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 Direito Tributário (https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/209)

Introdução ao Direito Tributário

Definição do Direito Tributário

O que é o Direito Tributário? O que é o tributo? Que tipos de tributos existem? Qual a função dos tributos na sociedade
atual? O que significa a expressão fisco? Essas são algumas perguntas que a Teoria do Direito Tributário busca
responder.
 
Para Hugo de Brito Machado, o Direito Tributário é o “ramo do direito que se ocupa das relações entre fisco e as pessoas
sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os
abusos desse poder”.
 
É importante entender que o Direito Tributário é um conjunto de normas ligadas ao ramo do Direito Público,
responsável por disciplinar a obrigação jurídica que tem por objeto principal a entrega compulsória (tributo é receita
pública derivada) de valores aos cofres do Estado, oriundos de pessoas denominadas contribuintes.
 
No Brasil, foi com a Emenda Constitucional n° 18/1965 que, pela primeira vez, teve-se estruturado um Sistema
Tributário, logo em seguida surgindo o Código Tributário Nacional (CTN), de 1966, cujo projeto foi apresentado ainda no
exercício da competência atribuída à União pela Constituição de 1946 de legislar sobre Direito Financeiro.
 
Juntamente com a Constituição Federal, o CTN forma o corpo base do Sistema Tributário Nacional. Mas, não apenas
esses compõem o Sistema, o qual, em verdade, é formado pelo conjunto de normas tributárias, Leis Complementares
(como a Lei Kandir do ICMS – Lei Complementar 87/1996, Lei do ISS – Lei Complementar 116/2003), leis ordinárias,
portarias, Decretos em matéria tributária.
 
Como ramo do Direito Público, obedece aos princípios fundamentais do regime jurídico de Direito Público, que são: a) a
supremacia do interesse público sobre o interesse privado; e b) a indisponibilidade do interesse público.
 
A supremacia do interesse público sobre o interesse privado é facilmente vista pelo fato de a obrigação de pagar
tributo decorrer diretamente da lei e pelas diversas prerrogativas do fisco em relação ao poder de fiscalizar, de aplicar
unilateralmente punições e apreender mercadorias.
 
Já a indisponibilidade do interesse e do patrimônio público é visualizada na sempre presente exigência de lei para a
concessão de quaisquer benefícios fiscais ou para a dispensa do dever de pagar os tributos e no próprio conceito de
lançamento tributário, tido como uma atividade vinculada, de modo que a Administração Tributária tem o dever de
lançar o crédito tributário sempre que se verifique a ocorrência de um determinado fato gerador de um tributo.

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Por que surgiu o Direito Tributário como um ramo autônomo do Direito em relação a outros ramos da ciência
jurídica, como o Direito Administrativo, o Direito Constitucional e principalmente em relação ao Direito Financeiro?
 
É que o Estado necessita, em sua atividade financeira, captar recursos materiais para manter sua estrutura,
disponibilizando ao cidadão contribuinte os serviços que lhe compete, como autêntico provedor das necessidades
coletivas.
 
A cobrança de tributos se mostra como a principal fonte das receitas públicas, voltadas ao atingimento dos objetivos
fundamentais, insertos no art. 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução
das desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar da coletividade. Daí haver a necessidade de
uma positivação de regras que possam certificar o tão relevante desiderato de percepção de recursos.
 
Durante muito tempo, a arrecadação tributária foi objeto exclusivo da ciência das finanças e, no âmbito jurídico, do
Direito Administrativo, que disciplinava as coisas do Estado.
 
Posteriormente, tivemos a emancipação do Direito Financeiro como disciplina a demandar cuidados específicos,
identificando-se princípios próprios e produzindo-se legislação especial. Apenas no último século é que se passou a ter
um tratamento sistemático e específico para as questões atinentes à tributação.
 
A bem da verdade, a classificação do Direito Tributário como ramo do direito público, conquanto antiga e didática, é
meramente utilitária, nem sempre oferecendo um parâmetro certeiro de discriminação, no cotejo entre aquilo que é
“público” e o que é, de fato, “privado”. Aliás, tem-se evidenciado, atualmente, a necessidade de relativização da
mencionada distinção, haja vista a notória publicização do direito privado.
 
O binômio classificatório “direito público-direito privado” vale, em verdade, para indicar que a norma tributária, sendo
pública, possui certas características que sobressaem à luz de dados critérios. Portanto, se a norma tributária é pública:
 
(I) implica que o Estado é parte da relação jurídica (critério subjetivo);
 
(II) traz em seu bojo a coatividade, ou seja, a imperatividade própria das normas cogentes (critério do conteúdo
tutelado pela norma jurídica);
 
(III) sinaliza que o interesse tutelado há de ser o interesse público (critério do interesse amparado pela norma
jurídica).
 
O Direito Tributário desfruta de autonomia perante os demais ramos jurídicos. Apresenta-se, pois, como um direito
autônomo, em face da homogeneidade de sua estrutura normativa e de seus preceitos elementares.
 
Não é apenas um ramo didaticamente autônomo dos demais; frui, sem sombra de dúvida, uma autonomia dogmática
ou científica (corpo de regras próprias orientadas por princípios jurídicos próprios, não aplicáveis aos demais ramos da
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ciência jurídica).
                                    
Na distinção entre o Direito Financeiro e o Direito Tributário, é importante dizer que há sim uma patente interligação
entre esses dois ramos vizinhos, mantendo-se, entre eles, uma “relação estreita”. No entanto, o Direito Tributário não se
confunde com o Direito Financeiro, que sob certo aspecto pode ser tido como abrangente daquele ramo jurídico.
 
Enquanto o Direito Financeiro – núcleo de derivação do Direito Tributário – é uma ciência jurídica que registra
normativamente toda a atividade financeira do Estado, na busca de uma aplicação prática, o Direito Tributário, por sua
vez, é a ciência jurídica que, disciplinando o convívio entre o “tesouro público e o contribuinte”, e se dedica à receita
tributária.
 
De fato, a destinação é, de regra, elemento irrelevante para classificar juridicamente os tributos, dando-lhes esta ou
aquela roupagem tributária, conforme o inc. II do art. 4º do CTN.
 
É também de se ressaltar que, como conjunto de normas que visam a possibilitar o convívio entre contribuintes e fisco,
a Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, ou seja, limites à invasão patrimonial tendente à percepção
estatal do tributo. Essas limitações advêm, basicamente, dos princípios e das imunidades constitucionais tributárias e
estão inseridas, em parte, nos arts. 150, 151 e 152 da CF/1988.
 
Assim, temos princípios tributários, abaixo listados:
 
a) Legalidade Tributária (art. 150, I);
 
b) Anterioridade Tributária (art. 150, III, b e c);
 
c) Isonomia Tributária (art. 150, II);
 
d) Irretroatividade Tributária (art. 150, III, a);
 
e) Vedação ao Confisco (art. 150, IV);
 
f) Não limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens e a Ressalva do Pedágio (art. 150, V);
 
g) Uniformidade Geográfica (art. 151, I);
 
h) Proibição da tributação federal diferenciada da renda da dívida pública e da remuneração dos agentes, em
âmbito não federal (art. 151, II);
 
i) Proibição das Isenções Heterônomas (art. 151, III).
 
A perspectiva acerca do Direito Tributário tem evoluído ao longo do último século. A tributação não constitui uma
concessão da sociedade em favor do Estado, mas, sim, um instrumento para viabilizar a manutenção da máquina
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pública estruturada conforme os anseios desta mesma sociedade, acompanhando a própria transição do Estado de
Direito para o Estado Social.
 
Hoje, portanto, vigora a ideia de que o tributo é o instrumento de viabilização do bem estar coletivo.
 
Claro que no Brasil temos inúmeros problemas relacionados à corrupção e ao mal gasto do dinheiro público, que acaba
por não permitir o usufruto adequado do tributo arrecadado no país. No entanto, no mundo, tem se ressaltado esta
necessidade de se evoluir de uma visão do ordenamento tributário meramente protetiva do contribuinte para uma
visão do ordenamento tributário como viabilizador das políticas sociais.
 
Desta forma, os tributos figuram, na Constituição Federal brasileira, como meios para a obtenção de recursos por
parte dos entes políticos. Ademais, como na quase totalidade dos Estados modernos, a tributação predomina como
fonte de receita, de modo que se pode falar num Estado Fiscal ou num Estado Tributário.

Os tributos são classificados como receita derivada (porque advinda do patrimônio privado) e compulsória (uma


vez que, decorrendo de lei, independem da vontade das pessoas de contribuírem para o custeio da atividade
estatal).

Portanto, possuem, em geral, caráter predominantemente fiscal, devendo pautar-se, essencialmente, pelos princípios
da segurança, da igualdade e da capacidade contributiva.
 
Mas, por onerarem determinadas situações ou operações, acabam por influenciar as escolhas dos agentes econômicos,
tendo, pois, também efeitos extrafiscais.

Situações típicas de extrafiscalidade:


 
a) outorga de competência relativa à contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE), para viabilizar
políticas econômicas ou influenciar no sentido da obtenção de efeitos econômicos desejados;
 
b) exceções às anterioridades de exercício e/ou nonagesimal mínima e nas atenuações à legalidade relativamente
ao IPI, impostos do comércio internacional (II e IE) e IOF, atribuindo-se ao Executivo prerrogativas para a ágil
alteração da legislação respectiva;
 
c) previsão de que os impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) e territorial rural (ITR) sejam
utilizados de modo a induzir o cumprimento da função social da propriedade (arts. 170, III, e 182, § 4o, II);

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d) previsão de benefícios fiscais de incentivo regional (art. 151,1);
 
e) estímulo ao cooperativismo (arts. 146, III, c, e 174, § 2º);
 
f) determinação de tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e às empresas de pequeno porte (art.
146,III, d).

No julgamento da ADI 1.276, o STF se manifestou sobre a validade de incentivos fiscais concedidos a empresas que
contratam empregados com mais de quarenta anos, de modo a estimular tal conduta por parte dos contribuintes, bem
como de desconto do IPVA a condutores que não tenham cometido infrações de trânsito, incentivando os contribuintes
a serem bons motoristas.
 
Portanto, o Direito Tributário é o ramo do direito público que se ocupa das relações entre fisco e as pessoas sujeitas a
imposições tributárias visando tanto arrecadação de recursos para financiamento dos serviços públicos e atividades
estatais como para intervir (incentivando ou desincentivando) na economia e na vida social do Estado como um todo
(finalidade extrafiscal).

Definição de tributo

O ponto de partida para o estudo do Direito Tributário é ter em mente a definição legal de “tributo”. Sobre o tema, é o
art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN) que nos fornece tal definição. Confira:

Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Para ficar mais fácil de assimilar o conceito, vejamos cada um dos aspectos da definição dada pelo CTN:
 
Tributo é toda prestação pecuniária (...) em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir...
 
O tributo é prestação pecuniária. Refere-se à obrigação de prestar dinheiro ao Estado. Portanto, é uma obrigação de
dar, inconfundível com as obrigações de fazer (como seria a prestação de serviços ao Estado para a quitação das
dívidas).
 
O art. 3º do CTN dispõe que “o tributo é prestação pecuniária (...) em moeda”. Neste ponto, nosso legislador foi um
pouco redundante. Ora, prestações pecuniárias são justamente aquelas estabelecidas em moeda. Contudo, deixando
de lado esse erro de técnica legislativa, o que nos importa saber é que o tributo é sempre uma prestação pecuniária.

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A pecúnia representa a prestação em dinheiro, em moeda corrente, ou em cheque, conforme o inc. I do art. 162 do CTN:

Art. 162. O pagamento é efetuado:


I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.

Esse dispositivo prevê que, além da moeda e do cheque, pode-se pagar o tributo por meio de vale postal, e, havendo
previsão em lei, por estampilha, papel selado ou processo mecânico. Essas formas de pagamento são “do tempo vovó
mocinha”, e, por isso, não merecem, de nossa parte, maior preocupação para fins de concursos públicos.
 
Cumpre destacar que a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, a despeito do que defendem alguns autores,
não constitui uma autorização para a instituição de tributos “in natura” (isto é, em bens) ou “in labore” (em trabalho ou
serviços).

No Brasil, não existe tributo “in natura”, nem “in labore”.

O inc. XI do art. 156 do CTN estipula a possibilidade de dação em pagamento em bens imóveis para a quitação dos
débitos tributários. Em síntese, a dação em pagamento refere-se ao adimplemento de obrigação com coisa diversa
da prevista no acordo originário (por exemplo: a dívida do IPTU deve ser paga em dinheiro, porém, não o tendo, o
contribuinte poderia honrar a obrigação com a entrega de determinado imóvel).

Assim, é possível até compreendermos que exista abrandamento em relação à natureza exclusivamente pecuniária do
tributo. Afinal, permite-se a quitação de créditos tributários mediante a entrega de outras utilidades que possam ser
expressas em moedas, desde que previstas no texto do CTN.
 
Tributo é toda prestação compulsória...
 
O art. 3º diz ainda que o tributo é uma prestação compulsória. Quer dizer, a prestação tributária não é contratual, não
é facultativa, não é voluntária. Uma vez ocorrida a situação prevista em lei (aquisição de renda, por exemplo), o
contribuinte acha-se obrigado, de regra, a pagar o tributo (no caso do exemplo, o Imposto de Renda para a União).
Trata-se de uma obrigação que decorre única e exclusivamente da lei.

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A lógica é bem simples. O tributo é receita derivada, cobrada pelo Estado, no uso de seu poder de império. É a leia
fonte direta e imediata da obrigação tributária, de maneira que seu nascimento independe da vontade ou do
conhecimento do sujeito. Por esse motivo, o proprietário de imóvel localizado em área urbana de Município deve pagar
o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU), ainda que não queira fazê-lo.
 
Tributo é toda prestação (...) que não constitua sanção de ato ilícito...
 
O tributo não é sanção de ato ilícito. Significa dizer: ele não se confunde com as penalidades. Se o ente quer sancionar
determinada conduta, que aplique uma multa, mas nunca um tributo. Até mesmo por isso, o tributo não pode ser
confiscatório, com outras palavras, o tributo não pode ser sanção.
 
Nesse ponto, inclusive, reside a diferença entre tributo e multa. A multa é, justamente, o que o tributo está proibido de
ser: a sanção por um ato ilícito.

No concurso da SEFAZ-CE, em 2007, a ilustre organizadora Esaf elaborou o seguinte quesito:


 
Tributos não se confundem com penalidades, estas se aplicam pela decorrência de atos ilícitos, assim somente atos
lícitos podem ser tributados.
 
O item foi dado como CORRETO, como não poderia deixar de ser. Auferir renda, circular mercadorias, transmitir
bens são hipóteses de incidência de tributos, e devem ser necessariamente atividades lícitas. Não se deve
confundir a “atividade” (geradora da incidência do tributo) abstratamente considerada, com as atividades ilícitas
que ocasionam o acréscimo patrimonial e a consequente exigência do tributo. Nesse contexto, se uma pessoa
aufere renda oriunda do tráfico ilícito de entorpecentes será obrigada a pagar o Imposto de Renda, assim como um
cidadão honesto é tributado com base na sua renda mensal auferida pelo seu trabalho. O que gera a incidência do
tributo é auferir rendas, ATIVIDADE LÍCITA, e não a prática ilícita de traficar entorpecentes, jogo do bicho e outras
tantas atividades ilícitas.

 
Tributo é toda prestação (...) instituída em lei...

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Quando o CTN dispõe que o tributo é toda prestação instituída em lei, aplica-se, diretamente, o princípio da legalidade
tributária.
 
Na verdade, trata-se de uma regra sem exceção: o tributo só pode ser criado por lei (complementar ou ordinária) ou por
ato normativo de igual força (medida provisória e lei delegada).
 
Antecipamos que, embora não haja exceção ao princípio da legalidade quanto à instituição de tributos, há várias
exceções no que diz respeito à alteração de alíquotas. Observe:

 
Tributo é toda prestação (...) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada...
 
A atividade administrativa de cobrança do tributo é plenamente vinculada, isto é, a cobrança é feita sem qualquer
margem de discricionariedade ao administrador. A vinculação decorre do fato de ser o tributo instituído por lei e se
configurar como uma prestação compulsória.
 
Muitas questões são elaboradas exigindo do concursando “apenas” atenção a esse “pequeno”, porém, vital detalhe. Em
1997, a ESAF, no concurso de TTN (atual ATRFB), informou que “Tributo é prestação pecuniária compulsória, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa discricionária”. Simples, não? Perceba que a banca só fez inverter
os conceitos de atividade vinculada com discricionária.

As palavras “vinculada/vinculado”, no Direito Tributário, podem ser utilizadas em três sentidos diferentes:
 
(i) Relacionada à definição de tributo ► a atividade de cobrança do tributo, por parte da autoridade
administrativa, é plenamente vinculada à lei (art.3º do CTN).

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(ii) Relacionada à hipótese de incidência ► tributos vinculados ou não vinculados a uma atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte.
 
Nesse sentido, os tributos vinculados são as taxas e as contribuições de melhoria, porque esses tributos
têm como fatos geradores atividades estatais específicas. No caso das taxas, o fato gerador é o serviço
público ou o exercício do poder de polícia; no caso das contribuições de melhoria, a obra pública da qual
decorra valorização imobiliária.
 
Os tributos não vinculados são os impostos, cujo fato gerador não é uma atividade estatal específica
relativa ao contribuinte, mas decorrente de um sinal de riqueza do contribuinte. Assim, se alguém obtém
rendimentos, passa a dever imposto de renda; se presta serviços, deve ISS. Repare que, em nenhum desses
casos, o Estado tem de realizar qualquer atividade referida ao contribuinte.
 
(iii) Relacionada à destinação específica do produto da arrecadação do tributo ► Os tributos serão vinculados
ou não vinculados de acordo com a destinação dos recursos por ele arrecadados.
 
Nessa acepção, vinculado é o tributo cujo valor arrecadado tem destinação específica constitucionalmente
prevista. É o caso do empréstimo compulsório, em que o art. 148, parágrafo único, da Constituição Federal,
prevê que a aplicação dos recursos provenientes de sua arrecadação será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.
 
Por outro lado, tributos não vinculados são os tributos que não podem ter destinação específica, de
maneira que os recursos são utilizados para as despesas gerais previstas em orçamento. O melhor exemplo
são os impostos.

Resumo do capítulo: Definição de tributo

Definição de Tributo - É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

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exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante


atividade administrativa plenamente vinculada (Art. 3º do CTN).
 
Quanto ao pagamento (Art. 162 do CTN):
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;

II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por


processo mecânico.

- A expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, a despeito do que defendem


alguns autores, não constitui uma autorização para a instituição de tributos “in
natura” (isto é, em bens) ou “in labore” (em trabalho ou serviços). Atenção: no Brasil,
não existe tributo “in natura”, nem “in labore”.

- Possibilidade de dação em pagamento em bens imóveis para a quitação dos


débitos tributários.

Diferença entre tributo e multa:

Tributo: não pode ser sanção por ato ilícito e visa a arrecadação;

Multa: é sanção de ato ilícito - natureza punitiva e visa a coibir o ilícito.

- Aplica-se, diretamente, o princípio da legalidade tributária.

- Só pode ser criado por lei (complementar ou ordinária) ou por ato normativo de
igual força (medida provisória e lei delegada).

Exceções no que diz respeito à alteração de alíquotas:

Exigência de Lei ou MP:

Para CRIAR (ou extinguir) tributos - regra sem exceção;

Para MAJORAR (ou reduzir) tributos - regra com exceção:

- Alíquotas de II, IE, IPI, IOF e CIDE - combustíveis (alteráveis


por ato do Poder Executivo);

- Alíquotas de ICMS-monofáfico sobre combustíveis


(definidas mediante convênio).

- A cobrança é feita sem qualquer margem de discricionariedade ao administrador.

As palavras “vinculada/vinculado”, no Direito Tributário, podem ser utilizadas


em três sentidos diferentes:

(i) Relacionada à definição de tributo: a atividade de cobrança do tributo, por


parte da autoridade administrativa, é plenamente vinculada à lei (art.3º do
CTN).
 

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(ii) Relacionada à hipótese de incidência: tributos vinculados ou não


vinculados a uma atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
 
(iii) Relacionada à destinação específica do produto da arrecadação do tributo:
Os tributos serão vinculados ou não vinculados de acordo com a destinação
dos recursos por ele arrecadados.

Classificação dos tributos

A controvérsia sobre a classificação dos tributos em espécies fez com que surgissem quatro principais correntes.
 
A primeira é a dualista, capitaneada por Geraldo Ataliba, para quem os tributos são apenas as taxas (tributos
vinculados) e os impostos (tributos não vinculados). Essa concepção é válida apenas para fins didáticos.
 
A segunda corrente é a tripartida, que divide as espécies tributárias em taxas, contribuição de melhoria e impostos.
Trata-se da teoria adotada pelo Código Tributário Nacional, que em seu art. 5º dispõe que os tributos são impostos,
taxas e contribuições de melhoria. Eis o teor do artigo:

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Assim, é importante que se fique atento! Caso a questão solicite as espécies de tributos e mencionar especificamente
o CTN, a resposta é uma só: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
 
Para alguns autores, a Constituição Federal segue teoria tripartida. Isso porque o art. 145 estabelece que a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir “impostos, taxas e contribuições de melhoria”. Observe o
dispositivo:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

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Ocorre que o dispositivo apenas agrupa as espécies tributárias cuja competência tributária é atribuída
simultaneamente aos três entes políticos. Dessa forma, não se pode concluir que a CF/1988 objetivou listar, de
maneira exaustiva, em tal dispositivo, as espécies de tributo existentes no ordenamento jurídico brasileiro.
 
Cabe lembrar que os empréstimos compulsórios estão previstos no art. 148, sendo sua instituição de competência
exclusiva da União, o que justifica sua ausência no art. 145. Isso ocorre em relação às contribuições especiais previstas
no art. 149 da CF/1988, de competência exclusiva da União. Exceção feita à contribuição que financia a previdência dos
servidores públicos, essa podendo ser instituída por todos os entes federados. E, por fim, em relação às contribuições
para custeio do serviço de iluminação pública, previstas no art. 149-A, de competência exclusiva do DF e dos
Municípios.
 
Assim, o mais correto parece ser o entendimento de que a Constituição Federal representa a teoria pentapartida. De
acordo com essa teoria, ao lado dos tributos já previstos no CTN, acrescentam-se as contribuições especiais e os
empréstimos compulsórios. Esse é o entendimento também do Supremo Tribunal Federal e da maioria da doutrina.
 
Por fim, a quarta corrente, a quadripartida, que simplesmente junta todas as contribuições num só grupo, apontando
para a existência dos seguintes tributos: impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios.
 
Teoria Tripartida,
Teoria Dualista, Teoria Pentapartida ou Teoria Quadripartida, Tetrapartida
Tricotômica ou
Bipartida ou Bipartite Quinquipartida ou Tetrapartite
Tripartite
 
Entende que são cinco
espécies de tributos:
Divide os tributos em:
  ✏  impostos;
  
impostos; As contribuições formam um só
taxas;
Afirma serem espécies taxas; e conjunto, de maneira que temos:
contribuições de
tributárias somente: contribuições de impostos;
melhoria;
Impostos; e melhoria. taxas;
empréstimos
taxas.   empréstimos compulsórios; e
compulsórios; e
Critério adotado pelo contribuições.
contribuições
CTN.
especiais.
Entendimento do STF e da
maioria da doutrina.

Resumo do capítulo: Classificação dos tributos

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Principais correntes:
 
Dualista (Geraldo Ataliba):
 
- Os tributos são apenas as taxas (tributos vinculados) e os impostos
(tributos não vinculados). Essa concepção é válida apenas para fins
didáticos.
Tripartida:

- Divide as espécies tributárias em: taxas, contribuição de


melhoria e impostos.

- Adotada pelo Código Tributário Nacional.

Para alguns autores, a Constituição Federal segue a teoria tripartida:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela


utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
Classificação dos Tributos
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

O dispositivo apenas agrupa as espécies tributárias cuja


competência tributária é atribuída simultaneamente aos três
entes políticos. Dessa forma, não se pode concluir que a CF/1988
objetivou listar, de maneira exaustiva, em tal dispositivo, as
espécies de tributo existentes no ordenamento jurídico brasileiro.

Pentapartida:

- Ao lado dos tributos já previstos no CTN, acrescentam-se as


contribuições especiais e os empréstimos compulsórios. Esse é o
entendimento também do Supremo Tribunal Federal e da maioria da
doutrina.

Quadripartida:

- Junta todas as contribuições num só grupo, apontando para a


existência dos seguintes
tributos: impostos, taxas, contribuições e empréstimos
compulsórios.

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30/12/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.

A natureza jurídica específica dos tributos

Como observado, a definição de tributo não possui qualquer elemento relativo à destinação legal do produto da
arrecadação. Inclusive, o CTN afirma que a destinação legal do produto da arrecadação é irrelevante para definir a
natureza jurídica específica do tributo:

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Conforme o disposto no art. 4º do CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação tributária, sendo irrelevantes para qualificá-la a denominação e demais características formais
adotadas pela lei, bem como a destinação legal do produto da arrecadação.
 

 
Para classificar um tributo quanto ao seu fato gerador, é necessário responder a seguinte pergunta: O Estado tem de
realizar alguma atividade específica em relação ao sujeito passivo (devedor), para validar a cobrança?

Caso a resposta seja “SIM”, trata-se de um tributo vinculado (uma vez que sua cobrança
vincula-se a uma atividade estatal voltada especificamente ao contribuinte). É o caso das taxas
e contribuições de melhoria. Se a resposta for “NÃO”, o tributo é não vinculado, podendo-se
citar o imposto, como exemplo.

Porém, detalhe bem importante de prova! Segundo parte da doutrina, o critério do fato gerador (previsto no art. 4º
do CTN) é insuficiente para a identificação da natureza jurídica das contribuições especiais e dos empréstimos
compulsórios estabelecidos pela Constituição Federal.
 

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A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, tem, em princípio, o mesmo fato gerador do Imposto
de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), que é o lucro auferido, podendo-se perceber com facilidade que o fato gerador
não é suficiente para identificar a natureza jurídica da CSLL.
 
Com relação a tais espécies tributárias (contribuições e empréstimos compulsórios), entende a doutrina que a
normatividade do art. 4º do CTN foi parcialmente não recepcionada pela Constituição Federal de 1988, não sendo a eles
aplicável.
 
Nessa linha de entendimento, é possível afirmar que para as contribuições especiais e para os empréstimos
compulsórios, a destinação do produto da arrecadação é relevante para identificar sua natureza jurídica, uma vez que
nestes dois tributos a CF/1988 afetou a arrecadação a determinados fins.
 
Ainda em relação a esse tema, destaca-se outro aspecto: a CF/1988, em seu art. 145, § 2º, proíbe que as taxas tenham a
base de cálculo própria de impostos. Diante disso, pode-se concluir que, além do fato gerador, torna-se necessário
avaliar também a base de cálculo para verificar a natureza jurídica de uma determinada espécie tributária.
 
Por todo o exposto, é importante que fique claro o seguinte:
1. Caso a banca cobre o entendimento literal do CTN, o correto é afirmar que a destinação legal do produto da
arrecadação é irrelevante para qualificar o tributo como espécie de imposto, taxa ou contribuição de melhoria,
bastando a análise do fato gerador (inc. II do art. 4º do CTN).
2. Fazendo uma análise combinada do art. 145, § 2º, da CF/1988 com o art. 4º do CTN, deve-se entender que o
fato gerador da obrigação tributária não é critério suficiente para identificar a natureza jurídica das contribuições
especiais e dos empréstimos compulsórios, sendo necessário o cotejo entre o fato gerador do tributo e sua
base de cálculo.
3. Para questões mais elaboradas, é imprescindível saber que parte da doutrina entende que a CF/1888 estabeleceu
a relevância da destinação legal do produto da arrecadação (vinculação da receita) para identificação das
contribuições especiais e dos empréstimos compulsórios, não se aplicando, neste caso, a regra do inc. II do
art. 4º do CTN.

Resumo do capítulo: A natureza jurídica específica dos tributos

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- Art. 4º (CTN) A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
 
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
 
- A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação tributária. Detalhe bem importante de prova! Segundo parte da doutrina, o critério do
fato gerador (previsto no art. 4º do CTN) é insuficiente para a identificação da natureza jurídica das
contribuições especiais e dos empréstimos compulsórios estabelecidos pela Constituição
Federal. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, tem, em princípio, o
mesmo fato gerador do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), que é o lucro auferido,
podendo-se perceber com facilidade que o fato gerador não é suficiente para identificar a natureza
jurídica da CSLL.
 
- Para as contribuições especiais e para os empréstimos compulsórios, a destinação do produto

A Natureza da arrecadação é relevante para identificar sua natureza jurídica, uma vez que nestes dois tributos

Jurídica a CF/1988 afetou a arrecadação a determinados fins. 

Específica dos  

Tributos - A CF/1988, em seu art. 145, § 2º, proíbe que as taxas tenham a base de cálculo própria de
impostos. Diante disso, pode-se concluir que, além do fato gerador, torna-se necessário avaliar
também a base de cálculo para verificar a natureza jurídica de uma determinada espécie
tributária.
 
Importante:
1. Caso a banca cobre o entendimento literal do CTN, o correto é afirmar que a destinação
legal do produto da arrecadação é irrelevante para qualificar o tributo como espécie de
imposto, taxa ou contribuição de melhoria, bastando a análise do fato gerador (inc. II do art.
4º do CTN).
2. Fazendo uma análise combinada do art. 145, § 2º, da CF/1988 com o art. 4º do CTN, deve-se
entender que o fato gerador da obrigação tributária não é critério suficiente para identificar
a natureza jurídica das contribuições especiais e dos empréstimos compulsórios, sendo
necessário o cotejo entre o fato gerador do tributo e sua base de cálculo.
3. Para questões mais elaboradas, é imprescindível saber que parte da doutrina entende que a
CF/1888 estabeleceu a relevância da destinação legal do produto da arrecadação
(vinculação da receita) para identificação das contribuições especiais e dos empréstimos
compulsórios, não se aplicando, neste caso, a regra do inc. II do art. 4º do CTN.

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