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SOSMA Expedicao-Paraopeba Relatorio PDF
SOSMA Expedicao-Paraopeba Relatorio PDF
os Rios
O retrato da qualidade da água na bacia do rio
Paraopeba após o rompimento da barragem
Córrego do Feijão – Minas Gerais
FEVEREIRO DE 2019
Observando
os Rios
O retrato da qualidade da água na bacia do rio
Paraopeba após o rompimento da barragem
Córrego do Feijão – Minas Gerais
FEVEREIRO DE 2019
Realização: Patrocínio:
Presidência Valorização dos Parque e Reservas
Pedro Luiz Barreiros Passos Érika Guimarães, Monica Fonseca*
Vice-Presidência Água Limpa
Roberto Luiz Leme Klabin Maria Luisa Ribeiro*, Romilda
Roncatti, Cesar Pegoraro*, Gustavo
Vice-Presidência de Finanças
Veronesi, Marcelo Naufal*, Tiago Felix
Morris Safdié
Proteção do Mar
CONSELHOS
Camila Takahashi, Diego Martinez
Conselho Administrativo
EXPEDIENTE
Beatrice Padovani Ferreira, Clayton
Observando os Rios | O retrato da
Ferreira Lino, Fernando Reinach, qualidade da água na bacia do rio
Gustavo Martinelli, Jean Paul Paraopeba após o rompimento da
A Fundação SOS Mata Atlântica Metzger, José Olympio da Veiga barragem Córrego do Feijão – Minas
Pereira, Luciano Huck, Marcelo Leite, Gerais
é uma ONG ambiental brasileira.
Paulo Nogueira-Neto, Sonia Racy
Atua na promoção de políticas Redação e Coordenação Técnica
índice
Conselho Fiscal Maria Luisa Ribeiro
públicas para a conservação Daniela Gallucci Tarneaud, Ilan Ryfer,
da Mata Atlântica por meio Sylvio Ricardo Pereira de Castro Coordenação Editorial
Marcelo Bolzan/ Criativismo
do monitoramento do bioma, DIRETORIAS
produção de estudos, projetos Colaboração
demonstrativos, diálogo com
Diretoria Executiva Afra Balazina, Andrea Herrera, Luiz 1. Introdução 6
Marcia Hirota Soares e Marcia Hirota
setores públicos e privados,
aprimoramento da legislação
Diretoria de Finanças e Negócios Foto da Capa 2. Expedição Rio Paraopeba 8
Olavo Garrido Gaspar Nóbrega
ambiental, comunicação e
engajamento da sociedade em
Diretoria de Políticas Públicas Revisão 2.1. Objetivo da Expedição 11
Mario Mantovani Ana Cíntia Guazzelli
prol de restauração da floresta,
valorização dos parques e
Diretoria de Comunicação e Marketing
Afra Balazina
Projeto Gráfico e Diagramação 3. Metodologia de Monitoramento 16
Rodrigo Masuda/ Multitude
reservas, água limpa e proteção
do mar.
DEPARTAMENTOS Responsáveis pelas coletas
Maria Luisa Ribeiro, Marcelo Naufal,
4. Qualidade da Água na Bacia do Rio Paraopeba 20
Administrativo/Financeiro/
Tiago Félix e Marta Angela Marcondes
Recursos Humanos
Valdeilton de Sousa, Aislan Silva, Equipe Técnica do Projeto
5. Resultados 22
Anderson Almeida, Débora Severo, Observando os Rios
www.sosma.org.br Elaine Calixto, Ítalo Sorrilha, Jemima 5.1. Índice de Qualidade da Água – Indicadores Físicos,
Romilda Roncatti, Gustavo Veronesi,
facebook.com/SOSMataAtlantica Medina, Jonas Morais, Patrícia César Pegoraro, Marcelo Naufal e Químicos e Biológicos 22
twitter.com/sosma Galluzzi, Rosana Cinturião Tiago Félix
youtube.com/sosmata Comunicação e Marketing
Andrea Herrera, Jessica Rampazo,
Parceiro para Análises
Laboratório de Análise Ambiental do
5.2. Microbiologia 28
instagram.com/sosmataatlantica
Joice Veiga, Luiz Soares, Yuri Menezes Projeto Índice de Poluentes Hídricos
Negócios
(IPH) - Universidade Municipal de 5.3. Metais Pesados 29
São Caetano do Sul (USCS)
Carlos Abras, Lucas Oliveira, Tamiris
do Carmo Coordenadora: Marta Angela 5.4. Tabela - Análises Físicos-Químicas 34
Marcondes
Políticas Públicas
Beloyanis Monteiro, Lídia Parente* Pesquisadores: Fernanda Amate 6. Vegetação 38
Lopes, Paula Simone da Costa
Tecnologia da Informação
Larizzatti e André Contri Dionizio
Kleber Santana 7. Conclusão 40
Pesquisadores/Estagiários: Acácio
CAUSAS
Henrique de Souza Costa, Beatriz
Restauração da Floresta
Denise Silva Santos, Beatriz Vieira
Rafael Fernandes, Ana Paula
Stranghini, Paulo César Hyppolito,
Guido, Aretha Medina, Berlânia
Roberta Pedroso Machado
dos Santos, Celso da Cruz, Cícero
de Melo Jr., Fernanda dos Santos, Apoio
Ismael da Rocha, Joaquim Prates, Universidade Municipal de São
Joveni de Jesus, Kelly De Marchi, Caetano do Sul (USCS) – Projeto
Loan Barbosa, Marcelo de Souza, IPH (Índice de Poluentes Hídricos)
Maria de Jesus, Mariana Martineli, e Policontrol Instrumentos Controle
Reginaldo Américo, Ricardo Ruiz Jr., Ambiental Indústria e Comércio Ltda.
Roberto da Silva, Wilson de Souza
1
6 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 7
A Fundação SOS Mata Atlântica chegou ao Reservatório de Retiro impactada com o despejo de 14 e governança voltados à saúde
apresenta neste relatório o retrato Baixo, na região dos municípios toneladas de rejeitos de minério da bacia hidrográfica vêm sendo
da qualidade da água na bacia de Pompéu e Curvelo. Em todo sobre as áreas. Essa região é implementados e devem ser
hidrográfica do rio Paraopeba, o trecho analisado, a qualidade preservada por unidades de fortalecidos para que a sociedade
em decorrência do impacto da água do rio Paraopeba está conservação (UCs), como a Área participe ativamente da tomada
provocado pelo rompimento imprópria, com índices que variam de Proteção Ambiental (APA) Sul de decisão e da definição das
da barragem de rejeitos da de péssimo a ruim, fora dos da Região Metropolitana de Belo medidas punitivas, de remediação,
mineradora Vale, no complexo padrões definidos na legislação Horizonte (Decreto nº 35.624, de monitoramento e recuperação da
minerário do Córrego do Feijão, brasileira para usos múltiplos. 8 de junho de 1994, declara como bacia do Paraopeba.
em Brumadinho, Minas Gerais. Área de Proteção Ambiental a
A lama de rejeitos de minério Nesse sentido, este retrato da
região situada nos municípios de
Os dados que apontam a condição e contaminantes mudou qualidade da água da bacia
Belo Horizonte, Barão de Cocais,
ambiental do rio foram elaborados drasticamente a geografia e do Paraopeba, elaborado pela
Brumadinho, Caeté, Catas Altas,
com base no Índice de Qualidade a paisagem na região do Alto Fundação SOS Mata Atlântica, visa
Ibirité, Itabirito, Mário Campos,
da Água (IQA) apurado em 22 Paraopeba. Enterrou nascentes, contribuir com as comunidades
Nova Lima, Raposos, Rio Acima,
pontos de coleta, distribuídos ao cursos d’água; ceifou vidas locais, organismos de bacias
Santa Bárbara e Sarzedo), em
longo de 305 quilômetros do rio humanas, fauna e flora; devastou hidrográficas, instituições e órgãos
razão do imenso potencial
Paraopeba. O trecho compreende florestas nativas da Mata Atlântica gestores de meio ambiente,
hídrico, da rica biodiversidade
a extensão afetada pela onda de e a vegetação natural, e tingiu Ministérios Públicos, organizações
e dos aspectos socioculturais e
rejeitos e pluma de contaminantes de cor de sangue um dos mais da sociedade civil, governos das
econômicos que reúne.
carreados, desde o Córrego importantes mananciais da Região esferas federal, estadual e municipal,
do Feijão, no município de Metropolitana de Belo Horizonte, Embora a região enfrente em ações de recuperação desse
Brumadinho (MG), até Felixlândia, formador da Bacia Hidrográfica forte pressão imobiliária e de terrível dano, de imensurável
no Reservatório de Retiro Baixo, do rio São Francisco. mineradoras, a demanda por prejuízo social, ambiental, cultural e
no Baixo Paraopeba. água para abastecimento público econômico para as atuais e futuras
As variações climáticas, de
e agricultura, e a atuação de gerações.
A equipe técnica da Fundação temperatura, do regime de
organizações da sociedade civil
SOS Mata Atlântica acompanhou chuvas, volume e vazões dos É fundamental, em respeito às
têm levado os Comitês de Bacias
o deslocamento da onda de rios, além dos usos do solo, vítimas e ao rio, que a legislação
Hidrográficas dos rios Paraopeba,
rejeitos sobre o rio Paraopeba, interferem de forma direta na ambiental brasileira seja valorizada
Velhas e São Francisco a dedicar
do dia 31 de janeiro de 2019 – quantidade e na qualidade da e fortalecida por meio de órgãos
atenção especial à região, diante
seis dias após a maior tragédia água doce superficial. A região técnicos e instrumentos de gestão
do rebaixamento do nível d’água
socioambiental decorrente de do Alto Paraopeba, estratégica eficientes, participativos, modernos
provocado pela intensa atividade
atividade minerária do mundo –, para a manutenção dos recursos e livres de ingerência política.
minerária.
até o dia 9 de fevereiro do mesmo hídricos da bacia e do rio São
ano, quando a pluma de rejeitos Francisco, foi justamente a mais Vários instrumentos de gestão
2
8 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 9
EXPEDIÇÃO
mineradoras Samarco, Vale e BHP, do Centro de Apoio Operacional
em Mariana, a equipe técnica de Meio Ambiente do Ministério
reuniu equipamentos de precisão, Público de Minas Gerais, o
RIO PARAOPEBA capazes de medir níveis elevados
de turbidez e indicadores de
coordenador do Projeto Manuelzão
e o presidente do Fórum Mineiro
qualidade da água em condições de Bacias Hidrográficas, Marcus
extremas como essas. Vinicius Polignano, além do
A Expedição Rio Paraopeba foi deputado federal e coordenador da
Antes da saída a campo para as
Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica
305
mapas geográficos e das equipes Mata Atlântica para subsidiar autoridades e sociedade na definição
de bombeiros e socorristas. de medidas e ações socioambientais de remediação, recuperação e
ressarcimento dos danos;
Até quarta-feira (30), não foi possível
realizar as coletas de água no >> Apresentar as informações em linguagem de fácil compreensão,
quilômetros de rios
rio Paraopeba por questão de valorizando indicadores de percepção e bioindicadores que apontam
22
segurança, mas sim acompanhar o a presença ou ausência de vida na água e os impactos à saúde
trabalho dos bombeiros, defesa civil decorrentes da perda da biodiversidade;
e voluntários no socorro às vítimas. >> Contribuir para o aprimoramento de políticas públicas no sentido de
Após mapear e redefinir os locais de evitar que eventos trágicos como esse se repitam, tendo como base
acesso ao rio Paraopeba, um ponto o fortalecimento do arcabouço legal e institucional brasileiro, com pontos de coleta
a 150 metros acima da área afetada participação da sociedade na tomada de decisões.
21
pela lama de rejeitos foi definido
como marco zero do dano ambiental.
De volta a Belo Horizonte, foi feita Os pontos de coleta foram O trecho monitorado abrange os
uma parada na Serra da Moeda, distribuídos ao longo do curso do municípios ribeirinhos diretamente
divisor de águas das bacias dos rio Paraopeba, com distâncias que afetados, nesta ordem: municípios
rios das Velhas e Paraopeba, para variaram de 15 a 40 quilômetros Brumadinho, Ibirité, Mário Campos, / distritos percorridos
avistar a região do Quadrilátero entre eles. Para seguir o rio, a São Joaquim de Bicas, Igarapé,
Ferrífero, maior produtor nacional equipe técnica percorreu mais de Betim, Juatuba, Esmeraldas, 31/01 a
de minério de ferro. Do Topo do
Mundo, nome do mirante instalado
2000 quilômetros, por caminhos,
picadas e estradas interditadas;
Florestal, Pará de Minas, São
José da Varginha, Pequi, Fortuna
9/02
a 1.500 metros de altitude, por rodovias federais e estaduais, de Minas, Cachoeira da Prata, período
avistava-se parte da belíssima estradas rurais, desvios, fazendas Maravilhas, Papagaios, Paraopeba,
Rio Paraopeba em região que a expedição percorreu, e comunidades, acompanhando Caetanópolis, Pompéu, Curvelo e
Brumadinho (MG). em 10 dias, por 305 quilômetros o carreamento dos rejeitos e Felixlândia.
de rio ao longo do Paraopeba. contaminantes.
12 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 13
Pontos Monitoramento - Rio Paraopebas/MG BRUMADINHO/MG Por toda a extensão afetada do e São Joaquim de Bicas, a
rio Paraopeba, desde o bairro turbidez era extremamente
-18°50'
rural de Córrego do Feijão, em elevada e os baixos níveis de
!
(
Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo Reservatório de Retiro Baixo Brumadinho, até o Reservatório de oxigênio dissolvido medidos na
-18°55'
Retiro Baixo, entre os municípios coluna d’água, a partir de 2 metros
de Curvelo e Felixlândia, os de profundidade, ultrapassaram
-19°
Curvelo, Cachoeira do Choro!
!
( indicadores de qualidade da limites máximos definidos na
(Curvelo, meio do reservatório Felixlândia, MG
água aferidos não revelaram legislação nacional e internacional
-19°5'
água em condições de uso. Não para qualidade da água. Nesse
!
( foi constatada vida aquática em trecho, pode-se dizer que o rio se
Pompéu, Condomínio Recanto das Águas
toda extensão monitorada do rio encontrava morto, sem condição
-19°10'
Curvelo, MG, Ponte Rodovia!
(
Pompéu Paraopeba e, em todos os pontos de vida aquática.
de coleta analisados, a qualidade
-19°15'
Paraopeba A grande quantidade de sólidos em
Caetanópolis da água oscilou entre os índices
suspensão, a turbidez e a cor intensa
péssimo ou ruim.
da água, que deixou o rio semelhante
-19°20'
Caetanópolis – Ilha do Cabo Elói / Paraopeba!
(
O impacto dos rejeitos da Vale a uma massa de bolo de chocolate
sobre a qualidade da água – como moradores ribeirinhos
-19°25'
Caetanópolis – Ponto JK!
( do rio Paraopeba foi medido descreveram –, impediram que
Cachoeira da Prata / Maravilhas Fazenda Chaparral!
( Inhaúma de duas formas. Uma delas, alguns parâmetros físicos, químicos
-19°30'
Cachoeira da Prata nas amostras de superfície, e biológicos fossem medidos em
Fortuna de Minas com medições realizadas a 30 campo em cinco pontos de coleta,
centímetros da lâmina d’água, nos municípios de Brumadinho,
-19°35'
PequiFortuna de Minas!
( onde as concentrações de Mário Campos, São Joaquim de
oxigênio dissolvido registraram Bicas e Betim.
-19°40'
São José da Varginha / Urucaia!
(
maiores valores, por conta da
Pará de Minas – captação de água!( Nessa região, peixes, animais
Pará de Minas – a montante das barreiras Condomínio Paraopeba!
( movimentação natural do rio e
Esmeraldas mortos e organismos em
-19°45'
das trocas com o ar. E a segunda
decomposição foram verificados
medição ocorreu na coluna
e o odor intenso causou incômodo
-19°50'
Pará de MinasFlorestal / Esmeraldas!
( d’água, a partir de 2 metros
às comunidades ribeirinhas. Na
Florestal de profundidade. Os valores
área da prainha de São Joaquim de
indicados na tabela resumo do
-19°55'
Contagem
Bicas, local escolhido como solo
(Juatuba
Juatuba – Pontilhão!
Betim IQA foram medidos nas amostras
Juatuba – jusante da Usina Termoelétrica!
( sagrado para os índios Pataxós,
da coluna d’água, em virtude
Betim / Parque Ecológico Vale Verde, fazenda haras!
( que há dois anos se fixaram ali,
-20°
METODOLOGIA DE
espectrofotométrico.
neste relatório foram realizadas com
equipamentos especiais, sondas Os limites definidos na legislação
MONITORAMENTO
eletrônicas multiparâmetros e vigente para os parâmetros que
protocolos específicos para as compõem o IQA variam de acordo
coletas e medições em campo e com a classe do corpo d’água.
para as amostras analisadas em Cada classe é definida com base
Os dados do Índice de Qualidade interferem na qualidade da água laboratório, incluídos os índices no uso preponderante da água e
da Água (IQA), as análises e, dessa forma, possa se engajar de Condutividade Elétrica do no grau de restrição ou permissão
microbiológicas e de metais na gestão da água e do meio Meio Aquático, Total de Sólidos de lançamento e de concentração
pesados reunidos neste relatório ambiente. Dissolvidos (TDS), Dureza, Cobre de substâncias presentes na água.
foram elaborados com base na (Cu), Alumínio (Al), Magnésio No Brasil, esses padrões variam
O Índice de Qualidade da Água
legislação vigente e em seus (Mg2+), Manganês (Mn2+), de acordo com a classificação
(IQA), adaptado do índice
respectivos protocolos de coleta Ferro (Fe3+) e indicadores das águas interiores, fixada na
desenvolvido pela National
e medição. microbiológicos. Resolução Conama 357/2005, da
Sanitation Foundation, dos
Os parâmetros do IQA foram Estados Unidos, é obtido por seguinte forma:
Durante todo o processo de coleta
escolhidos por especialistas e meio da soma de parâmetros
ÓTIMA técnicos como os mais relevantes físicos, químicos e biológicos
acima de 40 para serem incluídos na avaliação encontrados nas amostras de
das águas doces brutas, água. Esse índice começou a ser
BOA destinadas ao abastecimento utilizado no Brasil, em 1974, pela
entre 35 e 40
público e aos usos múltiplos. Companhia Ambiental do Estado
A totalização dos indicadores de São Paulo (Cetesb) para avaliar
REGULAR C L A S S E S D E E N Q UA D R A M E N TO
medidos resulta na classificação a condição ambiental das águas
entre 26 e 35
da qualidade da água, em uma doces superficiais no estado. USOS DAS ÁGUAS DOCES ESPECIAL 1 2 3 4
escala que varia entre: ótima, boa, Nas décadas seguintes, outros Preservação do equilíbrio natu-
RUIM
Classe mandatória em unidades de
regular, ruim e péssima. estados brasileiros adotaram o raldas comunidades aquáticas conservaçãode proteção integral
Recreação de
Atlântica, por Samuel Murgel parâmetros de percepção que contato secundário
Branco1 e Aristides Almeida permitem que a sociedade realize
Pesca
Rocha2. Desde 1993, essa o levantamento, de acordo com
Hortaliças consumidas cruas e frutas Hortaliças, frutíferas,
metodologia vem sendo a legislação vigente, utilizando 16 que se desenvolvam rentes ao solo parques, jardins,
Culturas arbóreas,
Irrigação e que sejam ingeridas cruas sem cam-pos de esporte
cerealíferas e
aplicada e aprimorada pelo parâmetros do IQA: temperatura remoção de película e lazer
forrageiras
*Os limites de fósforo variam nas Classes 2 e 3 para águas de ambientes lênticos, intermediários e
lóticos. As concentrações máximas de coliformes termotolerantes também variam na Classe 3, de
acordo com o uso. Para recreação de contato secundário não deverá ser excedido o limite de 2.500,
para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1.000 e para
os demais usos não deverá ser excedido o limite de 4.000 coliformes termotolerantes.
Rio Paraopeba,
Florestal (MG).
4
20 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 21
NA BACIA DO RIO
PARAOPEBA
PONTO DE COLETA COORDENADA COORDENADA
RESULTADOS
1 31-jan Brumadinho - Marco Zero 40 29 45% 104 positivo 3,2 7 > 40 >4 Ruim
21,63
2 1-fev Alberto Flores 37,8 31,7 48% 1400 positivo 2,13 7,89 Nv Nv Péssimo
18,66
14
1 14
5 2-fev São Joaquim de Bicas 33,8 29,4 45% 6.170 positivo 1,9 NV NV NV Péssimo
18,22
6 2-fev Betim/Parque Eco Vale 28,1 27,4 48% 1052 positivo 5,48 NV NV NV NV Péssimo
19,25
7 2-fev Montante da Usina de Ibirité 32,2 28,6 47% 5.510 positivo 1,33 7,3 > 40 >4 Ruim
22,61
8 3-fev Juatuba - Pontilhão 40,8 29,2 40% 26,9 positivo 3,88 7,27 > 40 >4 Ruim
23,69
9 3-fev Juatuba - Sitio Esmeralda 39,9 30,1 47% 567 positivo 2,6 7,4 >40 >4 Péssimo
20,36
24 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 25
17,5
11 5-fev São José da Varginha 32,1 26,8 48% 359,6 positivo 3,4 0 6,1 > 40 >4 Péssimo
18,3
12 5-fev Fortuna de Minas 30 27 40% 238,9 positivo 4,2 6,7 6 >4 Péssimo
19,83
Paraopeba, montante da
13 4-fev 29,1 27,7 89% 683,8 positivo 3,8 7,1 40 4 Ruim
captação de água
21,63
20,36
15 6-fev Caetanópolis - Ponte JK 27,2 27,6 64% 2.828 positivo 1,55 7,17 >40 >4 Péssimo
19,09
16 6-fev Ilha do Cabo Elói - Caetanópolis 33 29,1 90% 290 Positivo 3,56 aguarda 7 15 >4 Ruim
22,9
Cachoeria de Minas /
17 7-fev 25,4 26,2 99% 109,9 positivo 3,63 aguarda 7,16 <5 >4 Ruim
Maravilhas, fazenda Chaparral
23,69
25,84
19 8-fev Curvelo, Cachoeira do Choro 29,6 27,6 71% 80,2 positivo 7,49 7,3 > 40 >4 Ruim
23,69
20 8-fev Curvelo, ponte rodovia 28,1 27,4 52% 1052 Nv 5,48 6,6 Nv NV Péssimo
19,25
Pompéu - reservatório da
21 8-fev 34,9 30,9 53% 75,9 positivo 6,43 aguarda 7,15 >40 >4 Ruim
Hidrelétrica de Retiro Baixo
25,84
21,53
26 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 27
10000 9680
OD mg/L
8
8000 7
6890
6
6170
6000
5510
5
4
4000
3100
2828 3
2000
1400 2
1052 1052
567 683,8
Turbidez 359,6
238,9 366 109,9 329,6
104 26,9
290
57,9 80,2 75,9 1
LMP 100 0 100
OD
0 LMP
28 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 29
UFC Cobre
600000 6
500000 5
400000 4
300000 3
200000 2
100000 1
UFC Cobre
As concentrações máximas náuseas e vômitos. Se os sais de A contaminação por manganês FERRO: a concentração elevada
de cobre na água para rios de cobre, não ligados a proteínas, ocorre por ingestão. Existe o risco de ferro e manganês na água
classe 2, segundo a norma legal forem ingeridos em grandes de seres humanos apresentarem é responsável pela coloração
vigente (Resolução Conama 357), quantidades, pode lesar os rins, sintomas como rigidez muscular, avermelhada do rio e por deixar
é de 0,009 mg/L. Não foi possível inibir a produção de urina e causar tremores das mãos e fraqueza. manchas em roupas e utensílios.
analisar a concentração de metais anemia devido à destruição de Pesquisas realizadas em animais O ferro solúvel em contato
nas amostras coletadas nos glóbulos vermelhos (hemólise). constataram que o excesso de com o ar oxida e torna a água
pontos 6 e 7. manganês no organismo provoca alaranjada. Com a presença de
MANGANÊS: o gráfico
alterações no Sistema Nervoso outros metais, como o manganês,
O metal Cobre é tóxico quando abaixo demonstra os níveis
Central e ainda pode levar à e de sedimentos carreados
não está ligado a uma proteína e de manganês presentes nas
impotência por danificar os pela lama de rejeito da mina da
é assim que ele se encontra nas amostras analisadas. Em todos
testículos. Vale, as amostras de água do
amostras de água analisadas. os pontos de coleta analisados
rio Paraopeba apresentaram
O consumo de quantidades a concentração de manganês
coloração avermelhada intensa.
relativamente pequenas de está acima dos limites máximos
cobre livre pode provocar permitidos, fixados em 0,1 mg/L.
3,5 8
7
3,0
6
2,5
5
2,0
1,5
3
1,0
2
0,5
1
Manganês Mn Ferro Fe
Cromo (Cr)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
1 2 2 1 1 1 2 1 19,25
Montante da muito nen- nen- nen- positi- sem
7 2-fev 32,2 28,6 47% 5.510 gran q nenhum fétido 1,33 7,3 > 40 >4 Ruim
Usina de Ibirité alto hum hum hum vo amostra
1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 2 1 1 22,61
Juatuba - Pon- aus- baixo alevi- pou- nen- positi-
8 3-fev 40,8 29,2 40% 26,9 nenhum mofo 3,88 7,27 > 40 >4 Ruim 5,4 2,8 2,3 1,1 108000
tilhão ente obs nos cos hum vo
1 3 3 2 2 2 2 1 1 1 2 1 1 23,69
Juatuba - Sitio aus- muito nen- positi-
9 3-fev 39,9 30,1 47% 567 poucas pouco NV NV 2,6 7,4 >40 >4 Péssimo 6,3 3,2 3,4 0,8 58000
Esmeralda ente alto hum vo
1 2 2 3 1 1 1 1 2 1 1 20,36
Esmeraldas/ muito nen- positi-
10 4-fev 30,4 26,3 72% 3.100 poucas rejeito mofo NV NV 2,36 NV NV NV Péssimo 5,8 4,5 2,8 0,9 103000
Florestal alto hum vo
1 2 1 2 1 1 1 1 17,5
São José da aus- muito nen- mui- nen- positi-
11 5-fev 32,1 26,8 48% 359,6 gran q pouco 3,4 0 6,1 > 40 >4 Péssimo 5,4 3,6 1,6 1,1 152000
Varginha ente alto hum tos hum vo
1 1 2 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 18,3
muito nen- nen- positi-
12 5-fev Fortuna de Minas 30 27 40% 238,9 gran q pouco mofo NV 4,2 6,7 6 >4 Péssimo 6,5 5,4 1,8 1,3 13000
alto hum hum vo
1 1 2 2 1 1 1 1 2 2 2 1 19,83
Paraopeba,
aus- muito nen- positi-
13 4-fev montante da cap- 29,1 27,7 89% 683,8 gran q pouco NV NV 3,8 7,1 40 4 Ruim 5,3 3,2 2,6 1,4 50000
ente alto hum vo
tação de água
nublado 1 1 2 3 1 1 1 1 2 1 1 21,63
36 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 37
Pará de Minas,
muito nen- positi-
14 4-fev jusante da cap- 22,6 26,6 78% 366 poucas pouco mofo NV NV 1,9 7 10 >4 Péssimo 5,2 2,8 3,2 2,1 235000
alto hum vo
tação de água
1 2 2 2 1 1 1 1 2 2 1 20,36
Caetanópolis - muito nen- positi- in-
15 6-fev 27,2 27,6 64% 2.828 poucas pouco mofo NV NV 1,55 7,17 >40 >4 Péssimo 6,7 3,7 1,9 1,5
Ponte JK alto hum vo contáveis
1 2 2 2 1 1 1 1 2 1 1 19,09
Ilha do Cabo Elói aus- muito nen- Positi- aguar-
16 6-fev 33 29,1 90% 290 poucas nenhum NV nv 3,56 7 15 >4 Ruim 7,2 3,8 2,1 1,3 8000
- Caetanópolis ente alto hum vo da
chuva 1 2 3 3 1 1 1 1 2 2 1 22,9
Cachoeria de
Minas /Mara- aus- muito nen- nen- nen- positi- aguar- in-
17 7-fev 25,4 26,2 99% 109,9 poucas pouco 3,63 7,16 <5 >4 Ruim 6,4 4,2 1,5 0,9
vilhas, fazenda ente alto hum hum hum vo da contáveis
Chaparral
chuva 1 2 2 3 1 1 3 1 1 1 2 3 1 23,69
Pompéu, Cond. 6,92
aus- muito nen- nen- nen- positi- aguar- in-
18 8-fev Recanto das 32,2 27,1 80% 57,9 poucas nenhum (50% 7,2 5 4 Ruim 6,3 3,9 3,2 0,7
ente alto hum hum hum vo sat)
da contáveis
Águas
nublado 2 2 3 3 1 1 3 1 1 2 2 2 1 25,84
Curvelo, Cachoei- aus- baixo nen- pou- nen- positi- in-
19 8-fev 29,6 27,6 71% 80,2 pouco mofo 7,49 7,3 > 40 >4 Ruim 5,4 2,5 1,3 0,8
ra do Choro ente obs hum cos hum vo contáveis
2 1 1 2 2 1 2 1 1 2 2 1 1 23,69
Curvelo, ponte muito nen- in-
20 8-fev 28,1 27,4 52% 1052 gran q pouco mofo NV Nv Nv 5,48 6,6 Nv NV Péssimo 6,3 3,6 1,1 1,2
rodovia alto hum contávies
1 1 1 2 1 1 2 2 19,25
Pompéu - res-
ervatório da aus- nen- Nen- positi- aguar-
21 8-fev 34,9 30,9 53% 75,9 nenhum mofo alto raros 6,43 7,15 >40 >4 Ruim 5,9 3,7 1,3 1,4 220000
Hidrelétrica de ente hum hum vo da
Retiro Baixo
2 3 3 2 1 1 3 2 1 2 2 1 1 25,84
Curvelo - reser-
muito nen- nen- positi- in-
22 9-fev vatório de Retiro 32,2 28,7 63% 329,6 gran q pouco mofo raros 7,49 6,96 >40 >4 Ruim 5,4 2,9 2,2 1,1
alto hum hum vo contáveis
Baixo
1 1 2 2 1 2 3 1 1 2 2 1 1 21,53
- - - 10 12
TOTAL: 100%
Pontos monitorados: 22
6
38 FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA OBSERVANDO OS RIOS 39
VEGETAÇÃO
O município de Brumadinho município, segundo o Atlas dos
está totalmente inserido na Mata Remanescentes Florestais da
Atlântica, de acordo com o Mapa Mata Atlântica, elaborado pela
da Área de Aplicação da Lei da Fundação SOS Mata Atlântica e
Brumadinho
Mata Atlântica, Lei nº 11.428, de Instituto Nacional de Pesquisas
2006, segundo o Decreto nº 6.660, Espaciais (INPE). Além disso, havia
de 21 de novembro de 2008, mais 7.058 hectares de florestas
publicado no Diário Oficial da naturais, conforme dados do
União de 24 de novembro de 2008. MapBiomas/SOS Mata Atlântica.
Antes da tragédia, Brumadinho O rompimento da barragem
-20°10'
possuía 15.490 hectares de resultou na perda de 112
remanescentes da Mata Atlântica hectares de florestas nativas.
bem preservados, acima de Destes, 55 hectares eram áreas
-44°10'
3 hectares, o equivalente a bem preservadas, monitoradas Área devastada - Total 264 ha
Realização: Patrocínio:
Mata Atlas (3ha) - Total 55ha ¯
830 campos de futebol – isso anualmente pelo Atlas da Mata Execução Técnica: Mata MapBiomas - Total 112ha
Refúgio e Afloramentos 0 250
1:50.000
500 1.000 1.500 m
Área Mínima Mapeada 3ha.
Agradecemos a gentileza da comunicação de
falhas ou omissões verificadas nesta carta.