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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA – ALE 2018, –

PROF. FRANCISCO MATIAS

COLONIZAÇÃO E QUESTÃO INDÍGENA – O processo de colonização da Amazônia Ocidental, onde estão localizadas as terras
formadoras do estado de Rondônia, teve início no século XVIII, ano 1730, depois de a região ter sido percorrida por várias
expedições portuguesas, de caráter explorador, científico e comercial. Mas a fixação de povoadores não indígenas ocorre a partir
da descoberta de ouro no Mato Grosso (Vale do Guaporé).

Nesse avanço português que aprofundou a linha de penetração permitida para os reinos de Portugal e Espanha, ocorreram vários
enfrentamentos entre tropas regulares de ambos os reinos e levou à celebração do Tratado de Madri, em 1750, que deliberou
sobre o Uti Possidetis Pos-Facto, ou Colonial. Ficou convencionado que “A Terra Pertence a Quem a Ocupa de Fato”, sem levar
em conta a descoberta ou demarcação primária.

A base dessa nova fronteira Portugal/Espanha será o rio Guaporé ou Itenez.

O Tratado de Madri vigorou apenas 16 anos, por decisão da Espanha, que se julgou preterida na fronteira guaporeana, foi
firmado um novo acordo, o Tratado de El Pardo, de 1716. Esse tratado ensejou a construção do Real Forte do Príncipe da Beira
(1776-1783), na margem direita do rio Guaporé, na Capitania de Cuiabá e Mato Grosso, fundada em 1748, e instalada em 1752.

OS POVOS INDÍGENAS serão violentamente afetados em guerras punitivas ou de caráter escravizador. Desses, os mais afetados e
escravizados no vale do Guaporé foram os Kaiapó, Guaicuru e Paiaguá. No vale do Madeira, os povos Mura, Munduruku,
Tomakawi e Torá, foram dizimados. Apenas os Munduruku sobreviveram e fugiram para o Pará, onde atuam na área da
construção da UHE Belo Monte.

NO SÉCULO XIX, com o 1º. Ciclo da Borracha (1850-1920), a colonização da Amazônia Ocidental ocorre de maneira expansiva e
intensamente, com a atração de imigrantes basicamente nordestinos, com ênfase ao estado do Ceará, fugitivos das secas
inclementes. Esses novos colonizadores avançam na floresta, abrem varadouros, picadas e picadões e fundam seringais em terras
indígenas.

Os povos indígenas serão afetados com a perda de suas terras e a desunião tribal nos vales do Madeira, do Gy-Paraná, do Jamary,
do Guaporé e do Mamoré, com a penetração colonizadora, desbravadora e comercial que se dá com o comércio da borracha
silvestre nativa.

Este ciclo destinava-se a suprir necessidades da 3ª. Revolução Industrial, a partir da descoberta do petróleo e do processo de
vulcanização da borracha (Charles Goodyear), nos EUA, que tornou a borracha amazônica resistente ao frio e ao calor, e,
portanto, industrializável.

Surge a indústria de pneus, com destaque para os irmãos franceses Andrés e Raoul Michelin, inventores do pneumático, da marca
Michelin e o automóvel Ford.

A MADEIRA-MAMORÉ surge nesse processo do 1º. Ciclo da Borracha, a partir da celebração do Tratado de Ayacucho, em 1867,
entre Brasil e Bolívia. Por este tratado foi construída a primeira fase da ferrovia pela empreiteira P&T Collins, dos EUA.

Nesta fase deu-se o genocídio indígena sobre a nação Karipuna, nos vales do Madeira e do Jacy-Paraná que possuía 2.500 almas,
segundo o relatório Collins. No século XXI esta nação tem apenas 13 sobreviventes.

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A SEGUNDA FASE da Madeira-Mamoré ocorre no século XX, sob o Tratado de Petrópolis, 17.11.1903 (este mês o Tratado de
Petrópolis completou 113 anos e ainda está em vigor ente o Brasil e a Bolívia).

O período de construção (1907-1912) teve no Sindicato Farqhuar, formado pelas empreiteiras May, Jeckil and Randoplh, a fase
mais empreendedora, mas difícil com maior afetação aos povos indígenas dos vales do Madeira, Jacy-Paraná, Abunã e Mamoré,
que foram profundamente impactados.
Vários confrontos ocorreram, com mortes de ambos os lados, e, como sempre, com um passivo aos povos indígenas, não apenas
do lado brasileiro, mas também dos povos indígenas do Beni, na Bolívia. Esses índios morreram nos conflitos, nas caçadas
punitivas, no rapto de suas mulheres e por conta das doenças transmitidas pelos operários e colonizadores de então.

A COMISSÃO RONDON surge nesse período, por ordem do governo brasileiro com a finalidade de construir Estações Telegráficas
Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, sob o comando do militar e sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon. Conhecida
por Legião Rondon ou Comissão Rondon, essa empresa militar e civil penetra nas terras formadoras do atual estado de Rondônia,
no vale dos Parecis, e avança até os vales do Madeira e do Mamoré.

Em suas penetrações, a Comissão Rondon instalou o telégrafo, fundou povoações e abriu linhas rodoviárias, como a Br 029, atual
364, a Rodovia Marechal Rondon. Tudo isso entre 1909 e 1916

NA DÉCADA DE 1970, o Território Federal de Rondônia, será transformado em Fronteira de Expansão Agropecuária, com a
finalidade de receber famílias migradas das regiões sul, sudeste e nordeste. De repente, a Amazônia Ocidental passa por novo
processo de colonização, cumprindo determinações do governo militar.

Ocorre a criação do INCRA, 1970, e o aporte de milhares de famílias gaúchas, paranaenses, capixabas, mineiras, paulistas,
cearenses, goianas destinadas ao grande projeto de reforma agrária a ser executado por meio dos Projetos Integrados de
Colonização, PIC, e Projetos de Assentamento Dirigido, PAD, implantados pelo INCRA de Guajará Mirim a Vilhena.

Nesse processo, os povos indígenas serão profundamente impactados, pela nova vizinhança agrária e agressiva ao ambiente
amazônico e, claro, ocupando terras antes ocupadas por nações indígenas. Surgem os confrontos, as estradas e a pistolagem que
vão abater vários povos indígenas.

Visando solucionar o problema espacial, o governo militar implanta, a partir de 1974, as RESERVAS INDÍGENAS, ou TERRAS
PROTEGIDAS, como se verá abaixo

NAÇÕES INDÍGENAS NO ESTADO DE RONDÔNIA, SÉCULO XXI

- Sabanê-Soaintê, em Vilhena

- Latundê-Tubarão, em Chupinguaia e Colorado do Oeste

- Mamãeindê , em Chupinguaia

- Cinta Larga, em Pimenta Bueno e Espigão do Oeste

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- Uru Eu Wau Wau, povo nômade, vive entre Ariquemes e Nova Mamoré, com penetração ao longo das BR 425, 429 e 435.

- Painter Suruí, em Cacoal

- Jaboti, em Rolim de Moura

- Mequéns, em Chupinguaia e Alta Floresta

- Cassupã, Miguelino, Canoê, em São Miguel do Guaporé e Seringueiras

- D´Jaru´Aru, em Jaru e Governador Jorge Teixeira

- Karitiana, entre Ariquemes, Candeias e Porto Velho

- Arara, em Ji-Paraná

- Gavião, no Igarapé de Lourdes, entre Machadinho do Oeste e Ji-Paraná.


- Kaxarari, Karipuna e Pama, em Porto Velho.

- Paccaá-Nova (tribos Oro Waran. Oro Si, Oro Nao, Oro Boné, Oro Alt, Oro Nijem) em Guajará Mirim.

Porto Velho/Excelência, ALE 2018.

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