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Tema 5 - Análise e Avaliação da Tradução

Elementos-chave:

- Ligação entre a teoria da tradução e a prática

- Teoria relevante para a escrita de uma tradução reflexiva e o seu comentário

- Metodologias de projetos de tradução

- Expansão dos estudos de tradução: considerados como uma interdisciplinaridade

- Localização e globalização: prática da tradução moderna e ambiente alteram as noções de


equivalência e poder

- Novos medias: transformação da prática da tradução

- Desenvolvimentos recentes em multimodalidade e gêneros de texto digital

- "Abordagem integrada" de Snell-Hornby ao tipo de texto na tradução

- Análise de texto orientada à tradução (Nord)

- Níveis de contexto e discursos (Hatim & Mason)

- Hatim & Mason: adicionam níveis pragmáticos e discursivos à análise do registro

- Função ideacional, interpessoal do discurso

- Hatim & Mason propõem as "fundações" para um modelo de análise textual

I. Estudo do texto de Snell-Hornby "An Integrated approach" (1990):


A explicação do diagrama começa, no texto, da seguinte forma:
Trata-se de um sistema de relações entre tipos de texto básicos e os aspetos
crucias de tradução.
Nas linhas horizontais encontra-se a noção gradual de tradução.
Nas linhas verticais, o diagrama representa um modelo de estratificação, ou
seja, de camadas sobrepostas, que vai de A até F, o que representa do
macro até o micro nível.

Tipos de textos e critérios relevantes para a tradução (adaptado de Snell-


Hornby 1995: 32, apresentado por J. Munday, 2001: 122)

- Inclui uma ampla variedade de diferentes conceitos linguísticos e literários


numa abordagem “integrada” abrangente para a tradução baseada em tipos
de texto.
- Base predominantemente teórica alemã, uso da noção de protótipos para
categorizar os tipos de texto: pode incorporar história cultural, estudos
literários, estudos socioculturais e de área (fins jurídicos, económicos,
médicos e científicos)
- Modelo estratificacional (Dispor ou colocar em camadas sobrepostas) que
vai do mais geral (A) ao mais especializado (F):
- nível A: integra a língua literária (essa, sendo a área mais valorizada do
passado e considerada a única merecedora de teorização), a língua geral (um
conceito um tanto vago, muitas vezes determinado como não-literário ou
não-técnico) e a língua especial (áreas mais técnicas) , tradução da língua
num único continuum
- nível B: tipos de texto básicos prototípicos (por ex. Bíblia, palco/filme,
poesia lírica, ficção, jornais, informações...) Do lado esquerdo temos textos
clássicos, bíblia, teatro (o texto menciona Shakespeare), a inclusão de
literatura infantil, algo não muito comum, e no outro lado (direito) temos os
tipos específicos de linguagem (law, economics, Science, medicine,
Tecnology).
- nível C: disciplinas não linguísticas, inseparavelmente ligadas à tradução
(conhecimento sociocultural para a língua geral e estudo de assuntos
especiais para tradução especializada)
Ex: o texto fala sobre condições extras do tradutor à tradução, como, para a
tradução literária, um background em estudos literários.
- nível D: processo de tradução, incluindo (i) a compreensão da função do
texto de partida, (ii) o foco do texto de chegada e (iii) a função comunicativa
do texto de chegada
Entender que o nível D é dividido em etapas, assim como demonstrado
acima, onde: I – O entendimento do texto de partida (penetrate the sense of
the text) , II – o foco do texto de chegada (focal criteria) e III – A função
comunicativa que esse texto terá.
- nível E: abrange áreas da linguística relevantes para a tradução.
O texto afirma duas coisas: Older literature requires Knowledge of historical
Linguistics.
Análise da macroestrutura do texto, progresso da temática e senso de
perspectiva até coerência e coesão.

- nível F: nível de ordem mais baixa, trata de aspetos fonológicos,


como aliteração (repetição de fonemas, estabelece efeitos sonoros), ritmo e
falabilidade da tradução cénica e dobragem – Essa é a exata definição que a
autora dá.
II. Estudo dos textos de Hatim & Mason "El contexto en traducción: análisis
de registro" (1995) e "Foundations for a model of analysing texts" (12-29) e
"Interpreting: a text linguistic approach" (p.30-50) (1997):

- Estudo baseado no modelo de linguagem de Halliday (1964)


- Modelo sistémico funcional: uma teoria social da linguagem
Para mim, uma teoria linguística funcional é aquela que procura explicar a
estrutura linguística, assim como os fenômenos linguísticos, com relação à
noção de que a língua desempenha um papel determinado em nossas vidas.
De que é necessária para servir a certos tipos universais de demandas.
O texto fala sobre “objetos socioculturais” e cita como exemplo “a paciência
de Jó” onde Jó é um elemento sociocultural.
Fala sobre intertextualidade, fato que pode envolver aspetos que podem ser
ainda mais complexos que os elementos socioculturais.

- Duas dimensões para descrever a variação linguística: Dialetos e Registros


DIALETOS têm relação com a figura do usuário num fenômeno linguístico:
quem ou o que é o falante ou o escritor.
REGISTROS referem-se à noção relacionada ao uso que um usuário destina à
língua.
VARIAÇÃO RELACIONADA COM O USO DA LÍNGUA: REGISTRO. Existe uma
relação entre uma dada situação e a linguagem utilizada nela. Registro é o
termo empregado para o tipo de variedade que se distingue dessa forma, ou
seja, de acordo com o uso. “A categoria de registro procura dar conta do que
as pessoas fazem com a língua. Quando observamos a atividade linguística
nos variados contextos em que ocorre, encontramos diferenças no tipo de
linguagem que é selecionado como apropriado para os diferentes tipos de
situação."
Os registros se definem como as diferenças na gramática, vocabulário, etc.,
que há entre duas amostras de atividade linguística; por exemplo, um
comentário esportivo ou um sermão na igreja. Três tipos de variação por
registro: campo do discurso, modalidade do discurso, tom do discurso
(relação). A categoria situação não deve ser limitada ao acontecimento ou
circunstância da qual se está falando. Isso não basta para determinar as
escolhas linguísticas efetuadas. Maior importância para estabelecer a relação
entre situação e uso deve ser dada à convenção de acordo com a qual uma
determinada realização oral é considerada apropriada para certo uso.

- Usuário-Dialeto: geográfico, temporal, social, não estandardizado,


idioleto

SOBRE O DIALETO GEOGRÁFICO É [...] essencial que um tradutor ou


intérprete tenha plena consciência da variação geográfica, assim como de
suas possíveis implicações ideológicas e políticas. O sotaque, por exemplo, é
um dos traços da variação geográfica mais facilmente detectáveis e, com
frequência, é uma fonte de problemas. Consideremos, por exemplo, a
controvérsia que houve há alguns anos na Escócia sobre o uso de sotaques
escoceses para representar a fala dos camponeses russos na dramatização
para televisão de uma obra estrangeira. Isso permitia inferir que o acento
escocês podia ser de algum modo associado às baixas camadas sociais, o
que não era, sem dúvida, a intenção. Assim como os produtores ou
diretores, os tradutores precisam estar sempre alertas para as implicações
sociais de suas escolhas. p. 57 A representação num texto-fonte de um
dialeto geográfico específico cria um problema ineludível: que dialeto da
língua de chegada se deveria usar? p. 57

13 SOBRE O DIALETO GEOGRÁFICO É patente a dificuldade de conseguir


uma equivalência dialetal para quem já traduziu textos para serem
encenados. Se o dialeto do texto-fonte for traduzido usando a norma culta
padrão da língua-meta, a desvantagem é que os especiais efeitos de sentido
dependentes do dialeto no texto-fonte serão perdidos; enquanto que, se a
opção for traduzir um dialeto por outro dialeto, corre-se o risco de criar
efeitos distintos dos pretendidos. p.58 Nos casos em que a variedade
regional tem a função de evidenciar a <<estigmatização>> sociolinguística
do usuário, seria possível talvez representar a posição social do usuário, na
tradução, por um uso não padrão da gramática ou pela variação deliberada
do léxico da língua-meta. HATIM, Basil; MASON, Ian. (1990/1995) Teoría de
la traducción: una aproximación al discurso. Trad. Salvador Peña. Barcelona:
Ariel, 1995
Dialeto temporal: Refere-se às variações na linguagem que ocorrem ao longo
do tempo.
Dialeto social: Refere-se às variações na linguagem que são influenciadas por
fatores sociais, como classe, educação e ocupação.
Dialeto não estandardizado: Refere-se a uma forma de linguagem que difere
em certos aspectos da forma padrão ou oficial da linguagem.
Idioleto: Refere-se ao uso distinto da linguagem de um indivíduo, que difere
de outros usuários dentro de um grupo linguístico.

- Uso-Registro: campo do discurso, modalidade do discurso, tom do


discurso

CAMPO DO DISCURSO. O campo de atividade refere-se ao que está acontecendo, ao papel


intencional ou função social do texto: interação pessoal, exposição, etc. Além disso, fala-se de
caráter ocupacional, profissional, dos campos, por exemplo, um sermão religioso, um discurso
político, uma aula de natação.
TOM DO DISCURSO (RELAÇÃO). Transmite a natureza da relação entre o falante e o ouvinte. Pode
ser analisado por meio de distinções básicas como a gradação educado-coloquial-íntimo, numa
escala de categorias em que os extremos são o formal e o informal. Esse tipo de variação se mostra
relevante quando se traduz para línguas culturalmente distantes entre si. UM FALANTE FALA EM
MUITOS REGISTROS. PODE HAVER MUDANÇAS DE REGISTRO DENTRO DO MESMO TEXTO.

SOBRE O REGISTRO. "Na verdade, há superposições entre as três variáveis: campo, modalidade e
tom. Os valores que derivam das dimensões do uso linguístico nos ajudam a definir e identificar
registros. As três variáveis são interdependentes: assim, por exemplo, um nível determinado de
formalidade (tom [relação]) favorece e é favorecido por um alto nível de tecnicismo (campo) num
canal de comunicação apropriado (modalidade)." (p. 69) "Dada a ausência de critérios formais
rigorosos para distinguir um registro de outro, nunca foi fácil discernir com precisão as fronteiras de
um registro determinado. Sempre há o risco de identificar de modo simplista um registro
determinado com uma situação concreta, dando assim lugar às ditas 'linguagens especiais': da
política, da publicidade, do jornalismo, etc. Generalizações como essas podem confundir, e é
importante estar atentos à natureza multifuncional dos textos [...]." (p. 6)
Essa última imagem está localizada no livro na parte de interpretação e fala
sobre a coexistência dessas 3 prioridades e que elas não “equally prominent”
Conteúdo: Refere-se ao significado semântico e pragmático do texto. É a
informação que o texto pretende transmitir.
Estrutura: Refere-se à organização e disposição das partes do texto. Inclui a
forma como as informações são sequenciadas e como as diferentes partes do
texto se relacionam entre si.
Textura: Refere-se aos aspectos linguísticos e estilísticos que contribuem
para a coesão e coerência do texto. Inclui o uso de dispositivos retóricos,
padrões de discurso, e outros elementos que dão ao texto sua “sensação” ou
“qualidade”.
Estes conceitos estão conectados com as modalidades de interpretação
simultânea, consecutiva e de ligação (liaison) da seguinte maneira12:

Interpretação simultânea (ao mesmo tempo): Esta modalidade depende mais


fortemente da textura, uma vez que o acesso à estrutura e ao contexto é
parcial. Devido à simultaneidade virtual da recepção de entrada e produção
de saída, os papéis de receptor e emissor do intérprete se sobrepõem no
tempo.
Interpretação consecutiva (após): Esta modalidade se concentra mais na
estrutura. O intérprete tem mais tempo para entender a estrutura do
discurso antes de produzir a tradução.
Interpretação de ligação (Liaison) (sem toda a info): Esta modalidade se
baseia principalmente no contexto, onde o intérprete tem acesso parcial a
textura e a estrutura.. O intérprete precisa entender o contexto em que a
comunicação está ocorrendo para fornecer uma tradução eficaz.
III. Estudo dos textos de Christiane Nord (1997) sobre "Translation and the
Theory of Action" (cap. 2) e "Functionalism in Translator Training" (cap. 4):

- Distinção entre dois tipos básicos de produto (e processo) de tradução, que


são a tradução "documental" e "instrumental"

Onde: INTERLINEAL = Word-by-Word


Literal: Word-by-word mas de acordo com as normas sintáticas da Target
Language
Philological: Traducao literal mas com footnotes e glossários que explicam os
significados e peculiaridades da Source Culture
Exoticizing ou foreignizing: Quando a função do texto original era, por
exemplo, falar da cultura do Source Text mas acaba mudando e se torna
informativo para os Target Readers. Ex: Eu escrevo um texto sobre o Brasil,
outros brasileiros podem comparar as minhas palavras com suas próprias
experiências, para os leitores de Portugal as minhas palavras terão um
impacto diferente.

Instrumental:
“May achieve the same range of functions as an original text”.
Onde: equifunctional: Mesma função entre ST e TT. – Manuais em geral.

Heterofunctional: Se a função não pode ser preservada e é mudada.

Homologous: Ela implica a reorganização e transformação criativa da linguagem para criar


expressões artísticas, como aquelas encontradas na poesia. A ênfase está na manipulação da
linguagem para criar efeitos estéticos, indo além da simples comunicação de informações.

A recepção de uma tradução instrumental é de que os leitores não percebam que se trata de uma
tradução.

- Conceito desenvolvido: "traduções que preservam as funções"


O texto faz críticas ao modelo de Reiss – que foca na tipologia textual.
Para os autores, funções comunicativas diferentes podem requerer
estratégias de tradução diferentes. O que não significa traduzir “os olhos de
vaca” de um texto indiano (o que é um elogio) por um outro animal que a
TARGET CULTURE goste. Funcionalismo simplesmente significa que o
tradutor deve estar a par de todos esses aspectos (o texto anterior fala sobre
funções apelativas, expressivas, referenciais, subfunções, um texto
normalmente tem várias funções, etc) para considerar as suas decisões.
A função da tradução pode ser analisada de um perspectiva dupla. A:
Focando no relacionamento do TARGET TEXT e seu público, ou B: na relação
entre o TT e o SOURCE TEXT correspondente. Tudo isso tem muita relação
com a “hierarquia funcional dos problemas de tradução” descrita abaixo:

- Importância da comissão de tradução (ou "sumário de tradução"): funções


de texto pretendidas, destinatários, hora e o local de receção do
texto, motivo
- Importância da análise do texto de partida: viabilidade da tradução, itens
mais relevantes que precisam de ser levados em consideração, estratégia de
tradução necessária.
- Fatores intratextuais da tradução: assunto, conteúdo, pressupostos,
composição textual, elementos não-verbais, léxico, estrutura frásica,
características suprassegmentais
- Hierarquia funcional dos problemas de tradução:
- Comparação das funções pretendidas do texto de partida e do texto de
chegada proposto ajuda a decidir o tipo funcional de tradução a ser
produzida
- Determina os elementos funcionais que podem ser reproduzidos e
aqueles que serão adaptados à situação dos destinatários do TT.
- O tipo de tradução ajuda a decidir o estilo de tradução
- Os problemas do texto ser abordados a um nível linguístico inferior
O texto propõe a diferença entre uma analise do nível inferior para o superior
e o oposto, que ocorreria em uma avaliação pragmática inicial para então se
chegar ao léxico *do superior para o inferior.
IV. Estudo do texto de Williams & Chesterman (2002) "Areas in Translation
Research":

O livro trata-se de um guia para iniciantes em como fazer pesquisa em estudos de tradução.

- Comparação do processo de pesquisa a "um diálogo com a "realidade" em


que "um dos segredos" é fazer boas perguntas
Eles argumentam que a pesquisa em tradução é um processo de diálogo com
a realidade, no qual o pesquisador faz perguntas para entender melhor o
objeto de estudo
- 4 hipóteses de partida: interpretativo, descritivo, exploratório e preditivo:
Os autores Williams e Chesterman propõem quatro hipóteses de partida para
a pesquisa em tradução: interpretativo, descritivo, exploratório e preditivo .
A hipótese interpretativa é baseada na ideia de que a tradução é uma
atividade interpretativa que envolve a compreensão do significado do texto
de origem e a produção de um texto de destino que reflita esse significado .
A hipótese descritiva, por outro lado, enfoca a descrição dos fenômenos da
tradução, como a análise de erros e a identificação de padrões . A hipótese
exploratória é baseada na ideia de que a pesquisa em tradução deve ser
orientada para a descoberta e a exploração de novos fenômenos. Por fim, a
hipótese preditiva é baseada na ideia de que a pesquisa em tradução deve
ser orientada para a previsão de resultados com base em dados empíricos.

Autoexplicativos:

- Essas hipóteses podem então ser testadas empiricamente, examinando, por


exemplo, as traduções ou os próprios processos de tradução e/ou
pesquisando o contexto extralinguístico da sociedade em que a tradução se
insere
- O desenvolvimento de um novo projeto de pesquisa precisará de considerar
o seguinte: o tema, o escopo, pesquisas relevantes, trabalhos anteriores já
realizados, metodologia a ser usada, gerenciabilidade do projeto

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