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INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira foi a revolta, de caráter republicano e separatista, organizada


pela elite socioeconômica da capitania de Minas Gerais contra o domínio colonial
português. Também conhecida como Conjuração Mineira, demonstrou a insatisfação
local com a política fiscal praticada por Portugal. Essa revolta fracassou e teve
em Tiradentes um de seus participantes mais conhecidos.

Antecedentes históricos. A relação entre colonos e a Coroa nunca foi boa, mas,
ao longo do século XVIII, ela foi piorando à medida que os impostos aumentavam. Ao
longo desse século, diversas revoltas aconteceram naquela capitania, e, a partir da
década de 1750, a situação agravou-se porque a política fiscal de Portugal tornou-se
mais rigorosa. Na década de 1750, Portugal era administrada pelo Marquês de
Pombal, e sua administração, conhecida como pombalina, impôs um aumento de
impostos sobre a colônia, visando a reconstrução de Lisboa, que tinha sido destruída
pelo terremoto de 1755. A continuidade de pesados impostos levou os colonos
à conspiração.

Participantes da Inconfidência Mineira

A Inconfidência Mineira foi uma realização da elite socioeconômica da capitania de


Minas Gerais. Tiradentes, por exemplo, foi uma exceção, uma vez que ele não
pertencia à elite da capitania, ele era militar. Apesar de ser um movimento de elite, os
envolvidos com a inconfidência eram dos mais variados ofícios, e entre os
conspiradores havia membros da Igreja Católica, magnatas da região, comerciantes,
fazendeiros, médicos etc.

Causas da Inconfidência Mineira

Como citado, a razão direta que levou à conspiração foi a insatisfação com a política
fiscal praticada por Portugal. Essa contrariedade sempre existiu, mas alguns
acontecimentos específicos da década de 1780 fortaleceram a ideia de rebelião e
levaram a elite local a organizá-la.

Os envolvidos estavam insatisfeitos com os excessivos impostos e com o rigor de


Portugal nessa questão, mas o que os empurrou para a rebelião foi a constatação de
que a capitania poderia ser autossuficiente economicamente. Assim, planejaram
transformá-la numa república independente.

A insatisfação foi transformada em ação contra Portugal, por conta das gestões
de Luís da Cunha Meneses e do Visconde de Barbacena, ambos governadores da
capitania. O primeiro foi governador de Minas Gerais entre 1783 e 1788, e seu
governo ficou marcado pela corrupção e pelo abuso de poder. Ainda conseguiu
irritar as elites locais ao prejudicar os interesses dessas em benefício de seus amigos
mais próximos.

Já Visconde de Barbacena, assumiu o cargo em 1788, com a instrução de alcançar


a meta de 100 arrobas de ouro estipulada pela Coroa. Se necessário fosse, o visconde
deveria realizar uma derrama, isto é, uma cobrança obrigatória que visava cumprir a
meta citada. Foi a possibilidade de realização de uma derrama que levou os
inconfidentes (ou conjuradores) a pegarem seu plano e colocá-lo em execução. A
revolta que se iniciaria em Vila Rica estava marcada para acontecer na data da
derrama. A indignação foi motivada pelo fato de a derrama sobrecarregar uma
capitania já cheia de impostos a pagar e que enfrentava uma crise pela redução do
ouro extraído.

Quais eram os planos dos inconfidentes

Para vencer pretendiam impor uma guerra de desgaste, que sangraria as finanças de


Portugal, forçando-a a negociar com os colonos.

Se tivessem sucesso, pretendiam:

Proclamar uma república inspirada nos moldes existentes nos Estados Unidos;

Realizar eleições anuais;

Incentivar a diversificação econômica da capitania e instalar manufaturas;

Formar uma milícia nacional;

Perdoar as dívidas dos inconfidentes.

Sobre a questão do trabalho escravo não existia consenso. Alguns defendiam a


abolição desse tipo de atividade, enquanto outros, sua permanência. 

Desfecho da Inconfidência Mineira

O desfecho da Inconfidência Mineira para os que conspiravam contra Portugal foi


trágico. Os preparativos do movimento estavam avançados, mas a conspiração
acabou sendo denunciada antes de ser iniciada.

O governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, recebeu seis


denúncias, mas a principal delas foi realizada por Joaquim Silvério dos Reis, um
dos membros da conspiração. Silvério era um fazendeiro e fazia parte da elite mineira,
mas tinha altíssimas dívidas com a Coroa portuguesa.

Silvério acabou sendo seduzido pela possibilidade de acabar com suas dívidas
contando todos os detalhes que sabia da conspiração para a Coroa. Em posse de
informações valiosas, o Visconde de Barbacena cancelou a derrama e iniciou as
prisões e interrogatórios dos nomes que foram denunciados. Em 18 de maio de 1789,
começou a correr a notícia de que a conspiração havia sido denunciada e que todos
os envolvidos estavam em perigo.

O julgamento dos presos estendeu-se por três anos. Entre eles, estava Tiradentes,
que foi preso quando estava no Rio de Janeiro. A sentença saiu em abril de 1792, e as
penas foram diversas: alguns foram condenados à expulsão da colônia e enviados
para a África (degredo), outros foram condenados à prisão perpétua e alguns
foram condenados à morte por enforcamento.

Entre os condenados à morte por enforcamento, todos foram perdoados pela rainha
de Portugal, d. Maria, exceto uma pessoa. Tiradentes foi o único que teve sua pena de
morte mantida e, por isso, foi enforcado no dia 21 de abril de 1792.

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