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Título do volume
Tradução e adaptação
Rui de Melo
Foi estabelecido que os grupos melódicos são de suma importância nas fases
de perceção e processamento da cadeia sonora da fala nas sentenças, e que o
ouvinte depende principalmente dessas (e possivelmente outras) unidades
fonológicas para decodificar a fala. mensagem, e não na estrutura sintática das
sentenças” (Sosa, 1999: 35).
Neste estudo, após análise acústica das vozes dos editores de 24 boletins de
rádio obtidos da RNE, Cadena SER, Cadena COPE e Onda Cero, foram
registrados 110 casos de contornos circunflexos. Destes, 81% estavam na
posição declarativa final. Observou-se uso frequente do contorno circunflexo no
final das frases, em que são utilizadas várias unidades entoativas delimitadas
com tons ascendentes ou sustentados fortemente marcados, mesmo
separados por pausas. Importa ressaltar que sua aparência pode ser uma
indicação para o ouvinte de que o fim de uma unidade temática e sintática
ocorre antes da proliferação de unidades de entoação curta hierarquicamente
menores e pode ser uma estratégia para indicar uma mudança de paradoxo ou
macrounit paradoxal (Cfr Fox, 1973; Hidalgo, 2006). É o caso dos seguintes
casos: “A pior parte dos protestos. Paco Pelegrín informa.” (COPE, 29/12/09,
meio dia),“ Abaixo de 12.000 pontos. Bolsa de Madrid:” (COPE, 30-30-09,
18:00), “O processo de falência. Ele nos diz” (COPE, 4-1-10, 17h) e “O impacto
no turismo. Hoje para hoje” (SER, 10-08-09, 10h). Os 21 casos restantes do
corpus estudado destacavam elementos em foco estreito ou apareciam com
menos frequência antes de subordinados ou parágrafos esclarecedores.
Junto com isso, foi detetado que o pico de f0 apareceu antes do final da vogal
acentuada em 92 casos (83,64% do tempo). Dessa forma, levando em
consideração o tempo entre o início da sílaba e o final da vogal, a percentagem
de proximidade que a posição do pico em relação ao final da vogal pode ser
calculada. Na maioria dos 92 casos, o pico foi de 29,2% da duração em relação
ao final da vogal. Os 89 contornos que apareceram na posição final também
mostraram o pico antes do limite da vogal em 85,39% dos casos. A distância
do pico até ao final da vogal não diminui.
Ele não distinguiu os contornos circunflexos final e não final.
A análise dos contornos finais também indicou que a posição do pico dependia
mais da posição do limite da vogal do que da existência de uma coda de sílaba.
Nos casos em que não havia coda (52), o pico era de uma média de 35,89 ms
antes do final da vogal que fecha a sílaba. Dos 10 casos que apresentaram
coda surda, apenas um (produzido com alta taxa de elocução) apresentou o
pico na sílaba seguinte. Nos outros, o pico apareceu antes do término da vogal.
Os 27 casos com coda sonora apresentaram o pico 30,68 ms antes do final da
vogal estressada e 98,57 ms do limite silábico. 70,37% deles apresentaram o
pico antes do final da vogal.
Fazer sentido é entender o que está sendo lido, pensar no significado do que
está sendo dito e garantir que isso seja claro para quem o ouve. Devemos
sublinhar certas palavras no texto, mas sem exageros. Tornar quase todas as
palavras significativas é como não destacar nenhuma (Tubau, 1993: 52).
Os principais usos relacionados com a ênfase acentuada serão descritos
abaixo. Primeiro, o estresse excessivo leva à criação de sotaques secundários
em sílabas nas quais lexicalmente não existia. É o caso de exemplos como os
seguintes, todos provenientes de boletins de rádio: “Das agências de viagens
alemãs”, Onda Cero, 08-08-09, 19h), “Dez dias atrás em Palmanova” (Onda
Cero, 10 -08-09, 10h), “São dados que fornecem estatísticas” (RNE, 10-08-09,
12h), “Nos quais eles criticam as alterações na ajuda automática para
favorecer” (RNE, 10-08-09, 12h), “Por parte da Polícia” (Cadena Ser, 10-08-09,
10h) e “Dobrar os controlos” (Cadena Ser, 10-08-09, 10h).
Uma das consequências mais óbvias causadas por essa maneira de acentuar
tão característica do ambiente em que muitos elementos recebem um reforço
acentuado é a segmentação excessiva dos grupos. A pronúncia continuada de
grupos de sotaque em diferentes unidades de entoação causa a sensação
acústica de que a fala é interrompida, uma vez que as unidades são formadas,
repetidamente, por algumas sílabas (de-la-Mota e Rodero, 2010). Essa prática,
portanto, tem uma consequência direta na perceção do ouvinte e em seu grau
de entendimento, se considerarmos a seguinte apreciação de Aguilar et alii.
Por esse motivo, vários estudos apontam a monotonia como um dos principais
problemas da apresentação de rádio (Glass, 1994; Knapp, 1982).
V. Conclusões
Uma possibilidade que também pode ser considerada e que já foi sugerida
(Barber, 2000) é que há uma mudança linguística que afeta, entre outros
aspectos, a maneira pela qual o sotaque e a entoação são usados para marcar
os contrastes e ênfase Dada a sua influência e alcance demográfico, a meios
de comunicação estaria se comportando, nesse caso, como plataformas de
difusão para a mudança.
VI BIBLIOGRAFIA
Aguilar, L. (2GGG): "A Prosódia". In: Alcoba, S. (coord ..) Expressão oral. Ariel:
Barcelona.
Allas, J.M. & Díaz, L.C. (coords.) (2GG4): Livro de estilo do Canal Sur e do
Canal 2 Andaluzia. Sevilha: RTVA.
Briz, A. (coord.) (2GG9): Saiba como falar. Instituto Cervantes. Madri: Aguilar.
Madero, F. et alii (1996): guia de estilo do Zero Wave Radio. Madri: Wave Zero.
RTVE (1980): Manual de estilo para repórteres de rádio. Madri: RTVE - Rádio
Nacional da Espanha.
Tradução e adaptação
Rui de Melo