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A Teoria Da Cegueira Deliberada 1
A Teoria Da Cegueira Deliberada 1
INTRODUÇÃO.
Para que a teoria seja aplicada é imprescindível que o autor tenha conhecimento da alta
probabilidade de que os valores ou bens advenham de ilícitos penais e tenha ficado de modo
inerte a esse conhecimento.
Tal Doutrina permite que haja condenação nos casos em que o Estado não consegue
produzir provas acerca do real conhecimento do réu sobre uma situação fática suspeita. Seus
defensores afirmam que apesar do acusado não ter conhecimento dos fatos, essa ignorância
advém de sua conduta para evitar a descoberta de uma situação possivelmente ilícita.
Trataremos agora sobre Dolo eventual e culpa consciente, o conceito de cada Instituto
e diferença entre eles. Começaremos a falar sobre dolo, posteriormente sua vertente de eventual.
Quando falamos sobre dolo, como cediço é a vontade livre e consciente de praticar
determinado ato. Mais claro ainda, sobre o tema, nos fala o doutrinador Fernando Capez: "dolo
é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. Mais amplamente,
é a vontade manifesta pela pessoa humana de realizar a conduta".
Para que não reste dúvida quanto o elemento dolo, é imprescindível tecer comentários
sobre sua composição, formada por consciência e a vontade do agente na prática da conduta.
Como já tratamos sobre dolo, falaremos mais especificamente sobre dolo eventual.
Quando tratamos de dolo eventual, percebemos que o agente que está praticando
determinada conduta, sabe o resultado que pode ocorrer, não pretende o resultado, mas prática
a conduta de uma forma tão exagerada e arriscada, demonstrando que não se importa se o
resultado ocorrer.
Para Fernando Capez: "o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente
atingi-lo, pouco se importa com sua ocorrência. Fica claro que no dolo eventual, vemos a
indiferença que o agente demonstra quanto ao resultado que pode vir a surgir.
Como já tratamos de dolo e sua vertente eventual, nos resta tratar sobre culpa, e mais
especificamente, culpa consciente.
Assim como o dolo, a culpa integra o fato típico sendo o elemento normativo da conduta,
desta forma, para aferir a culpa é necessário fazer um juízo de valor do operador do direito.
Segundo Masson, "crime culposo é aquele que se verifica quando o agente, deixando de
observar o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia, realiza uma
conduta voluntária que produz um resultado naturalístico não previsto nem requerido, mas
objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, o qual podia, com a devida
atenção, ter evitado".
Por todo o exposto, fica ainda mais fácil a diferença entre dolo eventual e culpa
consciente. É só observarmos uma conduta, se qualquer indivíduo médio da sociedade a
praticaria, estamos diante de culpa consciente, se por outro lado, os indivíduos ditos comuns
não praticariam aquela conduta, estaremos diante de dolo eventual.
A grande crítica da maior parte da doutrina atual quanto a Teoria do Avestruz, é que não
se pode simplesmente importar um instituto ou teoria do comum law, que possui raízes
totalmente diversas do sistema amplamente positivista nacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não nos resta dúvidas de que a aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada seria de
grande valia para o direito penal brasileiro, em especial para a condenação nos casos de crime
de lavagem de dinheiro, um dos mais difíceis de se reunir provas contra os agentes. Sua
aplicação no ordenamento jurídico brasileiro seria reflexo do chamado expansionismo do
Direito Penal.
Por fim, insta mencionar que o presente trabalho buscou, tão somente, apresentar a
teoria, sua origem, a diferenciação para dolo e culpa e sua dificuldade de inserção no
ordenamento jurídico pátrio.
BIBLIOGRAFIA
ESTADOS UNIDOS. Suprema Corte dos Estados Unidos. In re Aimster Copyright Litigation
(2003). Disponível em: <http:/homepages.law.asu.edu/cyberlaw/inreaimster(9c-03-03).htm>
NUCCI, Guilherme de S. Manual de Direito Penal: Parte Geral e Parte Especial. 8 edição. Ed.
Revista dos Tribunais. 2013.