Você está na página 1de 13

Influências do Banco Mundial no projeto

educacional brasileiro
Helena Altmann
Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

A forte influência exercida pelo Banco Mundial (BIRD) na polí-


tica macroeconômica brasileira irradia-se sobre diversos setores,
entre eles, a educação. Dada a forte ascendência dessa institui-
ção no Brasil, este artigo tem como objetivo analisar as propos-
tas marcadas por tal influxo no setor educativo.
São inicialmente apresentadas as características gerais do plano
de reforma educativa defendido pelo BIRD e, num segundo
momento, as convergências entre as propostas do BIRD e o
projeto educacional implementado no país pelo governo
Fernando Henrique Cardoso. Para o mapeamento desse projeto,
são adotadas como referências a proposta de governo apresen-
tada em 1994, informações coletadas na página da internet do
Ministério da Educação, bem como declarações e artigos do
ministro Paulo Renato de Souza. A terceira parte refere-se ao
Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e às estratégias
educacionais apresentadas pelo ministro em face dos resultados
das provas aplicadas em 1999.
Desse modo, conclui-se que o projeto educacional brasileiro
não pode ser analisado somente a partir dos dados quantitati-
vos apresentados pelo governo, pois, vistos por si mesmos, eles
não são suficientes para uma análise sobre os efeitos da expan-
são do ensino. Tal expansão precisa ser analisada levando-se
em conta a variação de seus efeitos em diferentes contextos.
Com a expansão do ensino, não há uma eliminação da exclu-
são, mas a criação de novos mecanismos de hierarquização e de
novas formas de exclusão diluídas ao longo do processo de
escolarização e da vida social.

Palavras-chave

Correspondência: Banco Mundial – Projeto educacional – Avaliação – Inclusão.


Helena Altmann
Rua Cap. César de Andrade, 168
ap. 801
22431-010 – Rio de Janeiro – RJ
e-mail:helenaalt@uol.com.br

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 77


Influences of the World Bank on the Brazilian
education project

Helena Altmann
Universidade Federal de Minas Gerais

Abstract

The strong influence exerted by the World Bank (BIRD) on the


Brazilian macroeconomic politics extends over various sectors,
among them the education. In view of the marked ascendancy
of this institution in Brazil, this paper aims at analyzing the
proposals characterized by such input to the education sector.
Initially, the general features of the educational reform
defended by BIRD are presented, and in a second part of the
paper the convergence between BIRD’s proposals and the
education project implemented in this country by Fernando
Henrique Cardoso’s government are pointed out. In the
mapping out of this project the references adopted are the
government proposal of 1994, information collected from the
Ministry of Education website, as well as statements and
articles by the Education Minister Paulo Renato de Souza. The
third part of this paper refers to the Basic Education Evaluation
System (Saeb), and to the education strategies presented by the
Minister of Education in view of the results of the tests applied
in 1999.
The paper concludes that the Brazilian education project
cannot be analyzed just from the quantitative data presented
by the government since, seen by themselves, such data are not
sufficient to analyze the effects of the expansion of the
education system. Such expansion must be analyzed
considering the changes in its effects in different contexts.
With the expansion of the education system what is seen is not
the elimination of exclusion, but the creation of new hierarchy
mechanisms and new forms of exclusion scattered along the
process of schooling and social life.

Correspondence: Keywords
Helena Altmann
Rua Cap. César de Andrade, 168
ap. 801
World Bank – Brazilian education – Evaluation – Inclusion.
22431-010 – Rio de Janeiro – RJ
e-mail: helenaalt@uol.com.br

78 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun.


A forte influência exercida pelo Banco Propostas do Banco Mundial
Mundial na política macroeconômica brasileira
irradia-se sobre diversos setores, entre eles, a edu- A fim de garantir a estabilidade econô-
cação. Não alheio a isso, o governo Fernando mica dos países em desenvolvimento, as ques-
Henrique Cardoso vem dando continuidade a tões sociais tornaram-se essenciais para o Ban-
reformas educacionais, muitas das quais coinci- co Mundial. De acordo com seu presidente,
dem com propostas do Banco Mundial (BIRD). James Wolfensohn,
Embora a política de crédito do BIRD à
educação se autodenomine cooperação ou a s s i s - justiça social é uma questão tão importante
tência técnica, ela nada mais é do que um co- quanto crescimento econômico. A curto pra-
financiamento cujo modelo de empréstimo é do zo, você pode manter a desigualdade. Mas a
tipo convencional, tendo em vista os pesados longo prazo não dá para ter uma sociedade
encargos que acarreta e também a rigidez das estável. (...) É necessário criar oportunidades
regras e as precondições financeiras e políticas para que as pessoas pobres se desenvolvam,
inerentes ao processo de financiamento comer- investindo em educação e em reforma agrá-
cial. Assim, os créditos concedidos à educação ria. (1999)
são parte de projetos econômicos que inte-
gram a dívida externa do país para com as Desde 1990, o BIRD tem declarado
instituições bilaterais, multilaterais e bancos que seu principal objetivo é o ataque à pobre-
privados (Fonseca, 1998). za. Para isso, suas duas principais recomenda-
Dada a forte ascendência dessa institui- ções são: uso produtivo do recurso mais
ção no Brasil, o conhecimento de suas propos- abundante dos pobres – o trabalho – e for-
tas e influências no setor educativo são de fun- necimento de serviços básicos aos pobres, em
damental importância. É este, portanto, o obje- especial saúde elementar, planejamento fami-
tivo deste artigo. São inicialmente apresentadas liar, nutrição e educação primária. Nesta vi-
as características gerais da proposta de reforma são, o BIRD considera o investimento em
educativa defendida pelo BIRD e, num segundo educação a melhor forma de aumentar os
momento, as convergências entre as propostas do recursos dos pobres (Corragio, 1996).
BIRD e o projeto educacional implementado no No entender de Marília Fonseca
país pelo governo Fernando Henrique Cardoso. (1998), a educação é tratada pelo Banco
Para o mapeamento desse projeto,1 adoto como como medida compensatória para proteger os
referências a proposta de governo apresentada pobres e aliviar as possíveis tensões no setor
em 1994, informações coletadas na página da social. Além disso, ela é tida como uma me-
internet do Ministério da Educação, bem como dida importante para a contenção
declarações e artigos do ministro Paulo Renato demográfica e para o aumento da produtivi-
de Souza recentemente publicados em jornais. Na dade das populações mais carentes. Daí
terceira parte, teço algumas considerações sobre depreende-se a ênfase na educação primária,
o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) que prepara a população, principalmente fe-
e as estratégias apresentadas pelo ministro diante minina, para o planejamento familiar e a vida
dos resultados divulgados no final do ano pas- produtiva.2
sado referente às provas aplicadas em 1999. Fi-
nalizo, fazendo algumas considerações sobre até 1. Devo alertar que este artigo não tem pretensão de abordar o pro-
que ponto as medidas educacionais adotadas jeto educacional brasileiro na sua plenitude, pois nem todas suas ins-
tâncias de intervenção puderam ser aqui analisadas.
pelo governo podem atingir a conclamada qua-
lidade de ensino, bem como sobre que tipo de 2. Cabe lembrar que, no Brasil, o aumento do número de gravidez
entre adolescentes e de casos de Aids justificam a inserção do tema
inclusão social é propiciado por tal projeto. transversal orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 79


D e a c o r d o com Rosa María Torres s u l tados. Os governos devem manter centraliza-
(1996), o BIRD apresenta uma proposta articu- das apenas quatro funções: (1) fixar padrões; (2)
lada para melhorar o acesso, a eqüidade e a facilitar os insumos que influenciam o rendimento
qualidade dos sistemas escolares. Embora reco- escolar; (3) adotar estratégias flexíveis para a aqui-
nheça que cada país tem sua especificidade, sição e uso de tais insumos; e (4) monitorar o de-
trata-se, de fato, de um único “pacote” de re- sempenho escolar.
formas proposto aos países em desenvolvimen- e ) Convocação para uma maior participa-
to. Boa parte das conclusões e recomendações ção dos pais e da comunidade nos assuntos es-
contidas no documento de 1995 já estava pre- colares.
sente no estudo regional realizado pelo BIRD, f ) Impulso para o setor privado e organis-
em 1985, em 39 países da África subsaariana. mos não-governamentais como agentes ativos no
Segundo a autora, as políticas e estratégias terreno educativo, tanto nas decisões como na
recomendadas com base nesse estudo estão em implementação.
boa medida reforçando a má qualidade e a g ) Mobilização e alocação eficaz de recur-
desigualdade no sistema escolar. sos adicionais para a educação como temas prin-
O pacote de reformas educativas pro- cipais do diálogo e da negociação com os gover-
posto pelo BIRD contém os seguintes elemen- nos.
tos (Torres, 1996): h ) Um enfoque setorial.
a ) Prioridade depositada sobre a edu- i ) Definição de políticas e estratégias ba-
cação básica. seadas na análise econômica.
b ) Melhoria da qualidade (e da eficá- Esse mesmo relatório de 1995 do BIRD –
cia) da educação como eixo da reforma Prioridades e estratégias para educação – foi ana-
educativa. A qualidade localiza-se nos resulta- lisado pelo ex-consultor do Banco, Jon Lauglo
dos e esses se verificam no rendimento esco- (1997). Segundo ele, o BIRD recomenda a orga-
lar. Os fatores determinantes de um aprendi- nização da educação a partir de um tipo de pla-
zado efetivo são, em ordem de prioridade: bi- nejamento de currículo que especifique os obje-
bliotecas, tempo de instrução, tarefas de casa, tivos da aprendizagem em termos observáveis. O
livros didáticos, conhecimentos e experiência relatório dá ênfase ao estabelecimento de padrões
do professor, laboratórios, salário do professor, de rendimento e à necessidade de se dar atenção
tamanho da classe. Levando-se em conta os aos resultados da educação. Deve haver mais
custos e benefícios desses investimentos, o privatização, mais gerenciamento por objetivos e
BIRD recomenda investir prioritariamente no uso de indicadores de desempenho e mais controle
aumento do tempo de instrução, na oferta de pelos usuários. As análises das taxas de retorno
livros didáticos (os quais são vistos como a têm sido o principal critério para decidir quais op-
expressão operativa do currículo e cuja produ- ções de investimento são de maior benefício para
ção e distribuição deve ser deixada ao setor a sociedade.3
privado) e no melhoramento do conhecimen- O presidente do Banco Mundial declarou:
to dos professores (privilegiando a formação “O que aprecio na estratégia de FHC é que ele e
em serviço em detrimento da formação inici- o ministro Paulo Renato estão dando ênfase à
al). educação” (Wolfensohn, 1999). Esta satisfação é
c ) Prioridade sobre os aspectos finan- absolutamente compreensível, nem tanto por esta
ceiros e administrativos da reforma educativa, suposta “ênfase” dada pelo atual governo à edu-
dentre os quais assume grande importância a cação, mas principalmente pela maneira como a
descentralização.
d ) Descentralização e instituições esco-
3. O Saeb é um meio de fornecer taxas de retorno. Esse sistema de
lares autônomas e responsáveis por seus re- avaliação será abordado na terceira parte deste artigo.

80 Helena ALTMANN. Influências do Banco Mundial...


educação tem sido enfatizada. Contrapondo as meta educacional para a qual devem convergir
indicações do BIRD com as estratégias educa- as ações políticas. No entanto, também é
cionais brasileiras, percebemos o quanto o mi- enfatizado o caráter flexível de tal proposta, a
nistro Paulo Renato de Souza – que já foi con- qual permite um diálogo com as escolas no
sultor do Banco – acata as recomendações do que se refere à elaboração de seu projeto pe-
BIRD. A seguir, aponto algumas dessas conver- dagógico.4
gências. Estabelecidas as metas e os padrões de
rendimento, urge implementar sistemas de ava-
Convergências entre propostas liação que devem monitorar o alcance das mes-
do BIRD e a educação brasileira mas. Assim, diversos sistemas de avaliação, na-
cionais e internacionais, foram implementados
Uma perspectiva de descentralização na década de 1990, como o Saeb – Sistema
pode ser identificada na própria Lei de Diretri- Nacional de Avaliação da Educação Básica –, o
zes e Bases da Educação (LDB). A nova LDB Enem – Exame Nacional de Ensino Médio –, o
opera mudanças significativas em relação às Exame Nacional de Cursos (Provão), a Avalia-
leis anteriores. De acordo com Carlos J. Cury ção dos Cursos Superiores. O Laboratório La-
(1996), há uma mudança na concepção da lei, tino-Americano de Avaliação da Qualidade de
havendo uma flexibilização em termos de pla- Educação e o Programa Internacional de Ava-
nejamento e uma centralização da avaliação. O liação dos Estudantes (PISA) são exemplos de
controle não é mais exercido na base – atra- projetos internacionais de avaliação.
vés de um currículo mínimo, estabelecimento Além disso, o Censo Educacional, rea-
de carga horária específica, etc. –, mas na sa- lizado anualmente pelo Ministério da Educa-
ída, mediante a avaliação. ção, em parceria com as secretarias de educa-
O artigo 9o da LDB afirma que a União ção dos estados e do Distrito Federal, tem por
deve se incumbir de: objetivo a produção de dados e informações
estatístico-educacionais para subsidiar o plane-
IV – estabelecer, em colaboração com os Es- jamento e a gestão da educação brasileira pe-
tados, o Distrito Federal e os Municípios, las esferas governamentais. O Censo Educacio-
competências e diretrizes para a educação nal abrange todos os níveis e modalidades de
infantil, o ensino fundamental e o ensino ensino, subdividindo-se em três pesquisas dis-
médio, que nortearão os currículos e seus tintas, representadas pelos Censo Escolar, Cen-
conteúdos mínimos, de modo a assegurar so da Educação Superior e Censo sobre o Fi-
formação básica comum; nanciamento da Educação.5
VI – assegurar processo nacional de avalia- A proposta de governo apresentada por
ção do rendimento escolar no ensino funda- Fernando Henrique Cardoso na sua primeira
mental, médio e superior, em colaboração candidatura à Presidência da República, em
com os sistemas de ensino objetivando a 1994, já apontava para as novas perspectivas
definição de prioridades e a melhoria da educacionais a serem adotadas no país. Segun-
qualidade do ensino. (BRASIL, 1998 ) do ele, os maiores obstáculos da escola ele-
mentar brasileira eram as taxas de repetência
Nesse sentido, o governo federal ela- do sistema e o brutal desperdício financeiro e
borou os Parâmetros Curriculares Nacionais, de esforços a ela vinculados. As medidas pro-
que têm por objetivo estabelecer uma referên-
cia curricular nacional. Segundo o Ministério
da Educação, eles são uma referência nacional
4. Disponível em www.mec.gov.br/, acesso em 10.06.01.
para o ensino básico, pois estabelecem uma 5. Disponível em www.inep.gov.br/censo/, acesso em 10.06.01.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 81


postas para a educação incluíam, entre outras: escola, contra 99% das crianças ricas. Aprovei -
a redução das taxas de responsabilidade do tou ainda para convocar “suas amigas” – ter-
Ministério da Educação como instância execu- mo por ele utilizado para referir-se às mães –
tora; o estabelecimento de conteúdos curri- para colaborarem no outro grande desafio: a
culares básicos e padrões de aprendizagem; a melhoria da qualidade do ensino. Sustentado
implementação de um sistema nacional de ava- novamente em números, afirmou que a parti-
liação do desempenho das escolas e dos siste- cipação da família se traduz imediatamente em
mas educacionais para acompanhar a consecu- melhor desempenho dos alunos (Souza,
ção das metas de melhoria da qualidade de en- 2001a).
sino (Cardoso, 1994). Outro problema enfrentado pelo país é
O Programa Nacional do Livro Didáti- a alfabetização de adultos. O Índice de Desen-
co é citado pelo governo como exemplo de in- volvimento Humano (IDH) elaborado pela Orga-
vestimento que visa a melhoria da qualidade de nização das Nações Unidas (ONU), que mede a
ensino. O Ministério da Educação e Cultura qualidade de vida das pessoas de 174 países no
(MEC) fica responsável pela avaliação dos li- mundo, mostra problemas na alfabetização de
vros, cabendo aos professores a escolha dos adultos. De 1997 a 1998 o índice de alfabeti-
mesmos.6 No entanto, essa medida fica restrita zação de adultos subiu de 84 para 84,5% (Rossi,
a livros didáticos, não sendo enfrentado o pro- 2000). Segundo dados do IBGE (Instituto Bra-
blema da falta de acesso a livros em geral. No sileiro de Geografia e Estatística), 13,3% dos
lugar de investimento em bibliotecas, o gover- brasileiros são analfabetos. O Nordeste tem o
no tem priorizado a instalação de microcom- maior índice, onde 26,6% da população não lê
putadores nas escolas. nem escreve. Em face destas dificuldades, o
O governo brasileiro também tem-se governo declarou aumentar o investimento no
empenhado em convocar os pais e a comuni- programa de Alfabetização de Jovens e Adultos
dade para uma maior participação nos assun- em 2001. O Orçamento previu um investimen-
tos escolares, como demonstra o projeto Ami- to de R$ 300 milhões no programa, enquanto
gos da escola e o Dia da família na escola (24 que, até 2000, o Orçamento previa cerca de R$
de abril). Por meio de uma ampla campanha na 30 milhões para a área de educação de jovens
mídia, o projeto Amigos da escola convoca a e adultos. O programa foi previsto para atingir
sociedade civil a prestar serviços voluntários às prioritariamente as regiões Norte e Nordeste
escolas. A participação da comunidade na es- (Paraguassu, 2001, p. C3).
cola pode trazer inúmeras contribuições, no
entanto, a transferência para ela de responsa- Sistemas de avaliação
bilidades do Estado mostra o quanto este tem- balizando a melhoria da
se eximido de suas responsabilidades sociais. qualidade de ensino
Em referência ao Dia da família na es-
cola, no Dia das Mães, o ministro Paulo Renato Na segunda metade dos anos 1990, a
escreveu uma carta às mães dos estudantes avaliação dos sistemas escolares de educação
brasileiros na qual divulga os dados sobre a ex- fundamental e média tornou-se um dos eixos
pansão do ensino fundamental: na faixa dos 7 centrais da política educacional. Duas referên-
aos 14 anos, afirma que a porcentagem de cri- c i a s básicas inspiraram a implementação de sis-
anças nas escolas subiu de 87% para 96% em temas de avaliação, quais sejam, a proposta
sete anos. Segundo ele, em 1992 tínhamos para a ação do governo, elaborada pelo Instit u-
apenas 71% das crianças pobres na escola,
contra 97% das crianças ricas. Sete anos de- 6. Disponível em www.fnde.gov.br/programas/pnld.htm, acesso em
pois tínhamos 93% das crianças pobres na 15.06.01.

82 Helena ALTMANN. Influências do Banco Mundial...


to Herbert Levy, e a experiência de avaliação da mais centralizado e baseado na terceirização de
Secretaria de Educação de Minas Gerais. Ambas uma série de atribuições operacionais. Desde en-
contaram com assessoria de técnicos do Ban- tão, o BIRD financia o Saeb.
co Mundial e da Organização Internacional do Assim, interessa ao BIRD financiar o
Trabalho (Bonamino, 2000). Saeb, pois ele é uma forma de obter taxas de
A nova LDB, como mostra Cury (1998), retorno e estabelecer critérios de investimen-
estrutura-se em torno da flexibilidade e da tos. É importante, portanto, compreender os
avaliação. Assim, os sistemas de avaliação da critérios que irão determinar os conteúdos a
educação passam a estar associados aos pro- serem avaliados, uma vez que a escolha sobre
cessos de descentralização e melhoria da qua- o que avaliar tem repercussões sobre os currí-
lidade de ensino. Ao tornarem-se componen- culos e o cotidiano escolar.
tes políticos centrais, os sistemas de avaliação Segundo o BIRD, a ênfase deve ser
transformam-se numa atividade profissional dada às habilidades cognitivas: linguagem,
sistemática e de longo alcance, legalmente ciências, matemática e, adicionalmente, habi-
chancelada e centralmente assumida e lidades na área de comunicação (Lauglo,
institucionalizada, que passa a contar com 1997). Também o Saeb prioriza língua portu-
órgãos profissionais e orçamentos próprios guesa, matemática e ciências. Nessa seleção,
(Bonamino, 2000). diversos outros conhecimentos são deixados de
Implementado no Brasil em 1990, o lado.
Saeb tem o objetivo de gerar e organizar infor- O BIRD defende explicitamente a vin-
mações sobre a qualidade de ensino, possibi- culação entre educação e produtividade, a par-
litando o monitoramento das políticas públi- tir de uma visão economicista. Segundo a Co-
cas e a melhoria da qualidade de ensino no missão Econômica para a América Latina e
país. Ele visa a monitorar a eqüidade e a efi- Caribe – CEPAL –, para que os países da Amé-
ciência dos sistemas escolares. As provas são rica Latina se tornem competitivos no merca-
realizadas de dois em dois anos com alunos do internacional, é necessário que disponham
das 4a s e 8a s séries do ensino fundamental e da de talentos para difundir o progresso técnico
3a série do ensino médio. A base desse siste- e incorporá-lo ao sistema produtivo. É impres-
ma de avaliação é amostral e também são apli- cindível a aprendizagem mediante a prática, o
cados questionários contextuais com diretores, uso de sistemas complexos e a interação entre
professores e alunos. Até 1997, foram realiza- produtores e consumidores (Miranda, 1997).
das provas de Português, Matemática e Ciên- Assim, o conhecimento a ser ensinado nas esco-
cias e, em 1999, além destas, História e Geo- las é definido a partir de sua operacionalidade.
grafia. Os resultados obtidos no Saeb em
Ao analisar o processo de institucio- 1999 foram piores do que em 1997, contradi-
nalização do Saeb no Brasil, Creso Franco e Ali- zendo as declarações do ministro Paulo Rena-
cia Bonamino (1999) mostram mudanças signi- to, em 1997, de que em 1999 os resultados
ficativas na organização e concepção da avalia- seriam melhores graças ao Fundef (Fundo de
ção ao longo dos anos. Inicialmente a realização Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
das avaliações era feita de maneira mais descen- Fundamental e de Valorização do Magistério).
tralizada e com a participação relativamente in- Uma das explicações dadas pelo ministro da
tensa das secretarias estaduais de educação. To- Educação para esta queda nos resultados foi o
davia, este era um ponto de divergência entre o aumento do número de alunos na escola, prin-
MEC e o BIRD, motivo pelo qual as provas de cipalmente alunos pobres, que teriam “puxado
1990 e 1993 não receberam financiamento do os números para baixo”. Todavia, como se ex-
Banco. A partir de 1995, o sistema tornou-se plica então o fato de também em escolas par-

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 83


ticulares os resultados terem sido piores? As implementação dessa proposta nas escolas,
seguintes soluções foram apresentadas na épo- de modo que se fosse além da apresentação
ca pelo ministro da Educação: investimento em de uma proposta pedagógica.
projetos de treinamento de professores para Esse processo é mais um exemplo de
alfabetização, ampliação do Proinf (Informática uma tradição dicotômica das políticas que,
nas escolas) e duplicação do projeto Parâme- como afirma Rosa María Torres (1998), levou
tros em Ação – que treina pessoas para ajudar a ver a reforma educativa, e até a inovação
os professores a implementar os Parâmetros educativa, como um eterno optar entre pa-
Curriculares Nacional nas escolas (Gois, 2000). res, o que dificulta a compreensão integral e
As soluções apontadas pelo ministro sistêmica dos problemas e da mudança
também podem ser relacionadas com recomen- educativa. Segundo ela, é um erro ver a par-
dações do BIRD. Paulo Renato fala em criar ticipação dos educadores só do ponto de vis-
cursos de treinamento, mas não se refere aos ta da execução. Com isso, os problemas ali
cursos de formação de professores. Segundo o encontrados são vistos como problemas de
BIRD, a prioridade deve ser o ensino básico execução e não de formulação política:
(Torres, 1996). Ensino médio, profissionali-
zante, treinamento em serviço e ensino supe- A qualidade e a validez de um plano de
rior devem ser privatizados. O documento as- reforma educativa não se enraízam (...) no
sume que as habilidades para ensinar são mais nível cientifico e na coerência técnica do
bem desenvolvidas no contexto do próprio tra- documento, mas em suas condições de
balho, favorecendo um modelo prático para a receptividade e viabilidade social, em con-
aquisição dessas habilidades. O uso da palavra textos e momentos concretos. (Torres,
habilidade é ilustrativo sobre a forma como é 1998, p. 182)
compreendido o trabalho docente. A formação
docente torna-se eminentemente prática, fi- Treinamento de professores, proces-
cando restrita à aquisição de habilidades. A sos de avaliação, etc. vieram à tona na re-
proposta do ministro de criar cursos de treina- cente divulgação sobre um sistema de parce-
mento para professores é condizente com tal ria educacional entre o Brasil e os Estados
perspectiva de educação, como se o professor Unidos. Cinco áreas compõem o sistema de
fosse um simples aplicador de técnicas peda- cooperação entre esses países:
gógicas que podem ser facilmente aprendidas
em algum curso ou, até mesmo, na televisão, investimentos em treinamento de profes-
através do TV Escola – também criado recen- sores, no estabelecimento de padrões edu-
temente pelo Ministério da Educação. cacionais e na melhoria dos processos de
A criação e ênfase no projeto avaliação, em novas tecnologias, na ampli-
Parâmetros em Ação também precisa ser ques- ação do conhecimento dos alunos sobre o
tionada. Esse projeto foi instituído com a fi- mundo através da expansão do intercâm-
nalidade de intensificar a utilização, por par- bio educacional e no envolvimento da co-
te dos docentes, dos PCNs. O governo deixa de munidade. (Souza e Rilley, 2001)
problematizar os motivos que levam os docen-
tes à não-utilização dos PCNs na escola. A for- Note-se que o governo fala em trei-
mulação dessa reforma curricular encabe-çada namento de professores, sem se referir a sua
pelos PCNs não teve participação dos profes- formação inicial, o que demonstra o desca-
sores, tampouco das escolas. Eles foram con- so do atual governo com o ensino superior.
vocados apenas para sua execução. Há de se Segundo as recomendações do Banco Mun-
avaliar ainda as condições e os recursos para dial, a responsabilidade por esse nível de ensi -

84 Helena ALTMANN. Influências do Banco Mundial...


no deve ser deixada para a iniciativa privada. doso em rede nacional, garantir a todos con-
Cabe lembrar que está sendo analisado pela dições iguais de acesso a uma educação de
Comissão de Educação da Câmara dos Depu- qualidade?
tados um projeto de lei que cria uma taxa a ser Afirmou ainda o ministro Paulo Rena-
paga pelos estudantes que estudam em univer- to: “O outro grande desafio, agora que prati-
sidades públicas. Alunos recém-formados nes- camente todas as crianças estudam, é melho-
sas universidades seriam obrigados a prestar rar a qualidade do nosso ensino” (Souza,
serviço público por seis meses, recebendo sa- 2001a). Como será garantida a qualidade do
lário mínimo. Quem não quisesse prestar o ser- ensino? Este artigo ponderou diversas medidas
viço seria obrigado a pagar 30 salários mínimos adotadas nesse sentido, finalizo-o, portanto,
(R$ 4.530,00). Para o ministro Paulo Renato, questionando a viabilidade dos objetivos alme-
conforme o noticiado em reportagem da Folha jados com esse tipo de intervenção, bem como
de S. Paulo, a gratuidade do ensino superior é seus possíveis efeitos.
um assunto a ser discutido pela sociedade ci- Em primeiro lugar, os dados quantita-
vil (Cruz, 2001). Ao lado dessa matéria, o jor- tivos apresentados pelo governo, vistos por si
nal publicou uma nota divulgando que o Fun- mesmos, não são suficientes para uma análise
do Monetário Internacional (FMI) sugeriu, em sobre os efeitos dessa expansão. Ainda que a
relatório sobre políticas sociais do governo, que expansão garanta o ingresso de um maior nú-
as universidades públicas brasileiras se tornem mero de pessoas em instituições de ensino, as
pagas. Segundo o FMI, a verba obtida pode- condições de acesso e permanência nas mes-
ria ser usada nos ensinos fundamental e mé- mas são diferentes. O fato de pessoas que an-
dio. teriormente não tinham acesso ao ensino bá-
sico passarem a tê-lo não significa que todos
Educação para a inclusão estejam tendo condições iguais de acesso a
social? uma educação de qualidade. A expansão do
ensino no Brasil precisa ser analisada em rela-
O Ministro Paulo Renato tem declara- ção a diversos fatores, e levando-se em conta
do que o Brasil está praticamente chegando ao a variação de seus efeitos em contextos dife-
índice de 100% de crianças na escola (Souza, renciados.
2001a). Para isso, foi implementado o Progra- Além disso, a melhoria da qualidade é
ma Bolsa-Escola, o qual concede apoio finan- medida por resultados, por números. Assim,
ceiro a famílias carentes –cuja renda per capita intervenções são feitas no sentido de aprimo-
não seja superior a R$ 90,00 – para a perma- rar os resultados e os índices de rendimento
nência das crianças no ensino fundamental. A escolar. Todavia, há de se questionar até que
família receberá quinze reais por mês por filho, ponto qualidade educativa pode ser medida
com idade entre 6 e 15 anos, matriculado e por índices de desempenho. O ensino em sala
freqüentando o ensino fundamental regular, de aula e todo o aprendizado dentro de uma es-
podendo ser atendidas até três crianças de cola vão além do que esses indicadores são ca-
uma mesma família. Desse modo, o programa pazes de medir por meio do rendimento dos
visa “a plenitude da política do Estado de al- alunos.
cançar a universalização do ensino com qua- No modelo de educação adotado, a
lidade, como também a ampliação do horizon- e scola é assemelhada à empresa. Os fatores do
te econômico, cultural e social da população processo educativo, segundo José Luís Corragio
situada abaixo da linha da pobreza”.7 Será que
quinze reais mensais são suficientes para, como 7 . Disponível em www.mec.gov.br/home/bolsaesc/, acesso em
declarou o presidente Fernando Henrique Car- 15.06.01.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 85


(1996), são vistos como insumos e a eficiên- na preparação das crianças e jovens para as
cia e as taxas de retorno como critérios fun- transformações que virão no século XXI. Rá-
damentais de decisão. A análise econômica pidos avanços tecnológicos, uma economia
tornou-se a principal metodologia para a de- global interdependente e uma contínua mu-
finição de políticas educativas. dança social marcarão suas vidas. Deve-se
Rosa Torres (1996) também destaca oferecer às crianças e jovens uma educação
que a educação passou a ser analisada com que lhes permita exercer as profissões do
critérios próprios do mercado, e a escola é futuro e aproveitar os benefícios de viver em
comparada a uma empresa. As propostas do uma sociedade democrática. (Souza e Riley,
BIRD para a educação são feitas, de acordo 2001)
com a autora, basicamente por economistas,
dentro da lógica e da análise econômica. A re- Todo esse otimismo em relação aos
lação custo-benefício e a taxa de retorno cons- efeitos da educação é problematizável. A pri-
tituem as categorias centrais, com base nas oridade é dada à educação básica, cabendo ao
quais se define a tarefa educativa, as priorida- setor privado outros investimentos, como no
des de investimento, os rendimentos e a pró- ensino superior. Acreditar que a oferta de um
pria qualidade. ensino básico garantirá, a todos, oportunida-
des iguais no mercado de trabalho e na vida
O ensino resume-se a um conjunto de insumos social é uma grande ilusão. Com esse tipo de
( inputs) que intervêm na caixa preta da sala de investimento, há uma segmentação da popu-
aula – o professor sendo mais um insumo – e a lação entre aqueles que só dispõem dos servi-
aprendizagem é vista como o resultado previsível ços básicos e os que obtêm serviços mais am-
da presença (e eventual combinação) desses plos.
insumos. (Torres, 1996 p. 140) Com isso, afirma José Corragio (1996),
há uma redistribuição dos serviços públicos dos
Esse tipo de análise deixa transparecer, setores médios para os pobres, acompanhados
segundo ela, uma compreensão e um conheci- de uma redução da qualidade e da complexi-
mento insuficiente do ato educativo. dade. As diferenças entre escolas se ocultam
Acredita-se ainda, como afirmou o pre- sob a aparência de um mesmo certificado de
sidente do BIRD, James Wolfensohn (1999), que aprovação. Segundo o autor é uma falácia o
esse tipo de investimento e de perspectiva edu- fato de que a educação básica vá garantir
cacional vá criar oportunidades para que as pes- acesso ao mercado de trabalho. Seria necessá-
soas pobres se desenvolvam, de modo que se al- rio, outrossim, um desenvolvimento que garan-
cance justiça social e estabilidade econômica. Em tisse crescimento das demandas por trabalho,
outras palavras, como afirmou nosso ministro da o que exigiria investimentos em outros níveis
Educação, de educação, em outros setores econômicos,
assim como em outras instituições além do
é no campo da educação que está se decidin- mercado.
do a sorte do próprio país e o seu papel no Essa questão remete-me a uma pesquisa
mundo. As diferenças de renda no Brasil (...) desenvolvida por Pierre Bourdieu e Patrick
estão diretamente associadas às diferenças de Champagne (1998) sobre a crise da instituição
escolaridade, e estas refletem e perpetuam as escolar na França após as transformações do
nossas seculares desigualdades raciais. (Souza ensino nos anos 1950, quando categorias até
e Riley, 2001) então excluídas passaram a ter acesso à escola.
Essa “democratização” do ensino produziu no-
O grande desafio está, portanto, vas formas de exclusão. O processo de elimina-

86 Helena ALTMANN. Influências do Banco Mundial...


ção foi adiado e diluído no tempo, e a institui- das classes superiores. Em outras palavras, o
ção escolar passou a ser habitada por excluídos capital social não se converte integralmente
potenciais, enfrentando, assim, as contradições em capital escolar, mas proporciona a este
e os conflitos associados a uma escolaridade um rendimento diferente, dependendo da
sem outra finalidade que ela mesma. Os auto- combinação entre eles. O autor finaliza sua
res destacam a importância de se mostrar como, análise levantando a hipótese de que, com a
apesar das mudanças no ensino, manteve-se democratização do ensino, haveria uma
uma estrutura de distribuição desigual dos pro- revalorização do capital social e simultânea
veitos escolares e de seus benefícios correlativos. desvalorização do capital escolar, em outras
Percebeu-se que não era suficiente ter acesso ao palavras, um declínio do papel da escola na
ensino secundário para ter sucesso nele e que mobilidade ascendente por causa da expan-
não era suficiente ter sucesso nele para ter aces- são escolar.
so a certas posições sociais. Assim, no que se refere à escola,
A escola, para Jean-Claude Passeron além do acesso, há que se mudar as estraté-
(1991), já não tem mais “a bela simplicidade da gias de ação pedagógica, enfrentando os me-
oposição entre êxito e exclusão”. Passeron mos- canismos, internos à escola, de seletividade
tra que, quando pessoas anteriormente excluí- e exclusão. Essa questão, no entanto, não
das passam a ter acesso à escola, há uma simul- tem sido problematizada pelo Ministério da
tânea transformação da própria estrutura esco- Educação.
lar e de todo o sistema das relações entre Parece-me que a “democratização”
certificação escolar e estrutura de classes, de do ensino no Brasil também está produzin-
modo que os efeitos da primeira transformação do seus excluídos do interior. Não apenas ex-
tendem a ser minimizados. Para ele, há de se cluídos do interior da escola, mas também
pensar no excluídos do interior da vida social. O aces-
so à educação básica talvez consiga desen-
efeito pelo qual a origem social faz sentir sua volver capacidades básicas para satisfazer a
influência ao longo de toda a carreira profis- demanda do mercado por trabalhadores fle-
sional dos indivíduos, determinando sobre o xíveis que possam facilmente adquirir novas
mercado de emprego (e sem dúvida sobre ou- habilidades. Isso talvez os inclua em deter-
tros) um destino diferente para diplomas minados setores do mercado de trabalho, de
equivalentes. (p. 82) modo a garantir um maior controle e esta-
bilidade social. No entanto, parece que não
Um mesmo diploma traz sempre maio- estamos indo além de incluir novos excluídos
res vantagens a favor do diplomado originário no interior da vida social.

Referências bibliográficas

BONAMINO, Alicia M. C. de.O sistema nacional de avaliação da educação básica:referências, agentes e arranjos institucionais
e instrumentais. Rio de Janeiro; 2000. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.

BOURDIEU, Pierre; CHAMPAGNE, Patrick. Os excluídos do interior. In: BOURDIEU, P. (Coord.)A miséria do mundo. 2a. ed. Petrópolis:
Vozes, 1998.

BRASIL.Lei de diretrizes e bases da educação nacional: nova LDB. (Lei no. 9.394). Rio de Janeiro: Qualitymark/DUNYA Ed., 1998.

CORRAGIO, José Luís. Propostas do Banco Mundial para a educação: sentido oculto ou problemas de concepção? In: TOMMASI,

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 87


L. De; WARDE, J. M.; HADDAD, S. (Orgs.)O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez/Ação Educativa/
PUC-SP, 1996. p. 75-124.

CARDOSO, Fernando Henrique.Mãos à obra, Brasil.Proposta de governo. Brasília: [s. n.], 1994. 300p.

CURY, C.J. Lei de diretrizes e bases e perspectivas da educação nacional.Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, B r a s í l i a ,
1998.

_____. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e o ensino fundamental.Revista Brasileira de Educação,Rio de Janeiro, n. 2,


p. 4-17, maio/ago.1996.

CRUZ, Ney H. Projeto prevê que aluno preste serviço público.Folha de S. Paulo, São Paulo, 03.02.2001, p. C4.

FONSECA, Marília. O Banco Mundial e a educação brasileira: uma experiência de cooperação internacional. In: OLIVEIRA,
Romualdo P. (Org.)Política educacional: impasses e alternativas. 2a ed. São Paulo: Cortez, 1998. p. 85-122.

FRANCO, Creso; BONAMINO, Alicia M. C. Avaliação e política educacional: o processo de institucionalização do Saeb.Cadernos
de Pesquisa,São Paulo, n. 108, p. 101-132. nov. 1999.

GOIS, Antônio. Educação: piora qualidade do ensino nas particulares.Folha de S. Paulo. São Paulo, 28.11.2000.

LA ENSEÑANZA superior: las lecciones derivadas de la experiencia. [s.l.]: Banco Internacional de Reconstrucción y Fomento/
Banco Mundial, 1995.

LAUGLO, Jon. Críticas às prioridades e estratégias do Banco Mundial para a educação.Cadernos de Pesquisa.São Paulo,
n. 100, p. 15-39, mar. 1997.

MIRANDA, M. G. Novo paradigma e políticas educacionais na América Latina.Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 100, p. 49-
46, mar. 1997.

PARAGUASSÚ, Lisandra. Municípios receberão R$ 230 anuais por aluno.Folha de S. Paulo, São Paulo, 14.03.2001. p. C3.

PASSERON, Jean-Claude.O mapa e o observatório. Alguns problemas atuais da pesquisa em Sociologia da Educação.Teoria
& Educação, Porto Alegre, n. 3, p. 69-88, 1991.

ROSSI, Clovis. Cobertor curto: Sai relatório 2000 sobre a situação econômica e social em 174 países.Folha de S. Paulo, São
Paulo, 29.06.2000 Qualidade de Vida – Especial.

SOUZA, Paulo Renato. Às mães dos estudantes brasileiros.Folha de S. Paulo, São Paulo, 13.05.2001.

______. Conquistas e desafios da educação.Folha de S. Paulo, São Paulo, 15.04.2001.

SOUZA, Paulo Renato; RILEY, Richard. Educação além das fronteiras: Brasil e EUA estão eliminando as lacunas existentes na
história, na cultura e no desenvolvimento.Folha de S. Paulo, São Paulo, 07.01.2001, p. A3.

TORRES, Rosa María. Tendências da formação docente nos anos 90. In: WARDE, M. J. (Org.)Novas políticas educacionais:
críticas e perspectivas. São Paulo: PUC-SP, 1998. p. 173-191.

_____. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. In: TOMMASI, L. De; WARDE, J. M.;
HADDAD, S. (Orgs.)O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez Ed./Ação Educativa/PUC-SP, 1996.
p. 125-194.

WOLFENSOHN, James. A vez dos pobres. Entrevista a Alexandre Mansur.V e j a, São Paulo, 01.12.1999.

Recebido em 05.09.2001

Aprovado em 19.12.2001

88 Helena ALTMANN. Influências do Banco Mundial...


Helena Altmanné doutoranda em Educação na PUC-Rio. Mestre em Educação pela UFMG, com a dissertaçãoRompendo
fronteiras de gênero: marias (e) homens na Educação Física, 1998, é autora, entre outros trabalhos, de “Orientação Sexual nos
PCNs”,Revista de Estudos Feministas, 2001, e “Marias (e) homens nas quadras: sobre a ocupação do espaço físico escolar”,
Educação e Realidade, 1999.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 77-89, jan./jun. 2002 89

Você também pode gostar