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A GRANDE MAYA

O NÚCLEO INDIVISÍVEL DO NOSSO


SER É, TÃO SOMENTE, O INFINITO
QUE É UNO.

1999 - 3352

T E M A 0. 9 9 9

Pela análise racional feita no tema 0.997 chega-se à conclusão de que o “finito” não existe
realmente, pois se fracionando aquilo que se acredita ser finito chega-se apenas ao Infinito, pois não é
possível o estabelecimento de um limite que o individualize. O limite sempre é único, na realidade
somente pode assim ser considerado o infinito por não ter ele limite algum, a não ser o limite dele
mesmo.
Limite só existe em termos de Mundo Imanente, como acontece com os demais Princípios
Herméticos. Aparentemente a exceção seria o Princípio Mental, por ser ele a causa de todos os demais,
por preceder aos demais, mas mesmo assim ele só se manifesta dentro da imanência, e no mais se trata
mais de um enunciado do que de um princípio.
Se não existe limite, exceto o próprio infinito, então as individualizações não existem, a não ser
em termos relativos aos níveis de percepção. Uma visão cósmica não identificaria coisas, pois não
perceberia os limites entre elas, apenas perceberia uma única coisa, o absoluto (Infinito).
Tudo o que se considera limitado apenas é uma aparência, uma decorrência de uma ilusão -
maya - gerada pela parcialidade das percepções, quer sejam estas diretas, quer indiretas. Este mundo é
na verdade aquilo que se pode chamar de “A Grande Maya”.
Percepção sensorial é parte integrante daquilo que se chama de mente, portanto a divisibilidade
das coisas é tão somente uma condição mental. Sabemos que todo o universo é um conglomerado de
coisas. Os princípios herméticos nos conduzem à admissão de que o universo é fruto da
descontinuidade, sem a descontinuidade tudo seria uno e, portanto seria uma só e mesma coisa, Sem a
descontinuidade, sem a individualização o mundo tal como o conhecemos não poderia existir. Mas, por
outro lado, na verdade não existe a descontinuidade, ela é apenas uma decorrência da limitação
perceptiva. A descontinuidade só existe em termos relativos, isto é, as coisas existem como tais em
relação ao nível de percepção. Isto quer dizer que o universo só existe em nível relativo, essencialmente
ele é Uno.
Se o universo é o que se percebe como sendo algo composto por miríades de coisas, e se as
coisas são somente frutos da limitação perceptiva, e se percepção é mente, não há, portanto como se
admitir que ele não seja simplesmente uma condição mental. Por isto é que as doutrinas oriundas dos
Vedas dizem: “Este é o mundo de maya” (ilusão), e as oriundas do Hermetismo dizem: “O Universo é
mental”. (Primeiro Princípio Hermético).
Aceitar que o universo é mental não é fácil para uma pessoa que desconheça os Princípios
Herméticos com certa profundidade, mas desde que um bom nível seja atingido na verdade não é difícil
se entender ser isto uma verdade. Acreditamos que para aqueles que acompanharam a seqüência de
raciocínio desenvolvida nos recentes temas, que procuraram sentir o sentido das indagações feitas no
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tema 0.997, o que é difícil é o não aceitar o Primeiro Princípio como verdadeiro. Também em temas da
Terceira Câmara muitos pontos abordados conduzem a pessoa à certeza do que foi afirmado.
A importância do que dissemos não diz respeito somente à confirmação de que este é um
mundo de maya, de que tudo é mente, mas o que acreditamos ser de maior importância é firmar o
conceito de que TUDO É UM, ou seja, conscientizar as pessoas da verdade do Unismo, pois que um
dos passos fundamentais da libertação do ser do jugo da roda das encarnações é ele sentir que é “parte”
do UM. Primeiramente vem o aceitar o Unismo com convicção como verdade e depois vem o sentir a
pessoa ser apenas uma manifestação do próprio UM.
Pela via intelectual a pessoa aceita ser UM, mas isto não indica haver chegado ao nível de
unificação. Depois que a pessoa está convicta de que no universo só existem aparências, então ela mais
facilmente pode chegar a sentir a Unicidade. Para isto existem os métodos, aquele ensinado pelas
doutrinas orientais em geral e pela Ioga em particular. Não estamos dizendo que a meditação, por
exemplo, não pode fazer a pessoa sentir a unicidade, mas sim que isto é bem mais fácil quando antes já
se está convicto de que tudo é UM. Mas há um ponto ainda a ser considerado. Para estar Uno a pessoa
tem que vivenciar este estado de forma permanente, melhor dizer, nesse estado o ser nem ao menos
pode mais ser considerado uma pessoa. Pessoa é um destaque e na unificação o destaque é UM só. As
práticas oferecidas por diversos sistemas, na verdade podem conduzir a pessoa a ter flashs do estado de
unificação, insights dessa condição, mas isto não indica haver ela atingido o estado Uno. È algo como
uma abertura onde ela sente em si a unidade das coisas, mas os véus da impureza ainda bloqueiam-na.
É verdade que uma pessoa que chega pela razão a se convencer da veracidade do unismo, e que
depois sente, mesmo que por breves instantes, estar integrada a tudo quanto há, ela por certo tem uma
imensa possibilidade de estar próximo ao fim da “Roda das Encarnações”. Mas, somente quando atinge
aquele estado, que as religiões denominam de “estado de cientificação”, é que ela pode de forma
permanente existir como UM.
Agora já podemos dizer que os Princípios Herméticos são verdadeiros apenas ao nível de
relatividade. Por isto se diz que os Princípios Herméticos Básicos somente existem ao nível de “mundo
imanente” e não ao nível de “mundo transcendente”. Como não pode ser estabelecido limite algum que
condicione a existência de dois ou mais mundos então se pode dizer que só existe um deles. O Mundo
Imanente é apenas uma percepção limitada do Mundo Transcendente.
Tudo aquilo que temos como mundo imanente, como universo caracterizado, apenas é uma
aparência do UM. Em termos relativos são realidades, mas não em termos absolutos. Como os
Princípios Herméticos são elementos integrantes da creação, da natureza do universo, e sendo este
apenas um estado aparente do Um, é natural que se diga que eles são simples ilusões. Com exceção de
um deles todos os demais são “maya”. O único que pode ser considerado verdadeiro não é bem um
princípio e sim um mero enunciado: O Universo Mental.
Vendo-se o universo como um conglomerado de coisas os estudiosos do hermetismo
consideram mais alguns princípios além dos sete clássicos. Entre eles um é tido como inefável, que é o
limite. Segundo um conceito cósmico não existem coisas além do UM, mas dentro de um conceito
relativo sim, existem coisas e mais coisas para caracterizar o universo, e cada uma delas é considerada
como tal por ter um limite separativo. Se não o tivesse não haveria individualidade. Para que exista
“uma coisa” é preciso que exista também um limite que a separe das demais, portanto não poderia
existir o universo sem que existisse o limite.
O “limite” merece uma consideração em especial. Como condição demarcatória ele também
não é verdadeiro, a não ser ao nível de relatividade, ao nível de limitação de percepção, como temos
mostrado. Sempre que o procuramos apenas encontramos o infinito. Como infinito ele existe.
Como o Infinito é a expressão máxima do que se pode entender como Deus logo se pode
concluir que o único Limite que existe é próprio Deus na sua expressão máxima. Mas, como Ele é
impossível de ser compreendido como tal, e menos ainda de ser descrito, logo, é verdade ser o limite um
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“Princípio Inefável” em sua essência, entre todos os aqueles que condicionam e caracterizam a
existência aparente do universo.
O Limite é o Princípio que não pode ser descrito, em consonância ao “Mistério da Nona Hora”,
citado nos ensinamentos de Apolônio de Tiana.

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