Você está na página 1de 4

Branca de Neve e os Sete

Anões
O conto dos irmãos Grimm é aqui interpretado totalmente em verso. O enredo é bem sabido: a
princesa Branca de Neve é mandada matar pela madrasta, invejosa da sua beleza. O carrasco,
porém, tem pena da menina e deixa-a a viver na floresta, onde encontra sete anões com quem
alegremente fica a morar. Mas a madrasta, ao saber pelo seu espelho mágico que a Branca de
Neve continua viva, vai ao seu encontro disfarçada de velha, e tem artes de a pentear com um
pente, também mágico, que a põe a dormir, até que alguém lho venha tirar. Um príncipe quebra o
encanto, casando com a princesa.
Entram no roldão os 7 anões: Dengoso, Rabugento, Pequenino, Sisudo, Folgazão, branquinho, preguiçoso

RABUJENTO Vamos cuidar do café


SISUDO Já é tempo de comer
BRANQUINHO Olhem a casa, que apuro
FOLGAZÃO E o café pronto a beber!
(vendo o café na cafeteira)
PREGUIÇOSO Mas quem teria aqui vindo
Pôr-nos a casa arrumada
RABUGENTO Foi alguma feiticeira
DENGOSO Não seria alguma fada?

PREGUIÇOSO Quem nos dera aqui ter sempre


Essa pessoa do céu
Que nos tratasse da casa
Como hoje nos sucedeu

BRANCA DE NEVE Ah! Sim? Pois querem criada


P’ra cuidar de vocês todos?
(Aparecendo) Aqui me tendes às ordens
Os anões ficam de boca aberta) Se lhe agradam os meus modos.

DENGOSO Que menina tão bonita


PREGUIÇOSO Fique, fique ao nosso lado
BRANQUINHO Mas como veio aqui ter
A este Bosque encantado?

RABUGENTO Não me agrada nada disto


Gosto pouco destas graças.
FOLGAZÃO Já tu ‘stás a rabujar…
BRANCA DE NEVE Passei por muitas desgraças
PEQUENINO Até ver a vossa casa
BRANCA DE NEVE Entre a verdura escondida.
Mas quem foi que a trouxe aqui?
A sorte da minha vida.

Pelo bosque andei perdida


Nem nisso quero pensar
E uma noite lá dormi
Coberta pelo luar…

Não encontrei nem viv’alma:


Naqueles ermos caminhos
O meu único consolo
Era ouvir os passarinhos

Já sem mãe, deu-me meu pai


Uma madrasta velhaca
Que me odeia e ordenou
Me matassem co’uma faca.

Um criado meu amigo


Trouxe-me ao bosque a chorar
Disse-me então que fugisse
Que me queriam matar

Agora, triste e sozinha


Não tendo ninguém por mim
SISUDO Coitada, pobre menina
DENGOSO Mas fique connosco, sim?

RABUGENTO Gosto pouco destas graças.


FOLGAZÃO Rabugento, está calado
BRANCA DE NEVE Então aqui ficarei
Se isso é do vosso agrado.

TODOS Sim senhor, fica connosco


E grande favor nos faz.
BRANCA DE NEVE Seremos muito amiguinhos
Viveremos sempre em paz.

DENGOSO Como se chama a menina


BRANCA DE NEVE De rosto belo e formos?
Chamo-me Branca de Neve
DENGOSO Eu sou chamado o Dengoso

TODOS Viva a Branquinha de Neve


(Cantando, fazendo roda com Branca Em nossa casa a viver!
de Neve no meio) Queremos que ela aqui fique
Toda a vida atémorrer.

BRANCA DE NEVE Digam-me agora vocês


Que fazem nestes sertões?
SISUDO Trabalhamos de solo a sol
Na mina dos sete anões.

BRANQUINHO Onde há lindos diamantes


E tesouros sepultados
E só quando os descobrirmos
Seremos desencantados

PREGUIÇOSO Há centos de anos vivemos


Neste triste cativeiro
BRANQUINHO Éramos lindos rapazes
Mas um velho feiticeiro

Raivoso de nos ver novos


E cheios de mocidade
Enfeitiçou-nos e fez-nos
Sete anões de fealdade

RABUGENTO Gosto pouco destas graças.


FOLGAZÃO Não paras de rabujar?
BRANCA DE NEVE São horas do cafezinho
Vamos lá, toca a sentar

(Sentam-se todos)

SISUDO Já vai alto o sol doirado


DENGOSO E já canta a passarada.
PEQUENINO Vamos lá para o trabalho.
PREGUIÇOSO Onde vai a madrugada

SISUDO Mas ficai Branca de Neve


Bem fechada e recolhida
Não mande a vossa madrasta
Alguém tirar-vos a vida.

PREGUIÇOSO Pelo bosque há lobisomens


BRANCA DE NEVE E bruxas que maldade.
Podeis ir bem sossegados
Não há-de haver novidade.

TODOS Adeus, Branquinha de Neve.


DENGOSO Um beijinho por favor.
RABUGENTO Gosto pouco destas graças.
FOLGAZÃO Oh! Que grande maçador.

TODOS Até logo, passe bem.


BRANCA DE NEVE A que horas querem a ceia?
PREGUIÇOSO Quando estivermos de volta.
DENGOSO Ao brilhar da lua cheia.

BRANCA DE NEVE Então, adeus anõezinhos.


Que façam boa jornada.
Ao voltarem cá terão
A ceia pronta á chegada.

(Saem)

Você também pode gostar