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Direito Constitucional

Controle de Constitucionalidade - Parte I

• Noções Preliminares: A ideia de controle, então, emanada da rigidez,


pressupõe a noção de um escalonamento normativo, ocupando a
Constituição o grau máximo na aludida relação hierárquica,
caracterizando-se como norma de validade para os demais atos
normativos do sistema.

• Teoria da Nulidade: O ato legislativo, por regra, uma vez declarado


inconstitucional, deve ser considerado nulo, írrito, e, portanto,
desprovido de força vinculativa, sendo uma decisão declaratória. A
teoria da nulidade é encampada pelo Direito Americano. Seguem essa
linha Rui Barbosa, Alfredo Buzaid, Castro Nunes e Franciso Campos.

• Teoria da Anulabidade: Caracterizando-se como constitutiva a natureza


jurídica da decisão que reconhece, a Corte Constitucional não declara
uma nulidade, mas anula, cassa (‘aufhebt’) uma lei que, até o momento
em que o pronunciamento da Corte não seja publicado, é válida e eficaz,
posto que inconstitucional (sic). Sendo encampada pelo sistema
austríaco. Seguem essa linha Pontes de Miranda e Regina Nery Ferrari.

• Flexibilização da Teoria da Nulidade no Direito Brasileiro: Doutrina da


ineficácia ab initio da lei inconstitucional não pode ser entendida em
termos absolutos, pois que os efeitos de fato que a norma produziu não
podem ser suprimidos, sumariamente, por simples obra de um decreto
judiciário.
• A n á l i s e e v o l u t i v a d o s i s t e m a b ra s i l e i r o d o c o n t r o l e d e
constitucionalidade:

Histórico do Controle de Constitucionalidade no Brasil


CF 1824 • Nenhum sistema de controle, consagrando o dogma da
soberania do parlamento

CF 1891 • Com influência do direito americano aplica-se o direito


difuso, repressivo, posterior, aberto, pela via de exceção ou
defesa, pela qual a declaração de inconstitucionalidade é
implementado de modo incidental.
CF 1934 • Mantém o controle difuso;
• Estabelece a ADI Interventiva;
• Cláusula de reserva de plenário;
• Atribuição ao senado federal de competência para suspender
a execução no todo ou em parte, de lei ou ato declarado
inconstitucional por decisão definitiva.
CF 1937 • Manteve o sistema difuso.
• Fortalecendo o Poder Executivo.

CF 1946 • Cria-se a ADI de competência originária do STF, para


processar e julgar originariamente a representação de
inconstitucionalidade da Lei;
• Possibilidade de controle concentrado no âmbito estadual.
CF 1967 • Manteve-se a característica da duplicidade dos modelos
adotados no Brasil com a preservação do controle difuso e a
subsistência da representação de inconstitucionalidade (ação
direta de inconstitucionalidade), como acima referido.

CF 1988 • Mantido modelo misto (concreto e abstrato) de controle da


constitucionalidade, o dito controle abstrato/concentrado
ganhou força, superando definitivamente o controle
concreto/difuso.
• Criação da Ação Declaratória de Constitucionalidade;
• Criação da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão;
• Criação da Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental ;

• Espécies de Inconstitucionalidade:

A. Inconstitucionalidade por ação: Em inconstitucionalidade por ação


(positiva ou por atuação), enseja a incompatibilidade vertical dos atos
inferiores (leis ou atos do Poder Público) com a Constituição.

B. Inconstitucionalidade por omissão: Decorrente da inércia legislativa na


regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.

C. Inconstitucionalidade formal: Ocorre quando lei possui algum vício em


seu processo de formação, vale dizer, no processo legislativo de sua
elaboração, ou, ainda, em razão de sua elaboração por autoridade
incompetente. Divide-se em:
‣ Orgânica: A lei é inconstitucional formalmente quando ocorre a
inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato. Ex:
Lei Municipal não pode tratar do uso de cinto de segurança pois é
competência da União legislar sobre trânsito e transporte;

‣ Formal Propriamente Dita: Inobservância do devido processo


legislativo. Divide-se em:

1. Vício formal subjetivo: Verifica-se na fase da iniciativa. Ex: Lei como


iniciativa exclusiva do Presidente da República que o CN tentar iniciar;

2. Vício formal objetivo: Vício posterior a fase de iniciativa. Ex: Aprovação


de EC sem o quórum mínimo;

D. Inconstitucionalidade Material: Aquele ato normativo que afrontar


qualquer preceito ou princípio da lei maior deverá ser declarado
inconstitucional, por possuir um vício material.

Inconstitucionalidade Inconstitucionalidade
Formal Material
(Nomodinâmica): (Nomoestática):
Afronta ao devido processo Vício de matéria, de
legislativo de formação do conteúdo, a ideia que passa
ato. é de vício de substância.
E. Vício de decoro parlamentar: Comprovada a existência de compra de
votos, haveria mácula no processo legislativo de formação das emendas
constitucionais a ensejar o reconhecimento da sua inconstitucionalidade.
(Tese defendida por Pedro Lenza).

• Estado de Coisas Inconstitucional: Presente quadro de violação massiva


e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais
e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas
abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária. Ex:
Deve o sistema penitenciário nacional ser caracterizado como estado de
coisas inconstitucional.

• Momentos de Controle:

A. Prévio ou Preventivo: Realizado durante o processo legislativo de


formação do ato normativo. Divide-se em:

‣ Realizado pelo Legislativo: O legislativo verificará, através de suas


comissões de constituição e justiça se o projeto de lei contém algum
vício a ensejar a inconstitucionalidade.

‣ Realizado pelo Executivo: Dar-se-á através do veto quando considerar


inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao interesse público (veto
político).
Atenção:
• O veto será apreciado em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento,
podendo ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores, em votação ostensiva, ou seja, por voto “aberto”.

‣ Realizado pelo Judiciário: Busca garantir ao parlamentar o respeito ao


devido processo legislativo, vedando a sua participação em procedimento
desconforme com as regras da Constituição. É intentado via Mandado de
Segurança sendo legitimidade exclusiva do parlamentar.

Atenção:
• Perda superveniente do mandato parlamentar desqualifica a
legitimação ativa do congressista;
• O controle do Judiciário abrange somente a garantia de um
procedimento em total conformidade com a CF, não lhe cabendo
regular aspectos discricionários;
• Normas Constitucionais Interpostas: Se as normas constitucionais
fazem referência expressa a outras disposições normativas, a violação
constitucional pode advir da violação dessas outras normas que muito
embora não sejam formalmente constitucionais, vinculam os atos e
procedimentos legislativos.
B. Posterior ou Repressivo: Será realizado sobre a lei, e não mais sobre o
projeto de lei, como ocorre no controle preventivo. Divide-se em:

‣ Controle Político: Verifica-se em Estados onde o controle é exercido por


um órgão distinto dos três Poderes, órgão esse garantidor da
supremacia da Constituição. Tal sistema é comum em países da Europa,
como Portugal e Espanha, sendo o controle normalmente realizado pelas
Cortes ou Tribunais Constitucionais.

‣ Controle Jurisdicional: O sistema de controle jurisdicional dos atos


normativos é realizado pelo Poder Judiciário, tanto por um único órgão
(controle concentrado) — no caso do direito brasileiro, pelo STF e pelo
TJ — como por qualquer juiz ou tribunal (controle difuso), admitindo,
naturalmente, o seu exercício por juízes em estágio probatório, ou
seja, sem terem sido vitaliciados, bem como por juízes dos juizados
especiais. Aplicado em regra no Brasil.

‣ Controle Legislativo: Competência exclusiva do Congresso Nacional


sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa através de decreto
legislativo.

‣ Controle Executivo: Por sua chefia — e isso mesmo tem sido questionado
com o alargamento da legitimação ativa na ação direta de
inconstitucionalidade —, podem tão só determinar aos seus órgãos
subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou
atos com força de lei que considerem inconstitucionais.
‣ Controle do TCU: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições,
pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

• Sistemas de Controle de Constitucionalidade:

A. Sistema Difuso: A possibilidade de qualquer juiz ou tribunal,


observadas as regras de competência, realizar o controle de
constitucionalidade.

B. Sistema Concentrado: O controle se concentra em um ou mais de um


órgão. No Brasil o sistema é concentrado no STF no âmbito da
Constituição Federal e no Tribunal de Justiça no âmbito da Constituição
Estadual.

• Vias de Controle de Constitucionalidade:

A. Via incidental: O controle é exercido como questão prejudicial e


premissa lógica do principal.

B. Via Principal: A análise de constitucionalidade da lei será o objeto


principal, autônomo e exclusivo da causa.

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