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SERIE EXUCAGAO MariA ApARECIDA CorIA-SABINI PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Maria ApaRecips COrtA-SABINT fnucsans tr Bectberes 4 Chincins Eieeas ae da Usesp, Silo Jind de Rio Prem (SFI Questérs, 135 TEXTO PARA LETURA E Discussic, 137 (QUESTOES SOBRE © TEXTO, 139 opine) AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SEUS REFLEXOS NA PRATICA PEDAGGGICA — PARTE II Ateoria de Jean Piaget do desenvolvimento cognitive Os estigios de desenvolvimento Criticas 4 teorla de Piaget Aaplicagio da teoria de Piaget ao ensino Anidice do frcace ecolar segunds Piaget, 48 Arres comiuns na apticagde da teoria de Piaget, 149 Ateoria de Vygotsky do desenvolvimento cognitive ‘O papel ca linguagem no desenvolvimento da crianga Aclaboragio de conceites no processo de desenvolvimento A posigie de Vygotsky com relagdo 4 universalidade clos estagios As aplicagies da teoria ce Vygotsky ao ensing ‘Quesrdes, 159 TEXTO PARA LEITURA E DISCUSSA0, 161 ‘QUESTOES SOBRE O TEXTO, 162 — 1 O EsTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO O)seconoriners umnne um processo longo e gradual de mudancas. Neste processo, cada pessoa, d sua maneina ¢ no seu tempo, da sentido a sua vida, Presente, passado ¢ futuro sdo demarcagdes individuais da existéncia. Somos capazes de descrever nossa vida cotidiana, relembrar nossa infancia e enumerarnossos planos para o futuro, Ao tentarmos lembrar qualquer fato de nossa vida, a narragaio comumente vem seguida da frase: “Que coisa incrivel, parece que foi ontem que isso aconteceu", © tempo tem um fluxo constante, mas sua onganizagio e ritmo sdo criados por nossos pensamentos e atividades. Quando estamos na sala de espera de um consultério médico, os minutos passam lentamente. No entanto, ficamos duas ou wés horas conversando com amigos no bar sem perceber o tempo passar. A vida ¢ os valores de uma pessoa s6 podem ser compreen- didos se considerarmos o contexte histérico de sua existéncia. Um homem nascido em 1940 tem uma historia diferente de outro nascido em 1970. Assim, qualquer acontecimento recente sera interpretado de acordo com o modo de pensar de cada um, 3 me CAPITIS 1 Além da dimensao individual, o tempo tem também uma dimensio social. Cada sociedade divide a existéncia em periodos (infincia, adeolescéncia e idade adulta, por exemple) ¢ cria um sistema de comportamento apropriado para cada um. Na nossa sociedade, a infincia é o tempo de brincar, a adolescéncia é otempode escolheruma profissao, a idade adulta é 0 periodo de criar raizes na terra, ou seja, trabalhar, constituir familia, acumular bens, ¢ a velhice é o tempo de descansar, Os padres normatives* da sociedade para regulagem da existéncia humana siio seguidos de maneira mais ou menos consciente pela maioria de seus membros. Dessa forma, as expectativas de comportamento para cada idade acabam se tormande um sistema de controle da conduta individual, Homens¢ mulheres se tornamconscientes do “relogio social” que comanda as varias dreas de suas vidas. Isso faz com que avaliem se estio ou nao na idade apropriada, segundo os pa- drées de sua sociedade, para a realizagdo de tarefas ou ativida- des, Por exemplo, o pensamento inicial de uma pessoa que, aos 45 anos, gostaria de ingressar em um curso superior sera “E tarde para isso”. Embora todos reconhegam os periodos utilizados pela socie- dade para dividir a existéncia humana, o inicio ¢ o término de cada um nio io claramente definidos. Para uma crianga, o velho- &éuma pessoa com 30 anos. Para o adulto, velha é uma pessoa com mais de 60 anos. Para uma pessoa com 60 anos, a velhice é um estado de espirite. Os estudiosos do desenvolvimento também estio interessa- dos na relacgdo entre o tempo ea existéncia humana, procurando descrever e explicar as mudangas que ocorrem nos modos de pensar, sentir e agir ao longo da vida, Se observarmos um bebé em seu bergo, veremos quio pra- zerosamente ele se ocupa no exercicio das habilidades que * As palavras ¢ expressies com asterisens esto explicadas ne glosskrio, no final do lives, CO ISTUDO 10 DESENVOLWIMENTIO HUMANE ii acabou de deseobrir. Ele chuta o bergo, observa as m4os ¢ os pés, faz movimentos ritmicos coma cabeca etc, Depois de algum tempo, quando comega a engatinhar, ele passa a explorar o ambiente 4 sua volta, a prestar atengao nas brincadeiras dos adultos ea se interessar pelos objetos que lhe so. dados. A seguir vem o andar e o universo da crianga novamente se amplia, A partirdos. dois anos, quando comegam as brincadeiras emgrupo, ela sente a necessidade da presenga de outras criancas, ¢ assim sucessivamente. Campo de estudo da Psicologia do Desenvolvimento Sido frésos objetiposda Psicologia do Desenvolvimento: © primefro consiste na descrigao da génese das condutas psicomotoras, afetivas, cognilivas ¢ sociais, ¢ do processo de mudanca dessas condutas ao longe da vida, © seguidorefere-se 4 descoberta dos fatores, mecanismos ¢ processos responsiveis pelo aparecimento das condutas e das mudancas, O terceiro diz respeito ao estabelecimento de periodas criti- cos ne processo de desenvolvimento. Primeiro objetivo: descricuo da génese e¢ da mucdanca das condutas Em Psicologia, muitos estudos se restringema uma dimensdo temporal limitada e imediata, pois seu objetivo é estabelecer relagdes entre os eventos do ambiente © o comportamento humano, Por exemplo, se observarmos uma pessoa rindo, poderemos: querer saber para quem ou por que ela ri. A resposta 4 questo por que a pessoa ri levou os pesquisadores a iniciarem o estudo: pelo sorriso, que é a primeira manifestacao dessa emogao. Essa resposta envolve nao sd a descoberta dos fatores ambientais az carn y imediatos. que provecaram o riso, como também dos sentimentos € pensamentos da pessoa naquele momento, tornmando-a assim sensivel a certos aspectos do ambiente. A resposta a essas ques- tées, embora possa levar ao estudo das emocdes, sentimentos, percepcio etc., estard sempre restrita 4 situagio presente ¢ 4 condigao momentinea do individuc em questao, Essa delimita- io temporal constitui um core na vida do individuo, ou seja, o que esti senco focalizado é uma pequena parcela de sua existéncia, No entanto, o pesquisador poderia se perguntar quando ¢ como s¢ origina o sorriso e quais alteragdes oconrem nele ao longo das idades. Essa pergunta desloca o interesse para o desenvolvimento do sorriso-e suas relagdes com fatores extermos ou internos no decorrer da vida individual, Desde os primeiros dias de vida, o bebé pode apresentaruma expressdo facial que envolve a distensio ¢ abertura dos libios, semelhante ao que ocorre no serriso, No entanto, a andlise das circunstancias em que este comportamento ocorre levou os pes- quisadores a concluirem que essas reagGes no so sorrisos, mas éspasmos que aparecem em estados de sono ou sonoléncia e, com, muita frequéncia, inediatamente apés a mamada, Na maior parte das vezes, o bebé est com os olhos fechados e aparentemente mio s¢ encontra atento aos estimulos do mundo externo, Os verdadeiros sorrisos embora fugidios, aparecem por volta da terceira semana de vida. Sito provocados por estimulagio externa, principalmente auditiva, como, por exemplo, a voz humana, o som do chocalho, de sininhos etc. O sorriso vai se tomando mais complexo (tanto em termos de estimulagio como de reacio) até que, por volta da sexta semana de idade, a face humana passa a sero estimulo mais eficaz para seu aparecimen- to. A expressio facial da crianga, nesta situagio, & facilmente caracterizavel ¢ sua forma sofrera pouca modificacao na intensi- dade, na frequéncia e na especificidade dos estimules que pro- vocam 0 soriso. Por volta dos sete meses, por exemplo, o bebé sori diferencialmente para as pessoas com as quais esta mais familiarizado. (OO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ag A face humana, no entanto, ndo é o Gnieo estimulo capaz de provecar o sorrise do bebé, Esta reagdo pode ocorrer também para eventos ligeiramente diserepantes do conhecido ou do esperado, como, por exemplo, o surgimento de um boneco de dentro de uma caixa. Considerando o sorriso do bebé como exemplo, vamos dis- cutira natureza do desenvolvimento, Perguntas como: Quando o sorriso aparece pela primeira vez? Quais sio os fatores que provocam essa primeira aparigic? Quais sio as mudangas que ocomrem no sorriso e na estimulagio ao longo da idade? Que processos estio subjacentes a essas mudangas? permearam a5 pesquisas evolutivas sobre o sorriso. Essas questées levam nio.s6 ds deserigges precisas do sorriso- de criangas de diferentes idades, como também a detenminagio- precisa das mudancas ao longo da vida. No entanto, as investi- gagdes ndo param ai. E preciso ainda explicar por que as modi- ficagGes ocorrem, ou seja, determinar os fatores, processos ¢ mecanismos responsiveis por elas. Esses tipos de questGes caracterizam o campo da Psicologia do Desenvolvimento € conduzem nao 36 a estudos descritivos, como também explicatives do comportamento humanoao longo da vida. Segundo objetivo: fatores que afetam o desenvolcimento das condutas Tradicionalmente, as discussOes sobre os fatores responsa- veis pela génese das condutas e pelas modificagdes que elas sofrem ao longo da vida dicotomizaram’* esses fatores em gené- ticos e ambientais. Tal dicotomizagao tem sido constante quando se considera a historia da Psicologia. Assim, em cada momento a dicotomizagado aparece com rétulos diferentes, tais coma com- portamento inato ou aprendido, comporamento instintive ou inteligente, processos de maturagio ou de aprendizagem etc,

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