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HISTÓRIA DA

𝐶ℎ𝑟𝑖𝑠𝑡𝑖𝑒 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑙ℎ𝑒𝑛𝑎 𝑃. 𝑀𝑎𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜1 , 𝐽é𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 𝐿. 𝑀𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒𝑠 2, 𝐿𝑢𝑐𝑎𝑠 𝐶. 𝑑𝑎 𝑆𝑖𝑙𝑣𝑎3, 𝑅𝑜𝑑𝑟𝑖𝑔𝑜 𝑃. 𝑂𝑙𝑖𝑣𝑒𝑖𝑟𝑎4

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a evolução da geotecnia no mundo bem como
abordar a história geotécnica no Brasil, o conjunto de estudos e procedimentos tecnológicos para classificação
de solos visando uma futura utilização em projetos de construção civil. Inicialmente é feito um panorama
histórico da aplicação de métodos científicos e princípios de engenharia para interpretação e uso do solo. Em
seguida, descreve-se as principais técnicas de prospecção de solo, suas aplicações e as tecnologias empregadas
em cada método. Finalmente, é exposto os principais ensaios para determinaçãos das propriedades físicas e
mecânicas dos solos.

PALAVRAS-CHAVE: Solo; investigação; geotecnia; ensaio; construção civil.

1. INTRODUÇÃO
O estudo da geotecnia vem evoluindo concomitantemente ao desenvolvimento humano. Sendo
o solo a base de qualquer construção, sua importância e reconhecimento é datada desde os
primórdios da civilização. Por meio de erros e acertos, desastres e gloriosas obras da engenharia o
ser humano gradativamente aperfeiçoa suas técnicas de manejo do solo. Neste trabalho será
abordado a história da geotecnia no mundo, métodos de investigação de solo os quais são
importantes para uma primeira abordagem e por fim, os ensaios, através dos quais é possível
estudar de maneira mais aprofundada as propriedades do solo em questão. Todos esses processos
são de suma importância para uma obra adequada de engenharia, visando assim a otimização de
todo o processo, reduzindo custos e tempo, além de sofisticar a segurança dos projetos de fundação,
contenção de encostas, aterros, escavações entre tantas outras aplicações na engenharia.

2. HISTÓRIA DA GEOTECNIA NO BRASIL E NO MUNDO

2.1 HISTÓRICO MUNDIAL DA ENGENHARIA GEOTÉCNICA


A engenharia geotécnica está presente desde os primórdios da civilização humana. Nossos
ancestrais, milhares de anos atrás, já haviam encontrado soluções envolvendo a utilização do solo
para construções e criação de materiais para a irrigação e controle de inundações.
Partindo da pré-história, é possível encontrar evidências de, na falta de cavernas, construção de
abrigos subterrâneos improvisados, que demonstram uma noção básica sobre a estabilidade dos
maciços onde eram realizadas estas escavações. Posteriormente o homem começou a trabalhar de
forma rudimentar a madeira e passou a construir edificações à beira de lagos ou regiões inundadas,
sobre estacadas de madeira, o que demonstrava uma ideia preliminar sobre a estabilidade das

1 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
3 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
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construções e da implementação de soluções com base no conhecimento prévio sobre o


comportamento do solo.

Com a descoberta dos metais e a fabricação de ferramentas mais sofisticadas, ampliou-se a


quantidade de solo escavado e consequentemente o tamanho das edificações construídas. Nesse
momento, destacaram-se, grandes construções como às pirâmides no Egito. Contudo foi com base
na tentativa e erro que eles conseguiram entender como manipular o solo corretamente para
possibilitar a construção de grandes monumentos. A pirâmide de Dahshur, por exemplo, foi
incialmente projetada com uma inclinação de 60°, mas a má qualidade do solo provocou um
recalque que deixou a pirâmide curvada.

Figura 1 - Pirâmide de Dahshur, Egito


Fonte: http://www.marcofavaretti.net/wp-content/uploads/2012/03/Storia-geotecnica.pdf (Junho/2017)

Na era clássica, os gregos passaram a utilizar elementos como mármore e pedra calcária,
preocupando-se mais com o aspecto arquitetônico, mas foram os romanos que se destacaram pela
inovação das técnicas construtivas e de fundações.
O legado romano em termos de técnicas construtivas pode ser verificado na obra do
engenheiro militar e arquiteto Marco Vitrúvio Pollio (Séc. I a.C.). A obra de Vitrúvio contém uma
série de considerações interessantes a respeito das fundações das construções romanas, como por
exemplo, dimensões, profundidades de assentamento, distribuição das cargas transmitidas ao solo e
sobre a características de resistência do mesmo. Vitrúvio foi o precursor da técnica de compactação
de terrenos fracos pela cravação de estacas e da utilização de ensecadeiras para a execução de
fundações subaquáticas, além de reconhecer, assim como Plínio (Séc. I a.C.), a existência de atrito
nas areias, principalmente naquelas de grãos angulosos.
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Figura 2 - Modelo de fundação de Vitrúvio


Fonte: http://www.marcofavaretti.net/wp-content/uploads/2012/03/Storia-geotecnica.pdf (Junho/2017)

Com o tempo surgiu a necessidade de teorizar o conhecimento acumulado na prática,


simbolizando o que seria o primórdio da mecânica dos solos (ou fase pré-clássica), para logo
depois iniciar o que seria a fase clássica, onde destacou-se Charles Augustin Coulomb, que utilizou
os princípios de Máximos e Mínimos de funções reais, vistos nas disciplinas de Cálculo Diferencial
e Integral, para determinar a verdadeira posição da superfície de deslizamento dos maciços de solo
para o cálculo de muros de arrimo. Nesta análise Coulomb empregou leis de atrito e coesão
aplicáveis a corpos sólidos, o que no futuro daria origem a uma das clássicas equações da Mecânica
dos Solos, a equação de Mohr-Coulomb. As equações desenvolvidas por Coulomb para cálculo
dos empuxos de terra sobre muros de arrimos são aplicadas até os dias atuais para o cálculo dos
empuxos de terra atuantes em muros de arrimo.
A origem da geotecnia moderna está relacionada com o trabalho do famoso engenheiro e
geólogo, Karl Von Terzaghi, o pai da Mecânica dos Solos. O trabalho de Terzaghi revolucionou o
campo da engenharia geotécnica. Ele desenvolveu trabalhos cobrindo uma grande variedade de
tópicos, como o princípio das tensões efetivas nos solos, resistência ao cisalhamento, ensaios de
campo, ensaios de cone Alemão, consolidação e recalques, distribuição de tensões elásticas,
técnicas de melhoria de solos, ação do gelo, sensibilidade de argilas, efeito de arco nos solos,
empuxos de terra, dentre outros. O impacto de seu trabalho na sociedade moderna é
verdadeiramente profundo, e pode ser visto em quase qualquer aspecto de nosso mundo moderno,
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desde as grandes estradas sobre as quais dirigimos rotineiramente, para as grandes paisagens
urbanas das áreas metropolitanas de hoje.

2.2 HISTÓRIA DA GEOTECNIA NO BRASIL E NO MUNDO


O estudo geotécnico de um país, assim como qualquer outro tipo de estudo, surge e cresce
com o desenvolvimento de universidades e centros focados na descoberta e aprimoramento de
técnicas e novos conhecimentos.
No Brasil, em 1847 foi criada a Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a Escola de Minas de
Ouro Preto, em cujos programas já se contemplavam as técnicas de fundações nas disciplinas:
Estudo dos Materiais de Construção e sua Resistência, Tecnologia das Profissões Elementares e
Arquitetura Civil. Estas disciplinas dariam origem às disciplinas de Construção e Grande
Estruturas, que posteriormente se transformariam nas atuais Mecânica dos Solos e Fundações.
O século XIX foi de grande importância para o desenvolvimento dos estudos geológicos no
Brasil, devido principalmente ao grande interesse ligado à mineração. Em 1944, foi fundada a
Geotécnica S/A, a primeira firma especializada em estudos e projetos de solos e fundações no
Brasil. Em 1948, chega ao Brasil a publicação de Terzaghi e Peck, o “Soil Mechanics in
Engineering Practice”, onde é apresentado um novo método de prospecção geotécnica conhecido
com SPT (“Standard Penetration Test”), e com ele um novo parâmetro, o nível de resistência à
penetração, largamente utilizado até os dias atuais como ferramenta de prospecção geotécnica. A
partir deste momento foi crescente o desenvolvimento da engenharia geotécnica no Brasil, com
contribuições de autores de diversas partes do país, na área de melhoria dos solos, desenvolvimento
de novos métodos de dimensionamento e de novas técnicas construtivas para fundações, barragens,
obras de contenção, como também de novas técnicas e equipamentos para investigação geotécnica,
seja de campo ou laboratório. Ainda assim, são inúmeras as incertezas existentes em vários
métodos de dimensionamento e de avaliação de desempenho de obras geotécnicas, sendo, portanto,
necessária a busca contínua de melhores metodologias de projeto e de técnicas construtivas mais
eficientes.
Todo estudo geotécnico é embasado em um solo de estudo. Para isso é necessário definirmos
o termo "solo" e sabermos quais são os mais presentes no Brasil. Solo se define como sendo um
material mineral e/ou orgânico não consolidado na superfície da terra que serve como meio natural
para o crescimento e desenvolvimento de plantas terrestres. A grande diversidade de tipos é
condicionada pelas formas e tipos de relevo, clima, material de origem, vegetação e organismos
do solo. No Mapa de Solos do Brasil (Figura 3), pode-se distinguir 13 grandes classes de solos
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representativas das paisagens brasileiras. Há grande predominância dos Latossolos, Argissolos e


Neossolos.

Figura 3 - Mapeamento digital do solo brasileiro na escala 1:5.000.000


Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2062813/solo-brasileiro-agora-tem-mapeamento-digital
(julho/2017)

As classes Latossolos e Argissolos são solos profundos, altamente intemperizados, ácidos,


de baixa fertilidade natural e, em certos casos, saturados por alumínio. Já solos de média a alta
fertilidade também ocorrem e são em geral pouco profundos em decorrência de seu baixo grau de
intemperismo, caracterizados nas classes dos Neossolos, Argissolos, Luvissolos, Planossolos,
Nitossolos, Chernossolos e Cambissolos.

3. PROSPECÇÃO DE SOLO
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento adequado
das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As investigações de
campo e de laboratório requeridas para obter os dados necessários para responder a essas questões
são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do subsolo. Os principais objetivos de
uma exploração do subsolo são: determinação da profundidade e espessura de cada camada do
solo e a sua extensão na direção horizontal; determinação da natureza do solo: compacidade dos
solos grossos e consistência dos solos finos; profundidade da rocha e suas características;
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localização do nível do lençol freático; obtenção de amostras (deformadas e/ou indeformadas de


solo e rocha para obtenção das propriedades.
O programa de investigação do subsolo deve levar em conta o tipo e a importância da obra
a ser executada. Isso quer dizer que, determinadas estruturas como túneis, barragens e grandes
edificações exigem um conhecimento mais minucioso do subsolo do que aquele necessário à
construção de uma pequena residência térrea, por exemplo. É importante ressaltar, que mesmo
para estruturas de pequeno porte é extremamente importante o conhecimento adequando do
subsolo sobre qual está se trabalhando, pois as negligências na obtenção dessas informações
podem conduzir a problemas na obra com prejuízos de tempo e recursos para recuperação.
Usualmente, a estimativa de custo de um programa de investigação do subsolo está entre 0,5 a 1%
do custo da construção da estrutura, sendo a percentagem mais baixa referente aos grandes projetos
e projetos sem condições críticas de fundação e a percentagem mais alta ligada a projetos menores
e com condições desfavoráveis. A falta de investigação geotécnica ou a má interpretação de dados,
resulta em: projetos inadequados, atrasos na obra, aumento de custos por modificações de última
hora e remediação, problemas ambientais e até mesmo a ruptura da obra. A investigação geotécnica
além de minimizar os riscos e custos, é uma forma de demonstrar responsabilidade para com a
sociedade e respeito à natureza. Deve-se saber que os resultados e análises das investigações
geotécnicas são documentos de projeto.

3.1 MÉTODOS DIRETOS DE INVESTIGAÇÃO DE SOLO


Os métodos diretos de investigação de solo permitem a observação direta do subsolo, sua
identificação, classificação e a resistência das suas diversas camadas, através da retirada de
amostras do solo, ao longo de uma perfuração ou medição direta de propriedades in situ.
Compreendem as escavações realizadas com o intuito de prospectar os maciços, as sondagens
mecânicas e os ensaios, com as sondagens dos materiais ao longo da linha de perfuração
descrevem-se testemunhos, estruturas geológicas e as características geotécnicas dos materiais.

3.1.1 SONDAGENS A TRADO


Sondagem a trado é um método de investigação manual ou mecânico que utiliza como
instrumento o trado, o qual consiste em um tipo de amostrador de solo constituído por lâminas
cortantes podendo ser espiraladas (trado helicoidal ou espiralado) ou convexa (trado concha). Este
método tem a finalidade de coletar amostras deformadas, determinar o nível d’água e identificar
os horizontes do terreno.
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3.1.1.1 Execução da sondagem


Junto ao local onde será executada a sondagem deverá ser cravado um piquete que servirá
como referência. A sondagem deve ser iniciada com trado concha. Quando o avanço com o trado
concha for difícil deverá ser utilizado o trado helicoidal, quando se tratar de solos argilosos. No
caso de camadas de cascalho, deverá ser feita uma tentativa de avanço empregando-se uma
ponteira.
Essa sondagem é realizada com solo seco, entretanto, no caso de solos com material duro,
solo coesivo seco ou areia sem coesão, pode-se realizar a adição de pequenas quantidades de água
para auxiliar a perfuração e coleta de amostras.

3.1.1.2 Amostragem
Quando o material perfurado for homogêneo, as amostras deverão ser coletadas a cada
metro, salvo outras exigências. Se houver mudança no decorrer do metro perfurado, deverão ser
coletadas tantas amostras quantos forem os diferentes tipos de materiais e cada material distinto
deve ser agrupado separadamente, com a informação do início e término da sua profundidade. As
amostras devem ser mantidas com sua umidade natural, acondicionadas em recipientes de
amostragem e etiquetadas.
Com relação do nível d’água, devem-se observar as condições de umidade do solo, uma
vez que, elas podem ser o indicativo da proximidade do furo com o nível d’água. Caso ele seja
atingido, é preciso que a perfuração seja paralisada. Então, a profundidade é anotada e passa-se a
observar o avanço do nível d’água no furo, anotando as informações a cada 5 minutos, durante
meia hora.

3.1.1.3 Vantagens e Desvantagens


A sondagem a trado tem como vantagens o baixo custo e a agilidade no processo. Além
disso, a quantidade em volume das amostras coletadas é o suficiente para os ensaios e a mão de
obra não precisa ser especializada para utilização do equipamento.
As desvantagens desse método de investigação são: a impossibilidade de ser usado como base para
realização de projetos de fundações, não é possível obter índice de resistência do solo e a amostra
coletada não permanece com sua estrutura preservada.
3.1.2 POÇOS DE INSPEÇÃO
Poço de inspeção em solo consiste em uma escavação vertical de seção circular ou
quadrada, com dimensões que permitam o acesso de um observador, visando a inspeção das
paredes e fundo, bem como a retirada de amostra representativas, deformadas e indeformadas.
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3.1.2.1 Execução da sondagem


A escavação do poço deverá ser iniciada após a limpeza superficial de uma área de 4,00 x
4,00 m e a construção de uma cerca com a finalidade de impedir o acesso de pessoas e animais e,
assim, evitar acidentes. Para evitar a entrada de água da chuva no poço, deverá ser aberto um sulco
para drenagem da água.
A dimensão mínima do poço a ser aberto será 1,10 m e a sua forma deve ser
preferencialmente circular, para maior segurança e rendimento. A escavação deve ser feita com
picareta, enxada e pá até uma profundidade que possibilite lançar o material escavado para fora.
Para o prosseguimento da escavação, deverá ser instalado um sarilho, o qual consiste em um
cilindro horizontal, acionado por manivela ou motor, em que se enrolam cordas ou cabos de aço,
para retirada dos materiais escavados.
Durante a fase de execução, deve-se manter uma corda reserva estendida junto à parede do
poço e firmemente fixada na superfície do terreno. As paredes do poço devem possuir degraus,
dispostos segundo fileiras diametralmente opostas que facilitem escalar o poço com o auxílio da
corda de reserva.
No caso de serem detectados quaisquer indícios de instabilidade nas paredes do poço, deve-
se providenciar o escoramento das mesmas sem prejudicar a inspeção visual das paredes. Para
tanto, o escoramento deve ter aberturas retangulares, verticais, com largura suficiente para permitir
o exame de toda a sequência vertical do terreno. Em terrenos ricos em matéria orgânica, deverá
ser providenciada a ventilação forçada para expulsão de gases tóxicos dos poços escavados.
O controle da profundidade do poço deve ser feito através de medida direta entre o fundo
do poço e um ponto de referência na superfície natural do terreno. Quando a escavação estiver a
uma profundidade de 0,10m acima da cota prevista para a retirada da amostra indeformada, deve-
se evitar o pisoteamento do terreno sobrejacente à superfície do topo da amostra. No caso de atingir
o nível do lençol freático, a escavação deve ser interrompida, anotando-se a sua profundidade.

3.1.2.2 Amostragem
As amostras deformadas são aquelas extraídas por raspagem ou escavação, o que implica
no amolgamento das estruturas da amostra, ou seja, ocorre alteração das condições de compacidade
ou consistência naturais destas. Estas amostras devem ser coletadas a cada metro perfurado em
material homogêneo, salvo outras exigências. Se ocorrer mudança no transcorrer do metro
perfurado deverão ser coletadas tantas amostras quantos forem os diferentes tipos de materiais.
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As amostras indeformadas são aquelas extraídas com o mínimo de perturbação possível,


de modo a preservar as suas estruturas e condições de umidade, compacidade e consistência
naturais. Estas amostras devem ser coletadas em blocos de formato cúbico com arestas de 0,30 m
de dimensão mínima.

3.1.2.3 Vantagens e Desvantagens


Os poços de inspeção têm como vantagens o baixo custo e a obtenção de amostras
indeformadas. Além disso, a quantidade em volume das amostras coletadas é o suficiente para os
ensaios e a mão de obra não precisa ser especializada para utilização dos equipamentos.
As desvantagens desse método de investigação é a limitação ao encontrar o nível do lençol freático
e a dificuldade de realização quando as paredes dos furos não são estáveis.

3.1.3 SONDAGENS SPT – “STANDARD PENETRATION TEST”


A sondagem SPT tem sua sigla oriunda do inglês “Standard Penetration Test” e significa
ensaio de penetração padrão. Este ensaio é também conhecido como sondagem à percussão ou
sondagem de simples reconhecimento e constitui o método de investigação geotécnica mais
comum na prática dos projetos de fundações. É usado para obtenção de amostras de solo bem como
índices de sua resistência à penetração. Este ensaio é usado normalmente em solos granulares,
solos coesivos e rochas brandas.

3.1.3.1 Execução da sondagem


As características do aparelho utilizado no ensaio e os procedimentos de execução são
especificadas pela Norma Brasileira de “Execução de sondagens de simples reconhecimento dos
solos”, NBR 6484 (1980).
Os principais equipamentos utilizados nesse método investigativo são: um amostrador
padrão, hastes e luvas de aço, martelo padronizado de 65 kg, tripé de sondagem com roldana,
cabeça de bater e conjunto de perfuração.
O ensaio consiste, basicamente, na cravação vertical no solo de um cilindro amostrador
padrão (chamado de barrilete), através de golpes de um martelo padronizado com uma massa de
65 kg, solto em queda livre de uma altura de 0,75 m.
O ensaio deve ser executado a cada metro, a partir de 1 m de profundidade abaixo da
superfície. Abre-se o furo até a profundidade de execução do ensaio com um trado. Após iniciar o
ensaio SPT, anota-se o número de golpes necessários à cravação do amostrador em três trechos
consecutivos de 15 cm cada. Sendo o índice de resistência à penetração (𝑁𝑆𝑃𝑇 ) a soma do número
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de golpes necessários para cravar os últimos 30 cm. Após a retirada do barrilete, utiliza-se
novamente o trado para avançar o furo até a profundidade do próximo ensaio de percussão. E
então, repetem-se esses procedimentos até o final da sondagem.
O martelo para cravação do amostrador deverá ser erguido manualmente, com o auxílio de
uma corda e polia fixa no tripé. A queda do martelo deverá ocorrer verticalmente sobre a
composição, com a menor dissipação de energia possível. O martelo deverá possuir uma haste guia
onde deverá estar claramente assinalada a altura de 75 cm.
A cravação do barrilete será interrompida quando se obtiver penetração inferior a 5 cm
durante 10 golpes consecutivos, não se computando os cinco primeiros golpes do teste, ou quando
o valor do 𝑁𝑆𝑃𝑇 ultrapassar 50, em um mesmo ensaio. Nestas condições o terreno será considerado
impenetrável ao SPT e deve-se anotar o número de golpes e a penetração respectiva.
Ao encontrar o nível do lençol freático, a norma permite utilizar o trépano de lavagem, ao
invés do trado, para agilizar o processo. O ensaio utilizando o trépano de lavagem permite coletar
o material escavado pela circulação da água, através do auxílio de uma bomba motorizada.

3.1.3.2 Amostragem
A sondagem de simples reconhecimento permite determinar a espessura das diferentes
camadas do subsolo, além de fornecer a profundidade em que atinge o nível d’água e a camada
impenetrável. Permite ainda, a identificação do material após a medida da resistência através da
visualização e manuseio do solo coletado, obtendo-se uma indicação preliminar da consistência
dos solos argilosos, bem como do estado de compacidade dos solos arenosos. A amostra deve ser
levada para análise laboratorial, onde é possível identificar o teor de umidade do solo e sua
granulometria.
Após a realização do ensaio em cada metro, o amostrador é retirado do furo e a amostra é coletada
para posterior classificação que pode ser tátil-visual ou laboratorial. Deve ser coletada, no mínimo,
uma amostra para cada metro perfurado. Deverão ser coletadas tantas amostras quantos forem os
diferentes tipos de materiais.

3.1.3.3 Vantagens e Desvantagens


A sondagem SPT tem como vantagens o custo relativamente barato e a grande experiência
acumulada sobre o ensaio. As desvantagens desse método de investigação são: a obtenção de
amostras descontínuas, pois não é possível perceber camadas muito finas; dispersão dos resultados,
uma vez que para um mesmo solo pode-se obter diferentes valores para o 𝑁𝑆𝑃𝑇 ao trocar o operador
ou o equipamento.
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Figura 4 – Esquema dos equipamentos usados no ensaio SPT e amostra de solo obtido
Fonte: http://obrar-engenharia.webnode.com/servi%C3%A7os/ (julho/2017)

3.1.4 SONDAGEM ROTATIVA


A sondagem rotativa é um método de investigação que consiste no uso de uma perfuratriz
motorizada, projetado para a obtenção de amostras de materiais rochosos, contínuas e com formato
cilíndrico, através de ação perfurante dada basicamente por forças de penetração e rotação que,
juntas, atuam com poder cortante. Este método é utilizado quando uma sondagem alcança uma
camada de rocha ou quando, no decorrer de uma perfuração, as ferramentas das sondagens à
percussão encontram solos de alta resistência, blocos ou matacões de natureza rochosa. O principal
objetivo da sondagem rotativa é obter testemunho, ou seja, amostras de rocha. Através destas
amostras, é possível identificar as descontinuidades do maciço rochoso e a realização de ensaios
in situ no interior da perfuração, como por exemplo, o ensaio de perda d’água. Este fator é
importante quando se deseja conhecer a permeabilidade da rocha ou a localização das fendas e
falhas.
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A realização de sondagens exclusivamente pelo processo rotativo, só se justifica quando


existe afloramento de rocha, ou quando não é necessária a investigação detalhada através da coleta
de amostras de solos residuais, sedimentares ou coluviais, que na maioria das vezes recobrem o
maciço rochoso.

3.1.4.1 Execução da sondagem


Antes do ensaio, deve-se fixar um piquete para referência de nível e identificação da
sondagem no local de perfuração. O amostrador é cravado mecanicamente com movimentos de
rotação e penetração, através de manobras curtas. A lama betonítica é utilizada como fluido de
penetração. Antes de atingir o nível d’água, a cravação é feita a seco, somente com a utilização da
lama betonítica. Após atingi-lo, deve-se anotar a profundidade em que foi encontrado, bem como
a presença ou não de artesianismo. A partir daí, passa-se a avançar o barrilete com circulação de
água. A profundidade de perfuração é controlada pela parcela das hastes que perfurou o terreno.
Entende-se por sondagem mista aquela que se utiliza dos processos de sondagem à
percussão e rotativa, nos terrenos penetráveis e substratos rochosos, respectivamente. Alternam-
se os dois métodos de acordo com a natureza das camadas, até ser atingido o limite da sondagem
necessário à investigação em questão.

3.1.4.2 Amostragem
As operações de retirada das amostras do barrilete e de seu acondicionamento nas caixas
deverão ser feitas cuidadosamente, de maneira a serem mantidas as posições relativas dos
testemunhos coletados.
Pela análise dos testemunhos, é possível classificar a rocha quanto ao tipo, grau de alteração
e grau de faturamento. Além disso, é possível detectar descontinuidades do maciço rochoso, seu
estado de alteração e preenchimento.

3.1.5 SONDAGENS CPT/CPTU – “CONE PENETRATION TEST”


A sondagem CPT que tem sua sigla oriunda do inglês “Cone Penetration Test” e cujo
significado é ensaio de penetração do cone, tem grande aplicação em uma vasta variedade de solos.
O ensaio consiste na cravação vertical lenta, contínua e estática de uma haste de aço com ponteira
(cone) no solo. Através da cravação do cone obtém-se duas informações básicas que possibilitam
a determinação de parâmetros do solo: a resistência de ponto e o atrito lateral. O ensaio CPTU é
uma versão mais moderna que faz medições da poropressão no solo à medida que ocorre a cravação
do cone.
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3.1.5.1 Execução da sondagem


O ensaio consiste na cravação de um cone no solo a uma velocidade constante de 1 a 2
cm/s enquanto o monitoramento contínuo da resistência de ponta e lateral à penetração do cone é
feito. O cone possui ângulo de 60° e área de 10 ou 15 cm² de seção transversal. Conectado ao
computador, o ensaio fornece a resistência de ponta (𝑞𝑐 ), a resistência lateral (𝑓𝑠 ) e a poropressão
(𝑢2 ).

3.1.5.2 Vantagens e Desvantagens


O ensaio CPT tem como vantagens o fornecimento de resultados contínuos ao longo do
perfil do solo, permitindo identificar camadas finas de areia e argila, por exemplo. Além disso,
permite identificar e estimar a resistência do solo e consiste em um ensaio rápido que fornece
informações detalhadas a respeito do perfil estratigráfico. Como o método é completamente
automatizado, sofre pouca influência do operador. Outra vantagem está no fato de ter grande
respaldo teórico para sua interpretação e ter um grande número de formulações empíricas
confiáveis disponíveis. Atualmente, esse método vem sendo muito usado para o estudo do
potencial de liquefação em barragens de rejeito. Como desvantagem deste método, temos o seu
alto custo em relação a outros ensaios de sondagem.

3.1.6 ENSAIO DE PALHETA OU VANE TEST


O ensaio de palheta de campo foi utilizado na Suécia em 1919, conforme citado por
Jannuzzi (2009). Desde então, tem sido largamente empregado para obtenção da resistência não
drenada de solos moles e médios, a qual é utilizada, principalmente, em projetos de aterros sobre
solos moles.

3.1.6.1 Execução da sondagem


O ensaio consiste na cravação de uma palheta de seção cruciforme no solo, com a aplicação
do torque necessário para cisalhar o solo por rotação, de forma a permitir a determinação da
resistência não drenada do solo em campo. O aparelho é constituído de um torquímetro acoplado
a um conjunto de hastes cilíndricas rígidas, tendo na sua outra extremidade uma palheta formada
por duas lâminas retangulares, delgadas, dispostas perpendicularmente entre si.
Quando não se consegue cravar o conjunto palheta-hastes no solo devido à existência de
camada superficial resistente é realizado um pré-furo e utilizado um tubo de revestimento. A
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inserção do tubo provoca o amolgamento do solo, por isso deve-se executar o ensaio a uma
profundidade mínima de cinco vezes o diâmetro do tubo.

3.2 MÉTODOS INDIRETOS DE INVESTIGAÇÃO DE SOLO


Na fase de investigação que antecede um projeto de engenharia, o mais comum é utilizar
métodos diretos como sondagens à percussão, trado e rotativas, abertura de poços e até mesmo
trincheiras para obter informações sobre o subsolo. Contudo, existem situações de obra e pontos
de maior sensibilidade para os quais este padrão investigação não é suficiente. Nesses casos, é
necessário recorrer a técnicas indiretas de sondagem que permitam obter maiores informações
sobre o subsolo. A geofísica é uma ciência que desenvolve técnicas de investigação indireta
utilizando conceitos físicos, com aplicação em geologia e geotecnia. Os métodos geofísicos se
baseiam no conceito de que, se duas camadas geotécnicas são distintas, então suas propriedades
físicas também o são. Ocorre que essa premissa nem sempre é válida, e este é um dos motivos
pelos quais qualquer método indireto precisa ser coordenado com métodos diretos para correta
interpretação.

3.2.1 MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE


Esse método geofísico emprega uma corrente elétrica artificial que é introduzida no terreno
através de dois eletrodos com o objetivo de medir o potencial gerado em outros dois eletrodos nas
proximidades do fluxo de corrente. As relações entre corrente elétrica, potencial elétrico e
disposição geométrica dos eletrodos no terreno permitem calcular a resistividade real ou aparente.
O parâmetro resistividade é o inverso da condutividade elétrica, e pode ser considerado como a
resistência dos materiais em conduzir a corrente elétrica. A resistividade de solos e rochas são
afetados pelos seguintes fatores: composição mineralógica, porosidade, teor de umidade,
quantidade e natureza dos sais dissolvidos. Tomando-se medições em vários pontos, é possível
desenhar o campo elétrico do subsolo. As anomalias do campo elétrico permitem estimar as
transições entre camadas e a profundidade do nível do lençol freático.

3.2.2 MÉTODO SÍSMICOS


Os métodos sísmicos utilizam a propagação de ondas elásticas, geradas artificialmente na
superfície, através do meio investigado. Este método se utiliza do fato de que as velocidades de
propagação dessas ondas variam em função das propriedades elásticas de solos e rochas. Em
15

interfaces onde a densidade ou velocidade sísmicas sofrem mudanças, as ondas sísmicas sofrem
os fenômenos de refração e reflexão. Essas ondas, após percorrerem o solo, são captadas em
sensores denominados geofones, que enviam os sinais para serem transformados em registros
sísmicos (sismogramas). Pela análise do tempo de percurso das ondas entre o momento de sua
geração e o registro do sinal sísmico, podem ser calculadas a velocidade de onda dos meios
investigados e as profundidades das camadas nas quais as ondas são refletidas ou refratadas.

4. TIPOS DE ENSAIOS EM MECÂNICA DOS SOLOS


O ensaio dos solos é um processo muito utilizado para se estudar o subsolo e fornecer
subsídios indispensáveis para a escolha do tipo de fundação. Seu papel na engenharia civil é de
grande importância para o reconhecimento do tipo de solo que estão sobre a obra e sua
profundidade, a altura de lençóis freáticos, a capacidade de carga do subsolo e em diversas
profundidades, como o solo se comporta ao receber cargas entre outras funções. Temos 8 tipos de
ensaios de solo:

4.1 ENSAIO DE ADENSAMENTO


Ao expor a ação de cargas sob uma massa de solo ocorre variação de seu volume, nesse
processo de compressão podem ocorrer: a compactação que é a redução de volume devido a
expulsão do ar contido nos vazios do solo e o adensamento, que é a redução do volume de água
contido nos vazios do solo devido a drenagem da água nos poros. A relação entre o tempo e a
variação de volume é a propriedade que os solos têm de serem suscetíveis à compressão. Sua
importância está em estimar a magnitude dos recalques, estimar o tempo de decorrência dos
recalques e evitar recalque diferencial.
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Figura 5 - Recalque diferencial da Torre de Pisa, Itália


Fonte: https://blogdopetcivil.com/2011/02/03/desentortando-predios/ (junho/2017)

4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO


O ensaio de cisalhamento direto relaciona diretamente tensões normal e cisalhante, que são
aplicadas a um corpo de prova confinado em uma caixa bipartida. Quando este corpo de prova é
levado a ruptura, o par de valores tensão de cisalhamento-tensão normal define um ponto sobre a
envoltória de tensões do solo. Duas pedras porosas, uma superior e outra inferior, permitirão a
drenagem da amostra. O ensaio pode ser executado sob “tensão controlada” ou sob “deformação
controlada”. Seu objetivo é determinar os valores de ângulo de atrito interno do solo e do intercepto
coesivo. Os equipamentos utilizados para a execução desse método são: máquina de cisalhamento
direto, caixa de cisalhamento, balança, talhador, estufa e cápsulas.

Figura 6 - Equipamento do Ensaio de Cisalhamento Direto


Fonte: http://www.tudoengcivil.com.br/2015/04/ensaio-de-cisalhamento-direto.html (junho/2017)

4.3 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO


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Este ensaio determina uma relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente
seca, quando compactados. Quando se determina a massa específica aparente seca máxima,
podemos encontrar a umidade ótima. Desse modo, pode-se aumentar o contato entre os grãos,
reduzir volume de vazios, gerar materiais mais homogêneos, aumentar a resistência e reduzir a
permeabilidade, compressibilidade e a absorção d’água. Esse ensaio, atualmente é conhecido como
ensaio normal de Proctor, e é padronizado pela ABNT.

4.4 ENSAIO DE COMPRESSÃO TRIAXIAL


Esse ensaio é utilizado para medir as propriedades mecânicas dos solos, como resistência
ao corte e comportamento tensões-deformação. Para realização do ensaio, é aplicado um estado de
tensões e um carregamento axial sobre um corpo de prova cilíndrico do solo, localizado dentro de
uma câmara de ensaio. A pressão confinante atua em todas as direções e o corpo de prova fica sob
um estado hidroestático de tensões, o carregamento axial é feito por meio da aplicação de forças
no pistão que penetra na câmara, e a carga é medida por meio de um anel dinamométrico externo,
ou por uma célula de carga intercalado no pistão. A vantagem desse método é que possibilita medir
a carga aplicada no corpo de prova, eliminando, assim, o efeito do atrito no pistão na passagem
para a câmara.

4.5 ENSAIO DE DENSIDADE E MASSA ESPECÍFICA


O ensaio de densidade e massa específica se caracteriza pela relação entre a massa de solo
seco e o volume total do solo natural, incluindo os espaços vazios. Sua importância é devido a
“medida de compactação” que é uma função do arranjamento das partículas sólidas relacionadas
a estrutura do solo. Os equipamentos necessários para tal ensaio são: peneira (10 ou 2mm), fundo,
balança, picnômetro de vidro (é um pequeno frasco de vidro construído cuidadosamente de forma
que o volume de fluido que o preencher seja sempre o mesmo), fogareiro elétrico ou bomba de
vácuo.

4.6 ENSAIO DE LIQUIDEZ E PLASTICIDADE


Consiste em determinar a liquidez e a plasticidade de uma amostra de solo. A plasticidade
é uma propriedade dos solos, na qual consiste na maior ou menor capacidade de ser moldado em
certas condições de umidade sem que ocorra variação de volume, como base de suas características
tem-se o gráfico de tensão-deformação. A liquidez ou limitante de liquidez é definido como a
umidade abaixo da qual o solo se comporta como material plástico, ou seja, é a umidade de
transição entre os estados líquido e plástico do solo. Nos processos experimentais tem-se o
18

limitante de plasticidade, que é tido como o teor de umidade em que o solo deixa de ser plástico,
tornando-se quebradiço, ou seja, é a umidade de transição entre os estados plástico e semi-sólido
do solo.

4.7 ENSAIO CALIFÓRNIA


Este ensaio, de grande valor na técnica rodoviária, é a base do conhecido método de
dimensionamento de pavimentos flexíveis, introduzido em 1929. Os ensaios são realizados com a
amostra de solo compactada em condições padronizadas, dentro de um molde cilíndrico com,
aproximadamente, 15 cm de diâmetro e 17,5 cm de altura, provido de um clarinho de extensão
com 5 cm de altura. Como o fundo desse cilindro é falso, durante a compactação usa-se o chamado
“disco espaçador”. Portanto, é possível determinar a umidade ótima e o peso específico máximo,
permite a obtenção de outro parâmetro importante relacionado com a durabilidade, que é o índice
de expansibilidade do solo, pois em uma etapa do ensaio, o solo é imerso em água por no mínimo
4 dias, possibilitando a análise da expansão da amostra ensaiada e por fim as propriedades
expansivas do material e o índice de suporte Califórnia (o qual tem o objetivo de integrar no
dimensionamento de pavimentos rodoviários, determinando a capacidade de suporte de um solo
compactado).

Figura 7 - Rachadura em um pavimento


Fonte: http://www.tudoengcivil.com.br/2015/04/ensaio-suporte-californiano-cbr.html (junho/2017)

4.8 ENSAIO DE GRANULOMETRIA


O ensaio de granulometria é utilizado para determinar a distribuição granulométrica do
solo, ou seja, a porcentagem, em peso, que cada faixa específica de tamanho de grãos representa
na massa seca total utilizada para o ensaio. A análise granulométrica é a determinação das
19

dimensões das partículas do solo e das proporções relativas em que elas se encontram. O principal
objetivo desse método é conhecer a distribuição granulométrica do agregado e representá-la
através de uma curva, possibilitando assim a determinação de suas características físicas. Os
principais equipamentos utilizados neste ensaio são: balança, estufa, jogo de peneiras, agitador de
peneiras, proveta graduada de 1000 ml, dispersor elétrico e densímetro graduado.
O procedimento experimental para o ensaio de granulometria divide-se em três partes:
peneiramento grosso, peneiramento fino e ensaio de sedimentação. No ensaio de peneiramento, as
peneiras de aberturas maiores e igual a peneira de número 10 (de 2,0mm) são colocadas uma sobre
as outra com as aberturas das malhas crescendo de baixo para cima. Embaixo da peneira de menor
abertura será colocado o prato que recolherá os grãos que por ela passarão. Em cima da peneira de
maior abertura será colocada a tampa para que se evite a perda de partículas no início do processo
de vibração. O conjunto de peneiras assim montado poderá ser agitado manualmente ou conduzido
a um peneirador capaz de produzir um movimento horizontal e um vertical às peneiras,
simultaneamente.
O peneiramento grosso é realizado utilizando-se a quantidade de solo que fica retida na
peneira de número 10 (de 2,0mm). Pesa-se a fração de solo retirada em cada peneira até chegar à
de número 10. O peneiramento fino é realizado utilizando-se cerca de 120g do solo que passou na
peneira de número 10, fazendo essa amostra passar nas peneiras menores. Já o processo de
sedimentação consiste em colocar a amostra em imersão por 6 a 24h após agitar a mistura no
dispersor elétrico.

Figura 8 – Conjunto de peneiras


Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Clasificaci%C3%B3n_granulom%C3%A9trica (junho/2017)
20

Figura 9 – Curva granulométrica


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfxdgAG/1-unidade-relatorios-unidos (junho/2017)

5. CONCLUSÃO
Desde os primórdios da sociedade os humanos buscam melhorias para suas vidas e
comunidades. Para isso, é preciso estudiosos que proporcionem invenções, porém tão importante
quanto criar ideias, é propor soluções para as dificuldades e problemas que venham a surgir no
caminho. Ao observarmos o desenvolvimento tecnológico tanto em outras áreas como na geotecnia
percebe-se que existe uma busca permanente pela simplicidade dos procedimentos e acurácia dos
resultados.
Todo o estudo geotécnico não demorou muito para ser desenvolvido. Isso porque os
projetos de engenharia civil sempre estão apoiados ou escorados no terreno, salva algumas poucas
exceções (como estruturas offshore, por exemplo). Como se trata de um meio bastante heterogêneo
e peculiar, para a identificação das propriedades do subsolo foi necessário adotar uma série de
procedimentos que permitiam uma caracterização adequada. Esse conjunto de procedimentos dá-
se o nome de investigação geotécnica, que tem como objetivo definir os estratos do terreno, sua
geometria, propriedades, posição do lençol freático e previsão do comportamento do solo. E
olhando de maneira mais abrangente, a investigação geotécnica visa ainda identificar situações de
risco para o empreendimento como: presença de taludes instáveis, falhas geológicas ativas, zonas
alagadiças. Fornecendo assim elementos necessários para um projeto seguro e econômico.
O êxito de uma obra de terra ou fundação exige o conhecimento da totalidade das
propriedades técnicas dos solos com o qual se trabalha. Entretanto, tal conhecimento é difícil,
oneroso e demorado. Procura-se, então, inferir essas propriedades a partir de outras mais simples,
mais gerais e mais facilmente determináveis. São as chamadas propriedades índices. A ciência
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Mecânica dos Solos adotou como propriedades índices do solo, algumas de suas propriedades
físicas mais imediatas tais como: sua granulometria, sua plasticidade e a atividade da fração fina
dos solos.
Através dos conhecimentos desenvolvidos e das técnicas associados a execução deles, é
possível superar diversos obstáculos. É importante ressaltar que para se ter uma solução realmente
boa, ela deve minimizar: os custos, impactos ambientais, os riscos e o tempo de execução. Sendo
assim de extrema importância a manutenção e progresso dessa ciência através de novos estudos.
Para que, com base nos conhecimentos adquiridos em conjunto com novas descobertas, novas
soluções sejam propostas para futuro.
22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ABMS. A história da engenharia geotécnica no Brasil. Disponível em:


<http://jakobssonestudio.com.br/site/wp-content/uploads/pdf/abms.pdf>. Acesso em: 15 de junho
de 2016.

[2]AGEITEC, agência Embrapa de informação tecnológica. Disponível em:


<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000fesi63xh02wx5eo0y53mh
yx67oxh3.html>. Acesso em: 24 de junho de 2017.

[3] CAMPOS, Arquiteto Iberê M. Tipos de solo e investigação do subsolo. Disponível em:
<http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=9&Cod=126>. Acesso em: 24 de junho
de 2017.

[4] CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC,
1988. v. 1 p1 - 234

[5] ELIS, Vagner Roberto. Geofísica Ambiental. Disponível em:


<http://www.iag.usp.br/siae98/geofisica/geofambiental.htm>. Acesso em: 19 de junho de 2017.

[6]EMBRAPA, mapeamento digital do solo brasileiro. Disponível em:


<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2062813/solo-brasileiro-agora-tem-
mapeamento-digital>. Acesso em: 24 de junho de 2017.

[7] ESCOLA ENGENHARIA. Tipos de Sondagem. Disponível em:


<https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sondagem/>. Acesso em: 14 de junho de 2017.

[8] FARO, Professor Victor Pereira. Ensaio de Adensamento. Laboratório de Mecânica dos solos
– Universidade Federal do Paraná, 2016. Disponível em:
<http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/c/c5/Aula_12_Ensaio_de_Adensamento.pdf>.
Acesso em: 24 de junho de 2017.

[9] GEOFAST. Sondagens SPT e CPT. Disponível em:


<http://geofast.com.br/sondagens-spt-e-cpt/>. Acesso em: 15 de junho de 2017.

[10]IMPS, elucidações sobre a geotecnia. Disponível em:


<http://www.lmsp.ufc.br/arquivos/graduacao/fundacao/apostila/01.pdf>. Acesso em: 24 de junho
de 2017.

[11] LMSP. Breve histórico da engenharia geotécnica no mundo. Disponível em:


<http://www.lmsp.ufc.br/arquivos/graduacao/fundacao/apostila/01.pdf>. Acesso em: 15 de junho
de 2017.

[12]MANUAIS TÉCNICOS EM GEOCIÊNCIAS, manual técnico em pedologia. Disponível em:


<https://www.ige.unicamp.br/pedologia/manual_tecnico_pedologia.pdf>. Acesso em: 24 de junho
de 2017.

[13] MARIANE, Aline. Veja os detalhes de execução da sondagem SPT-T. Disponível em:
<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/sondagem-de-
23

solo-sondagem-spt-t-sondagem-spt-spt-t-spt-sondagem-300986-1.aspx>. Acesso em: 14 de junho


de 2017.

[14] MARIANE, Aline. Veja os detalhes de execução do ensaio CPT. Disponível em:
<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/artigo300999-
1.aspx>. Acesso em: 15 de junho de 2017.

[15] O PORTAL DA OFICINA DE TEXTOS. Ensaios CPT e CPTU: história. Disponível em:
<http://www.comunitexto.com.br/ensaios-cpt-e-cptu-um-pouco-de-historia/#.WU88JGjytPZ>.
Acesso em: 15 de junho de 2017.

[16] QUEIROZ, Camila Moreira. Propriedades geotécnicas de um depósito de argila mole da


região de Itaguaí-RJ. 2013. 99 f. Dissertação (mestrado em geotecnia e transporte) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Minas Gerais. 2013.

[13] SGS. Ensaios de penetração de cone (CPT). Disponível em:


<http://www.sgsgroup.com.br/pt-BR/Environment/Soil/Field-and-Sampling/Geotechnical-
Services/Cone-Penetration-Tests-CPT.aspx>. Acesso em: 15 de junho de 2017.

[17] TUDOENGCIVIL. Tipos de ensaios de mecânica dos solos. Disponível em:


<http://www.tudoengcivil.com.br/2015/04/8-tipos-de-ensaios-de-mecanica-dos-solos.html>.
Acesso em: 24 de junho de 2017.

[18] VARGAS.M. Mecânica dos solos. São Paulo: USP, 1914.

[19] WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Sondagem SPT. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Sondagem_SPT>. Acesso em: 14 de junho de 2017.
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ANEXOS – NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

MARCO VITRÚVIO POLLIO – Foi um engenheiro militar e arquiteto


romano, que viveu no século I a.C, e ficou famoso por sua obra “De
Architectura” de 10 volumes e foi o responsável pela qualidade e
inovação de grande parte das construções romanas. Não possuía
educação formal, tendo aprendido seu ofício com a prática.

CHARLES AUGUSTIN COULOMB (14 de junho de 1736, Paris


– 23 de agosto de 1806) –Engenheiro de formação pelo École génie
em Mézières-França, Coulomb foi principalmente físico e dedicou-
se bastante à experimentação cientifíca. Em 1773, dedica-se à
experimentação científica. Seu primeiro trabalho, datado de 1773,
"Sur une application des regles, de maximis et minimis à quelque
problemes de statique relatifs a l'architecture", contribuiu para a
utilização de cálculos precisos para a Engenharia. Seus estudos
também levaram a formulação da “Lei de Coulomb”, assim denominada em sua homenagem. Foi
premiado pela Academie des Sciences por seus trabalhos sobre as leis do atrito e magnetismo
terrestre em 1779.As experiências realizadas por Coulomb sobre os efeitos de atração e repulsão
de duas cargas elétricas permitiram-lhe verificar que a lei da atração universal de Newton também
se aplicava à eletricidade.Estabeleceu então a lei das atrações elétricas, segundo a qual as forças
de atração ou de repulsão entre as cargas elétricas são diretamente proporcionais às cargas (massas)
e inversamente proporcionais ao quadrado da distância que assepara. Os resultados de suas
pesquisas foram publicada entre 1785 e 1789 na Mémoires de l'Académie Royale des Sciences.

KARL VON TERZAGHI (2 de outrubro de 1883, Praga – 25 de outubro de 1963, Winchester) –


Formado com honras em engenharia mecânica pela Universidade Técnica de Graz, após um tempo
servindo ao exército ele retornou para a universidade e estudou geologia. Desde o começo de sua
25

carreira dedicou seus esforços visando buscar


um método racional que resolvesse os problemas relacionados com
a engenharia de solos e fundações. A coroação de seus esforços se
deu em 1925 com a publicação de Erdbaumechanik, considerada
atualmente como o ponto de partida da mecânica dos solos como
novo ramo da ciência na engenharia.De 1925 a 1929 trabalhou
no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, onde iniciou o primeiro
programa norte americano sobre mecânica dos solos e com isso fez
com que esta ciência se convertesse em uma matéria fundamental na engenharia civil.Em 1938
passou para a Universidade de Harvard onde desenvolveu e lecionou seu curso
sobre geologia aplicada à engenharia, aposentando-se como professor em 1953 com 70 anos de
idade. Naturalizou-se norte americano em 1943. Seu livro Soil Mechanics in Engineering Practice,
escrito em parceria com Ralph B. Peck, é de consulta obrigatória para os profissionais
da engenharia geotécnica. É considerado um dos mais destacados engenheiros civis do século XX.
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1 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
3 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
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1 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 – Graduanda em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
3 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 – Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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