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Principais Julgados STF em 2019

1. Receita Federal e compartilhamento de dados com o


Ministério Público

RE 1055941/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 4.12.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 6.12.2019.

1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira


da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil
(RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal
para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial,
devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos
formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional.

2. O compartilhamento pela UIF e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser
feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo,
certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de
apuração e correção de eventuais desvios.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 990
da repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário em que se
discutia a possibilidade de compartilhamento com o Ministério Público, para
fins penais, dos dados bancários e fiscais do contribuinte, obtidos pela Receita
Federal no legítimo exercício de seu dever de fiscalizar, sem autorização prévia
do Poder Judiciário.

2. Constitucionalidade do art. 283 do CPP.

ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em
7.11.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 11.11.2019.

É constitucional o art. 283 do CPP, no que condiciona o início do cumprimento


da pena ao trânsito em julgado do título condenatório, tendo em vista o que
disposto no art. 5º, LVII, da CF.

De acordo com o referido preceito constitucional, ninguém será considerado


culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A literalidade
dessa norma constitucional não deixa margem a dúvidas: a culpa é pressuposto
da sanção, e a constatação ocorre apenas com a preclusão maior. O dispositivo
não abre campo a controvérsias semânticas. A CF consagrou a excepcionalidade
da custódia no sistema penal brasileiro, sobretudo no tocante à supressão da
liberdade anterior ao trânsito em julgado da decisão condenatória.
3. Legitimidade do Ministério Público para o ajuizamento de ação
civil pública

RE 643.978/SE, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 9.10.2019. Ata


de julgamento publicada no DJe de 18.10.2019.

O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública


em defesa de direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).

4. Repasse de “royaties” a municípios.

ADI 4.846/ES, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 9.10.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 18.10.2019.

É constitucional a imposição legal de repasse de parcela das receitas


transferidas aos Estados-membros para os municípios integrantes da
territorialidade do ente político maior, preservada a vigência do art. 9º da
Lei 7.990/1989, que “institui, para os Estados, Distrito Federal e Municípios,
compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás
natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de
recursos minerais em seus respectivos territórios, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva”.

5. Constitucionalidade de resolução do Senado Federal que


autoriza cessão de dívida ativa a bancos.

ADI 3.786/DF e ADI 3.845/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em


3.10.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 18.10.2019.

O conceito constitucional de operação de crédito, ainda que por antecipação de


receita, deve estar em consonância com a definição prevista no art. 29, III,
da Lei de Responsabilidade Fiscal.

No entanto, a cessão a instituições financeiras, por endosso-mandato, de valores


inscritos em dívida ativa estatal não caracteriza nenhuma das espécies de
operação de crédito previstas na legislação complementar. Inexiste
correspondência entre o conceito de operação de crédito da LRF e a “cessão”
disciplinada pela resolução.

A alteração na forma de cobrança da dívida ativa, tanto tributária quanto não-


tributária, demanda tratamento estritamente legal, afastada a competência do
Senado para disciplinar a matéria por meio de resolução.
6. Direito de corréus delatados de falar por último

HC 166.373/PR, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 2.10.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 18.10.2019.

O reconhecimento do direito à última palavra atribuída ao réu significa a


consagração da garantia constitucional do due process of law no âmbito do
processo penal instaurado sob uma ordem constitucional de perfil democrático.

Assim, anulou-se decisão do juízo de primeiro grau para determinar o retorno


dos autos à fase de alegações finais, a qual deverá seguir a ordem constitucional
sucessiva, ou seja, primeiro a acusação, depois o delator e por fim o delatado.

7. Revisão anual de vencimentos de servidores públicos

RE 565.089/SP, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 25.9.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 16.10.2019.

O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos


servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito
subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de
forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão.
Inexiste direito a indenização, devida a servidores públicos em decorrência da
desvalorização anual de seus vencimentos em face da inflação e da ausência de
norma que promova o reajuste periódico do montante percebido.

8. Constitucionalidade do recolhimento compulsório de crianças


e adolescentes.

ADI 3446/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 8.8.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 20.8.2019.

O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta para declarar


a constitucionalidade dos artigos 16, I; 105; 122, II e III; 136, I; 138; e 230 da
Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – e assim assegurar
o direito de crianças e adolescentes de ir, vir e estar em logradouros
públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.

9. Quadro de instabilidade do Estado requerente do pedido de


extradição.

Ext 1578/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6.8.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 15.8.2019.

A Segunda Turma indeferiu pedido de extradição formulado em desfavor de


nacional turco, acusado de integrar organização terrorista armada, haja vista a
existência de obstáculos à concessão do pleito, dentro os quais a submissão a
tribunal ou juízo de exceção. Diante de fatos notórios e notícias trazidas aos
autos — tais como instabilidade política, demissões de juízes e prisões de
opositores do governo do Estado requerente —, o colegiado concluiu haver, no
mínimo, justificada dúvida quanto às garantias de que o extraditando será
efetivamente submetido a tribunal independente e imparcial, o que se imporia
num quadro de normalidade institucional.

10. Transferência de ex-Presidente da República de penitenciária.

Pet 8312/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 7.8.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.

O Plenário suspendeu decisões que determinaram a transferência de ex-


presidente da República de penitenciária.

Considerou, para tanto, o princípio constitucional que assegura a todos o


julgamento e o cumprimento de pena perante o juiz natural. Nesse sentido, os
arts. 66, VI, e 67 da Lei de Execução Penal são claros ao prescrever que compete
ao juiz da execução da pena zelar pelo cumprimento correto da reprimenda, bem
como fiscalizar a execução da pena com concurso do membro do Ministério
Público que atua na respectiva área de jurisdição.

11. Transferência da competência para demarcação de terras


indígenas para o Ministério da Agricultura por Medida
Provisória.

ADI 6062 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. Ata
de julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.
ADI 6172 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. Ata
de julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.
ADI 6173 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. Ata
de julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.
ADI 6174 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. Ata
de julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.

O Plenário referendou medidas cautelares em ações diretas de


inconstitucionalidade para reestabelecer a competência da Fundação Nacional
do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça, para a demarcação de
terras indígenas.

A competência havia sido transferida ao Ministério da Agricultura por Medida


Provisória. Considerou que, nos termos expressos da Constituição Federal, é
vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha
sido rejeitada.
12. Inaplicabilidade a empregados de fundações públicas de
direito privado da estabilidade do art. 19 do ADCT.

RE 716378/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 7.8.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 14.8.2019.

A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado, como sujeita ao regime


público ou privado depende:

(i) Do estatuto de sua criação ou autorização e

(ii) Das atividades por ela prestadas.

As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando


definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou
mantida pelo poder público, podem se submeter ao regime jurídico de direito
privado.

A estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias (ADCT) não se estende aos empregados das fundações públicas de
direito privado, aplicando-se tão somente aos servidores das pessoas jurídicas
de direito público.

Com essa tese de repercussão geral (Tema 545), o Tribunal, por maioria de
votos, deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a legalidade da
demissão sem justa causa de empregado da Fundação Padre Anchieta – Centro
Paulista de Rádio e TV Educativas, bem assim afastar a decisão em que
determinada sua reintegração.

13. Alegação de suspeição de juiz de direito com atuação em ação


penal ajuizada em face de ex-presidente da República.

HC 164493/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 25.6.2019. Ata de


julgamento pendente de publicação.

A Segunda Turma, por maioria, deliberou adiar o julgamento de habeas corpus


impetrado contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e em favor de
ex-presidente da República, no qual se pleiteia a decretação de nulidade da ação
penal que culminou na sua condenação, sob o fundamento de suspeição do juiz
federal de primeira instância prolator da sentença. O colegiado, também por
maioria, indeferiu liminar proposta pelo ministro Gilmar Mendes, no sentido
de conceder liberdade ao paciente até o julgamento definitivo do writ.
14. Imunidades parlamentares.

Rcl 25537/DF e AC 4297/DF rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 26.6.2019.


Ata de julgamento publicada no DJe de 1º.7.2019.

O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em


reclamação para reconhecer a usurpação da competência do Supremo Tribunal
Federal (STF) e confirmar a liminar deferida no que toca à tramitação, no
âmbito dessa Corte, do Inq 4.335, da Pet 6.353 e da AC 4.285.

Além disso, a Corte declarou a licitude das provas cuja produção dispensam
prévia autorização judicial e, em relação aos detentores de prerrogativa de foro,
a ilicitude das interceptações telefônicas e da quebra de sigilo de dados
telefônicos.

Na mesma assentada, em votação majoritária, deferiu o pleito em ação cautelar


para preservar a prova produzida em busca e apreensão realizada para posterior
avaliação apuratória.

15. Criminalização da homofobia.

ADO 26, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019. Ata de julgamento
publicada no Dje de 1º.7.2019.
MI 4733, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. Ata de julgamento
publicada no Dje de 1º.7.2019.

O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em ação direta


de inconstitucionalidade por omissão, com eficácia geral e efeito vinculante,
para:

a) reconhecer o estado de mora inconstitucional do Congresso Nacional na


implementação da prestação legislativa destinada a cumprir o mandado
de incriminação a que se referem os incisos XLI e XLII do
art. 5º da Constituição, para efeito de proteção penal aos integrantes do
grupo LGBT;
b) declarar, em consequência, a existência de omissão normativa
inconstitucional do Poder Legislativo da União;
c) cientificar o Congresso Nacional, para os fins e efeitos a que se refere o
art. 103, § 2º, da Constituição c/c o art. 12-H, caput, da Lei nº 9.868/99;
d) dar interpretação conforme à Constituição, em face dos mandados
constitucionais de incriminação inscritos nos incisos XLI e XLII do
art. 5º da Carta Política, para enquadrar a homofobia e a transfobia,
qualquer que seja a forma de sua manifestação, nos diversos tipos penais
definidos na Lei nº 7.716/89, até que sobrevenha legislação autônoma,
editada pelo Congresso Nacional, seja por considerar-se, nos termos
deste voto, que as práticas homotransfóbicas qualificam-se como
espécies do gênero racismo, na dimensão de racismo social consagrada
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento plenário do HC
82.424/RS (caso Ellwanger), na medida em que tais condutas importam
em atos de segregação que inferiorizam membros integrantes do grupo
LGBT, em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero,
seja, ainda, porque tais comportamentos de homotransfobia ajustam-se
ao conceito de atos de discriminação e de ofensa a direitos e liberdades
fundamentais daqueles que compõem o grupo vulnerável em questão; e
e) declarar que os efeitos da interpretação conforme a que se refere a alínea
d somente se aplicarão a partir da data em que se concluir o presente
julgamento. Ademais, o Plenário, por maioria, julgou procedente o
mandado de injunção para:
a. reconhecer a mora inconstitucional do Congresso Nacional e;
b. aplicar, com efeitos prospectivos, até que o Congresso Nacional
venha a legislar a respeito, a Lei nº 7.716/89 a fim de estender a
tipificação prevista para os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à
discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.

16. Alienação do controle acionário de empresas públicas e


sociedades de economia mista.

ADI 5624 MC-Ref/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em


6.6.2019. Ata de julgamento publicada no Dje de 11.6.2019.

O Plenário, em voto médio, referendou parcialmente medida cautelar


anteriormente concedida em ação direta de inconstitucionalidade, para conferir
ao art. 29, “caput”, XVIII, da Lei 13.303/2016 interpretação conforme
à Constituição Federal, nos seguintes termos:

i) a alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de


economia mista exige autorização legislativa e licitação; e

ii) a exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do


controle de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser
realizada sem a necessidade de licitação, desde que siga procedimentos que
observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF,
respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade.
O voto médio reproduziu o entendimento majoritário extraído dos
pronunciamentos dos ministros em juízo de delibação.

17. Exigência de apresentação de atestado médico para o


afastamento de gestante e de lactante de atividade insalubre.

ADI 5938/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 29.5.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 4.6.2019.

Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, confirmou medida cautelar


deferida em decisão monocrática e julgou parcialmente procedente pedido
formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da expressão
“quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da
mulher, que recomende o afastamento”, contida nos incisos II e III do art. 394-
A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inseridos pelo art. 1º da
Lei 13.467/2017.

Assinalou-se que a proteção à maternidade e a integral proteção à criança,


inclusive ao nascituro e ao recém-nascido lactente, são direitos irrenunciáveis.

Ademais, a tutela da mulher grávida ou lactante contra o trabalho insalubre


caracteriza-se como importante direito social instrumental protetivo tanto da
mulher quanto da criança.

18. Demanda judicial para concretização do direito à saúde e


responsabilidade solidária.

RE 855178 ED/SE, rel. Min. Luiz Fux, redator para o acórdão o Min. Edson
Fachin, julgamento em 23.5.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de
4.6.2019.

Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são


solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde e,
diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização,
compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de
repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o
ônus financeiro.

Ao fixar essa tese de repercussão geral (Tema 793), o Plenário, por maioria,
rejeitou embargos de declaração em recurso extraordinário, opostos a decisão
tomada no Plenário Virtual que reafirmara jurisprudência da Corte no sentido
da responsabilidade solidária dos entes federados pela promoção dos atos
necessários à concretização do direito à saúde, tais como o fornecimento de
medicamentos e o custeio de tratamento médico adequado aos necessitados.

19. Possibilidade de o Estado ser obrigado a fornecer


medicamento não registrado na Anvisa.

RE 657718/MG, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 22.5.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 4.6.2019.

1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.

2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)


impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial.

3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem


registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido
(prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três
requisitos:

(i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no


caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);

(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de


regulação no exterior; e

(iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 4. As


ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa
deverão necessariamente ser propostas em face da União.

Com base nessa orientação, o Plenário deu parcial provimento a recurso


extraordinário em que se discutia a possibilidade de o Estado ser obrigado a
fornecer medicamento não registrado na Anvisa.

20. Transporte privado individual por motorista cadastrado em


aplicativo.

ADPF 449/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 8 e 9.5.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 15.5.2019.

A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por


motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos
princípios da livre iniciativa e da livre concorrência. No exercício de sua
competência para regulamentação e fiscalização do transporte privado
individual de passageiros, os municípios e o Distrito Federal não podem
contrariar os parâmetros fixados pelo legislador federal [Constituição Federal
de 1988 (CF/1988), art. 22, XI (1)].

O Plenário decidiu que a proibição ou restrição da atividade de transporte


privado individual por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional,
por violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência.

21. Exigência de prévia autorização da assembleia legislativa para


o governador e o vice-governador do estado ausentar-se do
território nacional.

ADI 5373 MC/RR, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 9.5.2019. Ata de
julgamento publicada no DJe de 23.5.2019.

O Plenário deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de


inconstitucionalidade para suspender, até o final julgamento da ação, a
expressão “qualquer tempo” inscrita no art. 59 da Constituição do Estado de
Roraima. A restrição não encontra correspondência nem parâmetro
na Constituição Federal [CF, art. 49, III, c/c o art. 83 (2)] e com esta revela-se
inconciliável.

22. Suspensão de direitos políticos do condenado a pena restritiva


de direitos.

RE 601182/MG, rel. Min. Marco Aurélio, red. para o acórdão o Min. Alexandre
de Moraes, julgamento em 8.5.2019. Ata de julgamento publicada no Dje de
15.5.2019.

A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III (1), da Constituição


Federal (CF), aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade
pela restritiva de direitos. Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar
o Tema 370 da repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário em
que se discutia a suspensão dos direitos políticos de condenado por sentença
criminal transitada em julgado, cuja pena privativa de liberdade foi substituída
por pena restritiva de direitos.

23. Concessão de indulto natalino pelo Presidente da República.

ADI 5874/DF, rel. Min. Roberto Barroso, red. para o acórdão o Min. Alexandre
de Moraes, julgamento em 9.5.2019. Ata de julgamento publicada no Dje de
17.5.2019.

O Plenário, por maioria, não referendou medida cautelar concedida em ação


direta de inconstitucionalidade e julgou improcedente o pedido nesta formulado
contra os arts. 1º, I; 2º, § 1º, I; 8º; 10 e 11 do Decreto 9.246/2017.

A norma impugnada dispõe sobre a concessão de indulto natalino e


a comutação de penas. Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes, que
sublinhou existir complexo mecanismo de freios e contrapesos, de controles
recíprocos, ao lado das funções preponderantes de cada um dos Poderes.

Dentro desse mecanismo, a Constituição Federal (CF) estabelece a


possibilidade da outorga, por parte do Presidente da República, de
graça, indulto ou comutação de penas [art. 84, XII (2)].

24. Direito dos deputados estaduais às imunidades formal e


material e à inviolabilidade.

ADI 5823 MC/RN, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8.5.2019. Ata de
julgamento publicada no Dje de 14.5.2019.

O Colegiado entendeu que a leitura da Constituição da República revela que, sob


os ângulos literal e sistemático, os deputados estaduais têm direito às
imunidades formal e material e à inviolabilidade conferidas pelo constituinte
aos congressistas, no que estendidas, expressamente, pelo § 1º do
art. 27 da CF (2).
O Plenário, por maioria, indeferiu medidas cautelares em ações diretas de
inconstitucionalidade ajuizadas contra os arts. 33, § 3º, e 38, §§ 1º, 2º e 3º, da
Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, os §§ 2º ao 5º do art. 102 da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro e a Resolução 577/2017 da respectiva
Assembleia Legislativa, bem como contra os §§ 2º ao 5º do art. 29 da
Constituição do Estado do Mato Grosso e a Resolução 5.221/2017 da respectiva
Assembleia Legislativa.

Os dispositivos constitucionais impugnados estendem aos deputados estaduais


as imunidades formais previstas no art. 53 da Constituição Federal (CF) (1) para
deputados federais e senadores. Já as Resoluções revogam prisões cautelares,
preventivas e provisórias de deputados estaduais e determinam o pleno retorno
aos mandatos parlamentares, com todos os seus consectários.

25. Direito ao creditamento de Imposto sobre Produtos


Industrializados (IPI) na entrada de insumos, matéria-prima e
material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de
Manaus (ZFM).

RE 592891/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 24 e 25.4.2019. Ata de


julgamento publicada no Dje de 13.5.2019.
RE 596614/SP, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Edson Fachin,
julgamento em 24 e 25.4.2019. Ata de julgamento publicada no Dje de
13.5.2019.

Há direito ao creditamento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na


entrada de insumos, matéria-prima e material de embalagem adquiridos junto
à Zona Franca de Manaus (ZFM) sob o regime da isenção, considerada a
previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III (1),
da Constituição Federal (CF), combinada com o comando do art. 40 (2) do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

Com base nessa orientação, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria,


ao apreciar o Tema 322 da repercussão geral, negou provimento a recursos
extraordinários interpostos em face de acórdãos de tribunal regional federal que
reconheceram o direito ao aproveitamento de créditos de IPI quando oriundos
da zona franca da cidade de Manaus, sob o regime de isenção.

26. Condicionamento da utilização de veículo automotivo ao


pagamento de débitos relativos a tributos, encargos e multas.

ADI 2998/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 10.04.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 24.4.2019.
O Plenário do STF, deu interpretação conforme a Constituição ao
art. 161, parágrafo único, do CTB, para afastar a possibilidade de
estabelecimento de sanção por parte do Conselho Nacional de Trânsito e, por
decisão majoritária, declarou a nulidade da expressão "ou das Resoluções do
Contran" constante do art. 161, caput, do CTB, bem como reputou prejudicado
o pleito referente ao art. 288, § 2º, do CTB. O Tribunal entendeu que as
exigências contidas nos arts. 124, VIII, 128, e 131, § 2º, não limitam o direito de
propriedade, tampouco constituem-se coação política para arrecadar o que é
devido, mas de dados inerentes às sucessivas renovações dos certificados de
registro do automóvel junto ao órgão competente, para a liberação do trânsito
de veículos.

27. Lei autorizadora de sacrifício ritual de animais em cultos de


religiões de matriz africana.

RE 494601/RS, rel. Min Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgamento em 28.3.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 22.4.2019.

É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade


religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz
africana. Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, negou provimento ao
recurso extraordinário em que discutida a constitucionalidade da Lei estadual
12.131/2004, que acrescentou o parágrafo único ao art. 2º da Lei 11.915/2003
do estado do Rio Grande do Sul (Código Estadual de Proteção aos Animais).

28. Contratação direta de serviços de logística pela Empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos.

MS 34939/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 19.3.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 30.5.2019.

A Turma concluiu que os serviços de logística devem ser entendidos como afins
ao serviço postal, o que justifica a aplicação de regime diferenciado. Além disso,
a ECT preenche todos os requisitos legais necessários à possibilidade de sua
contratação direta, haja vista integrar a Administração e ter sido criada em data
anterior à da Lei 8.666/1993 para prestação de serviços postais, entre os quais
se incluem os serviços de logística integrada.

29. Medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida


provisória cujo conteúdo normativo caracterize a reedição, na
mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior
rejeitada.

ADI 5717/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 27.3.2019. Ata de


julgamento publicada no Dje de 3.4.2019.
É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida
provisória cujo conteúdo normativo caracterize a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de eficácia exaurida por
decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso
Nacional dentro do prazo estabelecido pela Constituição Federal (CF).

Ao fixar essa tese, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ações


diretas apreciadas em conjunto, para declarar a inconstitucionalidade do inteiro
teor da Lei 13.502/2017, que tinha como objeto estabelecer a organização básica
dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios.

30. Competência da Justiça Eleitoral para julgar crimes eleitorais


e comuns que lhes forem conexos.

Inq 4435 AgR-quarto/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13 e


14.3.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 29.3.2019.

Com esse entendimento, o Tribunal, por maioria, deu parcial provimento a


agravo regimental em inquérito, afetado ao Plenário pela Primeira Turma,
interposto da decisão em que o ministro Marco Aurélio (relator) declinava da
competência para a primeira instância da Justiça do estado do Rio de Janeiro.

31. Infiltração policial sem autorização judicial e ilicitude de


provas.

HC 147837/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 26.2.2019. Ata de


julgamento publicada no Dje de 14.3.2019.

A Segunda Turma concedeu parcialmente habeas corpus impetrado contra


acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para declarar a ilicitude e
determinar o desentranhamento da infiltração realizada por policial militar e
dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do
art. 157, § 3º, do Código de Processo Penal (CPP) (1), sem prejuízo da prolação
de uma nova sentença baseada em provas legalmente colhidas.

32. Sujeição das operadoras de planos de saúde ao Imposto sobre


Serviços de Qualquer Natureza, previsto no art. 156, III,
da Constituição Federal/1988.

RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em


28.2.201. Ata de julgamento publicada no Dje de 15.3.2019.
As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), previsto no art. 156, III,
da Constituição Federal/1988 (1).

Essa a orientação do Plenário ao dar parcial provimento a embargos de


declaração, apreciados em conjunto, apenas para corrigir a tese jurídica fixada
no julgamento do recurso extraordinário, dela excluindo-se a referência ao
“seguro-saúde”, hipótese não contemplada pela repercussão geral (Tema 581).

33. Responsabilidade do Estado por atos dos tabeliães e


registradores oficiais.

RE 842846/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 27.2.2019. Ata de julgamento


publicada no DJe de 7.3.2019.

O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores


oficiais que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, assentado
o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena
de improbidade administrativa.

Essa foi à tese fixada pelo Plenário, ao negar provimento, por votação
majoritária, a recurso extraordinário, com repercussão geral reconhecida (tema
777), interposto pelo estado de Santa Catarina contra acórdão que o condenou
ao pagamento de indenização por danos decorrentes de erro na elaboração de
certidão de óbito, que impediu viúvo de obter benefício previdenciário.

34. Representação sindical e registro no Ministério do


Trabalho.

RE 740434 AgR/MA, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 19.2.2019. Ata de


julgamento publicada no DJe de 5.4.2019.

A legitimidade dos sindicatos para representação de determinada categoria


depende do devido registro no Ministério do Trabalho em obediência ao
princípio constitucional da unicidade sindical (CF, art. 8º, II) (1). Com base
nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, negou provimento ao
agravo regimental para manter decisão no mesmo sentido, que negara
seguimento a recurso extraordinário interposto por sindicato de policiais civis.

35. Piso salarial em múltiplos do salário mínimo.

RE 1077813 AgR/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 05.02.2019. Ata


de julgamento publicada no DJe de 14.02.2019.
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento, negou provimento a agravo
regimental em recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de
fixação de salário profissional em múltiplos de salário mínimo.

A Turma decidiu não haver vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos
do salário mínimo, desde que inexistam reajustes automáticos.

36. Prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo.

ADI 5814 MC AgR AgR/RR / ARE 830727 AgR/SC, rel. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 6.2.2019. Ata de julgamento publicada no DJe de 11.02.2019.

O Plenário, por maioria, negou provimento a dois agravos regimentais


apreciados em conjunto. Na espécie, um dos recursos pugnava pela
tempestividade de recurso extraordinário com agravo e o outro, pela
tempestividade de agravo interno interposto de decisão em que deferida medida
cautelar em ação direta de inconstitucionalidade.

O Plenário entendeu que não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda
Pública em processo objetivo, mesmo que seja para interposição de recurso
extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata.

37. Corte do fornecimento de água e luz por empresas


concessionárias por falta de pagamento.

ADI 5961/PR, rel. Min Alexandre de Moraes, red. para o acórdão o Min. Marco
Aurélio, julgamento em 19.12.2018. Ata de julgamento publicada no DJe de
11.2.2019.

O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta


para declarar a constitucionalidade da Lei 14.040/2003 do estado do Paraná,
que veda o corte do fornecimento de água e luz, em determinados dias, pelas
empresas concessionárias, por falta de pagamento.

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