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Faculdades

Santa Cruz de
Curitiba – Faresc
Depto de Ciências Contábeis

INOVE
DISCIPLINA/MÓDULO :

PERÍCIA CONTÁBIL

PROF. MSC. DENILSON CESAR SENA


sena@santacruz.br

2º. SEMESTRE DE 2017


FARESC/INOVE PROCESSUALÍSTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL 1
SUMÁRIO

CURRICULUM SINTÉTICO DO PROFESSOR 03

UNIDADE I : ATOS PREPARATÓRIOS 05

a) Nomeação;
b) Nomeação seguida de nomeação;
c) Indicação;
d) Intimação;
e) Declínio.

UNIDADE II : ATOS DE EXECUÇÃO . 06

2.1 Diligências e Prova Pericial;


2.2 Prova Pericial;
2.3 NPPJ-13.

UNIDADE III : NORMAS BRASILEIRAS DE CONT. E PERÍCIA 07 .

3.1 De Perícia contábil;


3.2 Da Profissão de Perícia;
3.3 Das Normas e Procedimentos de Perícias Judiciais.

UNIDADE IV : ESPECÍES DE PERÍCIA 08 .

4.1 Judiciais;
4.2 Semijudiciais
4.3 Extrajudiciais;
4.4 Arbitro.

UNIDADE V : CIDADANIA E PERÍCIA 10

5.1. Consciência e Personalidade;


5.2. Cidadania e Perícia;
5.3. Aspectos Civis e Criminais.

UNIDADE VI : PLANO DE TRABALHO EM PERÍCIA CONTÁBIL 12

6.1 Conceito;
6.2 Técnicas Utilizadas;
6.3 Papéis de Trabalho;
6.4 Prova de Perícia.

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UNIDADE VII : APLICAÇÕES IMPORTANTES DA PERÍCIA CONTÁBIL 21

7.1 Introdução;
7.2 Objetivo de Perícia Contábil;
7.3 Aplicabilidade.

UNIDADE VIII : FRAUDES EM CONTABILIDADE 23

8.1 Diferença entre Erro e Fraude;


8.2 Fraude e Perícia Contábil;
8.3 Casos mais Comuns de Fraudes.

UNIDADE IX : LAUDOS PERÍCIAIS 25

9.1 Caraterização;
9.2 Estrutura;
9.3 Espécies;
9.4 Dicas para a Elaboração de Laudos.

UNIDADE X : REMUNERAÇÃO DE TRABALHO DE PERÍCIA 39

10.1 Introdução;
10.2 Em processo Judicial;
10.3 Em Comissão de Inquéritos;
10.4 Em Juízo Arbitral;
10.5 Modelo de Estimativa de Honorários.

UNIDADE XI : BIBLIOGRAFIA 42

UNIDADE XII : ANEXOS 45

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CURRICULUM VITAE SINTÉTICO


Prof. MSc. Denilson Cesar Sena
e:mail : sena@santacruz.br
Pós-Graduação
 Doutorando em Engenharia da Produção – UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina – Área de Pesquisa Custos e Qualidade – créditos concluídos 2007.
 Doutorado em Gestão Empresarial - UCE - University of Central Europe - Vevey -
Suíça - 2001.
 Mestrado em Administração pela Universidade Positivo – Unicenp – 2006.
 Mestrado em Administração e Gestão Financeira - UNEX - Universidade De
Extremadura - Badajoz - Espanha - Convênio Faculdade de Administração de
Empresas do Estado de São Paulo - FAESP - 1999/2002.
 Especialização em Controladoria e Contabilidade - UFPR - 1995.
 Curso de Extensão Universitária em Metodologia e Didática do Ensino Superior -
UFPR -1996 - 60 horas.
 Curso de Extensão Universitária em Metodologia e Didática do Ensino Superior –
FARESC - 2002
Graduação/Técnico
 Bacharel em Ciências Contábeis - FAE – 1994
 Bacharel em Direito – FARESC - 2008
 Técnico em Administração - Pres. Lamenha Lins -1985
Atividades Docentes
Professor Adjunto Mestre das Faculdades Santa Cruz – desde 1997
 Coordenador Adjunto do Curso de Ciências Contábeis - Faresc desde 2000/2004
 Ex - Professor do Centro Universitário Positivo - Unicenp - Disciplina de
Contabilidade de Custos, Tópicos de Contabilidade Aplicada e Orientador do
Estágio Supervisionado e Trabalhos de Conclusão de Curso - desde fev/2001 /2008
 Professor do Curso de Aperfeiçoamento e Gerência de Serviços Contábeis no
Unicenp
 Ex -Coordenador do Curso de Pós-Graduação na Área de Perícia Contábil do
CEDAEM - Centro Acadêmico Empresarial. Desde 2000.
 Professor elaborador das questões ENADE 2015/2016

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Atividades Profissionais
 Perito Judicial e Extra-Judicial
 Consultor de Empresas
 Controller
 Advogado Especialista
Aperfeiçoamento Profissional/Pessoal
 Realizados mais de 50 cursos nas áreas : Trabalhista/Previdenciária Administrativa,
Financeira, Informática, Fiscal/Tributária/Contábil e de Idiomas
Participação em Seminários e Eventos
 Participação em mais de 10 seminários e eventos em diversas áreas de conhecimento
Sendo os mais recentes.
 II CECOC - Ciclo Estudos Contábeis de Ctba CRC/FECOPAR/SESCAP -07/01
 13 Convenção Estadual dos Contabilistas do Pr Foz do Iguaçu - CRC/PR - 09/01
Publicações
1. Avaliação de Desempenho Econômico Financeiro - UFPR - 1995
2. Dissertação de Mestrado - Otimização do Lucro nas Empresas Prestadoras de Serviços
pela Gestão Estratégica de Custos e Orçamento - 2001 - UNEX - Espanha - FAESP - SP
– 2001
3. Dissertação de Mestrado - Governança Corporativa – Universidade Positivo – UP
4. Gerenciamento de Custos em Empresas Familiares de Pequenas e Médio Porte: Desafio
e Dificuldades – Faresc – 2013
5. Otimização do Lucro nas Empresas Prestadores de Serviços – Faresc - 2013
6. Governança Corporativa: Auxiliando nas decisões – Faresc – 2014
7. Obrigação, Lançamento e Modalidades e Suspensão do Crédito Tributário – Faresc –
2015
8. Infrações e Ilícitos Tributários – Faresc – 2016
9. Retenção de Tributos e Apropriação Indébito: possibilidade de prisão por dívida – Faresc -
2017

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PROCESSUALÍSTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL (OPERACIONALIZAÇÃO)


A operacionalização da Perícia Contábil ou sua processualística compreende dois
momentos distintos que poderíamos denominar de:
a) atos Preparatórios;
b) atos de Execução.

UNIDADE I: ATOS PREPARATÓRIOS

Como Atos Preparatórios podemos apontar:

a) nomeação - quando o juiz de Direito, sentindo a necessidade de ser orientação no


conteúdo técnico ou científico do processo, toma a iniciativa de nomear um perito (CPC,
art. 156);

b) indicação seguida de nomeação – quando uma das partes ou ambas (autor e/ou réu;
exequente e/ou executado, inventariante e/ou herdeiros etc.) desejando orientação nos
aspectos técnicos ou científicos que possam contribuir para elucidar a decisão
solicita(m) ao juiz a nomeação de perito (CPC, art. 465, PARAGRAFO 1º. II);

c) indicação – quando uma das partes ou ambas desejando mais esclarecimentos


indica(m) assistente técnico “perito da parte”;

d) intimação - feita a nomeação, o juiz manda intimar (isto é, cientificá-lo de que foi
nomeado) o perito, através de uma comunicação formal, chamada “mandado de
intimação” em que lhe é informado o número e o título dos autos, os prazos para
aceitação ou escusa, ou outras informações inerentes ao processo;

e) declínio – no caso de escusar-se.


Durante os atos preparatórios, especialmente depois da intimação, o perito pode
retirar os autos do Cartório Civil pelo período de cinco dias para inteirar-se de seu contéudo,
ou pedir vistas nos autos no próprio cartório.

Condições para ACEITAR – a regra básica estabelecida no CPC é de que: “O perito


tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assistir a lei..Outra condição é de que
esteja legalmente habilitado, e técnica e cientificamente preparado. O fato de haver sido
nomeado não obriga o perito ao exercício pericial, pois cabe-lhe o direito de ACEITAR ou
ESCUSAR-SE da função.

Condições para DECLINAR – as condições básicas da escusa do perito (CPC, art.


144) são:

a) impedimento legal;
b) suspeição;
c) não ser especializado na matéria objeto da perícia;
d) força maior. A última alteração do CPC, Lei n. 8.455/92, artigo 146 (antigo CPC), art. 466
NCPC, extingui o compromisso. Isto significa que o prazo para escusa passa a ser
contado da data da intimação.

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UNIDADE II: ATOS DE EXECUÇÃO

É neste ponto que praticamente se inicia o trabalho pericial, de natureza


técnico/científico, objeto do processo, para esclarecer ao juiz da complexidade do problema
em lide.

O primeiro ato de execução é a formulação de quesitos pelo juiz, no caso das


nomeações de sua própria iniciativa ou pelos advogados das partes quando lhes interessa.
No caso de quesitos formulados pelas partes, estes ficam sujeitos à homologação pelo juiz,
ou recusa se julgados impertinentes (CPC, art. 465, parágrafo 1º. Inciso III). Quesitos bem
formulados são fundamentais para a boa qualidade do trabalho pericial, pois são os quesitos
que indicam o escopo da perícia.

As diligências para obtenção de provas constituir-se-ão em atos de execução


subsequentes. Isto será abordado em item especial, mais adiante. O Laudo Pericial
circunscreve-se em resposta aos quesitos, portanto, abordaremos com maior profundidade.

Diligências e Prova Pericial

Conhecendo os quesitos, o perito e/ou assistente técnico (se houver) podem iniciar
esta Segunda etapa de execução que são as diligências par obtenção das provas periciais.
As diligências consistem em todos os meios necessários para obtenção de provas que
possam estar fora dos autos (CPC art. 464), como, por exemplo, livros obrigatórios,
facultativos e auxiliares, documentos de arquivos das partes ou de terceiros, documentos de
órgãos públicos, oitiva de testemunhas etc.

Ressalte-se, com a última alteração do CPC, as funções do assistente técnico não


ficaram bem definidas. Em alguns depoimentos que tomamos de pessoas qualificadas a
opinar sobre este assunto, o “assistente técnico deve proceder aos exames e diligências tal
qual faz o perito, e ao final emitir parecer. Outras entendem que ele deve analisar o laudo
emitido pelo perito e num prazo de (15) dias de sua entrega emitir parecer sobre o dito laudo.
Esta é uma questão que somente as jurisprudências poderão nos responder, daqui a algum
tempo”.

Prova Pericial – está conceituada no CPC, art. 464, como sendo: “A prova pericial
consiste em exame, vistoria ou avaliação. ”Para fazer o exame, a vistoria ou avaliação o
perito baseia-se em fatos expressos e materialmente documentados. Vejamos o que
expressam as Normas Periciais com referência a provas.

NPPJ-13 – “O perito não cria e não crê, isto é, insere no laudo os fatos e atos exatos e
estudados, não fundados em simples suposições ou possibilidades, devendo apresentar
suas conclusões com toda a objetividade, mantendo sempre isenção e imparcialidade.”(1)

Para obtenção ou elucidação de situações especiais, o trabalho pericial pode ser feito
com a participação de uma equipe de profissionais( especialistas) e auxiliares, porém sempre
que se recorrer a este recurso é imprescindível o acompanhamento direto do perito, pois a
perícia é indelegável.

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Unidade III: Normas Brasileiras de Contabilidade e a Perícia Contábil

3.1 Da Perícia Contábil;


3.2 Dos Profissionais em Perícia Contábil;
3.3 Das Normas e Procedimentos de Perícias Judiciais. (Não emitidas pelo CFC).

Sendo a Perícia Contábil uma atividade de competência do Contador, devidamente


registro, o Conselho Federal disciplinou o exercício da profissão, bem como dos requisitos
profissionais, através das seguintes resoluções:

Resolução CFC nº 731 de 22/10/92, aprova a NBC T-3 – Da Perícia Contábil,


sendo subdividido em:

 Conceituação e Objetivos;
 Planejamento e Execução;
 Procedimentos;
 Laudo Pericial

Resolução CFC nº 733 de 22/10/92, aprova a NBC P-2 Normas Profissionais de


Perito Contábil, sendo a sua subdivisão:

 Competência Técnico-Profissional;
 Independência;
 Impedimento;
 Recusa;
 Honorários;
 Sigilo;
 Responsabilidade e Zelo;
 Utilização do Trabalho de Especialistas.

No âmbito da atividade pericial de forma global, ou seja, da atividade em si mesma,


não importando qual o objeto ou a especialidade técnica envolvida, foram criadas as Normas
e Procedimentos de Perícia Judicial, NPPJ, em Agosto de 1970, sendo que a sua última
atualização datada de 1991.

Na verdade as referidas normas devem ser encaradas como recomendações de


conduta, salutares, sem dúvida, mas que não obrigam a todos e não prevêem sanções
disciplinares.
As NPPJs são subdivididas em:
 Normas e Procedimentos Gerais;
 Normas e Procedimentos da Fase das Diligências;
 Normas e Procedimentos na Fase de Elaboração e Entrega do Laudo;
 Normas e Procedimentos Especiais

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Unidade IV: Espécies de Perícias

4. 1 Judiciais;
4.2 Semijudiciais;
4.3 Extrajudiciais;
4.4 Arbitral.

O instrumento da perícia tem espécies distintas, identificáveis e definíveis segundo os


ambientes em que é instalada a atuar. São estes mesmos ambientes que deliniarão suas
características instrínsicas e as determinantes tecnológicas para o perfeito atendimento do
objeto e dos objetivos para os quais deve voltar-se.

Os ambientes de atuação que definirão as características, podem ser do ponto de


vista mais geral, o ambiente judicial, o ambiente semijudicial, o ambiente extrajudicial e o
ambiente arbitral.

Decorre então, serem quatro as espécies de perícias detectáveis segundo este


raciocínio, a perícia judicial, a perícia semijudicial, a perícia extrajudicial, e a perícia arbitral.

4. 1 Perícia Judicial

A Perícia Judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do Poder


Judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se
processa segundo regras legais específicas.

Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo suas finalidades precípuas no


processo judicial, em meio de prova ou de arbitramento.

A Perícia Judicial será prova quando no processo, de conhecimento ou de liquidação


por artigos, tiver por escopo trazer a verdade real, demonstrável cientifica ou tecnicamente,
para subsidiar a formação da convicção do julgador.

Será arbitramento quando determinada no processo de liquidação de sentença, tiver


por objeto quantificar, mediante critério técnico, a obrigação em que aquela se constituir.

4.2 Perícia Semijudicial


A Perícia Semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado,
porém fora do Poder Judiciário, tendo como finalidade principal ser meio de prova nos
ordenamentos institucionais usuários.

Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo o aparato estatal atuante, em policial


(nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou especiais) e
administrativo tributárias (na esfera da administração pública tributária ou conselhos de
contribuintes).
É classificada em semijudicial porque as autoridades policiais, parlamentares ou
administrativas têm algum poder jurisdicional, ainda que relativo e não com a extensão e
expressão do Poder Judiciário, e, ainda, por estarem sujeitas as regras legais e regimentais
que se assemelham às judiciais.
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4.3 Perícia Extrajudicial

A Perícia Extrajudicial é aquela realizada fora do Estado, por necessidade e escolha


de entes físicos e jurídicos particulares, no sentido estrito, ou seja, não submetíveis a uma
outra pessoas encarregada de arbitrar a matéria conflituosa, fora do juízo arbitral.

Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo as finalidades intrínsecas para as quais


foram designadas, em demonstrativas, discriminativas e comprobatórias.

Assim o dizemos porque, no primeiro caso, das demonstrativas, a finalidade para a


qual se busca a via pericial é demonstrar a veracidade ou não do fato ou coisa previamente
especificados na consulta; já no segundo caso, esta via é instalada a colocar nos justos
termos os interesses de cada um dos envolvidos na matéria potencialmente duvidosa ou
conflituosa; e o terceiro caso, quando visa a comprovação das manipulações patológicas da
matéria periciada (fraudes, desvios, simulações).

4.4 Perícia Arbitral

Por final, temos a Perícia Arbitral, que é aquela perícia realizada no juízo arbitral,
instância decisória criada pela vontade das partes, não sendo enquadrável em nenhuma das
anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e
extrajudicial fosse.

Subdivide-se em probante e decisória, segundo se destine a funcionar como meio de


prova do juízo arbitral, como subsidiadora da convicção do arbitro, ou é ela própria arbitro da
controvérsia.

Em linhas gerais, estas são as espécies de perícias. As espécies de laudos, por outro
lado, como veremos mais adiante, não dependem diretamente das espécies de perícias,
estando mais ligados aos objetivos e procedimentos periciais empregados.

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Unidade V: Cidadania e Perícia

5. 1 Consciência e Personalidade;
5. 2 Cidadania e Perícia;
5. 3 Aspectos Civis e Criminais.

5. 1 Consciência e Personalidade

Aquele que executa ou pretende executar trabalho de perícia é que se conscientize da


necessidade de introjetar e agregar a sua personalidade virtudes em grau que lhe empreste
autoridade moral natural para o acatamento do seu trabalho.

É preciso ser ético, em contraposição a ter ética, o que é substancialmente diferente,


pois ter é tão somente atender às regras formalmente expressas porque a elas está
obrigado, enquanto ser é atender as regras, formalizadas ou não, como uma atividade
natural, intrínseca ao próprio ser, que só quem é consciente pode ter.

Devemos então partir da idéia de que ética guarda relação com “harmonia do
pensamento”, para vislumbrarmos que ser uma consciência ética equivale a conquista de
lucidez “intetecto-moral”.

Entre alguns “lembretes” do que seja agir com “consciência ética”, podemos destacar:

 Submeta tudo ao crivo da razão, com rigor lógico, evitando aceitar o


aparentemente verdadeiro como se verdadeiro fosse;
 Não julgue ou opine, nunca, por aproximação;
 Nada presuma, pois o cientista não é dado operar por presunção. Mas sim deduzir
a verdade daquilo que examina;
 Não tenha preconceitos em relação ao objeto periciado;
 Observe criteriosamente todas as condições psicoambientais em que o exame se
dá;
 Exerça a autocrítica com rigor e a crítica com benevolência;
 Não se arme intelectualmente imaginando o que vai encontrar ou acontecer;
 Dê a devida distância ao objeto periciado para não se confundir.

5. 2 Cidadania e Perícia

Cidadania é a ação permanente, individualmente ou não, no sentido de, primeiro,


cumprir seus deveres civis, sociais e profissionais, e, simultaneamente, buscar a defesa dos
direitos.

Na verdade, no exercício da cidadania, o que se busca realizar é a criação de novas


condições, a renovação e a transformação da realidade social com vistas a promover o bem
comum.

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Poder-se-ia argumentar que os deveres do perito não seriam, neste aspecto,
diferentes dos de qualquer outro cidadão, com o que discordamos, pois que aquele se
diferencia pela oportunidade de ação mais efetiva e concreta do exercício da cidadania.

A perícia, por sua própria natureza, é um exercício pleno de cidadania, já que, ao


dispor e ordenar direitos a outrem, tem, ao mesmo tempo, o dever de fazê-lo com total
isenção de ânimo. Seu agente real, o perito, deve despir-se de todos os preconceitos para
ofertar aos cidadãos que se submetem ao Estado - Juiz, ou outra instância, seu conflito a
garantia de um serviço perfeito e moralmente isento e justo.

Sentir-se responsável moral e socialmente não é tarefa fácil nos dias de hoje, pois
esta mesma sociedade a qual devemos oferecer o melhor de nossa técnica, em virtude da
degradação e afrouxamento dos laços sociais, passou a valorizar excessivamente o lado
financeiro, reduzindo a aventura humana ao sucesso financeiro, em detrimento do verdadeiro
homem, para ao qual se requer evolução moral, intelectual e sentimental.

5. 3 Aspectos Civis e Criminais


Em que pese ser irrestrita a responsabilidade moral do perito, legalmente existem
aspectos civis e criminais merecedores de atenção.

Os demais, direitos e as penalidades civis e criminais aplicáveis aos peritos são:

Deveres Legais e Profissionais do Perito

 Dever de aceitar o encargo, do qual não pode escusar-se, “salvo alegando motivo
legítimo” – CPC art. 157. São considerados motivos legítimos:
I. Inapto para a perícia por ausência de conhecimento técnico;
II. Dano a si, ao cônjuge ou a parentes consangüineos afins;
III. Suspenção e impedimento do juíz.
 Dever de cumprir o ofício – CPC art. 157;
 Dever de comprovar a sua habilitação – CPC art. 156;
 Dever de respeitar os prazos – CPC art. 157
 Dever de cumprir escrupulosamente o encargo – CPC art. 466;
 Dever de prestar os esclarecimentos – CPC art. 477;
 Dever profissional de recusar a indicação, quando não se achar capacitado para
bem desempenhar o encargo – Código de Ética do Contabilista, art. 5º;
 Dever profissional de evitar interpretações tendenciosas, mantendo absoluta
independência moral e ética – Código de Ética do Contabilista, art5º;
 Dever profissional de abster-se de dar convicção pessoal sobre direitos das partes,
mantendo o seu laudo no âmbito técnico – Código de Ética do Contabilista, art 5º;
 Dever profissional de apreciar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo
pericial que lhe for submetido – Código de Ética do Contabilista, art5º;
 Dever profissional de abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar
suficientemente informado e documentado – Código de Ética do Contabilista, art.
5º;
 Dever de cumprir e fazer cumprir as Normas Técnicas e Profissionais de Perícia
Contábil – Resoluções do CFC 731 e 733.

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Direitos Legais e Profissionais

 Direito de escusar-se do encargo por motivo legítimo – CPC art. 157;


 Direito a prorrogação de prazo para realizar o trabalho – CPC art. 476;
 Direito a pesquisa de fontes documentais e testemunhais – CPC art. 473;
 Direto a honorários – CPC art.95.

Penalidades Civis e Criminais

 Multa, pelo prejuízo causado na ação, se deixar de cumprir o encargo no prazo que
lhe foi assinalado – “multa arbitrada” – CPC art. 424;
 Indenização, pelos prejuízos que causar à parte, se, for dolo ou culpa, prestar
informações inverídicas – CPC art. 437;
 Inabilitação por dois anos para funcionar em outras perícias, pelos mesmos
motivos do item anterior;
 Incursão nas sanções penais que a lei penal estabelecer, pelo mesmo motivo
anterior;
 Reclusão, de um a três anos, e multa, se fizer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade, em processo judicial ou administrativo, ou em juízo arbitral, por falsa
perícia – CP art. 342;
 Detenção de três meses a dois anos, e multa, se inovar artificiosamente, na
pendência de processo civil ou administrativo, o o estado de lugar, de coisa ou de
pessoa, com o fim de induzir o erro o juiz, por fraude processual –.

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Unidade VI: Plano de Trabalho em Perícia Contábil

6.1 Conceito;
6.2 Técnicas Utilizadas;
6.3 Papéis de Trabalho;
6.4 Riscos na Perícia

6.1 Conceito

Plano de Trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente organizada, para a


execução das tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos serviços, pela redução dos
riscos sobre a opinião ou resposta.

O plano é um guia a ser seguido, de forma organizada e harmônica, com as reflexões


necessárias e as medidas que devem ser tomadas em cada quesito ou questão.

Para a elaboração de um consistente Plano de Trabalho, deve-se ter em mente:

 Pleno conhecimento da questão, se for judicial, pleno conhecimento do processo;


 Pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa;
 Levantamento prévio dos recursos disponíveis para exames;
 Prazo ou tempo para a execução da tarefa e entrega do laudo ou parecer;
 Acessibilidade aos dados;
 Pleno conhecimento dos sistema contábeis adotados e confiabilidade de
documentação;
 Natureza de apoios, se necessário.

6.2 Técnicas Utilizadas.

Segundo a finalidade da perícia determinada ou solicitada, esta, para a sua


consecução se valerá de técnicas específicas, uma ou outra, ou a combinação de várias.

Importa salientarmos que a maioria das técnicas aqui expostas são comuns a
qualquer espécie de perícia, embora partamos da conceituação das Normas Contábeis.

Exame:
É a análise dos elementos constitutivos da matéria. Pode ser em relação a um
elemento qualquer: uma pessoa, um documento, um móvel etc. Pressupõe a
decomposição dos elementos da matéria examinada em tantas partes quanto forem
necessárias à formação da convicção a respeito delas.

Vistoria:
É o ato de verificação do estado circunstancial do objeto pericial concreto:
pessoa, máquinas documento, condições ambientais etc.

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Indagação:
É o ato pericial de obtenção do testemunho pessoal daqueles que têm ou
deveriam ter conhecimento dos fatos ou atos concernentes à matéria periciada.

Investigação:
É a pesquisa que busca trazer ao laudo o que está oculto por quaisquer
circunstâncias. Do ponto de vista pericial, já que quase sempre tratamos das
manifestações patológicas das matérias, estas circunstâncias são habitualmente:
astúcia, má-fé; fraude; malícia e outros procedimentos aéticos que visam obscurecer a
verdade.

Arbitramento:
É a técnica que permite determinar valores por procedimentos estatísticos,
média, mediana, desvio-padrão etc, e analógicos, situações mensuráveis são
utilizadas como parâmetro para se determinar o valor de situação diretamente
mensuráveis, capazes de fundamentar o valor encontrável.

Avaliação:
É a análise e identificação do valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas, por critério puramente objetivo, calculável ou demonstrável.

Certificação:
É a informação trazida ao laudo pelo perito com caráter afirmativo cuja
autenticidade é reconhecida em função de fé pública atribuída ao profissional.

6.3 Papéis de Trabalho.

A Norma Técnica de Perícia Contábil contempla o dever de registrar as ocorrências


periciais através de papéis de trabalho, item 13.2.10 da NBC T-13.

Casos normais, nos quais não ocorra grande potencial de dúvidas e recursos, devem
ter seus papéis de trabalho preservados por três anos após a entrega do laudo, ou,
quando houver, após a entrega dos esclarecimentos adicionais.

Preenchimento do Papel de Trabalho.

(A) Registros Iniciais, a identificação do caso, partes, nº do processo, data de


carga em cartório, prazo para entrega do trabalho, se existem assistentes
técnicos indicados, registrando a horas correspondentes, inclusive de idas e
vindas a cartório.

(B) Análises Iniciais, onde são anotados os dados básicos e delimitadores da


ação pericial relativos ao caso, bem como uma síntese do objeto da perícia
contábil, quais documentos existem nos autos, e quais documentos ou
elementos devem ser pesquisados, examinados ou investigados pela perícia.

(C) Diligências, onde são registradas todas as ocorrências, resultados ou


observações que interessam à perícia.

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(D) Análises Complementares para o Laudo, onde o perito ou o coordenador do


grupo estabelecerá as bases, critérios e dados que serão considerados pela
perícia para atingir a sua finalidade.

(E) Levantamentos de Dados/Definição, complemento do item anterior.

(F) Análises, Sistemas e Programação, onde será identificado quais os


programas e arquivos básicos que serão utilizados no caso, ou se há
necessidade de criação de outros a partir dos existentes.

(G) Digitação e Operação, refere-se a tarefas delegáveis e, como tais,


perfeitamente executáveis por auxiliares sob orientação do perito, mas deverão,
necessariamente, ser revistas pelo coordenador do grupo e pelo próprio perito.

(H) Redação do Laudo Pericial Contábil, é de baixa delegação, requerendo


acompanhamento rigoroso do perito nomeado, responsável técnico pelo
trabalho executado. Isto porque, embora mediante orientação de pessoal
qualificado o esboço geral da redação possa ser efetuada e executada, a
redação final, bem como as respostas dos quesitos formulados pelas partes ou
pelo juízo, deve ser efetuada pelo perito contábil nomeado.

(I) Impugnações, tomará por base o próprio papel de trabalho já elaborado, e


mesmo que haja a necessidade de consulta ao coordenador do grupo, o item é
indelegável, pois que é o próprio perito que deve prestar os esclarecimentos
necessários e, ao mesmo tempo, fazer um controle da qualidade de seu
trabalho, anotando os fundamentos para aumentar ou refazer o laudo.

(J) Resultado Final, registrará a data-limite para manter em arquivo, data de


liquidação, honorários recebidos e outras observações finais a respeito do
trabalho.

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MODELO DE PAPEL DE TRABALHO

PAPEL DE TRABALHO DE PERÍCIA CONTÁBIL

(A) Registros Iniciais HorasTotais Alocadas

JCJ/Vara Número do Processo Data da Carga Prazo para Entrega

Reclamante/Autor

Reclamada/Ré

Assistente Reclamante Assistente Reclamada Início/Fim Horas Perito do Juiz

(B) Análises Iniciais dos Autos Horas Totais Alocadas

Data de Início Data de Término

Objeto da Perícia Contábil

Documentos nos Autos

Documentos Faltantes

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( C ) Diligências Horas Totais Alocadas

Data de Início da Diligência Data de Término da Diligência Enviado para Produção Responsável

Resultados e/ou Observações das Diligências

(D) Análises Complementares para o Laudo Horas Totais Alocadas

Coordenador/Subcoordenador da Célula Perito Contábil Orientador

Observações e Orientações

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(E) Levantamento de Dados/Definições de Anexos Horas Totais Alocadas

Definições dos Anexos

Levantamentos de Dados

(F) Análises, Sistemas e Programação Horas Totais Alocadas

Programas Básicos Criação e Geração de Planilhas

Observações Gerais

(G) Digitações e Operações em Computadores Horas Totais Alocadas

Executor do Trabalho Lista de Programas Utilizados

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(H) Redação do Laudo Pericial Contábil Horas Totais Alocadas

Orientador Executor Responsável

Orientações, fundamentos e observações

(I) Análises Finais Total de horas de conferências Total de horas de revisão e montagem

(J) Impugnações Data da Carga Prazo para Esclarecimentos

Responsável pelo Esclarecimentos Resultados dos Esclarecimentos

( ) Mantido Totalmente ( ) Refeito Parcialmente ( ) Refeito

Fundamentos principais para manter ou refazer

(K) Resultado Final Data de Liquidação Honorários Recebidos (R$)

Arquivado em Data Limite para Manter em Arquivo Outras Observações

Vê-se assim, que o Papel de Trabalho Pericial é bastante diferenciado do Papel de


Trabalho do Auditor, pelas características também diferenciadas que concernem à
atividade pericial.

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A adoção do Papel de Trabalho sugerido não deve servir de limitação para que os
profissionais criem, melhorem, modifiquem e inovem com outras espécies de
controles documentais de sua atividade.

6.4 Riscos na Perícia.

Os serviços contábeis, como quaisquer outros, possuem suas margens de risco, na


perícia todavia, o risco tem muito mais significado, pois pode levar a uma opinião errônea,
produzindo uma falsa prova, com lesão ao direito de terceiros.

O perito não pode errar, tem para isto que precaver-se de todos os meios ao seu
alcance.

Tais precauções devem ser adotadas, principalmente, com relação aos seguintes
fatores:

Tempo atribuído:

Só aceitar a tarefa em tempo hábil para que possa desempenhá-la com rigor.

Para tanto, deve dimensionar a tarefa e, se o tempo atribuído for compatível com a
necessidade de dedicação à execução, solicitar prazo maior, e, se esse for negado,
recusar a incumbência.

Plano de trabalho:

Elaborar um plano de trabalho amplo e completo para a execução da perícia,


escolhendo os melhores critérios de desempenho do mesmo.

Desempenho exigido:

No desempenho ou execução do plano, deve o perito usar a sua autoridade para que
tudo lhe seja oferecido a tempo e completamente, ou seja, os elementos materiais de
exames devem ser satisfatórios.

Apoio exigente:

Nos casos em que não existir a comprovação de entradas de dados, sistemas


computadorizados, exigir rigoroso apoio de verificação, inclusive com a assistência
especializada de profissionais com alto nível de conhecimento.

Resguardo de informações:

Todo o informe fornecido com base em “conhecimento de serviços”, ou “conhecimento


de fatos”, que seja relevante para o julgamento, deve ser colhido em depoimento por
escrito, e assinado pelo depoente.

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Provas emprestadas:

Onde couber, deve o perito apelar para informações de pessoas alheias ao processo,
mas ligadas por transações com a empresa ou instituição.

Declarações:
Quanto a dados a serem requeridos, o perito pode pedir à empresa que está sob seu
exame uma carta de administração que declare que os elementos exibidos eram os
exclusivos que existiam, e que nenhum outro foi produzido ou existe em outro local.

Preço:
Compatível com a qualidade e quantidade do trabalho executado

Em suma, é preciso que o perito adote todas as medidas possíveis de precaução


para a garantia de seu trabalho e para que posteriormente não venha a prejudicar
terceiros, nem ser responsabilizado por omissão ou falsidade informativa.

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Unidade VII: Aplicações Importantes da Perícia Contábil.

7.1 Introdução;
7.2 Objetivo da Perícia Contábil;
7.3 Aplicabilidade.

7.1 Introdução

Discriminar os campos e as situações em que é possível a aplicação da perícia


contábil é tarefa que somente pode ser tomada em caráter de exemplificação, pois
inumeráveis são as situações em que a perícia pode atuar.

Isto decorre do próprio caráter de abrangência que pode ter a perícia e, no caso de
perícia contábil, mais ainda, em face de, ao se manifestar sobre situações, coisas ou fatos
estes estarem relacionados diretamente aos de natureza contábil.

7.2 Objetivo da Perícia Contábil

Em conformidade com a NBT –T-13, item 13.1.1, o objetivo é a emissão de laudo


sobre questões contábeis, mediante técnicas de perícia.

7.3 Aplicabilidade.

Ao mencionarmos na unidade III que as espécies de perícias são as de caráter:


judicial, semijudicial, extrajudicial e arbitral, a perícia contábil também poderá ser aplicada,
por exemplo, nos seguintes casos:

A) Avaliações, verificações e apurações de haveres.

Esta é senão a principal, uma das mais importantes aplicações da perícia contábil,
pois se inserem os haveres no próprio objeto da contabilidade, o patrimônio, e,
naturalmente, o grande fator determinante dos dissídios individuais ou coletivos,
concretos, potenciais ou latentes, se fundem, certamente, nos haveres de uma
entidade, física ou jurídica que, em maior ou menor parcela de tempo, encontram-se
agregados ao patrimônio de outra entidade.

A quantificação, mensuração, identificação, avaliação, análise, apuração ou


arbitramento dos haveres são atividades típicas de perícia contábil. Relevante notar
que as apurações de haveres, quando se referirem a entidades que explorem
atividade econômica, incluem, quase sempre, o chamado “fundo de comércio” que
deve ser apurado e incluído na avaliação.

A perícia contábil cuja finalidade principal é a de apontar os haveres monetariamente


mensurados ou avaliados pode ser necessária em variadas situações, judiciais ou
não.

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As principais são as seguintes:

 Em ações de alimentos;
 Em ações de inventário;
 Em dissoluções de sociedades;
 Em desapropriações;
 Em reclamatórias trabalhistas;
 Em fundo de comércio;
 Falta de entrega de mercadorias;
 Exclusão de sócios
B) Análise de valores patrimoniais.
Também relevante e comum é a necessidade de se verificar, analisar ou avaliar a
certeza e correlação de um determinado valor ou conjunto de valores que podem ser
débitos ou créditos, receitas ou despesas.

O instrumento adequado, definido o objeto específico, é o exame contábil daqueles


valores e das circunstâncias de sua formação.

Ocorre a necessidade de perícia contábil, normalmente, em:

 Consignações;
 Verificações de livros e documentos;
 Ações executivas;
 Impugnações de créditos;
 Indenizatórias;
 Ações trabalhistas;
 Compensação de créditos;
 Estima de bens penhorados;
 Liquidação de empresas;
 Lucros cessantes;
 Prestações de contas;
 Dívidas mercantis.

C) Exame, análise e identificação de erros ou fraudes.

Também neste caso, seja qual for o ambiente em que a perícia esteja atuando, esta é
o instrumento próprio para verificar, analisar, examinar ou identificar situações
patológicas da Contabilidade, como são os erros e fraudes.

Todavia essas aplicações de perícia contábil, deve-se ressaltar, podem ocorrer na


instância de inquérito, no processo judicial ou arbitral, ou, ainda extrajudicialmente.

São exemplos:
 Em inquéritos;
 Em concordatas e falências;
 Em reclamatórias trabalhistas;
 Extrajudicialmente

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Unidade VIII: Fraudes em Contabilidade

8.1 Diferença entre erro e fraude;


8.2 Fraude e Perícia Contábil;
8.3 Casos mais comuns de fraudes.

8.1 Diferença entre erro e fraude

Em contabilidade existe um diferença muito grande no que venha a se constituir o erro


ou a fraude, sendo considerado:

Fraude é uma ação premeditada para lesar alguém.

Erro é uma ação involuntária, sem o intuito de causar dano

A fraude pode ser um “agregado” de premeditações, visando-se tirar proveito de


alguma forma.

Os erros são por exemplo, somas feitas sem computar parcelas, créditos em dobro,
inversão de números, classificação indevida de documento etc.

As fraudes já se operam com desvios de dinheiro, recebimento de crédito sem dar-se


baixa, despesas fictícias, desvios de mercadorias, adulterações de documentos, falsificações
de documentos, etc.

Embora possam o erro e a fraude incidir sobre os mesmos fatos e documentos,


balanços, balancetes, fichas de estoque, etc, são de características bastante diferentes.

Autoridade e fraude

A prática tem comprovado que as fraudes quase sempre são praticadas por quem tem
autoridade, ou seja, por quem decide ou comanda.

Quando, então com autoridade, alguém “acumula funções”, tem em suas mãos
grandes canais de fraudes.

Por exemplo: Quem compra também paga, quem recebe duplicatas também tem o
controle da tesouraria etc.

Possuir autoridade, acumular autoridades são facilidades que permitem a prática da


fraude.

Conluio na fraude

Conforme observamos, a fraude não se opera apenas singelamente, quando ela


demanda volumes maiores, o fraudador sempre se utiliza de terceiros ou entra em conluio
com eles.

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Dificilmente, uma grande fraude deixa de envolver várias pessoas, quase sempre de
serviços correlatos.

Quando há conluio, a fraude tende a perdurar, caso não existam controles adequados
de revisão.

8.2 Fraude e Perícia Contábil

Muito são os casos, em perícia contábil, em que se faz necessário examinar com o
objetivo de detectar fraudes. O conhecimento de fraude, pois, pelo perito, é condição
essencial de cultura.

Existem processo na justiça, assim como muitos são os inquéritos administrativos que
requerem o exame já direcionado para encontrar a fraude.

Fraudes contra sócios, contra herdeiros, contra o fisco, contra credores, dentre outras,
são praticadas e os peritos chamados a identificá-las.

Uma falência pode ser preparada, a partir de simulações, desviando o Ativo e


aumentando o Passivo, com o intuito de prejudicar credores, herdeiros, etc.

Face a estes aspectos o conhecimentos das principais fraudes torna-se necessário


para bom andamento dos trabalhos de profissionais ligados à perícia contábil.

8.3 Casos mais comuns de fraudes

A) NO CAPITAL CIRCULANTE.

O maior índice de fraudes ocorre nos elementos do capital circulante da empresa, ou


seja: dinheiro, estoques e créditos a receber.

Geralmente, a fraude de Caixa fica dificultada quando a empresa só paga por cheques
nominativos aos beneficiários e deposita tudo o que recebe, integralmente.

Na verificação de haveres, pelo perito, podem estar simulados saldos de Caixas,


muitas vezes um saldo alto não significa que exista numerário, ao contrário, pode não
ter nada que o represente, ou, então, cheques falsos, vales, ou, nem existir coisa
alguma.

Para cobrir saldos de caixas, o fraudador pode emitir um cheque pré-datado de


terceiros, falso, ou mesmo alegar que o numerário foi entregue a funcionário para
realizar pagamentos.

A maioria das fraudes passa pelo Caixa da empresa.

Entradas “a menor” e saídas “a maior” são algumas das fraudes comuns que
mascaram os saldos de caixas.

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As “saídas fictícias de caixas”, traduzidas por pagamentos que não correspondem à


realidade, podem ser muitas, mas entre elas encontram-se:

 Funcionários “fantasmas” ou não existentes;


 Compras com “notas frias”;
 Compras com “notas calçadas”;
 Duplo lançamento em caixa de um mesmo pagamento;
 Notas fiscais adulteradas para maior valor;
 Comissões pagas sobre vendas não realizadas;
 Descontos fictícios oferecidos aos clientes;
 Notas de vendas adulteradas, com valor menor do que o efetivamente recebido;
 Notas de vendas “calçadas”;
 Guias de recolhimentos de tributos com autenticações falsificadas;
 Juros e multas pagos a fornecedores, simulados, sendo que o pagamento ocorreu
em dia;
 Registros de saídas de caixas mediante simples comprovantes internos;
 Saques de sócios por conta de lucros, quando estes não existem;
 Omissão de receitas extraordinárias.
No que tange a “fraudes nos estoques”, também, não menos variados se
apresentam:

 Subavaliações traduzidas por alterações quer em quantidades, quer em valores;


 Sub e superfaturamento;
 Considerações como estoque válido, mas, na realidade, de bens obsoletos;
 Controles de entradas e de saídas de estoques adulterados;
 Substituição de materiais e mercadorias;
 Falsificação de notas de transferências;
 Notas de entradas por quantidades inferiores às reais;
 Notas de saídas por quantidades inferiores às reais;
 Vendas de mercadorias com preço muito inferior ao real para beneficiar empresa
ligada;
 Compras de mercadorias por valor notoriamente superior ao de mercado;
 Baixas de mercadorias como obsoletas quando na realidade estavam sem
qualquer defeito de qualidade;
 Aplicação falsa de materiais.

Em relação a “fraudes em duplicatas a receber”, destacam-se:

 Recebimento de duplicatas sem baixa;


 Emissão de duplicatas sem venda real;
 Emissão de duplicata por valor notoriamente inferior ao da venda;
 Emissão de duplicata por valor notoriamente superior ao da venda;
 Novação de duplicata sem a realidade da operação;
 Endosso falso;
 Duplicata vencida há muito tempo, e considerada como a receber.

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Entre as fraudes mais comuns na área de “imobilizações técnicas”, encontram-se:

 Aquisição fictícia de bens;


 Registro indevido de imobilizações como “despesas”;
 Depreciações exageradas;
 Reparações não realizadas;
 Reformas registradas como “despesas”;
 Venda de parte de um conjunto de bens, sem registro e sem baixa;
 Ocorrência de sinistros sem a baixa devida;
 Bens obsoletos que constam como se estivessem funcionando normalmente.

B) PASSIVOS DE DÍVIDAS E FRAUDES

Pode haver interesse tanto em “aumentar” as dívidas expressas em balanço como em


diminuí-las, conforme o caso.

O empresário que necessita de crédito pode praticar a fraude de “esconder” ou


“mascarar” dívidas.

O empresário que está preparando a empresa para falência pode ter interesse em
criar dívidas fictícias.

O passivo de obrigações é fraudado mais em casos de concordatas e falências, quase


sempre, mas também quando se deseja prejudicar partilhas com herdeiros.

As obrigações, como fonte, representando o “capital de terceiros”, têm prioridade no


resgate, quando das liquidações, concordatas, falências, daí havendo interesse em
“criá-las”, para que se promova “desvio de dinheiro”, ou seja, busca-se com a fraude
“reduzir a capacidade de recebimento” dos demais credores.

O profissional, facilmente pode identificar tal tipo de fraude, pesquisando a “origem”


das dívidas e qual a “aplicação” que se deu a tais recursos.

A verificação pelo perito deve abranger os aspectos formais e essenciais, investigando


o registro da dívida no diário, para conhecer os lançamentos de origem e destino da
obrigação.

A investigação deve aprofundar-se até que o perito forme sua convicção sobre a
dívida.

C) PATRIMÔNIO LÍQUIDO E FRAUDE

Embora não freqüentes, as fraudes no PL advêm de falsas constituições de capital, ou


melhor, de suas integralizações.

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Alguns capitais se formam apenas “nominalmente”, ou seja, por exemplo, no contrato
social consta que a integralização poderá ser com “mercadorias”, “títulos de créditos”,
ou outros bens, fato absolutamente legal.

Ocorre, por exemplo, que a integralização iria processar-se com “notas promissórias”
a receber de pessoas não existentes, ou empresas “associadas”, que nunca liquidam
o título, tal prática, contabilmente, faz integralizado um capital, mas sem corresponder
à entrada efetiva de bens no patrimônio da empresa, representando uma falsa forma
de constituição de capital.

Reservas falsas também podem ocorrer, quer por reavaliações fantasmas, quer por
inserção falsa de valores no Ativo; também pode ocorrer o caso de “reservas ocultas”
derivadas tanto de subavaliações do Ativo como superavaliações do Passivo.

Estas, embora não evidentes, não deixam de ser contribuições à falsidade dos
balanços.

Podem, ainda, alterar o valor do PL falsas produções de lucros, quer constem como
acumulados, quer tenham sido incorporados ao capital.

Tal fraude, por ser onerosa, resulta em pagamentos de tributos, nem sempre é
preferida, mas pode ocorrer para “compensar perdas” e, nesse caso, não têm ônus.

D) FRAUDES NOS CUSTOS

Os custos são fontes de fraudes, quer para alterar os lucros, quer para evitar cargas
tributárias, e ainda para mascarar preços.

As fraudes cometidas pelos empresários, quase sempre, visam a interesses em pagar


menos imposto de renda, iludir credores, por redução de custos, iludir controles de
preços governamentais, por majoração de valores de custos.

Para fraudar o valor do custo, frauda-se o valor dos seus componentes, ou seja,
matéria-prima, mão-de-obra e gastos indiretos.

As principais fraudes podem ser originadas por:

 Aquisição mediante notas frias;


 Aquisição mediante nota calçadas;
 Baixa de materiais sem que sejam empregados na produção;
 Incidência de altos fretes no transporte;
 Consideração de beneficiamento sobre materiais sem que efetivamente tivesse
ocorrido;
 Considerações de comissões sobre compras que não foram pagas nem são
devidas;
 Considerações indevidas de CIFs

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E) FRAUDES NAS DESPESAS

As despesas possuem um campo vasto para a prática da fraude, pois abrangem as


administrativas, comerciais, financeiras, tributárias e as extraordinárias.

Podem, geralmente, resultar de “pagamentos”, mas também de ajustes.

Em geral, nos casos empresariais, podem, até, estar documentadas.

Devem, por isso, merecer análise não só “documentais”, formais, mas, especialmente,
de suas justificativas.

Conforme o “interesse”, pratica-se a fraude, se o interesse é lesar sócios, herdeiros,


credores, pode-se simular uma “má situação”, produtora de perdas, quando, na
realidade, o dinheiro escoa para a mão dos fraudadores.

Para tanto, é preciso aumentar despesas.

O aumento tanto pode ser suprido por documentos especiais falsificados, como pode
defluir de aproveitamento indevido da situação.

Dentre os muitos casos de fraudes em despesas podem, por exemplo, ocorrer:

 Aquisição de notas frias de bens e serviços;


 Pagamentos de salários a pessoas inexistentes;
 Contratos de publicidade, organização, pesquisa de mercado, sem a produção dos
serviços;
 Gastos com reparações de veículos com notas de serviços frias;
 Considerações de gastos pessoais de sócios dirigentes como se fossem da
empresa;
 Registro em duplicidade, mesmo documento em datas diferentes;
 Pagamentos de comissões fictícias.

F) VÍCIOS DOCUMENTAIS

As fraudes a que nos referimos podem ser feitas com vícios nos documentos.

Tais vícios praticam-se por falsidade ou por adulteração.

A falsidade é a existência simbólica , ou seja, há documento, mas não há transação.

É o caso, por exemplo, da nota fria, existe a nota, mas não existe a compra.

A adulteração consiste em “alterar-se” um documento verdadeiro, de transação


verdadeira, assim por exemplo, acrescentar um número em nota fiscal para aumentar

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o valor ou modificar um número, por exemplo, 1 para 7, ou 3 para 8, ou 5 para 6 ou,
em certos casos, acrescentando zeros.

Outros vícios documentais podem ocorrer, nos aspectos formais dos mesmos, por
exemplo, obtendo-se aceite em duplicatas ainda não preenchidas, obtendo-se nota
promissória em branco, dentre outros.
Outras falsidades se praticam, também, com vícios nas assinaturas, para comprovar
assinaturas falsas são necessários exames periciais grafotécnicos.

O exame do documento, por conseguinte, não deve limitar-se a observar que ele
existe, é preciso saber se ele tem capacidade para dar suporte ao registro contábil.

O fato de um registro possuir documento não significa que ele é correto; embora o
registro possa, até, contabilmente, estar certo, o documento que o originou pode ser
falso ou adulterado.

G) VÍCIOS DE REGISTROS

O documento pode ser autentico, mas o registro pode ser viciado; existem várias
formas de cometer fraudes através de registros, mas as principais são:

 Registro duplo;
 Omissão de registro;
 Classificação errônea;
 Adulteração;
 Raspagem;
 Entrelinhas;
 Exclusão;
 Transporte

No caso dos registros por computação eletrônica, o uso de códigos facilita, ainda
mais, a prática dos vícios de registros.

Também muito facilitada fica a fraude, nos registros por computação, em que não
existem documentos, como por exemplo nos caixas eletrônicos.

A informatização, se, por um lado, trouxe facilidades, por outro, também ampliou,
consideravelmente, a facilidade da fraude.

Os peritos, em exames de escritas que sejam feitas por computadores, em certos


casos, precisam montar programas para trabalhar os dados que se acham nos
arquivos.

Esta é a razão pela qual os peritos da atualidade necessitam, cada vez mais, dos
conhecimentos de tal especialidade, pois a grande maioria dos processos são
realizados por computação eletrônica de dados.

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H) VÍCIOS NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Como o perito precisa trabalhar com Demonstrações Contábeis, deve acautelar-se


quanto aos vícios que podem ser cometidos em tais peças, geralmente, de
classificações de grupos.

Assim, por exemplo, colocam-se no AC duplicatas a receber que já se acham a muito


tempo vencidas, as quais deveriam estar no RLP, fato que leva a quocientes falsos de
liquidez.

Também a falsidade demonstrativa o fato de se classificarem como estoques, no


circulante, os valores de mercadorias e materiais que são obsoletos ou que não
podem ser utilizados em razão de defeitos.

O perito, ao estudar a situação das empresas, pois, por análise de balanços e


demonstrações, deve acautelar-se de modo a produzir seus próprios demonstrativos,
pois tanto a lei como a empresa podem estar colaborando para a obtenção de falsas
medições de riqueza.

A falsidade de dados, pois, pode ser por erro, por fraude, ou imposta pelas leis e
normas. O fraudador, inclusive, pode aproveitar-se de tais elementos a seu favor para
simular situações de dificuldades quando, em realidade, elas não existem.

O perito, precisa, por conseguinte, estar atento a tais particularidades.

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Unidade IX: Laudos Periciais

9.1 Caracterização;
9.2 Estrutura;
9.3 Espécies;
9.4 Dicas para a elaboração de laudos.

9.1 Caracterização

O resultado material, visível, que é a manifestação na realidade concreta de todo o


esforço perquitório, investigativo e intelectual do profissional é o laudo, e este,
independentemente de suas espécies, objetos e objetivos, tem características gerais que a
doutrina e prática forense demonstram que devem obedecer a certa ordem lógica, tanto do
que deve constar quanto do próprio ordenamento do laudo, favorecendo seu entendimento e
visualização da matéria exposta.

9.2 Estrutura

O laudo deve conter, se possível nesta ordem, a seguinte estrutura:

 Abertura;
 Considerações Iniciais;
 Determinação e descrição do objeto e objetivo da perícia;
 Informação da necessidade ou não de diligências;
 Exposição dos critérios, exames, e métodos empregados nos trabalhos;
 Transcrição e respostas aos quesitos formulados;
 Encerramento do laudo;
 Anexos (quando houver)

Abertura

I. Indicar a quem a perícia é dirigida;

II. Identificação do processo, ou origem da sua realização;

III. Nome do perito, sua qualificação profissional, número de registro na corporação


profissional, declaração de observância da legislação processual aplicável e
das Normas Brasileiras de Perícia, e a declaração da espécie de laudo que está
apresentando.

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Considerações iniciais

I. Identificação de quando e por quem foi determinada ou solicitada a perícia


contábil;

II. Referência a adoção das técnicas preliminares relativas ao exame dos autos,
das peças que lhe foram abojadas judicialmente ou entregues com a consulta,
e da necessidade ou não da realização de diligências.

Exposição sobre o desenvolvimento dos trabalhos

I. Determinação do objeto da prova pericial;

II. Finalidade da realização da perícia;

III. Não havendo necessidade de diligência descrever quais os elementos


principais já abordados aos autos ou à consulta que foram objeto de exame,
análise ou verificação, e, se houve necessidade de diligência, como estas se
desenvolveram e quais os elementos pesquisados e vistoriados.

IV. Descrição e exposição das análises realizadas, das técnicas empregadas pela
perícia, dos métodos empregados e dos raciocínios elaborados e que permitam
a conclusão pericial.

Considerações finais

I. Formalização da síntese de qual ou quais foram as conclusões a que a perícia


chegou;

II. Opinião técnica do perito a respeito da globalidade da matéria tratada;

III. Síntese dos itens ou objetos parciais que foram objeto de apuração de valores;

IV. Condição de se destinar o laudo a dar liquidez à decisão ou servindo de


subsídio para a apreciação. Judicial ou extrajudicial;

V. Indicação se há ou não quesitos a serem respondidos.

Quesitos e respostas

I. Transcritos e respondidos na ordem em que deram entrada nos autos do


processo, ou extrajudicialmente, segundo as datas de formulação;

II. Transcritos tal como formulados, não se arvorando o perito em revisor ou


corretor de erros lingüisticos eventualmente cometidos;

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III. Respondidos seqüencialmente à transcrição de cada quesito, se possível
mantendo a pergunta e a resposta na mesma página do laudo;

IV. Respondidos circunstancialmente, ou seja, atendendo à essência da questão


formulada, evitando-se o excesso de referências a outras partes do laudo ou de
seus anexos.

Encerramento do laudo

I. Exposição formal de estar encerrando o trabalho pericial, sem, entretanto dar a


impressão de não admitir complementações ou esclarecimentos futuros;

II. Descrição da constituição física do laudo, como quantidades de páginas, textos,


anexos;

III. Localidade e a data em que o laudo foi concluído;

IV. Assinatura do perito, bem como sua identificação: nome, qualificação


profissional, nº de inscrição no CRC e sua função nos autos (perito do juiz,
assistente técnico).

Anexos abojados e integrantes do laudo

I. Anexos demonstrativos das análises e apurações efetuadas devem ser


perfeitamente identificados, numerados e rubricados pelo perito, e sua juntada
deve ser seqüencial e ordenada;

II. Também numerados e identificados são juntados ao laudo os documentos que,


dentro dos que lhe serviram de base, o profissional considere como
indispensáveis à ilustração e bom entendimento do trabalho técnico.

9.3 Espécies de laudo contábil

Embora as características gerais expostas no item anterior se apliquem à


generalidade dos laudos, este, enquanto manifestação concreta do trabalho pericial,
apresentam-se segundo diversas espécies, que a doutrina e a prática permitem identificar.

Cinco são as espécies de laudos, classificadas segundo um conjunto de caracteres,


tais como finalidade, técnica utilizada, utilidade, que podemos encontrar nos escritos: Laudo
Pericial, Relatório de Vistoria, Laudo de Louvação; Parecer Pericial , e Laudo Arbitral.

Laudo pericial

É a forma pura de expressão da perícia, sendo a espécie predominante nas


aplicações da perícia contábil.

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Distingue-se das demais espécies porque destina-se precipuamente à prova,
prestando informações e manifestando opiniões subsidiárias à decisão mesmo quando se
destine à liquidação de sentença.

Relatório de vistoria

Tendo em vista que a vistoria é sempre circunstancial, ou seja, é sempre efetuada em


determinada circunstância temporal, sendo a matéria examinada segundo as condições
apresentadas naquele momento em que a mesma se realiza, caracterizando-se pelo rigor
descritivo..

Isto não quer dizer que, em determinados casos, a vistoria não inclua a opinião do
técnico, mas que esta opinião é restringida e se vincula diretamente às condições de
realização da vistoria e do próprio objeto desta.

Laudo de louvação

Quando procede à avaliação de bens, coisas, direitos, débitos ou créditos, o laudo, por
se referir ou se utilizar muito de aplicações de outras áreas especiais do conhecimento, ou
de especialistas, e estes requerem a descrição e a elaboração de quadro de avaliação, bem
como de justificativa de todos os critérios ou da utilização de trabalhos complementares de
outras pessoas, o laudo assume a forma de Laudo de Louvação, assim chamado, pois os
usuários nele se louvam para a certeza do valor correto da avaliação.

Parecer pericial

O parecer pericial é espécie de laudo, à medida que, expressando a opinião do


profissional sobre determinada matéria, o faz segundo as técnicas de abrangência periciais,
mas são provocados, normalmente, por quem deles tenha de fazer uso para a defesa de
seus interesses ou a título de elucidação de um assunto.

Pode ser extrajudicial, quando a parte necessita de opinião fundamentada de um


técnico a respeito de determinado assunto contábil ou necessite dele para a realização de
um negócio.

Judicialmente, pode ser provocado pela parte para instruir a inicial da ação a ser
proposta ou para servir de razões de contestar em ações que esteja sofrendo, na forma hoje
admitida pelo CPC, ou ainda, pode ser a própria opinião, o parecer técnico, do assistente
indicado pela parte para um perícia judicialmente determinada.

Laudo arbitral

O laudo arbitral refoge em parte às características gerais elencadas, pois que a


conclusão arbitral é uma decisão sobre a questão proposta.

Desta forma, embora apresente aquelas características gerais, há que se considerar


que este deverá utilizar-se de forma descritiva, relatório, fundamentos e dispositivos final que
em muito se assemelha às características de sentença judicial.

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9.4 Dicas para a elaboração de laudos

Sendo o laudo pericial o produto final dos trabalhos do perito, importantes


observações devem ser levadas em consideração quando da sua elaboração, tais como:

 Um laudo não pode basear-se em suposições, mas em fatos concretos.


 Um laudo pericial contábil não pode apenas ser baseado em opiniões e
testemunhos de terceiros. Deve basear-se também em materialidades de natureza
contábil.
 Um laudo exige respostas que esgotem os assuntos dos quesitos, não
necessitando de esclarecimentos complementares.
 Quando um quesito é incompleto em sua redação, mas tem objetivo correto dentro
das razões que motivaram a perícia, é conveniente ao perito complementar a
resposta.

Requisitos essenciais para a compreensão de um laudo contábil:

Para que um laudo possa classificar-se como de boa qualidade, precisa atender aos
seguintes requisitos mínimos:

Objetividade.

A opinião de um contador não é inspirada no que ele “supõe”, mas no que ele
“aprendeu” ou “absorveu” como conhecimento.

Exemplificando:

Resposta objetiva: “as depreciações calculadas no exercício de..., na base percentual


aplicada sobre o saldo das contas...., não espelham a realidade. O valor deveria ser de
R$xxx, considerando a vida útil dos bens relacionados no anexo de nºxx, e os laudos do
Instituto Tecnológico de....que a fixou”.

Resposta não objetiva: “as depreciações parece-me aceitáveis porque a empresa


naturalmente as calculou dentro de suas conveniências.

Concisão.

Um laudo deve evitar palavras e argumentos inúteis ao caso. Um laudo deve ser bem
redigido, mas não é uma peça literária, precisa ater-se ao assunto e responder
satisfatoriamente.

A concisão, todavia, não deve chegar ao absurdo da exclusão dos argumentos.

Exemplificando:

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Resposta concisa inadequada:

Quesito: O valor dos estoques foi determinado corretamente no exercício de....?

Resposta: Não.

Resposta concisa adequada:

“Não. O valor dos materiais foi tomado apenas pelo preço da fatura, sem considerar os
demais custos de compra que devem aumentar o custo dos materiais. O anexo nºxxx,
demonstra tal irregularidade. Além de tal procedimento ferir o que dispõe a lei...., fere
também a Norma de Avaliação do CFC nº.....

Argumentação.

Deve o perito demonstrar em seu laudo, porque concluiu ou em que se baseia para
apresentar a sua opinião.

Quando as argumentações forem longas, demandando a evocação de muitos


argumentos, o perito pode utilizar-se de anexo para discorrer sobre suas razões, tornando,
desta forma mais concisa a resposta.

Exemplificando o caso de anexo de argumentação:

Resposta: O valor de aviamento não foi considerado no cálculo de valor das quotas,
mas faz parte do valor de cessão das quotas e ações. Sobre a questão, o anexo nº......, que
fica fazendo parte integrante deste laudo, apresenta as argumentações sobre o assunto, e
faz citações às principais obras sobre a questão, com opinião de valiosos luminares da
contabilidade, e às normas editadas a esse respeito.

Exatidão.

O perito não deve “supor”, mas só afirmar quando tem absoluta segurança sobre o
que opina.
O laudo não é uma informação empírica, pois isto não cabe em peças tecnológicas.
Havendo insegurança, o perito deve abdicar, declarando sua impossibilidade para
responder.
A exatidão de um laudo só pode ser conseguida se as provas que conduzem à opinião
são consistentes e obtidas por critérios eminentemente contábeis.

Clareza.

Requisito importantíssimo do laudo, considerando que este é realizado para terceiros


que não são especialistas, e que não possuem obrigação de entender a terminologia
tecnológica e científica da contabilidade.

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Além do mais, a clareza envolve frases inequívocas quanto a seu entendimento, deve
o perito evitar interpretações do que afirma, deve afirmar claramente.

A resposta a um quesito não deve ensejar nova pergunta.

Exemplo sintético de respostas de quesitos de um laudo pericial.

Exmo. Sr. Doutor...........

Juiz de Direito da....Vara...da Comarca de ....

Fulano de Tal, perito nomeado e compromissado noa autos do Processo de


nº..., em que são partes, .como autores........., e como réus............., requer a juntada
de seu laudo pericial contábil, concluído tempestivamente, cujo teor é o seguinte:

Quesitos dos autores

I. O valor atribuído ao Patrimônio Líquido para efeito de determinar o valor da


sociedade em R$xx, está correto?

Resposta: Conforme demonstramos no anexo nº 01, que fica fazendo parte integrante
deste laudo, o valor atribuído pelos réus, de R$xx, não esta correto.

Milita contra a correção os itens 1 a 3 do anexo nº 01, supra aludido, ou seja, não
foram corretas as reavaliações dos bens do Ativo Permanente, nem, como se
demonstra nos itens 4 e 6, do mesmo
anexo, os valores imateriais de “fundo de comércio” ou aviamento, como o previsto na
cláusula... do contrato social registrado sob o nº... na junta...

II. No entender do perito, qual valor a ser atribuído às quotas dos autores........,
pelas quotas que possuíam na sociedade...?

Resposta: No entender deste perito, e como se acha demonstrado no anexo nº 02,


que fica fazendo parte integrante deste laudo, o valor do Patrimônio Líquido reavaliado, ao
qual se agrega o valor do aviamento, produz um total de R$....., calculando-se o percentual
de participação dos autores, e que era de ...%, o valor de suas quotas é de R$...(itens 9 e 10
do anexo nº 02).

Quesitos dos réus

I. O valor de R$...de Patrimônio Líquido do balanço encerrado em ....foi


reavaliado para servir de base de cálculo de quotas dos sócios.....egressos?

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Resposta: Sim. Houve reavaliação, porém a mesma deixou de incluir elementos e
outros os fez com insuficiência, conforme está demonstrado no anexo nº 01, apenso.

II. O Patrimônio Líquido reavaliado foi, percentualmente, atribuído como valor de


resgate das quotas dos sócios egressos?

Resposta: Sim. Todavia, tal valor como já foi esclarecido, não é o que este perito
considera correto.

III. Entende o senhor perito que, diante da situação de prejuízo verificada nos
exercícios de ...e..., seria o caso de calcular-se valor de aviamento, conforme
determina a cláusula...do contrato social?

Resposta: Entende este perito, conforme a melhor doutrina contábil, e de acordo com
as normas consagradas, que o valor de aviamento se calcula sobre as “perspectivas de
lucros” e não sobre os resultados passados.

Em razão disto, como demonstra no anexo nº 02, o aviamento deve ser calculado e
agregado ao valor de Patrimônio Líquido para que se tenha o valor de cálculo a que se refere
a cláusula... do Contrato Social. Para reforço da opinião deste perito, em anexo de nº 03,
relaciona as opiniões dos maiores especialistas na atualidade sobre o assunto.

Curitiba,.................

Fulano de Tal – Contador CRCPR nº 1313.

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Unidade X: Remuneração do trabalho de perícia

10.1 Introdução;
10.2 Em processo judicial;
10.3 Em comissões de inquéritos;
10.4 Em juízo arbitral;
10.5 Modelo de estimativas de honorários.

10.1 Introdução

A remuneração do trabalho pericial assume características diferenciadas quanto à


forma, prazos, valoração e reconsiderações e recursos, segundo as próprias espécies de
perícias que estivermos abordando, e, ainda, segundo os ambientes específicos em que
estas espécies de perícias de manifestam.

10.2 Em processo judicial

No processo judicial, os peritos podem funcionar como peritos do juízo ou como


assistentes técnicos das partes e, desta forma, os sistemas e procedimentos em relação a
uma outra forma de atuação também deverão ser considerados.

a) Perito do juízo: estimativa e arbitramento.

Os honorários periciais são despesas do processo, que devem ser pagas a cada ato,
e, até, mediante depósito antecipado a ser liberado no todo ou em parte quando da
entrega do laudo.

O procedimento normal, seria que o perito nomeado em juízo, examinando


preliminarmente os autos, verifique da necessidade ou não da solicitação do chamado
“depósito prévio dos honorários provisórios ou definitivos”, para a realização da
perícia.

Como a determinação de que se faça este depósito ou não é uma faculdade do juízo,
que pode ou não ser utilizada, segundo o prudente arbítrio daquele, o perito
judicialmente nomeado, se optou pela solicitação, deve fazê-lo mediante petição, já
que se trata de ato formal, estimando o montante necessário para os primeiros
trabalhos periciais, honorários provisórios, ou já apontando o montante dos honorários
periciais.

O mais comum, é claro, é a estimativa de honorários provisórios, quando o próprio juiz


não os fixa com antecedência, já que o profissional terá muita dificuldade de prever
todas as horas que serão consumidas na elaboração dos trabalhos.

Considerando que o arbitramento dos honorários é um ato judicial privativo, não é de


rigor, condicionado ao entendimento das partes.

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FARESC/INOVE PROCESSUALÍSTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL 41
Entretanto, como medida de prudência e visando mesmo segurança quanto aos
valores e discussões futuras ou recursos sobre tal tema, normalmente os magistrados
levam ao conhecimento das partes o valor das estimativas de honorários para
apreciação.

As manifestações, concordantes, discordantes ou mesmo a omissão da parte sobre o


tema, certamente também é levada em conta pelo magistrado para arbitrar os
honorários do perito.

b) Recursos das partes e do perito do juízo.

Arbitrados os honorários, o juiz determinará à parte responsável que efetue o depósito


correspondente ao montante.

É faculdade do responsável, entretanto, não concordar com o arbitramento e pode,


seja em grau de embargos junto à instância fixadora, ou de agravo para a instância
superior, recorrer visando à redução do valor arbitrado.

Alguns magistrados concedem vistas ao perito quanto ao conteúdo destes recursos,


possibilitando a contraminuta dos mesmos, mas, como não é regra legal tal
procedimento, mas decorrência de uma interpretação do juiz, em muitas vezes o perito
fica desprotegido no seu direito de contra-argumentar no ato.

Entretanto, o perito poderá buscar junto a magistratura e a secretaria ou cartório para


que seja cientificado quanto a tais recursos, e que lhe seja concedido o prazo legal
para manifestar-se.

Mas não só a parte responsável pelo pagamento pode recorrer do arbitramento.

O próprio profissional, se entender que houve erro, omissão ou redução excessiva do


montante estimado, poderá recorrer contra o arbitramento.

Não obstante ser uma situação de anormalidade, uma vez que se o juiz confiou no
profissional para a realização do trabalho, não haveria de não confiar da estimativa de
honorários daquele mesmo profissional, essa situação pode ocorrer, e é dever
profissional do perito buscar a justa remuneração do seu trabalho e, se necessário,
fazer uso dos próprios recursos que a lei admite.

c) Assistente técnico

Dentro do processo judicial também podem funcionar peritos assistentes das partes, e
estes, diz o CPC, são peritos contratados pelas partes para assisti-las, nas perícias
determinadas judicialmente e, como já vimos, cada parte deve pagar a remuneração
do assistente técnico que houver contratado.

Os procedimentos quanto à estimativa dos honorários periciais devem ser vistos por
dois ângulos:

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I. No que corresponde aos critérios, o profissional deve utilizar aqueles mesmos
já mencionados para os casos de perícias indicadas em juízo, considerando,
por outro lado, a menor quantidade de horas ou o prazo menor de recebimento
que estes têm em relação àqueles indicados pelo juízo;

II. No que corresponder à forma, o profissional deve sempre apresentar sua


proposta, através de carta ou de orçamento, por escrito, à parte contratante, de
modo a explicitar o valor e o trabalho envolvido, bem como a forma de
pagamento e reajuste, se houver.

Deve o profissional, por outro lado, lembrar à parte contratante que os honorários do
assistente técnicos são também consideradas despesas do processo e, como tais, são
reembolsáveis pela parte vencida no objeto da perícia, devendo ser tais despesas
comprovadas nos autos, de modo que o juízo possa decidir sobre sua inclusão na
conta de liquidação, quando for a ocasião.

d) Execução de honorários periciais em juízo.


Os honorários judiciais são, normalmente, executados dentro do mesmo procedimento
a que afeita a lide, já que é uma despesa do processo.

Entretanto, há situações em que, seja porque o juízo entenda diferentemente, seja


pela necessidade de agilização da execução ou mesmo por necessidade de
habilitação em concordatas ou falências, em que a execução de tal verba honorária
não se processa de forma comum.

Neste caso, o profissional deverá requerer certidão circunstanciada dos honorários


periciais, inclusive quanto à não-pendência de recurso sobre o mesmo, de modo a ter
em seu poder o correspondente título executivo extrajudicial, documento hábil a
promover a execução.

Importante destacar que o título correspondente aos honorários do perito devem ser
necessariamente aprovados por decisão judicial. Aí se encontra explícita a importância
de se submeter à apreciação do juízo os honorários periciais pagos a assistente
técnico e aí também a previsão legal de que ao juiz compete, na verdade, arbitrar os
honorários periciais do nomeado em juízo.

10.3 Em comissões parlamentares de inquéritos

As comissões parlamentares de inquéritos são órgãos criados no âmbito do legislativo


com finalidade investigativa e apurativa específica.

A matéria sob a qual se debruçam os parlamentares é definida pelo próprio ato


requisitório e constitutivo do órgão e, no que concerne aos procedimentos têm liberdade para
fixá-los, valendo-se da tradição, dos costumes, da legislação civil, penal e processual ou
mesmo dos organismos policiais.

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Quando há necessidade de perícia para demonstrar ou provar a CPI têm poderes para
requerê-las junto ao órgão policial, mas também têm liberdade para contratar especialistas
na matéria para exararem o parecer.

Neste caso, a rigor, teria que haver licitação para a contratação, mas, em função,
normalmente, da urgência da realização da prova e da necessidade de conhecimentos
especiais da matéria periciada, pode haver o contrato direto entre o profissional e o órgão
instaurado.

Do mesmo modo que já vimos no item anterior, o profissional se valerá dos mesmos
critérios para a estimativa ou fixação do preço e formalizará a contratação pelos meios
disponíveis já citados.

10.4 Em juízo arbitral

As pessoas que instituírem o juízo arbitral farão constar do compromisso arbitral, sob
pena de nulidade, dentre outros requisitos, a declaração de responsabilidade pelo
pagamento dos honorários dos peritos e das despesas processuais.

Assumem, assim, as partes o dever de responder pelos honorários dos peritos que,
eventualmente, possam vir a ser nomeados nos autos, bem como dos próprios honorários do
árbitro.

Se o profissional estiver atuando como perito no juízo arbitral, seja como indicado pelo
árbitro ou como assistente técnico indicado pela parte, adotar-se-ão, por analogia, os
mesmos procedimentos adotados pela perícia judicial, inclusive quanto à necessidade de
apreciação pelo árbitro da estimativa de honorários, com a diferença tão-somente que, de
antemão, as partes já se comprometeram a realizar o pagamento do montante fixado.

Se, por outro lado, estiver o profissional atuando diretamente como árbitro , tem
também direito a receber os honorários que tiver ajustado pelo desempenho de sua função.
Se não houver acordo com relação aos honorários ou não constar do compromisso tal
dispositivo, o árbitro deverá requerer ao juíz que for competente para a homologação do
próprio laudo arbitral sua fixação por sentença, de maneira que se constitua em título
executivo e o árbitro possa promover sua execução.

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10.5 Modelo de estimativas de honorários

Demonstração da Estimativa de Custo/Orçamento dos Honorários Periciais


Escritório de Perícia CMRC – CRC nº

1) Custos Diretos Processo: XX/98


Vara: 16º Vara cível
(a) Pessoal e Encargos Sociais Autor(es):
Réu(s):
Itens
Horas Valor Totais
Estimadas Hora Em
Aplicadas Em R$ R$

Compromisso/Carga
Análise Autos/Documentos/Relatórios/Propostas
Visita para instalar perícia e solicitar documentos
Diligência e levantamentos de dados
Cálculos e elaboração de anexos
Redação do laudo
Digitação
Reuniões com assistentes técnicos
Montagem do laudo
Revisão/Assinatura/Entrega do Laudo

Subtotais
Encargos Sociais Agregados(%)
Total do item de pessoal

(b) Material Aplicado Quantidade Valor Totais


Unitário Unitário em Em
R$ R$

Papéis de Trabalho
Disketes
Papéis Laudo e Cópias

Total do item de material


2) Custos Indiretos
Horas Valor Totais
Estimadas Hora Em
Aplicadas Em R$ R$

Custo hora do escritório em função dos custos


fixos mensais: Gastos de Infraestrutura:
Depreciação/Aluguéis/Água/Luz/Telefone/Seguro/
Manutenção de Equipamentos/Impostos/Transporte/
Estacionamento/Periódicos/Biblioteca etc.
3) Resumo
Custos Diretos Em R$
Custos Indiretos
Total da Estimativa de Honorários Periciais

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Unidade XI: Bibliografia

SÁ, Antônio Lopez de, Perícia contábil 4 ª ed. – São Paulo: Atlas,2000.

ORNELAS, MARTINHO MAURÍCIO GOMES, PERÍCIA CONTÁBIL, São Paulo ed Atlas –


1994.

VAZ, Alcidez. Perícias contábeis judiciais: manual de práticas. São Paulo: IOB, 1993.

NEGRÃO, THEOTONIO, Código de Processo Civil e Legislação Processual ed. Saraiva 26e.

LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES, Lei 6.404 de 15.12.76 – são Paulo, ed. Atlas – 1984.

ROJO ALONSO, José. Normas e Procedimentos de Perícia Judicial. São Paulo: Atlas, 1975.

CFC. Normas da profissão contábil. Rio de Janeiro, 1983.

FARIAS MAGALHÃES , Antonio de Deus, Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 1995.

GUIA DE PERITOS – CURITIBA, 2001, 1ª ed. SESCAP-PR

RESOLUÇÃO CFC N. 733 DE 22 DE OUTUBRO DE 1992.

RESOLUÇÃO CFC N. 731 DE 22 DE OUTUBRO DE 1992.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE NBC P 2 – 05 DE NOVEMBRO 1992.

LEI 9.295/46 DE 27 DE MAIO DE 1946. DOS ÓRGÃOS PROFISSIONAIS E DA


FISCALIZAÇÃO.

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Unidade XII:

Anexos

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EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DE FAMÍLIA DA


COMARCA DE CURITIBA
AUTOS : 000/97
REQUERENTE : AUTOS DE ORDINÁRIA ALIMENTOS
REQUERENTE :
REQUERIDO :

LAUDO PERICIAL

DENILSON CESAR SENA, Bacharel em Ciências Contábeis, Perito-Contábil-Judicial,


nomeado pôr Vossa Excelência, nos autos acima, no respeitável despacho exarado às fls.
597, vem mui respeitosamente :

1. Devolvê- los em Cartório ;


2. Informar o término da perícia mediante a apresentação do Laudo Pericial ;
3. Requerer que o Laudo Pericial seja juntado aos Autos ;
4. Requerer Também, que sejam levantados os honorários do Perito depositados em
Cartório.

Termos em que,
P. Juntada e Deferimento

Curitiba, 01 de março de 1999.

DENILSON CESAR SENA


CO - CRC PR 36.933/O-4
Perito Judicial

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1- DO OBJETO
Dada a necessidade de provas, nos autos, foi determinado, pelo Juízo , Prova
Pericial .

2 - DOS QUESITOS

Os quesitos foram transcritos, seguidos das respectivas respostas, iniciando-se


pelos do Requerente e, pôr fim, pelos do Requerido.

2.1 - QUESITOS DO REQUERENTE :

Quesito n.º 01

- O Sr. Perito pode identificar se os valores de pró-labore retirados mensalmente


pelo Autor, de cada uma das Firmas ainda existente, são superiores ou inferiores
aos retirados em 1989 ? E, qual foi a progressão destas retiradas desde 08 anos
atrás?

Resposta: Não existindo nos autos e não sendo possível obter pela Perícia os
valores de 1989, optaram o Sr. Perito do Juiz e os Assistentes Técnicos em
apresentar um demonstrativo entre 1990 e 1997 conforme anexos nºs 01, 02 e
03, pela média dos valores recebidos, e em Reais atualizada até 30 de abril de
1997, cujo valor é de R$ 104.794, 26 .
Nota : O Sr. Assistente Técnico do requerente menciona que houve decréscimo
nas retiradas a partir de 1993 conforme anexos nºs 01, 02 e 03.

Quesito n.º 02

- Qual a retirada de lucro anual do Autor?

Resposta: Conforme análise consubstanciada nas demonstrações Financeiras


das Empresas, bem como nas Declarações de imposto de Renda Pessoa Física,
juntada nos autos, não constatou-se retirada de Lucro nos períodos analisados.

Quesito n.º 03

- Se houve no decorrer do ano de 1989 a 1997, diante dos documentos juntados


houve nas Firmas onde o Autor trabalha Lucro ou Prejuízo? No caso de resposta
afirmativa, pode ser identificado a partir de que data vem ocorrendo prejuízo?

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Resposta: Analisados as Demonstrações Financeiras juntadas nos Autos,
constatamos que houve prejuízo a partir do ano calendário de 1990 - Acumulado
pelas Empresas/Firmas, conforme planilha do Anexos n.ºs 04 e 05 - parte
integrante deste Laudo Pericial.
Nota 1 : O Assistente Técnico da requerida aponta que do quadro Anexo 04
existem empresas com Lucros e Prejuízos nos diversos exercícios, esclarecendo
ainda que até 31/12/95, pela sistemática da Correção Monetária , os prejuízos
são decorrentes na sua quase totalidade de atividade não operacional, mas da
correção monetária debitada como despesa.
Nota 2 : O Assistente Técnico do requerente , ressalva que no somatório dos
Resultados das Empresas , apresentam negativo conforme anexo 04, e que o
efeito da correção monetária de balanço , em função do grau de imobilização de
capital próprio poderá apresentar-se negativo ou positivo. Cujo efeito não foi
levantado , pois não perguntado no quesito.

Quesito n.º 04
- Houve redução no patrimônio comercial referente as Firmas que o Autor era
sócio, a partir 1989 ?

Resposta: Inicialmente destaca-se que o Patrimônio Comercial não é o


Patrimônio Líquido. Patrimônio Comercial é um dos componentes do Fundo de
Comércio . Conforme demonstramos no Anexos n.ºs 12 e 13 deste ,
Constatamos que houve redução no Patrimônio Líquido das empresas em que o
Autor era Sócio.

Quesito n.º 05

- Qual o valor atual do Passivo Trabalhista e Fiscal, das firmas onde o autor é
sócio?

Resposta: O Passivo Trabalhista atual (1996) é de R$197.315,83(cento e noventa


e sete mil, trezentos e quinze reais e oitenta e três centavos) e o Passivo Fiscal
R$3.260.706.10 (três milhões, duzentos e sessenta mil, setecentos e dez reais e
dez centavos ( planilha Anexos n.ºs 06 e 07)
Quesito n.º 06

- Pode ser identificado qual é o patrimônio atual do Autor, e se houve diminuição


do mesmo, a contar do ano de 1989?

Resposta:

O Patrimônio Atual do Autor importa em R$ 5.709.737,50(31/12/96) , conforme


Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física do mesmo, juntada nos autos, o
Patrimônio do Autor a contar de 1989 teve uma evolução positiva , conforme
demonstrativos anexos n.ºs 14, 15 e 16.

Nota do Assistente Técnico do Requerente : Na composição do valor do


Patrimônio atual do Autor , existe cotas de empresas deficitárias.

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Quesito n.º 07

- O Sr. Perito pode identificar se a redução do Patrimônio Líquido deve-se aos


prejuízos ocorridos?

Resposta: Os prejuízos de cada ano-calendário contribuíram para a redução do


Patrimônio Líquido, conforme demonstramos nos Anexos n.º s 04 , 05 e 12.

Quesito n.º 08

- O endividamento bancário e tributário deve-se a baixa rentabilidade operacional


das Empresas?

Resposta: Conforme pudemos constatar nos documentos juntados aos Autos, o


endividamento bancário representa em 1996 , 36,85% do Patrimônio Líquido e o
tributário 48,76% do Patrimônio Líquido, os juros passivos e a atualização
monetária destes passivos, contribuíram significativamente para a redução da
rentabilidade operacional das empresas haja vista o aumento gradual do
endividamento bancário e do fiscal, conforme demonstramos nos Anexos n.ºs 08,
09, 10 e 11.

Quesito n.º 09

- Pode-se confirmar se o aumento da matéria prima(cimento), referente as


empresas que o Autor era sócio, foi repassado no preço de venda a partir de
1994, quando pôr ocasião do Plano Real ?

Resposta: Quesito prejudicado, haja vista não estarem juntados aos Autos os
documentos necessários a esta constatação.

Quesito nº10

-Diante dos documentos apresentados e demais provas, o Sr. Perito, pode


identificar se houve redução ou mudança no patrimônio do Autor, ou seja
mudança de fortuna?

Resposta:

Com base nos Anexos 14, 15 e 16, constamos que houve crescimento no
Patrimônio o Autor.

Quesito nº11

- O Sr. Perito pode identificar o padrão de vida atual da Requerida? Em caso


positivo, como pode ser o mesmo classificado, alto, médio ou baixo, levando-se
em consideração os critérios da média da População Brasileira?

Prof. MSc. Denilson Cesar Sena


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FARESC/INOVE PROCESSUALÍSTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL 51
Resposta: Sim a perícia pode identificar. Com nas declarações de imposto de
renda da requerida , a mesma obteve os seguintes rendimentos nos exercícios ,
a título de pensão judicial e serviços que ela prestou no Brasil e , posteriormente,
nos EUA...

continuação da resposta quesito n.º 11.

Ano-Base Moeda Valor Equivalência


31/12/91 Cr$ 4.996.036, 00(b) 77.621, 33
31/12/92 UFIR 25.380, 73 23.116, 77
31/12/93 UFIR 30.283, 13 27.581, 87
31/12/94 UFIR 23.290, 22 21.212, 73
31/12/95 R$ 11.676, 00 13.373, 37
31/12/96 R$ 14.249, 00 14.669, 37

Para os padrões do Brasil é boa.

Nota conjunta dos Assistentes Técnicos- A avaliação dos padrões é


subjetivo dependendo da necessidade e posição de cada um.

NOTAS: a) Valores corrigidos para reais pela UFIR de 31/12/97; b) O valor


declarado, em 31/12/91, não contempla, fidedignamente, a atualização
monetária daquele exercício.
Quesito nº12

- Que valores e bens foram declarados nas Declarações de imposto de Renda da


Autora dos anos de 1991 até o ano de 1997 ?

AResposta:

Inicialmente o Perito e os Assistentes pede vênia para dizer que a palavra autora
contida no quesito refere-se na verdade à requerida.
( Sr.ª Maria Luiza Silva Gomes)
Com base na palavra requerida passa a responder ao quesito.
Com base nos Autos 173/96, da 10ª Vara Cível da Comarca de Curitiba,
elaboramos o seguinte quadro :

Ano - Base Atualizado p/ Ufir até 31/12/97(R$)


31/12/91 296.090, 61
31/12/92 351.211, 95
31/12/93 341.542, 53
31/12/94 220.334, 90
31/12/95 250.855, 39
31/12/96 266.279, 44

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FARESC/INOVE PROCESSUALÍSTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL 52

2.2 - QUESITOS DO REQUERIDO :

Quesito Letra “a “

-Considerando o patrimônio pessoal do requerente, e o fato de deter a maior


parte do capital social das empresas Espiral Administração e Participações Ltda.,
IPPM - Indústria Paranaense de Plásticos e Metalurgia Ltda, Usitran Transporte e
Comércio de Cimento Ltda, Usimix Serviços de Concretagem Ltda, Makários
Construtora Ltda, dentre outras, informe o Sr. Perito se o requerente tem
condições de pagar uma pensão à requerida no valor de R$3.000, 00(três mil
reais), sem prejuízo do seu próprio sustento;

Resposta:

Sim. Considerando que a média dos Pró- Labores percebidos nos últimos 12
meses (Maio/96 a Abr/97) é de R$ 6.388, 00(Seis Mil , trezentos e Oitenta e Oito
Reais) mensais . O pagamento de R$ 3.000, 00( Três Mil Reais) , compromete
46, 96 % de sua capacidade financeira.

Nota do Assistente Técnico do Requerente- A avaliação do comprometimento da


renda é subjetiva, dependendo do nível de sustento de cada um .

Quesito Letra “b “

-De acordo com o Imposto de Renda Pessoa Física do requerente, quando este
assumiu o pagamento da pensão alimentícia em 1989 e 1992, respectivamente,
houve uma substancial alteração na fortuna pessoal dele daquela época até o
presente momento.
Resposta : Sim. Conforme Anexos 14, 15 e 16.

3- DA CONCLUSÃO PERÍCIAL
Consideramos válidos os documentos juntados aos Autos para comprovação e constatação
e respostas aos quesitos apresentados.

4 - DO ENCERRAMENTO

Encerrando os Trabalhos periciais, pôr mim executados, lavro, dato e assino o presente
Laudo, em 12 folhas 16 anexos.

Curitiba, 01 de março de 1.999.

Denilson Cesar Sena


CO - CRC - PR 36.933/O-4
Perito Judicial

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EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURTITIBA

AUTOS: ??9/96
REFERENTE: AUTOS DE ORDINÁRIA CUMULADA COM PERDAS E DANOS
REQUERENTE: PLÁCIDO
REQUERIDO: DOM PEDRO II

LAUDO PERICIAL

DENILSON CESAR SENA, Bacharel em Ciências Contábeis, Perito-Contábil-Judicial,


nomeado por Vossa Excelência, nos autos acima, no respeitável despacho exarado às fls.
94, para apurar o valor do imóvel que foi esbulhado, através de liquidação de sentença por
arbitramento, devendo ser efetuada a soma dos meses que o requerido permaneceu
indevidamente na posse do imóvel, a contar da data determinada para desocupação fixada
através de notificação extrajudicial, valor este que deverá ser corrigido monetariamente
pelos índices fixados pelo Banco Central do Brasil, até o efetivo pagamento.

1. Documentos Examinados

Cópia da Certidão do imóvel objeto desta ação - Matrícula n.º 15.064 - expedido pelo
Cartório de Registro de Imóveis da 2ª Circunscrição desta Capital .

2. Respostas a Quesitos

Não constam dos autos quesitos para responder.

3. Apuração de Haveres

O valor do aluguel foi arbitrado em R$ 450,00 (Quatrocentos e Cinqüenta Reais) mensais ,


com base em coletânea realizada no mercado imobiliário entre os meses de novembro/95 à
janeiro/96., para imóveis com a mesma localização, infra-estrutura e metragem.

O montante dos valores dos aluguéis corrigidos monetariamente pelo IGP(M) até a data da
entrega deste laudo importa em R$ 1.581,09 ( Um mil , Quinhentos e Oitenta e Um Reais e
Nove Centavos), conforme memórias de cálculos anexo.

4. Encerramento

Encerrados os trabalhos periciais, foi lavrado o presente laudo pelo Perito- Contábil-Judicial
Denilson Cesar Sena que o subscreve e assina.

Curitiba, 18 de fevereiro de 1.998.

Denilson Cesar Sena


CO - CRC PR 36933/0-4
Perito Judicial

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