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PCA/PRAD

PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL


E
PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA
DEGRADADA

NORTE MINERAÇÃO LTDA

Santa Cecília
DNPM: 890.002/1989

Julho/2009
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO..............................................................................4
2 OBJETIVOS..................................................................................5
3 SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO........................................................6
4 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA..........................................7
4.1 Introdução...................................................................................................7
4.2 Clima............................................................................................................7
4.3 Relevo...........................................................................................................8
4.4 Pedologia.....................................................................................................9
4.5 Drenagem e Recursos Hídricos..........................................................10
4.6 Infra-estrutura de acesso.....................................................................11
4.7 Uso anterior da área..............................................................................12
4.8 Benfeitorias públicas, povoados e cidades.....................................14
5 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA JAZIDA.............................15
5.1 Introdução.................................................................................................15
5.2 Fatores comerciais da jazida..............................................................16
5.3 Caracterização física do material......................................................17
5.4 Rejeito/Estéril..........................................................................................18
6 CARACTERIZAÇÃO DOS TRABALHOS DE LAVRA......................21
6.1 Introdução.................................................................................................21
6.2 Método de lavra.......................................................................................21
6.3 Trabalhos preliminares de lavra........................................................22
6.4 Operações unitárias de lavra..............................................................28
7 EQUIPAMENTOS E INSUMOS A SEREM UTILIZADOS:..............33
7.1 Definições e dimensionamento..........................................................33
7.2 Equipamentos..........................................................................................33
7.3 Insumos.....................................................................................................34
8 FATORES AMBIENTAIS CONSIDERADOS E MEDIDAS
MITIGADORAS..................................................................................35
8.1 Impacto visual.........................................................................................35
8.2 Impactos sobre o solo............................................................................39
8.3 Impactos sobre os recursos hídricos...............................................42
8.4 Impactos pela geração de ruídos e poeiras....................................46
8.5 Impactos sobre o meio antrópico......................................................48
9 CRONOGRAMA...........................................................................50
10 CONCLUSÕES........................................................................51
11 ANEXOS..................................................................................52
11.1 Relatório fotográfico...........................................................................52
11.2 Planta de localização da área.........................................................52
11.3 Conformação final do terreno.........................................................52
11.4 Vistas 3D da conformação final do terreno...............................52
11.5 Croqui da operação dos depósitos de rejeitos...........................52
11.6 Seções do avanço da frente de lavra............................................52
11.7 Planta do sistema de drenagem.....................................................52
11.8 Croqui da perfuração secundária.................................................52
11.9 ART’s do responsáveis técnicos pelo PCA...................................52

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11.10 PRAD – Plano de recuperação da área degradada...................52

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1 INTRODUÇÃO

A Norte Mineração é uma empresa de médio porte que opera na região de


Água Doce do Norte em um único processo DNPM, extraindo o material
conhecido comercialmente como Santa Cecília. O objetivo deste
licenciamento é a obtenção das Licenças Ambientais da área que foi cedida
para a empresa Água Doce Participações Ltda, CNPJ 09.110.591/0001-24,
cuja cessão após aprovada pelo DNPM passará a vigorar sob o número
897.034/2007. A obtenção destas licenças permitirá a conclusão da
tramitação desta cessão parcial junto ao DNPM. Ambas as empresas estão
cientes de suas responsabilidades perante os órgãos ambientais e minerários
e apenas iniciarão as atividades amparados totalmente pelas leis que regem
a mineração.
A Norte Mineração já conta com um pedido de Licença Prévia para a área
total do processo DNPM 890.002/1989, através do processo IEMA
3727.8089. O empreendimento alvo deste licenciamento é uma mina de
encosta, onde se pretende extrair granito destinado a revestimento, através
do método do corte em costura com apoio do fio-diamantado.

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2 OBJETIVOS

A empresa NORTE MINERAÇÃO vem apresentar este Plano de Controle


Ambiental com o objetivo de obter as Licenças Ambientais para extração
mineral de granito com fins ornamentais. O PCA e o PRAD visam
caracterizar a nova área a ser licenciada, determinar os impactos causados a
ela e as medidas necessárias para eliminar ou mitigar estes impactos, além
de determinar a forma e os prazos para a reintegração da área ao meio
ambiente após o término das atividades.

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3 SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO

Trata-se de uma área de 3,7 hectares, delimitada por um polígono irregular


de 6 (seis) lados, cujos vértices estão na tabela a seguir, inserida no processo
DNPM 890.002/1989, no córrego do Garfo, zona rural do município de Água
Doce do Norte, região noroeste do Estado do Espírito Santo.

Coordenada E Coordenada N
286.978,7 7940.355,2
286.978,7 7940.483,3
287.067,1 7940.483,3
287.154,2 7940.363,2
287.154,9 7940.294,1
287.089,5 7940.240,9
286.978,7 7940.215,3

Tabela 1: Limites da poligonal a ser licenciada em SAD 69

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4 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA

4.1 Introdução

Água Doce do Norte ainda não foi tão impactada pela mineração de rochas
ornamentais, assim como outras cidades da região como Barra de
São Francisco, Vila Pavão, Ecoporanga e Nova Venécia. Porém, a região do
Córrego do Garfo conta com duas áreas em operação e outras muitas
empresas em fase de licenciamento, o que fará com que esta localidade se
torne uma referência regional para o granito Santa Cecília.

4.2 Clima

O clima predominante no norte do Espírito Santo é o quente úmido, com


cerca de três meses secos (junho a agosto) com variações para semi-úmido.
A região noroeste do Estado apresenta um clima bastante seco, com um
período seco maior que a média estadual, se estendendo entre os meses de
maio e outubro. O índice pluviométrico varia anualmente de 600 a
1.000 mm, sendo a maior concentração nos meses de novembro a março.
Neste período, nas regiões mais baixas do município de Água Doce do Norte,
ocorrem inundações ocasionando grandes problemas sociais para a cidade.

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4.3 Relevo

Água Doce do Norte é caracterizada por apresentar muitos morros e


montanhas, com muitos destes superando os 600 m de altitude. Grande
parte destes morros e montanhas são de rochas aflorante o que gera uma
configuração conhecida como mar de morros. Grande parte destes morros
apresenta inclinação média variando entre 45º a 90º. A altitude de referência
do município é a 250 m, havendo algumas pequenas planícies nesta cota,
incluindo a sede municipal.
O local onde se pretende executar a lavra é uma montanha com 320 metros
de altura e uma inclinação média de 42,2%. A lavra ocorrerá no seu terço
inferior (cota 320) e prosseguirá até uma parte do seu terço médio (cota 400).
No local onde serão executadas as atividades (cota 320 a 400), a inclinação
média é de 74,3%, equivalente a 36,6º. Após a cota 400 a montanha fica
mais inclinada dificultando significativamente o avanço da lavra.

Foto 1: Relevo da região de Água Doce do Norte


Fonte: Ministério do Turismo

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4.4 Pedologia

O solo da região de Água Doce do Norte é bastante fraco do ponto de vista de


formação, devido ao tipo de rochas de sua gênese. Os solos da região, de
maneira geral, apresentam características arenosas e camadas pouco
espessas, sendo comumente classificados como Latossolo Vermelho Amarelo
Distrófico.
No local onde pretende-se desenvolver as atividades de lavra a rocha
encontra-se totalmente aflorante, não havendo portanto uma grande
necessidade de movimentação de solo. Da área total impactada pelo
empreendimento cerca de 70 % apresenta uma cobertura de solo
(2,4 hectares). Este local que apresenta uma cobertura de solo será utilizado
como área de empréstimo e depósito de rejeitos. O tipo de solo deste local é o
Latossolo Amarelo Distrofico, com uma fina camada de argila sobreposta
representando o pequeno “horizonte B” do solo.

Foto 2: Vista de detalhe do solo existente no local

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4.5 Drenagem e Recursos Hídricos

A drenagem de grande parte de Água Doce do Norte, apresenta um padrão


variando entre o paralelo e o retangular, encaixado nas falhas geológicas,
orientadas praticamente N20W. Este tipo de padrão revela o intenso
falhamento geológico existente na região e a resistência a erosão química do
material.
A área onde pretende-se executar a lavra fica a oeste do córrego do Garfo e a
leste de um de seus afluentes sem nome. O córrego do Garfo é de segunda
ordem até as proximidades da futura lavra. A sudeste, já a mais de
1.700 metros da área a ser licenciada, o afluente sem nome encontra o
Córrego do Garfo, transformando-o em um córrego de 3ª ordem. As águas do
Córrego do Garfo, deságuam no Rio Cricaré e logo encontram o braço sul do
Rio São Mateus. Por sua vez, o Rio São Mateus percorre uma longa distância
até o Oceano Atlântico, cruzando pelas cidades de Nova Venécia e São
Mateus.
Ao sul da área a ser licenciada, existe um ponto de nascente
(287.025/7940.175), na propriedade dos herdeiros do Sr. Antônio de Souza,
este ponto, assim como sua área de preservação permanente (APP), será
preservado durante as atividades de lavra.

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Figura 1: Mapa da hidrografia de Água Doce do Norte
Fonte: IEMA

4.6 Infra-estrutura de acesso

A melhor forma de acesso a área é partindo da sede municipal de Barra de


São Francisco. Da sede de Barra de São Francisco toma-se a ES 080, sentido
Água Doce do Norte por 17,0 km, em estrada asfaltada, com relevo
ligeiramente ondulado até o povoado de Governador Lacerda de Aguiar
(coordenada 295.490/7938.060). Neste ponto, toma-se a esquerda por uma
estrada de chão batido, em boas condições por 8,5 km até o povoado de Café
Ralo (coordenada 289.170/7935.600), durante todo este trecho a área
encontra-se em uma pequena planície margeando diversos córregos. No
povoado de Café Ralo, toma-se a direita, rumo ao norte, sentido ao córrego
do Garfo, por estrada de chão batido por mais 5,4 km até a entrada da
propriedade rural do Sr. José Anacleto Chaves (coordenada
287.650/7940.665). A propriedade do Sr José Anacleto Chaves é de fácil
localização pois é um dos primeiros pontos de onde se pode observar a atual
frente de trabalho da Norte Mineração. Neste ponto, toma-se a esquerda,

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para se entrar na propriedade do Sr. José Anacleto Chaves, em uma subida
ingreme. A partir da propriedade do Sr José Anacleto Chaves os acessos
começam a ficar mais inclinados e necessitarão de melhorias para o início
das atividades.
Como descrito anteriormente o acesso necessitará de melhorias como
alargamento da pista, nivelamento e abertura de caixas de retenção de
sedimentos. Estas melhorias estão descritas a seguir assim como as medidas
mitigadoras dos seus impactos.

Foto 3: Vista de parte do acesso a área a ser licenciada

4.7 Uso anterior da área

A mina será instalada em uma encosta sem uso para os proprietários rurais.
Como não há solo no local não existem plantações ou criação de animais. O
depósito de rejeitos será instalado sobre uma antiga plantação de cana, que
posteriormente foi transformada em pastagem e atualmente encontra-se
abandonada. Neste local existem algumas pequenas espécies pioneiras em
estágio inicial de regeneração. A recuperação desta área está um pouco
comprometida pela presença de capins que acabam por sufocar o
crescimento das espécies arbóreas e arbustivas.

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O local do acesso por sua vez, já é utilizado como acesso interno da
propriedade necessitando, apenas, a abertura de pouco mais de 50 metros
em área de pastagem abandonada.

Foto 4: Vista do local da futura lavra, desprovido de vegetação

Foto 5: Vista do atual uso da área do futuro depósito de rejeitos

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4.8 Benfeitorias públicas, povoados e cidades

A mina será instalada em um local onde não existe nenhum tipo de


benfeitorias publicas tais como escolas, hospitais, povoados, vilas tampouco
cidades a menos de 2,4 km em linha reta. O povoado mais próximo é a
comunidade do córrego do Garfo, distante cerca de 3,0 km pela estrada.
Apesar do empreendimento estar relativamente “próximo” da comunidade do
Garfo não ocorrerá nenhum tipo de impacto visual, visto que há um morro a
sul da área que interrompe a visão da localidade.

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5 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA JAZIDA

5.1 Introdução

A área do processo 890.002/1989 está localizada na chamada unidade


Carlos Chagas, pertencente ao complexo ígneo metamórfico conhecido como
“complexo Paraíba do Sul”. Este complexo geológico se estende do Rio de
Janeiro até o norte do estado do Espírito Santo, com um grande número de
intrusões carbonáticas, graníticas e eventos estruturais. As evoluções
geológicas regionais são bastante complexas devido a diversos eventos
estruturais ocasionados durante o período de formação desta rocha. Os
trabalhos de pesquisa geológica foram desenvolvidos pela antiga titular
(Monte Horeb) e entregues ao DNPM anteriormente a compra da área.
O principal mapeamento regional executado no local foi o Projeto Leste da
Comig/2002 que descreveu em detalhes a geologia da região. No Projeto
Leste foi proposta a denominação informal de Leucogranito Carlos Chagas
para as rochas graníticas dominantemente leucocráticas, e mais raramente,
mesocráticas, de granulação geralmente grossa com estrutura augen, às
vezes de granulação média a fina, normalmente foliados, às vezes dobrados e
transpostos por zonas de cisalhamento.

Figura 2: Mapa Geológico Regional - Projeto Leste

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5.2 Fatores comerciais da jazida

A jazida apresenta uma reserva medida lavrável de mais de 150.000 m3,


equivalente a mais de 400.000 t de granito sob forma de maciço rochoso. O
termo reserva medida lavrável refere-se a reserva medida mais um fator de
aproveitamento (50% neste caso). Respeitando os níveis de produção
proposto (11.117 t/ano = 350 m3/mês) a vida útil da jazida será, cerca de
35 anos.
Comercialmente, o material é conhecido como “Santa Cecília” e apresenta
um valor comercial médio de R$ 442,86/m 3. Este valor médio é adotado
devido a projeção das vendas e da expectativa de classificação. A seguir
pode-se observar a tabela com a classificação, porcentagem e valor de venda
do material proveniente desta jazida.

Classificação Descrição do material Valor de


Produção
Venda
/Qualidade (m3/mês)
(R$)

Primeira Material totalmente homogêneo, 750,00 75


sem presença de trincas, veios ou
xenólitos

Segunda Material parcialmente homogêneo, 400,00 200


sem presença de trincas ou
xenólitos, com um único veio
paralelo a uma das faces do bloco,
ou com altura inferior a 1,6 m

Comercial Material parcialmente homogêneo, 250,00 75


com pequenas trincas ou xenólitos,
com um ou mais veios
perpendiculares entre si ou com
volume inferior a 5 m3

MÉDIA PONDERADA/TOTAL 442,86 350


Tabela 2: Classificação e valor de venda do material

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5.3 Caracterização física do material

Nome Comercial:
 Granito Amarelo Santa Cecília
Descrição macroscópia:
 Granito branco, maciço, de granulação geral média a grossa, exibem
alguns fenoblastos tabulares de feldspatos, dispersos de até 1.0 cm.
Finos cristais de granada vermelha, estão disseminados.

Foto 6: Vista de detalhe do material da frente de lavra

Classificação petrografia:
 Leucogranito

Mineralogia:
 34% de Feldspato;
 25% de Quartzo;
 20% de Plagioclásio;
 10% de Biotita;
 7 % de Granada;

 4% de Acessórios.
O litótipo dominante é um leucogranito constituído principalmente de
quartzo e feldspato e, em menor quantidade, biotita, e freqüentemente
granada e sillimanita e mais raramente cordierita. A granada pode

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apresentar-se em cristais milimétricos ou em agregados de até 10 cm. A
sillimanita ocorre em finos cristais aciculares, geralmente incolor e associada
à biotita. A cordierita é geralmente encontrada em agregados formando
manchas de cor verde-escuro e lilás no meio de uma massa esbranquiçada
quartzofeldspática isotrópica. A rocha apresenta estrutura isotrópica a
foliada, às vezes dobrada, com zonas de cisalhamento. Subordinadamente
ocorrem corpos de leucogranito porfirítico, com megacristais de feldspato
com até 5 cm de comprimento e corpos métricos de rocha calcissilicática.

Parâmetros tecnológicos básicos:


 Massa Específica: 2,647 t/m3
 Flexão: 7,21 MPa
 Compressão simples: 107,00 MPa
 Desgaste Amnsler: 0,32 mm/km

Recuperação média da Jazida:


 50%*
* Existe uma grande variação da recuperação da jazida, em função da posição da lavra, pois a
capa do material costuma ficar muito alterada, diminuindo assim significativamente a
recuperação. Outro fator importante na recuperação é a presença de xenólitos e sill’s ao longo
de determinados pontos do maciço.

5.4 Rejeito/Estéril

5.4.1 Geração de rejeitos

Devido as características do mercado de rochas ornamentais apenas cerca


de 20 a 60% do material extraído da rocha é considerado minério ou “com
potencial de vendas”. Na mina em questão estima-se um aproveitamento de
50% do material para rocha ornamental, fator este considerado normal para
a maior parte dos empreendimentos do setor. Devido ao fato exposto
anteriormente metade do material rochoso movimentado vira rejeito ou
estéril, ou seja 350 m3/mês.

5.4.2 Depósito de rejeito

Será construído um único depósito de rejeitos na mina, localizado a jusante


da frente de lavra, entre as coordenadas:

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COORDENADA E COORDENADA N
287.059,8 7940.385,2
287.023,0 7940.376,4
286.979,5 7940.391,8
286.979,2 7940.232,6
287.089,5 7940.241,0
287.155,0 7940.294,1
287.149,7 7940.362,1
287.111,3 7940.365,1
287.112,2 7940.370,5
287.095,8 7940.424,2
287.064,6 7940.410,6
Tabela 3: Limite da área utilizada como depósito de rejeitos

Este depósito deverá ter uma capacidade de armazenar os rejeitos da mina


por no mínimo 10 anos. Estimando uma produção de 350 m3/mês de
rejeitos, teremos um total de 42.000 m3 em 10 anos. Após este período deve
ser analisada a viabilidade de compra de um caminhão fora-de-estrada
(atualmente avaliado em R$ 900.000,00) para a deposição de rejeitos em
uma área mais favorável, a sudoeste da frente de lavra.
O depósito de rejeitos será construído pelo método downstream, ou seja de
cima para baixo. Este não é a melhor metodologia, ambientalmente falando,
porém é a única que pode ser aplicada no local, devido a inclinação do
terreno. A vantagem deste método é a possibilidade de formação de uma
praça de trabalho larga em um curto prazo.
O depósito de rejeitos terá uma altura de até 55 metros, divididos em
5 patamares de 10 metros, com bermas de 6 metros de largura entre cada
patamar. Com esta configuração, o depósito de rejeitos ocupará uma área
total de 24.000 m2 (170 metros de largura versus 200 metros de
profundidade). O ângulo de face dos taludes será de 45º e o ângulo final do
talude será de aproximadamente 33º, conforme pode ser visto na figura a
seguir. Nos próximos capítulos, estão apresentadas as medidas mitigadoras
e de controle para a operação deste depósito de rejeitos.

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6,0 m

10,0 m

45° 33°

Figura 3: Perfil esquemático do depósito de rejeitos

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6 CARACTERIZAÇÃO DOS TRABALHOS DE LAVRA

6.1 Introdução

A lavra nesta mina ocorrerá como a grande maioria das minas da região, ou
seja, uma lavra de encosta no terço médio de um maciço rochoso. Por se
tratar de um local com bastantes restrições técnicas a lavra deverá ser
acompanhada com um grande rigor técnico e sempre visando a recuperação
ambiental e a continuidade dos serviços. A ganância na lavra desta jazida,
pode inviabilizar o empreendimento, devido as dificuldades de inclinação
apresentadas pela mesma. Cabe salientar que estas dificuldades são uma
espécie de garantia para os órgãos fiscalizadores, que saberão que se as
normas não forem cumpridas a empresa não poderá dar continuidade as
atividades no local.

6.2 Método de lavra

O método de lavra escolhido para a extração nesta mina é uma mistura de


dois métodos consagrados o quarry mining (lavra em encosta) e o corte em
costura. Inicialmente, a mina operará com a lavra de encosta com degraus
curtos com auxílio do corte em costura com fio diamantado. Nesta
metodologia serão executadas aberturas perpendiculares na rocha que
permitirão a extração de bancadas (regionalmente conhecidas como
pranchas) para a posterior formação dos blocos. Posteriormente, com a
restrição do espaço e o aumento da altura das bancadas, as primeiras
bancadas deverão ser soterradas com rejeitos para facilitar o acesso na parte
superior do maciço.
O sentido da lavra será de leste para oeste, enquanto o avanço será em
direção a nordeste (montante) até o limite da cota 400. As operações
unitárias básicas de lavra envolvidas são: desmonte primário (corte com fio-
diamantado e furações longas); tombamento da bancada (prancha); furação
secundária; desmonte secundário (formação de blocos); carregamento e
armazenamento. As operações de apoio estão ligadas a remoção do estéril,
sendo elas: decapeamento do depósito de rejeitos; carregamento, transporte

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e deposição de rejeitos. A seguir cada uma das operações unitárias será
descrita detalhadamente.

6.3 Trabalhos preliminares de lavra

Como a jazida está aflorante, os trabalhos preliminares de lavra estão


ligados a formação de uma infra-estrutura básica para os serviços de lavra.
Os trabalhos preliminares da lavra desta jazida serão os seguintes:

 Abertura de acessos;
 Instalação dos serviços de água, energia e ar-comprimido;
 Construção das obras de apoio;
 Formação da praça de trabalho;
 Seleção da frente inicial e avanço da lavra;
 Construção do depósito de rejeitos e da área de empréstimo;

 Instalação do sistema de drenagem.


A seguir está descrito detalhadamente cada uma destas atividades.

6.3.1 Abertura de acessos

Como descrito anteriormente, o local da futura frente de lavra já apresenta


um acesso definido que ligará a frente de lavra até o acesso principal. Este
acesso atualmente não apresenta condições de tráfego para equipamentos
pesados, porém com poucas melhorias atenderá as necessidades da
empresa. O acesso que será utilizado parte da sede da propriedade do Sr.
José Anacleto Chaves, próximo as coordenadas 287.590/7940.520/225 e vai
até as coordenadas 287.139/7940.350/335, percorrendo uma distância de
580 metros. A inclinação média deste acesso é de 19%, ou seja 4% acima do
recomendado para caminhões e dentro do limite dos equipamentos de lavra.
Para a adequação do acesso serão necessárias as seguintes melhorias:
 Alargamento da pista de 3,5 m para 6,0 m, possibilitando assim a
passagem de dois caminhões;
 Redução da inclinação média para 15%, elevando o cumprimento total
do acesso para 735 metros;
 Construção de caixas de retenção de sedimentos ao longo da pista a
cada 75 metros.

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A empresa estuda junto aos herdeiros do Sr. José Anacleto Chaves a
abertura de um novo acesso, a sudoeste da mina. Este acesso diminuiria a
distância percorrida pelos caminhões e equipamentos em cerca de
50 metros, porém a inclinação média da pista passaria para menos de 15%,
o que representa uma grande segurança para os operadores destes
equipamentos. As características da pista deverão ser mantidas próximas a
da outra, ou seja, uma inclinação de até 15%; largura de até 6 metros; e
caixas de retenção de sedimentos a cada 75 metros. Porém, além da redução
da distância percorrida e da inclinação o novo acesso terá apenas 1 curva, o
que representará uma segurança imensurável para as pessoas envolvidas no
transporte dos blocos. Em anexo, nas plantas pode-se observar a localização
dos dois acessos.

6.3.2 Instalação dos serviços de água, energia e ar-comprimido

Concluído o acesso iniciarão os serviços de infra-estrutura de lavra, ou seja,


a instalação dos serviços de abastecimento de água, energia e ar-
comprimido.
 A captação de água será executada no braço oeste do córrego do
garfo, através de bomba elétrica em superfície, próximo as
coordenadas 286.505/7940.055. Após captada a água será
transportada através de uma tubulação de 50 ou 100 mm que
alimentará uma caixa d’água de 5.000 litros, localizada a montante da
frente de lavra. A água desta caixa abastecerá os martelos
pneumáticos; os martelos D.T.H. down-the-role, popularmente
conhecidos como fundo de furo e a máquina de fio diamantado.
 Existe no local duas redes de transmissão de energia elétrica, uma a
oeste que alimenta a mineração Toledo e uma a leste que serve para a
própria empresa Norte Mineração. Como a rede a oeste encontra-se
mais próxima da futura mina a empresa pretende utiliza-la ao invés
da existente a leste da mesma. Para a instalação da energia elétrica
será necessária a instalação de 4 a 5 postes. Este serviço será
executado por uma empresa terceirizada especializada e autorizada
para isto. A instalação desta rede praticamente não apresenta
impacto ao meio ambiente visto que os postes serão instalados
manualmente e em locais desprovidos de vegetação.

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 Concluída a rede de energia elétrica a empresa poderá instalar a rede
de ar-comprimido. Para a instalação da rede de ar-comprimido será
edificada um pequeno “abrigo” para proteger o compressor de ar. Este
abrigo deve ser dotado de piso impermeabilizado e separador de água
e óleo, além de sistema de aterramento. O ar-comprimido será
transportado por mangotes até os vasos de pressão que distribuirão o
mesmo até os martelos pneumáticos.

6.3.3 Construção das obras de apoio

Para esta mina serão edificadas sete pequenas construções, sendo elas:
 Vestiário – 29 m2;
 Refeitório/Escritório – 42 m2 ;
 Casa de ar-comprimido – 6 m2 ;
 Tanque de combustível 15.000 l – 14 m2 ;
 Três paios – 2 m2 cada;
Estas edificações são de pequeno porte e não ultrapassam 50 m2 cada.
Inicialmente, no primeiro semestre de operação, a empresa utilizará dois
containeres um como vestiário e outro como escritório/refeitório, para o
suprimento básico dos funcionários, enquanto as obras não ficam
concluídas. O fornecimento de combustível e de explosivos será executado
por empresas terceirizadas nos primeiros dias de operação, porém estima-se
que após o início das operações o tanque de combustível e os paios ficarão
prontos em até 90 dias. Em anexo, pode-se observar o projeto básico destas
obras de apoio.

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6.3.4 Formação da praça de trabalho

A praça de trabalho desta mina, será bastante limitada durante os três


primeiros semestres de atividade. Inicialmente deverá ser executada uma
pequena praça de trabalho com pouco mais de 60 m2, em uma área semi-
plana que apresenta uma pequena camada de solo a jusante da frente de
lavra, próximo as 287.080/7940.400. A camada de solo deverá ser cortada e
disposta em um pequeno vale, formando assim uma pequena praça de
trabalho. Posteriormente, com o avanço da lavra e a disponibilidade de
rejeitos a praça de trabalho será ampliada para aproximadamente 300 m2. A
abertura desta praça de trabalho será executada com uma escavadeira
hidráulica sob esteira modelo CAT 345D L ou equivalente. Concluída a praça
de trabalho, deverá ser instalado o “pau-de-carga” para o carregamento dos
blocos.

6.3.5 Seleção da frente inicial e avanço de lavra

A lavra deverá ser iniciada próxima a coordenada de referência


287.050/7940.383, com a abertura de um “quadrote” de aproximadamente
12 x 22 m. O “quadrote” consiste em uma abertura triangular, com suas
faces abertas através de fio-diamantado, que será posteriormente dividida
em bancadas através da furação paralela, pelo método de corte em costura.
Para a abertura da frente de lavra inicial serão executadas três furações
perpendiculares entre si, com o martelo tipo D.T.H., por onde será passado o
fio-diamantado. Retirado este “quadrote” a lavra deverá avançar para oeste,
contornado a curva de nível 326, por aproximadamente mais 60 metros.
Quando a frente de lavra estiver cerca de 40 metros do seu ponto inicial
deverá ser construída uma rampa de acesso para a abertura de um segundo
nível, próximo a curva de nível 335.
A lavra deverá seguir contornando o maciço, retirando fatias de
9 a 10 metros de altura até atingir a cota 400. Quando a lavra atingir este
patamar, deverá ser executado o chamado rebaixamento, onde a lavra será
executada de montante para jusante deixando o maciço com sua
conformação final. Cabe salientar que para a abertura de cada nível
“superior” deverá ser construída uma base no nível inferior, utilizando para
isto rejeitos retangularizados, conforme plantas em anexo.

25/52
6.3.6 Seleção e operação do depósito de estéril/rejeito e da área de
empréstimo

O depósito de rejeitos será iniciado em um pequeno vale a jusante da frente


de lavra, sendo este o mesmo local da praça de trabalho. O local foi
escolhido pela facilidade de acesso, ausência de vegetação e principalmente
pela sua topografia privilegiada. Para o início das atividades deverá haver a
remoção da camada de solo orgânico, executada com auxílio de um trator de
esteira, alugado, modelo CAT D 4/D 6 ou equivalentes, em uma faixa de
30 metros de largura por 100 metros de comprimento. A camada de solo
orgânico deverá ser removida de montante para jusante, devendo ficar
armazenada para sua posterior utilização na recuperação do depósito de
rejeitos. Concluída a remoção da camada de solo orgânico, a escavadeira
hidráulica sob esteira deverá construir uma grande vala e uma barreira para
a contenção dos rejeitos e retenção dos sedimentos, conforme perfil
esquemático a seguir e planta em anexo. Estas contenções deverão ser
executadas em toda a extensão do depósito para a segurança do mesmo.

Depósito de Rejeitos

Barreira de terra

Vala de contenção
Camada de solo orgânico
armazenada

Figura 4: Perfil esquemático da contenção do depósito de rejeitos

Concluído o preenchimento da primeira etapa, a escavadeira hidráulica


deverá executar a chamada “quebra” das bancadas. Esta operação consiste
na formação das bancadas posteriormente a deposição dos rejeitos. Salienta-
se que apenas profissionais experientes devem executar este trabalho, devido
ao risco de deslizamento. Nesta operação, a escavadeira começa a
“empurrar” os rejeitos de montante para jusante, fazendo com que a pilha de
rejeitos fique exatamente no ângulo de 45º. Quando o rebaixamento atinge
os 10 metros (altura de uma bancada), inicia-se a construção da berma, com

26/52
6 metros de largura. A largura da berma foi escolhida em 6 metros pois é a
medida necessária para a movimentação da escavadeira sem riscos para o
operador. O rebaixamento, segue até o nível final do depósito de rejeitos
seguindo a mesma metodologia. Estima-se que a conclusão da primeira
etapa do depósito de rejeitos ocorra em até dois anos após o início das
atividades e que a “quebra” do depósito dure cerca de 15 a 20 dias.
Concluída a primeira etapa do depósito, deve-se iniciar a execução da
segunda etapa, da mesma maneira que a primeira e assim sucessivamente
até o fim do depósito.
Como para a formação do depósito de rejeitos deverá ser executada a
remoção da camada de solo orgânico, a empresa deverá aproveitar este local
como área de empréstimo de materiais. Esta medida faz com que a vida útil
do depósito possa ser ampliada em um ou dois anos, dependendo da
quantidade de material utilizado na lavra. Outra importante medida é a
utilização do material retirado da segunda etapa para a cobertura dos
rejeitos da primeira etapa, aumentando assim ainda mais a vida útil do
aterro.

6.3.7 Sistema de drenagem

A frente de lavra em si, não precisará de um sistema de drenagem complexo,


devido a topografia do terreno. Naturalmente a área apresenta divisões de
águas bastante salientes que conduzem as águas pluviais para duas linhas
de drenagem bem definidas na rocha. Estas linhas de drenagem serão
preservadas nos primeiros anos da atividade sendo posteriormente
suprimidas pela remoção da rocha.
A água drenada na frente de lavra será conduzida pela praça de trabalho de
forma a infiltrar no depósito de rejeitos. Esta medida permitirá a preservação
da nascente a jusante da frente de lavra apesar do decapeamento de parte
da camada de solo orgânico a montante da mesma.
A principal medida de drenagem na mina será a vala de contenção criada a
montante do depósito de rejeitos. Esta vala captará as águas que escorrerem
em praticamente toda a área do empreendimento. Para a redução do
carreamento de sedimentos e redução da velocidade desta água serão
construídas caixas-secas ao longo desta vala a cada 50 m, conforme planta

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em anexo. As demais medidas de controle de drenagem estão ligadas aos
acessos e já foram expostas no item 6.3.1.

6.4 Operações unitárias de lavra

As operações unitárias são aquelas que compõem a lavra propriamente dita.


Nesta mina as operações unitárias podem ser descritas assim: perfuração e
desmonte primário; perfuração e desmonte secundário; carregamento;
armazenamento; e transporte. A seguir estão descritas estas operações
detalhadamente.

6.4.1 Perfuração Primária

A perfuração primária tem por objetivo a liberação de uma bancada, com


integridade física do seio do maciço. Para a execução do desmonte primário
há a necessidade da formação de uma abertura horizontal e outra vertical na
rocha, chamadas de levante e filão respectivamente, com a utilização do fio
diamantado. Para a abertura da face livre, com utilização do fio diamantado
são necessários alguns serviços preparatórios. Estes serviços consistem na
abertura de três furações de 2’ ou 3’ de diâmetro, perpendiculares entre si.
Para execução desta furação são utilizados martelos pneumáticos
rotopercursivos tipo D.T.H. (down the hole) conhecidos regionalmente como
“fundo de furo” ou “martelão”, equipamentos estes que permitem uma
precisão bastante elevada na furação. Estas três furações se encontram em
um determinado ponto, possibilitando assim a passagem do fio diamantado.
Para a passagem do fio diamantado dentro da furação é utilizado um
“fio guia” que é passado com auxílio do ar comprimido. Concluída a
passagem do fio guia, o mesmo é amarrado ao fio-diamantado passando-o
por dentro da furação. Uma vez instalado o fio diamantado, a “máquina de
fio diamantado” começa a atritar o mesmo contra a rocha com velocidade e
tensão constante. O atrito ocasionado pelo fio desgasta a rocha criando
assim uma face livre na rocha. A aplicação desta técnica apresenta inúmeras
vantagens em relação as técnicas tradicionais, tais como redução no tempo
de abertura da face horizontal, maior aproveitamento de material e redução
de custos.

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Como a execução das faces livre com fio-diamantado é bastante complexa, a
abertura é executada para uma área que abranja até 8 bancadas de
3 metros de profundidade. Esta abertura, de um grupo de bancadas, é
conhecida como “quadrote”. Posteriormente a abertura do quadrote, inicia-se
a furação com os martelos pneumáticos para a separação das bancadas
propriamente ditas, com a metodologia do corte em costura através de
perfurações coplanares de até 8,6 metros de profundidade, espaçadas
25 cm. Para esta mina, preferencialmente a bancada (prancha) deve ter até
9 metros de altura por 12 metros de largura e 2,9 metros de profundidade.
Estas medidas possibilitam a operação de tombamento com maior facilidade
para os equipamentos que a empresa pretende adquirir.

6.4.2 Desmonte Primário

Concluídos os trabalhos de perfuração, a bancada (prancha) está pronta


para o “desmonte”. O “desmonte” para rochas ornamentais é
significativamente diferente dos demais, pois ao contrário do que a
nomenclatura sugere o objetivo não é desmontar uma bancada, mas
simplesmente isolada das demais. Para o “desmonte” das bancadas será
utilizada a chamada pólvora negra. A pólvora negra será carregada em
apenas 1/3 do comprimento do furo e em apenas 1 furo a cada 4, ou seja a
distância entre os furos carregados será de 1 metro.
Com a detonação da pólvora negra, há a formação de uma onda de choque
que se propaga ao longo da rocha refletindo e refratando em todas as faces
livres, incluindo as furações não carregadas. Esta onda de choque acaba por
formar uma trinca unindo todas as perfurações, isolando assim a bancada
do maciço. Como a pólvora negra libera um volume significativo de gases, os
mesmos empurram a bancada, que faz um movimento rotacional em um
eixo imaginário no pé da bancada, ocasionando assim o tombamento da
mesma. Para evitar uma queda brusca da bancada contra a rocha, e sua
possível quebra, antes do desmonte deve ser instalado um “colchão de terra”.
Este “colchão” consiste apenas em um monte de terra depositada na base da
prancha, de aproximadamente dois metros de altura.

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6.4.3 Furação secundária

Para a liberação do bloco comercial da bancada (prancha), serão realizados


cortes em coluna, por meio de perfuração coplanar, conhecidos como corte
em costura. Estes furos serão alinhados e espaçados entre si de 15 cm, a
20 cm contornando todo o perímetro do bloco, conforme pode ser visto no
croqui apresentado em anexo. Estes furos serão realizados com perfuratrizes
manuais leves (marteletes) ou com outros equipamentos específicos, com
brocas de diâmetro de 7/8’. O conjunto de hastes necessário para a
perfuração manual será subdividido em hastes com diferença de 60 cm de
comprimento. Esta divisão faz com que sejam necessárias apenas três
brocas para se atingir o final do bloco.
Os equipamentos específicos desenvolvidos para agilizar a perfuração de até
3,2 m de profundidade, são as “banqueadoras” e os carros de perfuração.
Estes equipamentos são hidráulicos, capazes de furar de 1 a 4 furos por vez,
com hastes espaçadas de 10 a 30 cm. De acordo com o manual, estes
equipamentos fazem furação de 3,2 metros em 1,5 minutos, sendo capazes
de substituir até 5 marteletes pneumáticos na maioria das pedreiras. A
empresa não pretende iniciar suas atividades com estes equipamentos
devido ao alto custo de aquisição, porém de acordo com o desenvolvimento
da mina este investimento deve ser analisado.

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6.4.4 Desmonte secundário – Separação dos blocos

A separação dos blocos comerciais das bancadas (pranchas), será realizada


com emprego de explosivos. Tradicionalmente o setor de rochas ornamentais
utiliza para esta função apenas Cordel Detonante NP 3 ou NP 5 (Nitropenta 3
ou 5 gramas por metro linear). Como a furação tem 7/8’ de diâmetro e o
cordel pouco mais de 2 mm, é utilizada água como meio de propagação da
onda de choque. O espaçamento entre os furos, tradicionalmente utilizado, é
para este tipo de material é de 15 cm, porém apenas um a cada três furos é
carregado com cordel detonante e água. Lembramos que a utilização de
explosivos deve ser efetuada por Blaster, legalmente habilitado, em horários
previamente estabelecidos e seguindo todas as normas de segurança.
Os blocos comerciais devem preferencialmente apresentar as seguintes
dimensões 2 x 2,9 x 1,8 m, ou 10,44 m 3. Estas dimensões são determinadas
pelo padrão dos teares existentes na região. Porém, devido a problemas
estruturais da rocha os blocos podem apresentar até as seguintes dimensões
mínimas: 0,8 x 2,9 x 1,4 m, ou 3,2 m 3. Abaixo deste tamanho mínimo os
blocos não podem ser comercializados pois não se consegue fazer a fixação
dos mesmos dentro dos teares e o transporte fica inviabilizado pelo custo.

6.4.5 Carregamento

Ao contrário de uma mineração convencional, onde o minério é carregado em


caminhões ou em correias transportadoras até a unidade de beneficiamento,
relativamente próximas do local de produção, no setor de rochas
ornamentais os blocos são apenas transportados para o pátio de embarque,
distante no máximo 300 metros da frente de lavra, uma vez que os blocos já
são considerados minério acabado. Este carregamento será realizado por
uma carregadeira sobre pneus, modelo CAT 966, adaptada com “garfos de
transporte” com capacidade de carga de 25,0 t.

6.4.6 Armazenamento

Os blocos de granito retangularizados serão armazenados na praça de


trabalho até o seu carregamento e transporte. Durante esta etapa, os blocos
deverão ser dispostos de forma ordenada para permitir a visualização por
parte das empresas compradoras. O local escolhido para o armazenamento

31/52
deverá conter um sistema de abastecimento de água para permitir a lavagem
dos blocos.

6.4.7 Transporte

O transporte da jazida até a unidade de beneficiamento será de


responsabilidade da empresa compradora do bloco. A operação de
carregamento nos caminhões será promovida pelo “pau-de-carga” que
consiste de um moitão fixado na extremidade do poste de aço ou madeira e
que tem a função de soerguer o bloco a uma altura suficiente para que o
caminhão estacione abaixo do bloco suspenso. Outra opção de carregamento
é o carregamento com a carregadeira sobre pneus CAT 966, com o garfo de
transporte. Este equipamento é capaz de soerguer o bloco sobre o caminhão
e o colocar sobre a carroceria, sem o auxílio do “pau-de-carga”.
Depois de carregado no caminhão, o bloco é então calçado e amarrado com
cabos de aço e correntes para evitar deslocamentos. O transporte da jazida
para os depósitos dos compradores ou para as serrarias é feito utilizando-se
caminhões trucados e com carrocerias reforçadas que são contratados para
tal finalidade. Esta operação fica facilitada pelas excelentes condições de
acesso e pela localização da jazida relativamente próxima de dois grandes
centros consumidores de rochas ornamentais (Barra de São Francisco/ES,
Nova Venécia/ES).

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7 EQUIPAMENTOS E INSUMOS A SEREM UTILIZADOS:

7.1 Definições e dimensionamento

Os equipamentos e insumos destinados a uma lavra desse tipo são os


mesmos de qualquer outro tipo de mineração. Desde os equipamentos de
maior porte até o ferramental leve e das oficinas de manutenção são
adquiridos facilmente no mercado sendo que as peças de reposição de todos
os equipamentos são facilmente conseguidas no mercado nacional.

7.2 Equipamentos

Os equipamentos necessários para desenvolvimento e operação da mina são:

EQUIPAMENTO/MARCA/ QDT TAREFAS


MODELO
Escavadeira hidráulica sobre 01 Decapeamento, operação do depósito
esteira de rejeitos e apoio na movimentação
de blocos
Compressor 01 Fornecimento ar comprimido
Carregadeira sobre pneus 01 Movimentação de blocos e estéril, e
embarque de caminhões
Perfuratriz Manual Leve 04 Furação Primária e Secundária
Máquina de Fio Diamantado 02 Abertura dos cortes primários
Tabela 4: Lista de equipamentos para operação da mina

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7.3 Insumos

Os insumos a serem utilizados na frente de lavra são diretamente


relacionados com o tipo de rocha e o método de lavra empregado. Neste
estudo específico, os insumos a serem utilizados mensalmente serão em
média:

Insumo Quantidade mensal


Óleo diesel 5.000 litros
Cordel detonante 10.000 m
Fio Diamantado 200 m
Cone bits 100 unidades
Cabo de aço 20 metros
Hastes 10 conjuntos de hastes completos
Graxas e óleos 50 kg
Tabela 5: Lista de insumos utilizados na mina

Existem outros insumos de uso eventual ou de reposição como no caso de


mangueiras de ar comprimido, soldas, peças de máquinas ou marteletes e
pneus.

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8 FATORES AMBIENTAIS CONSIDERADOS E MEDIDAS MITIGADORAS

Abaixo seguem descritos os fatores considerados e os principais danos por


eles causados, além das medidas destinadas a reduzir os impactos e as
formas de compensar o meio-ambiente pelos danos causados.

8.1 Impacto visual

8.1.1 Introdução

O impacto visual, juntamente com o carreamento de sedimentos são com


certeza os maiores impactos potenciais da mineração de rochas
ornamentais. Porém, ao contrário do carreamento de sedimentos, que pode
ser medido pelo número de recursos hídricos atingidos ou pelo volume de
sedimentos carreados, não existe um critério específico para quantificar o
impacto visual. Na maioria das vezes, as pessoas que não estão envolvidas
direta ou indiretamente com a mineração acham uma mina, ou pedreira,
não muito “aceitáveis” pois, não conseguem compreender a sistemática do
empreendimento e acreditam que seja grande o impacto ao meio ambiente.
Estas pessoas não levam em consideração o fato de que um único edifício
muito mais alto que os demais, em uma cidade, também altera a paisagem, e
nem todas as pessoas necessariamente acham isto “aceitável”.

8.1.2 Fontes de Impacto Visual

A mina em questão está afastada dos centros urbanos, vilarejos, que


permitam a visualização do empreendimento. Devido a sua localização em
uma encosta saliente em relação as demais o impacto visual do acesso oeste
deve ser considerado como um fator negativo ao empreendimento. Cabe
também salientar que a menos de 2 km a oeste existe uma outra frente de
lavra operando na parte superior de uma encosta com as mesmas
características visuais.
Os impactos visuais de uma mina são ocasionados pela:
 Abertura de acesso;

35/52
 Desmonte do maciço;
 Formação do depósito de rejeito/estéril;
 Geração de particulado em suspensão;
 Supressão da vegetação; e
 Geração de resíduos.

8.1.3 Medidas Mitigadoras

As medidas mitigadoras de cada impacto estão relacionadas a seguir.

 Abertura de acesso
Para harmonização dos acessos com a região serão executadas medidas para
a redução dos ângulos de face dos taludes formados por esta atividade. Esta
medida possibilitará um futuro plantio com gramíneas e trepadeiras nestes
taludes. Outra medida relacionada ao impacto visual, relacionado com a
abertura dos acessos, é a manutenção periódica das vias. Esta manutenção
permitirá que a maioria das pessoas passe “despercebida” pela entrada da
área de mineração.
Como medida adicional, recomenda-se o plantio de uma pequena cortina
vegetal ao longo dos acessos para impedir parcialmente a visualização da
movimentação dos caminhões e demais equipamentos, além do controle de
poeiras.

 Desmonte do maciço
A redução do impacto visual causado pelo desmonte do maciço é a mais
difícil de se mitigar, visto que o ângulo de face dos taludes na rocha é de 90º
e a área impactada diretamente é relativamente grande. Portanto, este
impacto não pode ser sanado, mas sim apenas reduzido. Para se reduzir este
impacto, a lavra deve ocorrer de forma bastante ordenada, pois assim
durante o período de operação, as pessoas “observarão” menos o impacto
visual. As principais medidas a serem tomadas nesta mina são:

 reconformação topográfica de parte do maciço, através da deposição


de rejeitos e de sua revegetação temporária com gramíneas e
trepadeiras;

36/52
 construção de bermas de segurança largas (5 metros) no talude final,
para possibilitar a revegetação parcial das mesmas durante a
operação da mina; e
 criação de cortinas vegetais e áreas de compensação no entorno de
toda a mina.
Estima-se que com a produção de 350 m3/mês a empresa leve cerca de
60 meses (5 anos) para atingir a cota superior do maciço e inicie os
trabalhos de rebaixamento da mina e de conformação final dos taludes.
Durante este período, a empresa deverá realizar medidas provisórias como
revegetação de parte dos rejeitos dispostos nas bancadas para amenizar este
impacto.

 Formação do depósito de estéril/rejeitos


Para se reduzir o impacto visual ocasionado pelo depósito de rejeitos, os
mesmos deverão ser construídos de uma forma parecida com a lavra em
tiras, ou seja, o depósito só deverá avançar quando a unidade inicial
começar a ser desmobilizada. Estima-se que cada uma das 5 fatias do
depósito de rejeitos leve cerca de 2 anos para ser concluída. Durante este
período em que os rejeitos ficarão expostos, a empresa deverá efetuar o
plantio de sementes de gramíneas de crescimento rápido junto ao depósito.
Estas gramíneas permitirão um certo recobrimento dos rejeitos reduzindo
assim o impacto visual da atividade. Como medidas adicionais, e já descrito
anteriormente, deverá ser construída uma vala de contenção a jusante do
depósito de rejeitos. O material retirado desta vala formará uma pequena
barreira de solo que juntamente com a cortina vegetal “esconderão”
parcialmente o local.

37/52
 Geração de particulado em suspensão
A redução dos particulados em suspensão será executada de maneira
bastante simples, porém muito efetiva. As fontes de particulados em
suspensão são os martelos pneumáticos e os equipamentos que transitam
pela mina e pelas demais obras de apoio. Portanto, nestes locais onde há o
trafego de equipamentos deverá ocorrer a umidificação através de caminhão
pipa ou aspersores. Para se reduzir o material particulado vindo dos
martelos pneumáticos, deverá ocorrer a umidificação destes através da
injeção de água durante a furação ou a instalação de coifas de umidificação.
A aspersão de água ao longo da via apresenta uma benesse que muitas vezes
não é lembrada, pois a água que é lançada acaba por infiltrar no solo
auxiliando no crescimento de vegetação nas bordas das vias de acesso.

 Supressão da vegetação
Nesta mina praticamente não haverá supressão de vegetação, pois a rocha
está aflorante e o depósito de rejeitos será construído sobre uma antiga área
de pastagens. Para se mitigar este pequeno impacto, o solo oriundo do
decapeamento deverá ser armazenado em pilhas de até 2 metros de altura
na base do depósito de rejeitos, para uma posterior utilização no
recobrimento do mesmo.

 Geração de resíduos
A geração de resíduos é ocasionada pelas embalagens dos insumos que em
algumas minas ficam “jogadas” ao longo das frentes de lavra ocasionando
um forte impacto visual. Este impacto será contido pela coleta seletiva dos
resíduos e colocação dos mesmos em recipientes apropriados. Esta coleta e a
separação deverá ocorrer de acordo com a Resolução CONAMA 275/2001. A
empresa pretende utilizar para esta finalidade tonéis de 200 litros de plástico
e ferro, adquiridos facilmente na região.

38/52
8.2 Impactos sobre o solo

8.2.1 Introdução

A área do empreendimento ocupará um total 2,7 hectares de solo e o


restante em rocha aflorante. A área de solo está atualmente ocupada por
pastagens abandonadas (1,7 hectares) e por plantações de café
(1,0 hectares). Devido aos fatos expostos os impactos ao solo neste
empreendimento serão muito pontuais se comparados com outras atividades
(plantações de café e pastagens).

8.2.2 Impactos causados ao solo

Os impactos efetivos causados pela diferença no uso do solo são:


 Remoção da vegetação nativa;
 Aumento dos processos erosivos;
 Remoção da camada orgânica; e
 Redução da fertilidade do solo.
Os impactos possivelmente causados pela alteração no uso do solo são:
 Contaminação com óleos e graxas; e
 Contaminação com efluentes domésticos.

8.2.3 Medidas Mitigadoras e compensatórias para as alterações no uso do


solo

A seguir estão descritas as medidas efetivamente tomadas pela empresa para


cada impacto e possivelmente, criados pela mineração.

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 Remoção da vegetação nativa
Como não se pode exatamente “mitigar” a remoção da vegetação, a empresa
propõe, como forma de compensação pela supressão dos 1,7 hectares de
pastagens, o adensamento da reserva legal da propriedade do Sr. José
Anacleto Chaves, visto que a mesma encontra-se significativamente alterada.
Além desta compensação, a área do depósito de rejeitos deverá ser
recomposta com gramíneas, trepadeira e espécies leguminosas para
novamente se reintegrar a vegetação local.

 Aumento dos processos erosivos


A principal medida de contenção dos processos erosivos é a construção da
vala de contenção e das caixas-secas na base do depósito de rejeitos. Estas
duas medidas interligadas impedirão completamente que os impactos
causados pela remoção da vegetação do solo se propagem por uma área
maior que a do empreendimento.
Outras medidas relacionadas aos processos erosivos estão ligadas as bacias
e as caixas de contenção de sedimentos nos acessos. Estes sistemas de
controle serão dispostos em pontos estratégicos da área para reduzir a
velocidade das águas e reduzir a quantidade de sedimentos carreados. Estas
bacias e caixas deverão ser limpas frequentemente para efetivamente serem
úteis para o sistema de drenagem.

 Remoção da camada orgânica de solo


Apesar das fracas características do solo orgânico do local, o mesmo deve ser
preservado a todo custo. Para a conservação deste solo o mesmo de ser
retirado preliminarmente a deposição dos rejeitos e estocado em pilhas de
até 2 metros de altura na base do depósito de rejeitos. As pilhas não podem
exceder esta altura pois o solo acaba “apodrecendo”, e perde suas
características de fertilidade. O solo orgânico será estocado a sudeste do
empreendimento. Como medida compensatória, as demais áreas impactadas
pelo empreendimento sofrerão tratamentos de fertilização, explicados no
PRAD, para a formação de um maior volume de solo orgânico no local.

 Redução da fertilidade do solo


A simples retirada da vegetação que cobre a área já reduz drasticamente a
fertilidade do solo. Com a retirada da camada orgânica esta fertilidade fica

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totalmente comprometida. Para se mitigar este impacto, as áreas decapeadas
além de receber uma nova camada de solo orgânico, após a formação dos
taludes, sofrerá um processo de fertilização orgânica e química, conforme
pode ser visto no PRAD. Esta fertilização visa a inserção de nutrientes no
solo para a recomposição das espécies vegetais na área.

 Contaminação com óleos, graxas e combustíveis


Devido ao aumento de equipamentos pesados e caminhões na mina e nos
seus arredores, podem ocorrer pequenos vazamentos de óleos, graxas e
combustíveis no solo. Estes vazamentos são mais suscetíveis nas oficinas
mecânicas e nos pontos de abastecimento. Para se mitigar este impacto o
piso do ponto de abastecimento deve ser impermeabilizado e dotado de
caixas de separação de água e óleo, conforme padrões da ABNT. Como
medida adicional de segurança, os equipamentos e caminhões utilizados na
mina deverão sofrer manutenção periódica a fim de se evitar possíveis
vazamentos de óleos e graxas. Cabe enfatizar que estas manutenções devem
ocorrer em oficinas com piso devidamente impermeabilizado. Como os
equipamentos desta mina serão novos, a manutenção dos mesmos será
executada na concessionária na Serra/ES.

 Contaminação com efluentes domésticos


Como haverá um aumento no número de pessoas envolvidas nas atividades
de lavra estas pessoas gerarão mais efluentes domésticos. Para a redução
deste impacto, os banheiros da mina e demais instalações deverão ser
dotados de fossa séptica, com sistema de filtro e sumidouro, conforme as
normas da ABNT.

41/52
8.3 Impactos sobre os recursos hídricos

8.3.1 Introdução

Como já descrito anteriormente, o impacto visual juntamente com o


carreamento de sedimentos, são com certeza, os maiores impactadores da
mineração de rochas ornamentais. Porém, como poderá ser visto a seguir, o
carreamento de sedimentos pode ser contido de maneira muito eficiente nas
áreas de mineração fazendo com que este impacto seja mínimo ou
simplesmente não exista. As medidas propostas neste PCA visam a proteção
do Córrego do Garfo e demais recursos hídricos que sejam tributários deste.

8.3.2 Impactos possivelmente causados aos recursos hídricos

Os possíveis impactos causados pela atividade de mineração de rochas


ornamentais aos recursos hídricos são:
 Modificação das áreas de contribuição;
 Supressão de nascentes;
 Modificação do run-off (deflúvio);
 Redução da vazão;
 Assoreamento;
 Contaminação com óleos, graxas e combustíveis; e
 Contaminação com efluentes domésticos.
Os cinco primeiros impactos estão intimamente ligados. A modificação das
condições de uso do solo e a própria remoção da camada de solo interferem
diretamente na infiltração das águas pluviais. Esta modificação altera o run-
off, (deflúvio) ou seja a velocidade de escoamento das águas sobre a área
impactada, o que aumenta a possibilidade de carreamento de sedimentos e
por consequência o assoreamento dos recursos hídricos. A supressão das
nascentes, pode ocorrer caso as áreas de contribuição destas sejam
totalmente suprimidas ou não permitam mais a infiltração das águas
pluviais.
As contaminações com óleos, graxas, combustíveis e efluentes domésticos
podem ocorrer caso não sejam tomadas as mínimas providências para o

42/52
controle destas. Os contaminantes anteriormente descritos podem, em
contato com o solo ou até mesmo com as águas pluviais, contaminar os
recursos hídricos a jusante, impactando negativamente a população local.

8.3.3 Medidas mitigadoras e compensatórias para proteção dos recursos


hídricos

Para reduzir os impactos aos recursos hídricos a empresa pretende criar


condições para que não possa ocorrer nenhum tipo de contaminação e que
as áreas de contribuição sejam reestruturadas de forma a manter, o mais
próximo possível das suas condições originais de infiltração.

 Modificação das áreas de contribuição


Apesar da interferência nas áreas de contribuição as mesmas não serão
suprimidas ou reduzidas, visto que não haverá nenhum decapeamento na
rocha. Para se mitigar esta modificação nas áreas de contribuição, os
depósitos de rejeitos, serão construídos de forma a reter parte das águas
pluviais e com isto aumentar a infiltração de água nestes locais. Estes
depósitos de rejeitos funcionarão como grandes reservatórios, devido aos
espaços vazios entre os rejeitos, e compensarão a falta de vegetação no solo.
Acredita-se que com esta simples medida seja possível até se ampliar a
capacidade de infiltração da área da mina e seus arredores. Por fim, a parte
das águas que não infiltrarem no solo através do depósito de rejeitos ficarão
retidas nas caixas de retenção de sedimentos, infiltrando lentamente no solo,
contribuindo assim para a redução do impacto ao meio ambiente.

 Supressão de nascentes
Como descrito anteriormente, a redução da área de contribuição pode
acabar por suprimir a nascente a jusante da mina. Este fato ocorre devido a
menor infiltração das águas pluviais a montante destes pontos. Para se
mitigar este impacto a empresa propõe adensar a vegetação da Área de
Proteção Permanente “APP” e criar condições em seu depósito de rejeitos
para que este sirva como áreas de infiltração e recarga destas nascentes.

 Modificação do run-off (deflúvio)

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A modificação do run-off consiste na alteração da velocidade de escoamento
das águas superficiais durante os períodos de chuva. Para se reduzir este
impacto a empresa propõe o direcionamento de parte das águas pluviais
para dentro dos depósitos de rejeitos e a criação de bacias de
sedimentação/infiltração em pontos estratégicos da mina, ligadas por uma
grande vala (canal). As águas captadas por esta “vala” seriam despejadas em
um ponto de drenagem natural com vegetação densa, localizado a sudoeste
da mina.

 Redução da vazão
Todas as medidas propostas nos itens anteriores visam direta ou
indiretamente a mitigação da possível redução da vazão nos recursos
hídricos. Portanto, resumidamente as medidas destinadas para mitigar este
impacto são:
a. Recomposição parcial da mata nativa ao redor da mina;
b. Aumento da área de contribuição, através dos depósitos de rejeitos;
c. Proteção das APP’s da nascente perene e do córrego; e
d. Direcionamento das águas pluviais, para pontos que facilitem a
infiltração.

 Assoreamento
Como descrito, inúmeras vezes neste trabalho, o assoreamento é um dos
principais possíveis impactos causados pela mineração de rochas
ornamentais. Para se reduzir este impacto, deverão ser tomadas as seguintes
medidas:
a. Cobertura dos depósitos de rejeitos com espécies vegetais de
crescimento rápido;
b. Direcionamento das águas pluviais para bacias e caixas de
sedimentação e infiltração;
c. Criação de canais preferenciais de escoamento; e
d. Criação de pontos de infiltração, nos depósitos de rejeitos, para
redução da velocidade das águas.

 Contaminação com óleos, graxas e combustíveis


A possível contaminação por hidrocarbonetos pode ocorrer devido ao
aumento de equipamentos pesados e caminhões na mina e nos seus

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arredores que por sua vez podem apresentar pequenos vazamentos, que
acabam por contaminar os recursos hídricos. Como citado anteriormente,
estes vazamentos são mais suscetíveis nas oficinas mecânicas e nos pontos
de abastecimento. Para se mitigar este impacto o do ponto de abastecimento
deve ser impermeabilizado e dotado de caixas de separação de água e óleo,
conforme as normas da ABNT. Como medida adicional de segurança, os
equipamentos e caminhões utilizados na mina deverão sofrer manutenção
periódica a fim de se evitar possíveis vazamentos de óleos e graxas.

 Contaminação com efluentes domésticos


Como haverá um aumento no número de pessoas envolvidas em atividades
diversas no local haverá um aumento na geração de efluentes domésticos.
Para a redução deste impacto, os banheiros da mina e demais instalações
deverão ser dotados de fossa séptica, com sistema de filtro e sumidouro
construídos conforme os padrões ABNT.

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8.4 Impactos pela geração de ruídos e poeiras

8.4.1 Introdução

O ser humano, como gerador dos impactos causados pelos ruídos e poeiras é
também o maior afetado por eles. Isto pode ser afirmado pois, a fauna que
supostamente existiria no local, já está totalmente descaracterizada e em
grande parte desaparecida devido a outras atividades antrópicas sofridas
pela região, tais com a agricultura e a pecuária. Portanto, os animais que
poderiam ser afetados simplesmente não existem ou são muito raros de ser
encontrados no local.

8.4.2 Impactos e fontes geradoras de ruídos e particulados em suspensão

Os ruídos e os particulados em suspensão são ocasionados pelas atividades


de lavra durante a perfuração, desmonte, deposição de rejeitos e pelo próprio
trânsito de equipamentos na mina. A perfuração é o maior emissor de ruídos
na frente de lavra, enquanto o trânsito de equipamentos é o maior gerador
de particulados em suspensão. A seguir estão listadas as fontes de geração
de cada um dos impactos mencionados.

Atividade Impacto
Trânsito de equipamentos ruídos, poeiras e gases
Perfuração ruídos e poeiras
Decapeamentos poeiras
Deposição de rejeitos ruídos e poeiras
Desmonte ruídos e gases

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8.4.3 Medidas mitigadoras para redução dos particulados em suspensão

Uma parte principal da emissão de material particulado na atmosfera é


causada pelo trânsito de máquinas e caminhões nas vias internas e externas
da mina. Para minimizar este impacto a velocidade de trânsito nestas pistas
será limitada a 30 km/h. Esta medida simples já reduz satisfatoriamente o
material particulado lançado na atmosfera. Além disto, recomenda-se que o
cano de descarga dos caminhões seja direcionado para cima, evitando que o
vapor dos gases entre em contato com a poeira de solo, lançando-as na
atmosfera. Por fim, regularmente um caminhão pipa deve passar pelos
acessos do empreendimento para abater definitivamente as poeiras antes
que elas sejam lançadas na atmosfera. Outra opção simples e bem facilitada,
está na instalação de aspersores em locais estratégicos. Estes asperssores
deverão ser ligados duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde, por no
mínimo 5 minutos, umidificando assim as pistas e os demais pontos de
geração de poeiras.
A segunda maior possível fonte de emissão de material particulado em
suspensão é a perfuração. Como os equipamentos da mina utilizarão a
chamada perfuração a úmido, não há o lançamento de partículas no ar, mas
sim de um líquido com sólidos misturados. Para a mitigação deste possível
impacto sobre os funcionários da mina, recomenda-se a utilização de EPI’s,
tais como máscaras e óculos, a fim de se evitar ao máximo o possível contato
de particulados com o ser humano.

8.4.4 Medidas mitigadoras para redução dos gases

A principal medida para a redução da emissão de gases, neste


empreendimento, é a constante manutenção dos equipamentos envolvidos
na lavra. Estes equipamentos consumirão mensalmente mais de 4.000 litros
de diesel, gerando portanto uma grande quantidade de gases. A outra fonte
de emissão de gases é o desmonte primário realizado com auxílio de
explosivos. Para se mitigar o efeito dos gases dos explosivos nos
trabalhadores, recomenda-se que somente após 15 minutos da efetiva
detonação os trabalhadores retornem ao local do desmonte. Esta medida
permite com que os gases se dissipem na atmosfera sem afetar os

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trabalhadores. Recomenda-se que em dias onde não há circulação de ventos
o tempo de retorno deve ser ampliado para 20 minutos.

8.4.5 Medidas para mitigação dos impactos dos ruídos

Infelizmente não se tem como simplesmente eliminar as fontes de ruídos,


pois elas são a base da mineração. Estas fontes são os próprios
equipamentos de lavra e principalmente os equipamentos de perfuração e o
desmonte. Portanto, para se mitigar os efeitos dos ruídos sobre os
trabalhadores, recomenda-se a utilização dos EPI’s específicos para esta
finalidade, sendo eles: plug auricular interno, para todos os trabalhadores
envolvidos na lavra; e adicionalmente, protetor auricular externo para os
envolvidos diretamente na perfuração, tais como marteleteiros, auxiliares e
encarregados.

8.5 Impactos sobre o meio antrópico

8.5.1 Introdução

O meio antrópico, ou seja, as pessoas e cidades envolvidas na mineração


também sofrerão impactos com a atividade, porém estes impactos são
positivos. Estes impactos estão relacionados a geração de renda direta para
os trabalhadores da mina e ocupação/renda para os trabalhadores indiretos,
tais como cozinheiros, vigias, contadores, frentistas e lavadores de blocos.

8.5.2 Impactos positivos da mina

Os impactos positivos à comunidade trazidos por um empreendimento como


este, após a emissão das licenças, são bastante grandes. Estima-se que após
o início das atividades de lavra a mina passe a empregar diretamente cerca
de 10 funcionários e indiretamente outros 20. Estas pessoas injetarão,
mensalmente, na pequena economia de Água Doce do Norte/ES
aproximadamente R$ 30.000,00.
Os empregos indiretos estão nas empresas de transporte (empregando
diretamente de 2 a 3 pessoas por dia no transporte de blocos), nos bares,
hotéis, postos de gasolinas e restaurantes ao redor do empreendimento que

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serão beneficiados pelo aumento do fluxo de pessoas. Além destes empregos
indiretos temos outras pessoas que estão envolvidas indiretamente com a
mina, tais como cozinheiras, mecânicos, vigias, contador e auxiliares de
escritório que também serão empregados da empresa, porém não estarão
ligados diretamente as atividades de lavra. Além dos empregos diretos e
indiretos, temos a geração de impostos para o Município e para a União, que
pode atingir mais de R$ 20.000,00 mensais. Como os impactos são positivos,
não serão propostas medidas para a sua redução.
Por fim, a empresa lembra que de nada adianta uma nação rica em recursos
naturais se os mesmos não podem ser extraídos, de forma racional, para o
enriquecimento de seu povo.

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9 CRONOGRAMA

Início Final
Atividade (a contar da data da (a contar do
obtenção da Licença início da
de Operação) atividade)

Adequação dos acessos Imediatamente 15 dias

Instalação da infra-estrutura básica 15 dias 12 meses

Formação da praça de trabalho 15 dias 10 dias

Início das atividades de lavra 30 dias 10 anos

Retirada da Camada de solo orgânico da


área da primeira etapa do depósito de 40 dias 5 dias
rejeitos

Início da deposição de rejeitos na primeira 1 ano e


60 dias
etapa 2 meses

Retirada da Camada de solo orgânico da


área da segunda etapa do depósito de 1 ano e 2 meses 5 dias
rejeitos

Início da deposição de rejeitos na segunda


1 ano e 2 meses 6 anos
etapa e demais

Demais medidas de controle ambiental Imediatamente -

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10 CONCLUSÕES

 A lavra da mina em questão encontra-se totalmente em sintonia com


os aspectos sócio-econômico-ambientais propostos pelos governos
Federal, Estadual e Municipal;
 A emissão das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação
viabilizarão à empresa a uma maior diversidade de frentes de
trabalho, minimizando os riscos associados a mineração de rochas
ornamentais, sem afetar substancialmente o meio ambiente;
 As medidas propostas neste PCA, reafirmam a intenção da empresa
em manter uma parceira com os órgãos ambientais, principalmente o
IEMA no intuito de promover um desenvolvimento sustentável no
município de Água Doce do Norte e no Estado do Espírito Santo.

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11 ANEXOS

11.1 Relatório fotográfico

11.2 Planta de localização da área

11.3 Conformação final do terreno

11.4 Vistas 3D da conformação final do terreno

11.5 Croqui da operação dos depósitos de rejeitos

11.6 Seções do avanço da frente de lavra

11.7 Planta do sistema de drenagem

11.8 Croqui da perfuração secundária

11.9 ART’s do responsáveis técnicos pelo PCA

11.10 PRAD – Plano de recuperação da área degradada

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