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Observando

os Rios
O retrato da qualidade da água na bacia do rio
Paraopeba após o rompimento da barragem
Córrego do Feijão – Minas Gerais

FEVEREIRO DE 2019
Observando
os Rios
O retrato da qualidade da água na bacia do rio
Paraopeba após o rompimento da barragem
Córrego do Feijão – Minas Gerais

FEVEREIRO DE 2019

Realização: Patrocínio:
Presidência Valorização dos Parque e Reservas
Pedro Luiz Barreiros Passos Érika Guimarães, Monica Fonseca*
Vice-Presidência Água Limpa
Roberto Luiz Leme Klabin Maria Luisa Ribeiro*, Romilda
Roncatti, Cesar Pegoraro*, Gustavo
Vice-Presidência de Finanças
Veronesi, Marcelo Naufal*, Tiago Felix
Morris Safdié
Proteção do Mar
CONSELHOS
Camila Takahashi, Diego Martinez
Conselho Administrativo
EXPEDIENTE
Beatrice Padovani Ferreira, Clayton
Observando os Rios | O retrato da
Ferreira Lino, Fernando Reinach, qualidade da água na bacia do rio
Gustavo Martinelli, Jean Paul Paraopeba após o rompimento da
A Fundação SOS Mata Atlântica Metzger, José Olympio da Veiga barragem Córrego do Feijão – Minas
Pereira, Luciano Huck, Marcelo Leite, Gerais
é uma ONG ambiental brasileira.
Paulo Nogueira-Neto, Sonia Racy
Atua na promoção de políticas Redação e Coordenação Técnica

índice
Conselho Fiscal Maria Luisa Ribeiro
públicas para a conservação Daniela Gallucci Tarneaud, Ilan Ryfer,
da Mata Atlântica por meio Sylvio Ricardo Pereira de Castro Coordenação Editorial
Marcelo Bolzan/ Criativismo
do monitoramento do bioma, DIRETORIAS
produção de estudos, projetos Colaboração
demonstrativos, diálogo com
Diretoria Executiva Afra Balazina, Andrea Herrera, Luiz 1. Introdução 6
Marcia Hirota Soares e Marcia Hirota
setores públicos e privados,
aprimoramento da legislação
Diretoria de Finanças e Negócios Foto da Capa 2. Expedição Rio Paraopeba 8
Olavo Garrido Gaspar Nóbrega
ambiental, comunicação e
engajamento da sociedade em
Diretoria de Políticas Públicas Revisão 2.1. Objetivo da Expedição 11
Mario Mantovani Ana Cíntia Guazzelli
prol de restauração da floresta,
valorização dos parques e
Diretoria de Comunicação e Marketing
Afra Balazina
Projeto Gráfico e Diagramação 3. Metodologia de Monitoramento 16
Rodrigo Masuda/ Multitude
reservas, água limpa e proteção
do mar.
DEPARTAMENTOS Responsáveis pelas coletas
Maria Luisa Ribeiro, Marcelo Naufal,
4. Qualidade da Água na Bacia do Rio Paraopeba 20
Administrativo/Financeiro/
Tiago Félix e Marta Angela Marcondes
Recursos Humanos
Valdeilton de Sousa, Aislan Silva, Equipe Técnica do Projeto
5. Resultados 22
Anderson Almeida, Débora Severo, Observando os Rios
www.sosma.org.br Elaine Calixto, Ítalo Sorrilha, Jemima 5.1. Índice de Qualidade da Água – Indicadores Físicos,
Romilda Roncatti, Gustavo Veronesi,
facebook.com/SOSMataAtlantica Medina, Jonas Morais, Patrícia César Pegoraro, Marcelo Naufal e Químicos e Biológicos 22
twitter.com/sosma Galluzzi, Rosana Cinturião Tiago Félix
youtube.com/sosmata Comunicação e Marketing
Andrea Herrera, Jessica Rampazo,
Parceiro para Análises
Laboratório de Análise Ambiental do
5.2. Microbiologia 28
instagram.com/sosmataatlantica
Joice Veiga, Luiz Soares, Yuri Menezes Projeto Índice de Poluentes Hídricos
Negócios
(IPH) - Universidade Municipal de 5.3. Metais Pesados 29
São Caetano do Sul (USCS)
Carlos Abras, Lucas Oliveira, Tamiris
do Carmo Coordenadora: Marta Angela 5.4. Tabela - Análises Físicos-Químicas 34
Marcondes
Políticas Públicas
Beloyanis Monteiro, Lídia Parente* Pesquisadores: Fernanda Amate 6. Vegetação 38
Lopes, Paula Simone da Costa
Tecnologia da Informação
Larizzatti e André Contri Dionizio
Kleber Santana 7. Conclusão 40
Pesquisadores/Estagiários: Acácio
CAUSAS
Henrique de Souza Costa, Beatriz
Restauração da Floresta
Denise Silva Santos, Beatriz Vieira
Rafael Fernandes, Ana Paula
Stranghini, Paulo César Hyppolito,
Guido, Aretha Medina, Berlânia
Roberta Pedroso Machado
dos Santos, Celso da Cruz, Cícero
de Melo Jr., Fernanda dos Santos, Apoio
Ismael da Rocha, Joaquim Prates, Universidade Municipal de São
Joveni de Jesus, Kelly De Marchi, Caetano do Sul (USCS) – Projeto
Loan Barbosa, Marcelo de Souza, IPH (Índice de Poluentes Hídricos)
Maria de Jesus, Mariana Martineli, e Policontrol Instrumentos Controle
Reginaldo Américo, Ricardo Ruiz Jr., Ambiental Indústria e Comércio Ltda.
Roberto da Silva, Wilson de Souza
1
6 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 7

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


INTRODUÇÃO
Brumadinho (MG).

A Fundação SOS Mata Atlântica chegou ao Reservatório de Retiro impactada com o despejo de 14 e governança voltados à saúde
apresenta neste relatório o retrato Baixo, na região dos municípios toneladas de rejeitos de minério da bacia hidrográfica vêm sendo
da qualidade da água na bacia de Pompéu e Curvelo. Em todo sobre as áreas. Essa região é implementados e devem ser
hidrográfica do rio Paraopeba, o trecho analisado, a qualidade preservada por unidades de fortalecidos para que a sociedade
em decorrência do impacto da água do rio Paraopeba está conservação (UCs), como a Área participe ativamente da tomada
provocado pelo rompimento imprópria, com índices que variam de Proteção Ambiental (APA) Sul de decisão e da definição das
da barragem de rejeitos da de péssimo a ruim, fora dos da Região Metropolitana de Belo medidas punitivas, de remediação,
mineradora Vale, no complexo padrões definidos na legislação Horizonte (Decreto nº 35.624, de monitoramento e recuperação da
minerário do Córrego do Feijão, brasileira para usos múltiplos. 8 de junho de 1994, declara como bacia do Paraopeba.
em Brumadinho, Minas Gerais. Área de Proteção Ambiental a
A lama de rejeitos de minério Nesse sentido, este retrato da
região situada nos municípios de
Os dados que apontam a condição e contaminantes mudou qualidade da água da bacia
Belo Horizonte, Barão de Cocais,
ambiental do rio foram elaborados drasticamente a geografia e do Paraopeba, elaborado pela
Brumadinho, Caeté, Catas Altas,
com base no Índice de Qualidade a paisagem na região do Alto Fundação SOS Mata Atlântica, visa
Ibirité, Itabirito, Mário Campos,
da Água (IQA) apurado em 22 Paraopeba. Enterrou nascentes, contribuir com as comunidades
Nova Lima, Raposos, Rio Acima,
pontos de coleta, distribuídos ao cursos d’água; ceifou vidas locais, organismos de bacias
Santa Bárbara e Sarzedo), em
longo de 305 quilômetros do rio humanas, fauna e flora; devastou hidrográficas, instituições e órgãos
razão do imenso potencial
Paraopeba. O trecho compreende florestas nativas da Mata Atlântica gestores de meio ambiente,
hídrico, da rica biodiversidade
a extensão afetada pela onda de e a vegetação natural, e tingiu Ministérios Públicos, organizações
e dos aspectos socioculturais e
rejeitos e pluma de contaminantes de cor de sangue um dos mais da sociedade civil, governos das
econômicos que reúne.
carreados, desde o Córrego importantes mananciais da Região esferas federal, estadual e municipal,
do Feijão, no município de Metropolitana de Belo Horizonte, Embora a região enfrente em ações de recuperação desse
Brumadinho (MG), até Felixlândia, formador da Bacia Hidrográfica forte pressão imobiliária e de terrível dano, de imensurável
no Reservatório de Retiro Baixo, do rio São Francisco. mineradoras, a demanda por prejuízo social, ambiental, cultural e
no Baixo Paraopeba. água para abastecimento público econômico para as atuais e futuras
As variações climáticas, de
e agricultura, e a atuação de gerações.
A equipe técnica da Fundação temperatura, do regime de
organizações da sociedade civil
SOS Mata Atlântica acompanhou chuvas, volume e vazões dos É fundamental, em respeito às
têm levado os Comitês de Bacias
o deslocamento da onda de rios, além dos usos do solo, vítimas e ao rio, que a legislação
Hidrográficas dos rios Paraopeba,
rejeitos sobre o rio Paraopeba, interferem de forma direta na ambiental brasileira seja valorizada
Velhas e São Francisco a dedicar
do dia 31 de janeiro de 2019 – quantidade e na qualidade da e fortalecida por meio de órgãos
atenção especial à região, diante
seis dias após a maior tragédia água doce superficial. A região técnicos e instrumentos de gestão
do rebaixamento do nível d’água
socioambiental decorrente de do Alto Paraopeba, estratégica eficientes, participativos, modernos
provocado pela intensa atividade
atividade minerária do mundo –, para a manutenção dos recursos e livres de ingerência política.
minerária.
até o dia 9 de fevereiro do mesmo hídricos da bacia e do rio São
ano, quando a pluma de rejeitos Francisco, foi justamente a mais Vários instrumentos de gestão
2
8 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 9

Com base nas primeiras da Associação Brasileira dos


informações sobre as áreas Membros do Ministério Público
afetadas e na experiência adquirida de Meio Ambiente (ABRAMPA),
nas expedições realizadas na o promotor Luís Fernando
Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Cabral Barreto Júnior (MPMA), a
após o dano ambiental com promotora pública Andressa de
rejeito de minério provocado pelas Oliveira Lanchotti, a coordenadora

EXPEDIÇÃO
mineradoras Samarco, Vale e BHP, do Centro de Apoio Operacional
em Mariana, a equipe técnica de Meio Ambiente do Ministério
reuniu equipamentos de precisão, Público de Minas Gerais, o
RIO PARAOPEBA capazes de medir níveis elevados
de turbidez e indicadores de
coordenador do Projeto Manuelzão
e o presidente do Fórum Mineiro
qualidade da água em condições de Bacias Hidrográficas, Marcus
extremas como essas. Vinicius Polignano, além do
A Expedição Rio Paraopeba foi deputado federal e coordenador da
Antes da saída a campo para as
Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica

traçada em caráter de emergência, Frente Parlamentar Ambientalista,


análises de água e do ambiente
no dia 25 de janeiro de 2019, Alessandro Molon. Na ocasião,
devastado, a equipe técnica se
sexta-feira, quando o feriado de os objetivos da expedição foram
reuniu com parceiros locais –
aniversário da cidade de São Paulo apresentados.
organizações da sociedade civil que
foi interrompido com a notícia atuam na bacia rio Paraopeba. Esses O reconhecimento prévio da área
da tragédia da empresa Vale encontros foram fundamentais diretamente afetada teve início
sobre a região de Brumadinho, para a troca de informações sobre na terça-feira (29), às 7h, com a
Minas Gerais. A primeira nota foi a condição ambiental da bacia definição das rotas de acesso de
publicada no site da Fundação hidrográfica antes do dano, bem Belo Horizonte a Brumadinho. A
SOS Mata Atlântica, que mobilizou como para recomendações em rota escolhida teve início no Parque
suas equipes, especialmente a do relação ao roteiro a ser seguido. Estadual Rola Moça, rumo ao bairro
Programa Observando os Rios, rural Córrego do Feijão, passando
Os encontros foram realizados
dedicado à causa Água Limpa, por Casa Branca, por estradas
com parceiros da Rede de ONGs
para ir à região, em solidariedade, e caminhos com bloqueios de
da Mata Atlântica, da Associação
e para acompanhar o caso. segurança. O tempo do trajeto
Mineira de Defesa do Ambiente
Após mapeamento da bacia de pouco mais de 54 quilômetros
(AMDA), do Observatório de
hidrográfica, com imagens de em condições normais, mais que
Governança da Água, com os
alta resolução, foram definidos dobrou e levou quase três horas por
presidentes dos Comitês de Bacias
os pontos de coleta de água e conta dos trechos interrompidos.
Hidrográficas dos rios Paraopeba,
das rotas a serem perseguidas ao Velhas e São Francisco, além do A primeira impressão da equipe
longo do rio Paraopeba. coordenador do Fórum Nacional de foi de tristeza ao chegar a um
No domingo, segundo dia após Comitês de Bacias Hidrográficas local totalmente destruído. Toda a
o rompimento da barragem, e dos técnicos da Secretaria paisagem foi devastada, coberta
Mario Mantovani, diretor de de Estado de Meio Ambiente e por uma lama densa cor de sangue.
Políticas Públicas, já se reuniu Desenvolvimento Sustentável Não foi possível localizar o pequeno
em Belo Horizonte com ONGs e (Semad) de Minas Gerais e do córrego afluente do rio Paraopeba,
movimentos sociais e organizou Instituto Mineiro de Gestão das nem uma parte do enorme pontilhão
um sobrevoo de helicóptero Águas (IGAM). da estrada de ferro, soterrados pela
sobre as áreas diretamente avalanche de lama. Nesse primeiro
Na segunda-feira (28), foi organizada
afetadas, com o deputado federal dia, dentro da chamada zona
uma entrevista coletiva para a
Mata Atlântica Alessandro Molon, coordenador quente do dano, a real dimensão
imprensa, na sede do Ministério
degradada no da Frente Parlamentar da tragédia da Vale sobre o Alto
Córrego do Feijão, em Público de Minas Gerais. Além
Ambientalista da Câmara dos Paraopeba, desnudou-se.
Brumadinho (MG). de representantes da SOS Mata
Deputados. Atlântica, participaram o presidente Para quem não conhecia a região
10 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 11

antes do dano e teve acesso à


2.1. Objetivo da Expedição
Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica

área devastada, como jornalistas e


socorristas, a primeira impressão
era a de estarem chegando ao
leito lameado de um grande rio.
Na verdade, aquele local abrigava

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


Entre os objetivos da expedição
florestas com muitas árvores
realizada pela SOS Mata
nativas da Mata Atlântica, o ribeirão
Atlântica, destacamos:
Ferro-Carvão e a pousada Nova
Estância, que desapareceram
completamente sobre a lama,
junto com a pequena estrada que
ligava a região do Instituto Inhotim
ao bairro Córrego do Feijão.
A geografia e a paisagem foram
completamente alteradas, dando
lugar a uma enorme fenda aberta
no solo pela onda de lama que Rio Paraopeba em
arrastou tudo o que existia Mario Campos (MG).
no local. Encontrar o traçado
original do pequeno riacho só era
possível com a ajuda de imagens >> Levantar dados independentes sobre a condição da qualidade da
de satélite em alta resolução, de água e avaliar o dano na paisagem e na cobertura florestal nativa da

305
mapas geográficos e das equipes Mata Atlântica para subsidiar autoridades e sociedade na definição
de bombeiros e socorristas. de medidas e ações socioambientais de remediação, recuperação e
ressarcimento dos danos;
Até quarta-feira (30), não foi possível
realizar as coletas de água no >> Apresentar as informações em linguagem de fácil compreensão,
quilômetros de rios
rio Paraopeba por questão de valorizando indicadores de percepção e bioindicadores que apontam

22
segurança, mas sim acompanhar o a presença ou ausência de vida na água e os impactos à saúde
trabalho dos bombeiros, defesa civil decorrentes da perda da biodiversidade;
e voluntários no socorro às vítimas. >> Contribuir para o aprimoramento de políticas públicas no sentido de
Após mapear e redefinir os locais de evitar que eventos trágicos como esse se repitam, tendo como base
acesso ao rio Paraopeba, um ponto o fortalecimento do arcabouço legal e institucional brasileiro, com pontos de coleta
a 150 metros acima da área afetada participação da sociedade na tomada de decisões.

21
pela lama de rejeitos foi definido
como marco zero do dano ambiental.
De volta a Belo Horizonte, foi feita Os pontos de coleta foram O trecho monitorado abrange os
uma parada na Serra da Moeda, distribuídos ao longo do curso do municípios ribeirinhos diretamente
divisor de águas das bacias dos rio Paraopeba, com distâncias que afetados, nesta ordem: municípios
rios das Velhas e Paraopeba, para variaram de 15 a 40 quilômetros Brumadinho, Ibirité, Mário Campos, / distritos percorridos
avistar a região do Quadrilátero entre eles. Para seguir o rio, a São Joaquim de Bicas, Igarapé,
Ferrífero, maior produtor nacional equipe técnica percorreu mais de Betim, Juatuba, Esmeraldas, 31/01 a
de minério de ferro. Do Topo do
Mundo, nome do mirante instalado
2000 quilômetros, por caminhos,
picadas e estradas interditadas;
Florestal, Pará de Minas, São
José da Varginha, Pequi, Fortuna
9/02
a 1.500 metros de altitude, por rodovias federais e estaduais, de Minas, Cachoeira da Prata, período
avistava-se parte da belíssima estradas rurais, desvios, fazendas Maravilhas, Papagaios, Paraopeba,
Rio Paraopeba em região que a expedição percorreu, e comunidades, acompanhando Caetanópolis, Pompéu, Curvelo e
Brumadinho (MG). em 10 dias, por 305 quilômetros o carreamento dos rejeitos e Felixlândia.
de rio ao longo do Paraopeba. contaminantes.
12 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 13

Pontos Monitoramento - Rio Paraopebas/MG BRUMADINHO/MG Por toda a extensão afetada do e São Joaquim de Bicas, a
rio Paraopeba, desde o bairro turbidez era extremamente

-18°50'
rural de Córrego do Feijão, em elevada e os baixos níveis de
!
(
Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo Reservatório de Retiro Baixo Brumadinho, até o Reservatório de oxigênio dissolvido medidos na

-18°55'
Retiro Baixo, entre os municípios coluna d’água, a partir de 2 metros
de Curvelo e Felixlândia, os de profundidade, ultrapassaram

-19°
Curvelo, Cachoeira do Choro!
!
( indicadores de qualidade da limites máximos definidos na
(Curvelo, meio do reservatório Felixlândia, MG
água aferidos não revelaram legislação nacional e internacional

-19°5'
água em condições de uso. Não para qualidade da água. Nesse
!
( foi constatada vida aquática em trecho, pode-se dizer que o rio se
Pompéu, Condomínio Recanto das Águas
toda extensão monitorada do rio encontrava morto, sem condição

-19°10'
Curvelo, MG, Ponte Rodovia!
(
Pompéu Paraopeba e, em todos os pontos de vida aquática.
de coleta analisados, a qualidade

-19°15'
Paraopeba A grande quantidade de sólidos em
Caetanópolis da água oscilou entre os índices
suspensão, a turbidez e a cor intensa
péssimo ou ruim.
da água, que deixou o rio semelhante

-19°20'
Caetanópolis – Ilha do Cabo Elói / Paraopeba!
(
O impacto dos rejeitos da Vale a uma massa de bolo de chocolate
sobre a qualidade da água – como moradores ribeirinhos

-19°25'
Caetanópolis – Ponto JK!
( do rio Paraopeba foi medido descreveram –, impediram que
Cachoeira da Prata / Maravilhas Fazenda Chaparral!
( Inhaúma de duas formas. Uma delas, alguns parâmetros físicos, químicos

-19°30'
Cachoeira da Prata nas amostras de superfície, e biológicos fossem medidos em
Fortuna de Minas com medições realizadas a 30 campo em cinco pontos de coleta,
centímetros da lâmina d’água, nos municípios de Brumadinho,

-19°35'
PequiFortuna de Minas!
( onde as concentrações de Mário Campos, São Joaquim de
oxigênio dissolvido registraram Bicas e Betim.

-19°40'
São José da Varginha / Urucaia!
(
maiores valores, por conta da
Pará de Minas – captação de água!( Nessa região, peixes, animais
Pará de Minas – a montante das barreiras Condomínio Paraopeba!
( movimentação natural do rio e
Esmeraldas mortos e organismos em

-19°45'
das trocas com o ar. E a segunda
decomposição foram verificados
medição ocorreu na coluna
e o odor intenso causou incômodo

-19°50'
Pará de MinasFlorestal / Esmeraldas!
( d’água, a partir de 2 metros
às comunidades ribeirinhas. Na
Florestal de profundidade. Os valores
área da prainha de São Joaquim de
indicados na tabela resumo do
-19°55'
Contagem
Bicas, local escolhido como solo
(Juatuba
Juatuba – Pontilhão!
Betim IQA foram medidos nas amostras
Juatuba – jusante da Usina Termoelétrica!
( sagrado para os índios Pataxós,
da coluna d’água, em virtude
Betim / Parque Ecológico Vale Verde, fazenda haras!
( que há dois anos se fixaram ali,
-20°

Sarzedo dos rejeitos provenientes do


Mário Campos Ibirité foram enterradas várias carcaças
Mario Campos!( rompimento da barragem da Vale
de peixes e animais mortos.
-20°5'

São João de Bicas – Solo sagrado Pataxó!


( decantarem rapidamente.
( Brumadinho
Inhotim ! O dano ambiental que afetou o rio
As amostras coletadas em locais de
Brumadinho, Marco Zero da Lama no Paraopeba!
( Paraopeba ocorreu no período de
-20°10'

remansos e próximo às ilhas ao longo


piracema, que vai de novembro
do curso do rio apresentaram maior
ao final de fevereiro. Nessa região,
-45°5' -45° -44°55' -44°50' -44°45' -44°40' -44°35' -44°30' -44°25' -44°20' -44°15' -44°10' -44°5' -44° -43°55' -43°50' concentração de poluentes e de
Realização: a montante da barragem da
turbidez. Nas amostras de superfície
Rio afetado Termelétrica de Ibirité, que reteve
afetadas pela pluma com rejeitos e
Área devastada inicialmente o maior volume de
Pontos de Monitoramento contaminantes diversos carreados
!
( Ruim ¯ ao rio, a qualidade da água foi sendo
rejeitos, constatou-se a maior
Patrocínio: Execução Técnica:
1:700.000 concentração de poluentes e
!
( Péssimo km
afetada de maneira lenta e gradativa,
Remanescente florestal
0 5 10 15
metais pesados.
Área natural não florestal
Projeção Policônica
SIRGAS 2000
Área Mínima Mapeada 3ha. porém, intensa logo após as chuvas
Área urbana
Agradecemos a gentileza da comunicação de
falhas ou omissões verificadas nesta carta. que atingiram a região. As chuvas que atingiram a
região de Brumadinho e da
Fundação SOS Mata Atlântica
Lei 11.428/06 da Mata Atlântica email: fsosma@sosma.org.br
No trecho inicial da expedição pelo
bacia hidrográfica do Paraopeba
rio Paraopeba, entre Brumadinho
14 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 15

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


na primeira semana do dano ambientais das prefeituras, de
ambiental favoreceram o equipes do Ibama e do IGAM
carreamento dos rejeitos até a encontrados pela Expedição
região do Baixo Paraopeba. O Rio Paraopeba relataram o
aumento no volume e nas vazões mesmo sentimento de pesar que
do rio, retidas anteriormente pela acometeu a equipe técnica e as
lama densa, ultrapassaram a incertezas sobre a capacidade de
Barragem de Ibirité. regeneração do rio.
O índice de turbidez medido no “Perder um rio não tem preço.
município de Pará de Minas, 500 Um peixe de dois quilos produz
metros a montante da captação de cem mil ‘fiotes’ e um pescador em
água, foi de 683,8 UNT (Unidade cinco piracemas não consegue
Nefelométrica de Turbidez). Ou pegar cem mil peixes. Aí vem
seja, estavam 6,83 vezes acima a poluição, em menos de um
do limite máximo permitido por segundo e destrói um milhão de
lei, fixado em 100 UNT. A água peixes, fiotes, peixes com ovas
do Paraopeba ficou imprópria e mata tudo... como ficaremos
para usos, em especial para agora, sem rio, sem peixe, sem
abastecimento público, irrigação nossa gente?”, lamenta seu
e dessedentação de animais. Antônio, pescador assentado
em Pompéu, que acompanhou
As barragens instaladas pela Vale
a análise realizada pela equipe
para tentar conter os rejeitos e
técnica na Cachoeira do Choro,
permitir a captação de água pelo
em Curvelo.
serviço de saneamento básico de
Pará de Minas não surtiram efeito, Lugares turísticos, colônias
conforme apontam os indicadores de pescadores, condomínios
aferidos. Os valores de turbidez residenciais e de áreas de lazer
medidos 500 metros a jusante ao longo do rio, que em finais de
desses barramentos superaram semana de calor estariam lotados,
em 3,6 vezes o limite máximo estavam desertos. Sem banhistas,
definido na legislação, chegando sem pescadores, sem peixes e
a 366 UNT e aumentaram sem aves pescadoras.
gradativamente na medida em
A equipe técnica conseguiu ver
que a chuva se intensificou ao
o rio Paraopeba com sua cor
longo do dia.
verdadeira, verde e cristalino, na
As barragens da Termelétrica de sexta-feira, dia 8 de fevereiro, na
Ibirité e da Usina Hidrelétrica de região do Reservatório de Retiro
Retiro Baixo apresentaram maior Baixo, quando ultrapassou a
capacidade de retenção dos lama de rejeitos, no município de
rejeitos pesados, com a baixa Pompéu. Mas, no dia seguinte,
vazão do rio. Porém, com as o mesmo lugar já estava
chuvas, o carreamento de rejeitos completamente diferente, tingido
finos aumentou, conforme pôde de lama, com águas turvas
ser constatado nos indicadores e contaminadas. Os alevinos
medidos. avistados nas margens do
Monitoramento em
Reservatório de Retiro Baixo já
Os moradores ribeirinhos, irrigantes, ponto de coleta
não foram mais encontrados e a no município de
comunidades quilombolas, indí-
qualidade da água medida chegou Juatuba (MG).
genas, agricultores, técnicos
à pior condição: péssima.
3
16 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 17

totais, oxigênio dissolvido (OD), e análises foram considerados


demanda bioquímica de oxigênio os protocolos específicos e
(DBO), potencial hidrogeniônico os parâmetros de referência
(pH), fosfato (PO4) e nitrato (NO3). estabelecidos na legislação
vigente no país. Para análise da
Em virtude das especificidades do
turbidez foram utilizados métodos
dano provocado pelo rompimento
nefelométricos com turbidímetro e
da barragem, análises reunidas

METODOLOGIA DE
espectrofotométrico.
neste relatório foram realizadas com
equipamentos especiais, sondas Os limites definidos na legislação

MONITORAMENTO
eletrônicas multiparâmetros e vigente para os parâmetros que
protocolos específicos para as compõem o IQA variam de acordo
coletas e medições em campo e com a classe do corpo d’água.
para as amostras analisadas em Cada classe é definida com base
Os dados do Índice de Qualidade interferem na qualidade da água laboratório, incluídos os índices no uso preponderante da água e
da Água (IQA), as análises e, dessa forma, possa se engajar de Condutividade Elétrica do no grau de restrição ou permissão
microbiológicas e de metais na gestão da água e do meio Meio Aquático, Total de Sólidos de lançamento e de concentração
pesados reunidos neste relatório ambiente. Dissolvidos (TDS), Dureza, Cobre de substâncias presentes na água.
foram elaborados com base na (Cu), Alumínio (Al), Magnésio No Brasil, esses padrões variam
O Índice de Qualidade da Água
legislação vigente e em seus (Mg2+), Manganês (Mn2+), de acordo com a classificação
(IQA), adaptado do índice
respectivos protocolos de coleta Ferro (Fe3+) e indicadores das águas interiores, fixada na
desenvolvido pela National
e medição. microbiológicos. Resolução Conama 357/2005, da
Sanitation Foundation, dos
Os parâmetros do IQA foram Estados Unidos, é obtido por seguinte forma:
Durante todo o processo de coleta
escolhidos por especialistas e meio da soma de parâmetros
ÓTIMA técnicos como os mais relevantes físicos, químicos e biológicos
acima de 40 para serem incluídos na avaliação encontrados nas amostras de
das águas doces brutas, água. Esse índice começou a ser
BOA destinadas ao abastecimento utilizado no Brasil, em 1974, pela
entre 35 e 40
público e aos usos múltiplos. Companhia Ambiental do Estado
A totalização dos indicadores de São Paulo (Cetesb) para avaliar
REGULAR C L A S S E S D E E N Q UA D R A M E N TO
medidos resulta na classificação a condição ambiental das águas
entre 26 e 35
da qualidade da água, em uma doces superficiais no estado. USOS DAS ÁGUAS DOCES ESPECIAL 1 2 3 4
escala que varia entre: ótima, boa, Nas décadas seguintes, outros Preservação do equilíbrio natu-
RUIM
Classe mandatória em unidades de
regular, ruim e péssima. estados brasileiros adotaram o raldas comunidades aquáticas conservaçãode proteção integral

entre 20 e 26 Proteção das


IQA, que até hoje representa o Classe mandatória
Parte das coletas e análises comunidades aquáticas emterras indígenas
principal índice de qualidade da
PÉSSIMA reunidas neste relatório segue a Recreação de
água utilizado no país. contato primário
menor que 20 metodologia de monitoramento
por percepção da qualidade da A metodologia do Observando Aquicultura

água, especialmente elaborada os Rios agrega aos indicadores Abastecimento para


Após desinfecção
Após tratamento Após tratamento
Após tratamento
convencional ou
consumo humano simplificado convencional
para a Fundação SOS Mata físicos, químicos e biológicos, avançado

Recreação de
Atlântica, por Samuel Murgel parâmetros de percepção que contato secundário
Branco1 e Aristides Almeida permitem que a sociedade realize
Pesca
Rocha2. Desde 1993, essa o levantamento, de acordo com
Hortaliças consumidas cruas e frutas Hortaliças, frutíferas,
metodologia vem sendo a legislação vigente, utilizando 16 que se desenvolvam rentes ao solo parques, jardins,
Culturas arbóreas,
Irrigação e que sejam ingeridas cruas sem cam-pos de esporte
cerealíferas e
aplicada e aprimorada pelo parâmetros do IQA: temperatura remoção de película e lazer
forrageiras

projeto Observando os Rios da água, temperatura do ambiente, Dessedentação


Professor de Hidrobiologia e Saúde de animais
com o objetivo de proporcionar turbidez, espumas, lixo flutuante,
1

Ambiental da Faculdade de Saúde


condições e instrumentos para odor, material sedimentável, Navegação
Pública da Universidade de São Paulo.
2
Professor titular da Faculdade de Saúde
que a sociedade compreenda peixes, larvas e vermes vermelhos, Harmonia
paisagística
Pública da Universidade de São Paulo. e identifique os fatores que larvas e vermes brancos, coliformes
Observação: as águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água.
18 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA

Foto: Malu Ribeiro/ SOS Mata Atlântica


Classes
Parâmetros
Especial 1 2 3 4
OD mg/l 7 a 10 6 5 4 2
DBO mg/l - 3 5 10 -
Nitrogênio Nitrato - 10 10 10 -
Fósforo* - 0,025 0,025 0,025 -
Turbidez (UNT) - 40 100 100 -
Coliformes Fecais ausentes 200 1.000 4.000 -

*Os limites de fósforo variam nas Classes 2 e 3 para águas de ambientes lênticos, intermediários e
lóticos. As concentrações máximas de coliformes termotolerantes também variam na Classe 3, de
acordo com o uso. Para recreação de contato secundário não deverá ser excedido o limite de 2.500,
para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1.000 e para
os demais usos não deverá ser excedido o limite de 4.000 coliformes termotolerantes.

Segundo a norma legal, o >> à recreação de contato


enquadramento nas classes não primário, tais como natação,
significa a qualidade da água que esqui aquático e mergulho,
o rio apresenta, mas sim aquela conforme Resolução
que se busca alcançar ou manter CONAMA no 274, de 2000;
ao longo do tempo.
>> à irrigação de hortaliças,
As águas do rio Paraopeba são de plantas frutíferas e de parques,
classe 2, portanto destinadas: jardins, campos de esporte e
lazer, com os quais o público
>> ao abastecimento para
possa vir a ter contato direto;
consumo humano, após
tratamento convencional; >> à aquicultura e;
>> à proteção das comunidades >> à atividade de pesca.
aquáticas;

Rio Paraopeba,
Florestal (MG).
4
20 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 21

QUALIDADE DA ÁGUA Pontos de Coleta e Monitoramento:

NA BACIA DO RIO
PARAOPEBA
PONTO DE COLETA COORDENADA COORDENADA

1 Brumadinho, Marco Zero da Lama no Paraopeba -44.157444 -20.158284


Tejuco – Brumadinho - Estrada Alberto Flores, tre-
2 -44.157872 -20.156858
Nos 22 pontos de coleta tram que a água do rio Paraopeba cho interditado
monitorados, o resultado das está imprópria para usos nos
análises de qualidade da água 305 quilômetros impactados por
3 Inhotim -44.212364 -20.128946
aponta desconformidade com a rejeitos de minério provenientes 4 Mário Campos -44.209999 -20.062695
norma legal vigente para rios de do rompimento da barragem B1,
classe 2. O índice de qualidade da do complexo da Mina Córrego 5 São Joaquim de Bicas – Solo sagrado Pataxó -44.208760 -20.083019
água obtido em 10 pontos foi ruim Feijão da Mineradora Vale/SA,
6 Betim/Parque Ecológico Vale Verde, Fazenda Haras -44.266344 -20.000077
e, em 12 pontos, foi péssimo. no município de Brumadinho,
Os indicadores obtidos demons-
Minas Gerais. 7 Montante da Usina de Ibirité -44.263200 20.001395
8 Juatuba – Pontilhão -44.337496 -19.937526
9 Juatuba – jusante da Usina Termoelétrica -44.281474 -19.964739
10 Florestal/Esmeraldas -44.385800 -19.841340

Foto: Malu Ribeiro/ SOS Mata Atlântica


11 São José da Varginha/Urucaia -44.479087 -19.666268
12 Fortuna de Minas -44.479087 -19.605498
Pará de Minas – a montante das barreiras Con-
13 -44.463180 -19.726970
domínio Paraopeba
14 Pará de Minas – captação de água -44.498377 -19.709463
15 Caetanópolis – Ponto JK -44.548540 -19.422930
16 Caetanópolis – Ilha do Cabo Elói/Paraopeba -44.542108 -19.332966
Cachoeira da Prata/cidade Maravilhas, Fazenda
17 -44.582555 -19.455202
Chaparral
18 Pompéu, Condomínio Recanto das Águas -44.708927 -19.111597
19 Curvelo, Cachoeira do Choro -44.732034 -19.023246
20 Curvelo, Ponte Rodovia -44.700984 -19.172162
Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo Reservatório de
21 -44.783192 -18.884633
São José da Retiro Baixo
Varginha (MG).
22 Curvelo, meio do reservatório de Felixlândia -44.744854 -19.005002
5
22 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 23

RESULTADOS

5.1. Índice de Qualidade da Água – Indicadores


físicos, químicos e biológicos
TEMP TEMP TURBIDEZ NITRATO FOSFATO
PONTOS DATA MUNICÍPIO URA % COLIFORMES OD Mg/L DBO pH IQA
AMB oC H2O oC (UNT) PPM PPM

1 31-jan Brumadinho - Marco Zero 40 29 45% 104 positivo 3,2 7 > 40 >4 Ruim

21,63

2 1-fev Alberto Flores 37,8 31,7 48% 1400 positivo 2,13 7,89 Nv Nv Péssimo

18,66

3 2-fev região de Inhotim 9.680 NV zero Nv NV Nv NV Péssimo

14

4 2-fev Mario Campos 34,8 31,5 48% 6.890 NV 2,53 NV NV NV NV Péssimo

1 14

5 2-fev São Joaquim de Bicas 33,8 29,4 45% 6.170 positivo 1,9 NV NV NV Péssimo

18,22

6 2-fev Betim/Parque Eco Vale 28,1 27,4 48% 1052 positivo 5,48 NV NV NV NV Péssimo

19,25

7 2-fev Montante da Usina de Ibirité 32,2 28,6 47% 5.510 positivo 1,33 7,3 > 40 >4 Ruim

22,61

8 3-fev Juatuba - Pontilhão 40,8 29,2 40% 26,9 positivo 3,88 7,27 > 40 >4 Ruim

23,69

9 3-fev Juatuba - Sitio Esmeralda 39,9 30,1 47% 567 positivo 2,6 7,4 >40 >4 Péssimo

20,36
24 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 25

TEMP TEMP TURBIDEZ NITRATO FOSFATO


PONTOS DATA MUNICÍPIO URA % COLIFORMES OD Mg/L DBO pH IQA
AMB oC H2O oC (UNT) PPM PPM

10 4-fev Esmeraldas/Florestal 30,4 26,3 72% 3.100 positivo 2,36 NV NV NV Péssimo

17,5

11 5-fev São José da Varginha 32,1 26,8 48% 359,6 positivo 3,4 0 6,1 > 40 >4 Péssimo

18,3

12 5-fev Fortuna de Minas 30 27 40% 238,9 positivo 4,2 6,7 6 >4 Péssimo

19,83

Paraopeba, montante da
13 4-fev 29,1 27,7 89% 683,8 positivo 3,8 7,1 40 4 Ruim
captação de água

21,63

Pará de Minas, jusante da


14 4-fev 22,6 26,6 78% 366 positivo 1,9 7 10 >4 Péssimo
captação de água

20,36

15 6-fev Caetanópolis - Ponte JK 27,2 27,6 64% 2.828 positivo 1,55 7,17 >40 >4 Péssimo

19,09

16 6-fev Ilha do Cabo Elói - Caetanópolis 33 29,1 90% 290 Positivo 3,56 aguarda 7 15 >4 Ruim

22,9

Cachoeria de Minas /
17 7-fev 25,4 26,2 99% 109,9 positivo 3,63 aguarda 7,16 <5 >4 Ruim
Maravilhas, fazenda Chaparral

23,69

Pompéu, Cond. Recanto das 6,92


18 8-fev 32,2 27,1 80% 57,9 positivo aguarda 7,2 5 4 Ruim
Águas (50% sat)

25,84

19 8-fev Curvelo, Cachoeira do Choro 29,6 27,6 71% 80,2 positivo 7,49 7,3 > 40 >4 Ruim

23,69

20 8-fev Curvelo, ponte rodovia 28,1 27,4 52% 1052 Nv 5,48 6,6 Nv NV Péssimo

19,25

Pompéu - reservatório da
21 8-fev 34,9 30,9 53% 75,9 positivo 6,43 aguarda 7,15 >40 >4 Ruim
Hidrelétrica de Retiro Baixo

25,84

Curvelo - reservatório de Retiro


22 9-fev 32,2 28,7 63% 329,6 positivo 7,49 6,96 >40 >4 Ruim
Baixo

21,53
26 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 27

Turbidez aumentando a absorção de calor


e a temperatura da camada
A elevada turbidez, o excesso de
nutrientes em decomposição e as
vida aquática.
Somente em 5 pontos de coleta,
superficial da água, com impacto altas temperaturas registradas na
localizados nos trechos do rio
direto na vida aquática. água, entre outros fatores aferidos
A turbidez elevada, em entre os municípios de Pompéu
nas análises, resultaram no registro
desconformidade com o padrão Os valores em desconformidade e Curvelo, os índices de oxigênio
de baixos índices de oxigênio
legal de 100 UNT (Unidades encontrados na água bruta dissolvido apresentaram condição
dissolvido, em desconformidade
Nefelométricas de Turbidez), superficial impedem a captação de manutenção da vida aquática,
com o padrão para rios de classe
medida a 90 no corpo d’água, para fins de abastecimento dentro dos limites legais para rios
2, fixado em 5 mg/L e em valores
indica a dificuldade de um público, irrigação de alimentos e de classe 2.
insuficientes para manutenção da
feixe de luz atravessar a água, dessedentação de animais.
prejudicando a fotossíntese,

Turbidez - UNT Oxigênio Dissolvido

10000 9680
OD mg/L
8

8000 7

6890
6
6170
6000
5510
5

4
4000
3100
2828 3

2000
1400 2
1052 1052
567 683,8
Turbidez 359,6
238,9 366 109,9 329,6
104 26,9
290
57,9 80,2 75,9 1
LMP 100 0 100
OD

0 LMP
28 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 29

5.2. Microbiologia 5.3. Metais Pesados


As coletas e análises obedeceram com a coloração de Gram para
às normas estabelecidas a identificação dos grupos A concentração de metais da água, elaborados pelo pelo
pelo Standard Methods for encontrados em cada ponto pesados verificada ao longo de Instituto Mineiro de Gestão
the Examination of Water and amostrado e teste de oxidase. toda a extensão do rio Paraopeba das Águas (IGAM), Agência
Wastewater. Foram feitas análises afetada pelos rejeitos de minério Nacional de Águas (ANA),
De acordo com os resultados está acima dos limites máximos Serviço Geológico do Brasil
microbiológicas quantitativas por
obtidos, em todos os pontos definidos na legislação vigente. (CPMR) e Copasa apontaram
tubos múltiplos, Agar Plate Conte,
de coleta analisados as Em consequência, a água está concentrações elevadas de
isolamento e identificação com a
concentrações microbiológicas imprópria para usos em todos os Chumbo e Mercúrio nos primeiros
inoculação nos meios de cultura
apresentam valores muito acima 22 pontos de coleta analisados. 20 quilômetros do rio, a partir da
Caldo Escherichia Coli e Caldo
e em desacordo com o que é área afetada, nas campanhas de
Verde Bile Brilhante, e utilização Os metais presentes na água em
preconizado na legislação vigente monitoramento realizadas. Esses
de Ágar Salmonella - Shigella, quantidades nocivas ao ambiente,
para água de rios de classe 2, metais não foram avaliados nas
Ágar Eosina Azul de Metileno, à saúde humana, à fauna, aos
que é de 1000 UFC (Unidade amostras analisadas pela equipe
Ágar Verde Bile Brilhante, Ágar peixes e aos organismos vivos,
Formadora de Colonia). técnica da expedição.
Cetrimida e Meio Rugai. Também em toda extensão monitorada do
foram feitos testes confirmativos rio, são: Ferro, Cobre, Manganês COBRE: o gráfico abaixo
e Cromo. demonstra a quantidade de cobre
encontrada nas análises realizadas
Laudos oficiais da qualidade
nos 22 pontos de coleta .

UFC Cobre

600000 6

500000 5

400000 4

300000 3

200000 2

100000 1

UFC Cobre

I.MP 0 0 LMP 0,009 mg/L


30 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 31

As concentrações máximas náuseas e vômitos. Se os sais de A contaminação por manganês FERRO: a concentração elevada
de cobre na água para rios de cobre, não ligados a proteínas, ocorre por ingestão. Existe o risco de ferro e manganês na água
classe 2, segundo a norma legal forem ingeridos em grandes de seres humanos apresentarem é responsável pela coloração
vigente (Resolução Conama 357), quantidades, pode lesar os rins, sintomas como rigidez muscular, avermelhada do rio e por deixar
é de 0,009 mg/L. Não foi possível inibir a produção de urina e causar tremores das mãos e fraqueza. manchas em roupas e utensílios.
analisar a concentração de metais anemia devido à destruição de Pesquisas realizadas em animais O ferro solúvel em contato
nas amostras coletadas nos glóbulos vermelhos (hemólise). constataram que o excesso de com o ar oxida e torna a água
pontos 6 e 7. manganês no organismo provoca alaranjada. Com a presença de
MANGANÊS: o gráfico
alterações no Sistema Nervoso outros metais, como o manganês,
O metal Cobre é tóxico quando abaixo demonstra os níveis
Central e ainda pode levar à e de sedimentos carreados
não está ligado a uma proteína e de manganês presentes nas
impotência por danificar os pela lama de rejeito da mina da
é assim que ele se encontra nas amostras analisadas. Em todos
testículos. Vale, as amostras de água do
amostras de água analisadas. os pontos de coleta analisados
rio Paraopeba apresentaram
O consumo de quantidades a concentração de manganês
coloração avermelhada intensa.
relativamente pequenas de está acima dos limites máximos
cobre livre pode provocar permitidos, fixados em 0,1 mg/L.

Manganês (Mn) Ferro (Fe)

3,5 8

7
3,0

6
2,5

5
2,0

1,5
3

1,0
2

0,5
1
Manganês Mn Ferro Fe

LMP 0,1 mg/L 0,0 0 LMP 0,3 mg/L


32 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


CROMO: metais pesados Os metais pesados estão
(cromo, cobre e manganês), são presentes no sedimento, no
reconhecidamente poluentes material particulado em suspensão
severos e podem causar diversos e na água. Materiais particulados
danos aos organismos, desde em suspensão são importantes
interferências no metabolismo e meios de transporte de metais
doenças, até efeitos mutagênicos pesados e substâncias orgânicas,
e morte. Estes metais podem que ficam a eles adsorvidos ou
ficar disponíveis para serem associados de alguma forma,
assimilados pelos seres vivos participando assim da dinâmica
através de processos químicos de ecossistemas aquáticos
e biológicos, se associando a (FÖRSTNER, U.; WITTMANN, G.
estruturas orgânicas complexas T. W, 1983, WASSERMAN, J.C.;
que podem ser metabolizadas WASSERMAN, M.A.,WASSERMAN,
e participar dos processos J.C. ET.AL.,1991).
fisiológicos, gerando toxicidade
para diferentes espécies.

Cromo (Cr)

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

Cromo Cr Córrego do Feijão,


Brumadinho (MG).
LMP 0,05 0,0
34 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 35

5.4. Tabela - Análises Físicos-Químicas

Ferro Cobre Man- Cromo


UFC
Temp Ni- Fosf- LMP LMP ganes total
Pon- Temp Turbidez Espu- Mat Peix- Larv Larv Coli- OD LMP
Data Município Amb URA % Lixo Odor DBO pH trato ato IQA 0,3 0,009 LMP 0,1 LMP
tos H2O oC (UNT) mas Sed es Verm Branc formes Mg/L 1000
oC ppm ppm mg/L mg/L mg/L 0,05
UFC
Fe Cu Mn mg/L Cr

Brumadinho - aus- nen- positi-


1 31-jan 40 29 45% 104 pouco mofo alto nv nv 3,2 7 > 40 >4 Ruim 6,5 3,3 2,8 1,2 52000
Marco Zero ente hum vo
2 3 2 2 1 1 1 1 2 1 1 21,63
muito nen- positi-
2 1-fev Alberto Flores 37,8 31,7 48% 1400 gran q nenhum fétido nv nv 2,13 7,89 Nv Nv Péssimo 6,8 2,7 2,3 0,9 176000
alto hum vo
1 1 3 1 1 1 1 1 2 18,66
muito nen-
3 2-fev região de Inhotim 9.680 rejeito fétido NV NV NV zero Nv NV Nv NV Péssimo 7,2 4,5 1,5 1,5 250000
alto hum
1 1 1 1 1 1 1 14
muito nen-
4 2-fev Mario Campos 34,8 31,5 48% 6.890 gran q pouco fétido NV NV NV 2,53 NV NV NV NV Péssimo 4,5 4,5 2,2 0,9 17000
alto hum
1 1 2 1 1 1 1 14
São Joaquim de muito nen- Nen- positi-
5 2-fev 33,8 29,4 45% 6.170 gran q rejeito fétido Nen 1,9 NV NV NV Péssimo 6,8 2,6 1,8 0,8 550000
Bicas alto hum hum vo
1 1 2 1 1 1 3 1 1 1 18,22
Betim/Parque muito nen- positi- Sem
6 2-fev 28,1 27,4 48% 1052 gran q pouco mofo NV NV 5,48 NV NV NV NV Péssimo
Eco Vale alto hum vo amostra

1 2 2 1 1 1 2 1 19,25
Montante da muito nen- nen- nen- positi- sem
7 2-fev 32,2 28,6 47% 5.510 gran q nenhum fétido 1,33 7,3 > 40 >4 Ruim
Usina de Ibirité alto hum hum hum vo amostra

1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 2 1 1 22,61
Juatuba - Pon- aus- baixo alevi- pou- nen- positi-
8 3-fev 40,8 29,2 40% 26,9 nenhum mofo 3,88 7,27 > 40 >4 Ruim 5,4 2,8 2,3 1,1 108000
tilhão ente obs nos cos hum vo
1 3 3 2 2 2 2 1 1 1 2 1 1 23,69
Juatuba - Sitio aus- muito nen- positi-
9 3-fev 39,9 30,1 47% 567 poucas pouco NV NV 2,6 7,4 >40 >4 Péssimo 6,3 3,2 3,4 0,8 58000
Esmeralda ente alto hum vo
1 2 2 3 1 1 1 1 2 1 1 20,36
Esmeraldas/ muito nen- positi-
10 4-fev 30,4 26,3 72% 3.100 poucas rejeito mofo NV NV 2,36 NV NV NV Péssimo 5,8 4,5 2,8 0,9 103000
Florestal alto hum vo
1 2 1 2 1 1 1 1 17,5
São José da aus- muito nen- mui- nen- positi-
11 5-fev 32,1 26,8 48% 359,6 gran q pouco 3,4 0 6,1 > 40 >4 Péssimo 5,4 3,6 1,6 1,1 152000
Varginha ente alto hum tos hum vo
1 1 2 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 18,3
muito nen- nen- positi-
12 5-fev Fortuna de Minas 30 27 40% 238,9 gran q pouco mofo NV 4,2 6,7 6 >4 Péssimo 6,5 5,4 1,8 1,3 13000
alto hum hum vo
1 1 2 2 1 1 1 1 2 2 2 1 19,83
Paraopeba,
aus- muito nen- positi-
13 4-fev montante da cap- 29,1 27,7 89% 683,8 gran q pouco NV NV 3,8 7,1 40 4 Ruim 5,3 3,2 2,6 1,4 50000
ente alto hum vo
tação de água
nublado 1 1 2 3 1 1 1 1 2 1 1 21,63
36 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 37

Ferro Cobre Man- Cromo


UFC
Temp Ni- Fosf- LMP LMP ganes total
Pon- Temp Turbidez Espu- Mat Peix- Larv Larv Coli- OD LMP
Data Município Amb URA % Lixo Odor DBO pH trato ato IQA 0,3 0,009 LMP 0,1 LMP
tos H2O oC (UNT) mas Sed es Verm Branc formes Mg/L 1000
oC ppm ppm mg/L mg/L mg/L 0,05
UFC
Fe Cu Mn mg/L Cr

Pará de Minas,
muito nen- positi-
14 4-fev jusante da cap- 22,6 26,6 78% 366 poucas pouco mofo NV NV 1,9 7 10 >4 Péssimo 5,2 2,8 3,2 2,1 235000
alto hum vo
tação de água
1 2 2 2 1 1 1 1 2 2 1 20,36
Caetanópolis - muito nen- positi- in-
15 6-fev 27,2 27,6 64% 2.828 poucas pouco mofo NV NV 1,55 7,17 >40 >4 Péssimo 6,7 3,7 1,9 1,5
Ponte JK alto hum vo contáveis

1 2 2 2 1 1 1 1 2 1 1 19,09
Ilha do Cabo Elói aus- muito nen- Positi- aguar-
16 6-fev 33 29,1 90% 290 poucas nenhum NV nv 3,56 7 15 >4 Ruim 7,2 3,8 2,1 1,3 8000
- Caetanópolis ente alto hum vo da

chuva 1 2 3 3 1 1 1 1 2 2 1 22,9
Cachoeria de
Minas /Mara- aus- muito nen- nen- nen- positi- aguar- in-
17 7-fev 25,4 26,2 99% 109,9 poucas pouco 3,63 7,16 <5 >4 Ruim 6,4 4,2 1,5 0,9
vilhas, fazenda ente alto hum hum hum vo da contáveis
Chaparral
chuva 1 2 2 3 1 1 3 1 1 1 2 3 1 23,69
Pompéu, Cond. 6,92
aus- muito nen- nen- nen- positi- aguar- in-
18 8-fev Recanto das 32,2 27,1 80% 57,9 poucas nenhum (50% 7,2 5 4 Ruim 6,3 3,9 3,2 0,7
ente alto hum hum hum vo sat)
da contáveis
Águas
nublado 2 2 3 3 1 1 3 1 1 2 2 2 1 25,84
Curvelo, Cachoei- aus- baixo nen- pou- nen- positi- in-
19 8-fev 29,6 27,6 71% 80,2 pouco mofo 7,49 7,3 > 40 >4 Ruim 5,4 2,5 1,3 0,8
ra do Choro ente obs hum cos hum vo contáveis

2 1 1 2 2 1 2 1 1 2 2 1 1 23,69
Curvelo, ponte muito nen- in-
20 8-fev 28,1 27,4 52% 1052 gran q pouco mofo NV Nv Nv 5,48 6,6 Nv NV Péssimo 6,3 3,6 1,1 1,2
rodovia alto hum contávies

1 1 1 2 1 1 2 2 19,25
Pompéu - res-
ervatório da aus- nen- Nen- positi- aguar-
21 8-fev 34,9 30,9 53% 75,9 nenhum mofo alto raros 6,43 7,15 >40 >4 Ruim 5,9 3,7 1,3 1,4 220000
Hidrelétrica de ente hum hum vo da
Retiro Baixo
2 3 3 2 1 1 3 2 1 2 2 1 1 25,84
Curvelo - reser-
muito nen- nen- positi- in-
22 9-fev vatório de Retiro 32,2 28,7 63% 329,6 gran q pouco mofo raros 7,49 6,96 >40 >4 Ruim 5,4 2,9 2,2 1,1
alto hum hum vo contáveis
Baixo
1 1 2 2 1 2 3 1 1 2 2 1 1 21,53

ÓTIMA BOA REGULAR RUIM PÉSSIMA

- - - 10 12

TOTAL: 100%

Pontos monitorados: 22
6
38 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 39

Atlas da Mata Atlântica - 2017 BRUMADINHO/MG

VEGETAÇÃO
O município de Brumadinho município, segundo o Atlas dos
está totalmente inserido na Mata Remanescentes Florestais da
Atlântica, de acordo com o Mapa Mata Atlântica, elaborado pela
da Área de Aplicação da Lei da Fundação SOS Mata Atlântica e
Brumadinho
Mata Atlântica, Lei nº 11.428, de Instituto Nacional de Pesquisas
2006, segundo o Decreto nº 6.660, Espaciais (INPE). Além disso, havia
de 21 de novembro de 2008, mais 7.058 hectares de florestas
publicado no Diário Oficial da naturais, conforme dados do
União de 24 de novembro de 2008. MapBiomas/SOS Mata Atlântica.
Antes da tragédia, Brumadinho O rompimento da barragem

-20°10'
possuía 15.490 hectares de resultou na perda de 112
remanescentes da Mata Atlântica hectares de florestas nativas.
bem preservados, acima de Destes, 55 hectares eram áreas
-44°10'
3 hectares, o equivalente a bem preservadas, monitoradas Área devastada - Total 264 ha
Realização: Patrocínio:
Mata Atlas (3ha) - Total 55ha ¯
830 campos de futebol – isso anualmente pelo Atlas da Mata Execução Técnica: Mata MapBiomas - Total 112ha
Refúgio e Afloramentos 0 250
1:50.000
500 1.000 1.500 m
Área Mínima Mapeada 3ha.
Agradecemos a gentileza da comunicação de
falhas ou omissões verificadas nesta carta.

representa 24,22% do que Atlântica. Agropecuária


Área Urbana
Projeção Policônica
SIRGAS 2000
Fundação SOS Mata Atlântica
email: fsosma@sosma.org.br

havia do bioma originalmente no Rios e Lagos

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica

Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


Brumadinho (MG). Brumadinho (MG).
7
40 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 41

pressões setoriais. E é primordial

Foto: Malu Ribeiro/ SOS Mata Atlântica


que os responsáveis por essa
tragédia sejam punidos.
A sensação de impunidade e

CONCLUSÃO de injustiça que paira sobre


o país, desde a tragédia da
Samarco, Vale e BHP na bacia
O rio Paraopeba perdeu a Para a recuperação da qualidade
do rio Doce, agravada com esse
condição de importante manancial da água na bacia do Paraopeba
imensurável dano socioambiental,
de abastecimento público e usos e segurança hídrica da região é
colocam em xeque a capacidade
múltiplos da água em decorrência essencial que sejam adotadas
das instituições brasileiras de
do carreamento e da deposição de medidas efetivas de remediação
adotar medidas eficazes de
cerca de 14 toneladas de rejeitos dos danos ambientais, de
monitoramento sistemático,
de minérios, provenientes do ressarcimento das comunidades,
controle e uso de tecnologias
rompimento da barragem B1 do das famílias e atividades
mais modernas, capazes de evitar
Complexo do Córrego do Feijão, econômicas afetadas.
que tragédias anunciadas como
da empresa Vale, localizada na
O impacto sobre a vegetação essas se repitam no Brasil.
zona rural de Brumadinho, na
nativa vai além da área devastada
região de cabeceira da bacia do Alterar o curso de rios e bacias
que foi possível identificar por
Paraopeba, importante formador hidrográficas é mudar o destino e
meio de imagens de satélite de
da bacia do rio São Francisco. o futuro da sua população e dos
alta resolução. Em decorrência da
ecossistemas. Espera-se, com
O dano ambiental sem parâmetros degradação, houve ainda impacto
esse trabalho, contribuir para
no país e no mundo tornou as sobre a fauna e flora locais com
aprimorar os instrumentos de
águas do rio Paraopeba impróprias grande desequilíbrio do ambiente.
gestão, resgatar a confiança da
e indisponíveis para usos em uma
A restauração florestal com sociedade sobre a governança
extensão de 305 quilômetros, que
espécies nativas da região para da água e, sobretudo, mostrar
ficou com qualidade péssima e ruim
revitalização da bacia hidrográfica, a importância da conservação
–, portanto, em desconformidade
especialmente da mata ciliar – dos recursos naturais, bens de
com os padrões definidos na
Área de Preservação Permanente interesse coletivo da nação.
legislação vigente.
(APP) – é um fator preponderante
A participação social, o acesso à
Fatores climáticos e a para restabelecer a capacidade
informação e a produção de dados
permanência dos rejeitos de regeneração do rio, córregos,
independentes sobre a qualidade
de minérios na calha do rio, nascentes e de seus ecossistemas,
da água e do ambiente são
em remansos, nos lagos dos somada à ampliação dos serviços
fundamentais para a recuperação
reservatórios, nas nascentes e de saneamento básico e ambiental
da Bacia Hidrográfica do rio
nos riachos tributários afetados nos municípios afetados direta e
Paraopeba e dos rios brasileiros.
devem apresentar variações indiretamente.
em virtude da sazonalidade, Água limpa é direito humano
Para o êxito das medidas de gestão
provocando instabilidade nos fundamental e esta causa é
e recuperação, é fundamental que
indicadores de qualidade da prioritária para a SOS Mata
a legislação brasileira, sobretudo
água por muitas décadas. Atlântica, que seguirá monitorando
o Licenciamento Ambiental e o
Essa condição anormal exige e acompanhando o caso em prol
Código de Mineração, não sejam Rio Paraopeba,
monitoramento permanente por do rio Paraopeba e de toda sua Esmeraldas (MG).
flexibilizados para atender a
longo prazo. comunidade.
Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica
44 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA

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