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Resumo
O trabalho se assenta numa perspectiva descolonizadora, apresentando a Matemática
como legado de culturas distintas. Pretende colaborar para a efetiva implementação da
Lei 10639/2003 no âmbito da Educação Matemática do nível Fundamental. Apresenta,
inicialmente, duas perspectivas divergentes sobre o que pode ser considerado a gênese
da Matemática. Indica que parte dos historiadores da Matemática oferecem narrativas
totalitárias e escolhem comportamentos desejados para ressaltar a cultura europeia. O
alicerce teórico é a concepção D’Ambrosiana de Etnomatemática que defende a
existências de técnicas distintas de matemáticas e que a Matemática escolar foi
padronizada por meio de normalizações culturais. Por fim, são aprestados
conhecimentos matemáticos africanos registrados em papiros e em ossos. Também são
indicados alguns matemáticos gregos que estudaram na África.
Palavras-chave: Descolonização.Lei10639/2003. Etnomatemática. Matemática africana
1
Mestre em Cultura e Sociedade(UFBA). Membro do NIPEDICMT/UFBA. Professor do IFBA, Campus Brumado.
Sócio da ABPN e da SBEM. Contato: getulio.silva@ifba.edu.br
2
Fruto de lutas antirracistas dos movimentos sociais negros, a Lei 10639, publicada em 10/01/200 alterou o artigo 26
da LDB 9394/1996, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiras em todos os componentes
curriculares na Educação Básica pública e privada.
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IV Simpósio Nacional de Grupos Colaborativos e de Aprendizagem do Professor que ensina Matemática
IV Jornada de Estudos do GEEM
25 e 26/04/2018
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Atividades práticas que possibilitaram o surgimento da Matemática, mantendo com esta ciência, relações estritas,
mas que, não são essencialmente Matemática por não gozarem de estrutura axiomática (FOSSA, 2004, p.03).
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Normalizar significa eleger – arbitrariamente - uma identidade específica como o parâmetro em relação ao qual as
outras identidades são avaliadas e hierarquizadas. (SILVA, 2009)
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A defesa de que as culturas se desenvolveram de formas distintas não implica em defender o relativismo cultural.
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Considerações finais
Espera-se que o texto suscite debates e que estes contribuam tanto com a
formação continuada dos professores da Educação Básica que estarão presentes no IV
SNGC bem como para a qualificação deste projeto e que seja um motivador para que os
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docentes implementem a Lei 10639/2003 em suas aulas e reconheçam que “muito mais
que incluir trazendo de fora, urge problematizar os silêncios e as ausências produzidas”
(FORDE, 2008, p. 76) pelo colonialismo sobre os conhecimentos matemáticos
africanos.
Referências
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