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Porrada No Juízo. Ebook PDF
Porrada No Juízo. Ebook PDF
Porrada
no
Juízo
Cajazeiras-PB
2017
Copyright © 2017 by Daniel Andrade e Jimmy Marcone
REVISÃO GRAMATICAL
Marta Milene
SUPERVISÃO GRÁFICA
Editora Real
editorareal@gmail.com
ARTE DA CAPA
José Gilvan Rodrigues da Silva
PREFÁCIO
Igor Arraes
COLABORAÇÃO
Ialy Cintra
LAYOUT DA CAPA
Jimmy Marcone
TIPOGRAFIA
Kingthings Trypewriter 2
Catalogação na fonte:
Daniel Andrade CRB 15/1593
Andrade, Daniel
ISBN:
Akira Takiy
Alexciane Priscila
Dioneide Barros
George Glauber Félix Severo
Gustavo Henn
Igor Arraes
Ialy Cintra
Marcelo Mac Cord
Maria das Graças Augusto dos Santos
Mizia Vidal Lima Paes Barretto Tavares Uchôa
Paloma dos Santos Altran
Teobaldo Gabriel de Souza Junior
Tiago Pereira Cardoso
Prefácio
5
MARIANA
Distrito de Mariana!
Quem dá mais?
E todos deram!
Quem tem seus objetos de metal
Utilizou-se do minério.
Anos distraídos,
extraídos em vão
para entreter a lucro
a um preço cru,
o mais baixo
para um preço caro.
Anos de perfuração
e Mariana sangra,
seu rio são lágrimas
vivas da morte.
7
compramos pedaços a Mariana.
Ela não resistiu,
Procuravam-na demais.
8
MAIS UM DIA DE TRABALHO
Odeio nordestino!
Ela disse:
Eu sou carioca!
Aí eu pensei comigo:
Eis aí mais um brasileiro que aceitou
fácil
A derrota.
Permaneci calado!
9
Domingo para escrever poemas,
Enquanto a mangueira atira suas mangas
Indiscriminadamente na maior inocência.
Resido numa casa de muro branco sem número
Bem no meio dos meus sonhos.
10
CAETANA
O que é feio em si
É a liberdade com que corrompe
Os corpos sobressalentes
Com que corrói o enfermo.
11
SABE AQUELA MULHER QUE TRABALHOU
A VIDA TODA E NO FINAL DEU EM NADA
Envelheceu Maria
Cabelos brancos
Olhos fundos
Cansada.
Aprendeu cedo
Capinando no
Cabo da
Inchada.
Viu os
Filhos crescerem
E pegarem
A estrada.
Se morrer
Será pouco
Ou nunca
Lembrada.
Por que
Da vida
Ninguém levará
Nada!
12
O belo não é belo, minha bela
Depende da força
Com que o martelo interpela.
13
POEMA OCIDENTAL
14
SENDO PÉTREO
15
Parei de recriminar suicidas.
A vida, meus caros?
É um beco sem saída.
16
PAZ SUBJETIVA
OU
Ferir
Inter ferir
Ferir internamente
Interna
Mente.
Mente interna.
Ferir.
17
SEXO
18
O paraíso é pesado demais
Por isso expulsamos Deus
E ficamos com tudo
E ficamos como restos
Sobras do resto de tudo.
Autônomos autoritários
Ser autossuficiente.
19
ENSAIO SOBRE O DESPEJO DIVINO
20
TEMPO DE LIBERDADE
(liberdade de tempo)
O movimento gera o tempo.
A liberdade se expõe.
Exibe-se
Temporariamente.
21
DEGUSTAR CORES
Comer o verde
e
o azul.
Provar o vermelho,
Aspirar o branco.
Natureza é realidade!
Melhor que a vitamina
Que eu faço com o abacate,
Melhor que a orquídea de plástico,
Melhor que a fumaça do cigarro é
Abrir o abacate,
Cheirar a flor,
Morder o morango,
Encher a mão de areia.
Você já comeu manga?
22
(DES)CONTO NO POEMA
(dentro das terras do interior o homem idoso
sem instrução civilizada é nobre)
(!)
O homem na sua terra
Seiva de sua seiva e serra
O velho homem pobre
É verdade independente.
O homem existe lá
Como se não existisse
Em nenhum outro lugar.
Ser terroso que se medisse
Todos os elementos
Alcançam seus sentidos
O homem na sua terra
São sonhos compreendidos.
23
Não houver quem por ele chore
O seio da terra o consolaria
Dando-lhe seu último abraço
A natureza sua memória seria.
(...)
O homem na cidade
Não sente nem dorme
Não se reconhece.
Homem que em vão decorre.
24
Cemitério metropolitano
Comprado aberto à visita
A terra doente regurgita
O corpo nunca visitado.
25
VIDA MARIA
26
FORA OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
“O meu porquinho-da-índia foi
minha primeira namorada.”
(Manuel Bandeira)
27
PARADISE DOG
28
ENTRE AS COISAS
Onde eu passo
Não fico
Nada deixo
Atravesso
Sem olhar
Não noto.
Escasso, esconso.
Um abutre, uma obra sem fim,
Um carro abandonado em uma rua.
Pombos, pombos...
Pombos doentes catando lixo,
Cães catando lixo,
Gatos catando lixo,
Gente catando lixo.
29
O QUE TENHO VISTO NO OLHAR DO POETA
(ao Poeta Jimmy)
30
DÚVIDA NÚMERO UM
Se Alguém parasse
Em algum lugar
Sozinho
E perguntasse:
Quem é Você?
O que Eu responderia?
31
SOLIDÃO
32
SÉCULO XXI
EU!...EU!...EU!...
Reprodução aleatória.
Doença...
Cérebro/cibernética/convulsão!
Remééééééédios!
Para dor, para suportar
Para ir adiante...
Beber mais, comer mais...
Eu discordo... discordo!
Eu não gosto. Não gosto!
Eu amo. Adoro.
Foda-se, foda-se...
É tabu, é preconceito.
Cu-buceta-rola, Cu-buceta-rola
Wisque e redbull
33
ATENDE A PORRA DO CELULAR!
Tira um selfie.
Bom dia! Grupo!
Vida loka!
Academia!
Filho da puta!
34
MARCO ZERO TEMPORAL
(ao poeta Fred Caju)
Nativo do quando
Meu tempo é hoje.
Minha idade é memória,
Sou presa e sou caça.
Só vivo o agora.
35
CONTRA “INDICAÇÃO”
Contraindicação!
36
AVE MODERNA
37
A cidade come.
Sua comida
Sua saúde
Sua memória.
A cidade come
Sua dignidade
Seus amigos
Seu tempo.
A cidade come
Seu nome
Sua arte
Sua...
38
OS SILVAS
39
Idade
Capacidade
Sociedade
Velocidade
A Cidade - não conversa!
Não há diálogo!
(não conserva)
Destreza burocrática.
Conservadorismo bancário!
Conservadorismo capitalista
Conservadorismo político!
Conservadorismo juvenil!
Conservadorismo anarquista!
Conservadorismo ideológico!
Conservadorismo globalizacional!
Conservadorismo conservadorista!
40
LARGADA
É madrugada.
Silêncio oscilante.
O dia passa.
Sem café da manhã, animais no trânsito.
Andando na calçada:
Fila de banco.
Fila de UPA.
Fila de hospital.
Fila da puta.
Fila de. Fila de. Fila de. Fila de:
necrotério.
41
almoço barato,
jantar frio.
42
CADERNOS DE POESIA A MÃO E A LETRA
(a Daniel)
De rochas interioranas
Cisma poética que existe
Ipojuca das cidades pequenas
Poemas que ainda não pariste.
43
Retorce o metal
Curva a mente.
Resíduo paradoxal
Que só poeta entende.
E na natureza farta
Que é escrever
Constrói qualquer carta
Para a razão entreter.
Inspira comportamento
Louco ou fátuo
Não debruça o momento
Na hora do salto.
Montanhas, paredes,
Cadernos figuram suas letras
Cenários com redes
Letras com linhas pretas.
44
Poeta de corpo e mente
Sua intrépida paixão
De encalço ardente
Em sua concisão.
45
PROVÉRBIO PARAGUAIO
46
PREFERÊNCIAS
47
Não sou pagão sou pagador,
Não ergo templos, perco tempo.
Minha fé reside num sonho
De um mundo melhor, de um
Deus melhor do que esse inventado
Por homens criativos e desonestos.
48
REI ANTIREI
O segredo é segregar,
Não sou obrigado a nada.
Adora Coca-cola
Whisky e Redbull
Janelas no último andar.
49
O rei não saiu do Brasil
Queria ir embora para os EUA.
Não conseguiu.
Foi a Disneylândia,
Tem nome que não se pronuncia em português
Come sushi de peixe morto há meses.
50
Não publica livros complexos
de física e matemática
Psicologia avançada
Não domina cinco idiomas
Não compreende buracos negros
Não recita a Ilíada de cor e não declama
Paz e Guerra e a Divina Comédia... ufa!
O rei diz:
Nerds estão sempre ocupados
Comprando e consumindo.
Sentado no chão da Livraria Cultura
Com um lençol na cabeça.
Discutindo filmes de sucesso de bilheteria
Ou seriados como The Big Bang Theory, Friends.
EU sou um Nerd.
Já sou produto do meu subproduto
51
UFPE
Diferenças, indiferenças
Libido e identidades.
O academicismo que
abre e fecha ideias
Que distorce ou corrompe
Segundo a massa maior
Pela ideia implantada.
Esquerdistas direitistas
Esquerda, direita...
Esquerda-direita...
Esquerda-direita...
Esquerda-direita...
Marche!
Companhia alto!
Jovens adultos
Adultos jovens.
52
DISSUASÃO AO PÉ DO OUVIDO
Um tapa no pé do ouvido!
Era mais um bêbado
Falando merda, pedindo trocado,
Trocando as palavras
Desejando bom dia ao cidadão.
53
CONTRARREVOLUÇÃO DOS MICOS
54
HOMENS CONTROVERSOS
Homens cadáveres.
55
MARIANA
Para os brasileiros?
Mais Vale chorar à francesa.
56
SÊ PLACEBO
Controverso
Contra todos os versos
Contrafeito
Contra todos os efeitos
Complexo de poeticidade
Contundente literário.
Compressas hipocrisia.
57
OREMOS
58
DESAPARECIDO
Deus aparece
Cria o Homem
Divide o Homem.
Nietzsche aparece
Divide os homens
Mata Deus.
Nietzsche morre!
Deus ainda permanece.
59
Antes de mais nada
E depois de tudo
Perguntar a Deus
Como é não existir!
60
ELA E O (A)MAR
61
Aos que pensam tanto
Em serem luz sobre algo
Ofuscam tanto
Com sua lâmina
Que acabam decepando
Tudo em que há brilho.
62
O TEMPO E O VENTO
63
PESADELO
Entre no sonho
e amanhça dormindo.
Como despertar?
64
CIRCUS
No picadeiro
Você tem três tempos:
Palhaço,
Equilibrista
e
Plateia.
65
SÉC. XXI
Tudo é válido!
Desvalido.
Vário.
Tudo é arte!
Descontrole
O plexo-liberdade
A possibilidade de não pensar
De não ter razão sólida
Apenas reservas de direitos.
66
Sejamos sempre o mesmo do mesmo
Sem premissa, sem lembranças
Louve o excesso da mixórdia.
O que eu dizia?
67
ÚLTIMO DESEJO DE POETA
68
Escuta as músicas que eu gostava,
E conta a minha mãe que eu nunca morri:
Ele vive na montanha, agora é pedra,
ar e carneiro.
69
Destroça toda Flauta Vértebra
e não esqueça aquela regra
Depois de você venho eu:
porque o meu temor foi tanto
Que para não perder seu encanto
quem teve de ir cedeu.
70
MANIFESTAÇÕES
Ah! As manifestações
Sempre as mesmas ordens
Já está escrita em lei
Assaz ojeriza
Festa e descomunhão
Intenções pusilânimes.
Almejar o controle
Variações coletivas
Interpretar opressões.
71
DE SÚBITO A CIDADE
De súbito a cidade
De repente é noite
De súbito o assalto
De repente foi dia.
Recife
Forçava
Fornicava
Recife
Enfatizava
Enforcava
Enfartava
Recife
Foi dia
Fedia
Fodia.
72
CAXANGÁ
Domingo, 10
Sabe aquela mulher que trabalhou a vida toda e no
final deu em nada, 12
Poemas ocidental, 14
Parei, 16
Sexo, 18
Ensaio sobre o despejo divino, 20
Degustar cores, 22
Vida Maria, 26
Fora os animais de estimação, 27
Paradise dog, 28
O que tenho visto no olhar do poeta, 30
Solidão, 32
Marco Zero temporal, 35
Ave moderna, 37
Os Silvas, 39
Provérbio paraguaio, 46
Não sou pagão, 48
Contrarrevolução dos micos, 54
Mariana, 56
Oremos, 58
Ela e o (a)mar, 61
O tempo e o vento, 63
Circus, 65
Último desejo de poeta, 68
Caxangá, 73
______________________________________________________________
*Poemas de Daniel Andrade
75
ÍNDICE**
Mariana, 7
Mais um dia de trabalho, 9
Caetana, 11
O belo, 13
Sendo pétreo, 15
Paz subjetiva, 17
O paraíso, 19
Tempo de liberdade, 21
(Des)conto no poema, 23
Entre as coisas, 29
Dúvida número um, 31
Século XXI, 33
Contra “indicação”, 36
A cidade come, 38
Idade, 40
Largada, 41
Cadernos de poesia a mão e a letra, 43
Preferências, 47
Rei antirei, 49
UFPE, 52
Dissuasão ao pé do ouvido, 53
Homens controversos, 55
Sê placebo, 57
Desaparecido, 59
Antes de mais nada, 60
Aos que pensam, 62
Pesadelo, 64
Sec. XXI, 66
Manifestações, 71
De súbito a cidade, 72
__________________________________________________________________
**Poemas Jimmy Marcone
76