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da cibercultura
Sumário
Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise e síntese da obra “A Pele da
Cultura '' (1995) do renomado Derrick De Kerckhove, apresentando as principais
ideias defendidas pelo autor e suas influências na área de comunicação e
comunicação. da cultura em geral. Portanto, foi feito um estudo bibliográfico
sobre a trajetória, a vida, a localização do pensamento de De Kerckhove e seus
vínculos com outros autores, bem como o contexto do trabalho em sua vida.
Como resultado, destaca-se a importância histórica do livro, sua validade atual,
bem como contribuir para os debates e o processo de transformação cultural
mediado por diferentes tecnologias, além de identificar possíveis alterações no
comportamento e na psicologia da sociedade, como é indicado pela tese
defendida no livro.
Apresentação
Dessa forma, pode-se dizer que já superamos e não damos mais importância às
tecnologias que nos permitem viver bem como o fogão, a frigorífico (frigorífico),
o carro e o próprio telefone - embora o uso deles suscite outras preocupações.
Nosso próprio instinto animal e, portanto, de guerra, não visualiza a bomba
atómica como uma ameaça - a mais fatal de todas descoberta para alguns. De
facto, o que nos preocupa hoje são as possibilidades de controle, privacidade,
aquecimento global e preservação da natureza. No entanto, não deixamos de
nos associar nas redes sociais, fornecemos nossos dados para compra via
internet, usamos o ar condicionado e o carro como forma de suprimir essas
possibilidades.
A pele da cultura é uma metáfora usada pelo autor para explicar o papel das
tecnologias (internet, eletricidade, computadores, entre outros media) no
contexto atual da humanidade. Para De Kerckhove, as tecnologias funcionam
como uma espécie de extensão de nossos corpos e mentes - sistema nervoso e
psicologia humana, culminando nos chamados campos tecnoculturais -
representados pela cibercultura e pela cultura de massa. Consequentemente,
essas culturas têm contribuído para a crescente dependência da sociedade em
relação à tecnologia, criando um fetiche pelo consumo tecnológico que resulta
em vários impactos e transformações nas esferas individual e coletiva.
De facto, muitas das análises e pesquisas conduzidas pelo autor, quinze anos
atrás em The Skin of Culture, estão estabelecidas ou em um estado avançado
de maturação. Entre os destaques, o seguidor de McLuhan destaca as
transformações que vêm ocorrendo na cognição humana. Alerta para a
crescente dependência tecnológica de nossas sociedades, que resulta no
aumento exponencial do consumo, criando o que ele classifica como
tecnofetichismo. Outro fator de destaque é a defesa da tese de McLuhiana de
que os objetos são extensões do corpo e da mente humana (1997, p.31) 6. Deste
modo, expõe-se que as súbitas mudanças causadas pela aceleração tecnológica
através da compressão do espaço e do tempo têm entre suas principais
consequências, desapontamentos ideológicos e tecnofetichismo como atores
causadores de confusão psicológica e crescente individualismo. (1997, p.229-
230).
2. Psicotecnologias
O termo é outro neologismo criado pelo autor para definir qualquer tecnologia
que emule, amplie ou aumente o poder de nossas mentes (DE KERCKHOVE,
1997, p.34). Nesse contexto, destaca o ambiente multimédia atualmente
configurado - telefone, rádio, televisão, computadores etc. -, que cria um domínio
de processamento de informações, caracterizando-os como psicotecnologias.
Em outras palavras, o estabelecimento de redes de atividades psicotecnológicas
é baseado em telecomunicações (De Kerckhove, 1997, p.281). Como exemplo,
pode-se compreender que a televisão seja a nossa imaginação coletiva, um
espaço público projetado por nós para o mundo exterior que culmina numa
espécie consensual
Nesse contexto, cabe ressaltar que, para o autor, "a nossa realidade psicológica
não é natural". Depende parcialmente de como nosso ambiente, incluindo as
próprias extensões tecnológicas, nos afeta”7 (DE KERCKHOVE, 1997, p.33).
Dessa forma, pode-se ver que a sua raiz está, portanto, no conceito de Aldeia
Global proposto por McLuhan. Dessa forma, a cibercultura é caracterizada como
um cenário de convergência, onde se destacam os dispositivos tecnológicos
conectados à rede web. Assim, deve-se entender que [...] a cibercultura
procurará e encontrará informações valiosas em outras sociedades. As
tecnologias ocidentais estão a estender-se para ir ao encontro de todas as
culturas do planeta. No entanto, a eletricidade, embora desenvolvida pela
tecnologia ocidental, está, no seu espírito, mas mais próxima da psicologia
oriental do que da ocidental. Daí a importância de explorar os campos
psicológicos de países como o Japão, a China ou a Índia (DE KERCKHOVE,
1997, p.178-179) 14.
A linguagem oral foi a primeira tecnologia criada pelos seres humanos; foi
justamente aí que o processamento da informação começou. Segundo De
Kerckhove, a evolução da inteligência humana é acompanhada pela linguagem
e pelas tecnologias que a apoiam e processam. Nesse contexto, segundo o
autor, a primeira dessas tecnologias é escrita (DE KERCKHOVE, 1997, p.256),
pois permite manipular, arquivar, expandir e explorar os enunciados da situação
de enunciação.
Existem boas razões para suspeitar que o alfabeto também afeta a organização
do pensamento. Uma linguagem é o software que conduz a psicologia humana.
Qualquer tecnologia que afete significativamente a linguagem também afeta o
seu comportamento físico, emocional e mental. O alfabeto como um programa
de computador mais poderoso, mais preciso, mais versátil e mais completo do
que qualquer software escrito até hoje. [...] O alfabeto encontrou o seu papel no
cérebro: especifica as rotinas que apoiam o software de funcionamento
articulado na frame alfabetizada do quadro cerebral. O alfabeto criou duas
revoluções complementares: uma no cérebro, outra no mundo (DE
KERCKHOVE, 1997, p.61-62) 26.
Assim, de acordo com o ponto de vista do autor, no futuro por meio das
tecnologias de vídeo, a transformação psicológica mais relevante pode ser a
externalização da consciência pessoal comum. O mundo exterior torna-se uma
extensão da consciência - como era o costume das culturas "primitivas". Para o
autor, isso ditará, não o fim, mas o afastamento do Homo theoreticus do centro
da ação, substituído pelo Homo participans (DE KERCKHOVE, 1997, p.85-86).
Essa previsão, de certa forma, é confirmada no trabalho de Jenkins, Culture of
Convergence (2008), onde o autor destaca entre as características que
emergem dessa “nova” cultura, a participação mais ativa do público na
construção de conteúdos colaborativos. Portanto, enfatiza-se que o crescimento
das psicotecnologias e do processamento de informações evoluiu gradualmente
a partir do universo privado da mente, dando atenção ao mundo público do tubo
de raios catódicos. Na medida em que o ecrã de vídeo substituiu a mente,
quando chegamos à imagem e ao processamento de informação, cada época,
juntamente com os media que a dominava, correspondia a mudanças de posição
na nossa relação com o ecrã de vídeo. A nossa relação unidirecional, frontal,
com a tela da televisão trouxe a cultura das massas. O ecrã do computador, ao
introduzir modalidades de interatividade bidirecional, aumentou a velocidade. O
efeito dos hipermédia integrados será a imersão total. Estamos à beira de uma
nova cultura profunda que está a tomar forma durante os anos noventa. De todas
as vezes que, a ênfase dada a um certo meio muda, toda a cultura se move (DE
KERCKHOVE, 1997, p.175-176) 27.
Publicado com o título The Skin of Culture, em 1995, o livro dialoga com uma
série de autores modernos e contemporâneos, com diferentes linhas de
pensamento. Na realidade, a questão das transformações que as tecnologias
causam na cultura, bem como na economia, na vida política e privada, remonta
ao Ion de Platão. A importância da técnica multiplicou-se infinitamente, pois a
sua evolução científica permitiu que ela fosse incorporada em praticamente
todas as esferas da cultura, nos corpos humanos e outros seres vivos, no
pensamento e na produção de objetos.
“O sistema gira, assim, sem fim nem finalidade”, diz o autor. Devido à sociedade
tecnocrática e ao poder dominante dos media, a vida humana torna-se uma
"realidade virtual".
Uma segunda linha teórica procura entender essa transformação como uma
passagem que traz mudanças culturais positivas. Essa linha tende a ser afirmada
cada vez mais, tanto pela abordagem ao processo inexorável de absorção
cultural em novas tecnologias quanto pela deslegitimação e desqualificação de
discursos antagónicos à tecnologia.
Com base nessas duas visões, pode-se dizer que De Kerchkhove está alinhado
com a segunda e com ele alguns autores contemporâneos como Walter Ong,
Pierre Lévy, Umberto Eco e Castells. Para começar, com Walter Ong (1998),
norte-americano, pesquisador de estudos humanísticos, recuperou vários
estudos sobre o processo de internalização da escrita entre os gregos, para
estudar as diferenças entre culturas orais e culturas escritas. Lembremo-nos,
então, de McLuhan e a sua discussão sobre a importância da escrita e o próprio
De Kerckhove, que o considera um processo "tecnológico". Além disso,
encontramos Pierre Lévy (1994), para quem o espaço do conhecimento é a
essência da produtividade semiótica. Antes de chegar a esse espaço de
conhecimento, havia outras três semióticas correspondentes ao que ele chama
quatro espaços sociológicos: terra, território, mercadoria e conhecimento; ou
Umberto Eco (1996), que faz uma análise crítica da técnica. Para Eco, o
computador é um instrumento alfabético - um tipo ideal de livro.