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Resumo: Este estudo buscou analisar a inclusão do deficiente visual no ensino superior
e o uso da tecnologia assistiva no processo ensino-aprendizagem. Tendo como objetivo
identificar as contribuições do uso desses recursos no desenvolvimento acadêmico dos
alunos com deficiência visual matriculados na Universidade Estadual de Montes Claros
do campus sede. Esse material tem como eixo gerador da pesquisa as contribuições do
uso da tecnologia assistiva no processo ensino-aprendizagem. A metodologia utilizada
foi pesquisa bibliográfica e de campo, podendo-se dizer que foi quanti-qualitativa e, para
a coleta de dados, o instrumento utilizado foi questionário aplicado a 10 (dez)
acadêmicos com deficiência visual (cegos/baixa-visão). O critério para a participação na
pesquisa é que, além de matriculados na UNIMONTES, deveriam ser cadastrados no
Núcleo de Sociedade Inclusiva – NUSI. A fundamentação teórica baseou-se na
legislação específica e nas concepções de autores como: Mantoan, Lima, Renders,
Sassaki, entre outros, apresentando um contexto histórico da deficiência, tipos, dados
estatísticos e um aprofundamento da Tecnologia Assistiva. Esse trabalho é pertinente à
temática do congresso e com o eixo de pesquisa proposto, uma vez que o processo de
inclusão desencadeia adequações em diversos segmentos da universidade,
principalmente no que tange à formação de professores e práticas pedagógicas. Os
resultados proporcionaram reflexões quanto à inclusão e à permanência destes
acadêmicos na universidade pública, tendo em vista a necessidade de ampliar e adequar
os recursos tecnológicos, disponibilizarem materiais em Braille e tornar os espaços
físicos acessíveis, para que, de fato, possamos afirmar que a UNIMONTES é uma
instituição inclusiva.
Abstract: This study sought to examine the inclusion of visually impaired in higher
education and use of assistive technology in teaching-learning process, aiming to
identify contributions of use these resources in the academic development of students
with visual impairments enrolled at State University of Montes Claros
campus headquarters. Methodology used was literature and field research, being the
research for quantitative and qualitative data collection instrument used was a
questionnaire administered to 10 (ten) students with visual impairment
(blind/low-vision) enrolled in the Center for Inclusive Society - NUSI of UNIMONTES.
theoretical framework was based on specific legislation and views of authors such as:
Mantoan, Lima, Bersch, Fontana, Sassaki, among others, presenting a historical context
of disability, types, statistics and a deepening of Assistive Technology. Results provide
reflections on inclusion of students in public university, in view the need to expand and
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-Graduada em Pedadogia pela Universidade Estadual de Montes Claros-vyvyany.ferreira@yahoo.com.br
2
-Professora Doutora na Universidade Estadual de Montes Claros- Assomc@uai.com.br
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adapt technological resources to make available materials in Braille and make physical
spaces accessible, so that in fact we can actually say that an institution is
UNIMONTES inclusive.
INTRODUÇÃO
quais
“definiam “cegueira educacional” como o defeito visual que torna
relativamente impossível, à pessoa, utilizar a vista como principal meio de
aprendizado. Sua educação deve ser realizada, primordialmente, por meio
dos sentidos: auditivo, tátil e sinestésico. Os “educacionalmente” cegos
necessitam ler e escrever em Braille”.
1.3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica de campo e com uma
concepção quanti-qualitativa. Já para coleta de dados, o instrumento utilizado foi o
questionário aplicado a 10 (dez) acadêmicos com deficiência visual (cegos/ baixa-visão)
cadastrado no Núcleo de Sociedade Inclusiva – NUSI, que estão matriculados na
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Acadêmicos
42% Cadastrados no NUSI
Acadêmicos
58% Cadastrados no NUSI
com Deficiência Visual
- “Sinto que falta sensibilidade dos professores com relação aos deficientes
visuais”.(Sujeito R, questionário aplicado em outubro de 2011).
- “Não tenho acesso a material de apoio ou chamado extras. Não tem livros digitalizados, a
não ser os estritamente necessários e que são confeccionados pelo NUSI”. (Sujeito K,
questionário aplicado em outubro de 2011).
No item 2.5, verificou-se que cerca de 80% (4) dos acadêmicos com
deficiência visual não sabem utilizar o BRAILLE, apenas 20% (1) afirmaram saber o
código, porém usa raramente.
Em relação aos recursos tecnológicos para facilitar o processo de
ensino-aprendizagem no item 2.6, foram mencionados:
- “Faço uso de um notebook nas aulas, haja vista que não consigo mais ler escritos
manuais. Ademais, conto com gravações das aulas e livros digitalizados”. (Sujeito Y,
questionário aplicado em outubro de 2011)
- “Internet. A colega pesquisa e imprime os textos para mim, eu os leio e facilita bastante à
compreensão dos mesmos”. (Sujeito Y, questionário aplicado em outubro de 2011).
O item 2.7 demonstrou que 60% (3) dos acadêmicos têm computador em
suas residências, e 40% (2) utilizam recursos da tecnologia adaptativa à sua deficiência
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(leitor de tela (jaws). Ainda foram mencionados: Ampliação dos textos (fonte),
utilização de programa de viva-voz. Nesta questão, houve relatos como:
- “Potencializo a minha leitura a utilização do fundo preto e da letra branca. Assim, ou eu
baixo livros na Internet ou digitalizo, a fim de permitir a mudança da configuração
padrão”. (Sujeito Y, questionário aplicado em outubro de 2011).
- “Nenhum dos professores tem conhecimento do Braille. Nem sempre tenho acesso aos
textos, pois eles precisam ser digitalizados e não há disponibilidade de material didático
deste tipo na biblioteca. Quanto à leitura, tem a colaboração dos ledores que auxilia no
NUSI, do leitor de tela e dos colegas”. (Sujeito W, questionário aplicado em outubro de
2011).
- “(...) Os textos são deixados na sala com antecedência, eu os leio em casa utilizando a
régua para não misturar as linhas dos textos”. (Sujeito X, questionário aplicado em outubro
de 2011).
- “(...) Não tenho acesso antes aos textos (em relação à leitura) digitalizo e o programa de
voz lê ou alguém lê para mim”. (Sujeito K, questionário aplicado em outubro de 2011).
- “Em relação à leitura tenho acesso aos textos antes e amplia-os no NUSI”. (Sujeito R,
questionário aplicado em outubro de 2011).
Por fim, foi questionado no item 2.9, sobre o que precisa ocorrer para haver a
Inclusão total no ensino superior. A essa questão, ocorreram as seguintes justificativas:
- “Não sei se seria possível à inclusão total (...) facilitaria muito se houvesse uma biblioteca
digital, eficiente, com opção de acessibilidade, bem como livros em áudio. Além disso,
ajudaria muito se o professor propusesse a ler o que ele escreve no quadro, bem como se
fornecessem seus alunos materiais por e-mail ou pendrive”. (Sujeito Y, questionário
aplicado em outubro de 2011).
- “Os professores precisam conscientizar melhor, oferecer mais condições para o acesso
aos estudos. Os computadores alguns no Nusi têm programas ruins, não tem sala para
gravar os textos e para ouvir os textos em áudio, pois o barulho incomoda. A universidade
precisa investir na Inclusão, aqui dentro. A biblioteca mesmo não tem uma pessoa para
ajudar a gente e ficamos perdidos”. (Sujeito W, questionário aplicado em outubro de 2011).
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DISCUSSÕES
“...um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A
inclusão social constitui então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda
excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir
sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos”
(SASSAKI,1997).
comunicação, interação nas redes sociais e com outras pessoas, ausência de sinalização,
seja para as pessoas com deficiência visual ou auditiva, entre outras pedras que limitam a
vida do deficiente. Essas diversas restrições, no ensino superior, refletem e
comprometem a permanência do acadêmico que embarra nas dificultadas da própria
universidade.
Neste sentido, entendemos a extrema importância quanto à implementação
das políticas de ações afirmativas para o egresso na universidade pública. Elas são
voltadas para atender àqueles grupos que foram marginalizados, durante o processo
educacional, principalmente os deficientes. Apoiamo-nos na fala de Silva, que diz que
(2010, p.198): “É um movimento de caráter internacional que visa à inclusão de
minorias ao ensino e à sociedade”.
No que tange à permanência desses acadêmicos no ensino superior é
necessário adequação na instituição, seja nos espaços físicos, nas questões de ordem
latitudinais, na estrutura curricular, na formação e preparação de professores no curso
superior, ou seja, na criação de uma cultura acadêmica de valorização da diversidade.
Apoiamos Santos (1995) apud Mantoan (2006, p. 22) “é preciso que tenhamos o direito
de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais
quando a diferença nos inferioriza”.
Na perspectiva de Carvalho (2006, p.59) “todos somos diferentes e queremos
ser reconhecidos em nossas diferenças (...) pleiteamos e lutamos pela igualdade de
direitos, inclusive o de sermos diferentes”. Entendemos que ser diferente é ser
valorizado, ser aceito na sociedade, sem estar enclausurado nas ideias condicionantes e
homogenia de “igualdade”, que nega a própria identidade. Passamos, então, a ter uma
visão crítica do espaço universitário, a fim de desenvolver uma nova perspectiva,
reflexiva e coerente com a pluralidade. Neste sentido, salienta Renders (2007, p.17) que
“a educação inclusiva propõe uma nova epistemologia, considerando a complexidade
humana”.
Na perspectiva, concordamos com Sassaki(2006):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HAZAED, Damien; FILHO, Teófilo Alves Galvão; REZENDE, André Luiz Andrade.
Inclusão digital e social de pessoas com deficiência: Textos de Referencia para
monitores de Telecentros. UNESCO. 2007. Disponível no
site:http://www.Unesdoc.Unesco. Org/images/0016/0001600/160012por. pdf. Acessado
em 04/10/2011 as 13:34min.
LIMA, Priscila Augusta de. Educação Inclusiva e Igualdade Social. São Paulo:
Avercamp, 2006.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar- o que é? Por quê? Como fazer? .
2.ed. São Paulo: Moderna, 2006.(55p).
NETO, Brito Araújo. A inclusão de Deficientes no Ensino Superior: Uma análise
Teórica- Metodológico da Universidade Pública. Monografia. Montes Claros. 2001.
11hs:13min.
SILVA, Marilete Geralda da; CARVALHO, Mariza Borges Wall Barbosa de (org).
Faces da Inclusão. São Luís, MA: EDUFMA, 2010.