
Os problemas da UniCV não ficam
por aí. Segundo a nossa fonte, essa
instituição encontra-se completa-
mente politizada a ponto, de nos últi-
mos dias, a Reitoria ter nomeado
novo Presidente do Conselho
Diretivo das Ciências Tecnológicas,
um técnico que ostenta o título de
mestre, quando o estatuto exige um
candidato com o PhD, ou seja, com o
Doutoramento. “Ele era vogal, está na
UniCV há três anos, era vogal desta
direção, foi estudar a França e, mira-
Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 3
O homem que diz ser
partidário da Justiça,
acrescenta ainda que a
última cartada do governo
foi indemnizar algumas
famílias, mas só que os
beneficiados não são os
seus clientes
culosamente, aparece agora como não honra os compromissos, mas aos
Presidente de um departamento de estudantes é exigido um cumprimento
suma importância, enfrentando gente anormal, a ponto de muitos não fa-
de maior capacidade técnica, científi- zerem exame por causa de uma
ca e académica. Temos dados que nos propina em atraso”, exclama um dos
dizem que essa estudantes por nós
nomeação advém do contatado, exigindo
fato de ele ser próximo
O problema do governo uma to-
do Ministro da continuado do não mada de posição face a
Educação (Octávio pagamento das estes problemas. Por-
Tavares)”, confere a facturas de consumo à que, algumas vezes, a
nossa fonte, desafian- instituição ficou sem
do a Reitoria a esclare- Electra tem posto em telefone porque não
cer a situação atual da causa o pagou à CV Telecom.
UniCV. funcionamento das Refira-se ainda que a
Já, na ousadia de tirar Electra tem encetado
a limpo a situação,
actividades na sala de cortes de energia às
informática, nos
contatou vários estu- instituições caloteiras
dantes que nos disse- serviços académicos e e, segundo informa-
ram estarem constante-
mente privados de
noutros sectores que ções recolhidas pelo
nosso jornal, por
fazer fotocópias, não dependem exemplo, a Câmara
por causa das falhas da essencialmente da Municipal de São
Electra mas sim por energia Lourenço dos Órgãos
causa do incumpri- teve de recorrer a um
mento da Universidade em relação ao cheque careca para fintar os fun-
pagamento do consumo de energia. cionários mas, dias depois, ficaram
“Todo o mundo sabe que a UniCV sem energia.
4 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010

na rota dos dias

“Cordá Monte Cara” manifesta-se a 3 de Dezembro

Sociedade civil sai à rua

para um minuto de silêncio
Movimentando-se à margem dos partidos, Corda Monte Cara apresenta-se como alternativa
cívica, uma afirmação de uma sociedade civil cansada da “guerra” entre partidos. E os partidos
aguardam para ver o que o movimento vale no terreno

A
Acção Cívica Cordá Monte
Cara marcou para 3 de De-
zembro a manifestação de
protesto que visa acordar as pessoas
para a situação na ilha de São Vicente.
Será marcha silenciosa a percorrer as
principais artérias da cidade. Foram
decididas três paragens durante o tra-
jecto: uma junto ao Cinema Éden Park,
para protesto contra o abandono do es-
paço; junto da Polícia, para protestar
contra a insegurança; a terceira, junto
da CMSV, protestando contra a falta
de liderança e o silêncio nas grandes
questões que afetam os mindelenses.
Durante essas paragens será feito um
minuto de silêncio com forma de pro-
testo. Neste fim-de-semana, o Grupo
começou a mobilização de rua e, de
acordo com os promotores, “sentimos
que a nossa mensagem está a passar e
que as pessoas vão aderir à nossa
manifestação para dizermos Não! à
situação em que São Vicente se encon-
tra”.
Dificuldades
O grupo começa a sentir dificuldades
de vária ordem. Mas os organizadores
não desanimam e chamam os seguido-
res do Cordá Monte Cara para dar a ca-
ra pelo grupo. O que nem sempre é fá-
cil, visto que “muitas pessoas preferem
ver antes como as coisas correm, para
depois assumir uma posição”. E neste
tempo de eleições, “estar em cima da
parede é uma posição confortável”.
Ainda mais, quando já se nota alguma
pressão sobre os que estão a dar a cara
pelo Movimento.
O grupo aposta na mobilização espon-
tânea das pessoas para a marcha de
protesto. Por enquanto, procuram dri-
blar a tentativa de o colocarem na esfe-
ra do PAICV e do MpD, porque o con-
ceito “abandonados pelo Governo e
traídos pela CMSV” é bandeira que
não atrai nem uns nem outros. Resta
saber se as máquinas partidárias vão
tentar aniquilar o movimento ou deixar
ver no que ele dá.
É certo que ao PAICV não interessa a
ideia que “São Vicente está abandona-
do, que também é veiculada pela opo-
sição” e ao MpD não interessa o tema
“traídos pela CMS, que é ideia veicu-
lada pelo PAICV". A movimentação
do grupo entre esses dois interesses irá
mostrar o que Cordá Monte Cara vale
na realidade.

Neves dá bolsa de 880 contos a ex-deputada PAICV

As bolsas são para “amigas especiais”

A desfa-
çatez
de JMN não
tem limites:
gerindo os
dinheiros
públicos a
seu bel pra-
zer – há
mesmo quem fale da existência
no Palácio da Várzea de um
«saco azul» para acudir as
“amigas especiais” mais neces-
sitadas –, resolveu abrir cordões
à bolsa e conceder chorudo
financiamento no valor de
10.270 dólares (880 contos) a
uma ex-deputada PAICV pela
ilha do Fogo, Maria José Bar-
bosa Teixeira, estudante de Psi-
cologia numa Universidade nos
Estados Unidos.
Desconhecem-se os atributos
académicos da foguense para
conseguir tal desiderato, mas, à
boca cheia, fala-se que são
múltiplos, susceptíveis de
chamar a atenção de JMN. O
certo é que, segundo as nossas
fontes, desde 2008 que JMN
manda transferências chorudas
para a “amiga especial”. O
pedido continua o mesmo desde
30 de Setembro de 2008 (con-
forme se pode verificar no
documento que Já publica, e
onde se relevam erros de por-
tuguês de palmatória da propo-
nente, que escreveu custiar e
conselho de São Vicente). JMN
limita-se, anualmente, por
estranho que pareça, a distribuir
o bodo pelos acólitos do reino
PAICV. E com que critérios?
JMN atribui a bolsa à sua
“amiga especial” de forma arbi-
trária, à margem da lei, com fla-
grante desrespeito das normas
que regem o estado de direito
democrático. É que não foi con-
cedida pelo Ministério da
Educação, que a deveria atri-
buir, através do Serviço de
Acesso ao Ensino Superior, co-
mo é exigido a todos os estu-
dantes, mas pelo próprio PM.
Será que, para ter acesso a uma
bolsa, basta escrever uma carta
a Neves, acompanhada do
cartão do partido ou oferecer-se
para “amiga especial”? E se
todas as estudantes cabo-ver-
dianas com dificuldades
económicas desatassem a for-
mular idêntico pedido? Seriam
atendidas? Com base em que
critérios é que JMN resolve
conceder este apoio financeiro,
sabendo-se que em Cabo Verde
e na Diáspora centenas de
jovens estudantes cabo-ver-
dianos lutam com grandes difi-
culdades económicas para con-
cluir os seus cursos, apresentan-
do propinas em atraso, como
acontece na Universidade
Piaget de Cabo Verde?
Por outro lado, e esta é a segun-
da ilegalidade, a ex-deputada
nunca poderia usufruir desta
bolsa no estrangeiro, porque o
curso de Psicologia é lecciona-
do em Cabo Verde, uma regra
criada pelo próprio governo de
José Maria Neves, que agora
faz dela tábua rasa.
“Pelos vistos, essa regra só vale
para os filhos de cabo-ver-
dianos e não para os cama-
radas e amigas muito espe-
ciais”, acentuou Miguel
Monteiro, presidente da
JpD, que levou, esta sema-
na, ao conhecimento públi-
co, mais este escândalo em
que o governo do PAICV
se vê enredado. Miguel
Monteiro respondia dessa
forma a uma tentativa de
descredibilização por par-
te do Governo de uma an-
terior denúncia em que o
líder dos jovens democra-
tas trocou a identidade da
beneficiária: disse que a
mesma era assessora do
PM, quando afinal, os fa-
tos denunciados eram
ainda mais graves: trata-
-se de uma ex-deputada
PAICV, com grande ca-
pacidade persuasiva
(apesar dos erros gra-
maticais) para con-
vencer JMN dos seus
atributos como estudante.

sem perdão
Assassino aguarda julgamento na prisão
Local onde foi encontrado o cadáver da jovem
Ex-fuzileiro viola e mata jovem
em S. Domingos
Q uando, na sexta-feira passa-
da, Pedro (o nome do miúdo
é fictício) entrou pela es-
quadra da Polícia de S. Domingos pa-
recia que tinha visto o diabo em pes-
soa. Mas não. Tinha acabado de ver
uma das cenas mais macabras e que
dificilmente lhe sairá da memória nesta
vida.
Perto de um caminho vicinal que dá
acesso à localidade de Chaminé, onde
residia a vítima, no concelho de S.
Domingos, debaixo de um dique e pro-
tegido por uma árvore (conhecido entre
nós como “Tendente”) estava o corpo
de uma mulher. Deitada de costas, nua,
na posição de cópula, com a cara des-
figurada. O corpo já tinha entrado em
decomposição, estava putrificado. O
que restava da indumentária estava por
perto, à beira do cadáver. Tinha dois
pedaços de carne arrancados debaixo
dos gémeos de ambos os membros
inferiores, o que se presume ter sido
trabalho de algum cão que andou pelas
Em Meio da Achada (Praia)
Confrontos com armas de grosso calibre
P ouco passava das 20 horas de
domingo, em Meio da Achada
começou a escutar-se tiroteio de
armas de médio e grosso calibre.
Testemunhas oculares disseram a Já
que tudo começou quando um indiví-
duo, de nome Ometa, abriu fogo com
pistola de 6.35 mm contra Vitinha,
um jovem que comia à porta de casa
na companhia do filho.
redondezas. Tinha os braços levanta-
dos e parecia ter perdido algumas
falanges de uma mão.
Para quem naquele dia subiu toda a
rampa, em direção a Cobom Dentro,
para ver o cadáver, não restavam dúvi-
das: a vítima tinha sido aparentemente
violada, morta e queimada. Estava
irreconhecível. A identidade da mulher
continuava uma incógnita. Mas não
por muito tempo. Quando a notícia
chegou a Chaminé, as pessoas começa-
ram a descer para ver com os seus pró-
prios olhos quem estaria ali, sem vida.
As mulheres mais sensíveis choravam,
revoltadas com a malvadez, mais uma
vida de jovem ceifada por um demente.
Carla Patrícia, de 21 anos, seria então
identificada por um familiar, através
dos sapatos e de uma saia. Ela estuda-
va no Liceu de S. Filipe, no concelho
da Praia, e era originária de família
humilde. Tinham passado 4 dias que a
mãe não sabia do seu paradeiro. Teria
telefonado para falar com ela, sem
Vitinha conseguiu escapar e ripostou
a tiro, com arma de guerra, só utiliza-
da por militares ou por “profissio-
nais” do crime organizado.
O tiroteio de Meio da Achada causou
um ferido grave, ainda hospitalizado
no momento de fecho da nossa
redação, e dois feridos ligeiros devido
a balas perdidas. Para os moradores
do local, esta situação é deveras preo-
Atentado mistério Sexta-feira, 21 Novembro: mais um “mistério” das violentas noites da cidade da Praia.
Carlos Semedo, um dos donos de Calú e Ângela, foi alvo de um atentado em plena zona da Cidadela. Eram cerca das
22 horas, o automóvel em que seguia sozinho foi abalroado por outra viatura em que viajavam dois indivíduos. Os
atacantes dispararam sobre Calú que, todavia, não tendo sido atingido, conseguiu fazer rapidamente marcha-atrás,
resvalando para uma vala. Saindo do seu carro, Carlos Semedo procurou o apoio de vigilantes locais, levando os
agressores, que o perseguiam, a pôr-se em fuga. Não se conhecem razões que expliquem este atentado de que foi
vítima um empresário que, de súbito, ganhou condições para construir o maior “império comercial” de Cabo Verde.
sucesso. Afinal, Carla estava morta.
A partir daí, a Polícia Judiciária e a
Brigada Anti-Crime (BAC) começa-
ram a procurar o assassino ou os pre-
sumíveis assassinos.
O que o autor deste crime hediondo
não sabia é que Carla tinha contado a
um primo, agente da BAC, as ameaças
que recebia de um delinquente, que
tinha antecedentes criminais. Segundo
apurou Já, foi esse agente quem cap-
turou o suspeito que acabou por con-
fessar os crimes: Evanildo, de 22 anos,
ex-fuzileiro, contou à Polícia ter ingeri-
do aguardente e fumado padjinha, an-
tes de consumar o ato.
Evanildo tinha antecedentes criminais.
Já tinha violado, tempos atrás, uma
prima de Carla, de 14 anos. A agressão
sexual teria resultado no nascimento de
um filho. Os pais da menor apresen-
taram queixa no tribunal. A Polícia
garante ter enviado o processo para a
Procuradoria e esta nega ter recebido
tal queixa. Evanildo foi colocado em
cupante, pois pode provocar o reacen-
der de velhas guerras entretanto
apaziguadas e aumentar a insegu-
rança resultante do tipo de armas que
se constata ali existirem.
Basta ver que a bala que atingiu a víti-
ma hospitalizada, atravessou-lhe o
corpo, indo depois perfurar a parede e
ainda danificar o portão, para se ter a
noção do que pode o armamento
liberdade. O que revolta a família e a
própria Carla.
Segundo a nossa reportagem apurou,
as ameaças de Evanildo contra Carla
Patrícia terão começado aí. Tudo indi-
ca que no fatídico dia em que a assas-
sinou, o agressor estaria à espera da
vítima.
Em S. Martinho, Evanildo contou, esta
segunda-feira, tudo o que se passou ao
Tribunal da Comarca da Praia, onde
lhe foi determinada prisão preventiva,
encontrando-se neste momento na
Cadeia de S. Martinho. É acusado de
vários crimes: homicídio, ocultação de
cadáver e violação. Pode ser condena-
do de 20 a 25 anos de prisão.
Enquanto isso, os familiares das víti-
mas questionam: se Evanildo tivesse
sido preso quando violou a jovem de
14 anos, no ano passado, nada disto
teria acontecido. A Polícia e o Mi-
nistério Público que façam mea-culpa
desta tragédia que deixou revoltada a
pacata população de S. Domingos.
manuseado nestes confrontos que
acontecem a escassas centenas de
metros da esquadra da Achada de S.
António.
Apesar do incidente ocorrer nas pro-
ximidades desta Esquadra, a polícia
só apareceu depois do tiroteio termi-
nar, não conseguindo por isso prender
os contendores e menos ainda recu-
perar as suas potentes armas de fogo.
Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 5
Kasu-body
aterroriza Mindelo
Cantora
Diva
espancada…
por uns
trocados
D iva Gomes foi assaltada e espan-
cada, na madrugada do dia 13, à
porta da sua casa, na Rua Morguino,
em São Vicente. Gomes vinha de uma
tertúlia de amigos e foi surpreendida
por quatro homens quando saiu da sua
viatura e entrava e casa. Levou uma
pancada na cabeça e recebeu vários
socos no corpo porque insistiu em não
deixar roubar a sua bolsa.
A vítima foi arremessada do seu veícu-
lo, depois de um dos gatunos lhe ter
retirado a sua bolsa. Diva Gomes
sofreu um corte no queixo depois de
embater no chão. Ficou também a san-
grar do ouvido direito, sofrendo ainda
várias escoriações e uma luxação na
mão. Atordoada, viu os kasu-bodistas
escaparem como se nada houvesse
ocorrido. Ninguém apareceu para lhe
dar assistência no momento.
“Foi só tempo de agachar-me para
apanhar a minha bolsa, de meter a mão
para encon-
trar as chaves A vítima foi
da minha casa
– conta Diva. arremessada do seu
De repente, veículo, depois de
senti uma vio- um dos gatunos lhe
lenta pancada
entre a cabeça ter retirado a sua
e o ouvido bolsa. Diva Gomes
direito, perdi
por segundos
sofreu um corte no
o sentido de queixo depois de
orientação e embater no chão.
do que se es-
tava a passar. Ficou também a
Caí entre as sangrar do ouvido
cadeiras da
direito, sofrendo
frente. Quan-
do tomei li- ainda várias
geira consci- escoriações e uma
ência do que
se passava, le- luxação na mão
vei mais uns
quantos socos pelo corpo, sempre gri-
tando para me deixarem em paz. Ainda
não sei porque continuei agarrada à
minha bolsa, talvez pelo instinto de
que aquela violência de ringue de boxe
não podia estar a acontecer simples-
mente apenas por uns trocados.”
Mas aconteceu. E continua a aconte-
cer. Tanto que a Polícia Nacional, ape-
sar de apresentar um relatório dizendo
que a criminalidade em São Vicente
baixou 18%, tomou medidas extras,
entre as quais o patrulhamento à
paisana feito pela PJ e PN em zonas
consideradas críticas.
6 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010

cá se fazem

Embaixadora do Brasil visita a exposição Expositores brasileiros

De Portugal, três missões empresariais Um stand original

A CVTelecom não podia faltar A banca e os seguros na FIC

Para o ano há mais

Bye, bye FIC 2010
T
erminou no domingo, 21 de
Novembro, a 14ª edição da
Feira Internacional de Cabo
Verde, realizada na cidade da Praia.
Para a organização foi um “sucesso”,
não fosse a FIC contar este ano com
a participação de cerca de 156
empresas, 70 nacionais e 86 es-
trangeiras: Portugal, ilhas Canárias,
Brasil e Itália foram alguns dos paí-
ses representados.
De Portugal, para além de meia cen-
tena de empresas, vieram três mis-
sões empresariais, com a Associação
Industrial Portuguesa (AIP) - par-
ceira da FIC - , à cabeça, que cobri-
ram quase todas as áreas comerciais
e económicas.
A FIC 2010 contou com um espaço
comum e um conjunto de atividades
de interesse técnico e empresarial,
tendo como principais objetivos o
incremento das oportunidades de
investimento, a criação de parcerias
empresariais e a elevação da cultura
empresarial e do empreendedorismo
nacional.
Na inauguração, ao som de Tolas e
Duarte, estiveram presentes figuras
ilustres, como o Bispo D. Arlindo
Furtado, membros do governo, corpo
diplomático, expositores, convida-
dos e curiosamente…chefias milita-
res. Embora não houvesse quem ou-
sasse expor qualquer material bélico.
A feira deste ano ficou marcada tam-
bém pela apresentação de um projeto
de construção de uma Zona Franca
Comercial de Cabo Verde, a ser
construído no hangar do antigo aero-
porto da cidade da Praia, local onde
aliás se realizou a feira. Com uma
área de 8 mil metros quadrados, o
projeto deverá ter um custo de cerca
de 300 mil contos, aproximada-
mente, e inclui um centro de expo-
sições, um centro de convenções, um
edifício de escritórios, um hotel
executivo e um parque de estaciona-
mento.

Chefias militares bem dispostas na FIC Bispo D. Arlindo Furtado Amiro Faria
 Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 7

notícias do jet-set
Entre 12 candidatas, o júri decidiu…

Sheila Monteiro
é
Miss Santa Catarina 2010
N
o âmbito das festividades de Nha
Santa Catarina, comemorado esta
quinta-feira, 25, a Câmara
Municipal santacatarinense (de Santiago),
realizou um conjunto de atividades
recreativas e culturais, entre as quais, o
concurso Miss Santa Catarina 2010 que
aconteceu no Polivalente de Assomada, no
passado sábado, 20.
Organizado pela edilidade e por VC
Eventos, Marketing e Publicidade, o
concurso reuniu 12 candidatas com idade
compreendida entre os 14 e os 28 anos.
Sheila Monteiro foi coroada como a nova
Miss Sta. Catarina 2010 e estava radiante
quando falou à nossa reportagem. Terminar
os estudos e criar uma associação para
ajudar os jovens a não entrar na droga e no
álcool, dar apoio aos que já embarcam
nesses problemas é um dos objetivos.
A 1.ª dama foi Nádia Camacho e a 2.ª
Rosana Martins, também escolhida pelas
colegas como a Miss Simpatia. Edsana
Varela mereceu a escolha do júri composto
por 4 elementos.
O polivalente de Assomada encheu-se de
gente para assistir ao concurso, considerado
uma excelente iniciativa da Câmara liderada Cláudia
Rosana Martins Lubrano Cleidy Lopes
por Francisco Tavares.

Nádia Camacho Sheila Monteiro, a Miss Santa Catarina 2010

8 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010

sem tirar nem pôr

Notificado a pagar 180 mil contos de idemnização

JMN desobedece
ordem judicial
Depois da bronca com a
administração fiscal, no qual o
primeiro-ministro terá sido
notificado para, através do
modelo 106, pagar às Finanças
as dívidas referentes ao Imposto
Único sobre o Rendimento (IUR)
de 2003, 2004, 2005 e 2006, o
chefe do executivo está de novo
a braços com a justiça
cabo-verdiana. Desta feita, é o
Tribunal da Comarca da Praia
que a 4 de Novembro vem
notificar José Maria Neves para,
no prazo de 10 dias úteis,
proceder o depósito na conta
daquela instância judicial, o
valor de 180 mil contos
resultantes das indemnizações a
favor de quatro cidadãos
luso-cabo-verdianos, que se
viram privados das suas terras,
sitas no Município da Praia

S
egundo a notícia publicada em
primeira-mão pelo Liberal,
trata-se de quatro cabo-ver-
dianos de nacionalidade portuguesa
que há anos vinham lutando para
conseguir o pagamento das suas in-
demnizações. Orlando Barbosa, José
Barros e Sá Gomes, António Simas
Vera Cruz e José Barros, são os qua-
tro lesados pelo Estado de Cabo
Verde. Estes cidadãos já fizeram
saber ao diário digital, que vão recor-
rer a todos os meios jurídicos para
fazer com que o Estado cumpra as
determinações da justiça.
“Atitude insólita que
assombra os
cabo-verdianos”
“Uma vez transitada em julgado a
decisão arbitral e pagas as custas
pelos expropriados, o juiz entendeu
dar seguimento ao processo através
da notificação do primeiro-ministro,
enquanto chefe do governo para fazer
o pagamento das referidas inde-
mnizações”, escreve Liberal, acres-
centando que JMN “pura e simples-
mente” ignorou a ordem judicial”.
Segundo o jornal, esta atitude do
responsável do Executivo, decerto
que irá deixar os cabo-verdianos
atónitos, pois nunca uma situação
destas tinha acontecido neste
arquipélago, mesmo durante os
memoráveis 15 anos de partido
único.
O primeiro-ministro, considerando
que está acima das leis da República,
não se dignou em dar qualquer cava-
co à justiça. Assim, o prazo para o
pagamento das devidas indemniza-
ções expirou-se na quinta-feira, 18,
sem que JMN tenha cumprido as
ordens do Tribunal. Este caso arrasta-
-se há vários anos.
O Liberal recorre à Constituição da
República para perceber melhor o
alcance da gravidade da atitude de
JMN. Segundo a Magna Carta: ‘as
decisões dos tribunais são obri-
gatórias para todas as entidades
públicas e privadas e prevalecem
sobre as de quaisquer outras autori-
dades”. Entretanto, o chefe do
Executivo não tem este entendimen-
to, pois acha, e mal, que este disposi-
tivo constitucional não se lhe aplica.
“De acordo com um jurista da praça,
com esta atitude do primeiro-minis-
tro abre-se um precedente na justiça
cabo-verdiana, muito malévolo para
a nossa democracia, quanto mais não
seja para a ‘Nação Vencedora’, lê-se
na peça do jornal.
Processo encerrado
Tanto quanto se sabe, esgotaram-se
as instâncias judiciais a recorrer, e
não resta outra alternativa a JMN
senão pagar a indemnização devida.
Sabe-se, entretanto, que o primeiro-
-ministro ao tomar conhecimento da
notificação terá indicado um advoga-
do para consultar o processo que o
terá aconselhado a não pagar a inde-
mnização. A ser verdade, esta decisão
do chefe do Executivo constitui uma
flagrante violação da lei, já que o
Estado no processo é representado
pelo Ministério Público.
Face a esta atitude de JMN, alguns
juristas com quem Liberal conversou
O primeiro-ministro, dizem que o Estado de Cabo Verde
corre sérios riscos de vir a pagar um
ao tomar montante das indemnizações superior
àquele ora fixado pelo tribunal. Tudo
conhecimento da porque, segundo contam, os quatro
notificação, terá luso-cabo-verdianos ponderam seria-
mente executar o Estado, caso o
indicado um advogado primeiro-ministro não cumpra a
para consultar o ordem do tribunal.
A materializar-se a ideia, o governo
processo, que o terá de José Maria Neves ficaria muito
aconselhado a não mal na fotografia aos olhos dos seus
parceiros internacionais, pois tratam-
pagar a indemnização. -se de cidadãos de um país (Portugal)
com o qual Cabo Verde tem uma
A ser verdade, esta relação histórica e privilegiada.
decisão do chefe do Recorde-se que apesar da crise finan-
ceira internacional, o Estado por-
Executivo constitui tuguês colocou à disposição de Cabo
uma flagrante violação Verde e com juros concessionais, um
empréstimo de mais de 200 milhões
da lei, já que o Estado de euros destinados ao tão mediático
programa “Casa Para Todos”.
no processo é Tentou-se ouvir as reações da em-
representado pelo baixadora de Portugal, Graça Gui-
marães, sobre esta notícia, mas se-
Ministério Público gundo o Liberal, a mesma encontra-
-se ausente do País.
 Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 9

sem tirar nem pôr

Víctor Baessa pode perder o mandato

Câmara de S. Lourenço
sob suspeita
Numa altura em que a Câmara Municipal de São Lourenço dos Órgãos (CMSLO) está a braços com “dívidas até ao pescoço”, junto das
instituições financeiras, da ELECTRA e dos trabalhadores das FAIMO, com mais de 5 meses de salários em atraso, aparece agora o insólito:
o Presidente emprestou dinheiro da câmara a um deputado e pode vir a perder o mandato

O
nosso jornal está em condi- dirigentes políticos?”, acrescentam.
ções de avançar que a câmara Na verdade, impõe a al. f) do artigo 5º
de Victor Baessa concedeu do Estatuto dos Eleitos Municipais que
por empréstimo 1.400.000 (um milhão o eleito municipal tem o dever de “não
e quatrocentos mil escudos) ao deputa- favorecer interesses particulares,
do do PAICV na Assembleia Muni- próprios ou de terceiros, de qualquer
cipal dos Órgãos, Emanuel Dias Se- natureza, quer no exercício das suas
medo, a 30 de Junho de 2009, o que é funções, quer invocando a qualidade
ilegal. “O presidente Victor Baessa au- de membro de órgão municipal”.
torizou o pedido e nós demos o segui-
mento processual”, soube o nosso jor- Eleitos para governarem
nal de fonte segura.
Trata-se, sem sombra de dúvidas, de
ou para governarem-se?
um escândalo e de um ilícito grave. “E do ponto de vista político: foram
Nem o Estado e nem as autarquias eleitos para governar São Lourenço
locais estão autorizados a conceder dos Órgãos, ou para se governarem?
empréstimos aos seus funcionários e Um dirigente político é eleito para
muito menos aos agentes políticos. Na apoiar a população na resolução dos
verdade não são nem instituições de problemas ou para se apoiar e resolver
crédito e nem organismos de caridade os seus próprios problemas?”, ques-
social. tionam.
Mas como se dizia, “trata-se de uma Emanuel Semedo (à direita),
ilegalidade grave. Efectivamente, e em entre amigos e camaradas
Alcance jurídico desta primeiro lugar, as despesas públicas
operação financeira devem compreender, salvo disposição
Para perceber melhor o alcance jurídi- em contrário, os gastos e encargos na
co desta operação financeira evolven- prossecução do interesse público, pois sificação”, sublinham. Deve-se, pois, 2/98, de 2 de Março”. ção de tesouraria, numa altura em
do a CMSLO e um eleito municipal, é esta a finalidade de quaisquer enti- perguntar pela rubrica do orçamento Mas também deve-se dizer que a que as populações de São Lourenço
Já falou com dois especialistas em dades administrativas, nos exactos ter- municipal que especificamente su- conduta constitui crime de responsa- dos Órgãos estão sem abastecimento
direito autárquico. “Os municípios não mos do artigo 26º do Regime do porta o afrontoso empréstimo a um bilidade, punido pelo disposto no de água domiciliária, há mais de três
são instituições de crédito e como tal, Controlo Financeiro da Administração camarada. artigo 13ºda Lei nº 85/VI/2005, de 26 semanas, justamente, porque a Elec-
não devem proceder empréstimos a Pública, aprovado pelo Decreto-Lei nº E impõe a lei – artigos 49º e 50º do de Dezembro: o titular de cargo tra cortou a energia aos furos subter-
particulares, muito menos a deputados 29/2001, de 19 de Novembro. Em Regime Financeiro das Autarquias politico que violar os deveres ine- râneos que abastece água aos mu-
que têm obrigação legal e estatutária segundo lugar, as despesas das enti- Locais –, que os titulares dos órgãos rentes às suas funções com a intenção nícipes. Outrossim, a direção da em-
de fiscalizar as activi- dades públicas devem municipais, responsáveis pela exe- de obter para si ou para terceiro, um presa de electricidade terá ficado
dades do município, Victor Baessa pode ser estar autorizadas por cução orçamental, que tenham auto- benefício ilegítimo, será punido com zangada com o cheque “careca” que
através de Assembleia obrigado a repor o lei prévia, nos exactos rizado despesas ilegais, pagamentos prisão de 6 meses a 3 anos, ou multa a CMSLO lhe passou.
Municipal”, explicam termos do artigo 27º do indevidos, ou sem vistos do Tribunal de 50 a 200 dias, se não lhe couber Recorde-se que a CMSLO esteve
os juristas para quem o
dinheiro dos diploma acabado de de Contas, incorrem em ilegalidade pena mais grave por força de outro envolvida recentemente num me-
presidente da Câmara contribuintes ou citar. E deve-se, pois, grave para efeitos de perda de manda- preceito legal. diático caso de burla e falsificação
Municipal poderá estar condenado por crime perguntar ao Presidente to, podendo, ainda ser responsabiliza- Fica aqui a pergunta: a inspecção do de documentos que envolveu o
dos civil e criminalmente. Estado vai actuar? O Ministério Pú- vereador da equipa de Baessa, ex-
mergulhado numa gran-
de responsabilidade da Câmara Municipal
de São Lourenço dos blico vai abrir um processo-crime e -director do Centro de Juventude e
de encrenca.
Moralmente é uma nos termos do artº 49 Órgãos para indicar a
Empréstimo pode levar à de perda de mandato? Ou o poder de líder da JPAI no concelho, Ângelo
afronta: como se pode da Lei de Finanças lei que lhe autoriza a perda de mandato fiscalização tem um único sentido Reis (Zeny), e que ficou detido
tolerar que um Mu- conceder empréstimos E a lei, segundo as nossas fontes que por ser uma arma de arremesso po- durante dois meses na Cadeia
locais
nicípio pobre, um dos aos eleitos locais. Em citam o artigo 52º, “impõe ao lítico contra as Câmara Municipais Central de São Martinho. As nego-
mais pobres do pais, em vez de ca- terceiro lugar, a despesa está sujeita ao Ministério Público o dever de pro- do MpD como se tem registado? ciatas dos vistos nas quais é aponta-
nalizar recursos para a resolução dos princípio da regularidade financeira mover a entrada no cofre municipal do o ex-director de gabinete Lau-
problemas essenciais da população de (nº 2 do citado artigo 27º e do artigo do pagamento indevido! E a perda de rentino Garcia, como um dos princi-
44º do Regime Financeiro das mandato pode também ser promovi-
Casos e mais casos pais autores destas operações, mar-
São Lourenço dos Órgãos, decida uti-
lizar recursos públicos, de toda a Autarquias Locais), ou seja, à cabi- da pelo Ministério Público, nos ter- em S. Lourenço caram também os últimos episódios
Nação, para apoiar os seus próprios mentação orçamental e adequada clas- mos do Decreto regulamentar nº Victor Baessa autorizou esta opera- na autarquia laurentina.
10 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010
grande reportagem
Um cenário de miséria e desolação
H
A solidariedade dos vizinhos é o bem mais precioso de Niche
Dois agregados familiares, duas
realidades diversas e
complementares de um país
sem rumo e sem políticas claras
de desenvolvimento económico.
Uma década de governança do
PAICV fez o país regredir
á razões que a propaganda
desconhece. Ou melhor, a
propaganda não consegue
tapar uma circunstância
inquestionável: o número de pobres em
Cabo Verde não está a descer, como
capciosamente o governo procura
fazer crer. Pelo contrário, foi na década
de 90 que a redução da pobreza mais se
fez acentuar, tendo paralelamente
subido os índices de consumo médio
da população.
O Já foi a Achada Grande Frente, zona
periférica da capital, e deparou-se com
duas realidades completamente dife-
rentes. De um lado, uma família em
estado profundo de pobreza, passando
e vivendo em condições de absoluta
miséria.
Eunice Andrade Correia, de 49 anos, é
mãe de nove filhos e vive num espaço
sem quaisquer condições de habitabili-
dade. O teto está a cair, não tem casa de
banho e os poucos tarecos a que chama
“Não esperem só pelas campanhas eleitorais e pelas chuvas para estenderem a mão a quem precisa.
móveis desfazem-se em bocados.
máViagem ao dia-a-dia de duas
A casa não lhe pertence. Niche – como
é conhecida - encontrou o espaço vazio
e fez uso dele. Conta-nos que, há pou-
cos dias, apareceu por lá o dono que a
mandou desocupar a casa, porque a vai
vender. A resposta de Niche saiu
pronta, na ponta da língua, porque os
pobres já nada mais têm a perder: ”se
nhu sta bendi, nhu ta bendel cu mi
dentu, pamodi n’ca tem cau di bai”.
Apesar da resposta, Niche reconhece à
nossa reportagem que, se a ameaça se
concretizar, não sabe para onde ir. Com
ela está uma filha de pouco mais de 10
anos, mas como a miúda estuda,
Mirinda, que é vizinha de Niche,
acompanha-a durante o dia e a criança
só vai para casa à noite.
Apoios: onde buscá-los?
A desesperada mulher revelou ao Já
que não recebe apoio do governo nem
de outra entidade, por alegadas razões
da sua ainda jovem idade: dizem-lhe
que, como só tem 49 anos, não tem
direito a reforma nem a outros subsí-
dios.
O sustento da família vem da soli-
dariedade de vizinhos que, segundo
Niche, têm bom coração. Como a
situação está difícil
para todos, nem sempre
pelos outros que, por
mais que tenham a vida
apossar-se do corpo frágil. Para os fi-
lhos terem acesso à educação, Niche
conta-nos que saiu de porta em porta à
procura de quem estivesse disposto a
apoiar Cuca - a filha mais nova - a fre-
quentar a escola. A solidariedade insti-
tucional é coisa da propaganda gover-
nativa: de facto, não se
percebe com que cri-
é possível ser ajudada A ambição de Niche, térios são atribuídos
para resolver o seu apoios, nomeadamente,
Em relação ao programa “Casa para
Todos”, Niche desconhece-o. Diz-nos
que várias pessoas foram ter com ela
pedindo-lhe o nome, mas nunca mais
apareceram, nem que fosse para dar
uma satisfação.
A ambição de Niche, para resolver o
seu problema, resume-se a um lugar
digno para morar com os filhos e a
garantia de, pelo menos, uma refeição
todos os dias.
equilibrada, também
problema, resume-se a os do ICASE e para
onde é que vão.
têm as suas dificul- um lugar digno para A casa espelha a vida
A felicidade de não ter
dades. A sua situação é morar com os filhos e de miséria de Niche. O que fazer contas
terrível: vê-se obrigada a garantia de, pelo acesso à água é mais Do outro lado, está Lurdes Cardoso, de
a estar em casa e a um constrangimento – 30 anos, professora do Ensino Básico
depender dos outros, menos, uma refeição doente, tem de se deslo- Integrado e estudante Universitária.
estando doente e faltan- todos os dias car diariamente ao cha- Ludy - como é conhecida - tem um
do-lhe dinheiro para fariz. Quando não pode filho, sai de casa de manhã e só volta à
comprar medicamen- mesmo, manda a filha, tarde, o que implica pouco tempo para
tos. que ainda é menor e tem muitas difi- estar com o pequeno Cássio. Por isso,
Até aos trinta anos ainda trabalhou, culdades para carregar um balde de Ludy deixa o menino no jardim de
altura em que a doença começou a água até à casa. manhã e tem uma ama para tomar

sorte
famílias cabo-verdianas
conta do filho, durante o resto do dia.
Quando regressa, faz questão de ficar
em casa com Cássio.
Quanto às despesas diárias, sobretudo
relativas à alimentação, diz que nunca
parou para fazer contas, por isso não
tem um valor preciso para nos
fornecer. Não tendo casa própria, paga
25 contos mensais por uma habitação
com alguma dignidade para si e para o
resto da família, incluindo a ama do
filho.
Para Ludy, a pobreza em Cabo Verde é
uma realidade e há desigualdade de
oportunidades - é preciso lutar muito
para se sobreviver no “país da mo-
rabeza”. De resto, o custo de vida é
muito elevado.
Em relação às políticas do governo
para a habitação, não hesita em afirmar
que, até ao momento, não viu essa
preocupação por parte dos respon-
sáveis do País: “dja tem 6 anos ki
n’fase pedido de terreno e inda n’ka
Ajudem todos a terem um nível de vida razoável, para que se possa reduzir a pobreza neste pequeno país
dado num resposta”. Apesar disso,
Ludy acredita que já surgiu luz ao
fundo do túnel (“Casa para Todos”) e
espera que o programa seja realidade.
Para reduzir a pobreza em Cabo Verde,
Ludy deixa uma receita ao governo e
às Câmaras Municipais: não esperem
só pelas campanhas eleitorais e pelas
chuvas para estenderem a mão a quem
precisa. Ajudem todos a terem um
nível de vida razoável, para que se
possa reduzir a pobreza neste pequeno
país.
Novo rumo
A situação atual de Cabo Verde, sendo
complexa e preocupante, não é uma
fatalidade. Políticas sociais corajosas e
ousadia na organização económica
poderão fazer inverter a situação e
recolocar o País no caminho que vinha
seguindo nos anos 90 – altura da go-
vernação democrática.
Dados referentes ao Índice de Desen-
Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 11
O bem-estar de Ludy contrasta com a miséria de Niche
volvimento Humano (IDH), colocam o
país, por essa altura, com níveis de
combate à pobreza muito assinaláveis,
nomeadamente, em apenas uma década
o número de pobres di-
cento. E os “muito po-
bres” assinalaram uma
redução de 37 por cen-
to.
De referir, de igual
modo, o aumento (40
emergente no contexto geral do desen-
volvimento social e humano, assina-
lando uma melhoria de 14 pontos, con-
tra apenas 5 porcento no período entre
em Cabo Verde é
desigualdade de
2000 e 2009.
minui cerca de 10 por Para Ludy, a pobreza O segredo de êxito ver-
ificado na década de 90
decorre de políticas
uma realidade e há sociais e económicas
que colocaram as pes-
oportunidades - é soas no centro do de-
senvolvimento, em
Ludy e Cássio – uma família feliz
2000 e 2007 (3 por cento). Ao mesmo
tempo, a alfabetização de adultos foi
uma prioridade dos governos MpD,
tendo a taxa bruta de escolaridade, re-
ferente a todos os níveis de ensino,
aumentado na ordem dos 29 por cento,
regredindo 5 por cento no período pos-
terior a 2000.
Como dizíamos, a década de 90 foi o
período de maior desenvolvimento do
bem-estar das populações e extra-
ordinário progresso, traduzindo-se em
por cento) de despesas
preciso lutar muito oposição às lógicas do acentuada redução da pobreza. O que
com alimentação e para se sobreviver no betão e das “grandes vem enfatizar a necessidade de um
consumo das popu- “país da morabeza”. obras” – emblema do plano geral de inversão da tendência
lações e o despontar da
classe média, até aí
De resto, o custo de actual governo e da cul-
tura económica que lhe
regressiva, de combate à pobreza e ao
desemprego, envolvendo as institui-
insignificante do ponto vida é muito elevado subjaz. ções públicas, nomeadamente a banca
de vista da estratifi- Mas não só as con- do Estado na abertura de linhas de
cação social. dições económicas do país registaram crédito bonificadas para a implemen-
Estes dados positivos traduziram-se, índices positivos de progresso e desen- tação de negócios de âmbito familiar,
pela primeira vez, em referências elo- volvimento, a esperança de vida dos cruzando a economia clássica, com o
giosas no IDH das Nações Unidas, cabo-verdianos também aumentou (5 desenvolvimento de uma economia
colocando Cabo Verde como Nação por cento), regredindo no período entre social de mercado.
”
12 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010

isto vimos
Veiga contacta população e não tem dúvidas…

São Vicente vai mudar

porque o povo quer dias melhores
No fim da visita que efetuou a São Vicente, Veiga disse que encontrou uma população, que, na sua maioria, vive sem recursos, afetada por um desemprego
massivo e por uma pobreza profunda, com habitações degradadas em risco de ruir, por uma insegurança e criminalidade crescentes e com uma dificuldade
extrema em aceder a apoios escolares para os filhos

E Dívida Pública: mentes

m relação à juventude, o líder
do MpD constatou uma juven-
tude sem oportunidades e
perspetivas, desacreditada do futuro.
“Jovens que dizem não querer estudar
porque acham que não vale a pena! E
também pela falta de políticas sociais e
de educação do atual governo, que,
assim, pode estar a alimentar uma ge-
ração resignada e sem perspetivas”.
Contudo, depois de contactar centenas
de mindelense Veiga está convicto de
que a população de S. Vicente, apesar
das grandes dificuldades que enfrenta
no dia-a-dia “tem esperança na mu-
dança e que, com ela, a sua vida me-
lhorará; as oportunidades reais sur-
girão”.
Para Carlos Veiga, o Governo há muito
tempo abandonou a ilha de São
Vicente e que agora está apenas preo-
cupado com sua sobrevivência: “mobi-
liza milhares de contos do erário públi-
co com grandes caravanas, apenas para
seguir os passos do líder do maior par-
tido da oposição e assim tentar contrair
a onda de mudança que alastra por
todo Governo”, refere, apontando o
dedo aos tambarinas: “podem conti-
nuar com essa politica, só que em Cabo
Verde as pessoas já não se deixam
enganar”.
Na verdade, durante a estadia de
Carlos Veiga no Mindelo o Governo e
o PAICV desdobram-se em acções
para tentar neutralizar o efeito do
comício realizado na Rua de Lisboa e a
forma com ele foi recebido pela popu-
lação. Como reparou o líder do MpD,
o governo inaugura a conta-gotas obras
de grande utilidade para a ilha, como
as do Plano Sanitário há muito concluí-
das mas não entregues, “pensando que,
dessa forma, maximiza um seu eventu-
al efeito eleitoral positivo”, mas, na
realidade, “prejudica as pessoas e
empresas que ficam impedidas de liga-
ção à rede”.
“Lança a primeira pedra de um progra-
ma que diz ser de habitação para todos
e incita as pessoas a concorrerem a
uma casa que não sabe quando estará
concluída, mas que, na realidade, só
está ao alcance de muito poucos
daqueles que se inscreveram, porque a
grande maioria dos candidatos não têm
recursos para suportar as prestações do
empréstimo bancário que será ne-
cessário contrair para aceder ao progra-
ma”, reforçando que “em Cabo Verde
e, concretamente nesta ilha, as pessoas
já não se deixam enganar”.
Economia sufocada
Carlos Veiga reafirmou aos ope-
radores económicos que se o MpD for
Governo, o Ministério do Mar irá ficar
em São Vicente, porque quer mais
poder para as ilhas”. Por isso, defende
um governo pequeno que faz política,
sugere políticas, avalia, acompanha,
mas não executa. O líder do MpD
defende o modelo sueco de governo.
Diz que a grande diferença entre o
MpD e o PAICV é que este partido
ideologicamente é centralizador:
“nunca o país esteve tão centralizado
como agora. Mas fazem isso para con-
trolar”, daí termos “andado para trás
nestes 10 anos”. Voltou a frisar que é
À semelhança daquilo que
defendeu em Outubro
quando foi eleito para
presidir o partido, Veiga
defendeu no Mindelo que
se o seu partido for
governo vai provocar um
choque fiscal para
reanimar a economia
contra o peso excessivo do estado na
economia que se verifica nos gover-
nos do PAICV e conclui que “o Estado
precisa de emagrecer.
Choque fiscal
À semelhança daquilo que defendeu
quando em Outubro quando foi eleito
para presidir o partido, Veiga defen-
deu no Mindelo que se o seu partido
for governo vai provocar um choque
fiscal para reanimar a economia. Para
isso, é preciso baixar os impostos e ter
uma taxa máxima de 15% do imposto
sobre os rendimentos. “É preciso
diminuir o peso da carga fiscal sobre
as empresas e as famílias”, isto porque
no seu entender o governo do PAICV
sufocou a sociedade com uma carga
fiscal elevada. Deu como exemplo a
recentemente aprovada Taxa Eco-
lógica que vem encarecer diversos
produtos como a lixívia, os iogurtes,
etc. E faz o paralelismo entre os dois
partidos. “Eles querem o cofre cheio
para poderem controlar e nós quere-
mos o dinheiro a circular na econo-
mia".
José?
Carlos Veiga reafirmou os números em
relação ao deficit orçamental que foram
avançados pelo líder parlamentar do seu
partido (Elísio Freire) e diz que os núme-
ros avançados por José Maria Neves sig-
nificam duas coisas: ou o Primeiro-mi-
nistro está mal informado ou está a faltar
à verdade. O presidente do MpD mos-
trou onde estão os números: o relatório
do Banco de Cabo Verde e mencionou o
número das páginas onde estão os
números avançados pelo líder parlamen-
tar do seu partido. Depois fez contas:
encontramos um saldo negativo das con-
tas públicas, em finais de Setembro, de
8,4 milhões de contos. Depois encon-
tramos um PIB global de 123 milhões de
contos. Temos um saldo negativo que é
de 6 milhões que corresponde a 6,8 do
PIB, mas a previsão do deficit do Banco
de Cabo Verde atinge os 18,5 milhões de
contos no final do ano e, fazendo as con-
tas, um deficit de 18,5 milhões contos no
final do ano para um PIB de 123 milhões
de contos vemos que dá… 15, 1 %.

isto vimos
Santa Catarina
é uma Festa!
É a diferença entre anos de estagnação e desenvolvimento sustentado. Entre servir o partido e servir o povo.
O executivo de Santa Catarina marca essa diferença e constrói obra que se vê
Cine Clube – Espaço remodelado ao serviço da cultura
A
o comemorar as festas da
padroeira que lhe deu nome, o
Município de Santa Catarina
assinala o momento com um vastíssi-
mo leque de atividades culturais, re-
creativas e desportivas que, desde 30
de Outubro e até 28 de Novembro mar-
cam a agenda da ilha de Santiago e
fazem confluir à Assomada centenas
de pessoas.
O programa deste ano é ousado e,
acima de tudo, marca em baixo relevo
uma consigna de trabalho e competên-
cia que a vereação assume e a popula-
ção adopta, porque justa: “Garantimos,
Cumprimos!”
Desde a entrega de habitação social às
famílias mais carenciadas do concelho,
passando pela reabertura do Cine
Clube, sujeito a intervenção de requali-
ficação e à inauguração do Polides-
portivo de Nhagar, Santa Catarina re-
vela-se pólo de desenvolvimento e de
boas práticas de gestão, depois de a
vereação anterior ter deixado a herança
– ainda não totalmente explicada, mas
Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 13
Polidesportivo de Nhagar – A maior obra municipal de sempre
que foi sujeita a auditoria já entregue às
entidades judiciais – pesada. Entre sa-
patas, buracos e derrapagens, a atual
vereação presidida por Francisco Tava-
res traçou um rumo de trabalho sério e
competente, e começa a despertar do
torpor um concelho que, durante anos,
foi dirigido por quem, em nome da
legitimidade do voto, apartou os san-
tacatarinenses da participação cidadã e
obstou ao desenvolvimento da terra.
Um novo estilo
Francisco Tavares destaca-se, não pela
importância do cargo que ocupa –
coisa sempre tão efémera -, mas pela
serenidade com que se afirma e a lu- Habitação modelar marca um novo ciclo de desenvolvimento
cidez que manifesta na oratória. Ouvi-
-lo é perceber que há na política, se
lho autárquico. Enfatizando não se Doni, 82 anos, expulso de casa pela qualquer agenda cultural. E com o
estivermos atentos, quem se coloque
tratar de uma benesse ou caridade, mas antiga vereação (PAICV), com o pere- empenho da câmara e a convergência
numa atitude de serviço público. A
antes decorrente de um direito consti- grino argumento da realização de de várias solidariedades, a sala reabriu
simbologia da entrega, no sábado pas-
tucional, Francisco Tavares defendeu obras… Vários anos viveu este homem no sábado com cara nova, mas manten-
sado, de três habitações sociais, inte-
que o seu executivo não vai descansar - um ex trabalhador agrícola - numa do o respeito pela traça inicial, de que
gralmente construídas pela câmara em
enquanto cada cidadão do concelho barraca contígua à casa e de dimensão Luís (o mais entusiasta dos cinéfilos)
Achada Galego, Achada Tossa e Cruz
não tiver habitação condigna. tão reduzida que só ali cabia a miserá- foi o guardião e garante!
Grande, revela novas práticas de traba-
Caso paradigmático é o do senhor vel enxerga onde de noite se enrosca- “Maior obra municipal de todos os
va. A habitação agora entregue tem tempos”, como referiu Francisco Ta-
Caso paradigmático é o do dois quartos, sala, cozinha e casa de vares, o Polidesportivo de Nhagar foi
senhor Doni, 82 anos, expulso banho completa. E Doni pode ali tentar inaugurado no domingo em banho de
a derradeira felicidade de ter um teto multidão, com a presença entusiasta de
de casa pela antiga vereação para partilhar com os dois filhos. atletas, particularmente jovens. Dotado
(PAICV), com o peregrino de infra-estruturas de excelência, o
O homem sonha, a obra novo espaço desportivo pode vir a
argumento da realização de
nasce… albergar atividades de carácter cultural
obras… Vários anos viveu este e cívico. Dispondo de uma lotação de
Velha relíquia do período colonial, o
homem numa barraca contígua Cine Clube de Assomada esteve encer- 1200 lugares sentados, o polidesporti-
à casa e de dimensão tão rado quase uma década. Pela pequena vo vai contar ainda com equipamentos
reduzida que só ali cabia a sala passaram gerações de cinéfilos, sociais de relevo, nomeadamente um
melómanos e apaixonados das artes cé- restaurante aberto todo o ano, gabinete
miserável enxerga onde de nicas. A antiga vereação deixou o espa- médico, salas de fisioterapia e espaço
noite se enroscava ço ao abandono privando os santacata- para a prática de actividades de cultu-
rinenses de uma sala referencial de rismo e artes marciais.
14 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010
isto vimos
Reportagem do “Fantástico” sobre quatro “mulas do tráfico”
cabo-verdianas detidas em Fortaleza descredibiliza imagem do País
Filhas da miséria
A reportagem do “Fantástico”, programa da TV Globo, um dos de maior impacto no Brasil, sobre as chamadas “mulas do tráfico” detidas no presídio feminino
Auri Moura Costa, em Fortaleza, não é propriamente simpática para a imagem internacional de Cabo Verde. Vitalina, Dulce, Soraya Clarete e Lucília, quatro
das nossas compatriotas de entre as 29 estrangeiras ali detidas, são, afinal, meras peças no joguete do narcotráfico internacional
O
s repórteres brasileiros falam
de Cabo Verde como um país
massacrado pelo desem-
prego, que atinge na sua maioria
jovens com menos de 25 anos de
idade, onde é difícil encontrar alguém
que ganhe mais de R$ 150 (cerca de 6
mil escudos por mês), com múltiplas
greves por melhorias salariais (os jor-
nalistas depararam, em finais de
Outubro, altura em que se deslocaram
ao nosso país, com uma paralisação
dos porteiros do cais) e em que os ali-
ciamentos para a vida marginal e a
consequente procura de dinheiro fácil
são uma constante. Por escasso que
seja: no caso, o “soldo” proposto pelos
traficantes a Vitalina e Dulce para
transportarem oito quilos de cocaína
desde São Paulo para Fortaleza, onde
iriam apanhar um voo para Cabo
Verde, não ultrapassaria os 300 contos.
Magro pecúlio para tanto risco. Mas
para Vitalina seria o princípio da con-
cretização de um sonho de uma vida
num país onde a miséria grassa perante
um poder político que se demite das
suas responsabilidades sociais: ansiava
ter uma casa condigna na Praia, me-
lhorar os estudos dos dois filhos.
“Queria ajudar o meu marido, eram
dívidas, a situação da casa… mas deu
tudo errado”, lamenta-se Vitalina.
O marido, Sany Fernandes Correia,
empregado há 14 anos num dos restau-
rantes mais tradicionais da capital
cabo-verdiana, agora a braços com a
difícil tarefa de, sozinho, ter de arcar
com as despesas do sustento da
família, tece palavras de conforto para
com a companheira “Amor da minha
vida, a única coisa que eu quero dizer
é força e coragem. Te amo muito”, diz
aos microfones dos repórteres do
“Fantástico”, os quais se deslocaram
propositadamente a Cabo Verde para
ouvir e sentir esse drama das famílias
das quatro detidas.
Mandina Luiza Correa, mostra-se críti-
ca para com a fraqueza da irmã, por A mãe grava uma mensagem em
esta se ter deixado enredar nas malhas crioulo: “Ela diz que me ama muito,
do tráfico. ”Ela não podia dar ouvidos que gosta de mim. Eu senti que ela
a essas pessoas, só porque queria ter está diferente. Não era assim, era mais
uma boa casa, um carro, uma vida boa. forte. Ao ver-me aqui, ela vai-se
Agora, imagina a vida boa. Está abaixo”, diz Soraia.
presa!”. Talvez atormentada pelo
arrependimento, ou pelas palavras crí- Traficante ameaçou
ticas dos familiares, na sua cela, sequestrar-lhe o filho
Vitalina responde com palavras de Mas há outros desígnios, tenebrosos,
esperança: ”Que eles me perdoem por que levam estas mulheres a arriscar
tudo o que eu fiz; mas vou sair daqui serem “mulas da droga”. O drama
outra mulher, pois amo muito o meu vivido pela cabo-verdiana Lucília
marido, os meus filhos e a minha chocou especialmente os repórteres do
família”. “Fantástico”. Para a família, a ilusão
“Nós, mulas, não ganhamos. Quem do dinheiro fácil era insofismável:
ganha é o traficante mesmo. O que nós ”Quando eu recebi a notícia que ela
ganhamos é sofrimento, dor, vergonha estava presa, a minha cabeça quase
da família”, confessa Dulce Helena que explodiu. Como é que eu vou bus-
dos Santos, outra das cabo-verdianas car trabalho, com dois filhos?”, inter-
detidas. roga, ouvido na reportagem, Alvarino
Borges, marido de Lucília. Mas esta
Não encontrava trabalho apresenta outra versão dos factos: con-
Numa casa em Cabo Verde (não iden- fessa que um dos traficantes nigerianos
tificam o local), os jornalistas encon- teria sequestrado o filho e a obrigou,
tram a mãe, a irmã e a filha de Soraia sob chantagem, a ir buscar a droga ao
Clarete, outra compa- Brasil. ”Eu respondi-
triota nossa presa, no As quatro -lhe: ‘solta o meu filho,
Ceará, por transportar
três quilos de cocaína.
cabo-verdianas detidas que eu faço o que você
quer’, revela Vitalina. O
“Há muito tempo que num presídio no Ceará menino encontra-se
ela procurava trabalho, contaram ao bem, mas a lição foi du-
mas não encontrou “Fantástico” o seu ra, demasiado dura, para
nada por aqui”, refere esta mulher que terá de
uma das familiares. drama e os motivos passar os próximos qua-
Conta que Soraia nun- que as levaram a tro anos no presídio
ca tinha se envolvido serem seduzidas pelas Auri Moura Costa. Ela e
em crimes até conhecer as outras três compatrio-
um traficante da Ni- quadrilhas de tas, as quais acabam por
géria. Ela receberia o narcotraficantes reconhecer que nada
equivalente a R$ 3 mil nigerianos: a busca de pode justificar o crime
(cerca de 100 mil escu- autoridades policiais corruptos são
dos) para traficar a
uma vida melhor foi grave que cometeram. me colocou aqui para aprender a dar
“A única coisa que eu valor à vida”, ressalta Vitalina, procu- fatores que propiciam a livre actuação
droga. “É doloroso ver um dos factores tenho que pedir é des- rando explicações transcendentais para dos “abutres” do narcotráfico. Com
uma coisa assim acon- culpa e perdão”, refere uma conduta que ela agora reprova. resultados positivos, diga-se de pas-
tecer, com uma pessoa que você gosta. Lucília dos Santos. “No meu futuro, eu Três histórias de vida, três dramas, afi- sagem: em 2009, das 822 apreensões
A minha mãe não fala nada, mas ela queria trabalhar, cuidar do meu filho. nal, recorrentes num continente onde de cocaína na Europa, 122 foram efe-
chora todas as noites”, revela uma das Esse mundo eu não quero mais”, as várias carências, a luta pela sobre- tuadas em voos provenientes da África
parentes. planeia Dulce. “Quem sabe se Deus vivência, a existência de Estados e Ocidental.

polichinelo

GAIVOTAS
Começa a desvendar-se um dos
mistérios da cidade da Praia: como é
que Felisberto Vieira (Filu)
conseguiu aumentar o seu património
capitalino em 8 anos de mandatos
autárquicos, passando de uma casa
para três edifícios na Praia-Maria, e
pelo menos mais um nos Estados
Unidos, onde reside um filho seu?
Não foi certamente, como se topa
pela figura, poupando na dieta para
amealhar “auréleos” (notas de mil
escudos). Nem certamente foi
devorando os pombos da cidade da
Praia. O pobre Filu, para estar tão
aumentado de físico e de governança,
durante oito anos poupou em
almoços e jantares e comeu, comeu,
comeu… gaivotas. Por isso há tão
poucas por estas bandas.
boka

CAMBALHOTAS
IDIOTAS
O pobre do Armindo Maurício
(hips!) dá cambalhotas e
cambalhotas à imaginação para
tentar explicar agora a todo o
mundo como é que a OMCV
ganhou mundos e fundos (ou
fundos imundos?) para começar
a entregar, a fundo perdido, 30
contos por mulher (não a todas
as cabo-verdianas, obviamente)
para poderem criar o seu próprio
negócio: eleições à porta, pois
claro.
Compra de votos, “banho”,
indubitavelmente. Se Maurício
armou-se em espertinho a exigir
que o MpD esclarecesse a
origem dos seus dinheiros
eleitorais, impõe-se agora que
ele explique de que cartola saem
os seus “coelhos” nada
“inocentes”. Diga lá, Armindo
Maurício (hips!), de onde é que
vem tanta maçaroca? Pare com
as cambalhotas que só entortam
os miolos; seja homenzinho,
diga lá. Polichinelo sabe a
origem da súbita riqueza
amarela, mas respeita a Maurício
a honra de ser ele o primeiro a
dizer.
bedjo
Aviso à navegação:
polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
Armindo e os seus papagaios,
distribuídos pelos diversos meios
ditos de Comunicação (Propaganda
do PAICV), propalam que o MpD,
ao contrário deles, não tem ideias. À
maneira de Goebbels, o
propagandista-mor de Adolf Hitler,
os “filhos da pulga” estão
convencidos que mentira repetida
mil vezes torna-se verdade.
Polichinelo, em homenagem aos
idiotas do PAICV, oferece-lhes uma
prenda: um motivo propagandístico
da Câmara Municipal do MpD
(Praia), com data de Fevereiro de
2010 – está lá, para quem souber e
quiser ler “Praia está a mudar”. Em
Novembro deste ano, os idiotas do
PAICV lançaram “Cabo Verde sta ta
muda”. Perceberam a originalidade
do PAICV? Perceberam a ideia
“nova” do PAICV/Armindo/
Neves/papagaios? Depois desta
criatividade dos idiotas do PAICV
torna-se obrigatório registar
autorias: os idiotas, à falta de
melhor, andam no kasu-bodi.

DERROTAS
Andou o Zé Maria armado aos
cucos a atacar Carlos Veiga por se
ter demitido de Primeiro Ministro,
no ano 2000, para se candidatar à
Presidência da República: Veiga
apenas cumpria as regras do jogo
democrático, que exigem que um
candidato renuncie aos cargos de
Estado que desempenha. Zé Maria
prova agora que é analfabeto em
matéria de democracia. Tanto que
admite que Inocêncio de Sousa
(ministro) e Aristides Lima
(Presidente da Assembleia Nacional)
assumam a candidatura a sucessores
de Pedro Pires, violando a lei: não
se demitem. Para Zé Maria isso é
normal. O que não é normal é
cumprir-se a lei como Veiga o fez.
Polichinelo pergunta: seria normal
que o “amigo dos thugs” conhecesse
a lei? É evidente que não. É por isso
que Zé Maria, enredado na
Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 15
trapalhice, vai de tropeço em
tropeço para inevitáveis derrotas.

BATOTAS
De falhanço em falhanço, assim vai
Zé Maria tropeçando no absurdo e
no anedótico: tendo como (maus)
conselheiros Filu e o desespero, na
ânsia de construir ilusões que
alimentem a sua propaganda
eleitoralista e atormentado pela
vaga de fundo que conduz Veiga
para a vitória em 2011, Zé Maria
faz de “macaquinho de imitação” e,
catrapumba!, afoga-se na farsa.
Carlos Veiga reuniu mais de 8 mil
mulheres em comício na Praia? Zé
Maria e seus conselheiros trataram
de o imitar: também seriam capazes
do mesmo. Assim pensaram. O pior
é que os cálculos falharam e o
espaço do Parque 5 de Julho
ameaçou ficar enorme clareira onde
algumas mulheres esbracejavam.
Vai daí, à pressa, o partido tratou de
arregimentar homens e mais
homens para “compor o cenário”.
Perante o que viu, Polichinelo
pergunta: como é que se sentem os
tambarinas-machos no papel de
tambarinas-fêmeas? É igualdade de
género ou género único?
!?!
!!
kasu-bodi
“As próximas eleições
não são escolhas de
partidos, mas sim, do
futuro de Cabo Verde.”
José Maria Neves em São
Vicente
Polichinelo concorda:
PAICV é já passado
“Neste ano de 2010, pela
primeira vez na história
de Cabo Verde, o valor da
dívida pública atingiu
99% do PIB nacional,
incluindo a dívida
contingente das empresas
públicas que se estima na
ordem dos 13% do PIB.”
Jorge Santos in “Os custos da
infra-estruturação de cabo
verde / Janelas escancaradas
à corrupção”
Polichinelo: para se ter o
futuro, é preciso afastar
de vez esta desgraçada
governação
16 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010
coisas do mundo
Portugal: já se mexem barões e figurões
O sobressalto
socialista
Sócrates ainda não caiu, mas as tropas socialistas já andam em polvorosa à procura de líder.
É a “dança das cadeiras” num partido sem ideias, sem rumo e sem ideologia
É
a chamada “navegação à
costa”. O Partido Socialista
(PS) já não tem agenda, não
tem projeto, ainda só mantém uma ca-
ricatura de líder desacreditado, agasta-
do e abatido. É que, para além das
políticas, das mentiras, das promessas
não cumpridas e dos “golpes de rins”,
o líder socialista José Sócrates trans-
porta como gangrena a circunstância
Os dias contados de José Sócrates
Com o Governo e o Partido Socialista a resvalarem para o quase já inevitável desastre, puxados por crises concêntricas (social, económi-
ca e política), acentuam-se rumores de que José Sócrates prepara uma remodelação no Executivo: quem a sair e quem a entrar, quais as
pastas atingidas – são ainda incógnitas
T ransparece, no entanto, desta even-
tual remodelação que Sócrates
procura um novo fôlego para ultrapas-
sar as tormentas de um processo eleito-
ral (para as Presidenciais), onde aconte-
ce que o PS se reparte por um candida-
to ingénito (Alegre), condenado a ser ci-
lindrado pelo rolo compressor da recan-
didatura de Cavaco Silva (que, segundo
sondagens, recolhe larga margem de
simpatias no eleitorado socialista); por
um candidato emergente do aparelho do
próprio PS, Defensor de Moura, com
pequeníssima expressão eleitoral; e por
um candidato independente, Fernando
de o seu nome estar ligado a quase
tudo o que não devia, suscitando per-
plexidades, incompreensões e reve-
lando traços de um caráter recalcado e
dúplice.
Ao mesmo tempo que a contestação
social – agora sedimentada pela greve
geral de anteontem -, adquire novo im-
pulso, o manto da conspiração vai
tomando conta do PS, onde barões e
Nobre, capaz de também pescar magra
fatia no mar socialista.
Em minoria no Parlamento, o PS de Só-
crates corre o sério risco de ser estra-
çalhado num processo eleitoral onde os
partidos pouco contam. E esse ainda
será o mal menor. Não se trata apenas
da rebelião de António José Seguro,
antigo “duplo” de Sócrates, entrado
agora em rota de colisão. Nem das
polémicas declarações de Luís Amado,
ministro dos Negócios Estrangeiros,
que, reclamando uma coligação no
Governo, apanharam de surpresa o che-
fe do Executivo e o catapultaram a pri-
figurões cerram fileiras para a entroni-
zação do líder de sucessão. Líder tran-
sitório, já se vê, que as “grandes estre-
las” não se querem queimar no rescal-
do da previsível queda socratina,
preferindo lançar para a fogueira figu-
ras menores, como o atual líder parla-
mentar, Francisco Assis, ou mesmo
Carlos César – o presidente do Go-
verno Regional dos Açores – que,
meiro sacrificado na esperada remo-
delação. Trata-se sobretudo da intran-
quilidade nas hostes que, em voz cada
vez mais alta, reclamam a queda do seu
próprio Governo e desejam abertamente
que o líder do principal partido de
oposição, Pedro Passos Coelho, derrube
Sócrates, ou lamentam que Cavaco
Silva não tenha, em tempo, aberto o
livro das eleições antecipadas.
Autarcas, sindicalistas ou barões do
aparelho partidário mostram-se ansio-
sos que Sócrates passe à história – um
“sonho mau” que, depois dos já delapi-
dados dias eufóricos, é agora pesadelo
consta-se, tem sido sondado por Sócra-
tes, que veria nele a personagem ideal
para lhe suceder.
Um partido sem
referências
Não que Sócrates sinta alguma von-
tade de abandonar o poder de motu
próprio, mas a previsível queda do
governo após as eleições presidenciais
de Janeiro de 2011 é uma possibilidade
cada vez mais real, assumida implici-
tamente por todas as forças políticas
com assento parlamentar, socialistas
incluídos.
António José Seguro que, desde há
alguns anos, tem vindo a construir cor-
rente e criar espaço para tentar uma
candidatura à liderança, conquanto
some apoios entre as bases socialistas
– que o vêem como um referencial de
seriedade que resgate o PS do lodaçal
dos últimos tempos -, é encarado como
elemento estranho pelo aparelho par-
tidário e pelos eternos candidatos à
liderança, nomeadamente António
Costa que, calculista, não se quer
queimar no lume brando da era pós
socratina – preferindo reservar-se para
daqui a uns anos – e apostando clara-
mente numa candidatura de Assis,
ponte de convergência das várias cor-
rentes, dos vários barões, da soma de
todos os oportunismos.
Até Ferro Rodrigues, do seu “exílio”
dourado de Paris (onde é embaixador
na OCDE) – uma benesse oferecida
pelos “camaradas”, depois de ter sido
chamuscado pelo escândalo de pedofi-
lia da Casa Pia -, anda num frenesim
de almoços, jantares e encontros para
que o partido não caia no vazio.
A era de Sócrates secou tudo à volta. A
esquerda e os liberais do PS, com sen-
tido da honra e projeto alternativo,
foram abandonando as hostes e nave-
gam agora por outras águas. Nunca
como agora o equívoco histórico que
sempre foi o Partido Socialista é tão
enfatizado. E o pânico começa a tomar
conta das tropas: o partido parece ter
entrado num processo de desagre-
gação…
de que não sabem como sair.
Enquanto isso, refletindo no espelho
mágico igual agonia de alguns gemina-
dos que, em outras épocas, com ele om-
brearam, Sócrates desbobina discursos
de espalhafatosa mistificação: são disso
exemplo os números do desemprego –
num dia, o Governo bravata com re-
dução de desempregados inscritos nos
Centros de Emprego (omitindo que a
legislação determina tempos limitados
para essa inscrição) e no dia seguinte
sabe-se que esse número atinge os 610
mil, a maior cifra de que há memória
em Portugal.
Vaticano entre
o não e o “nim”
Papa
admite
preservativo
A tradição já não é o que era.
Sinal dos tempos, o Vaticano
tem um novo olhar sobre a
camisinha
B ento XVI voltou a surpreender a
comunidade internacional. Po-
rém, desta feita, pelas melhores razões.
Efectivamente, o chefe da Igreja
Católica defendeu no sábado o uso de
preservativo “em determinadas condi-
ções”, tendo desde logo suscitado rea-
ções de congratulação, nomeadamente,
por parte da Organização Mundial de
Saúde (OMS).
As declarações de Bento XVI foram
reveladas num opúsculo (“Luz do
Mundo”) com uma entrevista dada
pelo Papa ao jornalista alemão Peter
Seewald, onde a questão é abordada
numa ótica preventiva de redução de
“riscos de contaminação”.
Defendendo,
no entanto, "Pode haver casos
não ser esta
“uma solução pontuais,
verdadeira e justificados, como
moral”, o Pa- por exemplo a
pa admite a
sua utilização utilização do
“num ou nou- preservativo por um
tro caso, em-
bora seja utili-
prostituto”
zado para di- [Bento XVI, dixit]
minuir o risco
de contágio, o preservativo pode ser
um primeiro passo na direção de uma
sexualidade vivida de outro modo,
mais humana”. E adianta: "Pode haver
casos pontuais, justificados, como por
exemplo a utilização do preservativo
por um prostituto, em que a utilização
do preservativo possa ser um primeiro
passo para a moralização, uma
primeira parcela de responsabilidade
para voltar a desenvolver a consciência
de que nem tudo é permitido e que não
se pode fazer tudo o que se quer. Não
é, contudo, a forma apropriada para
controlar o mal causado pela infecção
por HIV. Essa tem, realmente, de
residir na humanização da sexuali-
dade."
 Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 17

em jogo
Futebol. Santiago-Sul S. Vicente

Derby vence
Travadores perde Torneio de Abertura

na jornada inaugural

A equipa do Derby goleou o

Salamansa por 4 a 1 e conquistou
o torneio de abertura de futebol em
São Vicente quando faltava uma jorna-
da para o término da prova, conquis-
tando assim o primeiro troféu da
prova. Os golos do Derby foram apon-
tados por Kula, Tony, Chalino e Gil.
No outro jogo da tarde de domingo,
Falcões do Norte derrotou o Batuque
por 2-1, mantendo o segundo lugar na
classificação geral, seguido pelo
Mindelense, que sábado goleou Ponta
D´Pom por 4-1, no Adérito Sena.
No sábado, o Amarante ganhou a Aca-
démica do Mindelo por 2-1.

Pede desculpas à Académica pela burla

Fufuco veio
A Associação Regional de futebol lá conseguiu dar a volta por cima, terá saldado uma dívi-
da de quase mil contos para com os árbitros e a bola rolou na Várzea. Falou-se muito dos
retratar-se na Praia
reforços dos Travadores para a nova época desportiva, mas esta saiu derrotada frente à Fufuco, o melhor jogador de Cabo
Mica na jornada inaugural. O Boavista e o Sporting confirmam serem favoritos ao ceptro Verde na temporada passada está
em Santiago-sul… com vitórias de passagem pela Cidade da Praia
para “tratar de assuntos

A
Académica da Praia venceu
os Travadores por 3 bolas a
zero, no arranque do regional
de Santiago-Sul. Apesar da expetativa
criada pela imprensa em torno da
equipa encarnada, estes viram Micá
inaugurar o marcador logo aos 6 minu-
tos, por intermédio de Félix, o nigeria-
no que no ano passado jogou nos
campeões regionais, o Sporting da
Praia.
Sem grande reação dos Travadores, os
“estudantes” chegaram com naturali-
dade ao segundo e terceiro golo, mar-
cados por Ridney e pelo regressado
Campeonato Regional Santiago-Sul
1.º - Boavista
2.º - Académica
3.º - Desportivo
4.º - Sporting
5.º - Varanda
6.º - Vitória
7.º - R. Grande
8.º - Celtic
9.º - Bairro
10.º Travadores
Lucas, na etapa complementar. marcado pelos “militares” e Quiroga
No sábado, o campeão Sporting entrou empatar pelos “rapazes de Achadinha” pessoais”. Ou melhor, veio pagar
a ganhar frente ao recém-promovido ainda na primeira parte, o Desportivo o que ficou a dever à Académica
ao primeiro escalão, Ribeira Grande, viria a jogar durante 50 minutos da Praia quando, no defeso,
por 1-0, golo do defesa Admar. reduzida a nove unidades, por expul- ofereceu-se a jogar na Micá a
No outro jogo da tarde o Varanda são de dois jogadores, na sequência da troco de um bom subsídio que
venceu o Vitória por uma bola a zero. marcação de um penalty polémico que recebeu e depois viajou para o
A fechar a ronda inaugural, o Boavista deu o golo ao Celtic. Mesmo em infe-
Qatar a fim de militar numa equipa
bateu o Bairro por três bolas sem rioridade numérica, o Desportivo
resposta. Micá, Nuna e Vando mar- acabou por marcar mais dois golos, daquele país do Médio Oriente
caram os golos dos campeões fixando o resultado final em 3-1.
nacionais.
Mas, o jogo da semana foi aquele que
Boavista e Académica lideram para já
a prova, enquanto o Bairro e os
E m entrevista ao jornal “A Sema-
na” on-line, António Tavares, o
nome de baptismo de Fufuco, disse
jornal.
Entretanto, continua aquele jornal digi-
tal citando o jogador, “apareceu a opor-
colocou frente-a-frente o Celtic e o Travadores ocupam o último ligar. Ver com todos os dentes que um dos assun- tunidade e viajou no mesmo dia, pelo
Desportivo da Praia. Depois de Ró ter tabela: tos a tratar nos poucos dias que irá ficar que não teve tempo de avisar nem
na Praia é esclarecer alguns “mal-en- esclarecer os responsáveis da Micá.
tendidos” e devolver os 150 contos que Podia contactá-los por telefone, mas
a Académica lhe deu, mais alguns sub- queria resolver isso pessoalmente e é o
sídios (inclusive para representar a que vou fazer nesta semana que tenho
J V E D BM-BS P Seleção de Cabo Verde no Senegal), em Cabo Verde. Estou preparado para
1 1 0 0 3-0 3 dando assim razão aos dirigentes do tudo”, concluiu.
clube estudantil que ameaçaram recor- Esta posição de Fufuco desmente de-
1 1 0 0 3-0 3
rer à FIFA. clarações dos dirigentes do Boavista
1 1 0 0 3-1 3 “Vou começar a jogar em Dezembro proferidas na altura, negando que o jo-
1 1 0 0 1-0 3 pelo Al Intag Al Herbi, clube de polí- gador tenha assinado pela Académica.
1 1 0 0 1-0 3 cias da primeira divisão do Egipto. Mas Este caso veio pôr mais acha na foguei-
1 0 0 1 0-1 0 vim apenas por uma semana para ra, pois há quem defenda que a ser ver-
resolver algumas situações, entre elas o dade que o Boavista recebeu algum di-
1 0 0 1 0-1 0
caso da ficha assinada com a Aca- nheiro pela transferência do jogador pa-
1 0 0 1 1-3 0 démica e outras coisas que saíram nos ra o Qatar, o negócio teria de se reverter
1 0 0 1 0-3 0 jornais”, disse àquele jornal, adiantan- a favor da Académica a quem pertencia
1 0 0 1 0-3 0 do que assinou pela Académica sem in- o jogador, a partir de 1 de Setembro do
tenção de sair para jogar fora, escreve o corrente e até a época de 2012.
18 • Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010
olhem para elas
Saúde bucal na nha terra
Bafo fedi
Zarina Santos
Graduanda em Odontologia
H
alitose nada mais é
que mau hálito, “bafo
fedi”. Chato, não é?
Tanto para quem o tem como
para quem convive com quem
o tem. A minha missão, esta
semana, é mostrar os porquês e
como o tratar.
Os especialistas mostram que
50% da população adulta tem
“bafo fedi”. Só nos Estados
Unidos da América, cerca de
60 milhões de pessoas sofrem
de halitose crónica. E grande
parte dos que têm esse proble-
ma não se dão conta até que
alguém lhes diga. Se é amigo
de alguém ou é seu colega de
trabalho, dê-lhe um toque deli-
cadamente.
Causas? Hummm… são
muitas. Caneta e papel na mão,
aqui vamos nós: desde a mais
comum, que é higiene bucal
inadequada, pela falta de esco-
vação, falta do uso de fio den-
tal; passando pela gengivite,
inflamação da gengiva; pela
ingestão de certos alimentos,
como o alho e a cebola; pelo
tabaco e produtos alcoólicos;
pela boca seca, devido ao uso
de certos medicamentos, le-
vando a menor produção da
saliva; até a doenças sistémi-
cas, cancro, diabetes, proble-
mas com o fígado e rins.
Como descobrir se
tem halitose?
O mau hálito matinal, depois
de acordar, é devido à menor
produção de saliva durante a
noite, o que permite os ácidos e
outras substâncias se deterio-
rarem no interior da boca.
Neste caso, escovar bem os
dentes e a língua e usar fio den-
tal, antes de dormir e ao se le-
vantar, sempre ajudam.
O método antigo funciona.
Discretamente, cubra a sua
boca e o nariz com as mãos,
exale e sinta o seu hálito. Mas
pode arriscar, perguntando
àquele amigo que topa tudo,
como está o seu hálito.
Descobrindo que tem esse
“probleminha”, vamos então
saber como prevenir: logica-
mente, evitando alimentos que
causam mau hálito; escovar
bem os dentes, duas vezes ao
dia, e use fio dental diaria-
mente para remover a placa
bacteriana e as partículas de
alimento que se acumulam
todos os dias.
Escovar a língua também ajuda
a diminuir o mau hálito;
remover a prótese antes de
dormir, limpando-a bem antes
de recolocá-la de manhã.
Se, mesmo sendo um “super
homem” na limpeza dos seus
dentes, constatar que o seu
amigo continua dizendo “forti
Cabelos infantis
bafo fedi”, é hora de consultar
um dentista ou um médico, já
que isso pode ser a indicação
da existência de um problema
mais sério. Só o dentista
poderá dizer se você tem gen- P odem chorar, insistir e chorar mais um pouco, bater o pé e chorar ainda mais um
pouco. Antes dos 12 anos não se deve fazer nenhum tratamento químico em crianças.
givite, boca seca ou excesso de Mas porquê?
placa bateriana, que são as Hoje em dia podem até comportar-se como adultas mas, tal como elas, os fios capilares
prováveis causas do mau háli- continuam crianças, são mais delicados, não estando prontos para sofrer muitas agressões.
to, ou algum outro problema Os especialistas em cabelos infantis garantem que não existe química para cabelos mais
sistémico. fracos, indicada para crianças. Por isso é que é altamente desaconselhável que elas façam
qualquer tipo de pintura ou alisamento antes dos 12 anos de idade. E, quando chegarem a
esta idade, isso deve ser feito aos poucos. Além de estragar o cabelo, os produtos podem
Se, mesmo causar reação alérgica.
sendo um Seguindo a lógica de que os cabelos infantis são mais frágeis que os adultos, é
“super homem” aconselhável que os pequenos usem produtos especiais. “O ideal é só usar xampô e
condicionador próprios para crianças. Eles não ardem os olhos e são indicados para cabelos
na limpeza dos
virgens, com o PH certo e não deixam tantos resíduos. Por outras palavras: são mais leves
seus dentes, que os produtos para adultos.
constatar que o Na rotina, durante o período escolar, não se deve lavar todos os dias ou um dia sim e um
seu amigo continua dia não, pois é muito difícil ver uma criança com raiz oleosa que a obrigue a lavar tão
frequentemente. Para as nossas crianças que vivem no mar, deve-se fazer hidratação uma
dizendo “forti bafo vez por mês.
fedi”, é hora de
consultar um
dentista ou um
médico, já
que isso pode ser a
ReceitaCaseira
indicação da
•1 colher (chá) de curry
existência de um •1 pitada de sal
problema mais sério •3 colheres (sopa) de amêndoas trituradas
Para polvilhar: amêndoas trituradas
Modo de preparo
Arroz
Arroz 1. Numa panela média, aqueça o óleo e
refogue o arroz por 1 minuto. Acrescente
o sachê de tempero KNORR e a água, e
com frango cozinhe com a panela parcialmente
tampada, por 10 minutos.
2. Abaixe o fogo, tampe a panela e
e amêndoas cozinhe por mais 5 minutos ou até secar
o líquido.
Ingredientes:
Frango
Arroz
1. Em uma frigideira média, aqueça o
•1 colher (sopa) de óleo
•1 xícara (chá) de arroz
azeite, junte o frango, a cebolinha, o
•1 envelope de tempero KNORR curry e o sal, misture e refogue por
•2 xícaras (chá) de água fervente alguns minutos.
2. Retire do fogo, junte as amêndoas e
Frango coloque num refratário médio.
•1 peito de frango cozido em água e sal e Acrescente o arroz reservado e misture
desfiado (250 g) até ficar homogéneo.
•1 colher (sopa) de azeite de oliva 3.Polvilhe amêndoa triturada e sirva em
•2 colheres (sopa) de cebolinha verde picada seguida.
 Já • Sexta-feira 26 Novembro 2010 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Pessoa que come; Golpe de faca.
2 – Patrão; Desfolhar.
3 – Descascaria; Rio de Itália, o
“Erídano” antigo, que banha Turim.
4 – Ossada; Tendência.
5 – Prazer; Ensejo.
6 – Convento; Fundos.
7 – Mais mau; Fritura.
8 – Arrás; Manejara.
9 – Coriféu; Obstáculo.
10 – Suécio; Ala.
Ajuricaba manda prender André 11 – Achata; Aplana.

M arta conta a Virgínia que Ajuricaba saiu da delegacia muito perturba-

do e as duas ficam preocupadas. Com a arma apontada a André,
Ajuricaba insiste para o jovem dizer onde Sónia e Sérgio estão. Escondida,
Verticais:
1 – Deus romano, filho de Júpiter e de
Sónia observa tudo. Ajuricaba manda Cardoso revistar a casa. Sónia aparece Sémele; Marca prazo a.
enrolada numa toalha. Ajuricaba manda Cardoso algemar André. Sónia diz a 2 – Folhoso; Avançavas.
Ajuricaba que se André for algemado vai ficar nua. 3 – Povos guerreiros da Ucrânia e das
Cardoso algema André e Ajuricaba diz ao jovem que ele vai ser preso por margens do Don, que gozavam de certa
pedofilia. Sónia deixa claro que está ali porque quer e chama o pai de dita- autonomia administrativa; Sua.
dor. Sónia pede para o pai soltar o namorado. Virgínia liga para o celular de 4 – Ligar; Banto.
Cardoso e insiste em falar com o marido. Ajuricaba diz que não vai falar e 5 – Segundo filho de Príamo e de
deixa Virgínia muito preocupada. Patrícia e Lincon seguem pela estrada,
Hécuba; Tri.
felizes. Ajuricaba leva André algemado para a delegacia. Ajuricaba liga a
6 – Castigais; Que não tem força. TRAVANCA. 10 – Z; SUECO; HAZ. 11 – AMASSA; RASA.
Virgínia e diz que Sónia estava na casa de Lincon. Ajuricaba chega à delega-
cia e manda Virgínia ir para casa com Sónia. 7 – Junto; Enterro. CAS; CUS; S. 7 – PIOR; FRITO. 8 – RAS; TRATARA. 9 – AS;
Joca ouve mais uma vez a gravação em que Flores conversa com o general e 8 – Erva-mate; Abundante. CASCARIA; PO. 4 – OSSARIO; COR. 5 – OASIS; MARE. 6 – A;
Horizontais: 1 – BOCA; FACADA. 2 – AMO; PELAR; C. 3 –
diz que a revolução está avançando. Arminda liga a Joca e pede para ele ir até 9 – Atmosfera; Pancada na cabeça.
a empresa. Sónia revela a Virgínia que sempre namorou André e que Sérgio 10 – Ocaso; Antas.
Soluções:
os ajudava a livrar-se da perseguição de Ajuricaba. Marta diz a Ajuricaba que 11 – Azias; Auxilia.
a prisão de André é ilegal. Possesso, o delegado afirma que assume os riscos.
Filomena pergunta a Tito se ele quer que ela vá com ele para São Paulo.
Ele diz que vai ser uma viagem rápida e que ela não precisa ir. Marta dá o
telefone para André, que liga para os pais. André conta a Patrícia que
Ajuricaba o prendeu e ainda colocou uma arma na cabeça dele. Furioso, Boa Mesa Farmácias
de serviço
Lincon segue em direção a Ribeirão. Arminda conta a Joca que acha que Ari
vai se vingar, pois ela não cedeu ao pedido dele. Joca explica a Arminda que
grampeou o telefone de Flores e revela que tem quase certeza de que quem
tentou matá-lo foi o professor. Cardoso diz a Ajuricaba que fez o exame de
corpo delito em André. O delegado manda Cardoso levá-lo para sua sala para
prestar depoimento.
O “Pescador” Praia
25/11 – Farmácia
Universal
26/11 – Farmácia 2000
SIC • Passione 27/11 – Farmácia
Moderna
28/11 – Farmácia Central
29/11 – Farmácia Santo
António
30/11 – Farmácia
Africana

C om pouco mais de seis meses, o

“Pescador”, situado na Prainha, é o
restaurante de luxo mais procurado pela
classe alta da capital, como é também o
único a aplicar o conceito Cuisine, de
Melina tenta arrancar aliança de Diana inspiração francesa.
Porco. Os restantes pratos (como não
podia deixar de ser) têm por base o peixe
e o marisco.
01/12 – Farmácia
Avenida
Com o prato mais barato a 1.400 escudos 02/12 – Farmácia Santa
(peixe), os mais caros (a lagosta feita de
diversas formas) pode atingir os 2.800
Isabel

C lara convence Totó a escutá-la. Candê e Felícia veem os dois saindo

juntos. Melina descontrola-se e tenta arrancar o anel do dedo de Diana.
Gerson encontra Saulo vendo o seu computador. Stela conta a Sinval,
Como restaurante gastronómico que é,
“Pescador” marca a diferença não só na
apresentação dos pratos como também
Lorena e Arthurzinho que vai se divorciar. Saulo ameaça contar o segredo de pela qualidade do serviço.
Gerson se ele não o apoiar na próxima assembleia. Em conversa com o chefe de cozinha,
Totó não acredita na história de Clara. Gemma conta a Candê que Fred e Nuno Soares de Melo, ficámos a saber
Clara são considerados suspeitos do assassinato de Eugênio. Valentina vê que os produtos utilizados são, na sua
Candê levar Amendoim para casa. Jackie diz a Jéssica que tem uma ideia maior parte importados, seguindo todos os
para Clô voltar para casa, mas Olavo não gosta. Saulo pensa em como fazer passos para agradar à clientela, proporcio-
para Melina apoiá-lo na assembleia. nando-lhes pratos de alta qualidade. A
Stela decide encontrar-se com Agnello e Lorena vai atrás da mãe. Diogo, um carne por exemplo é importada do Brasil.
cantor contratado por Talarico, pede para conhecer Clara. Cavarzere teme Da ementa, para quem gosta de carne,
pelo depoimento de Saulo. Saulo surpreende Melina mexendo no computa- escolhemos três opções: o Tornedó ao
dor de Diana. Bete vai à cantina onde Clara trabalha. fogo, Fillet de Vaca, e o Lombinho de
escudos.
Os vinhos existem para todos os gostos e
bolsos: podemos encontrar vinhos que
S. Vicente
vão desde os 1.200 escudos até ao Barca 25/11 – Farmácia Leão
Velha (Dão) que custa 20 mil escudos. 26/11 – Farmácia Nena
A sugestão do chefe vai para o Esmoregal 27/11 – Farmácia Higiene
corado em cama de Couscous aromatiza-
do com água de marisco e ovas de peixe 28/11 – Farmácia Jovem
ou Lagosta. Enfim mais um daqueles 29/11 – Farmácia
pratos só viáveis em restaurantes requinta- Mindelo
dos.
Se você procura alta cozinha e um serviço 30/11 – Farmácia
VIP, dirija-se à Praia Guesthouse e, acre- Avenida
dite, não se sentirá desapontado.
 Já SEMANÁRIO GRATUITO

bai-bai
Sexta-feira 26 Novembro 2010
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com

ChelseaTavares
da Brava para Hollywood
Com apenas
19 anos
de idade, esta
menina de
sangue
bravense
desdobra-se em
várias
atividades,
desde o cinema,
música e
modelo
publicitário de
conhecidas
marcas. Onde
vais parar,
Chelsea?

O
bra do destino: com raí-
zes familiares ligadas à
Brava, terra de homens
do mar e gente de fibra,
Chelsea Tavares participou na série
CSI-Miami, num episódio intitulado
“On the Hook” ( “No Anzol”), que
estreou na CBS no passado sábado,
21, no qual os detetives da polícia ci-
entífica, chefiados por Horatio Caine
(o ator David Caruso que invariavel-
mente usa fato e óculos escuros) ar-
riscam a vida a tentar descobrir quem
são os suspeitos na tentativa de assas-
sínio de um pescador.
A beleza desta menina de sangue bra-
vense,com apenas 19 anos e olhar do-
ce, logo deu nas vistas aos produtores
cinematográficos da Califórnia, que a
convidaram a participar em outras
séries televisivas de grande audiência,
como foi o caso de Just Jordan e Un-
fabulous, transmitidas pela Nicke-
lodeon. No cinema também parti-
cipou nos filmes The District, ao lado
de atores como Lynne Thigpen, de Cabo Verde, promovendo também
Roger Aaron Brown e Sean Patrick. a unidade e a paz em África e em todo
Considerada uma estrela em ascensão o mundo.
no mundo competitivo de ilusões (e Agora, Chelsea prepara o seu primei-
grandes desilusões…), como é o ci- ro CD a solo, após alguns anos como
nema de Hollywood, “back vocal”. O pri-
Chelsea não descura a Estrela em ascensão meiro videoclip vai
música de sons quen- no mundo denominar-se "Don’t
tes e afetivos (cá está competitivo, de waste my time", tra-
o sangue cabo-verdia- duzido à letra, “Não
no a correr-lhe nas ilusões (e grandes desperdices o meu
veias) tendo recente- desilusões…) como é tempo”. E de fato,
mente gravado um o cinema de Chelsea não tem per-
novo single, intitulado
“Happy”, em dueto
Hollywood, Chelsea dido tempo, uma vida
cheia, sempre debaixo
com o colega Lil JJ, e não descura a música dos holofotes, desde
produção musical do de sons quentes e que, com apenas 10
também ator e músi- afectivos anos de idade, deu voz
co, Kendre, conhecido a Nala, a amiga leoa
pelo público pelo seu papel como do Rei Leão, tendo feito por essa
Jabari, na serie “Girlfriends”. altura “spots” publicitários para mar-
Chelsea Tavares já tinha gravado com cas como Burger King e GAP. Uma
os “Mendes Brothers”, os irmãos Ra- carreira de sucesso, “non stop”, que
miro e Joäo Mendes, que dedicaram muito orgulha a Diáspora cabo-ver-
toda a sua carreira a inovar a música diana. Força, Chelsea!