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REABILITAÇÃO E REFORÇO

DE ESTRUTURAS

Durabilidade de Estruturas de Betão

António Costa

Reabilitação e Reforço de Estruturas Mestrado em Engenharia Civil


Sumário
– Introdução

– Sintomas da deterioração BIBLIOGRAFIA

– Causas da deterioração Costa, A. – “Mecanismos de Deterioração em Estruturas de


Betão Armado”, IST, 1999.
deficiências projecto e execução
deformações impostas: retracção temperatura CEB – Bulletin 183 – Durable Concrete Structures, 1992
acções agressivas para as armaduras e betão
fib : “Structural Concrete – Textbook on Behaviour Design and
– Mecanismos de deterioração Performance” 2009, Volume 3: Design of durable concrete
corrosão de armaduras structures (fib bulletin 53)
ataque químico do betão
fib : “Structural Concrete – Textbook on Behaviour Design and
– Durabilidade Performance” 2012 ,Volume 5: Through-life care and
medidas de protecção management of concrete structures - Assessment, protection,
carbonatação repair and strengthening (fib bulletin 62)
cloretos
fib bulletin 59 - Condition control and assessment of reinforced
corrosão concrete structures exposed to corrosive environments
sulfatos (carbonation/chlorides)., 2011.
álcalis
fib bulletin 49 - Corrosion protection of reinforcing steels.
– Normas Technical report, 2009.
metodologia prescritiva
metodologia de desempenho fib bulletin 44 - Concrete structure management: Guide to
ownership and good practice Guide to good practice, 2008.

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Exemplos de obras com deterioração precoce

Docas

Deterioração: idade 7 anos

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Pontes Cais

Reparação extensiva: idade 26 anos

Substituição da plataforma: idade 40 anos

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Pórticos de pontes rolantes

Reparação extensiva: idade 27 anos

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Viaduto

Substituição do tabuleiro: idade 11 anos

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As estruturas de betão são duráveis ! ?

“Nenhum material é por si próprio durável;


é a interacção entre o material e o ambiente a que está
exposto que determina a sua durabilidade”

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Durabilidade
As estruturas devem ser projectadas e construídas com o objectivo
de satisfazer um conjunto de requisitos funcionais durante um certo
período de tempo sem causar custos inesperados de manutenção e
reparação.

Objectivo
Controlar a deterioração a nível reduzido no período de vida útil das
estruturas

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Actuar a 4 níveis
 Projecto
 Execução
 Exploração
 Manutenção

Necessário conhecer
 comportamento dos materiais,
 mecanismos de deterioração,
 medidas de protecção,
 técnicas de reabilitação

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Enquadramento geral dos intervenientes no processo de
Garantia da Durabilidade
 Dono de Obra
 Especificar o uso, o período de vida útil e os requisitos para o projecto e obra
 Controlo de qualidade
 Inspecção e ensaios durante e após a execução da obra

 Projectista
 Identificar as condições de exposição ambientais
 Conceber a estrutura (sistema estrutural, geometria dos elementos)
 Especificar os materiais e recobrimentos
 Definir os critérios de projecto (controlo da fendilhação, ...)
 Definir eventuais medidas de protecção adicional
 Manual de manutenção

 Empreiteiro
 Executar a estrutura de acordo com os requisitos especificados no projecto
 Controlar a composição do betão (razão A/C, tipo de cimento, agregados, ...)
 Controlar a betonagem e cura do betão
 Controlar os recobrimentos

 Utilizador
 Inspecção/avaliação do comportamento
 Manutenção
 Evitar alterações na utilização da estrutura que agravem a agressividade das condições de exposição

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PRINCIPAIS CAUSAS DA DETERIORAÇÃO

 ERROS / DEFICIÊNCIAS
Projecto
Execução
Exploração
Manutenção

 DEFORMAÇÕES IMPOSTAS
Retracção
Temperatura

 ACÇÕES AGRESSIVAS
Físicas
Químicas
Biológicas

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Deficiências de Projecto

o Deficiente avaliação da agressividade das condições de exposição

o Especificação inadequada dos materiais (betão)

o Especificação deficiente dos recobrimentos das armaduras

o Deficiente avaliação das deformações impostas – retracção e temperatura

o Deficiente controlo da fendilhação

o Deficiente controlo da deformação

o Deficiente pormenorização de armaduras

o Concepção estrutural inadequada – forma ; drenagem ; juntas …

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Deficiente drenagem e impermeabilização

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Deficiente drenagem / concepção

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Deficiente pormenorização de armaduras

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Deficiente controlo da fendilhação

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Formas estruturais sensíveis à deterioração

Grande área de superfície exposta

 elevada sensibilidade
à deterioração

Estrutura com maior robustez

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Formas estruturais sensíveis à deterioração

Grande área de superfície exposta

Edifício sensível à deterioração

Edifício com reduzida área de betão exposto

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Efeito de canto

Deterioração concentrada
nos cantos salientes

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Elementos esbeltos em ambientes muito agressivos

Colapso súbito da estrutura

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Deficiências de execução

o Selecção inadequada dos materiais composição do betão

o Cofragens deficientes

o Posicionamento das armaduras

o Recobrimentos – espaçadores

o Colocação e compactação do betão

o Cura do betão

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Utilização de agregados reactivos

Reacções expansivas
 fendilhação do betão
 deterioração

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Cofragens deficientes

Saída de finos  acumulação de agregados


 Deterioração por corrosão

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Deficiente posicionamento das armaduras

Armaduras sem recobrimento

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Deficiente posicionamento das armaduras

Deficiente posicionamento da armadura


 dificuldades de betonagem
 vazios
 corrosão

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Colocação e compactação do betão

Segregação do betão

Concentração da deterioração
nas zonas segregadas

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Colocação e compactação do betão

Vazios sob o varão

Assentamento do betão

Malha de armaduras marcada na superfície

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Cura do betão

Falta de humedecimento da superfície


 Retracção plástica
 Fendilhação do betão

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ANOMALIAS DEVIDAS A DEFORMAÇÕES IMPOSTAS

 Fendilhação  Deterioração precoce das estruturas

 Retracção
o Retracção plástica
o Retracção de secagem
o Retracção térmica

 Temperatura

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Retracção plástica

Evaporação
Mecanismo:
Secagem do Contracção
betão Causa tensões

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Retracção plástica

Influência dos principais factores:

Prevenção:
– Proteger do vento e do sol
– Molhar a superfície após a colocação do betão
– Iniciar a cura o mais cedo possível

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Retracção de secagem

Elementos mais afectados: muros; paredes; lajes

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Retracção de secagem

Pavimentos

Deterioração progressiva após a fendilhação

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Retracção de secagem

Prevenção:
– Composição do betão
Baixa razão A/C
Maior quantidade de agregados (menos cimento)
– Reduzir as restrições às deformações na base e nas extremidades
– Armadura para controlo da abertura e fendas
– Juntas convenientemente espaçadas

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Retracção térmica

Elementos de grandes dimensões:


 Aumento significativo de temperatura associado
ao desenvolvimento do calor de hidratação

Mecanismo:

fenda

contracção

Temp

Prevenção:
– Composição do betão
Maior teor em adições
Maior quantidade de agregados (menos cimento)
– Protecção da superfície do betão
– Arrefecimento do betão

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Temperatura
Deformações associadas a variações de temperatura

Base rígida impede a


deformação
Aquecimento não uniforme
 deformações não uniformes

Prevenção:
– Reduzir as restrições às deformações
impostas
– Armadura para controlo da abertura de fendas

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ACÇÕES AGRESSIVAS

TEMPERATURA
GELO / DEGELO
FÍSICAS FOGO
CRISTALIZAÇÃO DE SAIS
ACÇÕES DIRECTAS (desgaste)

CO2 - corrosão das armaduras


CLORETOS - corrosão das armaduras
O2 – corrosão das armaduras
QUÍMICAS ÁCIDOS – dissolução do cimento
SULFATOS – reacções expansivas com o cimento
ÁLCALIS - reacções expansivas com os agregados
ÁGUAS PURAS – dissolução do cimento
SAIS (Mg, NH4,...) - dissolução do cimento

BACTÉRIAS (produção de ácidos, p.e. em esgotos)


BIOLÓGICAS
ALGAS, FUNGOS, ...

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TIPOS DE DETERIORAÇÃO

Carbonatação
CORROSÃO DAS
ARMADURAS
Cloretos

Ataque dos sulfatos


ATAQUE QUÍMICO Reacções álcalis – agregados
DO BETÃO Ataque dos ácidos, águas puras
e sais de amónio e magnésio
Acção da água do mar

Ciclos de gelo – degelo


Acção do fogo
OUTROS Desgaste por erosão, abrasão e cavitação
Cristalização de sais
Ataque biológico

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CORROSÃO DAS ARMADURAS
No betão não contaminado as armaduras encontram-se protegidas contra a corrosão devido à elevada
alcalinidade do meio.

Hidróxido de cálcio
pH  12.5 a 13.5

Hidróxidos de sódio e potássio

Nestas condições forma-se à superfície da armadura uma barreira de protecção (película passiva) que impede a
sua corrosão

Armadura Película passiva


( Fe2O3)

pH  12,5

A corrosão não é
possível

PROTECÇÃO DAS ARMADURAS NO BETÃO

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DESPASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS

Quando o pH desce para valores inferiores a 10 - 11, ou o teor de cloretos ultrapassa o valor
crítico, ocorre a destruição da película passiva.

A despassivação das armaduras origina o início do mecanismo da corrosão

Carbonatação Cloretos
pH  9 Cl-  valor crítico

Dissolução da película passiva

A corrosão é possível

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MECANISMO DA CORROSÃO

O mecanismo da corrosão é um processo electroquímico, i. e. envolve reacções químicas e


correntes eléctricas

Para que a corrosão se possa desenvolver é necessário a presença dos seguintes


elementos:

Ânodo zona da armadura despassivada

Cátodo zona da armadura com acesso ao oxigénio

Condutor eléctrico armadura

Electrólito betão

ÂNODO
CÁTODO

CONDUCTOR ELÉCTRICO

ELECTRÓLITO

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MECANISMO DA CORROSÃO
MODELO DE UMA CÉLULA DE CORROSÃO

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MECANISMO DA CORROSÃO
Na zona anódica ocorrem reacções secundárias que originam produtos de corrosão com elevado aumento de volume

Fe + 3H2O  Fe (OH)3 + 3 H+ + 3 e-

3 Fe + 4H2O  Fe3O4 + 8 H+ + 8 e- Reacções anódicas secundárias


Fe + 2H2O  FeO (OH-) +3 H+ +3 e-

Fe O(OH-) + O2  Fe3O4 ou Fe (OH)2

Volume relativo dos produtos de corrosão

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MECANISMO DA CORROSÃO
A expansão dos produtos da corrosão causam a FENDILHAÇÃO e DELAMINAÇÃO do betão de recobrimento

FENDILHAÇÃO DELAMINAÇÃO

Aspecto da superfície do betão afectada pela corrosão das armaduras

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MECANISMO DA CORROSÃO

DELAMINAÇÃO

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MECANISMO DA CORROSÃO
Evolução da deterioração
Zonas com defeitos Zonas das arestas salientes

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MECANISMO DA CORROSÃO
Evolução da deterioração

Deterioração progressiva a partir das zonas com menor recobrimento

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MECANISMO DA CORROSÃO
Evolução da deterioração

Perda de aderência

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MECANISMO DA CORROSÃO

No caso de o betão estar saturado podem não ocorrer reacções expansivas significativas e o
betão não fendilha

CORROSÃO NEGRA

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MECANISMO DA CORROSÃO

Para que o mecanismo da corrosão se desenvolva é necessário ocorrerem simultaneamente


um conjunto de condições para o processo anódico, catódico e electrolítico:

 A protecção das armaduras deve estar destruída

 Na zona catódica deve existir disponibilidade de oxigénio

 As zonas catódicas devem estar ligadas electricamente e electrolicamente

Se alguma destas condições não ocorrer o mecanismo da corrosão não se desenvolve

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MECANISMO DA CORROSÃO

Situações em que não ocorre corrosão significativa :

 A armadura não está despassivada  não se forma o ânodo

 Em elementos submersos existe reduzida disponibilidade de oxigénio  reacção


catódica restringida

 Em elementos situados em ambientes secos o betão tem uma condutividade baixa 


electrólito com elevada resistividade

Em resumo, as armaduras no betão podem encontrar-se nos seguintes estados:

 PASSIVO  Betão não contaminado por substâncias agressivas

 CORROSÃO  Devido à acção da carbonatação ou dos cloretos

 ACTIVAS mas catodicamente protegidas  Betão saturado


Betão seco

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MECANISMO DA CORROSÃO

CORROSÃO POR ACÇÃO DA CARBONATAÇÃO

 Formação de micro-células de corrosão

Os ânodos e os cátodos são normalmente muito pequenos e localizam-se


muito perto uns dos outros, originando a corrosão geral das armaduras

 A velocidade de corrosão é geralmente baixa

A velocidade de corrosão é controlada pela resistividade do betão


O acesso de oxigénio às armaduras não constitui um parâmetro limitador da
corrosão no caso da carbonatação

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MECANISMO DA CORROSÃO

CORROSÃO POR ACÇÃO DA CARBONATAÇÃO

Processo de degradação lento


-dezenas de anos-

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MECANISMO DA CORROSÃO

CORROSÃO POR ACÇÃO DOS CLORETOS

 Formação de macro-células de corrosão


As zonas anódicas são geralmente pequenas e as zonas catódicas são grandes, podendo estar
localizadas em zonas próximas ou afastadas dos ânodos
O tipo de corrosão originado nesta situação é a corrosão localizada das armaduras

 A velocidade de corrosão é geralmente elevada


A velocidade de corrosão é controlada pelo acesso de oxigénio às armaduras (ambientes muito
húmidos) e pela resistividade do betão (ambientes secos)
Os cloretos aumentam a condutividade do betão
Os cloretos actuam como catalisador das reacções nas zonas anódicas :

2 Fe + 6 Cl-  2 Fe Cl3- + 4 e-
Seguida por:
Fe Cl3- + 2 OH-  Fe (OH)2 + 3 Cl-
Como as áreas catódicas são muito superiores às áreas anódicas desenvolvem-se no ânodo
densidades de corrente muito elevadas, uma vez que as correntes anódicas e catódicas têm de ser
iguais. Isto origina uma dissolução muito acentuada do aço

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MECANISMO DA CORROSÃO
CORROSÃO POR ACÇÃO DOS CLORETOS

Processo de degradação rápido


-alguns anos-

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MECANISMO DA CORROSÃO
CORROSÃO POR ACÇÃO DOS CLORETOS

CORROSÃO LOCALIZADA

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EFEITOS DA CORROSÃO NO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL

Redução da secção
Aço Redução da ductilidade Fendilhação
Aumento de volume Betão Delaminação
Redução da secção

 Redução da aderência aço-betão


 Redução da resistência do elemento estrutural

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EFEITOS DA CORROSÃO EM VIGAS

Redução da resistência à flexão

redução de Ac

Mrd Mrd

redução de As

Redução da resistência ao esforço transverso

redução de bw

Vrd

redução de Asw

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EFEITOS DA CORROSÃO EM VIGAS

Aumento da abertura de fendas e da deformação

A abertura de fendas aumenta por:


- aumento de σs devido à redução da secção da armadura
- redução da aderência aço-betão

A deformação aumenta por:


- aumento da fendilhação e correspondente aumento das curvaturas
- redução da comparticipação do betão entre fendas por redução da
aderência e delaminação
- redução da inércia da secção por redução da área de betão (delaminação)

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EFEITOS DA CORROSÃO EM VIGAS

Efeito da delaminação

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EFEITOS DA CORROSÃO EM VIGAS

Alteração do modelo de comportamento estrutural

delaminação

-250 -1650

1860

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EFEITOS DA CORROSÃO EM PILARES

Redução da resistência devido:


- redução da secção da armadura longitudinal
- delaminação do betão  redução da secção
- redução da secção das cintas  redução da resistência das armaduras comprimidas
redução da resistência ao esforço transverso
- aumento das excentricidades devido à assimetria da delaminação

Redução da ductilidade devido:


- redução da secção das cintas  redução do confinamento do betão

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EFEITOS DA CORROSÃO EM LAJES
Efeitos estruturais
– Flexão

Redução da secção das armaduras (tracção)

Redução da altura útil (compressão)

– Esforço transverso

Redução da aderência e amarração (com efeito nos mecanismos resistentes relativos


ao efeito de arco e efeito de consola)

Redução da altura útil

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EFEITOS DA CORROSÃO EM LAJES

Avaliação do comportamento
Efeito da pormenorização de armadura
Asc2 – totalidade das armaduras amarradas no apoio
Asc1 – 50% das armaduras amarradas no apoio
Asc0 – emenda total das armaduras junto ao apoio

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EFEITOS DA CORROSÃO EM LAJES
Asc2 – totalidade das armaduras amarradas no apoio
Avaliação do comportamento
Asc1 – 50% das armaduras amarradas no apoio
Asc0 – emenda total das armaduras junto ao apoio

Dano: delaminação do betão de recobrimento

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EFEITOS DA CORROSÃO EM LAJES

Avaliação do comportamento

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EFEITOS DA CORROSÃO EM LAJES

Avaliação do comportamento

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EFEITOS DA CORROSÃO

Colapso de uma parede devido à corrosão de armaduras

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EFEITOS DA CORROSÃO
Colapso de uma parede devido à corrosão de armaduras

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ATAQUE QUÍMICO DO BETÃO

SUBSTÂNCIAS COMPONENTES
AGRESSIVAS DO BETÃO

REACÇÃO
QUÍMICA

DECOMPOSIÇÃO DO BETÃO

Necessário :
 Água : Apenas os betões situados em ambientes com HR elevadas podem sofrer
ataque químico
 Transporte de substâncias agressivas, geralmente provenientes do exterior, para as
substâncias reactivas do betão

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ATAQUE QUÍMICO DO BETÃO

Reacções químicas mais significativas :

 Reacção dos sulfatos com os aluminatos da pasta de cimento

 Reacção expansiva

 Reacção dos álcalis com os agregados reactivos do betão

 Reacção expansiva

 Reacção dos ácidos, sais de magnésio, sais de amónio e águas


puras com a pasta de cimento

 Perda das propriedades ligantes

 Reacção dos iões agressivos da água do mar com a pasta de cimento

 Perda das propriedades ligantes

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Ataque dos Sulfatos

Os sulfatos ocorrem normalmente no solo na forma sólida ou em solução nas águas freáticas.
Podem também ter como origem fertilizantes e efluentes industriais

Sulfato de sódio
Sulfato de potássio
Sulfatos mais frequentes Sulfato de cálcio
Sulfato de magnésio
Sulfato de amónio

Componentes da pasta de cimento Aluminatos de cálcio hidratados


susceptíveis de serem atacados Hidróxido de cálcio

A deterioração pode tomar Expansão e fendilhação do betão


duas formas distintas Perda de resistência e desagregação do betão

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Ataque dos Sulfatos

Expansão e fendilhação devida ao ataque de sulfatos com origem externa

Mecanismo do ataque

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Ataque dos Sulfatos

 Reacção sulfática de origem externa

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Ataque dos Sulfatos

 Reacção sulfática de origem interna

A deterioração é originada pela Formação de Etringite Retardada (DEF)

Origem
Remobilização dos sulfatos inicialmente contidos na pasta de cimento
após o endurecimento do betão

Causa
Aumento da temperatura durante o endurecimento do betão
(Temperaturas elevadas inibem a reacção dos sulfatos)

Tipos de betão afectados


- betões sujeitos a tratamentos térmicos
- partes da estrutura de betão em massa (pilares, maciços)
- betões com cimentos de alta resistência e endurecimento rápido

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Ataque dos Sulfatos

 Reacção sulfática de origem interna

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Ataque dos Sulfatos

 Reacção sulfática de origem interna

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Ataque dos Sulfatos

 Reacção sulfática de origem interna

Ensaio de reacção potencial aos sulfatos - DEF

Amostra A

Amostra B

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Ataque dos Álcalis
A deterioração resulta da reacção entre os metais alcalinos (K2O e Na2O) e os agregados
reactivos (geralmente silicatos)

K2O ; Na2O agregados reactivos

Reacção química

gel + H2O EXPANSÃO

Necessário:
 Quantidade suficiente de álcalis no betão
 Agregados reactivos numa certa quantidade
 Quantidade de água suficiente para hidratar o gel

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Ataque dos Álcalis
Expansão e fendilhação devida à reacção álcalis-sílica

Mecanismo do ataque

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Ataque dos Álcalis

Fendilhação associada às
reacções expansivas

Gel de sílica reactiva

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Ataque dos Álcalis

Deformações originadas pelas reacções expansivas

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Ataque dos Álcalis

Fendilhação do tabuleiro

Esmagamento das vigas

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Ataque dos Álcalis
Fendilhação nos pilares

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Ataque dos Álcalis
Fendilhação

Esquema simplificado do comportamento de uma viga pré-esforçada, apresentando


fendilhação horizontal e exemplo ilustrativo

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Acção da água do mar

Mecanismo do ataque

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Acção da água do mar

Deterioração de estacas por ataque químico da água do mar

Consequências:
Decomposição da pasta de cimento  desagregação do betão
 erosão das camadas superficiais  exposição das armaduras  corrosão
 redução da secção da estaca  redução capacidade resistente
e
 introdução de excentricidade na carga aplicada  aumento dos esforços actuantes

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DURABILIDADE

Objectivo
Assegurar que a estrutura satisfaça, durante o seu tempo
de vida, os requisitos de utilização, resistência e estabilidade,
sem perda significativa de utilidade nem excesso de
manutenção não prevista

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METODOLOGIA

Identificar as substâncias agressivas, como é que se


movimentam e acumulam relativamente à estrutura
caracterizar

Determinar quais os mecanismos de transporte e quais CONDIÇÕES


os parâmetros que controlam esses mecanismos DE
EXPOSIÇÃO
Determinar quais as reacções envolvidas na deterioração
e quais os parâmetros que controlam essas reacções

especificar

REQUISITOS
Seleccionar as medidas de protecção que controlem
DE
ou evitem os mecanismos de deterioração
DURABILIDADE

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Enquadramento
Desenvolvimento da deterioração no tempo

Nível de deterioração

4
1 despassivação
2 fendilhação
3 3 delaminação
4 rotura
2

iniciação propagação tempo

ti tp

Vida útil  tL = ti + tp

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CARBONATAÇÃO

CO2

CO2

PARÂMETROS PRINCIPAIS C

 Qualidade da camada de betão de recobrimento


Este parâmetro determina a resistência do betão à penetração do CO2
A qualidade do recobrimento é função da composição, compactação e cura do betão

 Ambiente de exposição
Este parâmetro determina o teor de humidade do betão e o teor de CO2 do ar em contacto com o betão.
Estes factores influenciam significativamente a velocidade de carbonatação do betão

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Composição do betão

 Razão água-cimento
Este parâmetro controla a dimensão e continuidade da estrutura porosa do betão

 A velocidade de carbonatação é fortemente influenciada pela razão A/C

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Composição do betão

 Quantidade de cimento
Este parâmetro determina a quantidade de substâncias carbonatáveis do betão

Maior quantidade Maior quantidade Menor velocidade


de cimento de Ca(OH)2 de carbonatação

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Composição do betão

 Adições

Redução da estrutura porosa  positivo


Efeitos
Redução da quantidade de Ca(OH)2  negativo

Limitar a quantidade de adições

Efectuar uma cura adequada do betão

As adições devem ser encaradas como um produto a adicionar ao betão e não


como um substituto do cimento

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Condições de exposição

 Determinam o teor de humidade do betão de recobrimento


• A difusão do CO2 na água é cerca de 104 vezes menor que no ar
• É necessário uma certa quantidade de água para que se desenvolva a reacção de carbonatação

 A velocidade de carbonatação é máxima em ambientes com humidades relativas de 50-70%

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Condições de exposição

Elementos sujeitos a ambientes interiores  a velocidade de carbonatação é máxima

Elementos enterrados ou submersos  a carbonatação tem pouco significado

Elementos em ambientes exteriores com chuva  a velocidade de carbonatação é baixa

Elementos em ambientes exteriores protegidos  a velocidade de carbonatação é mais elevada

 Determinam o teor de CO2 no ar em contacto com o betão

Ambientes rurais  0.03%

Ambientes urbanos  0.1%


Ambientes industriais

Zonas densamente povoadas  0.1 - 0.3%


Zonas com tráfego intenso até 1%

> Teor de CO2  > Velocidade de carbonatação

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CLORETOS

-
Cl

Cl-

PARÂMETROS PRINCIPAIS C

 Qualidade da camada de betão de recobrimento


Este parâmetro determina a resistência do betão à penetração de cloretos
A qualidade do recobrimento é função da composição, compactação e cura do betão

 Ambiente de exposição
Este parâmetro determina os tipos de mecanismos de transporte que vão actuar no betão
Estes mecanismos influenciam significativamente a velocidade de penetração de cloretos

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Composição do betão

 Razão água-cimento
Este parâmetro controla a dimensão e continuidade da estrutura porosa do betão
Acção importante na limitação da penetração por absorção e permeação

 A velocidade de penetração é fortemente influenciada pela razão A/C

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Composição do betão

 Quantidade e composição do cimento

 A quantidade de cimento influencia a fixação dos cloretos no betão. Grosso modo a


resistência à penetração é função da raiz quadrada da quantidade de cimento

 A composição do cimento determina a capacidade de fixação dos cloretos pela pasta de


cimento

Parâmetro mais importante: Teor em C3A

> teor em C3A  < velocidade de penetração

 Existe a vantagem em utilizar cimentos com elevadas quantidades de C3A em


ambientes contaminados por cloretos

Precauções a tomar: - calor de hidratação


- ataque dos sulfatos

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Composição do betão

 Adições
 Conduzem a um refinamento e bloqueamento da estrutura porosa do betão, aumentando a
resistência à penetração de cloretos

Os ensaios experimentais mostram que a utilização de sílica de fumo, pozolanas, cinzas


volantes e escórias de alto forno reduz substancialmente a velocidade de penetração de
cloretos.

Recomendação: em ambientes contaminados por cloretos utilizar cimentos


com adições (cimentos CEM II, III, IV e V) ou misturas de
cimentos e adições

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Condições de exposição

 Determinam os mecanismos de transporte de cloretos no betão

 Zona atmosférica  absorção + difusão

A deposição de cloretos à superfície do betão depende:


- distância à orla costeira
- rumo do vento
- exposição à chuva
A carbonatação faz acelerar a penetração de cloretos

 Zona de rebentação  absorção + difusão

A penetração depende do ritmo de secagem e molhagem do betão

 Zona de maré  (absorção) + difusão

 Zona submersa  permeação + difusão

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CORROSÃO

PARÂMETROS PRINCIPAIS

 Resistividade do betão
 Quantidade de oxigénio ao nível das armaduras

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Resistividade do betão
É influenciada fundamentalmente pelo teor de humidade do betão

Outros factores importantes:


- qualidade do betão (razão água-cimento)
- contaminação por cloretos

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Acesso de oxigénio às armaduras
É influenciado fundamentalmente pelo teor de humidade do betão

Outros factores importantes:


- qualidade do betão (razão água-cimento)
- espessura de recobrimento das armaduras

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Efeito da humidade na velocidade de corrosão

Existe um teor de humidade intermédio para o qual a velocidade de corrosão é máxima

 Os maiores níveis de deterioração por corrosão de armaduras ocorrem em


elementos sujeitos a períodos alternados de molhagem e secagem

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Efeito da temperatura na velocidade de corrosão
A temperatura influencia a velocidade das reacções químicas e a mobilidade dos iões no
mecanismo da corrosão

Os ensaios confirmam a regra de que a um aumento da temperatura de 10 ºC corresponde


uma duplicação da velocidade de corrosão

 Os climas quentes são mais agressivos relativamente à deterioração


por corrosão de armaduras

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Interacção ambiente-estrutura
A velocidade de corrosão é influenciada essencialmente pelo teor de humidade do betão ao
nível das armaduras

O teor de humidade no interior do betão depende de dois factores:


 condições ambientais à superfície do betão
 espessura e qualidade do betão de recobrimento

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Influência da espessura e da qualidade do betão de recobrimento
na humidade relativa ao nível das armaduras

a) Velocidade de corrosão baixa


b) Velocidade de corrosão elevada
c) Velocidade de corrosão elevada

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Fendilhação
Permite o acesso rápido das substâncias agressivas ao nível das armaduras
 fendas paralelas às armaduras têm grande influência no mecanismo da corrosão

despassivação
velocidade de corrosão

 fendas transversais às armaduras têm uma influência importante na despassivação


e pouca influência na velocidade de corrosão (W < 0.5 mm)

O mecanismo da corrosão é fundamentalmente influenciado pelo processo catódico nas zonas adjacentes
às fendas
Qualidade do betão

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SULFATOS

Reacção sulfática de
origem externa

PARÂMETROS PRINCIPAIS

 Qualidade do betão
Este parâmetro determina a resistência do betão à penetração de sulfatos
A qualidade do betão é função da composição, compactação e cura

 Composição do cimento
Este parâmetro determina a quantidade de substâncias reactivas no betão (C3A)

 Ambiente de exposição
Este parâmetro determina a quantidade de sulfatos em contacto com o betão e os tipos de
mecanismos de transporte que vão actuar

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Medidas de protecção
Controlar a permeabilidade do betão
Três tipos Controlar a quantidade de substâncias reactivas
Impermeabilizar o betão

 Permeabilidade
- Utilizar razões água-cimento baixas e dosagens de cimento adequadas
- Utilizar adições activas – pozolanas, cinzas volantes, sílica de fumo e escórias de alto forno

 Substâncias reactivas
- Utilizar cimentos com baixo teor em C3A
- Utilizar adições activas para reduzir a quantidade de hidróxido de cálcio
 as adições têm um duplo efeito na protecção do betão

 Revestimentos superficiais
- Em ambientes muito contaminados é conveniente impermeabilizar o betão para evitar
o contacto com os sulfatos

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Medidas de protecção

Reacção sulfática de
origem interna

 Controlar a temperatura máxima no betão nas primeiras idades:


T ≤ 65ºC
 Controlar o teor de álcalis do betão e de aluminatos e sulfatos do ligante:
Na2O equiv < 3 kg/m3;
SO3 ≤ 3.5% se C3A ≤ 3%
SO3 ≤ 2.5% se C3A ≤ 5%
 Controlar a humidade e manter o betão num estado relativamente seco:
revestimentos de impermeabilização
 Controlar o teor de hidróxido de cálcio:
utilização de adições do tipo II

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ÁLCALIS

PARÂMETROS PRINCIPAIS

 Composição do betão
Este parâmetro determina a resistência à difusão do álcalis no interior do
betão e a quantidade de agregados reactivos

 Composição do cimento
Este parâmetro determina o teor em álcalis do betão

 Ambiente de exposição
Este parâmetro determina a humidade do betão

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Medidas de protecção
 Evitar a utilização de agregados reactivos
- avaliação da reactividade aos álcalis – Especificação LNEC E 415

 Limitar o teor em álcalis no cimento


- cimentos com baixo teor em álcalis: Na2O equiv < 0.6%

 Limitar o teor em álcalis no betão


- Na2O equiv < 3 kg/m3

 Betões com baixa permeabilidade


- controlo da penetração de água e do movimento de álcalis no interior do betão
- utilizar adições activas para reduzir a permeabilidade do betão e o teor em hidróxido
de cálcio da pasta de cimento

 Revestimentos superficiais para o betão


- para humidades relativas inferiores a 80% não ocorre expansão significativa

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Prevenção das
Reacções
Expansivas
Internas

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Medidas de protecção adicional

Revestimentos superficiais para


betão

Prevenção catódica

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Medidas de protecção adicional
Aço inox
Progresso Pier (Golfo do México, 1940)

Exemplo de uma ponte de betão armado em meio muito agressivo, que mantém uma grande
durabilidade e em que foi adoptado aço inox

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Medidas de protecção adicional
Aço inox
Ponte localizada no Golfo do México

Ponte executada com aço carbono Ponte executada com aço inox (AISI 304)
32 anos 60 anos (sem manutenção)
Teor de cloretos ao nível das armaduras
chega a atingir 20 vezes o teor crítico
relativo a armaduras correntes

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Medidas de protecção adicional

Aço inox

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Enquadramento Normativo

ESTRUTURAS DE BETÃO

Projecto de Estruturas de BETÃO Execução de Estruturas de


Betão Betão
NP EN 206-1
NP EN 1992 NP 13670-1

NP EN 197
cimento

NP EN 12350
NP EN 450
ensaios de betão
cinzas volantes
fresco

NP EN 13263
sílica de fumo NP EN 12390
ensaios de betão
endurecido
NP EN 934-2
adjuvantes

NP EN 12620 Durabilidade
agregados Esp LNEC E 461
Esp LNEC E 464
NP EN 13055-1 Esp LNEC E 465
agregados leves .
..
NP EN 1008
água de amassadura

NP EN 12878
pigmentos

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ESPECIFICAÇÃO DA DURABILIDADE

2 métodos:

 Metodologia prescritiva
com base em requisitos de composição e recobrimento de armaduras

 Metodologia baseada em propriedades de


desempenho do betão
modelação dos mecanismos de deterioração considerando a
variabilidade dos parâmetros em causa (análise probabilística)

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Classes de exposição ambiental
(LNEC E464)

Quadro 1 – Sem risco de corrosão ou ataque


Classe Descrição do Exemplos informativos
ambiente

X0 Para betão sem armaduras: Betão enterrado em solo não agressivo.


Todas as exposições, excepto
ao gelo/degelo, abrasão ou ao Betão permanentemente submerso em água não agressiva.
ataque químico Betão com ciclos de molhagem/secagem não sujeito a abrasão, gelo/degelo ou ataque
químico.
Para betão armado: muito Betão armado em ambiente muito seco.
seco
Betão no interior de edifícios com muito baixa humidade do ar.

Quadro 2 – Corrosão induzida por carbonatação


Classe Descrição do ambiente Exemplos informativos

XC1 Seco ou permanentemente Betão armado no interior de edifícios ou estruturas, com excepção das áreas com humidade
húmido elevada.
Betão armado permanentemente submerso em água não agressiva.
XC2 Húmido, raramente seco Betão armado enterrado em solo não agressivo.
Betão armado sujeito a longos períodos de contacto com água não agressiva.
XC3 Moderadamente húmido Superfícies exteriores de betão armado protegidas da chuva transportada pelo vento.
Betão armado no interior de estruturas com moderada ou elevada humidade do ar (v.g.,
cozinhas, casas de banho).

XC4 Ciclicamente húmido e seco Betão armado exposto a ciclos de molhagem/secagem.


Superfícies exteriores de betão armado expostas à chuva ou fora do âmbito da XC2

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Classes de exposição ambiental

Quadro 3 – Corrosão induzida por cloretos não provenientes da água do mar


Classe Descrição do ambiente Exemplos informativos

XD1 Moderadamente húmido Betão armado em partes de pontes afastadas da acção directa dos sais
descongelantes, mas expostas a cloretos transportados pelo ar.

XD2 Húmido, raramente seco Betão armado completamente imerso em água contendo cloretos; piscinas.

XD3 Ciclicamente húmido e seco Betão armado directamente afectado pelos sais descongelantes ou pelos salpicos de
água contendo cloretos(1).
Betão armado em que uma das superfícies está imersa em água contendo cloretos e a
outra exposta ao ar (v.g., algumas piscinas ou partes delas). Lajes de parques de
estacionamento de automóveis(2) e outros pavimentos expostos a sais contendo
cloretos.
(1) No nosso país estas situações deverão ser consideradas na classe XD1; (2) Idem, se relevante

Quadro 4 – Corrosão induzida por cloretos da água do mar


Classe Descrição do ambiente Exemplos informativos
XS1 Ar transportando sais Betão armado em ambiente marítimo saturado de sais.
marinhos mas sem contacto
directo com água do mar Betão armado em áreas costeiras perto do mar, directamente exposto e a menos de
200 m do mar; esta distância pode ser aumentada até 1 km nas costas planas e foz
de rios.
XS2 Submersão permanente Betão armado permanentemente submerso.
XS3 Zona de marés, de Betão armado sujeito às marés ou aos salpicos, desde 10 m acima do nível superior
rebentação e de salpicos das marés (5 m na costa Sul de Portugal Continental) até 1 m abaixo do nível inferior
das marés.
Betão armado em que uma das superfícies está imersa em água do mar e a outra
exposta ao ar (v.g., túneis submersos ou abertos em rocha ou solos permeáveis no
mar ou em estuário de rios). Esta exposição exigirá muito provavelmente medidas de
protecção suplementares.

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Classes de exposição ambiental

Quadro 5 – Ataque pelo gelo/degelo


Classe Descrição do ambiente Exemplos informativos

XF1 Moderado número de ciclos Betão em superfícies verticais expostas à chuva e ao gelo.
de gelo/degelo, sem produtos
descongelantes Betão em superfícies não verticais mas expostas à chuva ou gelo.

XF2 Moderado número de ciclos Betão, tal como nas pontes, classificável como XF1, mas exposto aos sais
de gelo/degelo, com produtos descongelantes directa ou indirectamente.
descongelantes

6. Ataque químico
XA1 Ambiente químico ligeiramente agressivo, de Terrenos naturais e água no terreno
acordo com a EN 206-1, Quadro 2

XA2 Ambiente químico moderadamente agressivo, Terrenos naturais e água no terreno


de acordo com a EN 206-1, Quadro 2

XA3 Ambiente químico altamente agressivo, de Terrenos naturais e água no terreno


acordo com a EN 206-1, Quadro 2

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Classes de exposição ambiental

Caracterização Classes de exposição


química

Água no solo XA1 – pouco agressivas XA2 – moderadamente XA3 – muito agressivas
agressivas

2-
SO 4 mg/l  200 e  600 > 600 e  3000 > 3000 e  6000

pH  6.5 e  5.5 < 5.5 e  4.5 < 4.5 e  4.0

CO2 agressivo mg/l  15 e  40 > 40 e  100 > 100


até à saturação
+
NH4 mg/l  15 e  30 > 30 e  60 > 60 e  100

Mg2+ mg/l  300 e  1000 > 1000 e  3000 > 3000


até à saturação
Solos

SO 4
2- mg/kgª) total  2000 e  3000(b) > 3000b) e  12000 > 12000 e  24000

Acidez ml/kg > 200


Baumann Gully Não encontrado na prática

a) Os solos argilosos com uma permeabilidade abaixo de 10-5 m/s podem ser colocados numa classe mais baixa
b) O limite de 3000 mg/kg deve ser reduzido para 2000 mg/kg, caso exista risco de acumulação de iões sulfato no betão devido a ciclos de secagem e
molhagem ou à absorção capilar.

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Classes de exposição ambiental

Exemplo: Ponte localizada num estuário

CORTE TIPO

XC3/XS1 XC4/XS1

XC4/XS3

XC4/XS3/XA1

XC2/XS2/XA1

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Metodologia prescritiva
Prescrições relativas ao recobrimento, composição e classe de resistência do betão

- Vida útil de 50 anos-

Quadro 6 – Limites da composição e da classe de resistência do betão sob acção


do dióxido de carbono, para uma vida útil de 50 anos
Tipo de cimento CEM I (Referência); CEM II/A (1) CEM II/B(1); CEM III/A(2); CEM IV(2); CEM V/A(2)

Classe de exposição XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4

Mínimo recobrimento
nominal (mm)* 25 35 35 40 25 35 35 40

Máxima razão 0,65 0,65 0,60 0,60 0,65 0,65 0,55 0,55
água/cimento

Mínima dosagem de 240 240 280 280 260 260 300 300
cimento, C (kg/m3)

Mínima classe de C25/30 C25/30 C30/37 C30/37 C25/30 C25/30 C30/37 C30/37
resistência LC25/28 LC25/28 LC30/33 LC30/33 LC25/28 LC25/28 LC30/33 LC30/33

(1) Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-W e aos cimentos II/B-T e II/B-W, respectivamente.
(2) Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer portland, em massa.

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Metodologia prescritiva

Quadro 7 – Limites da composição e da classe de resistência do betão sob acção dos


cloretos, para uma vida útil de 50 anos

Tipo de cimento CEM IV/A (Referência); CEM IV/B;


CEM III/A; CEM III/B; CEM V; CEM II/B (1); CEM I; CEM II/A (1)
CEM II/A-D
Classe de exposição XS1/ XD1 XS2/ XD2 XS3/ XD3 XS1/ XD1 XS2/ XD2 XS3/ XD3

Mínimo recobrimento
nominal (mm)* 45 50 55 45 50 55

Máxima razão
água/cimento 0,55 0,55 0,45 0,45 0,45 0,40

Mínima dosagem de 320 320 340 360 360 380


cimento, C (kg/m3)
Mínima classe de C30/37 C30/37 C35/45 C40/50 C40/50 C50/60
resistência LC30/33 LC30/33 LC35/38 LC40/44 LC40/44 LC50/55
(1) Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L e II/B-LL.

O tipo de cimento apresenta uma influência significativa nos


requisitos de composição e resistência

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Metodologia prescritiva

Quadro 9 – Limites da composição e da classe de resistência à compressão do betão


sob ataque químico, para uma vida útil de 50 anos
Tipo de cimento CEM IV/A (Referência); CEM IV/B;
CEM III/A; CEM III/B; CEM V; CEM II/B (1); CEM I; CEM II/A (1)
CEM II/A-D
Classe de exposição XA1 XA2 (2) XA3 (2) XA1 XA2 (2) XA3 (2)
Máxima razão
água/cimento 0,55 0,50 0,45 0,50 0,45 0,45

Mínima dosagem de 320 340 360 340 360 380


cimento, C (kg/m3)
Mínima classe de C30/37 C35/45 C35/45 C35/45 C40/50 C40/50
resistência LC30/33 LC35/38 LC35/38 LC35/38 LC40/44 LC40/44
(1)
Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L e II/B-LL.
(2)
Quando a agressividade resultar da presença de sulfatos, os cimentos devem satisfazer os requisitos mencionados na secção 5,
nomeadamente no Quadro 10, aplicando-se ao betão as exigências estabelecidas neste quadro para o CEM IV.

 Se na composição do betão forem utilizadas adições os termos dosagem de cimento e


razão água-cimento devem ser substituídos por dosagem de ligante e razão água-
ligante

 A dosagem de cimento indicada nos quadros referem-se a betões com com Dmáx 32 mm
Para outros valores de Dmáx tem-se:
12.5 ≤ Dmáx < 20mm: C20/12.5 = 1.10 C
4 < Dmáx <12.5 mm: C12.5/4 = 1.23 C

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Metodologia prescritiva

- Vida útil de 100 anos -

Alterações dos requisitos dos quadros 6 e 7:

 Classes XC; XD e XS
o recobrimento nominal é aumentado de 10 mm

 Classes XF e XA
razão A/C é diminuída de 0.05
C é aumentada de 20 kg/m3
classe de resistência é aumentada de 2 classes

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Nos casos de não satisfação dos requisitos definidos nos quadros 6 e 7 da
E 464 há que recorrer às seguintes metodologias:

 Conceito de desempenho equivalente


- composição não respeitando os limites indicados
- utilização de outros cimentos que não os indicados

 Métodos baseados no desempenho


- recobrimentos menores que os mínimos indicados
- recobrimentos maiores que os indicados e composições com menores exigências
- períodos de vida útil diferentes de 50 e 100 anos

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DURABILIDADE
Metodologias de desempenho

Especificação LNEC E465

Metodologia para estimar as propriedades de


desempenho que permitem satisfazer a vida útil de
projecto de estruturas de betão armado ou pré-
esforçado sob as exposições ambientais XC e XS

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Enquadramento
Desenvolvimento da deterioração no tempo

Nível de deterioração

4
1 despassivação
2 fendilhação
3 3 delaminação
4 rotura
2

iniciação propagação tempo

ti tp

Vida útil  tL = ti + tp

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Vida útil

Categorias de vida útil na EN 1990

Vida útil pretendida Exemplos

Categoria tg (anos)
1 10 Estruturas temporárias
2 10 a 25 Partes estruturais substituíveis

3 15 a 30 Estruturas para a agricultura e semelhantes

4 50 Edifícios e outras estruturas comuns (v.g.,


hospitais, escolas)
5 100 Edifícios monumentais, pontes e outras
estruturas de engenharia civil

As diferentes partes de uma estrutura podem ter diferentes vidas úteis

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Dada a aleatoriedade dos processos de deterioração a avaliação da vida útil deve ser realizada
com base numa análise probabilística, tal como acontece no projecto de estruturas para as
acções mecânicas.
R; S

2 tipos de abordagem:
S
R(t)
R Service period design

pf pf = P{[R(t)- S(t)<0]}T < palvo

palvo – nível aceitável da probabilidade


de falha
S(t)
S(t) – efeito da acção
R(t) - resistência

TL

pf Tempo
f (TL) Lifetime design
Tg
pf = P(TL<Tg) < palvo
TLmédio pf = 0,5
TL – vida útil
Tg – vida útil pretendida

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A análise probabilística pode ser realizada com base no Índice de Fiabilidade β

pf = P(TL<Tg) = P(Z<0)TL= Ф(-β) em que Z(t) = R(t) – S(t)

No caso das funções S(t) e R(t) terem distribuições normais

β = (μR -μS) / (σ2R + σ2S)0.5 = (μR -μS) / σZ

β.σ(z) = μR -μS

pf β.σ(z) = μZ

fZ

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Nível de deterioração – Índice de fiabilidade

Relação entre a probabilidade de


rotura e o índice de fiabilidade para
um período de referência de 50 anos

pr 10-1 10-2 10-3 10-4

β 1.28 2.32 3.09 3.72


Nível de deterioração

4
1 despassivação
2 fendilhação
3 3 delaminação
4 rotura
2

tempo
o o o o

 ~ 1.5  ~ 3.8

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O cálculo da vida útil é realizado com base em estados limites:
 Estado limite de despassivação das armaduras
 Estado limite de fendilhação
 Estado limite de delaminação
 Estado limite último

Para definição da vida útil a Esp LNEC E465 estabelece apenas o estado limite de utilização
definido como início da fendilhação do betão de recobrimento por corrosão de armaduras
Nível de deterioração

4
1 despassivação
2 fendilhação
3 3 delaminação
4 rotura
2

ti tp tempo

tL

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Metodologia adoptada pela E 465

Garantir que: tL – tg > 0

tL – vida útil avaliada através de modelos de desempenho


tg – vida útil pretendida

Análise semi-probabilística – considerar um factor de segurança da vida útil 

Esta metodologia permite:


Calcular de forma determinística as propriedades de desempenho para vida útil de
cálculo:
td =  tg

de modo a satisfazer a condição tL – tg > 0 com uma abordagem probabilística.

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Factores de segurança / Índices de fiabilidade

Mínimos índices de fiabilidade 

Classes de
fiabilidade RC3 RC2 RC1

 2,0 1,5 1,2

probabilidade 2,3*10 -2 6,7*10 -2 12*10 -2

Factores de segurança da vida útil 

Classes de fiabilidade Factor  para o Estado


Limite de Utilização

RC3 2,8

RC2 2,3

RC1 2,0

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Modelação da deterioração

Objectivo: Especificar propriedades de desempenho para o betão


de modo a que tL > td

tL = ti + tp

tL – vida útil avaliada através de modelos de desempenho

Necessário:
Modelar a fase de iniciação: Período de tempo até que a frente de
Carbonatação ou o teor crítico de
Cloretos atinja o nível das armaduras

Modelar a fase de propagação: Período de tempo até o nível de corrosão


causar a fendilhação do betão de recobrimento

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Modelos de cálculo para o Período de Iniciação

CARBONATAÇÃO
Modelo 1
Objectivo: Definir a resistência à carbonatação do betão de modo a que ao fim do período de
iniciação ti a profundidade de carbonatação seja no máximo igual ao recobrimento

2 * D * c
X  *t * K 
a
2 * D * c   t0  
n

 *t * k 0 * k1* k 2   
a 
  t   

onde:
X - profundidade de carbonatação (m)
D – coeficiente de difusão do CO2 no betão carbonatado (65% HR; 20 ºC)
c =0,0007kg/m3 (concentração do CO2 no ar)
a= consumo de CO2, função do tipo e dosagem de cimento (quantidade de CO2 necessário para
carbonatar uma unidade de volume de betão)
K0 – factor igual a 3 quando ensaio de carbonatação é realizado segundo a esp LNEC E 391
K1 – factor dependente da HR do betão
K2 – factor dependente da cura do betão
n – factor dependente da molhagem/secagem ao longo do tempo (<0,3)
t0 – período de referência (1 ano)

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Considerando que a resistência à carbonatação RC65 pode ser medida pela seguinte relação:

a
RC 65  (kg.ano/m5)
D

Introduzindo esta relação na expressão anterior vem:

n
2  0,0007  t t 
X  k 0 * k1 k 2   0 
RC 65 t 

2n
3
1,4 *10  ti  t0 
RC 65  2
 k 0 * k1  k 2    Valor da resistência à carbonatação
a exigir ao betão
R  ti 

A medição de RC65 é feita no ensaio acelerado (LNEC E391)

2  cacel  t1
RC 65 
X1 2

Cacel – concentração de CO2 na câmara de carbonatação (90 x 10-3 kg/m3 ≈ 5% CO2)

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ACÇÃO DOS CLORETOS
Modelo base
Objectivo: Definir a resistência à penetração de cloretos do betão de
modo a que ao fim do período de iniciação ti a profundidade do teor
critico seja no máximo igual ao recobrimento

 X 

C ( x, t )  C S 1  erf
 2 D t 

D é o coeficiente de difusão dos cloretos no betão, em m2/s;


C (x, t) é a concentração dos cloretos, à profundidade x (m) após decorrido o tempo t (s)
CS é a concentração dos cloretos, em % da massa de ligante, na superfície do betão (X=0)
erf é a função erro: erf (z)=w

X2 C S  C ( x, t )
D com:   erf 1

4  t  2 CS

A despassivação das armaduras ocorre para uma concentração de cloretos ao nível das armaduras
C (x, t) = C(R,ti) = CR (teor critico de cloretos)

R – recobrimento das armaduras

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Teor crítico de cloretos CR (% em massa do cimento)

Água/cimento XS1; XS2 XS3

a/c 0,30 0,6 0,5

0,30 < a/c  0,40 0,5 0,4

a/c >0,40 0,4 0,3

A concentração superficial Cs é dada por:

Cs  Cb  ka / c  kvert  khor  ktemp

Cb=3,0% nas classes XS2 e XS3 e Cb=2,0% na XS1


kvert e khor têm os valores indicados no quadro:
Ka/c = 2,5 * (a/c), sendo a/c a razão água/ligante Classe de exposição kvert
XS1 0,7
Ktemp , referente ao betão, tem os seguintes valores:
XS2 1 a 1m de profundidade
1,4 a 24 m de profundidade*
0 ºC 10 ºC 15ºC 20 ºC 25ºC 30 ºC 35ºC
XS3 1,0
2,2 1,5 1,2 1,0 0,8 0,7 0,6

Distância à linha de Khor


costa**
0 1
1 Km* 0,6

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O coeficiente de difusão D0 a exigir ao betão é dado por:

n n
Da(t) = Da(t0)*(t0/t) = kD,c * kD,RH * kD,T * D0 * (t0/t)

kD,c é um factor que tem em conta a influência das condições de cura;


kD,RH é um factor que tem em conta a influência da humidade relativa do ambiente;
kD,T é um factor que tem em conta a influência da temperatura;
D0 é o coeficiente de difusão potencial (m2/s), determinado em laboratório de acordo com a Especificação LNEC E 463,
com o betão na idade de referência t0 =28 dias;
n é um factor que tem em conta o decréscimo de ingresso dos cloretos ao longo do tempo.

Número de dias de cura kD,c Classes de exposição KD,RH


normalizada 2,4 XS1 0,4
em contacto permanente com 0,75 XS3 1,0
água
XS2 1,0
Cofragem de permeabilidade 1,0
controlada e 3 dias de cura
húmida

Temperatura do betão (ºC) KD,T


Classes de exposição n 30 ºC 1,5
CEM I / CEM III /
IV 25 ºC 1,2
II*
20 ºC 1,0
XS1 0,55 0,65
15 ºC 0,8
XS2 0,45 0,55
10 ºC 0,75
XS3 0,55 0,65
* Excepto CEM II-W, II-T, II/B-L e II/B-LL
0 ºC 0,4

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Modelo de cálculo para o Período de Propagação

O modelo recorre:

- lei de Faraday

x  0,0115I cor t p

x (mm) é a redução de raio provocada pela intensidade da corrente de corrosão Icorr (A/cm2)
durante o tempo de propagação da corrosão tp (anos)

- à expressão experimental de estima da redução de raio, x , que provoca a iniciação da fissuração:


x = 10-3 * (74,5 + 7,3R/0 – 17,4 fcd)
R é o recobrimento (mm);
fcd é a resistência à compressão diametral do betão, com o valor 2 e 2,5 MPa nos betões para a carbonatação
e 3 e 4 MPa nos betões para os cloretos.
0 diâmetro inicial das armaduras

- à consideração da diferente influência na corrosão da carbonatação e da acção dos cloretos


0 -  = x
 = 2 quando a corrosão é uniforme, caso da corrosão por carbonatação
  10 quando a corrosão é por picadas, caso da corrosão por cloretos

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- à consideração dos níveis de corrosão expectáveis nas classes de exposição XC e XS
em função dos teores de humidade nos poros do betão

Classes de exposição e níveis de corrosão das armaduras

XC1 XC2 XC3 XC4 XS1 XS2 XS3

Despr Baixo Despr. Baixo/ Moder. Despr Elevado


Moder.

Níveis de corrosão
Intensidade da corrente de Nível de corrosão
corrosão (A/cm2)
< 0,1 desprezável
0,1-0,5 baixo
0,5-1 moderado
>1 elevado

Período de propagação:

tp = k 0 / (1,15  Icorr )
com:

k = 0,1*(74,5 + 7,3 R/0 – 17,4 fcd) /(0/2)

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Exemplo: Fendilhação cálculo do tp

Perda de raio que provoca o início da fendilhação:

x = 10-3 * (74,5 + 7,3R/0 – 17,4 fcd)

R – recobrimento [mm]
Ф0 – diâmetro do varão [mm]
fcd – resistência à compressão diametral do betão [MPa]

R = 30 mm
Ф0 = 20 mm x = 42 μm
fcd = 2.5 MPa

Icorr = 0.1 μ A/cm2  tp = 37 anos

Icorr = 1 μ A/cm2  tp = 3.7 anos

Icorr = 10 μ A/cm2  tp = 0.37 anos

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Cálculo das propriedades de desempenho do betão
Síntese:

Definir previamente:

 Período de vida útil pretendido tg


 Classe de fiabilidade da estrutura ou do elemento estrutural: RC1//RC2/RC3
 Classes de exposição a que cada elemento estrutural está sujeito: XC1 a XC4 ou XS1 a XS3
 Recobrimento mínimo a adoptar em cada elemento estrutural

Seguidamente calcular:

 O período de propagação tp

tp = k 0 / (1,15  Icorr )
 O período de iniciação de cálculo

tic =  (tg – tp).

 As propriedades do betão relacionadas com a durabilidade – resistência à carbonatação RC65


e coeficiente de difusão aos cloretos D0 – com base nos modelos de deterioração.

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EXEMPLO
Ponte localizada no estuário de um rio

Período de vida útil pretendido – 120 anos


CORTE TIPO

XC4/XS1

XC4/XS3

XC4/XS3/XA1

XC2/XS2/XA1

Cálculo das propriedades de desempenho do betão para os elementos estruturais sujeitos


à classe de exposição XS3

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Classe de fiabilidade da estrutura – RC3

Classe de exposição – XS3

Recobrimento mínimo – 50mm  Recobrimento nominal – 60mm

Betão: cimento tipo IV; razão A/C : 0.35

Cálculo do período de iniciação:

tic =  (tg – tp).


Factores de segurança da vida útil 

Classes de fiabilidade Factor  para o Estado


Limite de Utilização

RC3 2,8

RC2 2,3

RC1 2,0

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Período de propagação:

tp = k 0 / (1,15  Icorr )

k = 0,1*(74,5 + 7,3 R/0 – 17,4 fcd) /(0/2)

R = 50mm
0 = 12 mm
fcd = 4 MPa tp = 0.38 anos
=8
Icorr = 5 μA/cm2

tic =  tg  tic = 2.8 x 120 = 336 anos

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Modelo de cálculo

 X 

C ( x, t )  C S 1  erf
 2 D t 

O período de iniciação ti é atingido quando o teor de cloretos ao nível das armaduras atingir o teor crítico:

C (x, t) = C(R,ti) = CR (teor crítico de cloretos)

CR (% em massa do cimento)

Água/cimento XS1; XS2 XS3

a/c 0,30 0,6 0,5

0,30 < a/c  0,40 0,5 0,4

a/c >0,40 0,4 0,3

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Teor de cloretos à superfície Cs:
Ktemp
Cs  Cb  ka / c  kvert  khor  ktemp 0 ºC 10 ºC 15ºC 20 ºC 25ºC 30 ºC 35ºC

2,2 1,5 1,2 1,0 0,8 0,7 0,6

Cb=3,0% nas classes XS2 e XS3


Classe de exposição kvert
XS1 0,7
Ka/c = 2,5 * (a/c)
XS2 1 a 1m de profundidade
1,4 a 24 m de profundidade*
Ka/c = 2,5 x 0.35 = 0.875 XS3 1,0

Distância à linha de Khor


costa**
Cs = 2.625% 0 1
1 Km* 0,6

 X   50 

C ( x, t )  C S 1  erf 0.4  2.6251  erf 
 2 D t   2 336 * D 
  

D = 1.67 mm2/ano

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Cálculo do coeficiente de difusão D0 (LNEC E 463) a exigir ao betão de modo
a garantir o período de vida de 120 anos para a estrutura

n n
Da(t) = Da(t0)*(t0/t) = kD,c * kD,RH * kD,T * D0 * (t0/t)

Número de dias de cura kD,c Classes de exposição KD,RH


normalizada 2,4 XS1 0,4
em contacto permanente com 0,75 XS3 1,0
água
XS2 1,0
Cofragem de permeabilidade 1,0
controlada e 3 dias de cura
húmida

Temperatura do betão (ºC) KD,T


Classes de exposição n 30 ºC 1,5
CEM I / CEM III /
IV 25 ºC 1,2
II*
20 ºC 1,0
XS1 0,55 0,65
15 ºC 0,8
XS2 0,45 0,55
10 ºC 0,75
XS3 0,55 0,65
* Excepto CEM II-W, II-T, II/B-L e II/B-LL
0 ºC 0,4

D0 = 162 mm2/ano = 5.1x10-12 m2/s

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