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Propostas para Financiar A Infraestrutura São Ideias Velhas PDF
Propostas para Financiar A Infraestrutura São Ideias Velhas PDF
torpedeadas
Até agora tem sido assim, num consórcio de má vontade que inclui a banca comercial. É
mais rentável, cômodo e menos arriscado operar com o crédito de curto prazo,
especialidade do sistema financeiro brasileiro, que com o financiamento de longo prazo, o
que implica, entre outras necessidades, captar recursos com duração compatível e
montar estruturas dispendiosas de análise de risco setorial.
A legião de críticos do gigantismo do BNDES omite tais facetas do crédito no Brasil, mas
também os seus defensores, segundo os quais o dinheiro voluntário não estaria
predisposto a bancar os negócios de maior maturação, como hidrelétrica, rodovia e
saneamento.
Na Europa, no entanto, são bancos como Itaú e Banco do Brasil que apoiam tais
operações. Nos EUA, os bônus privados e ações dominam o mercado de financiamentos
de longo prazo.
Aqui, a ideia desde a era JK, passando pelo regime militar, sempre foi a de um modelo
misto, que conciliasse o viés dirigista de uma economia historicamente com forte
presença estatal (para viabilizar projetos com retorno social maior que o de mercado,
incentivados em geral com subsidio de juro) com a liberdade de ação das empresas
privadas. Nunca funcionou.
O governo Dilma Rousseff retoma a ideia do financiamento de longo prazo custeado por
fundos voluntários para suplementar o papel do BNDES (ou, na origem de parte de seu
funding, do Tesouro Nacional, que “fabrica” dinheiro emitindo dívida) de principal
banqueiro das novas concessionárias de ativos de infraestrutura.
Dois dos impedimentos que fizeram fracassar a iniciativa em outros governos não mais se
põem: inflação descontrolada e taxa básica de juro em níveis próximos ou maiores que a
taxa interna de retorno de negócios empresariais. Falta o capital dos investidores, atrás
dos quais o governo despachou funcionários de alto escalão a Nova York e a Londres
para apresentar as oportunidades das concessões. Por sua vez, os investidores alegam
que o modelo está incompleto.
Sem equalizar, mesmo que parcialmente, a tributação dos papéis do Tesouro e de dívida
privada, a emissão de debêntures vai continuar limitada ao que fundos de pensão e
seguradoras - os investidores típicos de longo prazo -, conseguem absorver. Isso é pouco
para os volumes requeridos pela atualização e ampliação da infraestrutura. Outra
demanda do investidor se relaciona à liquidez do papel.
Hoje, quem investe em títulos de dívida privada de longo prazo se obriga a mantê-los em
carteira, mesmo que necessite de liquidez, já que não há um mercado secundário
transparente, em que vendedores e compradores interajam, formando preços para os
diversos prazos das emissões, tal como há para os papéis do Tesouro e na
BM&FBovespa.
Em suma, não faltam propostas no brechó de ideias do governo. Falta executá-las, rotina
maçante para a maioria dos políticos.
Tais ideias são melhores que a patacoada sugerida à presidente: o Tesouro se endividar
e repassar dinheiro à banca privada para que ela financie a infraestrutura. O Tesouro faz
isso com o BNDES e a CEF. Mas ambos são 100% estatais. Os lucros com o dinheiro
público retornam 100% ao Estado, isto é, à sociedade. No modelo de jerico, o lucro
graças à dívida pública vai para o bolso dos acionistas.
É outra ideia velha, conforme estudos do Instituto Talento Brasil e Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial, incluindo a do fundo de liquidez e do IR, enviados ao
governo. Com a vontade política que Dilma está a mostrar, talvez agora saiam do papel.