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Astronomy & Astrophysics manuscript no.

Trabalho3
January 15, 2020
©ESO 2020

Estudo da evolução dinâmica e colisões do núcleo de um


enxame estelar
Filipe Alexandre Araújo da Costa1
1-Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

January 15, 2020

ABSTRACT

Aims. Estudar a evolução do núcleo de um enxame estelar, neste caso, do enxame R136
Methods. Para simularmos o enxame estelar usou-se mcluster [1], usando os valores de referência de (Zwart et al. 1999);
Para a simulação de n-corpos utilizou-se um intregador de 6N equações diferenciais
Results. Obteve-se pers cumulativos da massa em certos raios do enxame estelar.

Key words. Evolução estelar, enxame estelar, N-corpos

1. Introdução
O estudo da evolução dinâmica de um enxame estelar permite-nos perceber como podem surgir vários objetos, como
binários, pulsares etc. A dinâmica deste tipo de sistemas é complexo, incluindo interações gravíticas, eletromagnéticas,
interações com gases, efeitos de maré etc. Um estudo completo de um sistema tão vasto seria difícil de se fazer, porém
podemos tentar simplicar admitindo que as estrelas apenas interagem gravitacionalmente. Esta aproximação pode obter
simulações perto da realidade, não tanto nos enxames mais novos, onde os outros tipos de interação são mais signicantes.
Desta maneira, se zermos uma simulação de N-corpos a partir de uma condição inicial, podemos estimar como o enxame
evolui no tempo.

2. Método utilizado
A simulação de N corpos, isto é, onde N corpos interagem apenas gravitacionalmente, requer a integração de 6N equações,
o que envolve muitos recursos computacionais. Invés de se fazer a integração direta destas equações, como se vai fazer
neste trabalho, poder-se-ia recorrer a outros métodos de cálculo e simplicações, como o método de Hermite ou método
de cadeias, métodos utilizados por nbody6 [3] e starlab [4], respetivamente. Estes dois programas, com ajuda de algumas
especicações de hardware (supercomputadores), permitem o cálculo dos enxames com um número elevado de estrelas
até ao tempo de relaxação do sistema, que é o caso de enxames estelares, em poucos segundos. Porém, o método de
integração direita utilizado neste trabalho não permite a tão rápida integração de um sistema com esta dimensão. Estas
limitações impede um estudo completo do enxame, porém podemos estudar o núcleo, que contêm menos estrelas.
A integração direta das equações consiste primeiramente em retirar as dimensões do problema, ajustando ainda as
escalas das medidas ás escalas do sistema. Nesta fase ainda é retirada o movimento do centro de massa do sistema.
De seguida calculamos as acelerações de cada partícula e podemos estimar a posição e a velocidade das partículas num
instante u2 = u1 + du , onde podemos escolher o delta de integração du . Esta escolha de integração é importante pois
dene o erro numérico de não se ter calculado a aceleração num continuo de tempo. Um du pequeno produz melhores
resultados, porém aumenta também o tempo de execução. Este facto implica uma escolha sensata deste delta, sendo
possível estimar através da diferença das ordens de grandeza entre a velocidade, posição e aceleração (podemos fazer o
mínimo entre a razão entre a posição e a velocidade e a razão entre a velocidade e a aceleração). Como este du pode
ser variável para cada partícula, temos que escolher o du mais pequeno de forma a não comprometer as partículas mais
rápidas (ou seja du menor). Uma solução para este problema seria fazer um passo du para cada partícula, mas isso não
foi feito neste trabalho. De modo a melhorar a precisão do código, podemos fazer um passo intermédio, fazendo uma
média de aceleração e velocidade para ter uma melhor estimativa das posições e velocidades reais.
Como condições iniciais, temos que simular as estrelas que constituem o enxame de estudo, o enxame R136. A
simulação do enxame estelar é feito com mcluster [1], um código que permite a simulação de enxames estelares, podendo
variar vários parâmetros, tal como a massa e a sua distribuição no sistema, o perl de velocidades, efeitos de maré etc.
neste caso especíco, usamos o valores utilizados em [2] (Zwart et al.1999), isto é, uma massa do sistema de 2 × 104 M
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, distribuindo-se através de uma distribuição canónica de Kroupa [1], um perl de velocidades e posição segundo King's
comW0 = 6 . Além disso, ainda se impos um raio de metade de massa (rhm ) de cerca de 1 pc; o efeito de maré produzido
pela sua galáxia é pequeno e por isso ignorado na simulação do enxame. O tempo nal de integração será idealmente
igual ao tempo de relaxação do sistema, que neste caso estima-se ser 10 Mega-anos. Com estas considerações obtemos
34992 estrelas com um raio de núcleo de 0.072 pc, conhecendo, para cada uma das estrelas, as suas posições, velocidades e
massas. Devido às limitações do nosso código de N-corpos, não podemos estudar este número de estrelas simultaneamente.
Por isso, vamos simplesmente estudar uma secção do sistema, em particular o núcleo. Como sabemos como o sistema
se comporta como um todo, devido ao trabalho feito por Zwart [2], podemos dizer que vamos fazer uma restrição desse
trabalho e estudar como se comporta o núcleo do enxame na sua evolução. Assim as quantidades de interesse neste estudo
será como a distribuição de massa evolui e se há colisões entre estrelas. Como queremos estudar a forma como o núcleo
evolui e a inuencia das outras camadas nele, começamos apenas por estudar as estrelas que estão dentro do nucelo (RN )
e fomos aumentamos o raio da esfera espacial nas condições iniciais no qual consideramos estrelas (Rc ) . Foram estudadas
esferas entre 0.072 pc (raio do núcleo) e 0.13 pc. As colisões são contabilizadas se duas estrelas se aproximaram mais que
2 raios solares, na tentativa de simular uma aproximação de duas estrelas de raio diferentes. A nova estrela estará situada
numa média da posição das duas que lhe deram origem, tendo velocidade igual á media ponderada das velocidades tendo
em conta as suas massas. Como estamos a desprezar qualquer tipo de interações sem ser gravítica, vamos admitir que o
sistema mantem a sua massa, mas a energia do sistema vai diminuir pois parte dessa energia deveria ir para o momento
angular da nova estrela.

3. Resultados
Aplicando o método anteriormente apresentado, obtivemos os seguintes resultados:

Perl cumulativo de Rc = RN =0.072


R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0 0 0.77 1.26 1.57 2.12 49.10 54.21
MT (M ) 37.57
Merges(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.080
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0 0 0 1.17 2.73 3.23 5.00 51.10
MT (M ) 40.84
Merges(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.090
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0 0 0 2.02 3.24 5.10 8.71 10.14
MT (M ) 47.88
Mergers(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.100
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0 0 0.89 1.25 1.76 4.76 6.19 9.48
MT (M ) 58.35
Mergers(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.110
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0 0.13 5.12 6.12 7.48 10 11.36 15.23
MT (M ) 73.94
Mergers(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.120
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0 0.33 0.43 1.85 4.91 6.69 8.34 10.75 29.95
MT (M ) 112.67
Mergers(nºde vezes ocorrido) 0
Perl cumulativo de Rc =0.130
R(pc) 0.1 0.5 0.9 1.3 1.7 2.1 2.5 2.9 3.3 3.7 4.1
M/MT (%) 0 0 0.14 0.44 0.44 2.20 3.03 29.16 31.86 33.76 35.69
MT (M ) 156.43
Mergers(nºde vezes ocorrido) 0
Table 1. Dados registados do núcleo do enxame

Através da evolução do núcleo do sistema podemos ver uma expansão deste para perto de 4-5 parsec, valor completa-
mente não esperado, se compararmos com os valores que o trabalho de referência [2] obteu (0.18 pc). No entanto, quantas
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mais estrelas adicionamos á simulação, mais uniforme ca. Não podemos extrapolar muita informação apenas destes
casos, porém, se esta tendência continuar, esperamos uma distribuição mais uniforme na zona do raio do novo núcleo.
A nível de colisões, não se vericou nenhuma colisão no tempo de integração feito (10 Mega-anos). Segundo o nosso
trabalho de referência [2], deveria existir pelo menos 10 colisões no sistema. Este facto pode ser explicado por estarmos a
desprezar imensas estrelas (muito mais de metade do número total de estrelas!). Outras quantidades de interesse podiam
ser estudadas, como a formação de binários, estudo da energia gravitacional etc, no entanto isso não foi incluído nesta
versão do trabalho.

4. Conclusão
Neste trabalho foi possível observar a evolução estelar do núcleo do enxame estelar R136 e o seu perl cumulativo de
massa. Constatou-se que houve uma expansão do núcleo até um raio aproximado de entre 4-5 parsec. Esta expansão não
seria esperada, porém o facto de não estarmos a considerar todo o enxame estelar. No entanto conseguiu-se observar
o comportamento da evolução gravítica de muitos corpos, e como estes interagem com eles próprios. Não foi possível
observar mergers no núcleo, possivelmente ao facto de se estar a desprezar muito mais de metade das estrelas do enxame.
Espera-se que uma próxima versão melhorada do trabalho permita complementar o estudo feito aqui.

5. Bibliograa
[1]https://github.com/ahwkuepper/mcluster/blob/master- Link do site de download do código, assim como o seu manual
[2]Zwart Portegies F. Simon et al 1999 -https://cds.cern.ch/record/428824/les/9912434.pdf
[3]https://github.com/nbodyx/Nbody6-Link do site de download do código, assim como o seu manual
[4]https://www.sns.ias.edu/~starlab/index.html-Link do site com informação sobre o código

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