A AÇÃO HUMANA
DETERMINISMO
1. O conceito de Ação
Uma ação é um acontecimento causado pela
vontade e intenção de um agente. É algo que
um agente faz acontecer intencional ou
propositadamente.
Dois tipos de ações:
Involuntárias:
- Forçadas: a origem da ação não está no
agente.
- Ignorância das circunstâncias da ação: o caso
do condutor que atropela um peão porque não
o viu.
Voluntárias: ações não constrangidas que têm a
sua origem ou causa em quem as realiza. São
escolhidas por nós, mesmo que não nos agrade
realizá-las.
2. A rede conceptual da Ação
- Deliberação: Antecede habitualmente a
decisão e consiste em ponderar diferentes
possibilidades de ação.
- Decisão: Momento em que se escolhe uma das
alternativas ou possibilidades da ação,
preferindo uma delas.
- Motivo: Justificação, o porquê ou a razão de
ser da ação.
- Consequência: Modo de como o resultado da
nossa ação afeta os outros e também a nós
próprios.
3. As condicionantes da ação
humana
– A liberdade de que eventualmente dispomos
não é absoluta, mas situada e condicionada.
– As condicionantes da ação humana são todo o
conjunto de constrangimentos e obstáculos que
lhe impõe limites. Mas, enquanto limitam,
abrem de igual modo um horizonte de
possibilidades, assumindo-se também, de certo
modo, como condições do agir.
– A existência de condicionantes não implica a
inexistência de livre-arbítrio.
4. Determinantes da ação
- Conjunto de fatores que a nossa vontade não
controla a ação.
- Impedem que a nossa vontade encontre
cursos alternativos de ação.
LIBERDADE E
1. Teorias acerca do problema do
livre-arbítrio
Em geral admitimos que somos livres e
temos livre arbítrio, ou seja, que podemos
fazer opções apesar das teses do
determinismo.
Definição de conceitos:
(1) LIVRE ARBÍTRIO – designa a capacidade
inerente à natureza humana (vontade) de
efetuar ou não um dado comportamento.
(2) DETERMINISMO – qualquer fenómeno é
rigorosamente determinado (numa sequência
causa-efeito) por aqueles que o prenderam; a
sua ocorrência é necessária e não aleatória.
PERGUNTAS…
- Podemos de facto fazer opções?
- Se a experiência nos mostra que podemos,
isso significa que a ação não está dependente
de um encadeamento de causas?
- Se aceitarmos que a ação tem causas, que
causas são essas: as do mundo natural ou as
causas pertencentes a um outro mundo com
outras leis ou sem quaisquer leis?
Podemos organizar as respostas em 2 grupos:
(1) COMPATIBILISMO – Livre arbítrio e
determinismo são compatíveis (determinismo
moderado)
(2) IMCOMPATIBILISMO – Livre arbítrio e
determinismo são incompatíveis (determinismo
radical ou libertismo)
1.1 DETERMINISMO RADICAL
Só o determinismo é verdadeira, toda a
ação é determinada por acontecimentos
anteriores.
É a conceção que se baseia na mecânica
clássica, ou física de Newton: cada
acontecimento no mundo decorre
necessariamente da serie de acontecimentos
que o antecederam (se X é a causa do
fenómeno Y, não pode dar-se o caso de ocorrer
X sem que Y ocorra)
As nossas ações estão submetidas
casualmente aos impulsos provenientes das
experiências de vida e dos traços de carácter
que caracterizam a personalidade, pelo que os
humanos não têm livre arbítrio. Todos os
acontecimentos são causados por
acontecimentos anteriores.
A ideia de livre arbítrio é incompatível
com a conceção de um mundo dirigido por leis
inexploráveis.
1.2 DETERMINISMO MODERADO
O livre arbítrio e o determinismo são
verdadeiros; somos livres num quadro de
condicionantes.
Parte de conceito comum de liberdade e
de convicção que todos temos de que
poderíamos ter feito outra coisa se assim o
tivéssemos escolhido.
No mundo material todos os fenómenos
são causalmente relacionados pela vontade
humana, sendo igualmente determinada.
Embora no mundo natural tudo seja
determinado, algumas ações humanas são
livres, por serem determinadas, mas não
totalmente constrangidas.
1.3 LIBERTISMO
Só o livre arbítrio é verdadeiro; a livre
vontade do agente é a única causa da ação.
As nossas ações nem são totalmente
determinadas nem aleatórias. As leis (físicas)
que regem os fenómenos corporais (mundo
natural) não se aplicam aos fenómenos mentais:
mundo material e ação humana sai de natureza
diferentes.
O ser humano pode escolher agir
livremente de acordo com a escolha que faz; é
na mente que têm lugar os estados mentais
emocionais (desejos e crenças) sujeitos pela
causalidade do agente. As ações humanas
resultam de deliberações racionais e podem
alterar o curso dos acontecimentos no mundo.
2. Objeções
2.1 DETERMINISMO RADICAL
- Apesar da física, acreditamos que a liberdade
é um facto de experiência.
- A aceitação do determinismo radical anula a
aceitação da responsabilidade individual.
2.2 DETERMINISMO MODERADO
- Não há fundamentação que legitime a
diferença de estatuto entre o ser humano e
outros seres naturais.
3. Conclusão
A conceção de liberdade humana está
ligada á ideia de consciência, pois apenas
atribuímos liberdade a seres conscientes.
A consciência é a capacidade de se
aperceber a si mesmo na relação entre si e o
ambiente circulante. Quanto mais consciente for
o indivíduo maior é a probabilidade de realizar
ações livres.
Ao atribuirmos a nós mesmo a
experiência a subjetividade (vivencia só
acessível diretamente a cada um) dos nossos
estados mentais e a capacidade da
intencionalidade (os nossos atos mentais
dirigem-se e referem-se a objetos e estados de
coisas do mundo diferentes deles mesmo),
podemos defender que:
- Não sabemos como exercemos efeito sobre o
mundo físico.
- Apesar disso, é possível ter experiência da
liberdade, pois agimos sobre o mundo físico
através de decisões conscientes