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Israel Lopes Pesquisador e Autor de Verdadeiros Tesouros. Por Régis Mubarak
Israel Lopes Pesquisador e Autor de Verdadeiros Tesouros. Por Régis Mubarak
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=== Israel refere-se ao baiano Dorival Caymmi (1914-2008), cantor,
compositor, pintor, violonista e inclusive ator: Você provavelmente já
escutou no rádio a música “O que é que a baiana tem?” imortalizada na voz
da brasileira de origem portuguesa Carmen Miranda (1909-1955). Em 2001
a neta de Caymmi, a jornalista carioca Stella Caymmi lançou a biografia
“O Mar e o Tempo,” posteriormente em 2013 deu continuidade em “O Que é
Que a Baiana tem? – Dorival Caymmi na Era do Rádio.” ===
IL - Todos diziam que o Teixeirinha foi um menino que muito sofreu. Recordavam da
música “Coração de Luto,” que emocionou o Brasil inteiro. O Teixerinha, para eles,
parecia uma pessoa da família. Cada um tinha uma recordação do Teixeirinha, que era
parte de sua própria vida.
=== Teixeirinha faz parte das músicas populares que possam existir dentro
de nós. Pelo menos pra quem é do interior, da fronteira. No meu caso é um
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referenciado forte, tanto em termos de músicas como de cinema. Assistir
aos filmes dele era uma coisa obrigatória lá em Uruguaiana. Acho que a
cultura popular deve muito ao Teixeirinha.” Bebeto Alves – Cantor de
música popular brasileira e também pai da atriz Mel Lisboa. ===
IL - As entrevistas que realizei, tanto com os familiares - Teixeirinha Filho diz que o
mito Teixeirinha se explica por si: “Meu pai não se preocupou com estilo. O estilo dele
era ele mesmo” como com outras pessoas, foram todas através de questionários, ainda
na máquina manual. Não existia e-mail. Foram, naquela forma que aprendemos em
Metodologia da Pesquisa, que era uma cadeira do curso de Direito na UFSM de Santa
Maria. Paixão Cortes (1927-2018) falando em “Tradição e Folclore Gaúcho” nos idos de
1981 já afirmava que (...) “...desconhecer Teixeirinha, dizer que ele não é importante é
uma heresia.” Teixerinha levou a arte musical do Rio Grande do Sul para o mundo.
“Minhas letras são tudo história: tem pé, barriga e cabeça.” Palavras do
próprio Teixeirinha – Reproduzidas no Almanaque Tchê de 1987. Fez sucesso
no Uruguai, Argentina e Paraguai. Fez sucesso em Portugal, como atestaram as cantoras
Nora Ney (Iracema de Sousa Ferreira: 1922-2003, grande diva do rádio da
década de 50) e Maysa Matarazzo (Maysa Figueira Monjardim: 1936-1977,
compositora cantora e atriz e ícone do cenário musical do século passado),
em entrevistas, quando lá fizeram temporadas na década de 1960. O Teixeirinha chegou
a se apresentar nos Estados Unidos, cantando chote e rancheira de gaita e bombacha!
=== “Tem coisas engraçadas, que você nem acredita. Um dos produtos que
anunciei é para o fígado. Pois as pessoas chegam às farmácias procurando
“o remédio do Teixeirinha” e os balconistas vendem o remédio certo. Gosto
muito de anunciar remédios. E vou contar um segredo: sempre quis ser
médico, seria médico se não fosse cantor.” Palavras do artista em
entrevista ao Jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS), reproduzidas no ano
de 1986. ===
IL - Como venho pesquisando sobre Pedro Raymundo desde 1983, cheguei à conclusão
que deveria fazer essa relação do pioneirismo dele com essa continuidade com os demais
estilos da música regional gaúcha, provando a importância do seu trabalho na introdução
do cancioneiro gaúcho na Era do Rádio. (Ele nasceu em 1906 em Imaruí (SC) e
faleceu em 1973 no Rio de Janeiro (RJ).
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1940 e 1950, etc. e mais uma vez atravessastes o país buscando subsídios em
Estados como Amazonas, Pernambuco, Minas Gerais. Enfim, mesmo
estando longe de atingirmos a valorização que países europeus dão as
memórias de seus antepassados, conseguistes achar verdadeiros tesouros
nessa tua jornada?
IL - Todos esses trabalhos, desse quilate, são feitos por nós, idealistas, preocupados com
a preservação da memória cultural/musical do nosso país. Realmente, descobri
passagens importantíssimas de Pedro Raymundo, tanto na música regional gaúcha,
como na música regional brasileira.
IL - Pedro Raymundo era um idealista. Apesar dos percalços, acidentes, etc., jamais se
separou de sua acordeona. Jamais abdicou de seguir sua carreira artística. Até mesmo,
quando veio para Porto Alegre em 1929 e passou por um período desempregado,
encontrou na acordeona, o seu sustento nos cafés do Mercado Público, quando “corria o
pires”. Em Porto Alegre (RS) o primeiro emprego de Pedro Raymundo foi de condutor
de Bondes da Cia. Carris Porto Alegrense. Empresa aliás que também teve em seus
quadros, (entre outros) o célebre compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974)
como aprendiz de mecânico.
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IL - Noel Guarany, Pedro Ortaça e Cenair Maicá, através da pesquisa, “numa mescla
que deu certo”, como dizia o próprio Cenair, com base no que receberam, no rádio,
principalmente da canção guaranítica, criaram um estilo de alta qualidade musical, com
seguidores entre os quais Jorge Guedes, Valdomiro Maicá... Na música regionalista,
seguidores como Mano Lima, Gaúcho da Fronteira, Berenice Azambuja, Marinês
Siqueira, Walther Morais, Baitaca e tantos outros, que vêm ajudando a manter esse estilo
Monarca de Pedro Raymundo, Teixeirinha, Irmãos Bertussi, Gildo de Freitas, Ademar
Silva, José Mendes... Na música nativista, Os Angüeras, Telmo de Lima Freitas, Luiz
Carlos Borges, Érlon Péricles, João de Almeida Neto, Miguel Marques, Mário Barbará,
Miguel Bicca, Cesar Lindmeyer, Nenito Sarturi, Joca Martins, Jean Kirchoff e tantos
outros, são exemplos de artistas que mantém em alta a música nativista. Mas, embora
existam esses estilos, tudo é música regional gaúcha, conforme digo no meu livro. Todos
contribuem com essa identidade regional gaúcha.
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RM - Tu também és coautor da obra “Major Maximiano Bogo – Um dos
baluartes do Tradicionalismo Gaúcho” junto com Ramão Aguilar. Fique a
vontade para dissertar sobre esse livro lançado no ano de 1999.
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parentes ou amigos que lembravam digamos assim, “de algum causo” sobre
Teixeirinha pra contar. Então Israel decidiu em 2016 iniciar nova jornada
partindo das cidades de Lajeado, Passo Fundo, Soledade, Carazinho,
Erechim e Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul – onde posso assinar
embaixo, colheu novas histórias saborosas - indo até as capitais Rio de
Janeiro e São Paulo e se certificou em outras fontes de pesquisas para só
então incluir tais informações nessa nova versão. Ele também está
finalizando outras duas obras simultaneamente: “Cornélio Pires e a Música
Caipira” e “A Trova de a Porfia no Rádio Gaúcho” Para que nossos leitores
e internautas sintam-se convidados a interagir com Israel Lopes, sempre
incansável no seu ofício, adquirir suas obras, enviar comentários,
sugestões, trocar ideias e principalmente dar um “forte quebra costela
virtual” nesse pesquisador que orgulha não somente a região missioneira,
seu berço de origem, mas todo o Estado do Rio Grande do Sul e com certeza
boa parte desse imenso continente chamado Brasil, basta entrar em contato
através do email: adv.israellopes@gmail.com E também vocês poderão
encontrá-lo atuante nas redes sociais. Vamos encerrar essa entrevista com
um gigantesco “bahhhh tchê” e quanta história pra contar que vamos ter que
guardar para uma próxima entrevista! Israel Lopes, pesquisador e autor de
verdadeiros tesouros é também “ao vivo e a cores” (risos) um daqueles
legítimos “contadores de casos e causos” que fazem a gente não sentir
vontade de “encilhar o brasino pangaré e pegar o caminho de volta pra
casa.” E eis aqui a mais pura das verdades meus amigos!
Régis Mubarak *
Jornalista
Mendoza – Argentina & Rio Grande do Sul – Brasil.
Janeiro 2020
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