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visão coleccionável
sobre Lisboa.
Abra, leia.
Fique por dentro.
O Open House
Lisboa 2019
representa a visão
de Patrícia Robalo
— uma perspectiva
alargada sobre
Lisboa.
—2 —3
Nunca se deve
confundir a
cidade com
o discurso
que a descreve.
E, contudo,
entre eles há
uma relação.
—6 —7
formada por um núcleo central que é a Capital simbólico de Lisboa, através da expropriação
do Império Português e uma série de subúrbios de terrenos em larga escala, contrastou com
que, de forma tentacular, formam a expansão uma urbanização acelerada em territórios de
ao longo dos principais eixos de comunicação. topografia incompleta.
Apartamento
na Av. Estados Unidos
Amoreiras 360º
da América II e III
Panoramic View José Segurado e Filipe Figueiredo, 1957 / Marta Onofre, 2017
Tomás Taveira, 1985 (Torres e Amoreiras Shopping Center) /
Avenida Estados Unidos da América, 105
Frederico Valsassina, 2016 (Miradouro)
Atelier no Bloco
Atelier Fernanda das Águas Livres
Fragateiro Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu da Costa Cabral, 1956 /
Teresa Nunes da Ponte, 2013
José Daniel Santa-Rita, 1974
Praça das Águas Livres, 8
Rua Cidade de Lobito, Atelier Municipal 1
Edifício excepcional de habitação, comércio e serviços,
Conjunto edificado com quatro espaços independentes construído em betão armado e pensado como espaço
para trabalho artístico. As suas qualidades espaciais, formais da vida moderna. Nos seus projecto e execução, foram
e lumínicas revelam-se na solução conferida à encomenda valorizadas a funcionalidade, a organização espacial e a
da Câmara Municipal de Lisboa para implantar ateliers qualidade de construção, infra-estruturas e intervenções
para escultura, com 8 metros de pé-direito, próximos de artísticas. O bloco denuncia influências de outras obras
um palácio do século XVIII — Palácio do Contador-Mor — modernas nos aspectos programático, tectónico
integrado no Plano dos Olivais Sul. A escavação do terreno e linguístico. As fachadas são soluções de riquezas formal
permitiu enterrar a volumetria do edifício, reduzir a altura das e volumétrica que enquadram, de acordo com a orientação
fachadas e no seu interior criar zonas de trabalho e circulação solar, a entrada de luz nos espaços interiores, dialogam
distintas, mas convergentes para o espaço central. No tecto, com o contexto urbano e reforçam a escala do edifício.
o betão à vista, laminar e justaposto a blocos vazados do As coberturas formam tectos em meia abóbada que difundem
mesmo material, contrasta com a delicadeza das caixilharias a luz Norte nos vários ateliers integrados no conjunto.
em aço e as proporções confortáveis de todo o espaço. A reabilitação de um destes espaços introduziu um piso
Os vãos virados a norte captam directamente a luz baixa novo e a renovação dos acabamentos e infra-estruturas.
do Inverno e difundem a luz alta do Verão. A entrada actual O projecto reforçou, através da uniformização a branco
foi pensada como tardoz, para cargas e descargas. A original e síntese dos materiais usados, essencialmente madeira
é hoje um encerramento verde, arbóreo e exterior. e pedra, as proporções e o conforto originais.
Ascher, F., 2010, Novos
Princípios do Urbanismo, Lisboa:
Livros Horizonte
É preciso
acabar com
a representação
nostálgica da
cidade europeia.
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Esta biblioteca localiza-se numa área de Marvila em Faz 50 anos desde que este edifício público marcante
transformação do seu cadastro rural e industrial por para a construção do Conhecimento é lugar de recolha,
loteamentos para habitação colectiva pública. É um espaço protecção e disponibilização de todas as edições
de leitura, arte, formação e aprendizagem, onde se pensa portuguesas, e muitas estrangeiras, sobre o país e seus
uma programação cultural como meio de construção autores. A funcionalidade e a lógica da sua organização
de uma comunidade com os moradores dos bairros espacial — baseada nos movimentos do leitor, do livro e dos
circundantes. O projecto reabilita o edifício pré-existente funcionários enquanto circuitos fechados — permanecem
da Quinta das Fontes e constrói outro edifício de raiz. actuais. Daciano da Costa definiu o mobiliário, a iluminação
Com cerca de 2600 metros quadrados, é a maior biblioteca e os materiais dos principais espaços interiores. Entre várias
municipal de Lisboa, organizada entre áreas diferentes intervenções artísticas, Guilherme Camarinha concebeu
como auditório, salas de leitura e infantis. O espaço a tapeçaria da Sala de Leitura Geral e Leopoldo de Almeida
central, de pé direito e entradas de luz múltiplos, mostra realizou os baixos-relevos da fachada principal. Pode
a importância, para as obras do autor, da geometria visitar a torre de depósito das edições que foi ampliada
e materialidade na definição das suas proporções e forma, e remodelada entre 2008 e 2012. A sua independência
assim como recorda a influência da arquitectura de Louis construtiva foi pensada no projecto original, para que
Kahn, com quem aquele trabalhou nos Estados Unidos a previsível ampliação pouco prejudicasse os serviços
da América. da biblioteca e o restante edifício.
— 24 —25
Blocos Habitacionais —
Célula C Capela de Santo Amaro
Bartolomeu da Costa Cabral e Nuno Portas, 1963 Diogo de Torralva, 1549 / Gonçalo Ribeiro Telles, 1960
O Plano dos Olivais Sul, levado a cabo pelo GTH (Gabinete Edifício único em Lisboa pelo desenvolvimento de planta
Técnico de Habitação) na década de 60, estruturou centralizada em período renascentista. Foi desenhada pelo
uma área rural e periférica de Lisboa, através de uma autor do claustro do Convento de Cristo, em Tomar.
concepção urbana influenciada pelo Movimento Moderno A entrada é realizada numa galilé semi circular, com tectos
e pela Carta de Atenas. A Célula C resulta de uma procura abobadados e paredes totalmente revestidas por azulejos
arquitectónica inconformada que tenta conciliar as tardo-maneiristas de relevância histórica, desenvolvidos
características da cidade e do habitar tradicional com sobre dois registos evocativos de Santo Amaro. Altares
o bloco moderno, num exercício de habitação colectiva ladeiam os vãos principais e painéis policromos —
pública. Trata-se de um espaço de modernidade tardia que influenciados por gravuras, com azulejo padrão, desenho
se desenvolve sobre relações complexas com a paisagem e figurativo e folhagem larga — revestem os restantes
a envolvente urbana, sobre as mudanças nos modos de vida paramentos. Explorada por via da tratadística italiana,
e sobre a industrialização da construção. Esta célula inclui a erudição arquitectónica de toda a composição espacial
a torre onde visitamos um apartamento, espaços públicos e geométrica coloca o lugar de oração no centro, enquanto
e edifícios circundantes em banda, elementos também espaço cilíndrico encerrado por cúpula e lanternim simples.
articulados pela exploração da semântica urbana tradicional Templo de peregrinação e origens lendárias, as suas
— praça, rua, largo — de espaços semi-abertos de transição localização e vistas sobre o rio foram preservadas pela
entre exterior e interior. escadaria e pelo terreiro, que também serve de miradouro.
—26 —27
Casa em Campo
de Ourique
Camarim Arquitectos (em construção) Casa na Bartolomeu Dias
Aurora Arquitectos, 2019 (reab.)
Rua Saraiva de Carvalho, 43
Rua Bartolomeu Dias, 97—99
A peculiaridade do contexto urbano que os autores
encontraram resultou da permanência de um prédio Encomenda de uma habitação para família de cinco
de rendimento pré-existente, banal e devoluto, face pessoas, num lote com 60 metros quadrados, à época
à transformação espacial e progressiva do edificado ocupado por uma construção simples, em avançado
circundante. A casa é protegida pelo silêncio e pela estado de degradação. A ampliação do edifício implicou
vegetação abundante do cemitério inglês, e diminuída o alinhamento em altura com o edificado em redor e a
pela monumentalidade da Escola de Hotelaria e Turismo de progressão, no interior da casa, através de uma escada
Lisboa. A resolução das contradições das suas implantação que se vai adaptando à organização dos diferentes pisos.
e organização programática determinaram os contornos Nos dois primeiros, encontramos os espaços privados.
espaciais deste projecto de moradia unifamiliar. O rigor da Nos três acima, encontramos os espaços comuns
proposta prende-se com o trabalho escultórico do edifício, e familiares, que se tornam progressivamente mais amplos
com a valorização de todas as suas faces pela permanente e livres da compartimentação da privacidade. A vista
interdependência entre a estruturação do habitar e a sua para o rio e, sobretudo, a luz de Sul vão crescendo na
reinvenção pública. Um programa compositivo sobre vivência da habitação até ao espaço exterior na cobertura.
uma selecção de aspectos arquitectónicos e decorativos, A regularidade das fachadas e dos vãos exteriores sai
com relevância dada ao azulejo como revestimento reforçada, dentro e fora da habitação, pelo desenho
exterior, começa na fachada principal e acaba por recobrir das excepções: o “olho verde” em pedra Verde Viana
as restantes fachadas. e a varanda projectada.
—28 —29
Casa Triangular
Luís Pedro Pinto, 2018
Conjunto Habitacional
Casa-Atelier Inês Lobo Cinco Dedos
Inês Lobo Arquitectos, 2018 (reab.) Vítor Figueiredo, 1975
A configuração deste espaço remonta à construção do Conjunto urbano composto por cinco blocos de nove pisos
Palácio dos Duques de Lafões, e posterior transformação dispostos em leque, encomendado pelo Gabinete Técnico
cadastral da sua quinta, pelo atravessamento do caminho- de Habitação (GTH). Integra, a poente, a zona N2 do Plano
de-ferro e pela cedência de terrenos para exploração de Urbanização de Chelas, implantada sobre uma linha de
industrial e comercial. Desconhece-se a data concreta festo. É um projecto que surge após vários trabalhos de
da construção pré-existente, mas será anterior a 1937. habitação a custos controlados encomendados ao autor
O programa é composto por três espaços autónomos por diferentes entidades públicas e autarquias do país.
— dois de habitação e um de atelier — desenvolvidos Esta obra questiona os desencontros teóricos e práticos
por meio da abertura de pátios interiores e alterações do Plano de Urbanização de Chelas e o papel resultante
à cobertura das construções pré-existentes. O atelier que foi dado aos projectos de arquitectura. A repetição
ocupa o piso térreo — dada a amplitude deste espaço e a padronização de todos os elementos arquitectónicos,
anteriormente industrial —, onde são organizadas áreas construtivos e volumétricos, a monumentalidade dada à
de trabalho distintas, como biblioteca, arquivo, salas de habitação colectiva de custos controlados e a abordagem
reunião e produção. As habitações localizadas no primeiro urbana distante das espacialidades da cidade tradicional
piso, a partir de um eixo de simetria coincidente com expressam um posicionamento crítico sobre as influências
a cumeeira do telhado, organizam-se à volta de uma sala modernas, a exiguidade dos custos de construção
comum e de terraços rasgados nos extremos. e o objectivo central de dignificação do espaço habitado.
—32 —33
Convento Dominicano
de S. Domingos
Paulo Providência e José Fernando Gonçalves, 2005 Empreendimento Prata
Renzo Piano Building Workshop e CPU Urbanistas e Arquitectos,
Rua João de Freitas Branco, 12
(em construção)
Entre a data do projecto e os nossos dias, o enquadramento Rua Tabaqueira
urbano deste conjunto edificado sofreu alterações
radicais. A escassez de referências urbanas e a construção Este projecto de grande escala urbaniza os terrenos da
do viaduto que hoje existe determinaram a autonomia antiga Fábrica de Armamento de Guerra de Braço de Prata.
do projecto e as diferentes fases de construção. O Plano de Pormenor da Matinha, desenhado pelo atelier
Primeiramente, foi construída a área residencial e, Risco, determinou o carácter essencialmente residencial,
posteriormente, a igreja, estando por construir o centro lúdico e ajardinado desta zona da frente ribeirinha de
cultural que dará uma nova frente ao conjunto existente. Marvila, permitindo a continuidade urbana com o Parque
Todo o espaço é desenhado sobre as dimensões das Nações e garantindo a excepcionalidade paisagística
e expressões do corpo humano, bem como da simbologia deste investimento imobiliário. A partir de uma hierarquia
e do uso de residência e templo dominicanos. Permite-nos de eixos urbanos, uma solução de quarteirão permite
ouvir eco no espaço abobadado da entrada, ver a luz a abertura de ruas secundárias que enquadram o rio.
zenital cobrir o altar e encontrar o sacrário no lado Esta permeabilidade de vistas acontece na rua e nos jardins
nascente da igreja a partir do claustro, da entrada e das suspensos existentes nos interiores dos quarteirões.
salas comuns. É um projecto de influência moderna As fachadas de maior dimensão são revestidas por peças
— que lembra espaços do Convento de La Tourette — cerâmicas, desenhadas propositadamente. Os edifícios,
e de sensível detalhe construtivo, patentes na escolha construídos por fases, são constituídos por comércio,
e desenho do betão à vista, dos painéis de cobre, no piso térreo, e habitação de diferentes tipologias,
da madeira maciça e das serralharias em aço. nos restantes pisos.
O risco não
reside na
fragmentação
mas na fantasia
da forma
urbana estável.
Escola Secundária
Escola Secundária
Rainha D. Leonor
Braamcamp Freire Augusto Brandão, 1961 / Atelier dos Remédios, 2001
Vários autores, 1986 / CVDB Arquitectos, 2012
Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, 20
Rua de Gama Barros, 2
Este liceu inicialmente feminino, surge no contexto
Localizado na ‘Pontinha’ de Odivelas que liga a Lisboa, do Plano de Alvalade e ao abrigo do designado
este projecto integrou-se no Programa de Modernização “Plano de 1958”. O primeiro previa a localização dos
das Escolas do Ensino Secundário implementado pela recintos escolares nesta nova área de expansão urbana,
Parque Escolar a partir de 2007. Propôs a reorganização e a proporcionalidade da sua escala, em relação
do espaço escolar, a actualização e a melhoria das à população prevista. O segundo programou a construção
concepções e condições de aprendizagem dos alunos. de dezasseis novos liceus no país enquanto espaços
O projecto questionou as construções pavilhonares modernos e funcionais, distintos das escolas historicistas
originais, apropriando-se de dois dos pavilhões existentes, e monumentais construídas anteriormente. A intervenção
e reestruturou toda a vivência da escola através da realizada no âmbito do Programa de Modernização
construção de um edifício único com corpos intercalares das Escolas do Ensino Secundário implementado pela
de ligações entre os pavilhões. O uso de betão à vista Parque Escolar projecta a reabilitação, incluindo a sua
e a aplicação das cores primárias — magenta, azul e amarelo modernização infra-estrutural e tecnológica. Foram
— interligam toda a intervenção e referenciam obras de construídos um campo desportivo coberto e uma sala
Le Corbusier. A influência moderna sente-se também no polivalente, pensados como equipamentos acessíveis à
desenho da profundidade dos paramentos, das sombras comunidade, enquanto um novo bloco avançado em betão
e dos reflexos, visíveis quer nos vãos exteriores, quer nos armado branco, apoiado em pilotis, define uma praça
recortes das redundâncias estruturais dos pilares, para criar coberta, para entrada principal, recepção e distribuição
espaços de estar e de recreio. de circulações.
—38 —39
Estufa
Estufa Fria
Fria
Raul Carapinha, 1933 / Keil do Amaral, 1940 /
Raul Carapinha,
Appleton 1933 / Arquitectos
& Domingos Keil do Amaral, 1940 /
Experiência Pilar 7
Appleton
e Domingos
Falcão de Campos eArquitecto,
Falcão de Campos
2011 Arquitecto, 2011 António José da Silva Borges, 2017
Este abrigo de plantas teve a sua génese como viveiro A ponte 25 de Abril foi inaugurada em 1966 e potenciou
do plano de arborização da Avenida da Liberdade. um maior crescimento metropolitano na margem sul do
Anteriormente, uma pedreira tinha definido a cova onde, Tejo. Era, aquando da sua construção, a maior ponte
durante o século XX, se construíram as actuais estufas: suspensa da Europa, sendo ainda hoje, uma das maiores
fria, quente e doce. A intervenção mais recente, motivada pontes suspensas rodoferroviárias do mundo. O projecto
pelo estado de colapso técnico da estrutura metálica, traz da Experiência Pilar 7 é concebido pela Infraestruturas
fundamentalmente a actualização do desenho e a utilidade de Portugal em parceria com a Associação de Turismo de
dos elementos arquitectónicos. A estrutura metálica foi Lisboa. Parcialmente financiado por receitas da cobrança
redesenhada, para servir igualmente de infra-estrutura para da Taxa Turística de Dormida da Câmara Municipal de
as diversas redes, os painéis em ripado de madeira que Lisboa, o centro interpretativo dá a conhecer história,
atenuam as flutuações de temperatura foram redesenhados imagens e factos da construção da ponte e proporciona
e passaram ainda a cobrir as fachadas, e o pé-direito foi a subida, através de um elevador panorâmico, até ao nível
aumentado para simultaneamente permitir o crescimento do tabuleiro rodoviário, com acesso a terraço exterior.
das plantas e futuras alterações do edifício junto da rua A visita inclui também a entrada no maciço central do
principal. A proporção, a paleta cromática e a padronização Pilar 7, onde se encontra a maquete original da ponte e as
do sistema de estrutura e ripado revelam a beleza do amarrações de parte dos cabos de aço que a sustentam,
jardim e sintetizam o cuidado dado ao projecto. entre momentos de infografia e realidade virtual.
— 42 —43
Aires Mateus, Frederico Valsassina Arquitectos e PROAP, 2011 Avenida Santo Condestável
Fundação Calouste
Fonte Monumental Gulbenkian
da Alameda Alberto Pessoa, Pedro Cid e Rui d’Athouguia, 1969 (Edifício Sede) /
António Viana Barreto, 1969, 1975 e Gonçalo Ribeiro Telles, 1969,
Carlos Rebelo de Andrade e Guilherme Rebelo de Andrade, 1948 2012 (Jardim) / Sir Leslie Martin, 1983 (Edifício Coleção Moderna)
Inaugurada para celebrar o fornecimento regular de água A relevância desta obra para a cultura portuguesa foi
à zona nascente da capital e o triplo centenário da fundação reconhecida pelo Prémio Valmor de 1975 e pela sua
e da restauração de Portugal. A fonte remata o espaço classificação como Monumento Nacional, em 2010,
de alameda que articula momentos distintos de expansão enquanto primeira obra contemporânea classificada.
urbana; a Sul, os loteamentos e prédios de rendimento O projecto foi seleccionado num concurso por convite
em redor da Avenida Almirante Reis, na primeira metade e o seu desenvolvimento foi desde logo acompanhado
do século XX; e a Norte, sobre a Avenida de Roma e pelo por consultores como Carlos Ramos e Sir Leslie Martin,
Plano de Alvalade, na segunda metade do século XX. contando igualmente com a intervenção do arquitecto
Este espaço soluciona a topografia original e dá continuidade paisagista António Viana Barreto. Sede e museu são
urbana a Oriente através de um miradouro com vistas construídos em simbiose com o jardim. Escultura
sobre a Alameda Dom Afonso Henriques. É composto topográfica visível nas coberturas do edifício enquanto
por um lago em semicírculo no qual surgem figuras extensões ajardinadas do espaço verde e na abertura do
alegóricas, que recebe água de treze olhos, catapultada palco do grande auditório para o centro do lago, de modo
por três carregadores. Vários escultores intervieram neste entretanto copiado muitas vezes noutros projectos de
conjunto de implantação, forma e escala monumentais, arquitectura. A elevação e a horizontalidade do edifício
inclusivamente nos dois corpos laterais, cujos baixos- permitem uma relação em acrópole com a Avenida de
relevos foram perdendo a pintura policromática original. Berna. A hegemonia do betão à vista remete-nos para as
A visita percorre a entrada nas galerias de maquinaria, principais referências arquitectónicas do século XX e para
para compreensão do suporte técnico de uma das maiores explorações plástica e técnica que raras vezes tiveram
quedas artificiais de água da Europa. o impacto espacial atingido nesta obra.
—46 — 47
Garage Films
Fundação Champalimaud Inês Lobo Arquitectos, 2006 (reab.)
Avenida de Brasília
Projecto encomendado por uma produtora audiovisual para
estabelecer os seus espaços de trabalho em dois armazéns
Edifício de grande impacto paisagístico e excepcional industriais na área de Belém. Fundamenta-se na reutilização
localização. O autor trabalha a continuidade e a indefinição de preexistências: estrutura e paramentos exteriores,
entre espaços público e privado através de uma área em tijolo maciço, e cobertura suportada por asnas de
aberta intersticial onde a procura pela frente de rio madeira. Através da interrupção modular da estrutura, foi
canaliza ventos e cheiros do mar. É um centro médico, introduzido um pátio central e aberto. Os vãos interiores,
científico e tecnológico constituído por clínica oncológica assim como os exteriores, que balançam sobre a fachada
e laboratórios de investigação, no edifício principal, e por Sul, revelam claras decisões projectuais. No pátio,
auditório, restaurante, centro de exposições e anfiteatro determinam a continuidade espacial e as permeabilidades
ao ar livre, no edifício dos espaços públicos. O uso da pedra entre exterior e interior, e, na fachada exterior, enquadram
lioz amaciada, quer nos paramentos, quer nos pavimentos vistas e exposição solar. Pavimento, tectos
exteriores, unifica o conjunto e introduz, através da e compartimentação têm soluções agregadoras de todo
estereotomia e consequente proporção e dimensão dos o espaço, respectivamente betonilha afagada com
vãos, uma interpelação das dimensões humanas, reflectida pigmento preto, isolamento térmico revestido a folha de
no conforto dos espaços interiores e na percepção do alumínio e divisórias (estantes em MDF) intervencionadas
gesto largo, explorado no desenho de todo o conjunto. pelo artista plástico Gilberto Reis.
—48 — 49
O Campus do IAPMEI, planeado nos anos 70, foi construído Foi no contexto da reabilitação em desenvolvimento —
sobre o cadastro rural do Lumiar como pólo de inovação que tem trazido à nossa fruição os trabalhos originais,
empresarial. Este edifício adapta outro, pré-existente, de cantaria e escultura em pedra, talha dourada, baixos-
através de um projecto seleccionado por concurso. relevos em estuque e pinturas várias — que Michael
O programa organiza-se entre o piso da recepção, o piso Biberstein imaginou um novo tecto. Um céu de 800 metros
de trabalho para direcção e equipa, e o piso de bar, de quadrados, pintado sobre a nave única da igreja, fruto do
cafetaria e de terraço. As soluções materiais e espaciais encontro entre várias pessoas e realizado a várias mãos,
equacionam poética e racionalidade, perante os processos seguindo a maquete e os estudos realizados pelo autor
contemporâneos de encomenda, projecto e construção. antes da sua morte. Esta obra, que nos lembra as pinturas
Esta questão reflecte-se quer na investigação conjunta de William Turner, foi realizada sobre um novo tecto,
com o artista plástico Vhils sobre a base tecnológica de suspenso a partir da abóbada pré-existente, e executada
moldagem de grande escala — da qual decorre o trabalho a tinta acrílica aplicada com recurso a compressores e uso
de baixo-relevo nos painéis pré-fabricados de betão do pontual de pincel, numa estudada aproximação à forma de
ziguezague da fachada —, quer na visibilidade do betão pintar de Biberstein. Os trabalhos de restauro descobriram
pré-existente sob revestimentos industriais, tácteis e que o arquitecto responsável pelo projecto da Mãe-de-Água,
confortáveis, como painéis de cortiça negra ou derivados entre outros projectos relevantes para a Lisboa pré e pós-
de madeira e alcatifa. terramoto, é também o desta obra.
Pavia, R., 2005,
Le Paure dell’Urbanistica,
Milão: Meltemi Babele
A urbanística
separou-se da
arquitectura.
Esta separação
esconde outras
fraturas e
lacerações
profundas.
— 52 —53
LX Factory
João Pires da Fonte, 1849 / Mainside Group, 2008 (reab.)
Amanda Levete Architects, 2016 Este projecto precursor dos primeiros mercados modernos
Avenida de Brasília
do país — como os de Alvalade e do Bom Sucesso —
implica, no desenho urbano e edificado que o circundam,
Este edifício procura uma abordagem paisagística uma organização espacial concêntrica. A inovação prendeu-
multidimensional. De perto, podemos percorrer se com questões funcionais, infra-estruturais, construtivas
a cobertura, o interior e cruzar a linha de comboio através e espaciais, muitas delas esquecidas pelas mudanças
da ponte pedonal. Ao longe, emerge da lisura da frente de no consumo alimentar. Destas, a mais relevante continua
rio. Juntamente com a Central Tejo, constitui um novo pólo a ser a exploração das possibilidades da aplicação do betão
cultural em Belém, uma área estruturada pela Exposição armado em estruturas de grande escala, nomeadamente
do Mundo Português de 1940. A chegada ao edifício pórticos padronizados de pé-direito variável, que,
é protagonizada pelas reflexões da luz natural e da água, com menor quantidade e dimensão de apoios estruturais
nas peças cerâmicas de grande dimensão que cobrem do que na construção em alvenaria, permitem mais área
grande parte das superfícies exteriores. A fluidez de disponível, espaços mais amplos e fluídos, e vãos de maior
circulações e permanências no seu interior reflecte-se dimensão. Diversas razões levaram a alterações ao projecto
na estrutura e no desenho do espaço. A horizontalidade original, nomeadamente, o encerramento do matadouro
e a reduzida cércea são interdependentes da decisão no piso subterrâneo e a alteração do pátio central.
de colocar o espaço expositivo abaixo do nível médio das Contudo, podemos ainda perceber como o escalonamento
águas do rio. Após a entrada, através de um arco abatido, volumétrico do edifício, através do dimensionamento dos
o movimento em torno da galeria oval é descendente pórticos, permite a entrada de luz de todas as orientações
e marcado pela progressiva imersão no espaço expositivo. solares e abundante ventilação natural.
—56 — 57
Largo da Ajuda
Vários autores, 1849 (post) / Jorge Manuel Lopes de Matos Alves,
1990 Projecto consequente do terramoto de 1755 e do incêndio
Estrada de Benfica, 368
que destruiu, em 1794, o Real Paço de Nossa Senhora
da Ajuda, construído em madeira. É um processo de
Este é um edifício apalaçado, de veraneio, cuja concepção construção descontínuo, ainda hoje por concluir, marcado
paisagística, determinante para as suas localização pelo declínio da monarquia portuguesa. O projecto barroco
e implantação, foi transformada com a urbanização inicial foi revisto, enquanto projecto neoclássico, pelo autor
da Estrada de Benfica. Como ainda podemos percepcionar do Teatro Nacional de São Carlos, José da Costa e Silva,
no Palácio de Monserrate, em Sintra, o carácter pavilhonar, tendo sido construído somente um terço do palácio
conferido pela horizontalidade, pela simetria espacial idealizado. A sua ocupação pela família real no século XIX
e pela transparência do espaço, tinha génese na estrutura e posterior encerramento nos primeiros momentos do
rural original do vale da Ribeira de Alcântara e da colina regime republicano permitiu que chegasse até nós muito
de Monsanto. No seu interior, observamos vários momentos do que foi a habitação da família real. Esta excepcionalidade
de intervenção artística, tendo particular impacto o trabalho museológica no contexto europeu tem vindo a ser
dos três irmãos Bordalo Pinheiro, em telas para os tectos, valorizada através da reconstituição e investigação
painéis cenográficos em faiança da Sociedade Fabril das científica sobre a ocupação dos espaços interiores.
Caldas e vitrais. Actualmente, a complementaridade com Encontra-se em construção um projecto da Direcção-Geral
o jardim romântico, que eleva e distancia o edifício da do Património Cultural para terminar a fachada Poente
estrada, dá novo sentido à fruição do espaço enquanto e trazer novas condições expositivas e de acolhimento
arquivo e local de estudo sobre Lisboa. aos visitantes.
— 60 — 61
Rede de Artes
Pavilhão Branco
Daniela Ermano, 1994 e Ofícios de Lisboa
Artéria, 2016
Palácio Pimenta, Campo Grande, 245
Praça das Amoreiras, 8
Uma das cinco galerias municipais geridas pela EGEAC
com o propósito de promover e divulgar as artes visuais. Na sequência do trabalho realizado na Rede de Carpintarias
É um espaço construído nos jardins do Palácio Pimenta de Lisboa, este projecto financiado pelo Programa BIP/ZIP
— antiga quinta de veraneio e hoje Museu da Cidade — da CML – Parcerias Locais concretiza uma rede funcional
especificamente para ser um espaço expositivo de arte baseada em oficinas de pequena escala em Lisboa.
contemporânea. É um tríptico estrutural com dois pisos, A existência da relação em rede concretiza-se no espaço
simétrico e generosamente envidraçado a norte e nascente, virtual e deste se desdobra em novas relações comerciais
que se encontra num dos extremos do jardim, afastado e identitárias, novas noções de proximidade mediadas pela
da rua e do ruído. Foram escolhidos acabamentos lisos, conexão e divulgação dos serviços. A assertividade do
tons de branco, quer no pavimento autonivelante, quer formato prende-se com a visão de que a construção urbana
nas paredes pintadas. O edifício convida a exposições supera hoje a dimensão física dos espaços. Este projecto
pensadas especificamente para interpelar os seus contexto parte, não só, de lugares já existentes, mas relaciona-os
e dimensões espaciais, e a programação curatorial permite e localiza-os além dos seus espaços construídos, nas redes
tempos mais longos de montagem e duração da exposição. de qualquer pessoa que aceda à internet.
— 62 —63
O Aqueduto das Águas Livres foi uma obra que A associação Pão a Pão procurava um espaço de encontro
transformou tanto o fornecimento de água e as paisagens e inclusão a partir da partilha do pão e da comida do Médio
rural, de recreio e (hoje) urbana, entre Sintra e Lisboa, Oriente. Encontrou-o numa das lojas do Mercado de Arroios
quanto o espaço público da capital, através da construção que se tornou o primeiro espaço de um projecto pioneiro
da rede de chafarizes públicos. Passado o arco triunfal de integração de refugiados em Portugal. O projecto de
que celebra esta obra de D. João V, o reservatório marcava reabilitação da loja foi pensando em torno do simbolismo
a entrada das águas em Lisboa. A sua erudição geométrica e da utilização de uma mesa central, na qual vários grupos
e construtiva acompanha a importância desta obra na partilham o momento da refeição. Um balcão em pedra
modernização urbanística de Lisboa, ainda que a sua lioz amaciada permite a passagem da comida entre
construção tenha trazido, em relação ao projecto inicial, cozinha e sala, operando a continuidade do espaço entre
uma redução de escala do edifício, da capacidade do a preparação e a fruição da comida. A síntese de soluções
reservatório e dos elementos decorativos. A cascata, por construtivas resultou da articulação próxima entre projecto,
onde jorra água para o tanque, foi construída com pedra fornecimento de materiais, mão-de-obra e exequibilidade
proveniente das nascentes que alimentam o reservatório. da sua construção. O mobiliário em madeira também
A nível estrutural, quatro colunas emergem do espelho foi desenhado pelas autoras e os candeeiros em chapa
de água e ajudam a suportar um tecto constituído por perfurada foram escolhidos pela luz particular que dão
abóbadas de aresta. O terraço acessível proporciona ao espaço e pela interligação visual que fazem entre
uma vista panorâmica sobre Lisboa. as culturas ocidental e oriental.
Montaner, J. M. Muxí, Z.,
2014, Arquitectura e Política
- Ensaios para mundos
alternativos, Barcelona:
Editorial Gustavo Gili
Não existem
estilos de vida
iguais para todos,
a alternativa
é a diversidade,
o pensamento
complexo.
— 68 — 69
Teatro Thalia
Teatro Camões Fortunato Lodi, 1842 / Gonçalo Byrne Arquitectos
e Barbas Lopes Arquitectos, 2012
Atelier Risco, 1998
Estrada das Laranjeiras, 211
Passeio do Neptuno, Parque das Nações
Mandado construir pelo Conde de Farrobo na Quinta
Projecto realizado para integrar o recinto da Expo’98 das Laranjeiras, onde hoje se localiza o Jardim Zoológico,
na primeira linha da frente de água, tem chapa metálica o teatro que ardeu em 1862 foi reabilitado como espaço
azul como revestimento exterior do volume do palco. polivalente. A proximidade ao Teatro Nacional D. Maria II
Relaciona-se com o Mar da Palha pelo plano envidraçado na composição e nas proporções da fachada deve-se
da entrada principal, que é composta por três espaços à coincidência na autoria. Foi reposta a inscrição, presente
de foyer e duas cafetarias, que usufruem de pé-direito no friso da fachada principal, «Hic Mores Hominum
múltiplo. Depois de se projectar uma ampliação do teatro Castigantur», isto é, «Aqui serão castigados os costumes
para receber a Orquestra Sinfónica Nacional, o edifício, dos homens», bem como restaurados o peristilo e as
propriedade da Estamo, Participações Imobiliárias, SA; esfinges em mármore. Os paramentos em ruína foram
foi ocupado pela Companhia Nacional de Bailado. Apesar usados como cofragem perdida para a aplicação de betão.
de não ter sido projectado para esta função, disponibiliza O interior permaneceu intacto e os volumes da plateia e da
espaços com características diferentes, adequados aos cena do teatro foram reconstituídos. As restantes funções
ensaios colectivos diários, espectáculos mais intimistas e infra-estruturas do programa foram organizadas em dois
e também à administração, aos armazéns, às cargas e corpos que fecham o pátio e conferem uma nova frente
descargas, e à residência da equipa de costura e adereços. para a Estrada das Laranjeiras. A materialidade do projecto
Todos estes espaços são visitados, assim como o auditório é feita de contrastes entre o grão e o pigmento do betão,
com capacidade para 873 pessoas. e os reflexos e a cor dos painéis de vidro.
—7 3
Recomendações
Durante o fim-de-semana, Conheça o que conhece.
as nossas casas são a sua casa. Aproveite para descobrir em família os espaços próximos
Os espaços são disponibilizados para visita gratuita devido do local onde mora ou os locais por onde passa
à generosidade de muitas pessoas. Queremos muito que normalmente.
se sinta em casas e, tal como se estivesse em sua casa,
pedimos para respeitar os espaços durante a sua estadia. Evite filas para entrar em casa.
E cumprimente os proprietários e voluntários que No site, assinalamos com um sinal vermelho os espaços que
encontrar pelo caminho! permitem um número reduzido de visitas. Temos muitos
espaços perto uns dos outros — consulte o mapa para
Casas para todas as sensibilidades encontrar alternativas ou planeie as suas estadias preferidas
— a novidade desta edição. antecipadamente. E pode sempre voltar à sua primeira
Através dos sentidos, as actividades sensoriais permitem escolha, mais tarde.
conhecer de forma diferente e aprofundada alguns espaços
do Open House. Promovendo uma visão inclusiva, estas Planeie a sua estadia em nossa casa.
actividades incluem as visitas acessíveis — para a pessoas No site, pode consultar os horários específicos de cada
cegas ou com baixa visão, surdas ou com deficiência espaço. Pode fazer o seu itinerário guardando os seus
intelectual — e o programa Júnior — dirigido favoritos e partilhá-lo com amigos e familiares.
a crianças e respectivas famílias.
Gostou da experiência?
Nas nossas casas, quantos mais, melhor. Este é um evento anual. Para o ano, seja de novo
Traga mais gente a nossa casa — partilhe as suas estadias nosso hóspede ocasional ou então faça parte da nossa
com as hashtags #OHLisboa e #openhouselisboa entusiástica equipa de voluntários de todas as idades.
Notas
—7 8 —7 9
Notas
TRIENAL
DE ARQUITECTURA
DE LISBOA
Direcção
José Mateus, Presidente
Nuno Sampaio, Vice-Presidente OPEN HOUSE LISBOA 2019
José Manuel dos Santos, Vogal
Maria Dalila Rodrigues, Vogal Comissariado
Pedro Araújo e Sá, Vogal Patrícia Robalo
Produção Produção
Isabel Antunes (Coordenação) Beatriz Caetano Bento
Tiago Pombal
Programa Educativo e Voluntariado
Comunicação e Imprensa Filipa Tomaz (Coordenação)
Sara Battesti (Coordenação) Joana Martins
Marca Associada
Ana Guedes (Edição) Letícia do Carmo
Cláudia Duarte
(Assessoria de Imprensa) Coordenação
Raquel Guerreiro (Design Gráfico) e Tutoria de Voluntários
Ricardo Chambel (Edição) Ana Rita Valente
André Rosa
Financiamento e Parcerias Beatriz Couto
Joana Salvado Eduardo Barreira
Joanna Hecker Ester Donninelli
Inês Soares
Logística Marcelo Ribeiro
Cláudia Rocha Margarida Borges
Mariana Antunes
Marta Catarino
Raquel Nunes
Romeu Zagalo
Trienal de Arquitectura de Lisboa
Campo de Santa Clara, 142—145
1100-474 Lisboa, Portugal Consultoria em Acessibilidade
Locus Acesso
+ 351 213 467 194
www.trienaldelisboa.com Design de Comunicação
Carolina Cantante Associados