Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
internacional
Mito ou realidade?
Sumário
1. Introdução. 2. Os distintos significados de
“constituição”. 3. A idéia de um direito inter-
nacional objetivo. 4. A constitucionalização do
direito internacional. 5. Possíveis contribuições
do direito constitucional.
1. Introdução
A constitucionalização do direito in-
ternacional não é tema novo na disciplina.
Tampouco se trata de questão unívoca. A
polissemia do termo “constituição” possi-
bilita a atribuição de diversos significados
ao tema “constitucionalização do direito in-
ternacional”. O uso mais comum do termo
“constituição” no direito internacional diz
respeito a tratados que estabelecem orga-
nizações internacionais. Com freqüência,
fala-se em “constituição da Organização
Mundial do Comércio” ou “constituição da
Organização Internacional do Trabalho”.
Nesses casos, o termo “constituição” é
sinônimo da expressão “instrumento cons-
titutivo”, conforme estabelecido pelo artigo
5 da Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados entre Estados e Organizações
Internacionais ou entre Organizações Inter-
nacionais (1986).
Não é esse o sentido que pretendemos
Otávio Cançado Trindade é doutorando
em Direito e Estado pela UnB, mestre em Di- atribuir quando falamos de “constituciona-
plomacia pelo Instituto Rio Branco (Prêmio lização do direito internacional”. Quando
Hildebrando Accioly) e bacharel em Direito pela nos referimos à “constitucionalização do
UnB. Diplomata. direito internacional”, queremos dizer o
TRINDADE, A. A. Cançado. The emancipation of the LAUTERPACHT, Hersch. Private law sources and
individual from his own state: The historical recovery analogies of international law. Hamden: Archon
of the human person as subject of the law of nations. Books, 1970.
Human rights, democracy and the rule of law: liber MACEDO, Paulo Emílio Vauthier Borges de. Uma
amicorum Luzius Wildhaber, [S. l.], 2007. comparação entre os conceitos de jus gentium em
______ . International law for humankind: towards Francisco Suárez e Hugo Grócio. 2007. ?f. Tese
a new jus gentium. Recueil des Cours, Haia, t. 316, (Doutorado)—Universidade Estadual do Rio de Ja-
2006. neiro, Rio de Janeiro, 2007.
CASS, Deborah. The constitutionalization of the world MADDOX, Graham. Constitution. In: BALL, Terence;
trade organization: legitimacy, democracy, and com- FARR, James; HANSON, Russell (Ed.). Political inno-
vation and conceptual change. Cambridge: Cambridge
munity in the international trading system. Oxford:
University, 1989.
Oxford University, 2005.
MOSLER, Hermann. The international society as a
CRAWFORD, J. The international law commission’s
legal community. Recueil des Cours, Haia, t. 140, n.
articles on state responsibility: introduction, text and
IV, 1974.
commentaries. Cambridge: Cambridge University,
2002. MOUFFE, Chantal. Pensando a democracia moderna e
contra Carl Schmitt. Cadernos da Escola do Legislati-
DICEY, Albert Venn. Introduction to the study of
vo, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 1994.
the law of the constitution. London: Elibron Classics,
2005. NEUMANN, Franz. Behemoth: pensamiento y acción
en el nacional-socialismo. México: Fondo de Cultura
FASSBENDER, Bardo. The united Nations charter
Económica, 2005.
as a constitution of the international community.
Columbia Journal of Transnational Law, Nova York, ROSENFELD, Michel. A identidade do sujeito cons-
n. 36, p. 529-619, 1998. titucional. Tradução de Menelick de Carvalho Netto.
Belo Horizonte: Mandamentos, 2003.
FIORAVANTI, Maurizio. Constitución: de la antigüe-
dad a nuestros días. Trotta: Madri, 2001. SCHILLING, Theodor. On the constitutionalization
of general international law: Jean Monnet Working
GALINDO, George R. B. Quem diz humanidade, pre- Paper 06/05. Nova York: New York University School
tende enganar?: internacionalistas e os usos da noção de of Law, 2005.
patrimônio comum da humanidade aplicada aos fun-
dos marinhos (1967-1994). 2006. ?f. Tese (Doutorado)— SIMMA, Bruno. The contribution of Alfred Verdross
Universidade de Brasília, Brasília, 2006. to the theory of international law. European Journal of
International Law, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 1-54, 1995.
HABERMAS, Jürgen. Tiene todavía alguna posibilidad
la constitucionalización del derecho internacional?. El STOURZH, Gerald. Constitution: changing meanings
occidente escindido: pequeños escritos políticos, Ma- of the term from the early seventeenth to the late
drid, p. 113 -187, 2005. eighteenth century. In: BALL, Terence; POCOCK, J.
G. A. (Ed.). Conceptual change and the constitution.
HEGEL, G. W. F. Philosophy of right. Tradução de T. Kansas: University of Kansas, 1988.
M. Knox. Oxford: Clarendon, 1949.
TOMUSCHAT, Christian. Obligations arising for
KIMMICH, Christoph M. Germany and the League of states without or against their will. Recueil des Cours,
Nations. Chicago: The University of Chicago, 1976. Haia, t. 241, n. IV, p. 195-374, 1993.
KOLB, Robert. Théorie du ius cogens international. VATTEL, Emer de. O direito das gentes. Tradução de
Paris: Universitaires de France, 2001. Vicente Marotta Rangel. Brasília: IPRI; UnB, 2004.
KOSKENNIEMI, Martti. The fate of public internation- WET, Erika de. The international constitutional order.
al law: between technique and politics. The modern International and comparative law quarterly, [S. l.], v.
law review, Boston, v. 70, n. 1, p. 1-30, jan. 2007. 55, p. 51-76, jan. 2006.