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ao Direito e à Justiça
EMPRESAS
versão portuguesa
novembro de 2019
Ficha Técnica
Título Guia de Acesso
ao Direito e à Justiça
Guia de Acesso ao Direito e à Justiça: Empresas
Editor
Direção-Geral da Política de Justiça
Av. D. João II, n.º 1.08.01 E, Torre H, Pisos 1 a 3
1990-097 Lisboa
dgpj.justica.gov.pt
Design e paginação
Centro de Informação e Comunicação (CIC)
ISBN
978-989-98079-3-8
Data EMPRESAS
Novembro de 2019 versão portuguesa
novembro de
2019
Guia de Acesso ao Direito e à Justiça: Empresas
INTRODUÇÃO
Introdução
1. Como constituir uma empresa em Portugal O presente guia pretende ser um auxiliar prático para as empresas e para
os empresários portugueses ou que se pretendam instalar no território
1.1. Tipos de sociedades comerciais português. Pretende-se, num único instrumento, fornecer informação
1.2. Constituição de sociedades online geral e relativamente simplificada sobre o acesso ao direito e à justiça,
1.3. Balcão “Company IN” para estrangeiros que queiram constituir empresa em Portugal bem como oferecer um conjunto de outras informações relevantes para
1.4. Balcão do Empreendedor
quem pretende constituir uma sociedade comercial e iniciar um negócio.
2. Registos – o que registar e como registar
Neste âmbito, para além de informação sobre o sistema de justiça e os
3. Propriedade intelectual meios de resolução de litígios, judiciais ou alternativos, agrega um con-
4. Celebração de contratos junto de outras informações orientadas para temáticas específicas, como
a constituição de sociedades comerciais e os modelos possíveis, registos
4.1. Princípios e forma
4.2. Incumprimento contratual necessários ou úteis, a celebração de contratos e o seu incumprimento ou
4.3. Insolvência e Processos Especiais para Acordo de Pagamento ou de Revitalização as especificidades do contrato e das regras laborais.
5. Contrato de trabalho e regras laborais Numa ótica de promoção dos princípios do Estado de direito democráti-
co e da transparência nas relações comerciais, o guia fornece infor-
5.1. Regras gerais
mações sumárias, mas especificas, sobre a proteção de dados pessoais e as
5.2. Modalidades de contrato de trabalho
5.3. Contrato de trabalho com regime especial: o contrato de trabalho
obrigações para com os consumidores.
de serviço doméstico Com este guia, a Direção-Geral da Política de Justiça (DGPJ) do Ministério
5.4. Especificidades da celebração do contrato de trabalho com trabalhador da Justiça, que detém atribuições também no domínio do fomento do
estrangeiro ou apátrida acesso ao direito e à justiça, procura oferecer um auxiliar conciso numa
6. Relações comerciais e compliance área estrutural para uma cidadania informada e responsável e para o bom
6.1. Proteção de dados pessoais funcionamento de uma economia amiga do investimento e do emprego.
6.2. Direiros dos consumidores Quaisquer sugestões que possam melhorar este trabalho serão natural-
6.3. Relação com entidades públicas e privadas - prevenção de riscos de corrupção mente muito bem-vindas.
7. Sistema de justiça português
7.1. Enquadramento
7.2. Meios de resolução de litígios
7.2.1. Tribunais estaduais
7.2.2. Meios alternativos de resolução de litígios
7.2.3. Tempos médios de resolução processual
7.2.4. Quanto custa recorrer ao sistema de justiça?
7.2.5. Quando é necessária representação por advogado
7.3. Apoio judiciário Miguel Romão
As informações e as referências legais constantes deste Guia foram compiladas procurando-se o má-
ximo de rigor e de atualização no momento da sua preparação. No entanto, não deve ser dispensada a
6 > consulta da legislação em vigor, que pode ser acedida através do Diário da República (https://dre.pt),
e não visam substituir a obtenção de aconselhamento jurídico prestado por advogado ou solicitador.
• Sociedade Unipessoal por Quotas
Nesta forma societária uma única pessoa, singular ou coletiva, detém a
totalidade do capital social, sendo que este tem um valor mínimo de 1 €.
A responsabilidade do empresário ou titular das quotas está limitada ao
valor do capital social;
1. COMO CONSTITUIR UMA EMPRESA EM PORTUGAL
• Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL)
Forma societária em que o empresário afeta um determinado capital,
1.1. Tipos de sociedades comerciais autónomo do pessoal, ao estabelecimento a explorar. Tem um capi-
tal social mínimo de 5.000 € e pelas dívidas resultantes de atividades
Os negócios devem assumir uma forma jurídica prévia. A forma depen- compreendidas no objeto do EIRL respondem apenas os bens a ele
derá do número de sócios e do tipo de estrutura pretendida. afetados;
Vigora a regra do capital social livre com algumas exceções.
• Sociedade anónima com um único acionista
Em Portugal não há restrições à entrada de capital estrangeiro, não
existindo qualquer discriminação do investimento com base na naciona- Forma societária com um único acionista mas com a particularidade
lidade ou residência do investidor. Assim, não é obrigatório ter um sócio desse acionista ter necessariamente que ser uma pessoa coletiva. Tem
nacional ou residente nem existem limitações à distribuição de lucros ou um capital social mínimo de 50.000 €, responsabilidade limitada, ações
dividendos para o estrangeiro. No entanto, é necessário que os sócios ou nominativas e o seu regime está sujeito a particularidades específicas.
titulares de uma participação na empresa tenham um número de iden-
No caso de uma estrutura coletiva, com mais do que um interve- Formas societárias
tificação fiscal (NIF), atribuído pela Autoridade Tributária e Aduaneira, coletivas
niente, existe um conjunto de outras possibilidades:
organismo do Ministério das Finanças.
No caso dos cidadãos estrangeiros ou não residentes para efeitos fiscais, • Sociedade por Quotas
no momento do pedido de atribuição de um NIF são obrigados a de-
Forma jurídica que exige a existência de pelo menos dois sócios, sem
signar um representante fiscal, o substituto tributário, domiciliado em
que a nenhum seja permitido contribuição de indústria. Tem um ca-
Portugal, que pode ser uma pessoa singular ou coletiva. Apenas para
pital social mínimo de 2 € (cada quota deve ter um valor de pelo menos
os cidadãos nacionais residentes na União Europeia, na Islândia ou na
1 €) e a responsabilidade dos titulares das quotas está limitada ao capi-
Noruega, a designação de representante fiscal é meramente facultativa.
tal social;
Os cidadãos brasileiros também estão dispensados da designação de subs-
tituto tributário quando solicitem a obtenção do cartão de cidadão junto
• Sociedade Anónima
das autoridades nacionais competentes.
Esta forma societária exige um mínimo de cinco participantes e a res-
Existem as seguintes opções para a forma singular, ou seja, quando está
ponsabilidade de cada sócio é limitada ao valor das ações por si subs-
envolvida na estrutura societária apenas uma pessoa:
critas. Tem um capital social mínimo de 50.000 €;
• Empresário em Nome Individual
• Sociedade Anónima Europeia
Formas societárias Forma societária constituída por um único individuo, ou seja, por uma
singulares Esta forma societária constitui uma forma mais simples de gerir uma
pessoa singular, para a qual a lei não obriga a um capital social mí-
empresa que esteja presente em mais de um país da União Europeia,
nimo. O empresário em nome individual afeta os seus bens próprios à
uma vez que permite reorganizar as atividades sob uma única marca
exploração da sua atividade e responde ilimitadamente pelas dívidas
europeia e gerir a empresa sem ter de criar redes de filiais. Trata-se de
contraídas no exercício da sua atividade;
uma sociedade de responsabilidade limitada, cujo capital se encontra
dividido em ações. Cada acionista é responsável apenas até ao limite do
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capital subscrito. Tem um capital social mínimo de 120.000 €;
• Sociedade em Nome Coletivo 1.2. Constituição de sociedades num curto espaço de tempo
Esta forma societária exige pelo menos dois sócios, mas não exige ou online
capital mínimo. Os sócios respondem ilimitada e subsidiariamente em
relação à sociedade e solidariamente entre si, perante os credores; O procedimento “Empresa na Hora” permite a constituição de uma so-
Empresa na hora
ciedade comercial de forma mais célere, menos burocrática e igualmente
• Sociedade em Comandita eficaz.
Trata-se de sociedade de responsabilidade mista, pois reúne sócios com Através desta iniciativa é possível constituir sociedades unipessoais
responsabilidade limitada, que contribuem com o capital (os coman- por quotas, sociedades por quotas e sociedades anónimas (com ex-
ditários), e sócios de responsabilidade ilimitada e solidária entre si, ceção das sociedades anónimas europeias), em poucos passos, num mes-
que contribuem com bens ou serviços e assumem a gestão e a direção mo local e em menos de uma hora.
efetiva da sociedade (os comanditados). No caso das sociedades em co- Os sócios podem dirigir-se a qualquer balcão do serviço “Empresa na
mandita simples exige-se pelo menos dois sócios e nas sociedades em Hora”, independentemente da localização da sede da futura socie-
comandita por ações cinco sócios comanditários e um comanditado. dade. Uma lista dos balcões disponíveis pode ser consultada no site
O capital social mínimo é de 50.000 €; empresanahora.justica.gov.pt ou em justica.gov.pt.
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depósito não depende da validação por parte de um conservador ou
oficial de registo.
• a constituição de sociedade;
2. REGISTOS – O QUE REGISTAR E COMO REGISTAR
• a designação e cessação de funções, dos órgãos de administração e
O registo é uma forma de dar publicidade a situações jurídicas. Exis- fiscalização das sociedades, bem como do secretário da sociedade;
Tipos de registo
tem diferentes tipos de registo consoante a situação jurídica em causa.
Existem os registos de natureza civil, como o registo de nascimento, o • a mudança de sede e a transferência de sede para o estrangeiro;
registo de casamento ou o registo de óbito e os registos com estes conexos
ou que os alteram, como o registo de perfilhação, de mudança de sexo ou • a prorrogação, fusão, cisão, transformação e dissolução das sociedades;
de herança; os registos de natureza patrimonial, como o registo predial e
o registo automóvel; e os registos de natureza comercial, como os registos • o aumento, redução ou reintegração do capital social;
relativos às pessoas coletivas. Existe ainda o registo criminal e o Registo
Central do Beneficiário Efetivo. • qualquer alteração ao contrato de sociedade;
A maioria destes registos encontra-se atualmente disponível de forma
simples, rápida e particularmente desburocratizada, na maioria dos casos • a designação e cessação de funções, anteriores ao encerramento
à distância de um clique. O Ministério da Justiça, através do Instituto da liquidação, dos liquidatários das sociedades, bem como os atos de
dos Registos e Notariado (IRN), da Direção-Geral da Administração da modificação dos poderes legais ou contratuais dos liquidatários;
Justiça (DGAJ) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI),
disponibiliza um conjunto de serviços presenciais e online que facilitam • o encerramento da liquidação ou o regresso à atividade das sociedades.
os procedimentos nesta matéria.
São registados por depósito, entre outros que a lei especificamente prevê:
As certidões relativas aos registos, ou seja os documentos que atestam
as situações registadas, podem ser pedidas e consultadas presencialmente • a deliberação da assembleia geral para aquisição de bens pela sociedade;
nos serviços respetivos, nos Espaços Registos ou nas Lojas do Cidadão ou
online através dos sites justica.gov.pt ou eportugal.gov.pt. • a unificação, divisão e transmissão de quotas;
No que se refere às empresas é particularmente relevante o registo comer-
cial que se destina a dar publicidade à situação jurídica dos comer- • a promessa de alienação ou de oneração de partes de capital ou de
ciantes individuais, das sociedades comerciais, das sociedades civis sob quotas, bem como os pactos de preferências, se tiver sido convencio-
Registo comercial
forma comercial e dos estabelecimentos individuais de responsabilidade nado atribuir-lhes eficácia real;
limitada, tendo em vista a segurança do comércio jurídico. Através do
registo comercial, podem ser registados vários acontecimentos, desde a • a constituição e a transmissão de usufruto, o penhor, arresto, arrola-
constituição de uma entidade até à sua extinção. mento e penhora de quotas;
Este registo pode ser feito de duas formas: • o projeto de constituição de uma sociedade anónima europeia por
meio de fusão, o projeto de constituição de uma sociedade anónima
• por transcrição, ou seja, os atos a registar são aprovados ou recusa- europeia por meio de transformação de sociedade anónima de direito
dos pelo conservador que os transcreve para os registos públicos; ou interno e o projeto de constituição de uma sociedade anónima euro-
peia gestora de participações sociais;
• por depósito, caso em que serve apenas para arquivar documentos
16 > sobre factos que estejam sujeitos a registo comercial. O registo por < 17
• a prestação de contas anuais e, se for caso disso, das contas conso- • o Registo Automóvel que tem por fim dar publicidade à situação
lidadas; jurídica dos veículos a motor e respetivos reboques, tendo em vista a
segurança do comércio jurídico. Para efeitos de registo, são considera- Registo Automóvel
• o projeto de transferência da sede para outro Estado membro da União dos veículos a motor e respetivos reboques que, nos termos do Código
Europeia; da Estrada, estejam sujeitos a matrícula.
• o projeto de transformação em sociedade anónima de direito interno; Através do serviço Automóvel Online é possível pedir pela Internet vá-
rios atos de registo sobre veículos e respetivos reboques e receber poste-
• o projeto de transferência de sede do agrupamento europeu de inte- riormente, sem deslocações, o Certificado de Matrícula/Documento Único
resse económico; Automóvel. Neste site é possível:
• a prestação de contas das sociedades com sede em Portugal ou no • apresentar o pedido online de registo da transferência de proprie-
estrangeiro e representação permanente em Portugal. dade de veículo automóvel (por exemplo, registar o novo proprietário
Pedir Certidão de um automóvel na sequência da compra de um veículo novo ou usa-
do Registo A Certidão do Registo Comercial pode ser pedida por: do) e outros atos de registo sobre veículos e respetivos reboques;
Comercial
• aqueles que tenham poderes de representação para intervir no respe- • consultar o estado do pedido depois de efetuado;
tivo título;
• apresentar o pedido da certidão permanente do registo automóvel;
• mandatário com procuração bastante;
• consultar a certidão permanente do registo automóvel.
• advogados, notários e solicitadores;
É possível aceder a este registo e realizar os atos relevantes em qualquer
• revisores e técnicos oficiais de contas, para o pedido de depósito dos Conservatória do Registo Automóvel, num Espaço Registos ou on-
documentos de prestação de contas. line em automovelonline.mj.pt ou em justica.gov.pt.
O registo comercial está disponível online em justica.gov.pt. Em al- • o Registo Criminal contém informação sobre condenações crimi-
ternativa, podem ser pedidos os atos de registo comercial presencial- nais de pessoas singulares e de pessoas coletivas e permite o conheci- Registo Criminal
mente, em qualquer Conservatória do Registo Comercial ou nos mento dos antecedentes criminais das pessoas condenadas.
Espaços Registos.
No certificado do registo criminal são apresentadas informações sobre:
Para a atividade de uma sociedade comercial podem ser também rele-
vantes outros registos, designadamente:
• condenações criminais proferidas por tribunais portugueses;
Registo Predial • o Registo Predial que se destina essencialmente a dar publicidade à
• decisões de tribunais portugueses que apliquem medidas de segu-
situação jurídica dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio
rança;
jurídico imobiliário. São registadas a compra e venda de imóveis, bem
como outras constituições de direitos sobre imóveis.
• decisões criminais de tribunais estrangeiros, comunicadas a Portugal
ao abrigo de acordos internacionais, que digam respeito a portugueses
É possível aceder a este registo e realizar os atos relevantes em qualquer
ou estrangeiros residentes em Portugal e a pessoas coletivas que te-
Conservatória do Registo Predial, num Espaço Registos ou online
nham em Portugal a sua sede, administração efetiva ou representação
em predialonline.pt ou em justica.gov.pt.
permanente.
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Pode pedir o registo criminal qualquer pessoa com mais de 16 anos, • Cartório Notarial português;
Pedir o Registo se for o seu próprio registo criminal. Qualquer pessoa maior de 18 anos
Criminal
pode pedir o registo criminal de outra pessoa, desde que autorizada pela • Conservatória dos Registos Centrais;
mesma. O pedido, neste caso, tem de ser feito presencialmente e a auto-
rização tem de ser apresentada aos serviços. • Conservatória do Registo Civil;
O certificado do registo criminal de uma pessoa coletiva só pode ser
• Consulado português no país onde o documento foi emitido;
pedido por um representante legal dessa entidade.
Este certificado pode ser pedido e consultado online em registocri- • Consulado que represente em Portugal o país onde o documento foi
minal.justica.gov.pt, presencialmente ou, em caso de residente no es- emitido;
trangeiro, por correio ou email. Presencialmente pode ser pedido num
dos balcões dos Serviços de Identificação Criminal (disponíveis também • Câmaras de Comércio e Indústria, reconhecidas nos termos do De-
nas Lojas do Cidadão) ou nas Unidades Centrais ou Juízos de Proximidade creto-Lei n.º 244/92, de 29 de outubro;
de Secretarias de Tribunais de Comarca.
• Advogados e Solicitadores.
O certificado tem um custo de 5 € se for emitido em papel, mas a sua con-
sulta online é gratuita. Pode ainda ser feita por tradutor idóneo e certificada por qualquer um dos
A validade deste documento é de três meses. serviços ou entidades anteriormente referidas.
O registo criminal de uma sociedade comercial pode ser necessário para Não pode intervir como tradutor aquele a quem o documento tra-
diversos fins, por exemplo para celebração de contratos com o setor públi- duzido respeita, ou ao seu cônjuge, ou aos outros familiares referidos na
co, conforme resulta do Código dos Contratos Públicos. alínea e) do n.º 1 do art.º 68.º do Código do Notariado, por ser inábil.
Registo Central
• o Registo Central do Beneficiário Efetivo (RCBE) pretende
do Beneficiário identificar todas as pessoas que controlam uma empresa, fundo ou
Efetivo entidade jurídica de outra natureza. A declaração do RCBE deve ser
preenchida por todas as entidades constituídas em Portugal ou que
aqui pretendam fazer negócios.
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Além da marca, podem ser registados outros sinais do comércio: logóti-
pos, denominações de origem, indicações geográficas, marcas cole-
tivas, marcas de certificação ou de garantia e recompensas.
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Agentes Oficiais da Propriedade Industrial e procuradores
autorizados
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de dois regimes distintos, consoante o interessado detenha já, ou não, a
qualidade de AOPI:
>>>
adquirida noutro Estado Membro (aplicável aos casos em que o interes-
sado é já AOPI noutro país).
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Alguns contratos, como por exemplo a compra e venda de imóveis ou
de veículos motorizados, exigem o posterior registo da propriedade.
As transações mais simples e comuns na vida quotidiana, como a com-
pra e venda de grande parte dos bens móveis e dos bens para con-
sumo, são contratos que nada mais exigem do que o seu cumprimento
pelas partes sem outros requisitos legais adicionais.
4. CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS
4.2. Incumprimento contratual
4.1. Princípios e forma
O incumprimento contratual ocorre sempre que uma das partes não
Os contratos são a expressão de todos os negócios jurídicos e a principal realiza ou não realiza adequadamente a prestação a que está obrigada. O
fonte de obrigações. Podem assumir diversas formas, em alguns casos devedor que falta culposamente ao cumprimento da obrigação torna-se
Definição responsável pelo prejuízo que causa ao credor.
de Contrato condicionantes da sua validade, e ter os mais variados objetos. São cele-
brados diariamente em todas as transações efetuadas, com maior ou
menor formalidade. O incumprimento pode ser:
A disciplina jurídica dos contratos, com exceção de alguns casos particu- • definitivo, quando é impossível cumprir ainda a obrigação;
lares, encontra-se prevista no Código Civil.
Vigora em Portugal o princípio da liberdade contratual, ou seja, den- • atrasado (mora), quando o cumprimento está em atraso, mas ainda
tro dos limites da lei, as partes podem fixar livremente o conteúdo dos é possível concretizá-lo;
contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos no Código Civil ou
incluir nestes as cláusulas que entendam adequadas. Podem ainda reu- • defeituoso, quando não corresponde ao estipulado no contrato.
nir no mesmo contrato regras de dois ou mais negócios, total ou parcial- Reações ao
mente regulados na lei. Quando há incumprimento contratual, são possíveis diversas reações: incumprimento
contratual
Vigora também o princípio da boa fé, que implica que quem negoceia • resolução do contrato, com base no incumprimento de uma parte
com outrem para conclusão de um contrato deve proceder segundo as a outra parte pode resolver, ou seja, por fim ao contrato. Se já tiver
regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos que culposamente cumprido a sua parte, pode exigir a restituição;
causar à outra parte.
São nulos os negócios jurídicos cujo objeto seja física ou legalmente • cobrança coerciva ou judicial, feita através de via contenciosa. Se
impossível, contrário à lei ou indeterminável. São também nulos os o credor já estiver na posse de um título executivo pode intentar desde
negócios jurídicos contrários à ordem pública ou ofensivos dos bons logo uma ação executiva. Este é o mecanismo processual adequado
costumes. São anuláveis os negócios jurídicos usurários, ou seja, quando para o credor requerer as providências visando a satisfação do seu
alguém, explorando a situação de necessidade, inexperiência, ligeireza, crédito. O credor pode solicitar o pagamento de quantia certa; a entre-
dependência, estado mental ou fraqueza de carácter de outrem, obtiver ga de coisa certa; ou uma prestação de facto (realização de uma ação
deste, para si ou para terceiro, a promessa ou a concessão de benefícios ou serviço concreto).
excessivos ou injustificados. Uma das providências mais usadas é a penhora, ou seja, a apreensão
Vigora também o princípio de que os contratos devem ser integral- dos bens e/ou dos rendimentos do executado para o pagamento aos
mente cumpridos, só podendo modificar-se o u extinguir-se mediante credores.
consentimento daqueles que os celebraram ou nos casos admitidos na lei. Na ação executiva destaca-se o papel dos Agentes de Execução,
Os contratos produzem efeito entre as partes e só produzem efeitos em profissionais responsáveis pelos atos práticos de cobrança e pagamen-
relação a terceiros nos casos e termos especialmente previstos na lei. to aos credores.
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No entanto, caso o credor não esteja ainda na posse de um título execu- 4.3. Insolvência e Processos Especiais para Acordo de Paga-
tivo, pode também recorrer aos tribunais para a sua obtenção. A ação mento ou de Revitalização
adequada neste caso é a ação declarativa, na qual o tribunal reconhece
o crédito. A sentença desta ação reveste a forma de título executivo. Diversas circunstâncias podem determinar a impossibilidade de paga-
É ainda possível obter um título executivo através do procedimento mento de todas as obrigações assumidas. Neste caso, é possível a insol-
de injunção, que permite a um credor de uma dívida obter um título vência, que pode ser pessoal ou das empresas.
executivo, de forma mais simples e célere, sem recurso a um tribunal. No entanto, sempre que uma pessoa singular ou coletiva sem fins lucra-
Procedimento Este procedimento apenas pode ser aplicado quando esteja em causa tivos se encontre em situação económica difícil e a insolvência seja me-
de Injunção uma dívida igual ou inferior a 15.000 € ou uma dívida que resulte de ramente iminente, ou seja quando a impossibilidade de pagamento não
uma transação comercial desde que não resulte de um contrato cele- é ainda absoluta, mas existem sérias dificuldades no cumprimento das
brado com consumidores. O procedimento de injunção é tramitado obrigações assumidas, é possível o recurso ao Processo Especial para
eletronicamente no Balcão Nacional de Injunções. No entanto, o re- Acordo de Pagamento (PEAP). No caso das pessoas coletivas, nas mes-
querimento de injunção pode ser apresentado em papel ou em fichei- mas circunstâncias, podem recorrer ao Processo Especial de Revita-
ro informático em qualquer ponto do país, nos tribunais competentes lização (PER).
em cada comarca para o receber. Nestes casos, são estes tribunais que Trata-se de processos judiciais que se iniciam com a apresentação de um
remetem o requerimento, por via eletrónica, ao Balcão Nacional de requerimento ao tribunal, assinado pelo devedor e por pelo menos um
Injunções. Após a apresentação do requerimento de injunção pelo dos seus credores, com vista à promoção da negociação com todos os cre-
credor, o eventual devedor é notificado desse requerimento e, se não dores e consequente aprovação de um acordo de pagamento.
se opuser ao mesmo, é emitido o referido título executivo. Caso se
oponha, o processo é remetido para um tribunal, para decisão judicial. No caso do PER, trata-se de um processo especial, criado no Código
da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), que se destina a
• o recurso a meios de resolução alternativa de litígios, muitos permitir a qualquer devedor que, comprovadamente, se encontre em
contratos já preveem que a resolução dos conflitos deles resultantes situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente
será operada por esta via. Não obstante, mesmo que não fique estipu- iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação, estabelecer ne-
lado no contrato, ou nos casos em que o contrato não assumiu forma gociações com os respetivos credores de modo a concluir com estes um
escrita, é também possível o recurso a estes meios. acordo conducente à sua revitalização económica, facultando-lhe a pos-
sibilidade de se manter ativo no giro comercial. Para este efeito, encon-
• indeminização por incumprimento, o credor tem, em regra, direi- tra-se em situação económica difícil o devedor que enfrentar dificuldade
to a ser indemnizado pelo incumprimento do devedor, mas para tal é séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, designadamente por
necessário que do incumprimento resultem danos ou prejuízos para o ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito, e encontra-se em
credor e este os possa demonstrar. situação de insolvência meramente iminente o devedor que anteveja
não poder continuar a cumprir pontualmente as suas obrigações.
Há, ainda, contratos que já contemplam uma cláusula penal, ou seja,
contratos nos quais já é determinado um regime especifico de res- No portal Citius é possível consultar gratuitamente informação sobre os
ponsabilidade pelo incumprimento, que pode contemplar uma indemni- processos especiais de revitalização, os processos especiais para acordo
zação específica. de pagamento e os processos de insolvência em citius.mj.pt.
Para acionar a indemnização deve ser contactado o devedor e, caso
não cheguem a acordo imediato, é possível o recurso aos tribunais
ou aos meios de resolução alternativa de litígios.
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5 >>>
Assim, cabe atentar nas seguintes modalidades:
b) por outro lado, enquanto o contrato de trabalho é um contrato em 5.3. Contrato de trabalho com regime especial: o contrato de
que existe sempre retribuição, no contrato de prestação de serviço serviço doméstico
pode haver ou não retribuição.
Para além desta classificação, caberá referir que o direito português prevê
alguns tipos de contrato de trabalho com regime especial, aos quais se
5.2. Modalidades de contrato de trabalho aplicam as regras gerais do Código do Trabalho que sejam compatíveis
com a sua especificidade (artigo 9.º do CT).
O direito português, a começar pela Constituição, consagra uma série
Neste contexto, destaca-se, pela sua relevância prática, o contrato de
de direitos da pessoa que trabalha, incluindo o princípio da segurança
serviço doméstico, regulado em particular no Decreto-Lei n.º 235/92, de
no emprego e da proibição de despedimentos sem justa causa ou por
24 de outubro, e que é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante
motivos políticos ou ideológicos (artigo 53.º da Constituição). Este
retribuição, a prestar a outrem, com carácter regular, sob a sua direção e
princípio abrange, nomeadamente, todas as situações que se traduzam
autoridade, atividades destinadas à satisfação das necessidades próprias
em precariedade da relação de trabalho, de modo que, à luz da ordem
ou específicas de um agregado familiar, ou equiparado, e dos respetivos
jurídica portuguesa, a relação de trabalho temporalmente indeter-
membros, nomeadamente (artigo 2.º):
minada é a regra e a contratação não permanente deve ser a exceção.
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a) a confeção de refeições; Nos restantes casos, o contrato de trabalho celebrado com trabalhador
estrangeiro ou apátrida (artigo 5.º do CT):
b) a lavagem e o tratamento de roupas;
a) está sujeito a forma escrita;
c) a limpeza e o arrumo de casa;
b) deve conter, sem prejuízo de outras exigências no caso de ser a
d) a vigilância e a assistência a crianças, pessoas idosas e doentes; termo, a identificação, as assinaturas e o domicílio ou a sede das
partes, a referência ao visto de trabalho ou ao título de autorização
e) o tratamento de animais domésticos; de residência ou permanência do trabalhador em território português,
a atividade do empregador, a atividade contratada e a retribuição do
f) a execução de serviços de jardinagem; trabalhador, o local e o período normal de trabalho, o valor, a perio-
dicidade e a forma de pagamento da retribuição, bem como as datas da
g) a execução de serviços de costura; celebração do contrato e do início da prestação de atividade;
h) a coordenação e supervisão de tarefas do tipo das mencionadas. c) deve ser elaborado em duplicado, entregando o empregador um exem-
plar ao trabalhador e devendo o exemplar do contrato que ficar com
O serviço doméstico só pode ser prestado por quem já tenha completado o empregador ter apensos os documentos comprovativos do cumpri-
16 anos de idade, devendo a admissão de pessoa menor de 18 anos de mento das obrigações legais relativas à entrada e à permanência ou
idade ser comunicada pela entidade empregadora, no prazo de 90 dias, à residência do cidadão estrangeiro ou apátrida em Portugal;
Autoridade para as Condições do Trabalho (artigo 4.º).
d) deve, antes do início da sua execução, ser comunicado à Autoridade
O contrato de serviço doméstico não está sujeito a forma especial, salvo
para as Condições de Trabalho, mediante formulário eletrónico, de-
se o mesmo for a termo (artigo 3.º), como sucede, por exemplo, quando se
vendo a respetiva cessação ser comunicada no prazo de 15 dias após
fixa um prazo de duração do contrato.
ter lugar.
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6 >>>
Para as organizações, que podem ser responsáveis pelo tratamento ou sub-
contratados para o efeito, destacam-se as seguintes obrigações gerais:
7
A corrupção também constitui crime quando envolva um funcionário do
setor privado e pode, também neste caso, ser ativa ou passiva.
Os titulares de cargos políticos podem também ser responsabilizados por
este crime.
O ato unilateral de oferecer, dar, solicitar ou receber uma vantagem, é
suficiente para existir corrupção.
Por outro lado, o mero recebimento de uma vantagem indevida, ou seja,
uma vantagem que não decorre direta e legalmente do exercício do seu
cargo, por parte de um funcionário público pode dar origem a responsa-
bilidade criminal por recebimento indevido. Ficam ressalvados, neste
>>>
caso, as condutas socialmente adequadas e conformes aos usos e cos-
tumes.
A corrupção é punida no ordenamento jurídico português com pena de
prisão e pode ser cometida tanto por pessoas singulares como por pessoas
coletivas.
Existem em toda a Administração Pública, central e local, planos de pre-
venção da corrupção que visam assegurar uma gestão criteriosa do risco,
designadamente em sede de contratação pública.
48 >
salvo o dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso
por tribunais superiores. Não podem ser responsabilizados pelas suas de-
cisões, salvas as exceções consignadas na lei.
São intervenientes estruturais do sistema de justiça português: Os Oficiais de Justiça – profissionais que asseguram, nas secretarias dos
tribunais e nas secretarias do Ministério Público, o expediente e a regular
Os Juízes – aplicadores da lei por natureza, julgam apenas segundo a tramitação dos processos, em conformidade com a lei e na dependência
50 > Constituição e a lei e não estão sujeitos a quaisquer ordens ou instruções, funcional dos respetivos magistrados. < 51
7.2 Meios de resolução de litígios Os Tribunais da Relação têm, em regra, competência na área das respeti-
vas circunscrições.
Por fim, os tribunais de comarca, que são, em regra, os tribunais de primei-
7.2.1. Tribunais estaduais ra instância. Os tribunais de comarca possuem, em regra, competência na
área das respetivas comarcas.
Em Portugal, existem várias ordens de tribunais.
Para esse efeito, o território português encontra-se dividido em 23 comarcas.
A Constituição Portuguesa prevê que, além do Tribunal Constitucio-
nal, que é o órgão superior da justiça constitucional, e do Tribunal de Os tribunais de comarca desdobram-se, por sua vez, em juízos que podem
Contas, que é o órgão supremo de fiscalização da legalidade das despesas ser de competência: genérica, especializada ou de proximidade.
públicas, a organização judiciária portuguesa integra a ordem dos Tribu- São juízos de competência especializada:
nais Judiciais e a ordem dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
Além disso, a Constituição Portuguesa consagra também a possibilidade • Central cível;
de serem criados tribunais marítimos, tribunais arbitrais e julgados de paz.
Tribunais • Local cível;
Judiciais
Os tribunais judiciais são os tribunais comuns em matéria cível e crimi-
nal e exercem jurisdição em todas as áreas não atribuídas as outras ordens • Central criminal;
judiciais. Por serem os tribunais com competência para julgar a maior
parte dos litígios entre cidadãos e/ou empresas, são estes os tribunais com • Local criminal;
maior número de processos em Portugal.
A ordem dos tribunais judiciais obedece a uma hierarquia. Esta hierarquia • Local de pequena criminalidade;
significa que, em regra, das decisões dos tribunais de primeira instância
pode recorrer-se para os tribunais de segunda instância e destes para o • Instrução criminal;
órgão jurisdicional de cúpula.
• Família e menores;
No topo desta hierarquia encontra-se o Supremo Tribunal de Justiça,
que, por regra, conhece, em sede de recurso, das causas cujo valor exce- • Trabalho;
da a alçada dos Tribunais da Relação, atualmente ixada em 30.000 €. O
Supremo Tribunal de Justiça tem competência em todo o território. • Comércio;
A seguir, os Tribunais da Relação, que são, por regra, os tribunais de se-
gunda instância. Estes Tribunais conhecem das causas cujo valor exceda • Execução.
a alçada dos tribunais judiciais de primeira instância, atualmente 5.000 €.
Existem ainda tribunais de competência especializada e competência
Existem cinco Tribunais da Relação: territorial alargada:
• Arbitragem no setor segurador – para resolver litígios relativos a O Ministério da Justiça apoia técnica e financeiramente, através da DGPJ,
contratos de seguro; determinados centros de arbitragem em áreas de sensível importância so-
cial, dado o interesse público prosseguido.
• Arbitragem para a propriedade industrial, nomes de domínio, Sublinham-se as seguintes vantagens no recurso a um centro de arbitra-
firmas e denominações – para resolver litígios no âmbito da pro- gem apoiado pelo Ministério da Justiça:
priedade industrial, nomes de domínio, firmas e denominações;
• facilidade, porque o processo é desburocratizado;
• Arbitragem de litígios administrativos – para resolver litígios
relativos a contratos administrativos, responsabilidade civil extracon- • rapidez, pois dada a simplicidade do procedimento, é possível a reso-
tratual administrativa, atos administrativos, emprego público (quando lução do litígio em tempo útil para a realização dos interesses das
não estejam em causa direitos indisponíveis e quando não resultem de partes;
acidente de trabalho ou de doença profissional) e contratação pública;
• segurança, na medida em que a decisão do tribunal arbitral tem força
• Arbitragem de litígios tributários – para resolver litígios rela- equivalente à de uma sentença judicial, podendo, em caso de incum-
tivos à declaração de ilegalidade de atos de liquidação de tributos, primento de uma das partes, a outra recorrer a um tribunal judicial de
de autoliquidação, de retenção na fonte e de pagamento por conta 1.ª instância para executar a sentença;
e declaração de ilegalidade de atos de fixação da matéria tributável
quando não dê origem à liquidação de qualquer tributo, de atos de • custo reduzido.
determinação da matéria coletável e de atos de fixação de valores pa-
56 > trimoniais). < 57
Conheça a localização dos centros de arbitragem apoiados pelo Ministério • em matéria de litígios civis e comerciais de carácter patrimo-
da Justiça em dgpj.justica.gov.pt. nial ou que possam ser objeto de transação, poderá recorrer aos
serviços públicos de mediação disponibilizados pelos Julgados de
Consulte informação adicional em dgpj.justica.gov.pt.
Paz. Procure um Julgado de Paz em dgpj.justica.gov.pt;
Embora a arbitragem seja particularmente relevante para os cidadãos e
empresas, existem, outros meios de resolução alternativa de litígios,
• em qualquer dos casos, também pode recorrer a qualquer mediador
nomeadamente:
que exerça a título privado. Consulte a lista de mediadores privados
organizada pelo Ministério da Justiça em dgpj.justica.gov.pt.
Mediação
O Ministério da Justiça, através da DGPJ, é responsável pela gestão
A mediação é um dos meios alternativos ou complementares à via judicial
Mediação dos sistemas públicos de mediação. Consulte informação adicional em
para resolução de litígios, sendo estes, em regra, resolvidos extrajudicial-
dgpj.justica.gov.pt.
mente.
A mediação assume um carácter informal, confidencial e voluntário, Julgados de Paz
caracterizando-se pelo facto de a responsabilidade pela obtenção das de-
cisões caber às próprias partes envolvidas. Os Julgados de Paz são tribunais dotados de características próprias
de organização e funcionamento e em cujos procedimentos se privi- Julgados de Paz
No seu âmbito, as partes em conflito, auxiliadas por um terceiro imparcial
e neutro (mediador), procuram chegar a um acordo que resolva o litígio legiam a simplicidade, a oralidade, a celeridade e a informalidade, bem
que as opõe. como a justa composição dos litígios por acordo entre as partes.
Ao contrário de um juiz ou de um árbitro, o mediador não decide sobre Os Julgados de Paz são competentes para resolver causas comuns de
o resultado do conflito, antes conduz as partes, estabelecendo a comu- natureza cível, cujo valor não exceda os 15.000 € (excluindo as que
nicação entre elas e viabilizando a troca de perspetivas por forma a que envolvam matérias de Direito da Família, Direito das Sucessões e Direito
estas encontrem, por si mesmas, a base do acordo que porá fim ao conflito do Trabalho).
que as opõe. As ações que podem ser resolvidas nos Julgados de Paz, nos termos do
A mediação, ao permitir a manutenção das relações entre os litigantes, disposto no artigo 9.º da Lei n.º 78/2001, de 13 de julho, com as alterações
mostra-se, por exemplo, particularmente adequada para a resolução de introduzidas pela Lei n.º 54/2013, de 31 de julho, são as seguintes:
conflitos familiares, laborais e de vizinhança.
• ações destinadas a efetivar o cumprimento de obrigações, com exce-
A Mediação poderá revelar-se especialmente útil do ponto de vista das ção das que tenham por objeto o cumprimento de obrigação pecuniária
empresas, designadamente: e digam respeito a contrato de adesão (exemplo: contratos, negócios
unilaterais, gestão de negócios, etc.);
• em matéria de litígios laborais, resultantes do contrato de tra-
balho, que não contendam com direitos indisponíveis nem acidentes • ações de entrega de coisas móveis (exemplo: ações para entrega de
de trabalho, concretamente, litígios relacionados com promoções, al- documentos);
teração do local de trabalho, alteração do horário de trabalho, mudança
de categoria profissional, marcação de férias, formação profissional, • ações resultantes de direitos e deveres dos condóminos, sempre que a
segurança, higiene e saúde no trabalho, estatuto do trabalhador-es- respetiva Assembleia não tenha deliberado sobre a obrigatoriedade de
tudante, etc, poderá recorrer ao Sistema público de Mediação La- compromisso arbitral para a resolução de litígios entre condóminos ou
boral (SML) em dgpj.justica.gov.pt; entre condóminos e o administrador (exemplo: pagamento das obras
dos telhados, instalações gerais de água, de elevadores);
58 > < 59
• ações de resolução de litígios entre proprietários de prédios relativos O processo nos Julgados de Paz inicia-se pela apresentação do requeri-
Processos nos
a passagem forçada momentânea, escoamento natural de águas, obras mento na secretaria do Julgado de Paz, verbalmente ou por escrito e pode Julgados de Paz
defensivas das águas, comunhão de valas, regueiras e valados, sebes ser apresentado pelo próprio demandante.
vivas; abertura de janelas, portas, varandas e obras semelhantes; estili-
Citado o demandado, é este convidado a resolver o litígio através da me-
cídio, plantação de árvores e arbustos, paredes e muros divisórios;
diação, a qual é precedida de uma sessão de pré-mediação, a ter sempre
lugar, desde que qualquer uma das partes não afaste esta possibilidade.
• ações de reivindicação, possessórias, usucapião e acessão e divisão
de coisa comum; Se o processo for resolvido através da mediação, termina com a homolo-
gação do acordo pelo Juiz de Paz, tendo o valor de uma sentença.
• ações que respeitem ao direito de uso e administração da compro- Se o processo não for resolvido através da mediação, o mesmo é concluí-
priedade, da superfície, do usufruto, de uso e habitação e ao direito do com a intervenção do juiz de paz através da conciliação, em momento
real de habitação periódica (exemplo: ação de divisão de coisa comum); prévio ao julgamento, ou da sentença, em sede de audiência de julgamento.
• ações que digam respeito ao arrendamento urbano, exceto as ações
de despejo (exemplo: ação de condenação para pagamento das rendas); As decisões proferidas pelos Julgados de Paz têm o mesmo va-
lor das decisões proferidas pelo tribunal de 1.ª instância, podendo
• ações que respeitem à responsabilidade civil contratual e extracon- recorrer-se destas nos processos cujo valor exceda metade do valor da
tratual (exemplo: ações decorrentes de acidentes de viação, ações alçada do tribunal de 1.ª instância (isto é, a partir de 2.500 €).
decorrentes de danos causados por coisas, animais ou atividades); Em termos de custos para as partes, a utilização dos Julgados de Paz está
sujeita a uma taxa no valor de 70 €, a cargo da parte vencida, sendo que
• ações que respeitem ao incumprimento civil contratual, exceto con- o juiz de paz, em função da decisão, também pode decidir repartir esse
trato de trabalho e arrendamento rural; valor entre o demandante e o demandado.
• Ações que respeitem à garantia geral das obrigações (exemplo: ação Caso haja acordo durante a mediação, o valor a pagar é de 50 €,
de declaração de nulidade, ação de impugnação pauliana, etc.); dividido por ambas as partes.
Em suma, o recurso aos Julgados de Paz oferece às partes as seguin-
• ações relativas a pedidos de indemnização cível, quando não tenha tes vantagens:
sido apresentada participação criminal ou após desistência da mesma,
emergente dos seguintes crimes: ofensas corporais simples, ofensa à • privilegia-se a informalidade e a simplicidade de procedimentos;
integridade física por negligência; difamação; injúrias; furto simples;
dano simples; alteração de marcos; burla para obtenção de alimentos, • favorece-se a resolução dos conflitos por acordo entre as partes,
bebidas ou serviços. através da mediação e da conciliação;
Embora não seja obrigatória a representação por advogado nos • resolvem-se os conflitos de forma mais próxima do cidadão
processos que correm termos nos julgados de paz, as partes poderão, se e das empresas, pois as partes participam ativamente no processo,
assim pretenderem, fazer-se acompanhar por advogado, advogado contribuindo assim para a resolução do seu problema;
estagiário ou solicitador. Todavia, a constituição de advogado é sempre
obrigatória nos casos especialmente previstos na lei (ex: uma das partes é • o processo é rápido (tem uma duração média de 3 meses) e tem um
analfabeta ou desconhecedora da língua portuguesa) e quando seja inter- custo reduzido.
posto recurso da sentença.
Consulte informação adicional em dgpj.justica.gov.pt.
60 > < 61
7.2.3. Tempos médios de resolução processual Embora a constituição de mandatário seja sempre permitida, a lei exige,
em diversas ocasiões, que quem seja parte numa ação se faça assistir por
Os tempos médios de resolução dos processos nos tribunais judiciais de advogado. Esta exigência preserva a boa administração da justiça e pro-
1.ª instância podem ser percecionados, por área processual, através do teger os próprios interesses das partes, garantindo que recebem aconse-
seguinte gráfico: lhamento por um profissional e que não sofrem prejuízo por não conhe-
cer as formalidades processuais. Estes casos variam consoante a natureza
do processo. Assim:
7.2.4. Quanto custa recorrer ao sistema de justiça? b) nos julgados de paz, o patrocínio é obrigatório quando a parte seja
cega, surda, muda, analfabeta, desconhecedora da língua portuguesa
Simulador Os processos judiciais têm um custo. As custas processuais constituem o ou, se por qualquer outro motivo, se encontrar numa posição de mani-
de taxas de justiça valor pago pelo serviço de justiça que os tribunais desempenham. Todos festa inferioridade e ainda na fase de recurso;
os cidadãos podem recorrer à justiça, mas tal implica o pagamento de um
conjunto de taxas – a taxa de justiça (valor a pagar pelo impulso proces- c) Em processo penal, o arguido deve ser assistido por defensor:
sual), os encargos (despesas) e as custas de parte (gastos ao longo do pro-
cesso). Estes valores devem ser pagos sempre que o cidadão ou empresa (i) nos interrogatórios de arguido detido ou preso;
não beneficie de apoio judiciário.
(ii) nos interrogatórios feitos por autoridade judiciária;
Estes valores podem ser calculados, por tipo processual, em justica.gov.pt
no simulador de taxas de justiça. (iii) no debate instrutório e na audiência;
8
O apoio judiciário, que tem como função garantir proteção de quem não
disponha de recursos económicos suficientes para suportar os encargos
de um processo, compreende as seguintes modalidades:
>>>
• nomeação e pagamento da compensação de patrono;
O apoio judiciário pode ser solicitado para processos que corram perante
qualquer tribunal (independentemente da forma do processo), julgado de
paz ou estrutura de resolução alternativa de litígios, para processos contra-
ordenacionais, e ainda para diversos procedimentos que corram termos
nas Conservatórias do Registo Civil.
O apoio judiciário pode ser pedido, sem custos, em qualquer serviço de
atendimento ao público da Segurança Social, por correio eletrónico, por
telefax, pessoalmente ou por correio, devendo ser acompanhado dos docu-
mentos que comprovam a situação económica do requerente.
66 >
8. PANORAMAS DE JUSTIÇA CÍVEL E PENAL
68 > < 69
8. 2. Panorama Justiça Penal (1.ª instância) - 2018
70 > < 71
LINKS ÚTEIS
> Comissão Nacional de Proteção de Dados > Direção-Geral do Consumidor
cnpd.pt consumidor.gov.pt
> Conselho de Prevenção da Corrupção > Centro Europeu dos Consumidores
cpc.tcontas.pt
cec.consumidor.pt
> Conservatória dos Registos Centrais
irn.mj.pt > Portal Europeu da Justiça
e-justice.europa.eu
> Instituto Nacional da Propriedade Industrial
inpi.justica.gov.pt > Lista de centros de arbitragem
> Ordem dos Advogados autorizados pelo Ministério da Justiça
portal.oa.pt dgpj.justica.gov.pt
> Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução > Lista de centros de arbitragem de conflitos de consumo
osae.pt consumidor.gov.pt
> Registo Nacional de Pessoas Coletivas
irn.mj.pt > Sistema público de Mediação Laboral
dgpj.justica.gov.pt
> Portal da Justiça
justica.gov.pt > Registo das cláusulas contratuais gerais abusivas
julgadas pelos tribunais portugueses
> Direção-Geral da Política de Justiça
dgpj.justica.gov.pt
dgpj.justica.gov.pt
> Direção-Geral da Administração da Justiça > Segurança Social
dgaj.justica.gov.pt (simulador do valor de rendimentos para efeitos de proteção
jurídica)
> Instituto dos Registos e do Notariado seg-social.pt
irn.justica.gov.pt