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Curso de Arteterapia - Modulo I PDF
Curso de Arteterapia - Modulo I PDF
Continuada a Distância
Curso de Arteterapia
Aluno:
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO II
2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE
2.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE
2.2 A ARTE NO MUNDO
2.3 ARTE NO BRASIL
MÓDULO III
3 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ARTÍSTICOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO
3.1 ENCONTRO DA PSICOLOGIA COM A ARTE
3.2 PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO DO ARTETERAPEUTA
3.2.1 Psicologia Analítica
3.2.2 Gestalt
3.2.3 Psicodrama
3.3 MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES DE ARTETERAPIA
3.4 O CONSULTÓRIO
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MÓDULO IV
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MÓDULO I
INTRODUÇÃO
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A arte pode ser usada em um contexto terapêutico, de duas formas:
- Uma no sentido de perceber-se o significado da arte expressa pelo
paciente de determinada forma;
- Outra na exteriorização de inúmeros sentimentos (ansiedade, culpa,
frustração, tristeza) que fazem parte do cotidiano de todos e que usam a terapia para
encontrar sua válvula de escape.
Alguns objetivos do curso:
Conhecer a história da arte;
Conhecer a história da terapia (psicoterapia);
Conhecer as bases da arteterapia, seus elementos principais;
Dialogar sobre as diversas formas de expressão artística;
Conhecer o campo de atuação da arteterapia em diferentes contextos;
Exercitar a observação e a “degustação” de diversas formas de arte e
de obras de artistas de diferentes épocas e gêneros;
Elaborar uma sessão de arteterapia;
Visualizar modelos de intervenção arteterapêutica.
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1 FUNDAMENTOS DA ARTE E DA TERAPIA
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FIGURA 1 –“ A PONTE JAPONESA DE GIVERNY” DE CLAUDE MONET
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Depois da breve observação, vamos passar para a próxima imagem,
trabalhando no sentido de aumentar nossa compreensão de arte, de mundo e de
subjetividade.
E esse quadro, qual impressão ele lhe causa, em que o autor pensava ou o
que ele sentia ao pintar essa figura?
E então como foi a experiência? Foi possível perceber as relações entre
observador e imagem?
Ao fixarmos os olhos na imagem, por mais que não tenhamos consciência,
diversos sentimentos, ideias e pensamentos surgem, quase que automaticamente.
A Figura 1, uma tela de Claude Monet (1840-1926), artista francês, faz parte
da série “Ninfeias”, fase em que o pintor se dedicava à pintura de flores do jardim de
sua própria casa. Neste momento da vida artística, Monet reflete em suas telas um
ambiente de paz, natureza, vida, luz. As obras de Monet permitem que se mergulhe
no universo da pintura, fica fácil se transportar para a cena exposta e sentir a
emoção de estar ali, participando da imagem.
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As telas de Monet causam realmente uma “impressão”, não tem como ficar
indiferente, o trabalho com as cores, as luzes, os reflexos e as sombras, causam um
impacto.
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A figura humana, aparentemente desestruturada, doente, retratada em “O
Grito” mostra o desespero de ver o mundo se desfazendo em uma grande fúria,
(note os tons de vermelho no céu) a perenidade da vida e a incapacidade frente à
morte. Certamente este cenário é capaz de retratar a impressão que se tem quando
um ente querido vem a falecer. Nós, ali, estagnados no caminho da vida, e a morte
roubando, sem misericórdia alguma, alguém importante em nossa vida.
A morte é uma imposição desleal ao ser humano, pois não oferece trégua ou
recursos adicionais para o combate, não se pode fazer nada, apenas se conforma,
ou se desespera. Por ser, assim, tão carrasca e provocar diversos sentimentos de
dor, esse tema é retratado frequentemente por inúmeros artistas.
Munch conseguiu uma maneira de sublimar toda essa angústia por meio da
pintura. O que restava a ele, senão pintar o seu grito, a sua dor? A ansiedade é
demonstrada não apenas no semblante do personagem, mas também no fundo,
todo estremecido pelo grito, uma percepção de mundo bastante distorcida pelos
sentimentos de quem vive em grande sofrimento.
A arte por seu aspecto subjetivo permite diversas interpretações, aqui
apresentamos uma delas, mas alguns estudiosos da obra de Munch acreditam que o
que é retratado no quadro é um episódio de Tsunami e uma erupção vulcânica (o
vermelho representaria a lava). Neste caso, o desespero representado seria das
pessoas da região da tragédia.
Contudo, provavelmente todos concordam que a angústia, a doença e a
morte são temas muito presentes em sua obra.
Trabalhar com a morte cria um clima de melancolia e tristeza, entretanto o
terapeuta deve tomar contato com esses temas, pois durante seu trabalho clínico
provavelmente vai se deparar com diversas psicopatologias que iniciaram com a
morte de uma pessoa querida.
Pausando nossa viagem pelas telas desses dois grandes pintores, voltemos
ao conceito de arte.
No seu original a palavra “arte” vem do latim e equivale ao verbete grego
“tékne”. A arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa,
sabendo que tékne se traduz em criação, fabricação ou produção de algo.
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De certa forma, as obras de arte também são formas de compreender a
realidade, dentro de uma dimensão histórica, social e cultural.
Portanto, por mais que tenhamos diferentes reflexões sobre o que é arte,
não possuímos uma definição ou um conceito completo, definitivo e acabado. As
conclusões são baseadas nos conhecimentos e vivências acumuladas ao longo da
existência, determinadas em grande parte pelas transformações sociais.
O desenvolvimento da arte não está enraizado em seu tempo, na realidade,
ele ultrapassa a dimensão da história e do contexto social, dinamicamente acaba
adquirindo formas de acordo com a percepção do observador e pela sociedade à
qual ele pertence. Podemos afirmar que ela é feita duas vezes, uma pelo artista e
outra pelo observador e assim se estabelece uma relação, vejamos o diagrama
abaixo:
PÚBLICO OBRA
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produções quanto de análises processuais das diversas áreas da expansão artística:
artes visuais, música, teatro ou dança.
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portanto, mudanças nas necessidades objetivas dessa sociedade, resultam
em uma função diferente de arte (KOELLREUTTER, 1997).
Contudo, a arte está ligada aos fatores históricos e sociais, mas dialoga
ativamente com nossa sociedade, criando os estilos de época, e acompanhando a
evolução do homem e da tecnologia.
REALIDADE
EXPERIÊNCIAS FATORES
PESSOAIS HISTÓRICOS
POLITÍCA TECNOLOGIA
CULTURA
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nesse contexto, promovendo a ampliação e enriquecimento dos repertórios sensível-
cognitivos, aprofundando os modos de ver, observar, expressar e comunicar por
meio de imagens, sons ou movimentos corporais.
Muitas vezes, o primeiro contato que os indivíduos têm com a arte é na
escola, nas aulas de arte, obrigatórias no currículo do ensino fundamental. Espera-
se que os estudantes, nestas aulas, vivenciem intensamente o processo artístico, a
fim de contribuir significativamente em seus modos de fazer técnico, de
representação imaginativa e de expressividade. Ao mesmo tempo, espera-se
também que aprendam sobre os artistas e obras de arte de diferentes períodos,
complementando assim seus conhecimentos na área.
Mas, será possível que o professor de artes trabalhe com as funções
terapêuticas do fazer artístico?
O professor pode explorar, estudar e se especializar em arteterapia e, na
medida do possível, conversar sobre as produções de seus alunos, se algum caso
chamar sua atenção e ele não conseguir dar conta em sala, é aconselhável que ele
faça o encaminhamento do aluno para um atendimento psicológico.
A arte foi e é sinônimo de expressão de sentimentos, emoções, revoltas,
traumas... Nossa forma de ver a arte ou de fazer arte revela a compreensão que
temos do mundo. Vejamos isso mais a fundo no Módulo 3.
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1.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO
HUMANOS
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Ao criar uma determinada obra, o artista se vale da matéria construída
socialmente. Como parte da cultura, a arte é a maneira de indicar os
caminhos poéticos trilhados por aquele grupo. Criar uma obra de arte vai
além da utilização da linguagem (desenho, pintura, escultura), vai além do
domínio técnico, porque criar uma forma demanda reflexão, conhecimento
sobre o objeto. Além disso, a obra de arte comunica ideias (PEREIRA,
2007).
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Técnica: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, instalação,
fotografia.
Artista: informações sobre suas principais obras, traços de
personalidade, curiosidades.
Período: pré-histórico, antigo, medieval, moderno ou contemporâneo.
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Nesse sentido, a atividade artística resulta de uma organização de
experiências individuais, pois o desenho, a pintura ou a escultura, a música, a dança
ou o teatro trazem importantes aspectos de um conjunto de experiências pessoais
(do autor), organizadas em um todo significativo.
A arte é muito mais que um simples passatempo, busca-se por meio das
diferentes expressões artísticas desenvolver uma consciência estética, ou seja, uma
atitude harmoniosa e equilibrada perante o mundo, em que os sentimentos, a razão
e a imaginação se integram.
A consciência estética é a busca de uma visão global do sentido da
existência; um sentido pessoal, criado a partir dos sentimentos e da compreensão da
realidade circundante. É a capacidade de decisão e escolha, o que exige atitudes de
análise e crítica para que o homem não se submeta à imposição de valores e
sentidos, mas que possa selecioná-los e recriá-los segundo sua própria realidade
existencial.
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As relações que se estabelecem entre os diferentes materiais, anunciam a
possibilidade do “vir a ser”, algo novo surge de estruturas antigas, é o resultado do
olhar criativo, que apesar de contextos existenciais diversos consegue sonhar.
Assim, todo fazer nasce de um sonho. O primeiro movimento do sonhar é a
idealização, ou seja, a possibilidade de imaginar, visualizar o novo, denunciar uma
realidade, tendo em vista a realidade vivenciada e a realidade sonhada.
Nesse sentido, a ação do arteterapeuta é de grande responsabilidade, pois
trata de conteúdos subjetivos e carregados emocionalmente. A função desses
profissionais parece ser duplamente desafiadora, já que também precisam ser
consideradas, durante o processo, pois “complexas questões da subjetividade de
cada homem e mulher, coparticipantes na árdua tarefa de reconstruir os caminhos
da própria sensibilidade, emoção e intuição” (SANTOS, 2006).
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1.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL
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Não é preciso negar totalmente a validade de cada uma dessas concepções
para reconhecer na atividade artística outra característica importante: o fato de que a
arte é um fenômeno social. Isso significa que é praticamente impossível situar uma
obra de arte sem estabelecer um vínculo entre ela e determinada sociedade
(MAGALHÃES, 2008).
A arte é um fenômeno social, pois o artista é um ser social. Como ser social,
o artista reflete na obra de arte sua maneira própria de sentir o mundo em que vive,
as alegrias e as angústias, os problemas e as esperanças de seu momento histórico.
Tais mudanças na arte refletem as transformações que se processam na
realidade social. A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, cada
época, com suas características, contando o seu momento de vida faz um percurso
próprio na representação, como questão de sobrevivência (SANTOS, 2006).
ARTISTA
SOCIEDADE
MOMENTO
HISTÓRICO
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O pensador húngaro Georg Luckács (1885-1971), afirma o seguinte
conceito: “Os artistas vivem em sociedade e – queira ou não – existe uma influência
recíproca entre ele e a sociedade. O artista – queira ou não – se apoia numa
determinada concepção do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo”.
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FIGURA 3 - IMAGEM PAUL KLEE
Olhe para a pintura abaixo e observe atentamente seus detalhes, tais como:
As cores que foram utilizadas.
A disposição da figura no espaço.
É uma obra figurativa ou abstrata?
E você, qual é a sua maneira de perceber o mundo?
Que sentimentos ela melhor representaria?
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FIGURA 4 – O NASCIMENTO DE VÊNUS, DE SANDRO BOTTICELLI, SÉC. XV
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1.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA
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1.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA
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natureza, e também formado por elementos desse todo. Essa visão explicativa sobre
a natureza humana deu origem a um sistema de explicações para se compreender o
mundo e o próprio homem.
Essas explicações ou princípios são chamados de pensamentos míticos,
cuja preocupação é dar uma explicação plausível para a existência de determinado
fenômeno. Assim, por exemplo, se explica a origem do universo por mitos sobre
Tupã. O pensamento mítico é característico do ser humano, e mesmo hoje,
utilizamos essa forma de pensar quando explicamos determinado fenômeno não
tendo como base o pensamento lógico científico.
As dramatizações, os rituais, o uso de ervas, plantas e animais eram
comuns nesta época. Tudo para restabelecer o equilíbrio entre Homem x Natureza.
No Xamanismo, uma filosofia de vida bastante antiga, que busca o encontro
do homem com a natureza e com seu próprio mundo interior, as práticas ritualísticas
individuais ou coletivas, as danças tribais, os sacrifícios, entre outras, eram as
formas de tratamento das almas, que adoeciam por perderem sua capacidade de
integração com a natureza. Nesse sentido, surge a arte como elemento de cura. A
confecção de bonecos (vodus), o uso da pintura corporal e ritualística, a confecção
de objetos específicos para as curas ou para uso do doente, as músicas e danças
entre outras, são elementos da arte que se associam ao tratamento da alma.
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Dessa forma, a arte passa a integrar um código ou uma
linguagem a serviço das necessidades humanas. A arte
passa a ser uma forma de expressão do pensamento
humano, de suas visões de mundo, de seus
pensamentos, de sua forma de viver o cotidiano. A
pintura, o desenho, a escultura (criação de objetos de
barro, de madeira, de pedra, etc.) passam a ter um
objetivo, não só de expressão, mas também de ações
de cura.
A partir do momento em que o homem domina a escrita, a transmissão dos
conhecimentos toma outra dimensão, bem maior e mais abrangente. O mundo
ocidental tem como referência do início desse período, chamado de Idade Antiga, o
ano 600 a.C. na Grécia.
“Os primeiros pensadores gregos começaram a questionar a forma de
explicação da natureza por princípios míticos. Não era mais plausível uma
explicação que se baseasse apenas em suposições” (Disponível em:
<http://www.tesesims.uerj.br/lildbi/docsonline/4/9/294-Denise_Scofano.pdf> Acesso
em: 18 fev. 2009.)
A partir desse ponto, as coisas deveriam ser explicadas por elas mesmas,
isso é, deve-se explicar a natureza, compreendendo como ela é a partir de seus
próprios elementos. Assim, as primeiras explicações sobre o universo, versavam
sobre sua estrutura e formação. Buscando analisar do que as coisas são feitas e
como funcionam é que o conhecimento é produzido. A esse processo denominou-se
pensamento lógico.
O pensamento lógico deve ser capaz não só de explicar as coisas do
universo, mas também as coisas da própria natureza humana. Pensar, por exemplo,
qual é a essência da natureza humana. Como podemos nos conhecer? Quais são
nossas capacidades? Quais são nossas virtudes? Como posso entender a alma
humana?
Para responder a essas questões os filósofos gregos passam a desenvolver
suas teorias ou explicações. Platão pesquisou e pensou sobre a natureza
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transcendente do homem. Sócrates vai questionar a própria essência do ser
humano, em sua famosa frase: “Conhece-te a ti mesmo”, que revela a essência de
seu pensamento. Esse período é chamado de antropocêntrico.
FIGURA 6 – PLATÃO E SÓCRATES
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O tratamento dado para as almas doentes são
os exorcismos, privações (jejuns alimentares),
sacrifícios, sangrias e flagelações, eram as formas
mais comuns de busca da cura para a alma doente,
sempre buscando o fortalecimento do espírito.
A partir do renascimento e o declínio do período de domínio religioso sobre a
ciência e a arte, aos poucos as ideias sobre alma começam a se desvincular da
religião. O pensamento de Descartes foi primordial nesse sentido. Sua frase
máxima: “Penso, logo existo”, traduz o sentido a ser dado à alma a partir de então. A
alma passa a ser considerada como razão. O adoecer psíquico passa a significar a
perda da razão, e então se reforça o sentido de loucura como irracionalidade.
À medida que as ciências eram retomadas, os estudos
sobre a biologia, a medicina e engenharia avançavam,
também as bases para uma nova maneira de se pensar o
psiquismo humano foram se estabelecendo.
O cérebro é reconhecidamente o órgão responsável
pela coordenação de várias atividades corporais, como a visão, audição e
pensamento. Os novos conhecimentos sobre o corpo humano deram margem para
se pensar em fenômenos específicos, tal como a memória e a percepção.
Com o objetivo de se estudar o fenômeno de como se tem a consciência da
percepção dos sentidos vão surgir os primeiros psicólogos. Entre eles Wundt,
considerado o pai da psicologia moderna. Seus estudos em laboratórios específicos
deram à psicologia o status de ciência autônoma. Assim, aquilo que era considerado
a alma, ou psiquismo, passa a ser objeto de estudo, agora com o nome de
consciência do homem.
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FIGURA 7 – WILHELM WUNDT (1832 – 1920)
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Os estudos da psicologia relevam que alguns comportamentos são ditados
pelo inconsciente e que é possível se ter acesso a ele por meio do processo de
análise dos sonhos, dos atos falhos e das “piadas” ou chistes. A esse processo
Freud denominou de psicanálise.
O seu seguidor mais brilhante, Carl Jung, começa a aplicar a psicanálise em
pacientes psicóticos. No entanto, os métodos de Freud não surtem os mesmos
efeitos. Jung passa, então, a utilizar outras formas de contato com seus pacientes.
Ele propõe que seus pacientes pintem, desenhem, façam esculturas, e outros tipos
de arte para expressar seus sentimentos.
Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, um dos maiores estudiosos da vida
interior e um dos precursores da Psicologia Profunda, descobriu que o inconsciente
e os conflitos e traumas podem ser expressos pela arte. Entre 1907 e 1912,
colaborou com Freud a ponto de ter sido cogitado pelo mestre Sigmund como seu
sucessor.
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Jung revela a função do simbolismo nas artes e nas expressões do
inconsciente. Identifica que há temas universais comuns a todos os homens,
independente de origem, idade ou cor. Os arquétipos seriam expressões desses
temas, tal como os relacionados às funções de mãe (o oceano, por exemplo) e de
pai (o sol, por exemplo).
Jung também passa a investigar os mitos (lembram do pensamento mítico
mencionado no início do texto) e descobre que eles continuam sendo produzidos por
nossas mentes, embora recontextualizados.
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1.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA
PSICOLOGIA
CLÍNICA ESCOLAR OU ORGANIZACIONAL
EDUCACIONAL
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Hoje é comum, nas escolas, nas indústrias e em
áreas do comércio, do desporto, etc., contar com um
departamento de psicologia, responsável pela aplicação
de testes de aptidão, pela orientação e ajustamento do
grupo. A psicologia está presente em todos os ramos
da sociedade e tornou-se parte integrante e
imprescindível da vida moderna. A era do profissionalismo
trouxe a era da especialização, e os campos de atuação
do psicólogo são, hoje, mais concretos e específicos.
A psicologia de hoje se caracteriza pela abertura e democratização do seu
sistema global, o que gerou a enorme diversidade de interesse, de pesquisa, a
multiplicidade de correntes, compondo um painel de minisistemas. O uso do método científico
constitui parte integrante de suas atividades, o que comprova sua identidade como ciência.
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a equipe. Existem pesquisas de trabalhos arteterapêuticos realizados em hospitais,
escolas, comunidades, consultórios, grupos de adolescentes, escolas especiais e
empresas.
Trabalhando com arteterapia muitas descobertas são possíveis, desde a
mistura de cores até a composição de imagens que comunicam emoções reprimidas
ou desconhecidas. A alegria de tocar a argila, que materializa objetos e
personagens.
Segundo Philippini (1994) ser arteterapeuta é partilhar do prazer:
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arquetípicos, e que os materiais expressivos, como veículos da criação, possuem
propriedades terapêuticas que devem ser conhecidas e respeitadas.
Desta forma, os recursos de expressão em Arteterapia poderão permitir que
acontecimentos aprisionados no inconsciente sejam simbolizados e configurados em
imagens, que possam conduzir à consciência informações deste universo obscuro. A
simbologia configurada em materialidade, leva à compreensão, transformação,
estruturação e expansão de toda a personalidade do indivíduo criador.
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