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 +4A empresa requerida parece ignorar ou simplesmente desconhecer que a uma

clausula de declarações e garantia no spa (anexo 04, pag. 16) violando todos os
princípios que dele emanam, tais como os princípios da probidade e boa-fé que
estão previstos no artigo 422 do Código Civil.

 Foi assinado um SPA (Contrato de compra e venda de ações) no qual as


partes consideraram que iriam pautar-se durante todo o presente
instrumento na boa-fé

A) a Sociedade é controlada pela vendedora, tendo como objeto social a


produção de grãos

B) a vendedora é titular de 100% das ações ordinárias da sociedade;

C) a vendedora pretende vender a compradora, e esta pretende adquirir da


vendedora 90% das Ações na data de fechamento

D) as partes, almejando conquistar mercados relevantes e possíveis


ganhos em eficiência empresarial, inclusive em razão do desenvolvimento
das pesquisas da compradora em OGM´s, pautaram-se na boa-fé durante
as negociações do presente instrumento e durante a condução da
competente auditoria.

ISTO POSTO, as partes têm entre si justo e acordado:

3. Cláusula de declarações e garantias especificas.

3.2. Declarações e garantias da compradora. A compradora declara e garante a


vendedora que as seguintes declarações e garantias são, nesta data,
verdadeiras, corretas e completas, e estão em pleno vigor e efeito.

Fechados todos os acordos, as partes assinam o contrato (SPA) e garantem a


veracidade de todos os fatos descritos.

Como a operação refletida no SPA era sigilosa, participaram das negociações


em nome da Bacamaso somente o Sr. Colorado e a Sra. Coralina, que foram
auxiliados por um escritório de advocacia, uma empresa de auditoria e um banco
como assessor financeiro. A Alentejo brasil também se fez representar por um
grupo reduzido de participantes, incluindo sua Presidente, uma firma de
assessoria financeira e seus advogados.
Em 17/9/2018, após a assinatura do SPA (signing), mas antes do fechamento da
operação (closing), a Polícia Federal deu início à Operação Spinaci, que
investiga possíveis crimes de corrupção envolvendo fiscais da Secretaria do
Agronegócio e Abastecimento do Estado de Vila Rica (“SAA”). A Operação
pretendeu investigar possíveis crimes ou atos de improbidade dos referidos
fiscais durante a inspeção das plantações de grãos em Vila Rica. A operação foi
particularmente relevante, pois Vila Rica concentra o maior número de
plantações de grãos do país, com presença das maiores companhias dedicadas
à atividade, incluindo a BACAMASO. A Operação Spinaci surgiu como operação
irmã da Operação Tudo no Espeto, que, poucos anos antes, havia investigado
crimes de corrupção em fiscalizações do setor de proteína animal. A Operação
Spinaci mirou alguns fiscais e algumas empresas atuantes em Vila Rica. A
BACAMASO não foi alvo desta primeira fase da Operação Spinaci.

Em 1/11/2018, um dos fiscais presos, Coordenador de Sementes da SAA,


assinou acordo de colaboração premiada e relatou que pagamentos ilegais eram
feitos aos fiscais da SAA para influenciar o resultado das inspeções das
plantações de grãos, sendo que a maior parte destes pagamentos era
intermediada por uma empresa de consultoria chamada Papier Froid. O fiscal
disse, ainda, que a empresa era ligada ao partido do Sr. Girafales, político
influente com mais de quinze anos ininterruptos no Congresso Nacional como
deputado federal e senador por Vila Rica, e atual governador de Vila Rica. O
partido havia prometido ao fiscal promovê-lo e mantê-lo no cargo de coordenador
de sementes e lhe repassar parte dos pagamentos recebidos em troca de sua
ingerência sobre as fiscalizações no estado.

Essa delação, que não foi levada ao conhecimento da imprensa à época, foi
homologada judicialmente e culminou na intimação da BACAMASO pela Receita
Federal para que apresentasse documentos relevantes que lastreassem certos
pagamentos feitos pela empresa à Papier Froid. A intimação foi recebida pela
BACAMASO em 26/11/2018, três dias antes do closing do SPA. Naquele
momento, não foi feita nenhuma acusação formal contra a BACAMASO.

Embora não soubesse a que o pagamento se relacionava, nem qual era o motivo
da intimação da Receita Federal, a BACAMASO optou por tentar reduzir ou
eliminar eventuais penalidades. Portanto, no dia anterior ao closing, a
BACAMASO decidiu propor ao Ministério Público um acordo de leniência, por
meio do qual cooperaria com as investigações. Na mesma data, o Sr. Colorado
também propôs ao Ministério Público um acordo de delação premiada.

No mesmo dia em que foram propostos os acordos de leniência e de delação


premiada, a BACAMASO divulgou fato relevante informando ao mercado que o
Sr. Colorado estava se afastando do cargo de CEO da empresa, sendo
substituído pela CFO Sra. Coralina. Por sua vez, a Sra. Coralina seria substituída
no cargo de CFO pelo Sr. Roberto Macedo, gerente financeiro e “pupilo” da Sra.
Coralina há mais de uma década. O mercado recebeu bem a notícia, pois já
especulava que a Sra. Coralina seria a sucessora natural do Sr. Colorado,
fundador da empresa, e por entender que o novo CFO era um profissional de
grande reputação.

No closing, a BACAMASO, representada pela Sra. Coralina, e a Alentejo Brasil,


representada pela Sra. Llansol, firmaram termo de fechamento em que ambas
confirmaram que, naquela data, tanto quanto era de seu conhecimento, as
declarações e garantias constantes do SPA permaneciam válidas, completas e
verídicas. Na ocasião, em que ocorreu a transferência de 5% ações da
BACAMASO para a Grãos Araguaia Alentejo Brasil, as ações de emissão da
BACAMASO vieram a corresponder a um montante de R$560.000.000
(quinhentos e sessenta milhões de reais). Portanto, a BACAMSOBACAMASO
realizou uma transferência, para o pagamento da quantia remanescente e
atualizada do preço, no valor de R$723.163.197,40 (setecentos e vinte e três
milhões, cento e sessenta e três mil, cento e noventa e sete reais e quarenta
centavos.

Bom Dia (Boa Tarde, Boa Noite), Sr. Árbitros, Sr. Procuradores e a todos aqui presentes, meu
nome é Gustavo Baraúna e eu irei explanar as questões de mérito da requerente (Alentejo
Brasil Holding S.A)

Bom, a minha fala se divide em dois pontos, se houve violação das declarações e garantias do
SPA pela requerida quanto ao dever de divulgação de fato relevante nos termos da instrução
CVM No. 358, e quais consequências desta violação. E se houve culpa da requerida em face as
alegações de omissão de fatos quando da assinatura do termo de fechamento do SPA.

Houve sim violação nas declarações e garantias do SPA, ao que compete a divulgação de fato
relevante nos termos da instrução CVM no. 358. E houve sim omissão dos fatos relevantes
quando da assinatura do termo de fechamento.
A empresa requerida parece ignorar ou ela simplesmente desconhece as cláusulas de
declarações e garantias e todos os conceitos que dela emanam, tais como os princípios da
probidade e boa fé e principalmente do Pact Sunt Servanda aonde asseguram todos e quais
quer relações jurídicas.

1. Declarações e Garantias da Compradora:

Na pág. 18, nos itens 3.2 e 3.2.1 a compradora declara e garante a vendedora que as
declarações e garantias são, nesta data (13/08/2018), verdadeiras, corretas e completas, e
estão em pleno vigor e efeito.

Como o próprio nome indica, as declarações e garantias possuem duas funções primordiais:
“declarar” a outra parte a situação da empresa e/ou do próprio declarante e “garantir” ao
receptor da informação a veracidade das informações e o consequente direito de indenização.

Em sua essência as cláusulas de declarações e garantias tem como foco a convenção de uma
verdade entre as partes quanto as circunstancias de todo contexto formado pela realidade
fática e jurídica. Seu conteúdo reflete o ambiente que proporcionou a formação de vontade
entre as partes para a realização da operação e celebração do contrato, de modo que, se fosse
diferente do que está ali consignado, o contrato não aconteceria.

Tem ligação intima com os motivos para a continuidade do negócio, fixando enunciados
relativos ao objeto do SPA, diretamente derivados da observância de deveres que surgem sob
o escopo do princípio da probidade e boa-fé objetiva e do entendimento da obrigação com
processo. Em termos simples, pode-se dizer que é um “retrato” que detalha as condições reais
e jurídicas referentes ao objeto do contrato, isto é, as ações representativas de capital social
que valiam 560.000.000 (Quinhentos e Sessenta Milhões de reais).

Podemos observar, que a clausula de declarações e garantias não foram respeitadas pela
requerida, no signing, nem no closing. A violação da clausula se dá a partir do momento em
que a Bacamaso Trader agrícola S.A não divulgou fato relevante, referente as operações
policiais e de seus significativos efeitos sobre a companhia, agindo de forma imprudente e
espúria, deixando a Alentejo Brasil Holdings S.A amargar com um deságio de 20% em suas
ações.

As origens do conceito de fato relevante são identificadas no direito norte-americano, que


inspirou também o seu tratamento na legislação comunitária europeia e em outros países. O
conceito na legislação brasileira é analisado a partir de seus elementos constitutivos
principalmente a noção de ato ou fato ocorridos nos negócios da companhia (e de quando o
conceito exclui atos que, não obstante possam influenciar as decisões de investimentos).

Segundo a CVM, considera relevante qualquer decisão de acionista, controlador,


deliberação da assembleia geral ou dos órgãos de administração da companhia aberta, ou
qualquer outro ato ou fato de caráter político-administrativo, técnico, negocial ou econômico-
financeiro ocorrido ou relacionado aos seus negócios que possa influir de modo ponderável na
cotação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta ou a eles referenciados; na
decisão dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes a condição de titular de
valores mobiliários emitidos pela companhia ou a eles referenciados.

Não obstante de tudo que foi mencionado, é de extrema importância ressaltar que os
contratos são acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado
a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes e para que um contrato seja
justo para as duas partes, é necessário que haja princípios a serem seguidos. Dentre eles os
princípios da probidade e boa-fé e do pacta sunt servanda que servem para assegurar as
relações jurídicas. (Vínculo entre duas ou mais pessoas, ao qual as normas jurídicas atribuem
efeitos obrigatórios)

1.1 Princípio da Boa-fé

O princípio da boa-fé está previsto no artigo 422 do Código Civil, o qual menciona “Os
contratantes são obrigados guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios da probidade e boa-fé”.

E no artigo 113 : “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração”.

Em relação ao princípio da boa-fé Maria Helena Diniz assevera:

Segundo esse princípio, na interpretação do contrato, é preciso ater-se mais a intenção do


que o sentido literal da linguagem, e em prol do interesse social de segurança das relações
jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se
mutuamente na formação e na execução do contrato.

E no mais, estes dispositivos tem por objetivo assegurar a observância dos deveres de
lealdade entre os contratantes, e resguardar o dever das partes de agir sem o intuito de
prejudicar ou obter vantagens indevidas, desde as tratativas iniciais, na formação, na
execução e após o fechamento do contrato.

A função ativa da boa-fé se caracteriza pela existência de deveres que não surgem do acordo
de vontade entre os contratantes, são deveres que decorrem da boa-fé, são os chamados
deveres anexos ou laterais, tais como, deveres de cooperação, harmonia, informação e
segurança.
Cabe destacar que o descumprimento dos princípios da probidade e da boa-fé, ou, mais
precisamente, dos deveres de conduta que dele decorrem para cada uma das partes, se
enquadra no conceito de ato ilícito preceituado pelo art. 186 do Código Civil, e faculta a
parte prejudicada o direito de demandar indenização pelos danos causados pela parte
inadimplente.

1.2 Principio do Pacta Sunt Servanda


O princípio da força obrigatória do contrato, consiste no pressuposto de que o avençado,
pelas partes, deverá ter seu estrito cumprimento, como forma de preservação da vontade
das mesmas, que presumidamente, é livre e consciente no momento da celebração do
contrato.
Orlando Gomes afirma que o contrato “celebrado que seja, com a observância de todos os
pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes
como se suas clausulas fossem preceitos leis imperativos” Maria Helena Diniz acompanha
este pensamento, afirmando que “o contrato, uma vez concluído livremente, incorpora-se
ao ordenamento jurídico, constituindo uma verdadeira norma de direito”.

Estes princípios estão adjunta mente ligados e precisam ser seguidos, sem falhas ou
desvios. O que deixa bem claro que a Requerida desconhece ou simplesmente os ignora.

2. Consequências da violação das declarações e garantias do SPA.

A Requerente na página 42, nos itens 12, 13 e 14 afirma que a Alentejo agiu de forma
intempestiva, negligente e apressada em relação ao ato de vender suas ações e que na pior
das hipóteses, a responsabilidade deveria recair sobre o Sr. Peter Colorado.

Pois bem, a Alentejo brasil holdings S.A firmou um contrato de compra e venda de ações, com
a Bacamaso, tendo, portanto, sua imagem ligada a esta empresa. Depois de todo o escândalo
sofrido, as ações oscilaram e se tornou difícil prever eventuais reflexos, de certos atos ou fatos
da sociedade sabendo-se que as reações na bolsa de valores nem sempre são ditadas pela
lógica e pelo bom senso, portanto não existe negligencia. Qualquer empresa em sã consciência
venderia as ações, tendo em vista o cenário assombroso que se encontrava a Bacamaso.

Devido a este despreparo, e esse déficit enorme na sua estrutura profissional e ética da
requerida, a Alentejo Brasil Holdings S.A, teve de engolir com um prejuízo de 112 milhões de
reais referentes aos seus 5% das ações de emissão.

Para Silvio Rodrigues, “a ação ou omissão da companhia, que dá origem à indenização,


geralmente decorre da infração a um dever, que pode ser legal, contratual e social”. Esse
dever decorre de “obrigação legal, regulamentar ou convencional”. O dever jurídico “pode
advir da lei ou do negócio jurídico”. Buscando assim sua indenização, a Alentejo solicita a
reparação integral dos danos sofridos.

3. omissão da requerida ao termo de fechamento do SPA

A omissão da requerida está presente a partir do momento em que esconde fatos


relacionados a operação Spinaci, que ocorreram antes do fechamento do SPA.
Segundo Pontes de Miranda, “a abstenção, omissão, ou ato negativo, também pode ser
causa de dano. Se o ato cuja prática teria impedido, ou, pelo menos, teria grande
probabilidade de impedir o dano, foi omitido, responde quem o omitiu, ou seja, a diretoria
e o conselho de administração”

Segundo o art.23 do estatuto social da bacamaso, o conselho de administração tem por


função primordial a fiscalização e controle da gestão dos diretores.
Razões de ordem ética embasam o dever de informar. Decorre este da necessidade de se
impedir que alguém, prevalecendo-se da posição que ocupa, obtenha vantagens patrimoniais
indevidas, em detrimento de pessoas que ignoram certas informações. Trata-se de um dever
jurídico, atribuído aos administradores de companhia aberta, que encontra correspondência
direta no direito subjetivo que têm os investidores de se inteirarem, não só dos atos e decisões
provenientes da administração da companhia, como de todos os fatos relevantes que possam
ocorrer em seus negócios.

Destaco ainda a teoria ultra vires, comentada pela própria bacamaso, que dispõe que, se o
administrador, ao praticar atos de gestão, violar o objeto social delimitado no ato constitutivo,
este ato não poderá ser imputado a sociedade. Desta feita a sociedade fica isenta de
responsabilidade perante terceiros. Mas é notório que o ato cometido por peter colorado foi
única e exclusivamente para beneficiar a sua empresa, tendo, portanto, que ser
responsabilizada na proporção do benefício que lhe foi auferido.

A omissão, portanto, toma relevância quando há o dever jurídico de praticar o ato que se
omite. Mas isso não basta.
A Teoria Ultra Vires surgiu por ação das cortes britânicas em meados do século XIX, com o
objetivo de evitar desvios de finalidade na administração das Sociedades por ações, e preservar
os interesses dos investidores. Essa teoria afirma que qualquer ato praticado em nome da
pessoa jurídica, por seus sócios ou administradores, que extrapolasse o objeto social seria nulo.

O professor Pablo Stolze conceitua que esta teoria sustenta ser nulo o ato praticado pelo sócio
que extrapolou os poderes a si concedidos pelo contrato social. Esta teoria visa a proteger a
pessoa jurídica. Porém, com o tempo percebeu-se que sua aplicação gerava insegurança a
terceiros de boa-fé que negociavam com tais sociedades. Para isso existe a Teoria da Aparência
que protege o terceiro de boa-fé que contrata com a sociedade. Nela diz que o terceiro que de
modo justificável desconhecia as limitações do objeto social ou dos poderes do administrador
ou do sócio que negociou tem o direito de exigir que a própria sociedade cumpra o contrato.
Posteriormente a sociedade pode regressar contra o administrador ou sócio que agiu de modo
ultra vires. Quando a empresa é beneficiada pelo ato ilícito, ela será responsabilizada na
proporção do benefício auferido, portanto, Peter Colorado beneficiando a empresa com seus
atos de corrupção e contradizendo o que estava escrito no fechamento do SPA, que a empresa
estava cumprindo integralmente a legislação anticorrupção brasileira e as regras da Instrução n°
358 da CVM não pode isentar a responsabilidade da Bacamaso, pois não cumpre os requisitos
abordados no

Art. 1.015 do Código Civil Brasileiro de 2002 para que haja a responsabilização apenas dos
administradores, visto que a empresa sofreu os benefícios dos atos ilícitos provocado pelo ex-
CEO da Bacamaso

O não cumprimento das regras se torna nítido no momento em que o Sr. Peter Colorado, não
informa a Sr. Conceição Coralina que no momento era diretora financeira e de relação com
investidores de seus atos ilícitos enquanto representante da empresa, não obedecendo assim
o Art. 3º §1 da CVM, que diz que:

Os acionistas controladores, diretores, membros do conselho de administração, do


conselho fiscal e de quaisquer órgãos com funções técnicas ou consultivas, criados por
disposição estatutária, deverão comunicar qualquer ato ou fato relevante de que tenham
conhecimento ao Diretor de Relações com Investidores, que promoverá sua divulgação.

Em uma grande companhia a quantidade de negócios celebrados diariamente e fatos


relacionados a eles é imensa. De modo que, existe o cargo de diretor de relações com
investidores que é responsável por prestar todo tipo de ato ou fato relevante e estar por
dentro de todo tipo de movimentação da diretoria ou de acionistas controladores. Cargo este
que precisa estar em constante troca de informações com o CEO, o que mostra a incapacidade
da bacamaso nessa troca de informações, causando assim uma assimetria informacional,
deixando a Alentejo continuar com as negociações, agindo com falta de profissionalismo.

É o despreparo da atual CEO da requerida, que não cumpriu seus deveres como antiga CFO e
administradora, que seriam o de fiscalizar, não só o balancete financeiro, mas as atividades do
acionista controlador, ficando a par de todos os atos cometidos por ele. Devido a importância
dos assuntos tratados era de obrigação da Sra. Coralina buscar essas informações que seriam
de grande valia, não só para a Alentejo, mas também para a Bacamaso.

Na hipótese de omissão do diretor de ralações com investidores, impõem-se examinar


se os outros administradores deveriam proceder a divulgação. A LSA estabeleceu
expressamente a responsabilidade individual dos administradores no art.158 1, ao dispor que
só respondem pelos atos de outros administradores se forem coniventes, deles tendo
conhecimento, deixarem de agir para impedir sua prática, ou, negligentes em descobri-los que
foi o caso da Sra. Conceição Coralina.

Tais declarações são sobre a divulgação de ato ou fato relevante: a compradora atesta que
cumpriu integralmente com as regras da comissão de valores mobiliários, especialmente sobre
divulgação de ato ou fato relevante previstas na Instrução CVM n. 358.

Razões de ordem ética embasam o dever de informar. Decorre este da necessidade de se


impedir que alguém, prevalecendo-se da posição que ocupa, obtenha vantagens patrimoniais
indevidas, em detrimento de pessoas que ignoram certas informações. Trata-se de um dever
jurídico, atribuído aos administradores de companhia aberta, que encontra correspondência
direta no direito subjetivo que têm os investidores de se inteirarem, não só dos atos e decisões
provenientes da administração da companhia, como de todos os fatos relevantes que possam
ocorrer em seus negócios.

II.2.2 Conseqüências do "insider trading" na Lei nº 6.404/76. Os §§ 1º e 2º do art. 155 da


mencionada Lei impõem dois deveres e enunciam uma proibição para os administradores das
companhias abertas e aqueles que se lhes equiparam:

a. o dever de guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada
para conhecimento de mercado, capaz de influir de modo ponderável na cotação dos valores
mobiliários;

b. a proibição de valer-se dessas informações para obter, para si ou para outrem, vantagem
mediante compra ou venda de valores mobiliários, e

c. o dever de zelar para que subordinados e terceiros de sua confiança:

A infração desses três itens, segundo o § 3º do mesmo art. 155, acarreta para o prejudicado o
direito de haver indenização por perdas e danos dos infratores (administradores, conselheiros
e diretores, membros de órgãos estatutários com funções técnicas e consultivas e conselheiros
fiscais).

Em nosso Código Civil, a despeito de não constar uma expressa definição de "insider trading",
dois dispositivos contemplam a mecânica subjacente à figura do "insider trading". Com efeito,
os arts. 92, combinado com o art. 94, e 159, ao protegerem direitos subjetivos e patrimoniais,
indiscutivelmente são aplicáveis a casos de "insider trading".

"Art. 92 – Os atos jurídicos são anuláveis por dolo, quando este for sua causa.

Art. 94 – Nos atos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou
qualidade de que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem
ela não seria celebrado o contrato.
Art. 159 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar dano."

Entendemos aplicável o art. 94 acima transcrito, porque:

a. o ato de comprar e vender ações é um ato jurídico;

b. o "insider" intencionalmente silencia a respeito de fato relevante da empresa;

c. a parte prejudicada ignora este fato relevante;

d. há omissão dolosa quando "insider trading" intencionalmente omite o fato, e

e. a parte prejudicada não teria celebrado o contrato, se soubesse dos fatos relevantes que a
outra parte dolosamente omitiu.

Quanto à aplicação da norma do art. 159, entendemos que, de igual modo, o artigo poderá
servir de fundamento para a parte prejudicada pleitear indenização, porque no "insider
trading":

a. existe um fato lesivo voluntário doloso, imputável ao agente por omissão;

b. existe a ocorrência de um dano, de caráter patrimonial,

e c. há relação de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

Tais declarações são sobre a divulgação de ato ou fato relevante: a compradora atesta que
cumpriu integralmente com as regras da comissão de valores mobiliários, especialmente sobre
divulgação de ato ou fato relevante previstas na Instrução CVM n. 358.

E na pág. 27, item 3.2 referente ao closing a compradora ratifica as declarações,


obrigações e condições que foram acordadas no SPA.

Por sua vez, a clausula de declarações e garantias, é uma das cláusulas primordiais de qualquer
SPA que siga o padrão comumente adotado no mercado profissional de F&A.

“Art. 16 parágrafo 3 O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar
integralmente o dano causado.

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